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Curso de Liderança N7-M1 _PDF

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CURSO DE LIDERANÇA

Ministério da Criança

Nível 7 • Módulo 1

ENTENDENDO A PRIMEIRA E A SEGUNDA INFÂNCIA

FICHA TÉCNICA

Coordenação Geral

Divisão Sul-Americana

Glaucia Korkischko

Autora

Pp. Cuca Lapalma

Coordenação Técnica

Dra. Suzete Araújo Águas Maia

Revisão Textual e Colaboração – Espanhol Pp. Cuca Lapalma

Revisão Textual – Português Esp. Mara Moraes

Diagramação

EWIG Studios

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO......................................................................................................................................... 5 1. BEBÊS E CRIANÇAS PÓS-MODERNOS 6 1.1 Características das crianças pós-modernas ................................................................................. 6 1.2 Qual deve ser o tratamento com os bebês e crianças pós-modernos?...........................................8 2. DESENVOLVIMENTO FÍSICO ............................................................................................................... 9 De 0 a 5 meses 9 De 6 a 12 meses ............................................................................................................................... 9 1 ano 10 2 anos ........................................................................................................................................... 10 3 anos 10 4 anos em diante ........................................................................................................................... 10 3. DESENVOLVIMENTO SOCIAL ........................................................................................................... 12 3.1 Características da primeira infância 12 3.2 Características da segunda infância 13 4. DESENVOLVIMENTO AFETIVO-SEXUAL 15 4.1 A sexualidade na primeira e segunda infância ............................................................................. 16 5. DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL 18 CONCLUSÃO .......................................................................................................................................20 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................... 21 4 Ministério da Criança • Divisão Sul-Americana

INTRODUÇÃO

Bem-vindos a um novo nível do Curso de Liderança preparado pelo Ministério da Criança da Divisão Sul-Americana. Ao longo dos quatro módulos, serão apresentados temas valiosos que ajudarão você a conhecer melhor os receptores de seu trabalho dentro deste ministério: as crianças. Qual é o benefício de saber o que esperar delas em cada fase?

Você será capaz de ter uma visão realista do que as crianças – de acordo com a idade – podem fazer, que conhecimento podem adquirir ou que habilidades podem desenvolver.

Você poderá direcionar os temas ou atividades intencionalmente, dependendo das características físicas, mentais ou espirituais do grupo de crianças com o qual trabalha.

Acima de tudo, você poderá olhar para as crianças com olhos de quem sabe onde elas podem chegar se forem amadas, cuidadas e encorajadas da maneira que precisam. Lembre-se que o seu grande objetivo é encorajá-las a ter uma fé real em seu amigo Jesus; que elas poderão conhecer e aceitar como seu Salvador pessoal.

Neste módulo, especificamente, convidamos você para desenvolver seus conhecimentos em uma etapa fundamental na vida das pessoas: a primeira e a segunda infância, que são os alunos da classe do Rol do Berço (0 a 3 anos), e Jardim da Infância (4 a 6 anos). Junte-se a nós!

“Os que amam a Deus devem sentir profundo interesse nas crianças e jovens. A eles Deus pode revelar Sua verdade e salvação. Jesus chama os pequeninos que nEle creem, ‘cordeiros de Seu rebanho’. Ele tem amor especial e interesse pelas crianças. ... A mais preciosa dádiva que as crianças podem oferecer a Jesus é o vigor de sua infância”. (Refletindo a Cristo, p. 365)

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1. BEBÊS E CRIANÇAS PÓS-MODERNOS

Se você lesse um livro de psicologia do desenvolvimento humano do ano de 1990, você descobriria que muitas características das crianças naquela época não se aplicam aos bebês e crianças de hoje. Dificilmente poderíamos separar a análise das características dos bebês e das crianças do contexto sociocultural. Dependendo do ano em que você nasceu, talvez não houvesse celulares ou câmeras digitais para registrar as conquistas que você alcançava à medida em que crescia. Hoje, isso é história. Os pais podem manter um registro audiovisual de seus filhos diariamente e constantemente! É por isso que é preciso considerar as características dos alunos à luz de uma psicologia do desenvolvimento atualizada.

Linda Mei Lin Koh, em uma apresentação sobre o assunto, define o termo “pós-moderno” como literalmente “depois do moderno”. Então, quando dizemos que entramos em uma época de pós-modernidade, estamos dizendo que a época moderna passou, e entramos em um novo paradigma, uma nova visão global. Já existem autores que falam em “pós-pós-modernidade”! Outros simplesmente denominam esses bebês ou crianças como “novas gerações”.

Então, todos os sábados pela manhã, um grupo de lindas crianças pós-modernas estão sentadas em sua sala do Jardim da Infância da Escola Sabatina, muito ansiosas para descobrir o mundo! Concordando ou não com a maneira pós-moderna de pensar, ensinar essas crianças exige que você entenda a visão de mundo delas.

1.1 Características das crianças pós-modernas

Koh também destaca que as crianças pós-modernas são a geração mais protegida e a mais preocupada. Mais do que em outras épocas, essas crianças são resultado de gestações planejadas, muitas vezes devido ao estilo de vida acelerado dos pais que têm mais dificuldade em lidar com uma gravidez indesejada, em meio a sua vida planejada, para se ajustar às demandas sociais desta época. Outras características que a autora menciona:

Cyberculto e dependência da tecnologia

As crianças pós-modernas estão expostas aos computadores e dispositivos de alta tecnologia desde antes do nascimento. A cultura da Internet expões essas crianças à uma vida ao redor do mundo. Elas podem se comunicar facilmente com uma criança do Japão ou conseguir informação do Oriente Médio. A exposição a mais de um milhão de sites reforça a ideia de que a verdade é o que se escolhe acreditar e não um padrão objetivo de uma tela ou um site.

Hábil em multitarefas

Sem entrar no debate se isso é positivo ou não, não há dúvida de que o uso dos computadores contribui com a capacidade das crianças em realizar multitarefas. Crianças de quatro anos podem enviar mensagens 6

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instantâneas, brincar e navegar na Internet, enquanto assistem televisão e comem. Essa é uma geração de crianças que podem fazer várias coisas ao mesmo tempo, e que mudam rapidamente para novos estímulos quando elas começam a ficar entediadas.

Tolerante com quem pensa diferente

Essa geração também está se moldando para ser tolerante com aqueles que diferem em opinião, cultura e estilo de vida. Acreditam na inclusão, não na exclusão. Adolescentes e jovens têm uma abertura intelectual e emocional não vista nas gerações anteriores.

Valor da liberdade de escolha

Essas crianças crescem ouvindo os adultos dizerem e ensinarem que cada pessoa deveria ter sua liberdade de escolha, enquanto vão descobrindo suas próprias verdades. Não existe uma verdade absoluta que as limite a escolher o que elas pensam ser reais no mundo delas.

Experiência orientada

As crianças que crescem na nossa sociedade ocidental são extremamente orientadas para a experiência. Elas querem experimentar algo antes de conhecer. Antes de aceitar alguma opinião “querem provar”. Elas cresceram nos parques temáticos que estimulam todas as experiências e acontecimentos imagináveis, e com a realidade virtual dos jogos de computador que as transportam para fantasias e cenários que nunca puderam ter acesso na vida real. Elas querem usar todos os sentidos enquanto aprendem e querem que o seu ambiente de aprendizagem lhes ofereça experiências, não apenas fatos e fórmulas.

Elas confiam em si mesmas e não em imagens de autoridade

Elas tendem a confiar em si mesmas, em sua própria opinião e em sua verdade. Os professores das crianças pós-modernas afirmam constantemente que essas crianças não demostram respeito automático pelas pessoas mais velhas ou em posição de autoridade. Mas se alguém ganha o seu respeito, sendo real e verdadeiro, elas ouvirão.

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1.2 Qual deve ser o tratamento com os bebês e crianças pós-modernos?

É natural que exista conflito entre a maneira como você foi criado e educado, e algumas características dessa geração de bebês e crianças. Ou talvez você se impressione ao ver como pais nascidos em uma geração pós-moderna educam seus filhos de uma forma diferente, por ser de outra geração. Sabemos que os princípios bíblicos não estão sujeitos a mudanças, mas, talvez seja necessário ajustar a maneira como vemos as novas gerações em nossas igrejas. Que tal pensar nessas sugestões que a Linda Mei Lin Koh preparou sobre esse tema?

a. Entender a suscetibilidade pós-moderna

É importante que os líderes das crianças, os pastores e outros líderes da igreja, entendam que as crianças que crescem na era pós-moderna não pensarão como nós. Podemos não gostar de suas respostas ou atitudes, no entanto, precisamos ser sensíveis a esse pensamento pós-moderno, em vez de combatê-lo ou negá-lo.

b. Pensar criativamente na construção da fé

Precisamos pensar e agir criativamente ao apresentar discussões de fé e de histórias cristãs às crianças. Reconsidere as formas eficazes. Devemos considerar como podemos ajudar as crianças a experimentar o Evangelho. Elas precisam conhecer e ter uma experiência com Deus, para que isso seja real na vida delas.

c. Envolver as famílias e a comunidade da igreja

Trabalhar com os filhos das novas gerações requer a participação das famílias, e de toda a comunidade de fé. A fé não é algo que se desenvolve no vácuo. Ter fé, compartilhar a fé, explorar a fé, bem como questionar, acontece na companhia de outros. John Westerhoff, em seu livro: Will Our Children Have Faith? (Será que nossos filhos terão fé?), diz que uma comunidade de fé é propícia para cuidar da alma de seus membros. Para que sua fé cresça, isso depende das tradições, memórias e histórias compartilhadas. Sendo assim, a comunidade de fé da igreja deve incluir membros de diferentes gerações para decidir sobre seus objetivos e propósitos, bem como ser um exemplo para os membros mais jovens da comunidade.

Os mais jovens, os membros mais novos da comunidade de fé, são necessários para criar novas tradições ou um raciocínio mais atualizado, em relação aos mais velhos. Portanto, precisamos que a comunidade de fé, bem como a família, vivencie a história de fé junto com as crianças.

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2. DESENVOLVIMENTO FÍSICO

As mudanças mais importantes com relação ao desenvolvimento motor de cada pessoa, ocorrem nos primeiros anos de vida, período no qual a criança adquire habilidades básicas e necessárias que permitirão o desenvolvimento de habilidades superiores. A seguir, você vai encontrar aspectos mais específicos mencionados por Peto (2013). É importante lembrar que toda criança é única e tem seu próprio ritmo para desenvolver habilidades que são observadas em crianças dessa idade. Estes são apenas parâmetros típicos do desenvolvimento físico.

De 0 a 5 meses

O bebê passa, de depender totalmente da mãe, para uma existência independente. Ao nascer, o bebê tem características diferentes: cabeça grande, olhos grandes e sonolentos, nariz pequeno, queixo fendido e bochechas gordas.

Os bebês não conseguem controlar os movimentos do corpo. A maioria é por reflexo; seu sistema nervoso não está totalmente desenvolvido. Durante os primeiros meses, eles podem ver objetos que estão cerca de 2,5cm de sua visão, claramente. Aos seis meses, sua visão está mais desenvolvida.

Aos quatro meses, a maioria dos bebês tem algum controle sobre seus músculos e sistema nervoso. Podem sentar-se com ajuda, manter a cabeça erguida por curtos períodos e rolar ou descansar sobre seu estômago. Aos cinco meses, geralmente eles podem se virar sozinhos.

De 6 a 12 meses

Eles começam a comer e dormir em um horário regular. Começam a usar o copo e a colher para comer sozinhos. Podem se sentar sem ajuda. Eles engatinham com a barriga encostada no chão e levantam o corpo apoiando as mãos e os joelhos.

Aos oito meses, eles podem alcançar e segurar objetos com as mãos, pegar objetos com os dedos polegar e indicador, e aprendem a soltar objetos. Começam a jogar coisas. Eles podem ficar em pé apoiando-se nos móveis, e caminhar se forem guiados. Quando chegam aos doze me-

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ses, a maioria dos bebês pesa três vezes o peso do nascimento, e cresce 2,5cm por mês aproximadamente. Durante os três primeiros anos, o crescimento físico é mais rápido do que no restante da vida. À medida que as crianças crescem em estatura, a forma do corpo muda.

1 ano

Nessa idade, as crianças comem menos a cada refeição, mas com mais frequência. Elas querem começar a comer sozinhas. Elas aprendem a andar sem ajuda por volta dos 14 meses, e ao finalizar o ano é possível que andem para trás e subam escadas. Podem beber em um copo com ajuda, rabiscar (fazer linhas) e empilhar cubos e blocos.

2 anos

Elas já conseguem ficar na ponta dos pés. Podem jogar e chutar uma bola para frente. Andam, correm, escalam, sobem e descem escadas sem ajuda, e fazem buracos no chão. Elas pulam com os dois pés. Ficam desconfortáveis com fraldas molhadas ou sujas. Começam a mostrar interesse em aprender a usar o banheiro. Elas podem montar e desmontar objetos. Gostam de colocar e tirar tampas de garrafas. E geralmente são mais ativas do que em qualquer outra fase de sua vida.

3 anos

Agora, a criança cresce mais devagar do que nos três primeiros anos, mas faz mais progresso com a coordenação e desenvolvimento muscular, e pode começar a prender a fazer muitas outras coisas. Podem andar de triciclo, pegar uma bola, ficar em um só pé. Podem caminhar na ponta dos pés, pular horizontalmente, construir torres com seis ou nove blocos, manusear pequenos objetos como um quebra-cabeça, ou colocar figuras em seu lugar correspondente. Podem desenhar ou pintar de forma circular e horizontal. Crescem entre sete e oito centímetros em um ano.

4 anos em diante

Correm na ponta dos pés e dão pulinhos. Elas sobem e se movem sozinhas em uma rede. Elas pulam em um pé só. Jogam a bola com as mãos. Têm mais controle sobre os músculos menores. Podem representar quadros ou figuras (quadros de flores, pessoas etc.). Gostam de abrir e fechar zíperes, abotoar e desabotoar roupas. Se vestem sozinhas e gostam de amarrar o sapato. Podem cortar com uma tesoura seguindo uma linha. Podem fazer desenhos e letras básicas. Elas são muito ativas e podem se tornar agressivas nas brincadeiras.

A partir dos cinco, seis e sete anos o crescimento é lento, mas contínuo. As crianças ganharam controle sobre seus músculos maiores. Têm um bom

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equilíbrio. Podem ficar em um só pé e andar seguindo uma linha reta. Gostam de fazer exercícios: pular, correr, dar voltas. Gostam muito de testar suas habilidades e força muscular. Podem pegar bolas pequenas e manusear bem botões de roupas e zíperes.

Aprendem a amarrar o cadarço dos tênis. Podem escrever seu nome, copiar desenhos e figuras, incluindo números e letras. Elas podem usar corretamente utensílios e ferramentas com supervisão.

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3. DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Além do desenvolvimento físico, o desenvolvimento social também começa no período pré-natal. É na primeira e na segunda infância que são fundamentadas as bases para uma socialização saudável, e a criança será mais ou menos bem-sucedida no futuro, dependendo das experiências vividas e dos conhecimentos adquiridos.

3.1 Características da primeira infância

Aqueles que são professores da classe do Rol do Berço podem ver claramente como é um recém-nascido e como, à medida que cresce, começa a desfrutar da atenção que recebe na classe. Existem crianças mais reservadas, outras mais alegres, outras que não querem que ninguém as segure se não o pai ou a mãe, outras que levantam os braços para qualquer pessoa etc. Mesmo com essas diferenças de temperamento, é relevante destacar que o contato físico é muito importante para os bebês.

Eles se divertem observando como se comportam as pessoas que cuidam deles e podem imitar suas ações. À medida que ficam mais tempo acordados, observam ao seu redor e respondem a estímulos visuais, sonoros ou táteis que recebem. Eles podem sorrir facilmente e mostrar interesse e curiosidade. É por isso que, na classe do Rol do Berço, o professor deve usar sons suaves que chamem a atenção, texturas de tecidos ou objetos, e imagens simples que eles possam segurar nas mãozinhas ou ver ao ouvir uma música ou história.

Eles aprendem a reconhecer os rostos e vozes de seus pais e de outras pessoas com as quais interagem mais. Os professores da Escola Sabatina também são uma referência para as crianças! A maneira alegre e gentil de falar transmitirá segurança ao bebê.

Para se expressarem, usam o choro, além de demonstrar a raiva, dor, fome, desconforto, sono ou medo. Portanto, não se incomode se um bebê chorar em sua sala, deixe que o adulto que está cuidando dele supra suas necessidades para acalmá-lo.

Depois do sexto mês, suas habilidades sociais aumentam significativamente! Eles começam a se interessar por outras crianças, mas na maioria das vezes continuarão a se descobrir e ainda não verão outras crianças como amigos para brincar. Quando são chamados pelo seu nome, começam a responder. Também é comum vê-los sentir medo de pessoas que não conhecem e

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quando seus pais os deixam sozinhos, muitas vezes reagem com medo e choram. Eles começam a distinguir entre o que é permitido e o que não é.

No primeiro ano, o bebê já começa a ser considerado “criança”, devido às mudanças que ocorrerem e as habilidades que são adquiridas.

Eles começam a demonstrar um grande interesse pelo ambiente ao seu redor e tudo que esteja relacionado a ele.

Eles aprenderão a fazer amigos e a desfrutar da companhia de outras crianças à medida que aprendem a falar e se comunicar com os outros.

Eles ainda não aprenderam a compartilhar seus brinquedos ou objetos que consideram especiais. Há lições bíblicas que promovem momentos de “compartilhar”, “ajudar” e prestar atenção aos sentimentos do outro. O momento da lição é uma verdadeira escola de valores!

Eles começarão a seguir o exemplo de seus amigos e passarão muito tempo observando-os.

Eles começam a mostrar características de independência e rebeldia.

Por saberem o quanto será difícil se separar da pessoa que cuida deles, ficam ansiosos. É comum ver isso quando os papais começam a deixá-los sozinhos na classe, por isso, seja gentil e compreensível diante dessas situações.

Eles estão mais conscientes de suas limitações, e lidam com elas por meio da fantasia e da brincadeira, e se identificam com os adultos.

3.2 Características da segunda infância

Entre três e quatro anos, as habilidades sociais começam a ter um desenvolvimento amplo, pois sua consciência começa a ter mais noção do outro, mesmo quando ainda não consegue se colocar no lugar do outro, para sentir o que ele pode estar sentindo.

À medida que crescem, aprendem a compartilhar, e é possível que tenham dois ou três amigos especiais.

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Eles aprenderão a ser mais sociáveis e a reagir melhor em determinadas situações.

Quando descobrem como é divertido brincar e fazer amigos, estabelecerão amizades, e, muitas delas, durarão muito tempo.

Passam a usar o “não” como uma forma de controle e autoridade.

A criança começa a passar mais tempo fora de casa, principalmente na escola, e isso abre oportunidades de socialização. Ao mesmo tempo, cresce o desejo de reconhecimento fora do ambiente familiar.

Eles aprendem a se sentir úteis por meio da colaboração em tarefas simples.

Eles aprendem a participar de jogos ou esportes em grupo, facilitando o abandono de atitudes egocêntricas, comuns na fase anterior.

Gostam de brincar com pessoas do mesmo sexo, e, muitas vezes, as brincadeiras são identificadas com papéis de faz de conta.

A Escola Sabatina, nas diferentes classes, permite o desenvolvimento de habilidades sociais saudáveis para que a criança possa crescer harmoniosamente.

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4. DESENVOLVIMENTO AFETIVO-SEXUAL

A autora Maijo Roth, trabalhou em um conceito que pode ajudar a entender o desenvolvimento sexual de uma perspectiva equilibrada e cristã. Ela o denominou a “Revolução da Ternura” (https://revoluciondelaternura.com/). De acordo com Roth, a educação afetivo-sexual é importante por vários motivos:

1. Promove o desenvolvimento saudável

A educação afetivo-sexual ajuda as crianças e jovens a entenderem e aceitarem seu corpo e sua sexualidade, e contribui para seu desenvolvimento saudável e equilibrado.

2. Previne riscos

Uma educação sexual adequada pode prevenir comportamento de risco, como início precoce do sexo, gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis e violência sexual.

3. Promove relacionamentos saudáveis

A educação afetivo-sexual ensina como estabelecer relacionamentos saudáveis e respeitosos, pois é fundamental para o bem-estar emocional e psicológico.

4. Desenvolve valores

A educação afetivo-sexual pode ajudar os jovens a desenvolverem valores positivos sobre a sexualidade, incluindo responsabilidade, intimidade, respeito e igualdade.

5. Promove a igualdade entre as pessoas de ambos os sexos

A educação afetivo-sexual também promove o respeito pelas diferenças que existem entre meninos e meninas.

Com o foco colocado na palavra ternura, Roth menciona que essa “é a expressão mais serena, bela e firme do amor. Graças à ternura, os relacionamentos afetivos criam raízes de vínculo, respeito, consideração e verdadeiro amor. Por mais curioso que pareça, a ternura envolve confiança e segurança, sobretudo em si mesmo”.

Ao falar especificamente sobre o desenvolvimento afetivo, outro conceito que se torna relevante é o apego. Apego é definido como “sentimento que une uma pessoa às pessoas ou coisas de que gosta”. E quando aplicado à primeira infância, se refere à necessidade essencial que a criança tem de seu principal cuidador, que geralmente é a mãe. Esse conceito está intima-

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mente relacionado com o desenvolvimento afetivo, pois, nessa primeira fase, a mãe e a criança têm uma relação próxima e única, baseada na afetividade. De acordo com Rodriguez (2020), o apego saudável favorece o desenvolvimento e crescimento da criança em aspectos como maturidade, temperamento e socialização.

É importante que, como líderes de crianças, sejam oferecidas oportunidades para treinar os pais sobre aspectos tão valiosos como o desenvolvimento afetivo e das emoções. Escola de pais, sermões, JA, entre outros, podem ser momentos oportunos para mostrar o plano de Deus para as famílias. A Bíblia e o Espírito de Profecia fornecem exemplos e orientações claras para pais e mães que desejam conduzir seus filhos no caminho certo.

4.1 A sexualidade na primeira e segunda infância

Aparentemente, em muitos lares, o tema da sexualidade é adiado para a fase escolar ou somente para a pré-adolescência em diante, quando o assunto começa a se tornar relevante. Mas a sexualidade acompanha toda a existência do ser humano!

Roth menciona que para muitos adultos é difícil falar sobre a educação sexual na infância; porém, ela destaca a necessidade de os pais ensinarem, especialmente de acordo com a visão bíblica e as crenças da Igreja Adventista.

Quais aspectos devem ser considerados?

Ensinar o valor e a dignidade de cada ser humano, para que as crianças aprendam que todos são valiosos e merecem respeito.

Ensinar sexualidade às crianças de forma respeitosa e positiva, evitando criar sentimentos como vergonha ou culpa. A idade e as necessidades específicas de cada criança devem nortear o processo de educação sexual.

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Entender que não existe uma idade específica na qual os pais devem começar a falar com os filhos sobre sua sexualidade, pois isso pode variar de uma família para outra. O mais importante é fazer gradativamente, e de acordo com a idade e fase de desenvolvimento.

A educação sexual é fundamental para prevenir e combater a violência sexual, a exploração e o abuso sexual. Essa educação começa desde os primeiros anos, quando ensinamos às crianças sobre:

Como higienizar o corpo.

Os nomes corretos de todas as partes do corpo.

Quais partes são íntimas e como devem cuidar delas.

Que elas são fruto do amor entre o papai e a mamãe.

De onde vem os bebês – de uma forma que esteja de acordo com seu entendimento – etc.

Na igreja, uma maneira de apoiar essa educação, é ter um lugar reservado para que as mamães possam amamentar e trocar as fraldas, sem expor as crianças; trabalhar com a prevenção do abuso por meio do projeto Quebrando o Silêncio; ter um banheiro com um vaso pequeno para que a criança não precise de ajuda para usá-lo, se sua mamãe ou papai não puder ir com ela; respeitar o desejo da criança de não ser segurada quando não se sente à vontade com a pessoa; não obrigar a criança a cumprimentar com um beijo alguém que não queira beijar; falar adequadamente sobre o corpo e suas partes; evitar publicar fotos das crianças sem autorização dos pais, e mesmo assim, ter cuidado e bom senso ao fotografar as crianças etc.

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5. DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL

Não poderíamos terminar este módulo sem abordar uma área tão vital como o desenvolvimento espiritual. Somos seres integrais, e existe uma estreita ligação entre todas as áreas de desenvolvimento, que dificilmente podem ser separadas.

Durante seus primeiros meses, quando a criança aprende os hábitos da vida, ela também aprende a desenvolver amor, confiança e obediência aos pais. Ela estabelece a base para aprender sobre o relacionamento com Deus como de um pai amável com seu filho. A criança vai desenvolvendo sua consciência, aprendendo sentimentos e atitudes em relação ao que está certo e o que está errado, além de desenvolver uma crença firme na oração, na fé e no amor.

Já na segunda infância, o ensino e a prática dos valores morais tornam-se muito importantes. Porque é por meio do contato com a igreja e as atividades que são desenvolvidas ali, que as crianças aprendem sobre doutrinas, pecado, perdão, confissão e salvação. E no final dessa fase, o Ministério da Criança tem um papel fundamental para encorajar as crianças a tomar uma decisão extremamente importante no desenvolvimento espiritual, que é o batismo, a demonstração pública de seu desejo de aceitar Jesus como seu Amigo e Salvador.

A seguir, Donna Habenicht, compartilha algumas chaves para o crescimento espiritual durante a primeira e a segunda infância:

1. Construa uma base sólida para entender o certo e o errado. Seja com bonecas, bichos de pelúcia ou outros objetos, torne suas instruções práticas.

2. Explique na prática porque algo é bom ou mau.

3. Fortaleça os momentos de oração, ensine sobre como se comportar em um momento tão especial. Inclua os brinquedos preferidos das crianças ao orar, isso ajuda muito!

4. Envolva as crianças e participe ativamente das atividades na igreja.

5. Dê muitas oportunidades para que as crianças tomem decisões.

6. Relacione as recompensas e castigos com seu amor e o amor de Deus.

7. Estimule a memorização da Bíblia.

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8. Evite usar símbolos religiosos ou palavras abstratas com as crianças menores que possam confundir sua compreensão limitada; e para os mais velhos, explique para que entendam seu significado. Alguns exemplos de símbolos: a Santa Ceia, a Pena Inspirada, o Espírito de Profecia.

9. Ensine a usar a Bíblia por meio de prática abundante.

10. Enfatize a ideia de que todas as crianças são especiais para Deus.

11. Proporcione oportunidades para que as crianças se envolvam em projetos comunitários.

12. Incentive as crianças a terem sua devoção pessoal.

13. Crie oportunidades para aceitarem a Jesus como seu Salvador pessoal.

14. Prepare a criança para o batismo, ensine sobre as doutrinas da Igreja.

15. Ajude a criança a aprender a estudar a Bíblia.

16. Enfatize o que Cristo faz por cada pessoa.

17. Seja um exemplo de vida cristã.

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CONCLUSÃO

Entender sobre o desenvolvimento integral dos seus alunos permite que você saiba o que esperar deles e quais são suas limitações no momento de aprender sobre o amor de Jesus. Mesmo quando existem padrões típicos no desenvolvimento, cada criança é única e especial, e o professor deve considerar essas particularidades para potencializar sua aprendizagem. Nos próximos módulos, você vai continuar aprendendo mais sobre as fases seguintes: pré-adolescência, adolescência, juventude e algo muito requisitado em relação ao desenvolvimento, que é como abordar a ideologia de gênero.

Se você quiser aprender mais sobre como ser um verdadeiro líder espiritual para as crianças que você discipula, leia os materiais preparados para os níveis 4, 5 e 6 do Curso de Liderança, que, sem dúvida, são um excelente complemento para o que você leu aqui.

Que Deus o abençoe e o capacite.

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BIBLIOGRAFIA

DELGADO RODRÍGUEZ, Lidia. La importancia del desarrollo afectivo en la primera infancia. 2020 Trabalho de Conclusão de Curso (MAESTRO EN EDUCACIÓN INFANTIL) - Universidad de La Laguna. Disponível em: http://riull.ull.es/ xmlui/handle/915/20718. Acesso em: 26 set. 2023.

KOH, Linda Mei Lin. Ministerio Infantil Postmoderno; Ministerio para los Niños en el siglo 21. 2004. 12 slides. Acesso em: 26 set. 2023

PETO, Vania. De bebés a niños: desarrollo físico. Llave Maestra Cuna Infantes, Buenos Aires, v. 1, 2013

PETO, Vania. Desarrollo social. Llave Maestra Cuna Infantes, Buenos Aires, v. 2, 2013.

ROTH, Maijo. Educación sexual cristiana. Revolución de la ternura. España. Disponível em: https://revoluciondelaternura.com/educacion-sexual-infancia/. Acesso em: 26 set. 2023

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