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A Esquadrilha - Academia da Força Aérea - 1971

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão pelaante


A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

A Esquadrilha 1971 aspirantes aviadores e intendentes 1971 e infantes 1972

Turma Brigadeiro do Ar João Camarão Telles Ribeiro “O voo do homem através da vida é sustentado pela força de seus conhecimentos.”


A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

Sumário Siglas ............................................................................................................................................................................ 7 Nossas Artes ............................................................................................................................................................ 8 Agradecimentos ..................................................................................................................................................... 9 1

Editorial ........................................................................................................................................................... 10

2

Transcrição do Editorial da Revista Esquadrilha nº 20, abril de 1946 .................... 11

3

Produção .......................................................................................................................................................... 12

4

Patrono: Ten. Brig. do Ar João Camarão Telles Ribeiro ..................................................... 13

5

Comandante da EAER e da AFA: Brig. do Ar Geraldo Labarthe Lebre ....................... 14

6

Missão e Valores da EAER e da AFA ................................................................................................. 14 6.1

6.1.1

MISSÃO DA AFA ................................................................................................................................. 14

6.1.2

MISSÃO DA FAB ................................................................................................................................. 15

6.1.3

RESUMO HISTÓRICO DOS VALORES .............................................................................................. 15

6.1.4

VALORES DA AFA .............................................................................................................................. 15

6.2

7

Código de Honra do Cadete........................................................................................................... 15

6.2.1

CORAGEM ............................................................................................................................................. 16

6.2.2

LEALDADE ............................................................................................................................................ 16

6.2.3

HONRA .................................................................................................................................................. 16

6.2.4

DEVER ................................................................................................................................................... 16

6.2.5

PÁTRIA .................................................................................................................................................. 17

Fotos históricas da EAER e da AFA .................................................................................................. 17 7.1

Escola de Aeronáutica .................................................................................................................... 17

7.1.1

LAGO LACHÊ ....................................................................................................................................... 17

7.1.2

ENTRADA DA EAER .......................................................................................................................... 17

7.1.3

CASA DO LARANJEIRA ...................................................................................................................... 17

7.1.4

CORPO DE CADETES ......................................................................................................................... 17

7.1.5

CASSINO DOS CADETES ................................................................................................................... 19

7.1.6

GINÁSIO BRIG. DO AR EDUARDO GOMES..................................................................................... 19

7.1.7

QUADRA POLIESPORTIVA................................................................................................................. 20

7.1.8

PISCINA SEMIOLÍMPICA .................................................................................................................... 20

7.1.9

TRAVE MULTIFUNCIONAL ................................................................................................................ 20

7.2

8

Nossa Missão e Nossos Valores ................................................................................................. 14

Academia da Força Aérea ............................................................................................................... 21

7.2.1

CORPO DE CADETES (H4) NA AFA ............................................................................................... 21

7.2.2

ÁREAS ADMINISTRATIVAS E OPERACIONAIS .............................................................................. 22

7.2.3

MASTRO DA BANDEIRA ..................................................................................................................... 22

7.2.4

A ÁGUIA TOMBADA ............................................................................................................................ 22

Emblemas da EAER e da AFA.................................................................................................................. 24


A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão 9

Comandantes do Corpo de Cadetes da Aeronáutica ............................................................. 25 9.1

Ten. Cel. Av. Jorge José de Carvalho ..................................................................................... 25

9.2

Ten. Cel. Av. Arthur Soares de Almeida ................................................................................ 25

9.3

Maj. Av. João Jorge Bertoldo Glaser..................................................................................... 25

10

Comandante do GIA – Grupo de Instrução Aérea ................................................................ 26

11

Matrículas dos Cadetes na EAER.................................................................................................. 26

11.1

Curso de Formação de Oficiais Aviadores ....................................................................... 26

11.2

Curso de Formação de Oficiais Intendentes ................................................................... 29

12

Mosaico Homenagem aos Colegas não Concludentes ...................................................... 30

13

Atividades Curriculares na Escola de Aeronáutica......................................................... 31

13.1

Instrução Fundamental .............................................................................................................. 31

13.2

Instrução Especializada ............................................................................................................. 31

13.2.1

AVIADORES ...................................................................................................................................... 31

13.2.2

INTENDENTES .................................................................................................................................. 31

13.2.3

ASSIMILAÇÃO DOS PROGRAMAS DE INSTRUÇÃO ................................................................... 31

13.3

Instrução Básica Militar – IBM ............................................................................................... 31

13.3.1

TREINAMENTO DE FUGA E EVASÃO ........................................................................................... 32

13.3.2

OPERAÇÃO BÚFALO ...................................................................................................................... 33

13.3.3

PARAQUEDISMO.............................................................................................................................. 34

13.3.4

FOTOS DO TREINAMENTO DE FUGA E EVASÃO....................................................................... 35

13.3.5

FOTOS DO PARAQUEDISMO ......................................................................................................... 37

13.4

Instrução de Voo na Escola de Aeronáutica.................................................................. 40

13.4.1

DIVISÃO DE INSTRUÇÃO DE VOO ................................................................................................ 40

13.4.2

AS BOLACHAS DOS ESTÁGIOS .................................................................................................... 41

13.4.3

FASES DE VOOS DE T-21 .............................................................................................................. 41

13.4.4

A INSTRUÇÃO DE VOO DO T-21 .................................................................................................. 41

13.4.5

FOTOS DO VOO SOLO .................................................................................................................... 43

13.4.6

FOTOS DO ESPM............................................................................................................................ 45

13.4.7

FOTOS DO ETP................................................................................................................................ 45

13.4.8

FOTOS DO VOO DE T-21................................................................................................................ 47

13.5

Instrução de Intendência na Escola de Aeronáutica ............................................... 49

13.5.1

ESTÁGIOS DOS ASPIRANTES INTENDENTES ............................................................................ 50

13.5.2

ESTÁGIO NA FAZENDA DE AERONÁUTICA DE PIRASSUNUNGA (FAZAER YS) ............. 51

13.6

Instrução de Educação Física.................................................................................................. 52

13.7

Equipes e Competições Desportivas ..................................................................................... 52

14

O Espadim ...................................................................................................................................................... 55

15

Cultura e Comemorações ................................................................................................................... 59

15.1

O Coral, Canto e Entusiasmo ................................................................................................... 59


A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão 15.2

Apresentações do Coral ............................................................................................................ 59

15.3

Cadetes Comparecem ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro .............................. 60

15.4

A Banda Sinfônica da AFA – Inseparável do Coral .................................................... 60

15.5

Comemoração do Dia do Aviador ............................................................................................ 60

16

4º Ano –1971 – PIRASSUNUNGA .................................................................................................... 63

16.1

O Ensino na AFA ................................................................................................................................ 64

16.1.1

INSTRUÇÃO FUNDAMENTAL E ESPECIALIZADA ...................................................................... 64

16.1.2

INSTRUÇÃO AÉREA ........................................................................................................................ 65

16.2

Grupo de Instrução Aérea - GIA .............................................................................................. 66

16.3

As Esquadrilhas ............................................................................................................................... 66

16.4

As Bolachas e Insígnias do GIA e das Esquadrilhas ................................................... 66

Voo solo de T-37C ............................................................................................................................................ 68 16.4.1

FOTOS DA ATIVIDADE AÉREA EM PIRASSUNUNGA ................................................................. 70

16.4.2

FOTOS DE ATIVIDADES NO H4 ..................................................................................................... 72

16.5

Estágio Básico de Sobrevivência na Selva....................................................................... 72

16.6

Diário da Sobrevivência na Selva .......................................................................................... 74

16.7

Desfile no dia da Independência de 1971 .......................................................................... 82

16.8

A História do T-37C na AFA e o Esquadrão Coringa ................................................... 82

17

Aspirantado ................................................................................................................................................ 84

17.1 18

Declaração a Aspirantes – 1971................................................................................................... 88

18.1 19

O Espadim que Viajou no Tempo................................................................................................ 88 Declaração a Aspirantes, Ordem do Dia do Comandante da AFA ...................... 88

Formação da Infantaria de Guarda ............................................................................................. 89

19.1

Brevê da Infantaria de Guarda............................................................................................... 89

19.2

Escudo da EOEIG .............................................................................................................................. 89

19.3

Retrospectiva da Formação da Infantaria...................................................................... 89

19.4

Atos Iniciais da Formação........................................................................................................... 90

19.5

Tópicos Vivenciados ....................................................................................................................... 91

19.5.1

INSTRUÇÃO DE INFANTARIA ........................................................................................................ 91

19.5.2

INSTRUÇÃO DE PARAQUEDISMO ................................................................................................. 91

19.5.3

DEFESA PESSOAL .......................................................................................................................... 92

19.5.4

ATIVIDADE CÍVICA .......................................................................................................................... 93

19.5.5

ATIVIDADES SOCIAIS ..................................................................................................................... 93

19.5.6

ESPÍRITO DE CORPO ...................................................................................................................... 94

19.6 20

Aspirantado da Infantaria ........................................................................................................ 94

Galeria De Fotos Dos Aspirantes .................................................................................................. 95

20.1

Aviadores – Esquadrilha A N T A R E S ............................................................................... 96

20.2

Aviadores – Esquadrilha C A S T O R ................................................................................... 99


A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão 20.3

Aviadores – Esquadrilha S Í R I U S ..................................................................................... 102

20.4

Aviadores – Esquadrilha V E G A ......................................................................................... 105

20.5

Intendentes ....................................................................................................................................... 108

20.6

Infantes ............................................................................................................................................... 111

21

Placa de Bronze – Aspirantes Av. e Int. 71 e Inf. 72 ........................................................ 113

22

Aeronaves Utilizadas Pela EAER e AFA entre 69 e 71 ................................................... 113

22.1

Fokker T-21 ........................................................................................................................................ 113

22.2

Cessna T-37C .................................................................................................................................... 115

23

Distintivos Utilizados ......................................................................................................................... 116

24

Relatos Extremos ................................................................................................................................. 117

24.1

Parafuso não Revertido ........................................................................................................... 117

24.2

Acidente Aéreo com Final Feliz ............................................................................................ 118

24.3

Diz a Sabedoria Aviatória ......................................................................................................... 118

24.4

Jugular Frouxa – Incidente de Voo – Lição de Vida ................................................. 120

25

Causos Contados ................................................................................................................................... 120

25.1

O Cadete Que Começou o Voo em Um Avião e Terminou no Outro ...................... 120

25.2

O Misterioso Cadete Av. Paulo no Voo de 16 Aviões ................................................ 121

25.3

Curta Saga de um Aviador ........................................................................................................ 122

26

Destaques Poéticos.............................................................................................................................. 122

26.1

SI, de Rudyard Kipling ................................................................................................................. 122

26.2

Do Pioneiro Conto, O Aplauso ............................................................................................... 123

26.3

Você ....................................................................................................................................................... 123

26.4

A Ave e O Aviador ........................................................................................................................... 123

26.5

Infantes Poetas .............................................................................................................................. 124

27

Mural Informativo e de Comunicação da Turma ................................................................. 125

27.1

Site da Turma .................................................................................................................................... 125

27.2

Cadastro da Turma ....................................................................................................................... 126

27.3

Interações Sociais ........................................................................................................................ 126

28

Homenagem aos Editores do Jornal “O MEIA NOVE” ....................................................... 126

29

Edição do Jornal “O MEIA NOVE” ................................................................................................ 128

30

Amigos que Deixaram Saudades..................................................................................................... 129


A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

SIGLAS AFA – CAM – CCAER – CFOAV – CFOIG – CFOINT – CONSED – DIV – EAER – EB – ECEME – EOEIG – EPCAR – ESPCEX – ESPM – ETP – EUA – FAB – GIA – MANICA – NAVAMAER –

Academia da Força Aérea Correio Aéreo Militar Corpo de Cadetes da Aeronáutica Curso de Formação de Oficiais Aviadores Curso de Formação de Oficiais de Infantaria de Guarda Curso de Formação de Oficiais Intendentes Conselho Nacional dos Secretários de Educação Divisão de Instrução de Voo Escola de Aeronáutica Exército Brasileiro Escola de Comando e Estado Maior do Exército Escola de Oficiais Especialistas e Infantaria de Guarda Escola Preparatória de Cadetes do Ar Escola Preparatória de Cadetes do Exército Estágio de Seleção de Piloto Militar Estágio de Treinamento Primário Estados Unidos da América do Norte Força Aérea Brasileira Grupo de Instrução Aérea Manual de Instrução do Cadete Aviador Nome da competição esportiva sincopado com "Nav" (Escola Naval, Marinha), "AM" (AMAM, Exército), e "AER" (Academia da Força Aérea, Aeronáutica). PARASAR – Esquadrão Paraquedista de Operações Especiais e Busca e Resgate UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura USBATU – United States Brazilian Air Training Unit

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão NOSSAS ARTES

NOSSAS ARTES

Ilustrações E Desenhos: Em meio a uma profusão de histórias levantadas, identificadas e contadas na Revista A Esquadrilha 1971, nem todos os fatos, nem todos os casos, nem todos os “causos” puderam ser tão bem representados por textos e fotos. Para nos aproximarmos de poder melhor suprir as expressões, houve um esforço da equipe da colaboradores de encontrar os artistas da Turma que as pudessem ilustrar e desenhar. Capa: À frente da Revista A Esquadrilha 1971, a nossa capa traz ao leitor uma coleção de imagens da celebração do Aspirantado da Turma AFA 1971. O perímetro da tela, composto de elementos reestilizados, constitutivos da arte que emoldura o DIPLOMA da Medalha Mérito Santos-Dumont, é a imagem da luxuosa moldura vintage de madeira em verniz peroba rosa, tendo entalhadas a forma de colunas gregas da ordem Corinthian, nas laterais, representando a FAB, a forma de capitéis com meias asas, representando a aviação militar e a forma do estilóbato com folhagem, na base, representando a Pátria. No topo do plano central de fundo dourado degradê, está apresentado o nome da Instituição AFA, seguido do nome da Revista, e estão exibidos símbolos representativos com a Bolacha da AFA, no alto à esquerda, a Bolacha da Turma 66-69 com o tigre aviador, no alto à direita, e, ao centro, a imagem da Placa de Bronze afixada na AFA que grava os nomes dos Aspirantes 1971, tendo, atrás dos nomes, a imagem da espada de Oficial da FAB. Página de Rosto dos Afonsos: No topo, a página exibe o nome da Revista A Esquadrilha 1971, com alusão à Turma de Cadetes de 1969, matriculada na EAER. Ao centro à esquerda, exibe o Emblema da EAER e, à direita, a Bolacha da Turma 66-69 com o tigre aviador, na versão EAER. Abaixo há a citação do Patrono da Turma 1971, Brig. do Ar João Camarão Telles Ribeiro, e a citação do Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica, Engenheiro Alberto Santos Dumont. Fotos: A totalidade das fotos apresentadas na Revista A Esquadrilha 1971 é de contribuição dos colegas da Turma de Aspirantes 1971, retiradas de seus acervos pessoais, que representam suas preciosas memórias de um tempo glorioso, oferecidas com a vontade generosa de contribuir para o reavivamento das mais doces lembranças. As fotos históricas foram selecionadas pelo grupo de colaboradores com o esmero de procurar e encontrar a mais fiel representação da era EAER e AFA, e a intenção de levar o leitor ao tempo das glórias vividas pelos Aspirantes. Página De Rosto do 4º Ano: Apresenta o céu na cor preta sem luz, ao infinito, mas iluminado onde

visível por constelações e estrelas. No topo, a página exibe a frase alusiva ao quarto ano, onde a AFA, em 1971, nas instalações de Pirassununga, realizou as operações de voo com o Jato T-37C. Abaixo desta frase, está destacado um verso do Hino do Aviador. Ao centro da tela é exibida a face do tigre símbolo da Turma, que sobrepõe a constelação do Cruzeiro do Sul. Em volta do tigre estão destacadas as estrelas que dão nomes às Esquadrilhas formadas pelos Cadetes nas missões de voo. Abaixo do tigre, é exibido outro verso destacado do Hino do Aviador e, abaixo dele, é exibida a Bolacha do Esquadrão T-37. Página De Rosto Da Galeria De Fotos Dos Aspirantes: A moldura da galeria de fotos acompanha a mesma linguagem visual da capa, em todo seu estilo e desenho, acrescentando a estes o arco chave da moldura, destacando a importância do pessoal como união e suporte, em todos os níveis de ação. No topo do plano central de fundo dourado degradê, está apresentada a Bolacha da AFA e, abaixo, o tema Galeria de Fotos dos Aspirantes. Ao centro da tela, estão exibidos os brevês dos três quadros de oficiais formados pela Academia e, ao centro, a imagem da espada de oficial. Mais abaixo, na base da tela, é exibida a Bolacha da Turma 66-69, com o Tigre Aviador. Molduras das fotos na Galeria de Fotos dos Aspirantes: As molduras da galeria de fotos acompanham a mesma linguagem visual da capa e da página de rosto, em todo seu estilo e desenho. No topo do plano central, está apresentado o brevê do quadro com o escudo da esquadrilha, ou a insígnia correspondente ao quadro do Aspirante, logo abaixo, são exibidos a respectiva foto, abaixo desta, o nome e o seu local de nascimento. Mosaico Homenagem: Aos Cadetes matriculados na predecessora EAER em 1969 que não concluíram o Curso de Oficiais na AFA. No cabeçalho, um pergaminho discursando a homenagem. Em abismo, o Escudo da EAER esmaecido em riscos de linha abraçando as fotografias desses Cadetes em forma como um Gládio Alado. Bullets: vistas de topo do Fokker T-21, do Cessna T-37C, do T-37C com T-21 na ala e o Gládio Alado. Contracapa: A nossa contracapa, às costas da Revista A Esquadrilha 1971, mostra duas placas alusivas à passagem da nossa Turma pela EAER e pela AFA, com fotos históricas gravadas em bronze, predominando o mesmo dourado da capa, as quais representam as icônicas instalações da Escola de Aeronáutica do já lendário Campo dos Afonsos, na cidade do Rio de Janeiro, e da Academia da Força Aérea do Campo Fontenelle, em Pirassununga.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

AGRADECIMENTOS

àqueles que não concluíram essa jornada, para que possam saciar as saudades de um tempo que não volta mais, de seus amigos e dos momentos felizes e divertidos que convivemos no Campo dos Afonsos e no Campo Fontenelle.

A razão e a sensibilidade nem sempre andam juntas. Dizem que os pais têm sempre razão, porque ensejam o bem de seus frutos. Pura verdade. Muitas das vezes, nós, seus filhos, somente os entendemos quando o discernimento balsamiza nossos sentimentos. Hoje, muito mais maduros, agradecemos aos nossos queridos pais que, muitas das vezes, se sacrificaram para nos dar a escolaridade, sem descurar da educação pelo exemplo, criando-nos com bondade, sem faltar a severidade quando se fez oportuno. Atualmente, onde estiverem, neste ou noutro plano da vida, certamente estão felizes pelo dever cumprido ao verificarem aonde chegamos após uma dura jornada, que nos levou ao início de nossa vida profissional.

O Criador nos colocou neste mundo concedendonos o livre arbítrio, para que arcássemos responsavelmente por nossas decisões. Foi de posse da nossa livre determinação individual que, após a educação do lar que teve em nossos pais o esteio, a base, optamos pela profissão que nos acolheu como filhos, nas instituições que nos ofereceram mestres e instrutores e que nos transformaram em irmãos de ideal. A Deus agradecemos por esses desígnios, que permitiram percorrer todo esse ciclo, na busca infatigável por nosso próprio caminho e da realização de nossos sonhos.

Nessa jornada, contamos com o apoio essencial de mestres e instrutores, sem os quais não teríamos adquirido e desenvolvido os conceitos morais e de caráter, educação intelectual, habilidades psicomotoras, cultura e disciplina militar, fundamentais à nossa formação como homem, cidadão e profissional. Aos nossos amados professores e instrutores somos gratos pela paciência e dedicação com que nos conduziram para a realidade da carreira profissional que iríamos abraçar.

EQUIPE COLABORADORA

O Ninho das Águias nos acolheu, ainda jovens, no Lendário Campo dos Afonsos e nos entregou homens formados para a Força Aérea Brasileira, no Campo Fontenelle. Nessas duas instituições de Ensino da FAB aprendemos como conviver e partilhar com outras pessoas. O egocentrismo, a inveja e o egoísmo deram lugar a sentimentos mais nobres, de solidariedade, de generosidade e de pertencimento, não somente a um grupo, mas a uma nova família, muito bem administrada pelos Comandantes e Chefes dessas instituições exemplares. Em nome de todas as instituições de ensino pelas quais passamos, agradecemos à Escola de Aeronáutica e à Academia da Força Aérea pelo acolhimento, pela nossa formação e pelo despertar de nossos mais nobres sentimentos. Aos nossos colegas de turma, com os quais aprendemos a dividir as alegrias e as amarguras, as nossas recordações e aflições, nossos bons e maus momentos, nossos medos e arroubos, agradecemos e dedicamos essa nossa revista, particularmente

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

1 EDITORIAL

dos Cadetes era opção de lazer. Naquele ano ocorreram tertúlias dançantes aos domingos, não todos. Os mais religiosos contavam com uma belíssima capela instalada num gramado envolto de arecas crescidas e elegantes casuarinas, onde aos domingos era celebrada a missa para toda a guarnição dos Afonsos. Alguns casamentos começaram ali.

E naquele fim de verão, em março, a turma de 1969 chegou ao lendário Campo dos Afonsos. Era gratificante estar lá e ser hóspede de construções antigas, amplas, elegantes, pintadas de branco de onde sobressaíam grandes portas azuis. Em sua maioria eram avarandadas. Predominava o estilo mediterrâneo. O conjunto abrigava ainda muitos hangares instalados paralelamente à pista de pouso. Tudo erguido no início do século para abrigar o Aeroclube do Brasil, a Escola Brasileira de Aviação e posteriormente a Escola de Aviação Militar. Ali foi o berço de formação e da ancestralidade da Aviação civil e militar brasileira. Daquele campo de aviação decolara o primeiro voo do Correio Aéreo Militar. Em 1941 tornou-se a Escola da Aeronáutica. Com a participação do Brasil na Grande Guerra e tendo a demanda por pilotos militares aumentada, aos poucos aquele estabelecimento de ensino militar evoluiu para receber os novos cadetes oriundos de Barbacena (EPCAR), dos Colégios Militares do Brasil e civis aprovados em concurso público, todos vindos dos mais distantes rincões do país. Por anos, os cadetes que por ali passaram zelaram pela história e pela tradição, pois, irmanados em um conjunto homogêneo sentiam profundo orgulho de fazer parte da história da Aeronáutica Brasileira, da Força Aérea Brasileira e do Campo dos Afonsos.

Mas o objetivo primário do calouro era o espadim, símbolo de conquista, que o cadete guardava e usava na farda de passeio. E este dia chegou. Era 10 de julho e a Turma 1969 abriu o desfile e perfilou para receber de suas madrinhas a representação maior na farda do cadete. Na mesma solenidade e por decisão Ministerial, a Escola de Aeronáutica passou a denominar-se Academia da Força Aérea, tendo o então Ministro da Aeronáutica, o Ten. Brig. do Ar Márcio de Souza e Mello, assinado a norma legal. Naquele dia, a Escola de Aeronáutica passou a fazer parte do glorioso passado do Campo dos Afonsos. E, em consequência deste ato administrativo, a Turma 1969, fazendo parte desta história, foi a última a ser matriculada e a receber o espadim naquele estabelecimento de ensino militar, consequentemente a primeira a receber o Espadim pela Academia da Força Aérea.

Desde a primeira formatura em frente ao Corpo de Cadetes, a Turma 1969 foi instruída a perseverar, fazer amigos, respeitar os superiores hierárquicos e os irmãos de armas e, sobretudo, lutar pelos valores apregoados na doutrina da Escola e da vida militar. Ao passar pelo pórtico que dava acesso aos alojamentos, obrigatoriamente, o cadete avistava o enorme mural histórico, de uma altura que impressionava pela imponência, onde fora gravado o poema Si, do Prêmio Nobel Rudyard Kipling. A leitura era diária. Como não aprender tão nobres ensinamentos: “Se puderes conservar a tua calma, quando todos diante de ti desnortearem e por isso te culparem...” A Turma 1969 viveu a história dos Afonsos a cada momento, estudando muito, tendo pesada instrução militar, praticando esportes diariamente, no majestoso ginásio, no campo de futebol rodeado pela pista de atletismo e voando sonhos e aprendendo a voar como piloto militar. Quando o tempo permitia, podiam ser observados aviões pousando e decolando, os paraquedistas saltando dos C-82 e C-119 e aterrando na extensa área que abrigava a pista de pouso. Um dia aquele cadete estaria pilotando nobres garças pelo Brasil. O Cassino

Porém, na formação da Turma 1969, nem sempre a vida iria transcorrer em céus de brigadeiro. Eram muitos os desafios a enfrentar: pressão constante, intensa dedicação ao estudo continuado, saúde perfeita, habilidades psicomotoras diferenciadas para o voo, vocação para o sacerdócio militar, sedução por outras carreiras. Por estas razões nem todos permaneceram na caserna. Não obstante, o jovem cadete que passou pelos Afonsos guardou e carregou pela vida valores inesquecíveis no que tange à impecável formação intelectual, nobre conceito de cidadania, retidão de caráter e lapidação moral. Foram dois anos de esforço gratificante, sem férias escolares normais. Era preciso encerrar o curso básico de engenharia e matérias dedicadas à aeronáutica; foram superados três ciclos letivos em dois anos. A Turma 1969 foi a última a ser formada em três

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão anos, considerando o último ano letivo na Academia da Força Aérea.

Nesse sentido, convém salientar que, apesar das peças pregadas pela memória ao longo do tempo, com esse atraso de cinquenta e dois anos, e mesmo a capacidade de expressão, a essa altura, permitiu melhores reflexões, visões mais profundas e objetivas de nossas vidas e de nós mesmos, para explorar o valor de cada história, bem como a amizade formada, que se concretiza a cada lembrança e a cada encontro no decorrer do mesmo tempo.

No dia 2 de fevereiro de 1971, a Turma 1969 apresentou-se em Pirassununga para completar a formação intelectual e realizar o estágio avançado de instrução aérea. O “Aspirantado” estava próximo, mas muito céu teria ainda que ser voado para chegar à formatura. O Cessna T-37C, avião birreator de treinamento avançado, nos aguardava. Adquiridos em 1968 pelo Ministério da Aeronáutica, estas aeronaves a reação propiciaram elevar e atualizar o nível da formação tecnológica dos pilotos militares brasileiros, em especial em voo por instrumentos. Os instrutores foram formados nos Estados Unidos e traziam no seu treinamento profundas mudanças para dinamizar as evoluções doutrinárias que seriam implementadas no futuro. A vida dura continuou. Mas perseverou o ânimo e persistiu a vontade de se tornar oficial da Aeronáutica. Diferentemente do Rio de Janeiro, a cidade de Pirassununga oferecia lazer restrito, mas tinha calor humano e soube distinguir e conquistar o cadete da aeronáutica. Como no Rio, muitos lá se casaram e essa atração gerou laços afetivos que são mantidos e lembrados com saudade.

AQUI ESTÁ A REVISTA “A ESQUADRILHA – TURMA 1969” Pirassununga-SP, 23 de outubro de 2023. Assina: Comissão de Colaboradores

2 TRANSCRIÇÃO DO EDITORIAL DA REVISTA ESQUADRILHA Nº 20, ABRIL DE 1946

Os espadins foram devolvidos e as espadas, símbolo do oficialato, recebidas a 20 de dezembro de 1971. A Turma 1969 se formou na Academia da Força Aérea na cidade de Pirassununga. Era a primeira turma a se formar naquela cidade, pois em outros anos esta solenidade fora feita nos Afonsos. 109 cadetes aviadores brasileiros se tornaram pilotos militares, 31 abraçaram a intendência e, um ano depois, 23 se formaram na Escola de Oficiais Especialistas e Infantaria de Guarda (EOEIG). De nacionalidade Boliviana e Equatoriana outros 14 oficiais receberam o brevê brasileiro. Em 1972 todos seguiram suas carreiras nas diversas unidades da Aeronáutica e no estrangeiro. Muitos ficaram pelo caminho, mas em todos ficou o sentido de pertencimento que a Turma 1969 construiu. Gratidão pela vida desafiante, pela proteção maior, aos colegas, amigos, comandantes, professores, instrutores, subalternos e apoiadores é outro sentimento que corre e pulsa em cada integrante da turma. Vale ressaltar que imperativos adversos, como a extinção da Escola de Aeronáutica e a criação da Academia da Força Aérea, bem como a sua transferência para Pirassununga-SP, restaram por afetar a continuidade de uma tradição pela qual a revista “A Esquadrilha” terminou não sendo editada à época. Mas, quando se tem uma razão, se descobre o caminho.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão “ALEGRA-TE AFONSOS

pioneiros dos Afonsos. Alegra-te Campo Fontenele, não fiques triste, porque para sempre te levaremos em nossas mentes.

Vamos. Afonsos, sorri. Não te entristeças. É certo que mais de centena e meia de teus filhos vai partir, vai se espalhar por todos os recantos da pátria. Mas, também é certo, que num dia desses em que todos estão contentes, em que se vê a alegria em todos os semblantes, tu não deves ficar triste, a chorar a partida de teus filhos. Eles se espalharão pela imensidade de nosso território e em cada recanto cantarão tuas glórias e cada um que tombar no cumprimento do dever será mais uma conta a acrescentar ao teu rosário que já se encontra cheio de heróis.

Benquisto Campo Fontenelle, não te entristeças, pois são certos os motivos que teremos para retornar ao teu seio. Porém, partimos para habitar os torrões da pátria, dando-te orgulho e espraiando tuas glórias, com o mesmo ânimo de cumprimento do dever, mantendo alto o espírito de camaradagem, lealdade, esforço e abnegação que aqui encontramos, com a certeza de que tu, Campo Fontenelle, jamais sairás de nossos corações. • • • • •

Depois, estejas certo, Afonsos, eles nunca te esquecerão. Quem teve a mentalidade temperada em tua forja, jamais te esquece. Lembrar-se-ão sempre da “típica” e da “caveirosa” e de todos as “macetes” que aqui aprenderam. Por mais longínquo que seja o lugar onde se encontre um filho teu, ele lembrar-se-á a todo instante do espírito de camaradagem, lealdade, esforço e abnegação que aqui encontrou, pois tudo isto ele leva moldado em sua própria personalidade.

3 PRODUÇÃO REVISTA A ESQUADRILHA 1971 A exemplo de turmas mais antigas e mais modernas, uma instituição informal foi criada nos moldes de uma Comissão de Colaboradores, para desenvolver e publicar a Revista A Esquadrilha 1971, esperada por mais de meio século. A Comissão de Colaboradores se organizou interdisciplinarmente:

Visitarão eles montanhas estranhas e o teu nome cada vez há de se impor mais. Contudo, Afonsos, são eles todos filhos pródigos e, algum dia – mais cedo ou mais tarde – algum dia eles voltarão mais experientes e gloriosos e virão contar-te que souberam prosseguir a tua história e elevar bem alto as tuas tradições.

EQUIPE COLABORADORA: Cézar Carvalhosa Moreira Cícero de Oliveira Cruz Dailson Mendes de Oliveira Francisco Tavares Ferreira Gabriel Domingos Barreto Soares Gilvan Martins Ferreira Jorge Godinho Barreto Nery José Eduardo Xavier José Geraldo Martins Lino Braz da Cruz Marcio Marques Soares Marco Aurélio Babadópulos Marcondes de Souza Calado Marcy Drummond Barbosa de Castro Otto Leal de Brito Paulino Lima Paulo Roberto Alonso – Coordenação

Como vês, Afonsos, não há motivos para tristezas. VAMOS. AFONSOS, SORRI.” VAMOS CAMPO FONTENELLE, SORRI. EQUIPE COLABORADORA Com o mesmo ânimo da Turma de 1946 do Campo dos Afonsos, a primeira Turma de Aspirantes de 1971 na AFA exclama: Vamos Campo Fontenelle, sorri! Não te entristeças, pois é certa a despedida dos teus filhos a se espalharem pelos recantos da Pátria, com idêntico sentimento de felicidade e de mesma forja de caráter dos

EQUIPE DE PRODUÇÃO: Paulo Roberto Alonso – Coordenação Gilvan Martins Ferreira – Artes Francisco Tavares Ferreira – Redação, projeto gráfico digital, diagramação e artes

Marechal do Ar Fontenelle, homenageado pelos Cadetes dos Afonsos.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

4 PATRONO: TEN. BRIG. DO AR JOÃO CAMARÃO TELLES RIBEIRO

moral, democracia, e outros conhecimentos e habilidades que permitissem direcioná-lo para qualquer outra profissão prestante, diferente do Oficialato... Fosse ela qual fosse! Espantosa e brilhante visão que provocou reações contrárias, ainda que veladas, do Alto Comando da Aeronáutica, sob o argumento de que seria um desvio dos objetivos da EPCAR que deveria ater-se, unicamente, a formar os jovens com foco na carreira de militar. Mas, apesar dessas críticas, o Brigadeiro Camarão foi em frente e elevou a EPCAR a um patamar ímpar como instituição de referência no ensino brasileiro... muito à frente das demais, tidas como de ensino tradicional de qualidade.” 1 Os feitos do militar na educação influenciaram outras instituições de ensino. O nome do oficial batizou uma das escolas conveniadas à Força Aérea. A Escola Brigadeiro João Camarão Telles Ribeiro possui mais de duas décadas marcadas por premiações e reconhecimentos. Entre os prêmios recebidos pela escola, ao longo desse período, destacam-se os de gestão, concedidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), e pelo Conselho Nacional dos Secretários de Estado de Educação (CONSED). O colégio também possui medalhas na Olimpíada Brasileira de Matemática, sendo referência em gestão e ensino na Região Norte.

Ten. Brig. do Ar João Camarão Telles Ribeiro.

Nascido em São Gonçalo, município do Rio de Janeiro, em 1916, o militar foi declarado Aspirante-aOficial do Exército Brasileiro, na Arma de Aviação, em novembro de 1937. Em 1939, o então Tenente Camarão iniciou os seus voos no Correio Aéreo Militar (CAM). A partir dessa oportunidade, o oficial estabeleceu os primeiros contatos com a Amazônia Brasileira, suas riquezas e seus povos.

Como Major Brigadeiro foi designado para comandar a Primeira Zona Aérea, então sediada em Belém. Nessa função, contribuiu para a integração da Amazônia com o restante do País e garantiu o apoio aos pelotões de fronteira do Exército e às populações carentes do interior da Região Norte, formada por indígenas, caboclos e ribeirinhos.

Um olhar para a educação O Brigadeiro Camarão deixou impactos positivos na área da educação. Em sua história está presente sua passagem marcante na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), em Barbacena-MG.

“E não deu outra! Novamente, o já Major Brigadeiro Camarão “convoca” uma equipe que ficou conhecida como “Os mineiros do Camarão”, para uma nova epopeia... E lá fomos nós! Eu, o mestre de obras Natale Crocce – filho do Prefeito de Barroso – e alguns professores da EPCAR encarregados de treinar professores locais para exercer suas funções na Escola Tenente Rêgo Barros, que o Brigadeiro Camarão criara, em 01 de setembro de 1941, quando ainda 1o Tenente do Corpo de Aviação do Exército, servindo no 7o Corpo

“Referência em ensino até os dias de hoje, a escola foi transformada por novos métodos didáticos, modernos para a época, a partir das mãos do oficialgeneral. Segundo a ótica desse grande homem, a filosofia da EPCAR deveria ir além da sua vocação principal de formar futuros Oficiais da Aeronáutica. O foco ia além, muito além! Era preciso formar, antes de tudo, o cidadão completo e dar a ele noções extracurriculares de ética, 1 Fonte: Extraído do texto da autoria de Tarcísio Roberto Barbosa:

Ten.-Brig. Camarão, pequena história sobre um Grande Homem!

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão de Base Aérea em Belém-PA. A ideia era fazer lá o que tínhamos feito em Barbacena e mais...

determinação, do então Ministro da Aeronáutica Tenente Brigadeiro Márcio de Souza e Mello, de transferir a Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos, para Pirassununga em São Paulo. Promovido a oficial general cumpriu e realizou o grande desafio, vencendo todos os óbices pertinentes acrescidos da compra nos Estados Unidos da América de 40 jatos de instrução T-37C. A chegada desses jatos acarretou grandes mudanças na mentalidade vigente, na doutrina da instrução de cadetes e na adequação de novos equipamentos de voo.

Viveu, com intensidade e dinamismo, para a FAB e para o Brasil; gerenciou e bem aplicou enormes somas de dinheiro e ainda maiores responsabilidades, empregando-as todas de forma objetiva, racional, e criativa em benefício da Nação.” 1 A vida do oficial-general teve contribuições expressivas para a Força Aérea Brasileira, para a integração do Brasil e a presença do Estado na Amazônia.

Como registro notável a ser considerado, foram trasladados sob seu Comando de Wichita para Pirassununga 40 T-37C adquiridos na fábrica em Wichita sem um único acidente.

5 COMANDANTE DA EAER E DA AFA: BRIG. DO AR GERALDO LABARTHE LEBRE

Honesto, patriota, justo e autêntico, preocupado com a segurança de voo deixou marca indelével como oficial feito para o Comando e que sabia comandar. Comandou a Escola de Aeronáutica e a Academia da Força Aérea no Período de 18 de setembro de 1967 a 15 de fevereiro de 1973.

6 MISSÃO E VALORES DA EAER E DA AFA 6.1 NOSSA MISSÃO E NOSSOS VALORES Brig. do Ar Geraldo Labarthe Lebre.

6.1.1 MISSÃO DA AFA

Nascido no Rio de Janeiro em 28 de julho de 1920, oriundo da Escola Naval, foi declarado Aspirante a Oficial Aviador em 1943. Sua primeira comissão foi na Base Aérea de Belém onde voou mais de 1.000 horas no anfíbio Catalina – CA-10. Durante a II Guerra Mundial voou P-40 em Recife, foi certificado pela USAF como piloto operacional em guerra antissubmarina United States Brazilian Air Training Unit (USBATU), em aeronave Ventura B34.

Na época do ingresso da Turma 1969 e formação de aspirantes em 1971 na AFA, a Academia da Força Aérea tinha como missão formar Oficiais de Carreira da Aeronáutica dos Quadros de Oficiais Aviadores (CFOAV) e Intendentes (CFOINT), desenvolvendo em cada cadete os atributos militares, intelectuais e profissionais, além dos padrões éticos, morais, cívicos e sociais, obtendo-se, ao final deste processo, Oficiais em condições de se tornarem líderes de uma moderna Força Aérea. Os Oficiais de Infantaria da Aeronáutica eram formados pela EOEIG.

Foi instrutor da Escola de Comando e Estado Maior do Exército (ECEME) e quando frequentava o Colégio Interamericano de Defesa nos Estados Unidos da América foi designado, ainda Coronel, Comandante da Escola de Aeronáutica nos Afonsos para cumprir

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão ser uma lei federal, é, portanto, também válido para a Marinha e para a Força Aérea. Antes deste estatuto de 1980 outros foram sancionados em forma de lei federal. O primeiro e o segundo estatutos, os de 1941 e 1946, não falavam de valores militares, porém indicavam, indiretamente, como sendo deveres militares, praticar as virtudes militares, demonstrar coragem, ser leal, ser ativo e perseverante, ter espírito de camaradagem, entre outros. Somente a partir do terceiro Estatuto dos Militares (1969) surge uma lista de valores.”

6.1.2 MISSÃO DA FAB A Força Aérea Brasileira tem como missão manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da pátria. Para cumprir esta nobre missão, a FAB protege nosso imenso território por meio das ações de Controlar, Defender e Integrar. Em 1969, ao tempo da Escola de Aeronáutica e nascimento da Academia da Força Aérea, a Missão, os Valores e o Código de Ética já eram concebidos, praticados e divulgados por meio de citações em discursos, Boletins e Ordens de Dia a respeito dos deveres militares. Em anos seguintes, nos quais o conhecimento e a conscientização sobre Missão, Valores e Ética se fortaleceram, o Ministério da Aeronáutica e suas Unidades, tal como a AFA, primaram por documentar e formalizar esses valorosos atributos.

6.1.4 VALORES DA AFA Amor à Profissão Hierarquia Disciplina Coragem Espírito de Corpo Dignidade Dever de Cidadão Patriotismo Fé na Missão Amor à Verdade

Uma Lei, ou decreto, ou regulamento como forma de regramento não poderá determinar Valores, nem Ética pois estes são intrínsecos no âmago da organização militar. Valores e Ética são superiores, estão acima de qualquer ordenamento.

6.1.3 RESUMO HISTÓRICO DOS VALORES "Em pesquisa bibliográfica2 realizada nas leis, manuais e regulamentos militares foram encontradas diversas definições de quais seriam os valores militares. Muitas vezes o termo “valores militares” ou simplesmente “valores” são utilizados para expressar a identidade, a base de formação do caráter de um militar ou o “espírito militar”, mas na maioria das vezes não se acha a lista destes valores, ficando solta no ar a definição. Algumas definições foram encontradas durante pesquisa bibliográfica. Primeiramente, o que prevê o Estatuto dos Militares que é o código de ética da profissão militar, Lei No 6.880, de 9 de dezembro de 1980, da Presidência da República. A lista é a seguinte: 1) Patriotismo, 2) Civismo, 3) Fé na Missão do Exército, 4) Amor à Profissão, 5) Espírito de Corpo e 6) Aprimoramento Técnico-profissional. O estatuto, por

Monumento aos Valores da AFA no jardim no pátio do Corpo de Cadetes.

6.2 CÓDIGO DE HONRA DO CADETE A Turma de Cadetes de 1969 foi agraciada pelo mesmo instituto do Código de Honra vigente até os dias atuais na Academia da Força Aérea. Em sintonia com o Manual do Cadete, o Código de Honra do Cadete da Aeronáutica é um instrumento de formação e autodisciplina visando impregnar no Cadete sólidos hábitos de integridade para torná-lo um Oficial honrado a serviço da Força Aérea.

2 Fonte: Ética e Valores Militares: Desafio e Preservação para a

A Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra foi requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia, 2016.

Instituição Militar, TCC – Paulo Maurício Rizzo Ribeiro, possui graduação em Cavalaria pela Academia Militar das Agulhas Negras, Mestrado em Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, 1998-1998, Graduação em Corso de Direito, 1999-2003.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão 6.2.1 CORAGEM A Coragem é a vontade inerente de cumprir um ato positivo, ainda que o medo se interponha. A Coragem, pois, não é um estado de audácia, ou de impetuosidade de um destemido diante um risco extremo. A Coragem é um dos pontos de virtude por excelência dos militares e é um estado de espírito motivador para confrontar o perigo, a despeito do temor que este lhe inspire.

6.2.2 LEALDADE Lealdade é respeito aos princípios e às regras que direcionam a honra e a probidade. Na profissão militar, a Lealdade é fundamental para o respeito aos superiores, aos pares e aos subordinados, tanto na convivência pacífica das atividades profissionais, bem como, no enfrentamento adverso de combate.

Monumento ao Código de Honra no hall dos Paraboloides do Corpo de Cadetes.

Sem que os termos fundamentais e a essência deste valioso instrumento sejam alterados, este Código de Honra é frequentemente aperfeiçoado e publicado na AFA comunicando e cientificando os Cadetes quanto à sua aplicação e, mais do que isto, declará-lo um instrumento de pertencimento a eles mesmos. Em consonância a este zelo, a própria Declaração a Aspirante a Oficial da Turma 1971, proferida pelo Comandante da AFA, traz no discurso o conceito aplicado e as palavras chaves do código de Honra do Cadete da Aeronáutica.

A lealdade é a essência que motiva e dignifica a vida militar.

6.2.3 HONRA A Honra é o princípio que leva o Cadete a ter uma conduta proba, virtuosa, corajosa e que lhe permite gozar de bom conceito junto ao ambiente militar e a sociedade.

A Força Aérea espera do Cadete total integridade em palavras e atos, fundadas no Código de Honra, sem desvios de significado, ambiguidades ou evasivas. O Código de Honra permanece instituído na AFA e é uma propriedade moral e intelectual dos Cadetes, para que eles mesmos o sigam e se certifiquem de que desvios de conduta sejam responsabilizados por quem os comete.

A Força Aérea necessita de líderes bem forjados, e é imprescindível a conduta digna inspiradora do respeito aos pares e a veneração aos comandados. Esta riqueza preciosa é construída por meio da construção persistente de um caráter íntegro e digno, de um caráter honrado.

6.2.4 DEVER

As palavras chaves mencionadas a seguir que compõem o Código de Honra do Cadete fundamentam o arcabouço da Ética Militar, quais sejam: Coragem Lealdade Honra Dever Pátria

Dever é estar obrigado moralmente a responsabilidades, como também, estar obediente à disciplina militar e à autoridade hierárquica. O Dever é incutido no Cadete para que sua formação lhe condicione ao bom cumprimento de todas as suas missões e à exigência do aperfeiçoamento contínuo na profissão militar e na prática de civilidade.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos Históricas da EAER

6.2.5 PÁTRIA

7.1.2 ENTRADA DA EAER

A Pátria, no Código de Honra do Cadete, é o sentimento de pertencimento ao torrão natal, o Brasil. A Pátria expressa o patriotismo, a devoção ao povo diverso brasileiro, a sua língua, a cultura e a história, aos seus símbolos. ao território continental, seus mares, aos rios, lagos, céus e riquezas. A Pátria é o sentimento intrínseco do Cadete militar integrador das percepções de um patriota, levando-o à vigília permanente da defesa dessa unidade multidimensional.

Portão de entrada da Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos, hoje, UNIFA – Universidade da Força Aérea.

7 FOTOS HISTÓRICAS DA EAER E DA AFA Fotos Históricas da EAER

7.1.3 CASA DO LARANJEIRA

7.1 ESCOLA DE AERONÁUTICA 7.1.1 LAGO LACHÊ

Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos, à época, o prédio de apoio a oficiais e cadetes, conhecido como a Casa do Laranjeira, ao lado do portão de Entrada. Escola de Aeronáutica - Lago Lachê 1942, publicada na Revista A Esquadrilha daquele ano.

7.1.4 CORPO DE CADETES

Vista frontal da entrada do Corpo de Cadetes da Escola de Aeronáutica 1943-1971, adentrando vê-se a estatueta de Ícaro e a Poesia Si de Rudyard Kipling.

Escola de Aeronáutica - Lago Lachê 1969.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos Históricas da EAER

Fotos Históricas da EAER

Visão ampla da Alameda dos desfiles militares, do Pavilhão de Salas de Aula, à direita ao lado do CCAER.

Imagens recuperadas do Mosaico da poesia Si, no Mural localizado no CCAER – EAER, tradução do Dr. Samuel Ribeiro, e da estatueta Ícaro com Asas.

Vista do pátio interno do CCAER, 1o e 2o pisos.

A estatueta de Ícaro é esculpida em bronze e permanece na entrada do prédio do CCAER, à frente do mural da poesia Si. Mostra o jovem Ícaro vestindo asas coladas com cera no exato momento em que decola.

Visão ampla do Corpo de Cadetes da Escola de Aeronáutica, ao centro e do Pavilhão de Salas de Aula.

O Mastro da Bandeira, a Alameda dos desfiles e o Corpo de Cadetes.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos Históricas da EAER

Fotos Históricas da EAER

Vista interna do salão do Cassino dos Cadetes da Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos, exibindo a luxuosa e primorosa decoração do piso de tacos de madeira em espinha de peixe, paredes, vitral e teto entalhado em madeira de lei. Este salão foi palco nostálgico e testemunha de bailes dançantes de comemorações inesquecíveis.

Esta foto do Mastro da Bandeira estampou a capa da revista A Esquadrilha de 1962.

7.1.5 CASSINO DOS CADETES

Vista interna do imponente vitral do salão do Cassino dos Cadetes da Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos, exibindo a silhueta da geografia do extinto Estado da Guanabara, do mar às montanhas e ao interior, refletindo as imagens no piso. Placa de bronze alusiva à edificação histórica onde até 1971 abrigou o Cassino dos Cadetes da Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos.

7.1.6 GINÁSIO BRIG. DO AR EDUARDO GOMES

Vista da entrada da edificação histórica onde até 1971 abrigou o Cassino dos Cadetes da Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos.

Vista frontal do Ginásio da EAER que homenageia o Ten. Brig. do Ar Eduardo Gomes.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos Históricas da EAER

Fotos Históricas da EAER

7.1.8 PISCINA SEMIOLÍMPICA

Fachada frontal do Ginásio Poliesportivo Brig. do Ar Eduardo Gomes, entrada principal guarnecida por duas estátuas, na Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos. Vista parcial da piscina semiolímpica (25 metros) de 6 raias, com pérgola decorada com azulejos de arte portuguesa.

7.1.7 QUADRA POLIESPORTIVA

7.1.9TRAVE MULTIFUNCIONAL

Visão ampla da Quadra Poliesportiva interna ao Ginásio Brig. do Ar Eduardo Gomes, exibindo ao fundo da abóbada superior o imponente vitral com o Emblema da Escola e Aeronáutica do Campo dos Afonsos.

Visão do imponente vitral com o Emblema da EAER, exibido no fundo da abóbada superior do Ginásio Poliesportivo Brig. do Ar Eduardo Gomes.

Trave multifuncional para exercícios ao ar livre, utilizada em simulações e treinamentos, escalada, resgate e prática controlada de várias habilidades.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos Históricas da AFA

Fotos Históricas da AFA

7.2 ACADEMIA DA FORÇA AÉREA 7.2.1 CORPO DE CADETES (H4) NA AFA

O H4 é uma das primeiras edificações erigidas entre as novas instalações da AFA.

O H4 foi projetado para abrigar quatro cadetes por apartamento, provendo conforto adequado para morar, descansar e ambiente apropriado para estudar.

Imagem do Mosaico da poesia Se, no Mural localizado no CCAER – AFA, tradução de Guilherme de Almeida.

Vista do Paraboloide, ao fundo o H4.

Estatueta de Ícaro no CCAER, AFA, Campo Fontenelle. Vista dos Paraboloides em destaque.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos Históricas da AFA

Fotos Históricas da AFA

7.2.2 ÁREAS ADMINISTRATIVAS E OPERACIONAIS

7.2.3 MASTRO DA BANDEIRA

O Mastro da Bandeira da AFA é uma reprodução do icônico Mastro da Bandeira da EAER, igualmente um mastro naval que exprime o mesmo símbolo representativo da instituição e suas tradições. O Mastro é guardado por quatro águias vigilantes. Vista panorâmica do Campo Fontenelle tendo em 1o plano os Paraboloides, Rancho, Salas de Aula e ao fundo os Hangares.

O Mastro da Bandeira no CCAER, AFA, Campo Fontenelle, em perspectiva com o Corpo de Cadetes, testemunhou desfiles e homenagens militares e recebeu a preciosa companhia do T-25 Universal matrícula 1870.

Perspectiva a partir da Torre de Controle com vista dos Hangares.

7.2.4 A ÁGUIA TOMBADA Os Hangares, o Pátio de Estacionamento das Aeronaves e as Pistas de Operações Aéreas.

A Águia Tombada é uma escultura em bronze pousada sobre um bloco rochoso de pedra bruta que foi oferecida pelo 1o Grupo de Aviação de Caça em 1964 para a Escola de Aeronáutica, e atualmente está assentada no início da Alameda Principal da Academia, em Pirassununga-SP.

Vista dos Hangares, da Torre de Controle de Tráfego Aéreo e do Pátio de Estacionamento das aeronaves.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos Históricas da AFA

Fotos Históricas da AFA

A ÁGUIA CAÍDA 3 Manhã bem cedo, frio intenso. Acorda o cadete para mais um dia. Carrega consigo sonhos, esperanças e temores. Tem pela frente um ideal a conquistar, Espera alcançá-lo logo. Ainda bem jovem, em sua terra natal, Nasceu-lhe o desejo de ser aviador, Independente dos riscos que haveria de enfrentar. Mas a sorte estava lançada e ele, decididamente, Ouviu os apelos do coração. Gastou horas nos estudos, por vezes Entrando pela noite adentro, Não mediu esforços nem desanimou um só momento. Enfim, a aprovação, o exame médico e a convocação. Rememorando estes acontecimentos, O cadete se dirige para a pista. Sabe que a missão daquele dia será decisiva. Ele, sozinho, finalmente, poderá conquistar seu ideal. Pensando em tudo aquilo que aprendera, Uma vez mais efetua o ‘check’ externo do avião. Entra na cabine da aeronave e, Roncando o motor, corre pela pista. Sobe aos céus, tomando o rumo do infinito. Intimamente seu desejo é único: Conquistar os ares, desbravar os horizontes. Infelizmente, porém, tinha o destino, para ele, outros planos. Talvez, suas horas de permanência na Terra houvessem terminado Uma falha mecânica durante a missão, Resultou no fim de seus sonhos e aspirações. Aquele que era um exemplo de virtudes, DEUS, certamente, desejou tê-lo cedo a seu lado. A sua breve passagem pela Escola de Aeronáutica Serviu para fortalecer em seus colegas a determinação de Tudo fazer em prol do ideal da aviação: Rasgar os céus, oferecendo em holocausto, se preciso, A própria existência.

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AFA, Pirassununga, acima a obra A Águia Tombada; abaixo a placa em Homenagem à autora Maria de Assis Mattos.

Fonte: Trecho com a licença do autor das “Memórias de um

listel segurado pela Águia símbolo da AFA ao centro do emblema, cuja descrição heráldica de autoria do INCAER encontra-se na página seguinte.

Ex-Cadete da Aeronáutica” – Jober Rocha – 2010. O acróstico embelezando a poesia é a frase gravada no

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

8 EMBLEMAS DA EAER E DA AFA

A águia segura em suas garras um listel em prata (branco) com a divisa em sable (preto), onde se lê: “MACTE ANIMO! GENEROSE PUER, SIC ITUR AD ASTRA” que, traduzida livremente, significa: “CORAGEM JOVEM! É ASSIM QUE SE SOBE AOS CÉUS”, verso encontrado no poema “Tebaida” do poeta latino Publius Papinius Statius. Em “Eneida” de Virgílio o mesmo verso surge ligeiramente modificado para “MACTE NOVA VIRTUS, PUER; SIC TUR AD ASTRA”, que, mantendo a essência, se traduz por: “ÂNIMO! GENEROSA CRIANÇA, SÓ ASSIM ALCANÇARÁS OS ASTROS”. Em ambos os versos está implícito o tema da coragem e, conforme dizia Aristóteles, CORAGEM é a primeira das qualidades humanas, porque é o que garante todas as outras. Há de se compreender que, de fato, a palavra convence, mas somente o exemplo arrasta. Não há como chegar a lugar algum sem amor à verdade, sem fé, disciplina e gosto pelo que se faz. Há que se desenvolver essas qualidades para tornar-se capaz de realizar sonhos. Sem coragem, todavia, haveria como desenvolvê-las? Ainda, no listel inscreve-se de sable datas relevantes da memória aeronáutica, são elas: 1919 - Ano da fundação da Escola Militar que depois de Escola de Aeronáutica em 1941, transformou-se em Academia da Força Aérea, em 1969; 19-X-1901 - Data da dirigibilidade dos balões, com prêmio “DEUTSCH DE LA MEURTHE” conquistado por Santos Dumont ao contornar a EIFFEL, em Paris; 23-X-1906 - Primeiro voo do aparelho mais-pesadoque-o-ar realizado por Santos Dumont, com o 14 Bis em Bagatelle, Paris; e 1941 - Criação do Ministério da Aeronáutica e da antiga Escola de Aeronáutica (Campo dos AfonsosRJ).

O INCAER – Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica discorre em sua página na Internet sobre o atual Emblema da AFA pela descrição heráldica, o que está transcrito (copiado ipsis litteris) nos parágrafos deste capítulo logo abaixo. Pela leitura deste belo trabalho do Instituto, é possível comparar o Emblema da predecessora Escola de Aeronáutica (do Campo dos Afonsos) com o atual Emblema da Academia da Força Aérea (do Campo Fontenelle) e compreender a evolução representada entre as duas artes.

“Escudo francês com o chefe em campo em blau (azul cerúleo), onde destaca-se o nome da Organização “ACADEMIA DA FORÇA AÉREA”, em jalne (amarelo). Em abismo, vislumbra-se o tradicional símbolo da Academia composto por uma águia estilizada e estendida de jalne (amarelo) com contornos e detalhes de sable (preto), simbolizando a arma da aviação. Brocante (poderosamente fixado) à águia surge um escudete com o campo em goles (vermelho) filetado de prata (branco) e carregando no centro um gládio alado. No coração, sobreposto ao gládio, uma estrela pentalfa de prata (branco). Todo o conjunto representa o Cadete por meio de suas platinas. Abaixo do escudete, sobreposto à cauda da águia, aparece um troféu d’armas composto por dois fuzis cruzados em sable (preto), com baionetas caladas em prata (branco). Duas lanças cruzadas também em prata (branco), com bandeirolas em goles (vermelho) e losangos em prata (branco). Sobre eles, dois obuses cruzados em bronze, atributos que distintamente simbolizam a Infantaria, a Cavalaria e a Artilharia. Brocante ao todo, aparece uma âncora em prata (branco) representativa da Aviação Naval, origem de nossa Força Aérea.

Contorna o escudo um filete em prata (branco), evidenciando o nível de Comando da Organização: Oficial-General.” Assim, encerrada esta precisa descrição publicada pelo INCAER, ressalta à memória de como e de quantas vezes Cadetes da Aeronáutica se viam animadamente repetindo a citação latina acima destacada do poeta Publius Papinius Statius. Muitas vezes, ouviam-se Cadetes da Aeronáutica em alto brado ecoar a citação, pelo que pareciam se motivar ao repetirem-na sem cansaço. Agora, sussurrando, não mais pelas alamedas da Academia, mas em quaisquer corredores, vez ou outra, os outrora cadetes ainda se imaginam bradando em latim, com a mesma motivação.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

9 COMANDANTES DO CORPO DE CADETES DA AERONÁUTICA

curso com aproveitamento, foi declarado Aspirante a Oficial Aviador em 20 de dezembro de 1952. Caçador nato, o Ten. Cel. Soares exerceu várias funções operacionais e administrativas nos diversos Esquadrões Operacionais da FAB: 1o/14o GAV (Esquadrão PAMPA: T-6 e P-40); 1o GAC; 2o /5o GAV; 1o/4o GAV, tendo como destaques, as de Comandante de Esquadrilha do 1o GAC e de Comandante do 1o Esquadrão do 1 o Grupo de Aviação de Caça. Em termos operacionais foi qualificado como Líder de Grupo em aeronaves de caça. Posteriormente, regressou ao “Ninho das Águias”, a Escola de Aeronáutica, onde foi Instrutor de voo, Chefe do Estágio de Voo Avançado, Chefe da DIV – Divisão de Instrução de Voo e finalmente, Comandante do Corpo de Cadetes da Aeronáutica, quando então, comandou a Turma 1969 na transição EAER/AFA.

9.1 TEN. CEL. AV. JORGE JOSÉ DE CARVALHO

Ten. Cel. Av. Jorge José de Carvalho.

No transcorrer de sua carreira, o ‘Amazonas’, tal como o Ten. Cel. Soares era conhecido coloquialmente por seus colegas, cumpriu ainda várias e importantes funções atinentes à mudança da sede da recém-criada Academia da Força Aérea, do Campo dos Afonsos, para a cidade de Pirassununga em São Paulo. Foi também, Chefe do Serviço Regional de Proteção ao Voo da 1a Zona Aérea – SRPV-1 - sediado em Belém-PA.

Filho de José Bessa Alfredo de Carvalho e de Helena Evangelista de Carvalho, nasceu em 08 de julho de 1927 no Rio de Janeiro–RJ. Praça de 04 abril de 1944 e declarado Aspirante a Oficial Aviador em 21 de dezembro de 1946. Promoções: A Segundo-Tenente em 25 de julho de 1947, a Primeiro-Tenente em 05 de outubro de 1950, a Capitão em 26 de dezembro de 1952, a Major em 20 de janeiro de 1959, a Tenente-Coronel em 23 de outubro de 1964 e a Coronel em 23 de outubro de 1969.

O Ten. Cel. Soares faleceu em 22 de junho de 1976. Foi promovido a Coronel post mortem em setembro de 1976 e a Brigadeiro, em julho de 1977.

Como Tenente-Coronel foi Comandante do Corpo de Cadetes da Aeronáutica de 1966 a 1969.

9.3 MAJ. AV. JOÃO JORGE BERTOLDO GLASER Nascido em São Caetano do Sul, São Paulo, em 09 de junho de 1938, ingressou na Escola Preparatória de Cadetes do Ar em 01 de março de 1955. Em fevereiro de 1958, chega ao Campo dos Afonsos para, como Cadete Aviador realizar seu alentado sonho de voar.

9.2 TEN. CEL. AV. ARTHUR SOARES DE ALMEIDA Nascido em 28 de maio de 1928, na cidade de Manaus-AM, Arthur Soares de Almeida incorporou-se à Força Aérea Brasileira em 29 de abril de 1948, ao ingressar, como Cadete, na Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos. Tendo concluído seu

Maj. Av. João Jorge Bertoldo Glaser.

Em janeiro de 1961, tendo concluído com sucesso o Curso de

Ten. Cel. Av. Arthur Soares de Almeida.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

10 COMANDANTE DO GIA –

Formação de Oficiais Aviadores - CFOAV, é declarado Aspirante a Oficial Aviador.

GRUPO DE INSTRUÇÃO AÉREA

Além de ter prestado serviço na Base Aérea de Fortaleza, o Ten. Glaser, em sua carreira, serviu ainda, na Escola de Aeronáutica, na Base Aérea de Santa Cruz, no IV Comando Aéreo Regional e na Base Aérea de Florianópolis - da qual foi Comandante e onde também comandou o seu querido 2o/10o Grupo de Aviação.

Nascido em 18 de novembro de 1933, em São João del Rei, MG, foi declarado Aspirante a Oficial Aviador em 21 de dezembro de 1956. Foi promovido a Major em 20 de julho de 1969, e a Coronel em 30 de abril de 1981.

No início de 1971, a Turma 1969 chega em Pirassununga-SP para cursar, na já Academia da Força Aérea, o quarto ano do CFOAV e é recebida, entre outros Oficiais, pelo Capitão Glaser então, Comandante do 4o Esquadrão da Academia da Força Aérea, o Esquadrão da Turma 1969.

Como principais funções destacam-se: Instrutor de Voo de Caça no 1o/4o GAV. Representante do Brasil na JuntaInteramericana de Maj. Av. Ajax Augusto Mendes Corrêa Defesa em Washington, DC – USA; Membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra; Instrutor Advisory no Interamerican Defense College – Washington, DC – USA (Fort McNair); Comandante do 4o Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (4o EMRA).Autor dos livros “Cadernetas de Voo” e “Cadernetas de Voo Dois”, onde são relatados episódios significativos na vida de um piloto na Força Aérea Brasileira.

Em outubro de 1971, com sua promoção, o Major Glaser foi nomeado Comandante interino do Corpo de Cadetes da Aeronáutica e conduz a Turma 1969 ao Aspirantado, o primeiro a ter lugar na cidade de Pirassununga-SP. Fatos significativos da carreira de João Jorge Bertoldo Glaser: • Realizou o primeiro voo de instrução para Cadete em Pirassununga; • Realizou mais de 1.000 voos de instrução com Cadete a bordo.

Como Major Aviador, comandou o GIA da Academia da Força Aérea no período de 1971 a 1974. A sua postura profissional, tanto operacionalmente, como disciplinarmente, foi referência na formação da Turma 1969.

Condecorações: • Medalha Militar Ouro; • Medalha Mérito Santos Dumont; e • Medalha de Mérito Operacional Brigadeiro Nero Moura (post mortem).

11 MATRÍCULAS DOS CADETES NA EAER

Faleceu no dia 25 de junho de 2001 em Pirassununga, cidade que escolheu para residir.

11.1 CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS AVIADORES

Hoje, 52 anos passados, a Turma 1969, em sua Revista Esquadrilha, apresenta seu preito de gratidão a esse Oficial exemplar, o Cel. Av. João Jorge Bertoldo Glaser, que muito contribuiu na formação profissional dos seus comandados.

Em 04 de março de 1969, conforme o Boletim Escolar no 046, foram matriculados no primeiro ano do Curso de Oficiais Aviadores da Escola de Aeronáutica e do Corpo de Cadetes: os alunos da EPCAR; de Colégios Militares; da ESPCEX; e de Concurso Público; bem como, Cadetes da Força Aérea Boliviana, abaixo relacionados.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão MATRÍCULAS DOS CADETES NA EAER

MATRÍCULAS DOS CADETES NA EAER

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MATRÍCULAS DOS CADETES NA EAER

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão MATRÍCULAS DOS CADETES NA EAER

MATRÍCULAS DOS CADETES NA EAER

11.2 CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS INTENDENTES Do total de 268 Cadetes matriculados, 109 formaram-se Aspirantes Aviadores, 31 Aspirantes Intendentes, 23 Aspirantes Infantes e 05 Aspirantes da Força Aérea Boliviana, registrados na galeria de fotos ao final desta edição.

Igualmente, em 04 de março de 1969, conforme o Boletim Escolar no 046, foram matriculados no primeiro ano do Curso de Oficiais Intendentes da Escola de Aeronáutica e do Corpo de Cadetes os alunos oriundos da EPCAR abaixo relacionados.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

12 MOSAICO HOMENAGEM AOS COLEGAS NÃO CONCLUDENTES

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

13 ATIVIDADES CURRICULARES NA ESCOLA DE AERONÁUTICA

13.2.3 ASSIMILAÇÃO DOS PROGRAMAS DE INSTRUÇÃO Dominados conteúdos teóricos a respeito dos assuntos pertinentes às funções que eram preparadas para serem exercidas, aprendida a importância do conhecimento profundo das limitações impostas pelo ofício, repetidas à exaustão manobras e procedimentos, foi aprendido pelos Cadetes o conhecimento, a si próprios e as suas limitações.

13.1 INSTRUÇÃO FUNDAMENTAL As aulas teóricas tiveram seu início após a Instrução Básica Militar (IBM), com professores renomados da rede de ensino superior do Estado da Guanabara e Escolas Federais, inclusive do IME. O ensino superior à época surpreendeu pelo seu elevado nível qualitativo.

Períodos de estresse, espaços exíguos, estreita convivência com pessoas ou isolamento prolongado, mesmo extremo, não poderiam afetar o desempenho e o humor dos Cadetes.

O currículo escolar na EAER era equivalente ao curso básico de Engenharia, e a instrução fundamental abrangia as seguintes disciplinas: Cálculo Diferencial e Integral; Desenho Técnico; Geometria Analítica; Química; Física; Inglês; Português; Espanhol; Mecânica; Eletricidade e Eletrônica; Estatística; Termo Propulsão; Propulsão a Jato; Tecnologia; Geografia Econômica; Direito; Psicologia; Economia; Sociologia; Técnica de Administração; Organização e Métodos;

Em combate, tipo algum de ansiedade os deveria desequilibrar. Emoções positivas ou negativas passaram a produzir em reações vigorosas, mas nunca paralisantes.

13.3 INSTRUÇÃO BÁSICA MILITAR – IBM

13.2 INSTRUÇÃO ESPECIALIZADA

A Instrução Básica Militar foi o primeiro grupo de missões que inspirou e emocionou os corações de cada guerreiro novato do Corpo de Cadetes, da magnífica EAER Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro, no ainda Estado da Guanabara, naquele ano de 1969. Mal terminava o verão, as instruções militares já se iniciavam e se prorrogaram por quase todo o outono daquele ano encantador, que jamais sairá das mentes dos então novos Cadetes da Aeronáutica. Quando o 1o Ano se apresentou na EAER, logo teve início a IBM (com os Intendentes e os Aviadores juntos). A IBM constava de Instruções diárias (com horário para o almoço) de Maneabilidade, Ordem Unida, armada e desarmada, Imobilidade em Forma e Ginástica com Armas (Balalaica). Às 15 h eram realizadas as sessões de Educação Física e o treinamento das diversas Equipes Desportivas, junto com os Cadetes dos 2o, 3o e 4o Anos, Aviadores e Intendentes. Durante este período, os Cadetes do 1o

O currículo da instrução especializada já era diferenciado para os Curso de Oficiais Aviadores e de Oficiais Intendentes. .

13.2.1 AVIADORES Aerodinâmica; Navegação Aérea; Meteorologia; Tráfego Aéreo; Tiro e Bombardeio; Termo Propulsão; Propulsão a Jato; Termodinâmica, Eletricidade e Eletrônica, Mecânica, Mecânica dos Fluídos, e, comum aos dois cursos, Suprimento de Aviação; Emprego de Forças Aéreas.

13.2.2 INTENDENTES Contabilidade Geral; Administração de Pessoal; Adm. de Material; Legislação e Administração; Planejamento; Programação Linear; Suprimento de Aviação; Psicologia aplicada à Adm.; Legislação Tributária; Direito do Trabalho; Direito Civil, Comercial e Adm. e Matemática Financeira.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Ano não eram autorizados a sair da Escola (regime de quarentena).

Mesmo no período da canícula do verão fluminense, na véspera da partida para Xerém, com destino ao Batalhão da Brigada Paraquedista – campo de exercícios do EB –, a noite podia parecer febril, ou não, pouco importava, porém, os Cadetes nada mais sentiam, senão a expectativa de no meio da madrugada ouvir um estridente toque de alvorada, para urgentemente juntar mochilas, cantis, sabres e todo equipamento individual e perfilar no Pátio da Bandeira da EAER (pela avenida de desfiles), à espera do embarque em caminhões de tropas, num incrível e realista clima de guerra. Impossível não gostar do desafio daquele clima!

Eram quase três centenas de Cadetes de dentro do Esquadrão, os quais não conseguiam perceber o tamanho da força coletiva, nem da vibração, ainda assim, sabiam que eram percebidos. Não importava o que estava por vir, pois o objetivo estava à frente de todos, pulsante, chamando-os ao desafio de conquistar os céus do Brasil Os novos Cadetes da Aeronáutica vinham dos quatro cantos do país, como uma autêntica amostra representativa de todos os brasileiros. Um punhado ingressou pelo rigoroso concurso, outra porção transferiu-se dos exemplares Colégios Militares, um pequeno grupo veio de países da vizinhança, os valorosos agregados da turma anterior, da ESPCEX – Escola Preparatória de Cadetes do Exército e a grande maioria era egressa da EPCAR – Escola Preparatória de Cadetes do Ar.

Olhando em volta e observando os rostos dos colegas, os Cadetes se viam na mesma empolgação. Pois estavam marchando para enfrentar um inimigo por simulação. Fazia parte absorver a experiência de um soldado no front de batalha. Era uma marcha de destemidos. Não havia melhor instrução do que a experiência prática. Parecia que cada cena ia sendo gravada definitivamente, ponto a ponto, no DNA de cada um.

O conhecimento da disciplina militar foi enfatizado para todos, reavivado para alguns, e ao final da IBM, todos estavam imbuídos, atualizados e nivelados, para a incursão nas novas atividades militares. Foram assimilados os protocolos e o Código de Honra Militar e foi feito, na EAER, o juramento à Bandeira Nacional. Por enquanto, nada de atividades aéreas, o que aumentava de certo modo a ansiedade, não só pela longa espera de meses por vir pelos treinamentos em solo, além do início do curriculum educacional de ciências militares, mas também pela vontade de logo enfrentar o sonho de voar e dominar os céus.

A chegada ao Batalhão da Brigada Paraquedista em Xerém foi entre ares de glória, mas a missão não era apenas para experimentar a conquista, pois os Cadetes logo foram recebidos pelo Capitão Inf. EB Aldo – PQD, Comando e Guerra na Selva, Chefe da Divisão de Instrução da Brigada Paraquedista–, e foram colocados em posição defensiva, melhor dizer, primeiramente em treinamento e instrução, mas a seguir como (se fossem) prisioneiros, experimentando a outra face de uma batalha.

13.3.1 TREINAMENTO DE FUGA E EVASÃO Logo a seguir, os Cadetes se depararam com a temida missão de guerra na selva. A promessa era bem realista, pois seria, tal como foi ministrada, com a participação do glorioso EB – Exército Brasileiro, o que nos agregaria capacidade de enfrentar embates em solo e de sobreviver em situação de resgate.

A Tropa chegou na madrugada, foram recebidos pelos Instrutores e assistiram às aulas, todos juntos, amontoados, em um barranco, até o amanhecer. Os Cadetes foram divididos em grupos, e receberam as tarefas para o 1o exercício (montar o acampamento) foram atribuídas e distribuídas entre os indivíduos de cada grupo. No outro exercício foram aulas de preparo de alimentos existentes, na floresta, com o objetivo de se nutrir, mesmo de maneira precária, enquanto tentasse chegar em território amigo (sopa de samambaia, por exemplo).

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão A experiência nunca seria esquecida pelos sutis comandos do Capitão Aldo, logo segundos após cada vez que dava sua última ordem:

Cadetes desceram dos caminhões, e foram apresentarse ao Cel. Av. Carvalho, Cmte. do CCAer. Depois da apresentação foram para o Alojamento, tomar banho, e seguiram para o almoço. Depois do almoço, tiveram uma surpresa, quando viram caminhões do Exército estacionados, à frente do Alojamento, e foram transportados para a Brigada Aeroterrestre, na Vila Militar, em Marechal Hermes, iniciando a Instrução de Paraquedismo. Na quinta e na sexta-feira, os treinamentos foram em tempo integral.

— “Você que está na posição de descanso, cai de boca e paga dez!” — (A Esquadrilha inteira) ... É um, é dois... ... — “Você que está na posição de descanso, dez pulinhos de galo!”

O pessoal do Exército estava sendo comandado pelo Maj. Amarantes e pelo Cap. Aldo, O Cap. Aldo era um militar com a voz metálica que repetia: — “Alunos! Preparar para o abandono do trolley, um, dois!

Muito menos esquecidas foram, entre tantas, as experiências de transposição de cordas equipado sobre um riacho, em busca de melhor posição tática; de caçar uma ave, pescar um peixe, a fim de ter alguma proteína para sobrevivência e de solidariamente compartilhar o alimento com os companheiros. A seguir, provar do sangue e da carne, além de sentir o sabor do peixe, todos crus. E não se desperdiçava o couro com as penas das aves, a ser curtido a sal e sol, para eventualmente servir de proteção contra o frio noturno da floresta.

Nunca mais, os Cadetes iriam esquecer aquela voz e aquele rosto. Tempos depois, em nova organização da NAVAMAER, o já Oficial Gabriel (Cadete em 1969) encontrou o Cap. Aldo (já em posto mais graduado), mas quando o viu, logo teve vontade de exclamar: “meu Deus!”, voltar e correr, até recobrar a consciência, e ouvi-lo conversar, rir e dizer: “— Olha, quando eu e o Maj. Amarantes estivemos com o Brigadeiro Lebre, ele nos pediu para apresentarmos o que que ia ser feito com vocês. Nós pioramos muito a coisa, e quando terminamos, ele falou: Muito fraco para o Cadete da Aeronáutica; pode fazer mais forte.”

Ao cair da noite, cada grupo recebeu uma carta, com pontos destacados, e uma bússola, para um exercício de Orientação Noturna. Os que achavam todos os pontos, corretos, dormiam um pouco. Na outra manhã, seguindo regras do exercício anterior, houve treinamento de Orientação Diurna. À tarde, os Cadetes foram levados a uma represa, e realizaram os exercícios, com cordas, de “Travessia de Obstáculos”: “Falsa Baiana”, “Comando Craw”, “Duplo Comando”, “Abandono do Trolley” (Cabo Aéreo) e “Rapel”. Ao anoitecer, como o “coroamento” dos trabalhos, participaram do exercício “Fuga e Evasão”, onde os Cadetes eram os Prisioneiros de Guerra, sendo levados pelos Guardas, caminhando, para um Campo de Concentração, em local ignorado. Os prisioneiros seguiam, atentos, para qualquer anormalidade, o que seria um possível estopim da fuga (conforme instruções recebidas).

Finalmente, ficou a imagem de que os Cadetes da Turma 1969 estavam mental e fisicamente preparados para o embate. Durante o treinamento, o competente Capitão Aldo, na sua sutileza, foi temido, odiado, alvo de impropérios murmurados entre os dentes, entretanto, inexplicavelmente, entrou e permaneceu nos corações dos Cadetes da Turma 1969. Por tudo, ensinamentos e experiências, foi inesquecível lição para a vida profissional.

Em dado momento, foi visto um clarão, ao longe, e ouvida uma explosão. Os Cadetes correram imediatamente e foram informados de que deveriam chegar ao acampamento até às 06 h. Alguns tinham fugido, já, durante a marcha; outros conseguiram chegar ainda na madrugada; e os restantes chegaram ao amanhecer.

13.3.2 OPERAÇÃO BÚFALO A IBM progredia e ficava cada vez mais empolgante. Agora a nova missão era em direção ao mar. Melhor explicando, à Restinga da Marambaia, Estado da Guanabara (agora Rio de Janeiro), a oeste da Capital, entre o mar costeiro do Oceano Atlântico e a Lagoa aberta de Marambaia, a leste e ligada à Baia de Angra dos Reis.

Foi servido um lauto café da manhã e, isto terminado, todos entraram nos caminhões e retornaram à Escola de Aeronáutica. Chegando à EAER, os

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão logo, iam se iniciar as atividades aéreas para os Cadetes Aviadores, bem como as atividades curriculares em Ciências Militares de formação para todos os Cadetes da Aeronáutica. A expectativa não diminuía, e a ansiedade só aumentava.

A aeronave utilizada nesta missão foi o turboélice Búfalo C115 – DHC– 5, outra antiga aeronave de transporte logístico de tropas e de cargas, de fabricação canadense, para três tripulantes, acomodando até trinta e cinco paraquedistas, ou quarenta e um soldados, com capacidade de pousos e arremetidas em pistas curtas.

Foto da Operação Búfalo

Parecia ser missão similar à do Paraquedismo, só que desta feita, a Tropa era entregue e resgatada diretamente no solo, no tempo mínimo entre um toque de pouso e uma arremetida da aeronave. Enquanto os combatentes desembarcavam do avião armados e portando mochilas, quase simultaneamente ao pouso, os outros combatentes substituídos que aguardavam no solo, igualmente equipados, cobriam a operação com fogo cruzado de fuzil contra eventual inimigo, e embarcavam na aeronave antes da arremetida. Tudo isto sem parada da aeronave. Fantástico!

Foto da Operação Búfalo na Restinga da Marambaia – EAER A Tropa era entregue e resgatada diretamente no solo, no tempo mínimo entre um toque de pouso e uma arremetida da aeronave Búfalo C–115–DHC–5. Enquanto os combatentes desembarcavam do avião armados e portando mochilas, quase simultaneamente ao pouso, os outros combatentes substituídos, que aguardavam no solo, igualmente equipados, cobriam a operação com fogo cruzado de fuzil contra eventual inimigo, e embarcavam na aeronave antes da arremetida. Tudo isto sem parada da aeronave.

Esta missão foi “pra lá” de esperada pelos Cadetes da Aeronáutica da Turma 1969. Não víamos nesta missão apenas o espetacular desembarque de soldados e reembarque de soldados substituídos, sob uma incrível (cinematográfica) proteção de fogo cruzado pelos Cadetes na trincheira contra eventual inimigo nas proximidades (a tiros de festim, claro), sobre as cabeças dos combatentes em movimento juntamente com a aeronave executando rápido pouso e arremetida. Pura emoção!

13.3.3 PARAQUEDISMO Retornando de Xerém, novos eventos já estavam planejados. Até o momento, não teria havido uma folga sequer em fins de semana para os Cadetes da Aeronáutica. Os futuros oficiais estavam por uns três longos meses concentrados, mergulhados nas missões da IBM e determinados a cumpri-las todas. Cada nova missão mais empolgava a jovem tropa de Cadetes da Aeronáutica, que estavam agora enfrentando a missão do Salto de Paraquedas. A experiência do paraquedismo antes das missões aéreas para os Cadetes da Aeronáutica foi pré-requisito, fazendo parte do curriculum na Escola de Aeronáutica, naquele ano de 1969.

Ali naquela missão, muitos, muitos dos Cadetes já antecipavam a mentalização das ações do comandante do Búfalo e de seus dois tripulantes, naquela operação de alta precisão e velocidade. Como não desejar ser um oficial combatente da FAB em uma missão de guerra como essa?

Novamente, a missão foi ministrada em coparticipação da FAB e do EB, pois o treinamento do salto de paraquedas foi realizado na Brigada de

Era tudo isto que os Cadetes desejavam. Estavam prontos. Finalmente habilitados a iniciar a etapa seguinte de formação de Oficial da FAB. Logo,

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Infantaria Paraquedista do EB, onde os Cadetes da Aeronáutica da Turma 1969 cumpriram o curso básico paraquedista resumido. O curso foi abordado com essencial para que cada Cadete da Aeronáutica realizasse um salto.

Entre todas as ocorrências, houve algum pé quebrado, outros tornozelos torcidos, mas apenas um paraquedas “Mae West”. Contaram que foi o Cadete Panadés, que flutuou como uma folha, caindo mais rápido do que todos os demais, atraindo a atenção não só dos que voavam, mas também dos visitantes observadores no solo.

O paraquedismo foi uma missão extremamente empolgante.

Este momento do paraquedas em “Mae West” foi o qual se teve certeza de que o treinamento valeu a pena. O Cadete da Aeronáutica Paraquedista, depois de visivelmente e inutilmente tentar inflar seu velame, acionou o seu paraquedas reserva, possivelmente já a menos de cem metros do pouso, o paraquedas reserva abriu e o pouso ocorreu sem gravidade. Este fato inspirou a todos considerar como o mais emblemático da missão. Prontos, os Cadetes da Aeronáutica então estavam preparados para a próxima.

Os cadetes da Aeronáutica experimentaram a torre simuladora de salto e aterragem, e a seguir experimentaram o salto real de uma aeronave apropriada, no caso, o Fairchild C-119 Flying Boxcar, antiga aeronave de transporte logístico de tropas, de fabricação dos EUA-Estados Unidos da América do Norte, para a Segunda Guerra Mundial, e utilizado pala FAB nas décadas subsequentes. O nervosismo de ingressar na aeronave era grande, todavia, escutar o ronco dos possantes motores foi mais um acalanto para aumentar ainda mais a coragem de saltar de paraquedas pela primeira vez. Já embarcados na aeronave, havia um ritual a ser cumprido, algo assim: checar o próprio equipamento individual de salto por completo; checar todo o equipamento do colega à frente na fila do salto; checar a fita e o mosquetão do paraquedas; e engatá-lo ao cabo de aço fixo (isto servia para acionamento automático no primeiro salto).

No final de semana, o 1o Ano da Turma 1969 realizou o Salto de Paraquedas, sem qualquer acidente grave, cumprindo a última fase da IBM.

Fotos da Fuga e Evasão em Xerém - EAER

13.3.4 FOTOS DO TREINAMENTO DE FUGA E EVASÃO

Então chegava o momento do salto. Um Sargento repassava a ordem para o avanço da fila; mosquetão engatado; o salto no ar e a contagem do Cadete da Aeronáutica Paraquedista: — “Um mil, dois mil, três mil, VELAME!”. E a alegria de flutuar no ar, dominando a infinita paisagem, por quatrocentos metros de altura de voo em poucos segundos, que mais pareciam dias inesquecíveis, de imagens de um filme gravadas permanentemente nas retinas.

Uma intensa preparação física foi ministrada aos Cadetes, antes da realização da IBM – Instrução Básica Militar.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da Fuga e Evasão em Xerém - EAER

Fotos da Fuga e Evasão em Xerém - EAER

Os Cadetes chegaram ao Campo de Treinamento ...

... e teriam que ultrapassá-los sob fogo intenso,

... e logo foram recebidos para as instruções.

utilizando cordas de travessia para cruzar o riacho.

Os Cadetes enfrentaram mata cerrada e riachos ...

À noite, o jirau era obrigatoriamente improvisado.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da Fuga e Evasão em Xerém - EAER

Fotos da Fuga e Evasão em Xerém - EAER

Sossego era um estado que não havia, nem posição fixa Detonação controlada de arma química.

A tropa se preparava para um ataque de arma química.

Detonação controlada de arma química. Fotos do Paraquedismo na EAER

13.3.5 FOTOS DO PARAQUEDISMO

Os Cadetes da Turma 1969 junto ao Comandante do CCAER, Cel. Av. Carvalho, momentos antes do embarque no C-119 para o 1o salto.

Vigilância e atenção antes do ataque de arma química.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos do Paraquedismo na EAER

Fotos do Paraquedismo na EAER

Momento antes do embarque dos Cadetes Conrado e Cunha Gomes, para o 1o Salto de Paraquedas.

Os Cadetes da Turma 1969 ainda em treinamento na Brigada de Paraquedismo do EB, em Marechal Hermes.

Os Cadetes da Turma 1969 ainda em treinamento na Brigada de Paraquedismo do EB, em Marechal Hermes.

Momento antes do embarque dos Cadetes Suzeney e Soares, para o 1o Salto de Paraquedas.

Os Cadetes junto ao instrutor de saltos antes do 1o Salto de Paraquedas.

Momento de concentração dos Cadetes Klug, Storino e Martins, para o Salto de Paraquedas. Anteriormente, outros Cadetes haviam saltado e aparecem em voo de descida no céu da EAER.

Cadetes junto ao instrutor de saltos.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos do Paraquedismo na EAER

Fotos do Paraquedismo na EAER

Cadetes prontos para o salto de para-quedas: Nerosky, Carvalho Pinto, Gernhardt, Sucena, Cícero. Agachados Heliodoro e Leite Filho

Cadetes Bezerra, Suzeney e Roth prontos para o Salto de Paraquedas.

Cadetes junto ao instrutor de saltos antes do 1o Salto de Paraquedas.

Após o 1o Salto de Paraquedas, os Cadetes junto ao instrutor de saltos.

O momento mágico do Salto de Paraquedas, na aeronave C-119. Havia um procedimento a ser cumprido: checar o próprio equipamento individual de salto por completo; checar todo o equipamento do colega à frente na fila do salto; checar a fita e o mosquetão do paraquedas; e engatá-lo ao cabo de aço fixo (isto servia para acionamento automático no 1o salto).

Cadetes Duprat, Conti e Lacerda prontos para o Salto de Paraquedas.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão 13.4 INSTRUÇÃO DE VOO NA ESCOLA DE AERONÁUTICA

Fotos do Paraquedismo na EAER

13.4.1 DIVISÃO DE INSTRUÇÃO DE VOO A DIV – Divisão de Instrução de Voo estava estruturada de acordo com o seguinte organograma:

E nesse momento mágico do Salto de Paraquedas o Cadete conta os segundos “um mil, dois mil, três mil, velame!” e contempla feliz o sucesso de seu salto.

Àquela época, em 1969, os Esquadrões eram tidos por Estágios e lembravam as denominações vindas dos antigos organogramas da Escola de Aeronáutica: o Estágio Primário (T-21) e o Estágio Avançado (T-6); muito embora ambos os estágios em 1969 fossem de treinamento primário (T-21), pois o avançado (T-37C) era realizado em Pirassununga. O ESPM – Estágio de Seleção de Piloto Militar era organizado para fins de programação de instrução de voo em quatro Classes: Águia, Abutre, Condor e Falcão. O ETP – Estágio de Treinamento Primário era organizado para fins de programação de instrução de voo em quatro Classes: Diana, Minerva, Vênus e Vesta. As Classes dos Estágios da Escola de Aeronáutica estavam sediadas no interior dos hangares da Divisão de Instrução de Voo (DIV) da Escola de Aeronáutica, hoje constituindo os prédios do Museu Aeroespacial – MUSAL. Enfim, no 1o Ano do Curso de Formação de Oficiais Aviadores (CFOAV), após a IBM, o uniforme do dia não foi mais o 10o e sim o 8o, e seguimos, orgulhosos de estarmos vestindo “macacão de voo”, em formatura para a DIV, onde assistimos à palestra inaugural ministrada pelo Maj. Av. Coelho. Dessa forma, estava iniciada a instrução de voo.

Outro momento mágico do Salto de Paraquedas em que o Cadete voa em descida por 400 metros contemplando o cenário do palco geográfico e os colegas antecessores recolhendo seus equipamentos.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Chefe da DIV: Maj. Coelho Instrutores: Majores: Edson, Iguatemi, Neves e Soares. Capitães: Afrânio, Almeida, Asvolinsque, Batista, Bertúcio, Brollo, Elia, Engelberg, Mayron, Nunes, Orlando, Rêgo e Sergio Drummond. Tenentes: Aparecido, Azevedo, Bosco, Café, Calceglia, Cambeses, Campello, Carvalho, Cavalcanti, De Brito, Fábio Silveira, França, Freitas, Grassani, Gualter, Guy, José Américo, Júlio Cezar, Lauande, Leite, Lydio, Machado, Márcio, Matriciano, Miranda, Nunes, Rodrigues Neto, Sarmento, Telles, Wagner, William e Zagaglia.

padrões de tráfego, aproximações finais de 90º, 180º, 360º e pousos. Fase de Manobras: com aproximadamente 10 horas de duração, com voos alternados na companhia do Instrutor e solo, para treinamento de manobras, entre outras, como Chandelle, Oito Preguiçoso e Curva de Grande Inclinação. Fase de Formatura: a mais difícil de todas, de aproximadamente 10 horas de duração. Isto exigia muita habilidade do Cadete para executar certas manobras aprendidas nas missões anteriores, entretanto, voando em formação de três aviões (“Victor” ou “V”), atuando como o Ala-1, ou o Ala-2. Como parte mais arrojada do treinamento, o Instrutor líder da formação comandava a manobra a “cobrinha”, simulando fuga e perseguição aérea. A emoção ficava por conta de quando “estolava” a aeronave ou quando pegava o “remu” do avião da frente.

13.4.2 AS BOLACHAS DOS ESTÁGIOS

Estas Fases de treinamento visavam fornecer aos Cadetes uma base sólida em pilotagem antes de prosseguirem para a próxima fase de treinamento avançado, no Campo Fontenelle, em Pirassununga.

13.4.4 A INSTRUÇÃO DE VOO DO T-21

13.4.3 FASES DE VOOS DE T-21

Finalmente, foi concluída a IBM! Então, os Cadetes mal esperavam o momento de voar. Era um misto de ansiedade, agonia, esperança e coragem diante do desconhecido e inesperado. Mas nada disso era impedimento para a vontade de enfrentar a missão da Instrução de Voo como um Bandeirante do Ar.

Em 1969, a EAER no Campo dos Afonsos utilizava a aeronave T-21 no treinamento primário de voo. Era um avião leve de treinamento que desempenhou papel fundamental de preparação dos Cadetes Aviadores como pilotos militares. A EAER estabeleceu o treinamento de voo em quatro Fases.

Nem todos os Cadetes Aviadores eram escalados para o mesmo período de Instrução de Voo. Havia um planejamento que escalava turmas de acordo com a disponibilidade de aeronaves nos Estágios.

Fase de Pré-solo: a de mais longa de todas, com duração média de 15 horas. Os Cadetes aprendiam, entre outros, os procedimentos de pré-voo, inspeção da aeronave, familiarização com os controles e sistemas, além de técnicas de taxiamento, decolagem, subida, curvas de pequena e média inclinação, oito sobre cruzamento, execução de parafuso, “pane”, descida, aproximação e pouso, até obter a habilitação para o voo solo.

A nova experiência de voar estava à nossa frente e havia amigos que desde cedo respiravam o ar da aviação. Eram uns que tinham parentesco com militares, ou com aviadores, tendo até convivido no emocionante ambiente de uma base aérea, ou mesmo haviam experimentado instrução de piloto privado em aeroclubes, mas a maioria não tinha a menor noção de voar. Tudo isso eram histórias (“pagação de mistérios”) que circulavam e que passavam a expectativa de que o êxito de voar era possível para qualquer de nós, uma

Fase de Aproximação: de aproximadamente 10 horas de duração, com voos alternados na companhia do Instrutor e solo, para treinamento de Circuito de Tráfego. Os Cadetes praticavam as sequências de voo no circuito de tráfego ao redor do aeródromo, que inclui

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão vez que fomos igualmente todos escolhidos para o voo, e alguns, então, já haviam conseguido.

habitavam e não tinham a menor noção do que era dominar os ares!

Chegou minha vez. MANICA quase decorado. Deslocamento em forma para o Estágio. Escalado para a primeira instrução aérea e definido o Instrutor. Briefing com o Comandante do Estágio e com o Instrutor. Agora era só comutar a placa da aeronave alocada no painel, fazer anotação na ficha de voo, pegar o paraquedas e partir com o Instrutor para a primeira instrução na aeronave T-21. Emoção e entusiasmo!

Chegando em Jacarepaguá, a minha primeira preocupação foi de clarear a área, delimitar a área onde iria evoluir nas minhas manobras, sem que houvesse outras aeronaves nas proximidades. Como meu Instrutor já havia ensinado, procurei o morro onde ficava a Capela de Nossa Senhora do Loreto, área onde eu já estava acostumado a voar! Por sorte não havia mais ninguém naquele setor. Depois disso, antes de iniciar as manobras, me veio à mente “e se der pane?”, e lá fui eu procurar um local para pouso, assim como lembrar dos itens memorizados do procedimento de pane: “mistura rica, troca tanque dá bombada, capota aberta e travada, procurar lugar para pouso.”

A meta era provar a habilidade de voar solo na média de quinze horas. Neste intervalo, entre muitas ações na companhia do Instrutor, tive de efetuar o cheque da aeronave antes de partir para o voo, taxiar, obter autorização da Torre de Controle, decolar, fazer o tráfego em torno do aeródromo, alcançar a área de instrução em Jacarepaguá, efetuar diversas manobras ensinadas pelo Instrutor como curvas em oito sobre cruzamento e curvas de grande inclinação, ambas de olho no Climb, comandar e descomandar a manobra “Parafuso”, realizar procedimento de “Pane”, retornar ao tráfego e pousar com segurança, sendo esta a manobra mais difícil, por fim, taxiar e parquear. Tudo na companhia do Instrutor, contudo, próximo das quinze horas ao longo de dias diferentes, fui submetido à prova do Checador...

Finalmente fiz as manobras, e, novamente, me achando o “Máximo”, mesmo com toda a preocupação (para não dizer paúra) antes de executar o 1o parafuso solo! Depois do que achei que foi uma volta completa, consegui sair e iniciei o regresso para o Campo dos Afonsos, sobrevoo da Pirâmide para saber a pista em uso, e a partir daí procurar o Cemitério de Ricardo de Albuquerque para entrar no Tráfego. Por fim, enquadrei a pista de grama e retornei ao solo pátrio, indo estacionar a grande máquina com que tinha alçado voo aos ares, pela primeira vez em um voo solo. Fui recepcionado por um numeroso corredor polonês, antes e depois do banho no Lago Lachê. Foram momentos indescritíveis e inesquecíveis para a nossa existência.

O primeiro VOO SOLO. ...o checador desceu do avião próximo à Barraca após me passar o briefing, depois de informar que eu estava solo, e que deveria fazer dois toques e arremetidas antes de prosseguir para a área de instrução, em Jacarepaguá. Deveria ficar de olho na Barraca durante os toques e arremetidas, caso não fosse jogada nenhuma almofada amarela para o alto (uma vez que o T-21 não tinha equipamento de rádio comunicação), poderia prosseguir no voo solo, e após prosseguir para a área de instrução.

EQUIPE COLABORADORA

...o coração palpitava mais que as RPM indicadas no painel do possante T-21, mas, apesar disso, me sentia muito seguro do que deveria fazer, como se dominasse aquela máquina tal qual um experiente piloto. Durante o circuito de tráfego estava muito mais preocupado com as manifestações “almofadísticas” na Barraca, do que com os sinais luminosos da Torre de Controle. Enfim, após os toques e arremetidas prossegui para Jacarepaguá me sentindo, já durante a subida, o “Máximo” olhando o terreno cada vez mais distante e pensando nos terráqueos que lá

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos do Voo Solo do T-21 na EAER

Fotos do Voo Solo do T-21 na EAER

13.4.5 FOTOS DO VOO SOLO

O Cadete Godinho checando a máquina antes do voo solo.

Cadetes Storino, Roberto Oliveira e Mesquita acabam de solar o T-21 e são “batizados” no Lago Lachê.

O Cadete Godinho iniciando a saída para o voo solo.

Os Cadetes Storino, Roberto Oliveira e Mesquita acabam de solar o T-21.

O Cadete Paulino Lima acaba de solar o T-21 e tem seu batismo de voo no Lago Lachê, em 1969.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos do Voo Solo do T-21 na EAER

Fotos do Voo Solo do T-21 na EAER

DEZ 1969, Cadetes da Classe Abutre se confraternizam com os Instrutores Cap. Sérgio, Ten. Cavalcante, Ten. Cambeses. Cadetes: Mongelos, Tacca, Tenório, Mesquita, Berenguer, Malmeström, Kaneko, Magalhães Pessoa, Alfredo Andrade e J. Eduardo.

Cadetes fazem um corredor polonês na comemoração de mais um voo solo do T-21.

Os Cadetes comemoram com os Instrutores pelo solo do T-21.

Cadete Dailson e seu Instrutor Ten. Grassani.

Lachê (Acima) – distintivo de Cadete Aviador utilizado no lado direito do peito após o 1o voo solo. Broche com meio brevê (Abaixo) e o tigre do emblema, Utilizado pelos Cadetes da Turma 1969 no lado direito do Bico de Pato.

Cadetes apresentando-se para instrução de voo.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos do ESPM

Fotos do ESPM

13.4.6 FOTOS DO ESPM

Cadetes Aviadores do ESPM dirigem-se em forma para mais um dia de voo na DIV. Cadetes do ESPM: Huáscar, Arnor, Benigno, Reinaldo, França Fontes, Vaz, Keppler, Gradim, Sucena, Bolzan e outros.

Fotos do ETP

13.4.7 FOTOS DO ETP

Os Cadetes reunidos no Estágio: Alonso, Dilson, Godinho, Duarte Morais, Camargo, Ramon, César Corrêa, Nini, Berenguer, Pinto Machado, Babadópulos, Pimpão, Santos Alves, Klug, Angelini, França, Soares, Anunciação, Vila Verde e Instrutores.

Cadetes do ESPM com o MANICA e a Aeronave T-21 ao fundo que era utilizada para “hora de nacele”.

Os Cadetes reunidos no Estágio: Soares, Leite Lopes, Lacerda, Leite, Rui Dias, Leitão, Ticchetti, Heliobalbi, Univaldo, Berenger, Babadópulos, França, Galarza e Santana, Alonso, Flores, Ramon, Trompowski, Menezes, Santos Alves, Da Costa, Pimpão, Bueno, Ortiz, Morresi, Dailson, Gahyva, Hitoshi, dentre outros e instrutor.

Cadete Brito na inspeção externa.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos do ETP

Fotos do ETP

Cadetes Aviadores do ETP dirigem-se em forma para mais um dia de voo.

Cadetes Aviadores do ETP em 1970.

Cadetes Aviadores do ETP apresentando-se para mais um dia de voo.

Cadetes Aviadores do ETP

Cadetes Aviadores do ETP após término de mais um dia de voo.

Cadetes Ramon, Penha, Nemésio, Izaías, Edvard, Mesquita, Arnor e Block.

Cadetes Aviadores do ETP aguardando liberação de aeronaves para mais um dia de voo.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos dos Voos de T-21 na EAER

Fotos dos Voos de T-21 na EAER

13.4.8 FOTOS DO VOO DE T-21

Os Cadetes Martins, Hitoshi e Gilvan comemoram mais um sucesso nas missões de treinamento de voo.

Os Cadetes Ruy e Tenório desfrutando do sucesso nas missões de treinamento de voo.

Cadete Storino partindo para mais uma missão de voo.

Cadetes Varella, Brito, Alfredo e Storino retornado de suas missões de voo bem-sucedidas.

Grupão: Voo de formatura com 32 aeronaves, em dez/1969, com participação de Cadetes voando solo.

Cadete Storino retornado de missão de voo bem-sucedida.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos dos Voos de T-21 na EAER

Fotos dos Voos de T-21 na EAER

Cadete J. Eduardo e IN Ten. Cambeses em voo de cheque de Formatura.

Cadete em voo solo de formatura, na área de instrução, ao fundo a silhueta da Pedra da Gávea.

Cadete Ramon solo no voo de Formatura.

Cadete J. Eduardo em voo solo de Formatura em meio à névoa de Jacarepaguá. Cadete Ramon, em 1o plano como Ala-2, no voo do Grupão em meio à névoa de Jacarepaguá, performando uma grande volta na Cidade do Rio de Janeiro.

Cadete Dailson em voo solo de Formatura, nas imediações do aeródromo de Jacarepaguá.

Cadete Ramon solo no voo de Formatura.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos dos Voos de T-21 na EAER

13.5 INSTRUÇÃO DE INTENDÊNCIA NA ESCOLA DE AERONÁUTICA Em 1969, pela primeira vez, na história das atividades de ensino do Ministério da Aeronáutica, o Curso de Formação de Oficiais Intendentes – CFOINT foi concebido e desenhado para ser ministrado durante três anos seguidos. Inicialmente, a primeira turma de Cadetes Intendentes seria formada por 20 alunos diretamente egressos da EPCAR, que concluíram com êxito o curso daquela escola preparatória.

Cadete Ramon solo no voo de Formatura.

Entretanto, a turma matriculada no CFOINT terminou ficando composta de 31 integrantes. Foram 16 egressos diretamente da EPCAR, Turma-66-BQ: Leite Filho, Nerosky, Carvalho Pinto, Gernhardt, Cícero, Norival, Jarbas, Carvalhosa, Macedo Pinto, Hélio Silva, Roth, Braz, Magalhães Pinto, Ernani, Bezerra e Suzeney. Originários da Turma-65-BQ foram 13: Diderô, Carvalho, Atagiba, Teixeira, Bosco de Sales, Cidade, Celestino, Silva Filho, Pessoa, Roberto Cézar, Costa Leite, Assis e Walter Pinto. O egresso da Turma-68Afonsos: cadete Gabriel e o cadete boliviano Flores. Naquele ano, em que a Escola de Aeronáutica seria transformada na Academia da Força Aérea, o Departamento de Ensino contava com oficiais entusiastas da área da educação ampla e profissionalizante, a exemplo dos incansáveis Coronel Araguarino e Major Ribeiro. Nesse contexto, observadas as vantagens decorrentes do regime de internato e da disciplina militar, ocorreu a montagem e o dimensionamento do currículo do CFOINT, com carga horária densa e multidisciplinar, que superava em qualidade os cursos superiores das escolas civis, normalmente desenvolvidos em quatro anos calendário. Assim, a instrução de Intendência foi toda desenvolvida no Campo dos Afonsos, do 1o ao 4o ano letivos, concentrados nos anos escolares de1969 a 1971, e prolongando-se pelo primeiro trimestre do ano de 1972, dedicado aos estágios, realizados em diversas instituições militares, nas cidades do Rio de Janeiro–GB e Pirassununga–SP. Essa mesma Instrução teve um início ímpar, uma vez que foi realizada, somente no ano de 1969 (Intendentes e Aviadores, juntos): a Instrução Básica Militar, conhecida como IBM. Após o término da IBM, começou o Ensino Fundamental.

Cadetes em voo solo de Formatura na vertical do Campo dos Afonsos

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão As instruções proporcionadas pelo CFOINT ocorriam no pavilhão de aulas, contíguo ao CCAER. Oportunamente, eram promovidas palestras no Auditório, ministradas por Oficiais das três Forças ou por experts do setor de Logística, Subsistência, Finanças, Suprimento, Economia, Direito, Contabilidade e outras matérias de interesse da formação dos futuros Oficiais Intendentes.

A instrução especializada foi objeto do quarto ano letivo, cuja carga horária revelou-se a mais densa. Na área de administração, cabe destacar as especialidades: finanças, suprimento e subsistência. E as matérias que mais despertavam interesse: planejamento estratégico e pesquisa operacional (programação linear). Não menos importantes foram as matérias que consolidavam o amplo aprendizado dos Cadetes Intendentes: Matemática Financeira, Estatística Metodológica, Sistema Financeiro Nacional, Finanças Públicas, Contabilidade de Custos.

A instrução fundamental ministrada nos três primeiros anos letivos abrangeu, praticamente, as matérias constantes dos currículos básicos das faculdades civis, nas áreas de Administração, Engenharia, Economia, Contabilidade, Direito, Estatística, Psicologia e Sociologia.

Com as aulas encerradas, em torno de quinze dias antes, os Cadetes Intendentes foram para a Academia da Força Aérea, em Pirassununga, e se incorporaram à sua rotina, enquanto treinavam para a Formatura do Aspirantado, e aguardavam a chegada da data da Cerimônia.

A disciplina de Direito era uma das mais complexas para os Cadetes Intendentes, pois abrangia diversos ramos, como Direito Civil, Comercial, Administrativo, Penal e Processual Militar e Legislação Tributária.

O Curso dos Cadetes Intendentes elaborado para a Turma 1969, serviu de inspiração e modelo para os futuros Cursos de Intendência da AFA, passando, a partir de então, a ser ministrado desde o primeiro ano até o quarto ano letivo, em quatro anos calendários. Já naquela época, o Departamento de Ensino da Aeronáutica, com o apoio da Divisão de Ensino da AFA, atuou junto ao Ministério da Educação, para que o curriculum escolar dos cursos da Academia fossem reconhecidos em Universidades e Faculdades brasileiras, onde os currículos equivalessem nas áreas de Humanas ou Exatas. Isto facilitou aos egressos da AFA na aceitação das matérias cursadas, por ocasião de complementação ou extensão de outros diplomas universitários.

A área de Economia também era bastante exigida e aprofundava-se nas características dos Sistemas Atuais, Fluxo Circular de Riquezas, Funcionamento do Sistema de Preços, o papel do Governo no desenvolvimento econômico e social e o equilíbrio do mercado, entre outras. Nesse sentido, faz-se necessário ressaltar que, alguns professores e suas matérias deixaram os seus nomes gravados na memória da turma, pela “expertise”, didática e simpatia. Os Professores Catto, de Geometria Analítica; PBO – Paulo Batista de Oliveira, de Cálculo Diferencial e Integral; Tavares, de Física; Kubrusly, de Eletricidade e Eletrônica; Ten. Cel. Lima Verde, de Desenho Técnico; Maj. Adyr, de Aerodinâmica e Termo propulsão; Marquezine, de Matemática Financeira e, dentre eles, destacamos o Prof. Abreu Coutinho, de Mecânica.

13.5.1 ESTÁGIOS DOS ASPIRANTES INTENDENTES Após o período de férias, todos os Aspirantes Intendentes (brasileiros), apresentaram-se à Diretoria de Intendência, a quem ficaram Adidos até ao final do Estágio, e à Classificação em uma Organização da Força Aérea. Os Estágios ocorreram em Unidades Civis e Militares, das três Forças, na cidade do Rio de Janeiro. Ressaltamos os da Diretoria de Abastecimento e do Centro de Processamento de Dados, da Marinha; do Batalhão de Dobragem, Manutenção de Paraquedas e

A turma dos Cadetes Intendentes de 1969 junto ao Professor de Mecânica, Mestre Abreu Coutinho.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos do estágio da turma de Intendentes na Fazenda de Aeronáutica em Pirassununga.

Suprimentos pelo Ar (B DOMPSA) e do Estabelecimento Central de Material de Intendência (ECMI), no Exército; do Depósito Central de Intendência (DCI), da Subdiretoria de Orçamentação e Pagamento de Pessoal (SOPP) e do Reembolsável Central de Intendência (RCI), na Aeronáutica. Dentre as visitas a Órgãos Civis, a Central das Casas Sendas, na Estrada Rio-São Paulo (Via Dutra), foi a que despertou maior interesse. A Palestra sobre a Estratégia de Marketing empregada nas empresas, da sua marca, gerou grande número de informações e questionamentos. Incluiu as ações aplicadas, com o objetivo de aumentar as vendas e o interesse público pela empresa. Primavam, obrigatoriamente, por um ótimo atendimento; promoções variadas; exploravam, também, a sazonalidade - Dia dos Pais, das Mães, Páscoa etc.; colocavam descontos expressivos nas mercadorias que não estavam vendendo bem; ofereciam, na entrada da loja, as mercadorias que estavam em grandes promoções; punham doces diversos, chicletes em locais de fácil acesso, mas, também nos Caixas etc. O assunto marketing já estava em voga e foi bastante discutido.

13.5.2 ESTÁGIO NA FAZENDA DE AERONÁUTICA DE PIRASSUNUNGA (FAZAER YS) O estágio na FAZAER YS foi o último evento da fase de estágio dos Aspirantes Intendentes. Durante uma semana, ficaram acampados em uma área da Fazenda. Chegaram em Pirassununga, vindos do Rio de Janeiro, transportados por avião da FAB. Da rotina constavam instruções teóricas, visita às instalações da fazenda e competições esportivas. Na fase final, foram ministradas aulas sobre Intendência em Campanha, e funcionamento de um P SUP (Pelotão de Suprimento) em campanha. Houve até aulas sobre agricultura e pecuária. Não há como esquecer das palestras proferidas pelo magnífico professor Godoy sobre piscicultura e meio ambiente e sobre a história de Pirassununga – a cidade simpatia dos dois “P” – da pinga e do peixe! Pirassununga, significado TupiGuarani, O ronco do peixe, o ruído feito pelo acúmulo de peixes.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Professor “Barriga”, do Botafogo; no Pentatlo Militar, o SO Ex Valdomiro; no Tiro, os Cap. Ex Tarouco, do Fluminense e Tabalipa, da EAER; e, no Voleibol, o Prof. Sami Mehlinsky, do CIB (Centro Israelita Brasileiro).

Dessa forma, os recém declarados Aspirantes a Oficial Intendente concluíram com aproveitamento, o estágio determinado pelo Exmo. Sr. Comandante de Pessoal da Aeronáutica. Ao longo do primeiro trimestre daquele ano, foram 348 horas de instrução prática na organizações: Diretoria de Intendência, Subdiretoria de Orçamentação e Pagamento de Pessoal, Subdiretoria de Provisões, Subdiretoria de Subsistência, Pagadoria de Inativos e Pensionistas da Aeronáutica, Serviço de Intendência em Campanha em Condições Reais, Fazendas de Aeronáutica do Galeão e de Pirassununga, além de Operações Conjuntas aeroterrestres com lançamentos de suprimentos, Serviço de Intendência da Marinha e Serviço de Intendência do Exército.

A competição esportiva NAVAMAER é um evento atlético realizado entre cadetes e aspirantes das três academias militares das Forças Armadas do Brasil: a Academia da Força Aérea (AFA), a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) do Exército e a Escola Naval (EN) da Marinha. O nome "NAVAMAER" é uma forma sincopada com "Nav" (de Escola Naval, Marinha), "AM" (de AMAM, Exército), e "Aer" (de Academia da Força Aérea, Aeronáutica). Essa competição tem o objetivo de promover a camaradagem, o espírito esportivo e o intercâmbio entre os futuros oficiais das Forças Armadas brasileiras. Durante o evento, os cadetes e aspirantes participam de várias modalidades esportivas, competindo individualmente e em equipes representando suas respectivas academias. É uma oportunidade para fortalecer os laços entre as diferentes instituições militares e demonstrar suas habilidades esportivas em um ambiente competitivo.

13.6 INSTRUÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA MENS SANA IN CORPORE SANO Desde sua origem, a Academia da Força Aérea e sua predecessora, a grandiosa Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos, sempre primaram pelo bemestar mental e físico dos seus Cadetes, em nível de capacidade atlética e competitiva.

13.7 EQUIPES E COMPETIÇÕES DESPORTIVAS

A instrução de educação física era realizada diariamente nas instalações da Escola de Aeronáutica e, posteriormente, da Academia da Força Aérea. Era ministrada por oficiais e sargentos da própria unidade, que possuíam Curso Superior de Educação Física, assim como por civis contratados que haviam se destacado em alguma modalidade desportiva. O Comandante da AFA na época valorizava significativamente as atividades desportivas, particularmente quando se tratava de competições externas com as outras escolas militares.

“A nossa história esportiva começou a ser escrita quando no nosso primeiro ano de Academia disputamos o campeonato interno, logrando a segunda colocação. Já aí destacaram-se nossos melhores atletas que foram ingressando nas diversas equipes da AFA.” Citamos a seguir os feitos conseguidos por nossas equipes: Voley: Com foco na NAVAMAER, nosso Comandante, trouxe o que havia de melhor à época para compor e treinar suas equipes. Para o voleibol, foi contratado Sami Mehlinsky, exjogador e vitorioso técnico das seleções brasileiras em Campeonatos Sul-Americanos e Jogos Pan Americanos. Vários jogos treinos a equipe de Cadetes disputou nos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro – cidade de Campos.

A maioria das modalidades desportivas internas e externas, sempre com o foco na NAVAMAER, tinham técnicos civis e militares, que eram, também, famosos por dirigirem equipes de Clubes e de Seleções. No Atletismo, os Professores Edgard e Kuper, do Flamengo; no Basquetebol, o Professor Togo Soares (Kanela), do Flamengo: na Esgrima, o Cap. Ex. Cramer, do Fluminense; no Futebol, o Cap. Int. Dias, da EAER; no Judô, o Sensei Eda; na Natação, o Professor Paulo Fonseca (Paulinho), do Fluminense; no Polo Aquático, o

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Futebol de Campo:- Vários jogos pela GBJuvenis do Flamengo, Campo Grande, aspirantes do Bangu e contra o Pavunense, um dos melhores clubes da primeira divisão da Guanabara na época. Vencedor de troféu disputado contra cadetes peruanos. Campeão (1969) e Bicampeão (1970) do troféu disputado contra as diversas Escolas de Formação de Oficiais, (Bombeiros, Naval, Polícia, CPOR) assim como contra a Faculdade Nacional de Engenharia e Pontifícia Universidade Católica.

Polo Aquático e Natação: Disputas nas cidades de Campos-RJ e Natal-RN. Jogos e competições contra Clubes Cariocas, Botafogo e Guanabara.

Descontração das Equipes de Natação e Cama-Elástica nos B-26 da Base de Natal-RN

Futebol de Salão: Vencedor: do troféu disputado contra a Escola Americana. Vencedor do troféu em disputa contra a Escola Carioca.

Atletismo: Duas competições em Lavras e Belo Horizonte. Cadete Godinho sagrou-se campeão carioca de 110 com barreira (juvenil); várias disputas com clubes cariocas como Botafogo, Flamengo, Vasco e Fluminense;

Basquete: Vários Jogos por clubes da GB e RJ. Vencedor de Troféu disputado contra a Associação Hebraica. Jogo na cidade de Campos. Vencedor de um triangular em Salvador. Vale ressaltar que o nosso técnico, conhecido como Kanela, e um dos nossos atletas, Cadete Gabriel, são integrantes da Seleção Brasileira que venceu o campeonato Sul-Americano.

Esgrima: Os cadetes faziam parte do Fluminense. O treinador da equipe (Cap. Kramer) foi o 4o colocado em espada no campeonato mundial. No campeonato carioca de esgrima de estreantes conseguimos as seguintes colocações: Espada: campeão Cad. Jantália e 4o colocado Cad. Varella; Florete: campeão Cad. Galarza e 3o colocado Cad. Edvard. Judô – Competição contra Academias Cariocas.

Equipe de basquete da Escola de Aeronáutica, em 1969. Da esquerda para a direita: De pé: Lion, Valdemar, Roberto, Gabriel, Júlio e Celsão (68). Agachados: Bezerra, Gercino e Aymone (69)

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Ginástica Olímpica: Demonstrações nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói, Manaus Recife e Brasília. O treinador da equipe, Professor Mário, foi campeão Sul-Americano, tricampeão brasileiro, vencedor dos jogos PanAmericanos no Canadá, dos jogos LusoBrasileiros em Portugal e Hispano-Brasileiros em Madrid, Espanha.

Um fato interessante que aconteceu com a Turma de intendentes, foi que, em 1971, em disputa do Campeonato Interno, no Campo dos Afonsos, estavam competindo somente a Turma de Aviadores, de 1970, e a de Intendência, que somavam 31 Cadetes. Os Aviadores da turma já estavam em Pirassununga, voando o T-37-C. Aquele evento Desportivo foi similar ao embate entre Davi e Golias, tamanha a desigualdade entre os efetivos. Em algumas das modalidades foram vencedores, mas em outras, como a Natação, em que mesmo com a participação do Ten. Cel. Av. Soares, Cmte. do Corpo de Cadetes, um excelente nadador, que reforçou, consideravelmente, a nossa equipe, mesmo assim não conseguimos vencer. Para honrar a presença da turma em todas as competições, muitos dos nossos, que não eram atletas, tiveram que improvisar e “ir para o sacrifício”. Mas, no final, o objetivo foi alcançado: a integração e a amizade entre todos os Cadetes da Escola.

Acrobacias (Cama Elástica): Demonstrações nas cidades de Pirassununga, Rio de Janeiro, Niterói, Manaus, Campos, Natal, Recife, Campo Grande e Brasília

Paralelamente às competições internas e externas, inúmeras outras foram disputadas no seio da própria turma, e serviram muito para aprimorar o espírito de corpo. A Turma 1969 teve o benefício de ter seus Cadetes selecionados e dispostos em equipes esportivas, em nível de competição, todavia, pôde manter um grupo geral na prática de treinamento físico militar, com aplicação de ginástica diária.” 4

Cadete Dailson e o Instrutor de EF Ten. Noélio embarcam para demonstração de Cama Elástica em Campo Grande.

Apresentação dos atletas da Turma durante competição interna ao Comandante do Corpo de Cadetes.

As Equipes de Natação e Cama-Elástica em viagem a Natal-RN para apresentação e competição.

(4) Extraído do JORNAL O MEIA NOVE, edição de julho de 1971

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da Cerimônia de entrega do Espadim na EAER

14 O ESPADIM Os que estão agora lendo estas palavras ao longo da revista sentirão, cada vez que o fizerem, uma profunda nostalgia de momentos gloriosos que repousam brilhantemente no passado de cada um, que lhes fizeram realizar muito do que sonharam e que lhes faz até continuar sonhando pelo que não realizaram. Bem aqui no silêncio de uma sala, manuseando o teclado de um computador, nós que estamos a escrever pelas mais doces palavras que poderíamos expressar, os mais arrojados verbos, os melhores substantivos e os mais ousados adjetivos vamos fingindo que não nos emocionamos, pois, senão, quem de nós traria mais e mais luzes aos nossos feitos trabalhados com tanto esforço? As cerimônias, comemorações, festas e júbilos, igualmente, precisam ser recordados, recontados e saboreados com muito carinho, esforço cerebral e coração pulsante. A cerimônia do Espadim foi simbólica. Para nós, o Espadim representa o juramento pronunciado pelos Cadetes da Aeronáutica, como símbolo da honra militar. Não foi à toa que estávamos paramentados com o uniforme de gala, demonstrando nosso respeito à Bandeira Nacional, perante nossos comandantes, nossos pares militares, nossos convidados e orgulhosamente diante dos olhos de nossos familiares. Uma grande festa! Esta honraria foi muito aguardada, por meses; foi muito ensaiada, pois, enquanto uma parte dos Esquadrões estava já em atividade aérea, a outra parte estava a treinar belíssimas evoluções de marcha de ordem unida, glorificando uma representação plana do Gládio Alado (coloquialmente chamado de Asinha). Para isto, a marcha em ordem unida foi treinada com uma coreografia de mais de cem passos para formar o Gládio Alado e outro tanto de passos, em marcha igualmente rigorosa, para reformatar o pelotão. Pode-se dizer uma coreografia militar. Não houve um erro sequer.

O Espadim representa o juramento pronunciado pelos Cadetes da Aeronáutica, como símbolo da honra militar.

Cerimônia Militar: Corpo de Cadetes em forma para apresentação para a Cerimônia de entrega dos Espadins.

Cerimônia Militar: início da formatura do Corpo de Cadetes

Cadetes do 1o Ano em forma na alameda dos desfiles na Cerimônia de entrega dos Espadins.

EQUIPE COLABORADORA

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da Cerimônia de entrega do Espadim na EAER

Fotos da Cerimônia de entrega do Espadim na EAER

Cadetes do 1o Ano, após o término da evolução que finaliza no formato do Gládio Alado (Asinha), na Cerimônia de entrega dos Espadins.

Cadetes do 1o Ano no desfile da entrega dos Espadins.

Momento dos padrinhos e madrinhas, familiares e amigos dos Cadetes, na Cerimônia do Espadim.

Cadetes do 1o Ano em forma, momentos antes da entrega dos Espadins.

Corpo de Cadetes em desfile perante a Bandeira Nacional, às Autoridades e Convidados na Cerimônia dos Espadins.

Cadetes do 1o Ano em forma na solenidade de entrega dos Espadins.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da Cerimônia de entrega do Espadim na EAER

Fotos da Cerimônia de entrega do Espadim na EAER

Cadetes Santos Fernandes e Storino em 1o Uniforme à frente do mural da poesia Si e da Estatueta de Ícaro.

Cadete Cícero acompanhado dos pais na Cerimônia do Espadim, ao redor do “Marco Comemorativo do Cinquentenário da Escola de Aeronáutica e da data de criação da Academia da Força Aérea Brasileira, com a honrosa presença do Exmo. Sr. Presidente da República, Marechal Arthur da Costa e Silva. Escola de Aviação Militar, 10-07-1919, Escola de Aeronáutica, 10-07-1069, Academia da Força Aérea, 10-07-1969.”

Cadetes que haviam solado o T-21 antes da Cerimônia do Espadim: Leite Lopes, Jordão, Edvard, Cunha Gomes, Pimpão e Luciano, à frente da escultura ÁGUIA TOMBADA, ainda fixada na EAER.

Cadete J. Eduardo acompanhado dos pais na Cerimônia do Espadim.

Cadetes Gama, Ticchetti, Cunha Gomes, Osvaldo...

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da Cerimônia de entrega do Espadim na EAER

Fotos do Baile do Espadim na EAER

Cadetes do 1o Ano Calado e Busi, convidados e familiares em momento de júbilo no Baile do Espadim. Cadetes Jordão, Alonso e Ortiz, após receberem o Espadim.

Cadetes Cícero e Wagner com o 3o Uniforme no Baile do Espadim, no Clube Monte Líbano.

Cadetes Wagner e Hitoshi, após receberem o Espadim.

Cadete Calado com familiares.

Depois de receber o Espadim, os Cadetes se regozijaram com familiares, convidados e amigos, num inesquecível baile de confraternização.

Imagem do convite original para a Cerimônia de Entrega dos Espadins.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

15 CULTURA E COMEMORAÇÕES

NASCEU O CORAL DOS CADETES DA AERONÁUTICA

15.1 O CORAL, CANTO E ENTUSIASMO CORAL DOS CADETES DA AERONÁUTICA O Exmo. Sr. Ministro da Aeronáutica, Marechal do Ar MÁRCIO DE SOUZA E MELLO, em 1968, exarou a Portaria no 74/GM3, acrescentando ao artigo número 247 do Regulamento da Academia da Força Aérea, o parágrafo 3o, criando um conjunto de Canto Orfeônico, com a seguinte redação: “O Corpo de Cadetes disporá de um conjunto de Canto Orfeônico denominado Coral dos Cadetes da Aeronáutica, constituído por cadetes devidamente selecionados, com finalidade de representar a Academia e a Força Aérea Brasileira em solenidades de caráter cívico ou militar”.

Foto e trechos do Folheto distribuído por ocasião da apresentação do Coral de Cadetes da Aeronáutica no Teatro Municipal – Rio de Janeiro. Com grande incentivo dado pelo Exmo. Sr. Ministro da Aeronáutica, Marechal do Ar MÁRCIO DE SOUZA E MELLO, “este Coral tem se apresentado em vários eventos civis e militares com raro brilhantismo”. “Dentro do espírito jovem dos cadetes da Academia da Força Aérea que se preparam para o oficialato, com o entusiasmo daqueles que desejam voar os céus, a Arte encontrou pousada”. “Nesta apresentação, este Coral espera elevar o nome da Academia da Força Aérea na certeza de que contribuirá para o engrandecimento da Força Aérea Brasileira”. Regente: Prof. Moacyr Geraldo Maciel

15.2 APRESENTAÇÕES DO CORAL Coral de Cadetes e o Prof. Moacyr Geraldo Maciel – CAMPO DOS AFONSOS -1969

Coral de Cadetes da Aeronáutica Teatro Municipal do Rio de Janeiro -1969

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

15.3 CADETES COMPARECEM AO TEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO

Com a apresentação, ora a ser realizada nesta Noite de Arte no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em homenagem à Semana da Asa, a Banda da Academia da Força Aérea espera reeditar mais um de seus memoráveis concertos, demonstrando o nível artístico de seus componentes, que a elevam como uma das melhores Bandas Militares do nosso Brasil.”

“A obrigatoriedade de comparecer ao Teatro Municipal para assistir à apresentação do Coral dos Cadetes da Academia da Força Aérea, regido pelo Mestre Moacyr, e da Banda Sinfônica da Academia da Força Aérea, regida pelo “Mestre Rubinho”, como assim o chamava nosso Comandante Brigadeiro do Ar Geraldo Labarthe Lebre, foi uma oportunidade ímpar! Quantos de nós jamais havíamos entrado em um espaço tão nobre? Quantos tivéramos a oportunidade de ver uma orquestra tocar Gran Canion Suite - On the Trail? Foi um momento especial, raro que marcou nossa formação! Ao cumprir a obrigação de comparecer, uma nova janela foi aberta. O medo das grandes salas e dos grandes espetáculos foi superado e aquela iniciação abriu o mundo das artes. Já não estávamos mais tão distantes!” EQUIPE COLABORADORA.

15.4 A BANDA SINFÔNICA DA AFA – INSEPARÁVEL DO CORAL Panfleto publicado à época.

BANDA SINFÔNICA DA AFA

15.5 COMEMORAÇÃO DO DIA DO AVIADOR

O texto a seguir refere-se a uma publicação da Banda da Academia da Força Aérea no ano de 1969:

O dia 23 de outubro foi instituído como o Dia do Aviador e o Dia da Força Aérea Brasileira por ser a data em que Alberto Santos-Dumont realizou o primeiro voo com o 14-bis, o mais pesado do que o ar. O fato histórico ocorreu no Campo de Bagatelle, em Paris, em 23 de outubro de 1906, quando o brasileiro percorreu 60 metros em sete segundos, voando a uma altura de dois metros do solo, perante mais de mil espectadores e a Comissão Oficial do Aeroclube da França.

“A Banda Sinfônica da Academia da Força Aérea, criada ainda no tempo da Escola de Aviação Militar, tem por missão, auxiliar no adestramento militar dos Cadetes da Academia da Força Aérea, participar de festividades cívicas e cooperar com as autoridades na formação Artístico-Cultural do nosso povo. Teve na pessoa do Tenente João Nascimento, hoje Capitão da Reserva, um dos seus grandes regentes, apresentando-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Teatro Municipal de São Paulo, Teatro de Campinas, Teatro Municipal de Ribeirão Preto, Escola Nacional de Música, onde sempre se houve com grande destaque.

Esta data é uma das quatro que está permanentemente gravada no listel branco do Emblema da AFA em letras pretas, entre as garras da Águia, descrita como “23-X-1906 - Primeiro voo do aparelho mais-pesado-que-o-ar realizado por Santos Dumont, com o 14 Bis em Bagatelle, Paris”.

Com o passar dos anos houve a renovação natural dos valores e aumento de seu efetivo, tendo a Banda da Academia da Força Aérea mantido o seu alto padrão de apresentações.

Tradicionalmente a cada ano, a Academia da Força Aérea, bem como as unidades militares da Força

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Aérea Brasileira, realiza a cerimônia militar comemorativa desta data para honrar esse feito histórico em favor da humanidade e de significado existencial para própria instituição militar, a Força Aérea Brasileira. Naquele ano de 1970, a Academia da Força Aérea estava basicamente no último ano oficial efetivo de operações no Campo dos Afonsos, Cidade do Rio de Janeiro, e realizou a grandiosa comemoração, representada pelo desfile militar dos Cadetes da Aeronáutica e pelo desfile aéreo de Esquadrilhas de aviões em formação.

Escola de Aeronáutica, Campo dos Afonsos, 16 Aviões – Dia do Aviador – 1970

Nesse desfile aéreo, as Esquadrilhas foram formadas por Instrutores e por Cadetes do Ar da Turma 1969 escalados à época conforme descrito a seguir: Esquadrilha 1: Líder: Maj. Av. Édson e Maj. Av. Matos Rocha Ala 1: Cadete Av. Burnier Ala 2: Cadete Av. Paulo Ferrolho: Ten. Av. Bosco

Esquadrilha 2: Líder: Cap. Av. Neves Ala 1: Cadete Av. Barbosa Sobrinho Ala 2: Cadete Av. Block Ferrolho: Ten. Av. Cambeses

Esquadrilha 3: Líder: Cap. Av. Bertúcio Ala 1: Cadete Av. Lages Ala 2: Cadete Av. J. Eduardo Ferrolho: Ten. Av. Telles

Esquadrilha 4: Líder: Cap. Av. Sérgio Ala 1: Cadete Av. Dailson Ala 2: Cadete Av. Murad Ferrolho: Cap. Av. Orlando

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

16 4º ANO –1971 – PIRASSUNUNGA PIRASSUNUNGA ACOLHE O NINHO DAS ÁGUIAS Em 1971 ocorreu a transferência da AFA, em sua integralidade, do Campo dos Afonsos para Pirassununga, por força do Decreto no 69.416, de 23 de outubro de 1971. A AFA é uma "Organização de Ensino da Aeronáutica que tem como missão formar Oficiais de Carreira da Aeronáutica dos Quadros de Oficiais Aviadores (CFOAV), Intendentes (CFOINT) e de Infantaria da Aeronáutica (CFOINF), desenvolvendo em cada cadete os atributos militares, intelectuais e profissionais, além dos padrões éticos, morais, cívicos e sociais, obtendo-se, ao final deste processo, “Oficiais em condições de se tornarem líderes de uma moderna Força Aérea". (PORTAL DA DIRENS, 2018).

Cadetes da Turma 1969 em forma após o desembarque.

Para que possa cumprir sua missão, a AFA conta, para a execução das atividades de Magistério, com um Corpo Docente formado por Professores civis, de diferentes áreas de formação, pertencentes ao Magistério Superior da Aeronáutica, além Instrutores Militares, pertencentes ao Quadro de Oficiais Convocados (QOCON), oficiais da própria Academia e colaboradores de outras instituições. Os Cadetes Aviadores da turma de 1969 foram deslocados em 02 de fevereiro de 1971, para a cidade de Pirassununga, sede da Academia da Força Aérea, para concluírem sua instrução acadêmica e realizarem o estágio avançado de voo nos modernos jatos Cessna T-37C. Enquanto isso, a Turma de Cadetes Intendentes concluía sua instrução fundamental e especializada nos Afonsos, com a realização de estágios em diversas unidades das três Forças Armadas e instituições civis. Juntaram-se ao grupo de aviadores, Oficiais Equatorianos que vieram fazer o curso de T-37C no Brasil.

Apresentação da Turma 1969 pelo Cmte. do CCAER, Maj. Av. Glaser, ao Cmte. do Destacamento Precursor, Cel. Av. Ozório, em 02 de fevereiro de 1971.

Chegada da Turma 1969 em Pirassununga, a aeronave C-119 sendo escoltada por quatro T-37C.

Trenzinho transportando a Turma 1969 após o desembarque, para o CCAER.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão 16.1

O ENSINO NA AFA

16.1.1 INSTRUÇÃO FUNDAMENTAL E ESPECIALIZADA Durante o processo de transferência da AFA para Pirassununga, ainda em 1964, os intervalos entre as instruções aéreas deveriam, conforme decisão dos dirigentes da Escola de Aeronáutica, ser preenchidos com aulas de Língua Portuguesa e Língua Inglesa, e, para tanto, foram convidados dois professores, os pioneiros do Corpo Docente que se consolidaria ao longo do tempo: o Professor SÉRGIO CÓLUS, natural da cidade de Ribeirão Preto/SP, para ministrar a disciplina de Língua Portuguesa e o Professor NEREU DOLENC, natural da cidade de Campinas/SP, para ministrar a disciplina de Língua Inglesa. Coube ao Professor CÓLUS, nos anos seguintes, a responsabilidade de realizar os primeiros contatos com outros professores da região visando organizar o futuro Corpo Docente. 5 A rotina dos cadetes se iniciava com a alvorada e café matinal no Rancho dos Cadetes. Duas esquadrilhas seguiam para o GIA. As outras duas esquadrilhas seguiam para as salas de aula para receberem aulas como complemento do Ensino Fundamental que constava de Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Direito. Além do complemento do Ensino Especializado, que previa aulas de Inglês de Aviação, Meteorologia, Aerodinâmica e Regulamentos de Tráfego Aéreo. No período da tarde as duas Esquadrilhas se revezavam. Além disso, havia instrução de Educação Física, e treinamento das equipes desportivas, todos os dias às 16h, para os Cadetes que não estavam envolvidos com o voo.

5 Fonte: Livro “Atenção Sala... E assim, cinquenta anos se

passaram”. Autor: Pedro Tadeu Brito, Prof. Dr. da Academia da Força Aérea.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão preparatórias para as missões de voo por instrumentos a serem executadas em voo, posteriormente.

Em primeiro plano os Paraboloides, Rancho e Salas de Aulas. Ao fundo os Hangares do Setor Oeste, onde ficavam localizados o GIA e o Pátio de Estacionamento dos T-37C.

..

16.1.2 INSTRUÇÃO AÉREA Forte impacto. Deixamos o alojamento comum, o “cachecol esvoaçante”, o magneto para partida, hélices, voar de capota aberta e sem rádio comunicação: o segundo ser mais simples que o palito na escala da simplicidade - o T-21. Então fomos imersos em novos tempos. Apartamentos para quatro cadetes, colchão ortopédico, comida balanceada, luvas e capacete com máscara para o voo, e o desafio de entender e dominar um ser complicado – o jato T-37C. Estava iniciada a instrução aérea avançada.

Cadetes Av. Babadópulus, Vogt, MacKrodt, Caldas, Pantoja e Fraresso em treinamento na Câmara Hipobárica.

As missões de instrução no T-37C eram realizadas desde 1.000ft no tráfego, e poderiam até atingir seu teto operacional, que é de 35.000ft. Nas áreas de instrução normalmente se voava entre as altitudes de 8.000 a 25.000ft.

Diferentemente da realizada nos Afonsos, a instrução aérea no 4o ano foi elaborada com muito mais detalhes, certamente decorrentes de uma padronização muito mais exigida e de um foco muito maior na Segurança de Voo. Como consequência, naquele último ano de formação, o atrito foi muito mais elevado e, lamentavelmente, ainda foram desligados muitos cadetes no voo. Se por um lado o excessivo rigor aprimora o treinamento, há que se compreender que a instrução tem o comprometimento de se aprimorar sempre para evitar perdas de recursos, sejam eles financeiros, materiais, mas, sobretudo, humanos. Vale ressaltar que, guardadas as devidas proporções, existe significativa complexidade entre a habilidade para se pilotar uma aeronave de instrução primária e convencional, o T-21, e uma aeronave de instrução avançada e a reação, o T-37C.

Como parte da instrução especializada, foi dado treinamento em Câmara Hipobárica, antes do início da instrução no T-37, a fim de simular os efeitos da falta de oxigênio, caso ocorresse uma emergência. A nova aeronave exigia máscara de oxigênio, mesmo para voos abaixo de 10 mil pés. As Fases da instrução eram as seguintes: Fase de Pré-solo; Manobras e Acrobacias; Voo por Instrumentos; Voo noturno; Voo de Formatura, 02 e 04 aviões; Navegação.

A metodologia e o planejamento foram semelhantes, divididos em fases. Não obstante, no último ano foram acrescidas as fases: Voo por Instrumentos, Voo Noturno, Navegação e Acrobacias. Além disso, tínhamos instrução de Link Trainner (antigo nome para o simulador). Na verdade, era um treinador estático (sem motion), onde eram realizadas sessões

Estas Fases de treinamento avançado visavam preparar os Cadetes para a vida profissional como aviador militar dos diversos Esquadrões Operacionais da Força Aérea Brasileira. Quando formado, espera-se que o Aspirante Aviador tenha um conhecimento amplo

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão de cumprimento de missões aéreas, bem com tenha desenvolvido habilidades psicomotoras e controle emocional para as diversas especializações que ainda irá superar na carreira.

nas outras três Esquadrilhas. Alguns Oficiais Aviadores da AFA, que não estavam lotados no GIA, também ministravam instrução Aérea. Dentre eles destacamos, em nome de todos, o Comandante do CCAER, Maj. Av. Glaser.

16.2 GRUPO DE INSTRUÇÃO AÉREA - GIA

Dessa forma, listamos os Oficiais Aviadores que ministraram instrução aérea no T-37C, para Turma 1969: MAJORES: Ajax, Glaser. CAPITÃES: Montenegro, Chagas, Chaves, Gastão, Mega, Queiroz, Sfoggia, Suzano. TENENTES: Andrade, Baís, Boabaid, Braga, Brasileiro, Cassio Borges, Castro, Costa, Crivano, Cunha, Dantas, Dias Filho, Endo, Esteves, Evaristo, Fiche, Fragoso, Gâmbaro, Garrido, Gondin, Guerra, J. Dantas, J. Nelson, Krelling, Laércio, Luiz Carlos, Macedo, Mello, Migon, Mitleg, Ortiga, Ramos, Resende, Rolney, Salles, Serpa, Silva Neto, Valim, Walacir, Zilmar.

O organograma do GIA tinha a seguinte constituição:

Cmte Maj. Ajax

OPR Cap.Queirós

Antares

Castor

Sirius

Vega

As Esquadrilhas eram diretamente subordinadas ao comando do GIA. O Grupo era equipado com jatos Cessna T-37C, que foram incorporados na carga da FAB, a partir de 1967.

16.4 AS BOLACHAS E INSÍGNIAS DO GIA E DAS ESQUADRILHAS

16.3 AS ESQUADRILHAS As quatro Esquadrilhas estavam situadas no mesmo hangar, onde também ficavam as instalações operacionais e administrativas do GIA.

As Bolachas e Insígnias, também conhecidas como emblemas, são distintivos usados pelos Cadetes da Academia da Força Aérea para indicar suas Esquadrilhas.

Nesse mesmo hangar, tínhamos uma Cantina, O Pica-pau, cujos serviços prestados pelo Taifeiro Scabora eram essenciais para aliviar a fome e a sede dos voos da madruga, além de aliviar as tensões da instrução. O bate-papo na Cantina já incentivava a network, tanto entre cadetes, como entre instrutores.

O GIA desenvolveu e adotou o seguinte emblema para o Esquadrão T-37: "...Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo, e – o que ainda é muito mais – és um Homem, meu filho!" Não importa a tocaia da morte Pois que a Pátria, dos céus no altar, Sempre erguemos de ânimo forte. O holocausto da vida a voar.

Cada Esquadrilha entrava em forma 05 (cinco) minutos antes do horário estipulado pelo GIA para o início das atividades. O chefe de turma fazia a apresentação ao oficial mais antigo, e então era autorizado o deslocamento para as salas de briefing. O chefe de turma comandava "ATENÇÃO SALA" quando o Comandante da Esquadrilha entrava no recinto, informando se havia faltas e o motivo. Após serem liberados, os cadetes permaneciam nas salas e somente apresentavam-se aos instrutores no horário do briefing.

As Classes dos Cadetes Aviadores desenvolveram e adotaram os emblemas descritos a seguir. “Por ter um bom conhecimento em navegação astronômica, o Major Aviador Leônidas Brom Herndl, em 1964 escolheu o nome de constelações para batizar as classes. Para ele, “(...) os cadetes eram pequenas estrelas, que ansiavam voar para mais longe e

Os Instrutores de voo da época eram lotados por Esquadrilhas, entretanto, tinham flexibilidade para voar

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão dominar aquele espaço ainda pouco desbravado” (CALAZA & LOPES FILHO, 2018).

Primeiro Gêmeo". Os chineses reconheceram esta estrela como Yin, que é, de acordo com o taoismo, um dos dois princípios fundamentais nos quais todas as coisas dependem.

A 1a Classe foi batizada de Antares, estrela de primeira grandeza e a maior da Constelação de Escorpião; a 2a Classe de Castor, uma das duas mais brilhantes estrelas da Constelação de Gêmeos; a 3a Classe de Sirius, estrela de primeira grandeza e a maior da Constelação de Cão Maior; e a 4a Classe de Vega, estrela de primeira grandeza e a maior da Constelação de Lira.” (Opúsculo no 57, Macte Animo - Ninho das Águias. INCAER - 2019)

Alpha Geminorum, conhecida como Castor, é a segunda estrela mais brilhante da constelação de Gemini e está a 52 anos-luz da Terra. Castor surge ao olho nu como uma estrela de magnitude aparente 1,6. No entanto, a observação com pequenos telescópios revela duas estrelas: Castor A, de magnitude 1,9, e Castor B, de magnitude 2,9. Mais difícil de observar é Castor C. Esta terceira estrela do sistema tem magnitude 9 e é uma anã vermelha. A estrela Castor é, portanto, um sistema de 6 estrelas ligadas entre si pela ação da gravidade.” (Wikipédia-2023).

ANTARES “O nome Antares é derivado de Anti-Ares (AntiMarte), pois se assemelha, em sua cor avermelhada e brilho, a Marte, rivalizando com o planeta. É conhecida como uma das quatro estrelas guardiãs do céu dos Persas em 3000 a.C.

SIRIUS “Do ponto de vista histórico, Sírio sempre foi muito importante no céu noturno e fruto de um significado muito especial dado pelas mais diversas culturas.

Antares é uma estrela supergigante de classe M, com um raio de aproximadamente 883 vezes o raio do Sol, está a aproximadamente a 600 anos-luz da Terra.

Recebeu cultos astrólatras sob a alcunha de Sótis no Vale do Nilo do antigo Egito. Diversos templos em sua honra foram erguidos de forma a permitir que a luz de Sírio penetrasse por um óculo até as aras internas. Crê-se que o calendário egípcio seria baseado na ascensão helíaca de Sírio, a qual ocorre um pouco antes das cheias anuais do rio Nilo e do solstício de verão. [carece de fontes]

A melhor época do ano para ver Antares é em 31 de maio, quando a estrela está em oposição com o Sol, nesse momento, a estrela é visível a noite inteira. Esse período de invisibilidade é maior no hemisfério norte do que no hemisfério sul, uma vez que a declinação da estrela é ao sul do equador celeste.” (Wikipédia-2023).

No mito grego, consta que os cães de caça de Órion teriam ascendido aos céus pelas mãos de Zeus, tomando a forma da estrela Sírio ou das duas constelações do Cão Maior e Cão Menor. Os antigos gregos também associavam Sírio ao calor do verão, apelidando-a de Seirios, que é geralmente traduzida como A Escaldan. Essas associações com o verão e o mormaço explicariam, por exemplo, a origem da expressão popular calor do cão. Na astrologia da Idade Média, Sírio era a estrela fixa de Behenia, associada ao berilo e ao junípero, com simbologia cabalística. [carece de fontes]

CASTOR O nome Castor refere-se ao irmão mortal dos Dióscuros, filho de Leda e Tíndaro. Junto com seu irmão gêmeo, Pólux, dão o nome à constelação de Gemini. A estrela também leva o nome árabe Al-Ras al-Taum alMuqadim, que literalmente significa "A Cabeça do

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão VOO SOLO DE T-37C

Sírio, também chamada de Sirius, α CMa, α Canis Majoris ou alpha Canis Majoris (latim: Alfa do Cão Maior) é a estrela mais brilhante do céu noturno visível a olho nu. Localizada na constelação do Cão Maior, pode ser vista a partir de qualquer ponto na Terra. Dista 8,57 anos-luz da Terra, sendo por isso uma das estrelas mais próximas do nosso planeta. Tem uma massa cerca de 2,4 vezes maior que a massa do Sol.” (Wikipédia-2023).

Depois de receber o debriefing do checador e as recomendações para o voo solo, mnemônicos decorados, virei a plaquinha do avião designado para verde, fui pegar o paraquedas e capacete na sala de equipamentos, e me dirigi ao pátio de estacionamento debaixo do sol escaldante da tarde de Pirassununga, para encarar com orgulho a moderna e majestosa máquina, em que iria realizar meu primeiro voo solo a jato. Inspeção externa irretocável, checando todos os itens de segurança, principalmente retirar os pinos dos trens de pouso e verificar se as capas do pitot e da pressão estática tinham sido retiradas, sempre com a impressão de que o instrutor estava me observando. Entrei na aeronave e me amarrei sob a supervisão do mecânico da pista. Inspeção interna completa e iniciei o procedimento de partida nos reatores. Cheque após partida (RAARPIGOCA – rádios; ar-condicionado; pinos fora; gancho de atraso zero; oxigênio; calços fora), cheque dos flaps, retiro os pinos e mostro para o mecânico, para então entrar em contato com controle solo (CANOPUS), e solicitar autorização para o táxi. Saída do estacionamento até a pista de táxi com o máximo cuidado com outras aeronaves na área de manobras (principalmente cadetes solo), prosseguindo no táxi pela TWY até o ponto de espera, onde completo os cheques (CICACOMFLAP – cintos ajustados; canopy baixado e travado; combustível checado; flaps posicionados para decolagem) e solicito autorização para a decolagem para a TWR (CAPELA) – “CAPELA VEGA 27 ponto de espera pista 18, pronto para decolagem – VEGA 27 livre decolagem pista 18 – Aquarius alta” .

VEGA “A lenda japonesa da Tanabata conta que um jovem pastor e uma princesa se apaixonaram. A partir de então, a vida de ambos girava apenas em torno do belo romance, deixando de lado suas tarefas e obrigações diárias. Indignado com a falta de responsabilidade do jovem casal, o pai da princesa decidiu separar os dois, obrigando-os a morar em lados opostos da Via-Láctea. A separação trouxe muito sofrimento e tristeza para a princesa. Sentindo o pesar de sua filha, o pai resolveu permitir que o jovem casal se encontrasse, porém somente uma vez por ano, no sétimo dia do sétimo mês do calendário lunar. Este casal é representado por estrelas situadas em lados opostos da galáxia, que realmente só são vistas juntas uma vez por ano: Vega (a Princesa) e Altair (o pastor). Considerada uma estrela nova, tem 2,5 vezes a massa, 3 vezes o diâmetro e cinquenta vezes mais intensidade de brilho que nossa estrela. Vega tem um anel de poeira e gases a sua volta,[3] o que na época de sua descoberta, nos anos 80, imaginou-se ser um início de formação planetária, mas estudos mais recentes chegaram à conclusão de que mais provavelmente se trata de detritos de massas celestes, devido exatamente a idade relativamente jovem de Vega. Mesmo que ali existam planetas, é pouco provável que exista vida neles, devido ao pouco tempo de formação da estrela.” (Wikipédia-2023).

Final livre, ingresso na pista. Aeronave alinhada com o centro da pista, cheques feitos, freios aplicados, acelero suavemente os reatores até 100%, freios soltos, manche ligeiramente à frente, pedais centralizados no início da corrida, correções suaves e firmes para manter o controle direcional. Começo a sentir a vibração da aeronave acelerando e de seus potentes reatores. O avião acelera rápido e logo trago o manche para neutro até atingir a velocidade e iniciar uma decolagem muito suave. As sensações de velocidade, espaço e liberdade são rapidamente sobrepujadas pela necessidade de execução dos cheques pós decolagem, trem em cima, flaps, velocidade de subida, falar com a TWR, “Capela VEGA 27 decolado, destino Aquarius alta” – “VEGA 27

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão decolado aos 09, Aquarius alta, passe ao controle Academia”.

avistando o morro da antena. Ao atingir 3.000ft, nivelo e clareio a área, ajusto a velocidade para 250 kt, sobrevoo a posição Júpiter e informo a TWR: CAPELA VEGA 27, 3.000 ft, posição Júpiter, pista 18. VEGA 27, mantenha 3.000 ft, acuse inicial pista 18 para o pilofe, é o número 3 no tráfego. Curva à esquerda e procuro a referência, Cachoeira das Emas, e após o sobrevoo curva à direita e enquadro a inicial da pista 18. Aviso à TWR: CAPELA VEGA 27 inicial pista 18 para o pilofe. VEGA 27 autorizado pista 18 da esquerda, é o número 2 para pouso, atento à aeronave à frente na curva base, informe na final com trem baixado e checado. Mantenho 250 kt, 3.000 ft, quando o nariz do avião cobriu a cabeceira da pista, curva de grande à direita, manetes em idle, flap de mergulho; ao nivelar na perna do vento, mergulho fora, no través da cabeceira, trem em baixo, 130 kt, inicio a curva base para enquadrar a final, flaps de pouso e manetes entre 50% e 60% para manter a velocidade de 110 kt na base. Cheque na final, trem em baixo, alavanca em neutro, três luzes verdes acesas, flap todo em baixo, velocidade 100 kt, aviso à TWR: Capela VEGA 27, final 18 da esquerda, trem em baixo e travado, três verdes acesas. VEGA 27 livre pouso, trem checado em baixo, luzes checadas, informe no solo controlado. Pouso suave, muito mais fácil que o do T-21, mantenho a bequilha no ar até 60 kt, sem levantar demais o nariz, e vou levando suavemente o manche à frente para colocar a bequilha no solo. CAPELA VEGA 27 controlado. VEGA 27 prossiga até o final da pista e chame CANOPUS em 121.90. CANOPUS, VEGA 27 livrou a pista 18, prossegue no táxi para o estacionamento. VEGA 27 livre táxi até o estacionamento observando o sinalizador. Prossegui no táxi, canopy aberto e flaps recolhidos.

Cabina do T-37C. Após autorização da TWR, passo para o Controle Academia e prossigo para a área de Aquarius. Ao cruzar 10.000 ft, cheque periódico (ALADIM: Altitude; Load meter; gancho de Atraso zero; Instrumentos de voo e dos Motores). Na subida deu para avistar o morro do Cuscuzeiro em Analândia. Ao chegar na área procuro me situar e encontrar a belíssima referência da área, o lago de Itirapina e a praia do Broa, e continuo subindo até atingir 20.000 ft. Ao nivelar, nem dá tempo de apreciar a paisagem e já tem o cheque periódico (OILOCO: Oxigênio; Instrumentos; Load meter; Combustível). Finalmente, inicio o meu treinamento, tendo como referência a rodovia que liga Itirapina a São Carlos, com muitas curvas de média e grande inclinação, pernas de oito preguiçoso pra sentir a máquina, depois subo em Chandelle pra ganhar altura e executar o parafuso. Antes treino alguns estóis e recupero a respiração para então me preparar para o parafuso. Capacete, máscara, jugular e cintos e suspensórios bem ajustados, checo a conexão do oxigênio e o painel para checar a diluição e posição dos pitocos. Manetes em idle até o estol e comando o parafuso. Após a definição de uma volta comando a saída, com a respiração ainda ofegante, mas satisfeito com a manobra mais difícil da fase pré-solo. Executo mais alguns oitos preguiçosos e inicio o retorno para a Academia. Antes de chamar o controle faço o cheque periódico (OILOCO).

Estacionei seguindo a orientação do mecânico e efetuei o corte dos reatores. Pinos colocados, cheques realizados, me desamarro suando pra caramba, pernas tremendo, macacão ensopado e ainda nem tinha levado o banho dos bombeiros. Saí da área operacional e mais uma vez tive aquela percepção de grande satisfação com o voo, impossível de traduzir em palavras. Me aguardavam os colegas e os bombeiros próximo ao Hangar para o tradicional banho de mangueira, que nos trazia uma grande sensação de alívio por causa da tensão pré-solo, mas também por causa do calor (Rs)! Mais uma etapa havia sido vencida!

Descida na proa de Júpiter (morro da antena), praticamente na proa 90º da posição onde estava. Planejo a descida para chegar aos 3.000 ft em Júpiter. Ao cruzar 10.000 ft, novo cheque (ALADIM) e já estou

MNEMÔNICOS: RAARPIGOCA – Cheque após partida: RA rádios; AR ar-condicionado; PI pinos fora; G gancho de atraso zero; O oxigênio; CA calços fora;

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da atividade aérea em Pirassununga

CICACOMFLAP – Cheque antes da decolagem: CI cintos ajustados; CA canopy baixado e travado; COM combustível checado; FLAP flaps posicionados para decolagem; ALADIM – Ao cruzar 10.000 ft na subida e na descida: A altitude; L load meter; gancho de Atraso zero; Instrumentos de voo e dos Motores; OILOCO – cheque periódico: O oxigênio; I instrumentos; LO load meter; CO combustível. EQUIPE COLABORADORA.

Cadete Block após voo de T-37C.

Fotos da atividade aérea em Pirassununga

16.4.1 FOTOS DA ATIVIDADE

Voo de formatura

AÉREA EM PIRASSUNUNGA

Voo de formatura com T-37C. Lachê (distintivo do Cadete Aviador)

Cadete Godinho acaba de solar e recebe o banho de mangueira dos Bombeiros.

Cadetes J. Eduardo e Storino preparando-se para o voo solo.

Cadetes em forma dirigindo-se para o banho dos Bombeiros. Cadete Av. Wagner preparando-se para o voo.

Cadetes acabam de solar o T-37C e recebem o tradicional banho de mangueira dos Bombeiros.

Cadetes MacKrodt e Wagner.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da atividade aérea em Pirassununga

Fotos da atividade aérea em Pirassununga

Cadetes Av. MacKrodt e Fonseca Viana.

Cadetes Av. Santos Alves, Storino, Trompowsky e Alonso com Ten. Cunha Cadetes do Ar em checagem para o voo com o T-37C.

Cadetes em checagem para o voo com o T-37C.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da atividade aérea em Pirassununga

16.5 ESTÁGIO BÁSICO DE SOBREVIVÊNCIA NA SELVA A partir do 2o semestre de 1971, os cadetes do

4o ano da AFA partiram para mais um exercício militar

real, como parte de sua formação profissional, A Sobrevivência na Selva, onde é feita a instrução de sobrevivência, na hipótese de um acidente aéreo em uma região de selva, no caso do Brasil, na Floresta Amazônica. O Estágio foi todo ministrado e supervisionado pelo PARASAR.

16.4.2 FOTOS DE

Naquela época, 1960/1970, o nosso Brasil era bem maior, com menos estradas interioranas, menos cidades, menos estradas asfaltadas, e nossas aeronaves eram de menor capacidade e muito mais lentas do que as atuais, o que tornava qualquer missão de voo, uma verdadeira aventura. Os meios de navegação aérea existentes, comparativamente aos de hoje, meio século após, eram bem acanhados. No intuito de facilitar a navegação aérea, a FAB criou e operou vários destacamentos de proteção ao voo, dentre os quais, encontrava-se o DPV Xingu - Destacamento de Proteção ao Voo do Xingu, com um campo de pouso de terra batida, encravado no Parque Nacional do Xingu e onde em seus 26.500 km2, habitavam algo em torno de 14 tribos indígenas, com as suas próprias características físicas, costumes e dialetos.

ATIVIDADES NO H4

Uma das missões do PARASAR é a de ministrar Instruções de Sobrevivência aos aeronavegantes da Força Aérea. Nesse sentido, a Turma da AFA, que iria se formar em dezembro de 1971, foi aquinhoada com a instrução de sobrevivência no Xingu, cujos objetivos eram os seguintes: treinar e adaptar o aeronavegante, em caso de acidente, à sua área de atuação. No caso, a selva; fazer com que o aeronavegante aprenda a sobreviver com os elementos disponíveis na própria selva; incutir no aeronavegante o sentimento de superação e confiança, face às exigências do ambiente: desenvolver o espírito de grupo; desenvolver os aspectos da Liderança; e desenvolver os laços de camaradagem, dentre outros atributos.

Cadetes Brito e Abreu.

Para posicionar a Turma frente ao novo ambiente de atuação, foi convidado o Indigenista

Interior do Apartamento no H4.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Orlando Vilas Boas para comparecer à AFA, a fim de proferir palestra aos Cadetes sobre a área do Xingu, em todas as suas especificidades. Os Cadetes também foram orientados quanto ao material a ser transportado. As informações específicas a respeito do exercício de sobrevivência seriam transmitidas no Xingu, pela Equipe de instrução do PARASAR.

A Turma teve a área próxima ao Rio Culuene, Morená, como área de sobrevivência, com a duração de 5 dias. O exercício de sobrevivência testa os limites do corpo humano e da sua resiliência, com forte impacto nos aspectos físico e psicológico: a fome, a sede, o frio das madrugadas, o calor do dia, as picadas de mosquitos, marimbondos e abelhas, a falta de açúcar, a falta do sal, todos esses fatores impactam no moral e nas condições da resistência pessoal. Outros fatores também se somam, como a perda de peso, a fraqueza, os desmaios e a pressão baixa, causando sono.

O deslocamento de Pirassununga para o Destacamento de Caximbo e do Xingu era feito em aeronaves Búfalo C-115 da FAB. Os cadetes seguiam em até cinco grupos de cinco alunos por vez, acompanhados dos Instrutores do PARASAR, oficiais e graduados, que ministravam a instrução. Os cadetes seguiam de macacão de voo, portando armamento, apetrechos para se alojar na selva, inclusive para caça e pesca, pois tinham que sobreviver pelo espaço de cinco dias com os meios que dispunham. A instrução do PARASAR, além das técnicas de caça e pesca, incluía cuidados com a saúde na selva, como a prevenção contra malária, picadas de insetos e animais peçonhentos. Eram também ensinadas táticas de sinais que os ajudariam a serem encontrados pelas equipes de resgate.

Os grupos de cinco Cadetes, após a instrução no Destacamento de Caximbo e/ou Xingu, eram separados, transportados de barco e deixados em locais isolados e distintos na Floresta, na beira do Rio Culuene, afluente do Rio Xingu, pela equipe do PARASAR. Nesses locais deveriam montar seus acampamentos com paraquedas já usados e madeiras cortadas na própria selva, para montar um Jirau. Diariamente, a equipe do PARASAR fazia uma inspeção nos acampamentos e no último dia os resgatava para o regresso ao Destacamento.

Em Caximbo e Xingu os Cadetes foram "recepcionados" pelos Instrutores do PARASAR: Maj, IG Gil Lessa de Carvalho - Cmt. do PARASAR; Maj. Int. Roberto Câmara Lima Ypiranga dos Guaranys- OP; Maj, int. Lóris Areas Cordovil-MAT; Cap, IG João Batista de Magalhães-INST; 1o Sgt, IG Djalma Lins e Silva - ENC 2o Sgt. ENF Rosendo da Silva-AEROMEDICA; Cb. ENF Irenil Pinheiro de Brito - Aux. AEROMEDICA.

A única ocorrência anormal foi um incêndio em parte da mata provocado por um dos grupos, sem maiores consequências. E um fato inusitado é de que um Cadete caçando, atirou em um papagaio, na tentativa de saciar a fome do grupo, entretanto, ao aproximar-se da ave abatida verificou que só sobrou dela a cabeça. O exercício de sobrevivência aplicado aos Cadetes da Turma de Aspirantes 1971 surtiu os efeitos desejados pela Força Aérea. Formaram-se Oficiais preparados para as mais exigentes situações, confiantes, resilientes, prontos para cumprirem as missões da Força Aérea, E, hoje, essa Turma rememora, com saudosas lembranças, o exercício de Sobrevivência na Selva, como uma das inúmeras emoções vivenciadas na vida militar.

Aos Cadetes foram transmitidas orientações sobre os seguintes aspectos: trato com indígenas; segurança dos grupos; orientação e rotas de segurança; cuidados com animais peçonhentos, cobras, e animais de porte: construção de abrigos; cuidados com fogueiras; ingestão de água; evitar frutas CAL-cabeluda, amarga e leitosa; evitar esforços desnecessários, e manter a harmonia e o bom humor junto à equipe, dentre outras orientações.

O exercício ocorreu sem nenhum incidente com os Cadetes. Foi uma experiência marcante, que serviu para dar mais rusticidade, despertar a coragem e a inciativa, e incentivar o processo decisório em grupo. Tudo isso serviu para unir ainda mais os futuros oficiais da Turma 1969. EQUIPE COLABORADORA, contando com a Colaboração do PARASAR.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão 16.6 DIÁRIO DA SOBREVIVÊNCIA NA SELVA Relatório de um Valoroso Grupo de 5 Cadetes, da Turma 1969, onde o autor descreve em forma de diário, todas as emoções, receios, temores e privações por eles vivenciadas e como superaram as dificuldades que se lhes apresentavam no transcorrer de cada dia, vivenciados no âmago da grandiosa e inexpugnável Floresta Amazônica. Autor: Reinaldo Afonso Silveira – “Mineiro” Demais componentes do Grupo: Paulo Sergio Lima da Silva - "Pinta” Carlos Alberto Flores Anunciação - "Pantanal” Raul Barbosa Sobrinho - “Olho de Lince” Carlos Alberto Bueno - "Nariz" Lema do Grupo no Acampamento: "Solar dos Abutres, aqui ninguém se nutre”.

1º dia, sexta-feira, 20 AGO 71: 20ago71- sobrevivência Xingu. sexta-feira, 2h da madrugada. Alvorada. Rancho, Trenzinho nos leva ao Búfalo, pilotado pelo Maj. Batista e Ten. Brito. Às 4:20, fomos apresentados ao Comandante que salientou a importância deste treinamento; acompanha-nos o Ten. Av. Andrade da Antares e o Asp. Med. Marcos do Posto Médico. O Búfalo decolou às 4:50, sobrevoando YS e tomando o rumo de Goiânia. A bordo, tudo tranquilo com lanche para todos. Às 7:20, sobrevoamos Goiânia e pousamos. Cafezinho com o pouco dinheiro que temos. O avião foi abastecido, decolamos e a uns 5 minutos fora, o Sargento radiotelegrafista chamou a atenção do mecânico de bordo para o depósito

de fluído hidráulico, situado no centro e no teto do avião, que estava vazando. Maj. Batista decide por voltar a Goiânia para reparar a pane. No pouso, ao ser ligada a reversão dos motores, piscação geral. Mas tudo saiu certo. A pane era um vazamento e os sargentos trabalharam até saná-la. Lá pelas 11:15, pudemos decolar enfim rumo ao XG. A primeira visão da selva amazônica dá-nos a impressão de que é apenas vegetação rasteira. Mas sabemos que não é bem assim. Há flocos de nuvens por todos os lados. Às 13:05, avistamos o Destacamento do Xingu e o avião voa rasante durante bastante tempo. Há muita vibração a bordo. Pousamos e demos de cara com a Turma que seguiria de volta para YS. Todos barbados, sujos, fedorentos; a vida que pediram a Deus. E logo fomos afastados para três barracas de lona: começa a sobrevivência. Para nós, já havia começado há muitos dias pelos “mistérios pagos” por outros que já haviam passado por este teste. Aguardamos o Maj. Cordovil que disse que a nossa partida para Morená seria no dia seguinte, sábado peixe.

2º dia, sábado, 21 AGO 71: Sábado, 21 de agosto,1ª manhã no Xingu. Embarque em três barcos. Pegamos o “Tucunaré”, o mais vagaroso dos três. A descida do Rio demora. Há partes rasas, e em todas temos de ir para a frente do barco afim de que o motor não raspe na areia. Por 2 vezes o sargento Matos nos mostrou jacarés descansando nas praias. O rio está bastante baixo, e devemos ir até a confluência dos rios Culuene e Ranuro,

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão que formam o Rio Xingu. Somos deixados em uma praia e temos que seguir por terra, porque as corredeiras não deixam passar barcos pesados. Após 2h no rio andamos quase uma hora a pé. Vamos seguindo um cabo do PARASAR, pela trilha afora. Depois de 30min de marcha pesada chegamos ao acampamento. Reunião com o Maj. Lessa: comprimidos contra malária. Nosso grupo é o 3. Embarcamos com um sargento que nos deixou numa bandeira branca após descer o rio. Enquanto Reininho e Barbosa cortam forquilhas para se fazer o jirau, Paulo, Bueno e C. Alberto providenciaram fogo e limpeza do acampamento. C. Alberto e B. Sobrinho saem e trazem 2 pássaros para o jantar. Ouvimos um barulho e Bueno traz um juriti. Para o 1º dia, não está nada mal. Pesca até a noitinha, nada. O jirau e as 2 barracas estão prontos. Fazemos sopa com os 2 pássaros e vamos moquear (assar carne ou peixe no moquém, ou pôr sobre o moquém para secar) a juriti até amanhã de manhã. A sopa estava deliciosa, o limão deu um gosto todo especial. A juriti que deixamos no fogo incendiou-se durante a madrugada. Fomos deitar por volta da 10h, cinco num jirau numa confusão. Ainda bem que o jirau aguentou firme.

tomamos café com leite o que nos reanimou bastante. A sopa do almoço foi bem substancial. À tarde descansarmos, mas o cansaço já está se apoderando de nós. Saímos Afonso, L. Silva e Bueno para tentar pescar e caçar na lagoa. Até 5h30’ da tarde, nada de peixe ou caça. Quando voltamos desanimados, encontramos C. Alberto e B. Sobrinho que já haviam caçado uma juriti. Deixamo-la preparada para o dia seguinte. Modificamos o jirau, agora com folhas secas e ele ficou bem melhor. À noite, um chocolate dividido por cinco e água com limão + sonrisal = soda limonada (sem açúcar). O cansaço é geral e hoje é ainda domingo. Até quinta-feira, ainda há muito o que se fazer. Até agora não perdemos nenhum objeto. Vamos dormir cedo neste domingo é um dia a menos que se vai. Ainda bem que hoje foram fincadas no rio as 2 forquilhas principais no nosso cais e ele já está quase pronto.

4º dia, segunda-feira, 23 AGO 71: Esta noite, nós dormimos bem melhor. Conseguimos pescar uma piranha que foi puxada até o nosso cais e o B. Sobrinho crava-lhe logo uma faca no peito e um pau no meio da boca. Exultamos de alegria. Enfim, peixe! A piranha era esverdeada de um palmo de tamanho e após vários minutos ela ainda se mexia e mordia o pedaço de pau. Por volta das 22:30, no auge do ataque dos pernilongos, eis que chegam ao nosso acampamento Bueno e Lima da Silva, com 2 traíras

3º dia, domingo, 22 AGO 71: No dia seguinte bem cedo, C. Alberto e B. Sobrinho saíram para caçar. Voltaram trazendo 1 juriti, 1 pica-pau e 2 pássaros. O almoço estava garantido. O PARASAR nos visitou das 9:30 e correu tudo certo. Logo depois,

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão enormes pesando uns 10 quilos as duas. Pescadas a tiros de M1A1 na lagoa. O grupo está em festa. O Solar dos Abutres se ilumina a luz de velas para comemorar o fato. O grupo do Edvard Serrinha é convidado para jantar traíras assadas conosco. Logo, os 5 chegam e as traíras são salgadas com limão e vão para o fogo. Todos alegres e contentes e com água na boca. O céu lá fora da selva é imensamente salpicado de estrelas. O peixe fica pronto por volta 23:30. Essas traíras limpas pelo Bueno e temperadas pelo Carlos Alberto estão divinas. Guardamos a traíra menor para o almoço de amanhã, terça-feira. O grupo do Edvard se vai e ganha a piranha de presente. O Solar dos Abutres repousa num repouso merecido de barriga cheia.

Lá pelas 10h, chegam os 3 caçadores trazendo 2 juritis, 1 mergulhão e um pássaro. Se nós fôssemos depender de peixe (pescado com vara), nós já estávamos mortos. Calado esteve aqui ontem e disse-nos haver pescado 1 piranha e 1 peixão. Não sei por que não temos dado sorte com a pesca. Deve ser a tal isca de jacaré que apodreceu e ninguém aguentou chegar perto. Carlos Alberto traz também 2 palmitos do mato. Vamos experimentar variar hoje a sopa porque não dando + para comer. Ontem, nós conservando uma juriti no fogo brando e hoje nós vamos tentar almoçá-la. Esta é bem gordinha e havia comido 3 azeitonas inteiras, não sabemos como. Após o almoço, deitamos no chão para descansar. Nem raciocinamos que no meio das folhas secas espalhadas pelo chão, possa haver lacraias ou escorpiões. O cansaço é quem comanda. O corpo domina a mente. C. Alberto levanta e começa a preparar as juritis e o mergulhão. Os sacos plásticos têm nos servido muito. Não havia mosquito dentro do paraquedas. Carlos Alberto e Barbosa Sobrinho se levantaram bem cedo para caçar. Afonso e Bueno ficam + um pouco no jirau. Bueno logo sai para encontrar-se com os caçadores, enquanto Lima da Silva e Reinaldo ficam limpando o acampamento, lavando as canecas, ativando o fogo e colocando as roupas para secar. Por volta de 9:30, chega o PARASAR. Fazemos sinais com o espelho e vamos lá puxar o bote deles até a margem, apesar de nos sentirmos bastante cansados. O aspirante médico nos indaga do que utilizamos do kit

5º dia, terça-feira, 24 AGO 71: 3ª feira, 24 de agosto. Acordamos satisfeitos da vida, lá pelas 7:30h e começamos logo a ativar o fogo para cozinharmos uns pedaços que sobraram da traíra de ontem. Chega o PARASAR para sua visita matinal e tudo transcorreu em ordem, após termos escondidos os plásticos de dormir e os limões. Mostramos orgulhosos as 2 cabeças das traíras, verdadeiros troféus para nós. O PARASAR retirou-se e nós ficamos sentados esperando a traíra ficar bem cozida. Estamos despreocupados, o almoço hoje está garantido. Refazemos o jirau da cozinha que desmontou ontem e fazemos banquinhos. Depois da notícia.do incêndio na mata perto de outro grupo.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão médico e para o que também. Logo eles se vão em direção ao outro acampamento. Os dias aqui são ensolarados e o rio corre mansamente, convidando-nos ao banho. Os mosquitos a esta hora, estão fervilhando na areia da nossa margem. Mas eles não são piores que os pernilongos da noite que nos picam até por cima das roupas. Há uma mosca preta grande que é infernal.

do C-115, conosco a bordo, tive a impressão de que o jato de ar deixava ali no Xingu os momentos de dificuldades pelos quais passamos. Permaneceu apenas a parte boa daquele Estágio: a camaradagem, o espírito de corpo, a vontade de vencer os obstáculos sem recuo e, principalmente, a amizade fraterna que se consolidou naqueles dias. Mais que companheiros, amigos. FIM

6º dia, terça-feira, 25 AGO 71:

Fotos da Missão de Sobrevivência na Selva

Dia 25 de agosto de 1971. O PARASAR providenciou um lanche constando de mingau de maizena bem quente e pedaços de goiabada cascão. Não sei se tinha alguma recomendação de saúde, mas nunca alimento tão simples do nosso cotidiano caiu tão bem, sendo muito elogiado por todos os "sobreviventes". Com a visão do Búfalo, a certeza de que o "inferno verde" estava prestes a terminar. Aqueles que trocaram miçangas, lantejoulas e contas com os indígenas preparavam o que conseguiram negociar com eles: arcos, flechas, bordunas, tacapes, cocares, peitorais. Fiquei imaginando como seria pendurar aquilo tudo nas paredes de suas casas. Nosso pequeno grupo dos Abutres já conversava sobre o que jantaríamos em Pira, cada um dando uma sugestão. Ficaríamos com a churrascaria rodízio da estrada mesmo. Eu esperava que, durante a nossa carreira na FAB, tivéssemos oportunidade de praticar muitas vezes a sobrevivência na selva, já que a Amazônia brasileira é imensa e, constantemente sobrevoaríamos algum trecho dela. Com o acionar dos motores

Desembarque para início da Missão de Sobrevivência na Selva rio Culuene.

Desembarque para início da Missão de Sobrevivência na Selva no rio Culuene.

Preparação para início da Missão de Sobrevivência na Selva.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da Missão de Sobrevivência na Selva

Fotos da Missão de Sobrevivência na Selva

Cadetes Reinaldo, Barbosa Sobrinho, Lima da Silva e Bueno no “Ninho dos Abutres”.

Preparação para início da Missão de Sobrevivência na Selva.

Cadetes em pleno exercício no teatro de operações na Missão de Sobrevivência na Selva.

Preparação para o retorno da Missão de Sobrevivência na Selva. Cadetes em pleno palco de operação na Missão de Sobrevivência na Selva.

Duas fotos coladas mostrando a Missão de Sobrevivência na Selva, em momento de recarga de energias.

Cadetes em recuperação de provisões na Missão de Sobrevivência na Selva.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da Missão de Sobrevivência na Selva

Fotos da Missão de Sobrevivência na Selva

Cadetes na busca de provisões na Missão de Sobrevivência na Selva. Cadetes na busca de provisões na Missão de Sobrevivência na Selva.

Cadetes na busca de provisões na Missão de Sobrevivência na Selva. Cadetes encontram índios de uma tribo no Xingu.

Cadetes após instrução com o PARASAR na Missão de Sobrevivência na Selva.

Cadetes iniciando a Missão de Sobrevivência na Selva. Cadetes em ação de pesca.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da Missão de Sobrevivência na Selva

Fotos da Missão de Sobrevivência na Selva

Atracação do barco do PARASAR.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da Missão de Sobrevivência na Selva

Fotos da Missão de Sobrevivência na Selva

Cadetes em atividades na Sobrevivência na Salva

Cadete Lenilson em atividades na Sobrevivência na Salva

Cadetes em atividades de caça na Sobrevivência na Salva

Cadetes Brito, Godinho e Lenilson, com Instrutores do PARASAR.

Cadete Brito com uma carabina.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos da Missão de Sobrevivência na Selva

Fotos da Missão de Sobrevivência na Selva

16.7 DESFILE NO DIA DA INDEPENDÊNCIA DE 1971

Cadetes da Turma 1969 no desfile de 7 de set. de 1971. Cadetes em atividades na Sobrevivência na Salva

.

Equatorianos integrados à Turma 1969 na comemoração cívica de 7 de setembro de 1971.

Cadete Storino em atividades na Sobrevivência na Salva.

16.8 A HISTÓRIA DO T-37C NA AFA E O ESQUADRÃO CORINGA Ao final da década de 1960, a Instrução avançada na formação dos aviadores da Força Aérea Brasileira era realizada no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro. Lá funcionou a Escola de Aeronáutica e por cerca de trinta anos foi o grande celeiro dos pilotos militares brasileiros. O Ministro da Aeronáutica solicitou ao EstadoMaior da Aeronáutica – EMAER, em meados da década de 60, que estudasse uma aeronave, de preferência a

Cadetes Mongelos e J. Eduardo.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão reação, para substituir, os veteranos e já ultrapassados, North American T-6 na instrução básica e avançada dos cadetes da então Escola de Aeronáutica – EAER.

Cessna T-37C, no âmbito do GIA, em princípios de 1969, a fim de manter o treinamento do voo de formação, assim como participar de atividades de representação aérea na própria AFA, nas datas festivas como a entrega do espadim aos novos cadetes e na formatura dos aspirantes-a-oficial, no final de cada ano. Porém, o motivo principal do grupo era o de proporcionar vibração e confiança aos jovens cadetes aviadores da Força Aérea Brasileira.

Após a análise e o estudo de inúmeros tipos, disponíveis à época, o Cessna T-37C foi a aeronave que preencheu o maior número dos requisitos determinados pelo EMAER, assim como a Cessna foi a empresa que forneceu as formas mais atraentes de pagamento, sendo então escolhido como o novo treinador básico e avançado da FAB. O número de aeronaves compradas novas diretamente da fábrica foi de 40 unidades, que receberam as matriculas de FAB 0870 a FAB 0909 e a designação militar de T-37C. Imediatamente, foi criada uma Comissão de Fiscalização e Recebimento da FAB na Cessna – COMFIREM-CESSNA, na cidade de Wichita, que coordenou a fabricação, a transferência de tecnologia de manutenção para os nossos técnicos, o treinamento dos primeiros pilotos da FAB – que realizariam o traslado em voo dos aviões para o Brasil – assim como efetuou o recebimento das aeronaves.

As aeronaves foram escolhidas, assim como as duplas de instrutores para cada avião, de 1 a 9, e os treinamentos começaram, nas áreas de instrução da AFA, ou seja, bem longe da Academia, pois somente quando todas as manobras estivessem bem dominadas e treinadas por todos os 18 pilotos, o Coringa viria para a vertical da Academia da Força Aérea onde realizaria a sua primeira aparição em público.

As primeiras unidades começaram a chegar à cidade de Pirassununga, no interior de São Paulo, sede do Destacamento Precursor da Escola de Aeronáutica – DPEAER, em meados de 1967, em traslado efetuado em voo, por pilotos da EAER, em esquadrilhas constituídas com quatro ou cinco aeronaves, sempre acompanhadas por uma aeronave de apoio Fairchild C119G.

A primeira demonstração aérea do Esquadrão CORINGA foi realizada no dia 10 de julho de 1969, exatamente na entrega dos espadins aos novos cadetes da nossa Turma e para comemorar a transformação da Escola de Aeronáutica em Academia da Força Aérea, assim como a transferência definitiva da Escola do Campo dos Afonsos para a Cidade de Pirassununga, SP. O sucesso foi total, sendo, inclusive, uma grande surpresa para todos os presentes que se impressionaram com a perfeição e o arrojo das manobras realizadas por nove jatos birreatores pesados na ala.

Os anos de 1967 e 1968 foram utilizados para completar a chegada de todos os 40 aviões. Esse período serviu para formar os novos instrutores de voo, preparar a sistemática de manutenção, assim como elaborar todos os manuais e procedimentos necessários ao voo de instrução, sendo que no dia 09 de setembro de 1968, era realizado o primeiro voo de instrução com cadetes no Cessna T-37C no Brasil.

O Esquadrão Coringa foi liderado por vários oficiais, inclusive pelo comandante do GIA, e acabou ficando tão famoso que era convidado para realizar demonstrações por todo o Brasil, em solenidades militares e aniversários de cidades, tendo, até mesmo, feito uma demonstração no exterior, quando

O Esquadrão Coringa Um grupo de instrutores da AFA resolveu formar uma esquadrilha de demonstração aérea, denominada de Esquadrão Coringa, equipada com nove aeronaves

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

17 ASPIRANTADO

apresentou-se no Paraguai, por ocasião do aniversário da independência daquele País amigo.

Finalmente, em dezembro de 1971, chegamos ao ápice da nossa formação, o tão sonhado e esperado Aspirantado. Para a grande maioria foram muitos anos de expectativas e emoções. Mas enfim, o que nos interessava naquele momento era o início de uma nova vida, uma vida profissional como Aviadores, Intendentes ou Infantes. Livres das amarras da formação rígida das Escolas, Colégios e Academia, do compromisso com os horários das aulas e instrução, mas que certamente deixariam muitas saudades, pois foi ali que forjamos as mais sinceras e leais amizades, que jamais imaginamos que poderíamos desfrutar.

As aeronaves do Coringa não receberam pintura especial, ou seja, utilizavam os padrões normais da AFA, a única diferença era na aeronave líder FAB 0897, que possuía um horizonte artificial extra, para proporcionar maior segurança nos deslocamentos da Esquadrilha. A outra novidade estava nos pilotos, que utilizavam o emblema do Coringa em seus macacões de voo, e nos cachecóis, diferenciando-os dos demais instrutores da AFA.

Tínhamos muitas dúvidas, mas, por outro lado, confiávamos na formação profissional que recebemos, para enfrentar os novos desafios, que seguramente foram muitos.

Com a desativação temporária da Esquadrilha da Fumaça, em virtude da retirada de serviço dos aviões North American T-6, em 1976, o Esquadrão Coringa era a única esquadrilha de demonstrações da FAB, mesmo não sendo oficializada, porém, as solicitações para demonstrações eram enormes, em sua maioria atendidas pelo Comando da AFA, dentro da disponibilidade das aeronaves e do quantitativo de horas de voo aprovadas para o esforço aéreo da Academia.

Era o começo de uma vida de dedicação à Força Aérea Brasileira como pilotos militares e como Comandantes e Chefes, de dedicação à Pátria como baluarte das Instituições e defensores do Território Nacional e de dedicação à Nação como ser social, dando exemplo de retidão e honestidade à frente de nossas futuras famílias, para a construção de uma sociedade justa, educada e moralizada. Fomos preparados para a paz e para a guerra, pois aprendemos desde cedo em nossa formação que: “Se queres a paz, prepara-te para a Guerra”. 6

Infelizmente, no final de 1978, o Esquadrão Coringa fez a sua última demonstração, em decorrência da pouca disponibilidade dos jatos T-37C, que não atingiam o total de nove aeronaves para formar a Esquadrilha. Assim, o Comandante da AFA determinou que durante as solenidades os voos fossem realizados somente com quatro aeronaves, o que acarretou a prematura desativação de tão querida equipe, que tantas alegrias e emoções proporcionou aos cadetes da AFA e ao público em geral de 1969 a 1978.

As famílias estiveram presentes e orgulhosas daquele parente, amigo, filho, namorado, que envergava com altivez a Farda de Gala para receber a Espada de Oficial da Força Aérea Brasileira. As Autoridades Federais, Estaduais, Municipais e Militares estiveram presentes, inclusive Exmo Sr. Ministro da Aeronáutica, o Ten. Brig. do Ar Joelmir Campos de Araripe Macedo representando o Presidente da República o Exmo. Sr. Gen. Emílio Garrastazu Médici, que fez a entrega da Espada ao Aspirante Otto Leal de Brito, primeiro colocado da Turma.

Alguns destes Aspirantes aviadores formados em 1971, tempos depois, como instrutores de voo na AFA, também participaram do Esquadrão Coringa. Fonte: A Camazano A: A história da Força Aérea!

6 Traduzido de “Si vis pacem, para bellum”, um provérbio

em latim, frase atribuída ao autor romano do quarto ou quinto século, Flávio Vegécio. – Wikipédia.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos do Aspirantado

O Esquadrão Coringa, com nove T-37C, pilotados por nossos instrutores de voo, fez evoluções durante a solenidade. Em nossa vida acadêmica na Escola de Aeronáutica, no Destacamento Precursor da Academia da Força Aérea e na Academia da Força Aérea, fortalecemos o nosso intelecto. Adquirirmos conhecimentos e capacidades técnicas à custa de muito esforço e persistência. Ao longo dos anos, aprendemos o valor do amor à verdade, da fé, da disciplina e do gosto pelo nosso fazer, mas, principalmente, desenvolvemos o nosso caráter. Numa acepção ampla, o caráter engloba personalidade e, em situações limites, faz a diferença. Dessa forma, ao tempo em que nos capacitávamos para o trabalho especializado tornávamo-nos eficazes no trato com quaisquer outros trabalhos, principalmente aqueles nos quais somos testados até o nosso limite. Situações limites estariam presentes constantemente na carreira que escolhemos trilhar. EQUIPE COLABORADORA

Momento do juramento na Cerimônia do Aspirantado.

Fotos do Aspirantado

Cadete Brito, porta-bandeira.

Cerimônia Militar do Aspirantado

Momento do juramento na Cerimônia do Aspirantado.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos do Aspirantado

Fotos do Aspirantado

Deslocamento dos Cadetes para devolução dos Espadins na Cerimônia do Aspirantado, com o sobrevoo do Esquadrão Coringa.

Apresentação dos novos Aspirantes a Oficial na Cerimônia do Aspirantado.

Momento de madrinhas e padrinhos dos novos Aspirantes a Oficial na Cerimônia do Aspirantado.

Vista dos Cadetes na devolução dos Espadins Cerimônia do Aspirantado.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Fotos do Aspirantado

Fotos do Aspirantado

Vista dos Cadetes na devolução dos Espadins Cerimônia do Aspirantado.

Aspirante Block com a Madrinha e familiares na solenidade do Aspirantado.

Aspirante Cícero com a Madrinha e familiares na solenidade do Aspirantado.

Convite do Baile do Aspirantado

Imagem do convite original para a Cerimônia do Baile do Aspirantado.

Aspirantes Nerosky, Cícero, Leite Filho, Gernhardt e Gabriel.

Momento dos amigos e familiares dos novos Aspirantes a Oficial na Cerimônia do Aspirantado

Momentos dos Aspirante MacKrodt e Calado com familiares e convidados no Baile pela Cerimônia do Aspirantado.

Aspirante Suzeney na solenidade do Aspirantado com familiares ao fundo à esquerda o Aspirante Ernani.

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Aspirante Cícero, Suzeney, atrás Aspirante Nerosky, desfrutando o Baile do Aspirantado com familiares.


A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão 17.1 O ESPADIM QUE VIAJOU NO TEMPO O Espadim que Viajou no Tempo: No dia de nosso Aspirantado, eu recebi alguns prêmios e uma espada do então Ministro, o Ten. Brig. Araripe Macedo, e como um mimo, da AFA para ele, eu lhe entreguei o meu espadim. Em 1993, eu já estava na reserva, toca a campainha, espio pelo olho mágico e vejo com muita surpresa um oficial da FAB. Abri a porta, cumprimentei, e ele perguntou: – O senhor é o Ten. Cel. Brito? Respondi afirmativamente, e em seguida ele disse que era do CEREPA e que tinha ordens para entregar um pacote sem explicar de que se tratava. Eu recebi o pacote, agradeci e nos despedimos.

18 DECLARAÇÃO A ASPIRANTES – 1971

Abri o pacote, era uma caixa belíssima em madeira nobre com um brasão da AFA, dentro havia um espadim muito bem conservado e um cartão informando que me fosse entregue por solicitação da família do Ten. Brig. Araripe Macedo, falecido em 12/04/1993.

18.1 DECLARAÇÃO A ASPIRANTES, ORDEM DO DIA DO COMANDANTE DA AFA

Parecia ser mesmo meu espadim de cadete, devido a um pequeno amassado na cabeça da águia, pois muitos cadetes o faziam propositalmente porque "dava sorte no voo".

De acordo com o Boletim Interno no 055 de 20 de dezembro de 1971, a declaração a Aspirantes foi proferida pelo Comandante da Academia da Força Aérea, o Brig. do Ar Geraldo Labarthe Lebre, conforme segue:

Foi como uma viagem no tempo 1993 – 1971 – 1993. Outra lembrança: Eu me casei no dia seguinte ao Aspirantado, sem a permissão ministerial.

“1 – Declaração de Aspirantes – ordem do dia: – Com a honrosa presença do excelentíssimo senhor Ministro da Aeronáutica, Tenente Brigadeiro Joelmir Campos de Araripe Macedo, representante do excelentíssimo senhor presidente da república, a Academia da Força Aérea encerra nesta data o ano letivo de 1971. – Neste ano, a AFA voou com seus aviões a jato 16.750 horas até 30 de novembro, e registrou o expressivo total de 10.000 horas de Instrução de "Link Trainer". – A dedicação e o alto padrão de eficiência revelados pelos instrutores de voo, pelos oficiais, suboficiais e sargentos encarregados da manutenção, suprimento

Uma semana depois entrei com o pedido de permissão, ao Sr. Ministro TB Araripe Macedo, que me foi concedida e, a partir da data da publicação, foi revogada essa proibição e todos Aspirantes 1971 respiraram aliviados. Abraços a todos Aspirantes Otto Leal de Brito 66-022 69-007 71-001

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

19 FORMAÇÃO DA INFANTARIA DE GUARDA

e da instrução de treinamento sintético são dignos de realce. – Neste ano letivo, a AFA, sem interrupção das suas atividades escolares, efetivou a transferência da sua sede do Campo dos Afonsos para o Campo Fontenelle em Pirassununga. – Aspirante! – A partir de agora és um chefe. – Tens pesadas responsabilidades. – Lembra-te que um homem não vale pela cultura que tem, mas pelo emprego que faz dessa cultura. – Ao aplicares a arte da liderança, procura transmitir aos teus comandados as técnicas que te foram ensinadas, elevando o padrão de eficiência de cada um e procurando sempre formar a equipe e cumprir a missão. – A cada aspirante aviador, em particular, reitero a minha recomendação sobre a segurança de voo. – Tua vida é valiosa. – Valiosa para ti, que tens toda uma existência cheia de promessas, e para os que te querem bem: pais, irmãos, noivas, colegas e amigos. – Preciosa para a nação e para a Força Aérea brasileira que necessita de ti como tenente, capitão, oficial superior e oficial general. – Por isto, é importante voar com segurança. – Lembra-te de que "imprudência não é coragem". – É preciso que cada jovem aviador procure sobreviver revelando, desde cedo, que assimilou a observação de Saint Exupery: "ser homem é ser responsável.” – Aspirante! – Concretizaste, finalmente, o teu ideal. – Deixas, com o natural orgulho dos vitoriosos, a gloriosa academia que te formou. – Guarda, com carinho, a mensagem do "Código de Honra" do cadete da Aeronáutica: "coragem, lealdade, honra, dever e pátria". – Espero que sejas um ótimo oficial. – Felicidades!”

19.1 BREVÊ DA INFANTARIA DE GUARDA

19.2 ESCUDO DA EOEIG

19.3 RETROSPECTIVA DA FORMAÇÃO DA INFANTARIA A Força Aérea Brasileira era suprida com a formação de Oficiais de Infantaria de Guarda pela Escola de Oficiais Especialistas e de Infantaria de Guarda (EOEIG), localizada em Curitiba-PR, cujos alunos eram selecionados pelo concurso de admissão aplicado aos sargentos de infantaria da força. Em 1971, tal como na Escola de Aeronáutica, registrava-se na Academia da Força Aérea a interrupção da vida acadêmica daqueles cadetes que apresentavam, pelos critérios da época, alguma inaptidão para o voo e isto implicava o desligamento da Força Aérea. Cadetes desligados, pertencentes a turmas anteriores, em suas respectivas épocas, foram reingressados à Força Aérea e declarados Aspirantes a Oficial após realizarem a especialização em Infantaria na Escola de Oficiais Especialistas e de Infantaria de Guarda.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão A avaliação de aptidão para o voo aplicada no transcorrer de 1971 resultou no desligamento de vários cadetes que cursavam o 4o ano do Curso de Formação de Oficiais Aviadores.

No aguardado dia 14 de dezembro de 1972, os 23 ex-cadetes foram declarados Aspirantes a Oficial de Infantaria de Guarda.

O desligamento que gerou, inicialmente, decepção e tristeza, também trouxe no seu âmago a esperança, a crença em dias melhores e a inspiração para reconquistas a 23 cadetes desligados na instrução de voo.

“Assim é a história da formação dos Infantes.”

19.4 ATOS INICIAIS DA FORMAÇÃO A 17 de janeiro de 1972 (Bol. Esc. No 11), foi público terem sido matriculados no Curso de Infantaria de Guarda, de acordo com os artigos 8 e 29 do Dec. 31488/52, alterado pelo Dec. 33053/53, e por se acharem amparados pela Portaria 121/COMGEP/70, a contar de 03/01/1972.

As manifestações emocionais vividas, quer sejam as negativas, quer sejam as positivas, transformaram este grupo de desligados no transcorrer de 1971 em um grupo coeso e fortalecido, que aguardou, ansiosamente, até os primeiros dias de dezembro daquele ano, a notícia de que, também, teria o reingresso na Força Aérea na nobre missão da Infantaria.

A 17 de janeiro de 1972 (Bol. Esc. no 011), foi público também que em consequência do item anterior, foram incluídos no Estado efetivo da FAB, como Terceiros Sargentos do Quadro de Infantaria de Guarda, subespecialidade de Fileira (QIGFI), na forma do Artigo 6o do Dec. 43920/58, a contar de 03/01/1972, os abaixo relacionados:

Requerimentos, deferimentos, exames médicos, análises do conceito militar e outras decorrências do reingresso foram cumpridas e no mês de janeiro de 1972 foi efetivada a matrícula no segundo ano do Curso de Formação de Oficiais de Infantaria de Guarda da EOEIG, correspondente à especialização de Infantaria, levando-se em consideração a compatibilidade das matérias básicas dos currículos da AFA e da EOEIG.

Adérito Ribeiro Antonio Carlos Moraes Hassan Antonio Gurgel de Amorim Filho Areovaldo Panadés Neto Artur Antônio de Abreu Santos Carlos Roberto de Oliveira Varela Cláudio Spínola de Carvalho Claudir Ferreira Jantália Cleiton Borges De Freitas Edilson Alcantara Duque da Silva Edmilson Coelho da Silveira Edson Ribeiro Mendes Hitoshi Yoshioka Jorge Vidal de Moura José Geraldo Martins Jurandir da Cruz Lucas Xavier Pinto Luiz Carlos Ferreira Prados Olavo Limeira Araujo Paulino Lima Telmo Ferreira Rosa Walter Kaneko Werner Gilberto Zimmer

Registro marcante durante o curso na EOEIG foi a calorosa acolhida pelos alunos que já frequentavam a escola e se referiam aos novos colegas chamando-os de “ex-cadetes”. Fatos pitorescos foram registrados, como “A mansão dos ex-cadetes”, residência de 17 componentes do grupo, e casamentos de ex-cadetes por procuração em que outro ex-cadete era o procurador da noiva. Marchas, instrução aeroterrestre, regulamentos, ordem unida, educação física, armamento terrestre, defesa antiaérea, cerimonial e outros tópicos compuseram a abordagem curricular da formação. Difícil era estabelecer expectativas para a Infantaria de Guarda, mas cada um do grupo sabia e acreditava que, de sua atuação na escola e posteriormente nas unidades de destino, resultariam contribuições valiosas para o engrandecimento da Infantaria na Aeronáutica.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Eventos na EOEIG

Eventos na EOEIG

19.5 TÓPICOS VIVENCIADOS 19.5.2 INSTRUÇÃO DE 19.5.1 INSTRUÇÃO DE INFANTARIA

PARAQUEDISMO

Início de uma Marcha. Embarque com destino à Instrução de Paraquedismo na Escola de Especialistas em Guaratinguetá.

Duque, Panadés e Cleiton, dentre outros, enfrentando o frio Curitibano no descanso da Marcha. Condicionamento para o salto de paraquedas.

Paulino, Martins, Jurandir, Hassan, Lucas e Kaneko, dentre outros, participando de um registro para a posterioridade.

Treinamento de aterrisagem.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Eventos na EOEIG

Eventos na EOEIG

Preparação para o salto.

O apogeu da instrução de paraquedismo.

A expectativa de embarque.

Acerto de Contas.

19.5.3 DEFESA PESSOAL

Vidal e outros na expectativa de embarque.

Lançamento.

Instrução de Karatê.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Eventos na EOEIG

Eventos na EOEIG

19.5.4 ATIVIDADE CÍVICA

19.5.5 ATIVIDADES SOCIAIS

Moradia dos ex-cadetes, nossa casa e nosso Lar, Curitiba-PR

Desfile de 7 de setembro de 1972 - Curitiba-PR.

Confraternização na Mansão: Hassan, Telmo, Duque, Cleiton, Jantália, Spinola, Jurandir e Edmilson.

Desfile de 7 de setembro de 1972 - Curitiba-PR

Vidal, Varela, Cleiton, Paulino Lima, Martins, Jurandir e o padrinho Fermiano, após cerimônia de Casamento.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Eventos na EOEIG

ASPIRANTADO

19.5.6 ESPÍRITO DE CORPO

19.6 ASPIRANTADO DA INFANTARIA

Ex-cadetes e ex-sargentos - uma só Infantaria.

Dispositivo de Início da Cerimônia.

23 ex-cadetes sempre unidos. Desfile em continência à Bandeira Nacional.

Infantes reunidos: Alunos e o instrutor Ten. Cel. Inf. Lins do Exército Brasileiro.

Júbilo dos Aspirantes de Infantaria.

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20 GALERIA DE FOTOS DOS ASPIRANTES

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Galeria De Fotos Dos Aspirantes 1971 20.1 AVIADORES – ESQUADRILHA A N T A R E S

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Galeria De Fotos Dos Aspirantes 1971 20.2 AVIADORES – ESQUADRILHA C A S T O R

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Galeria De Fotos Dos Aspirantes 1971 20.3 AVIADORES – ESQUADRILHA S Í R I U S

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Galeria de Fotos dos Aspirantes 1971 20.4 AVIADORES – ESQUADRILHA V E G A

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Galeria de Fotos dos Aspirantes 1971 20.5 INTENDENTES

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Galeria de Fotos dos Aspirantes 1972 20.6 INFANTES

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

21 PLACA DE BRONZE – ASPIRANTES AV. E INT. 71 E INF. 72

Em 1991, no Campo Fontenelle, Pirassununga– SP, foi afixada a placa de bronze alusiva à Turma Brigadeiro do Ar João Camarão Telles Ribeiro (Turma 1969 na AFA, Aspirantes 1971), ficando gravados os nomes dos cento e sessenta e cinco Aspirantes a Oficial diplomados pela Força Aérea Brasileira. Podem ser constatados nesta placa de bronze os nomes dos 109 Aspirantes a Oficial Aviador, 30 Aspirantes a Oficial Intendente, 2 Aspirantes a Oficial Aviador bolivianos e 1 Aspirante a Oficial Intendente boliviano, todos estes graduados na própria Academia da Força Aérea, em Pirassununga–SP, bem como os 23 Aspirantes a Oficial de Infantaria, estes últimos graduados em 14/12/1972, pela EOEIG Escola de Oficiais Especialistas e Infantaria de Guarda, em Curitiba–PR. Durante todo o curso até o evento de formação e diplomação desses Aspirantes a Oficial, o Comando da AFA foi exercido pelo Brigadeiro do Ar Geraldo Labarthe Lebre, e o Corpo de Cadetes foi comandado, no ano de 1969, pelo Ten. Cel. Av. Jorge José de Carvalho, sucedido pelo Ten. Cel. Av. Arthur Soares de Almeida, o qual, a partir de outubro de 1971, foi sucedido pelo Maj. Av. João Jorge Bertoldo Glaser.

22 AERONAVES UTILIZADAS PELA EAER E AFA ENTRE 69 E 71 22.1 FOKKER T-21 Uma das primeiras atividades realizadas pela Fokker após a Segunda Guerra Mundial foi o projeto de uma nova aeronave militar para treinamento básico de voo, o S-11 Instructor. O primeiro protótipo voou em Schiphol em 18 de dezembro de 1947.

Uma versão do S-11 equipada com trem de pouso triciclo, designada S-12, foi construída pela Fokker

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Indústria Aeronáutica no Brasil, e foi utilizada pela Força Aérea Brasileira (FAB) como T-22. O modelo produzido para a Força Aérea Brasileira foi S-11-4 e foram construídas 99 aeronaves, das quais 95 pela Fokker Indústria Aeronáutica no Brasil, operadas pela FAB entre 1956 e 1973.

Uma mistura de sal e combustível. Tive a honra de morar em tua casa. Campo de sonhos, Campo de esperanças... Campo dos Afonsos. Elevaste minha alma para que eu pudesse entender o vento. Tuas asas alaranjadas apoiaram inflexíveis meus sonhos e anseios.

Especificações do T-21: Tripulação: 2 Envergadura: 11 m Área Alar: 18,5 m2 Peso Carregado: 1.100 kg Motor 1x Lycoming O-435A, de 190hp (140 kW) Velocidade de Cruzeiro: 164 km/h (89 kt) Teto de Serviço: 3.850 m (12.630 ft) Comprimento: 8.18 m Altura: 2.22 m Peso Vazio: 810 kg Capacidade de Combustível: 150 l Velocidade Máxima: 209 km/h (113 kt) Alcance: 630 km (340 NM)

início...

Teus controles que pareciam ter vida própria no

Com o tempo foram incorporados aos meus músculos e nervos. O temor do descontrole e do caos deu lugar ao respeito aos nossos limites.

Aprendi os rigores da técnica e disciplina sem menosprezar a sorte e o instinto. Agora tenho asas. Em tua nacele entrávamos meninos e saíamos homens. Adeus velho amigo, tenho que seguir em frente.

Cabina do T-21 Conto “Fokker T-21 Formador de Homens...” – Narração do Vídeo Poético Homônimo.

Amado ou odiado, nunca te esqueceremos. Obrigado formador de homens.

Treinador primário em serviço na FAB de 1958 a 1973.

CRÉDITOS: “Fokker T-21: Formador de Homens...” Autor: Aderaldo Chaves Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=QLp-9CM-oQ8

Primeiro amor de alguns e algoz de outros. Em tuas entranhas, emoções conflitantes se misturavam aos teus cheiros e sons. Ansiedade, medo, satisfação e decepção eram o legado da instrução. Muitos ficaram pelo caminho. Lágrimas de felicidade ou desalento tinham o mesmo gosto.

Palavras do Autor: O Fokker S.11 T-21, é um avião biplace, lado-alado, asa baixa e trem de pouso não retrátil, com motor Lycoming de 190 Hp, 6 cilindros opostos, montado na Fábrica do Galeão – Brasil, sob licença da N.V. Nederlandsche Vliegtuigen-Fabriek Fokker – Holanda.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão 22.2 CESSNA T-37C

Foi usado entre 1958 e 1973 como treinador primário, onde os alunos do terceiro ano da EPCAR, primeiro e segundo anos da Escola da Aeronáutica, tinham sua instrução de pilotagem. Era o primeiro avião a ser solado pelos futuros aviadores, sendo, portanto, um prêmio para quem se adaptava ao voo e um castigo para quem não tinha as habilidades exigidas para ser um piloto militar. Permaneceu baseado no Campo dos Afonsos, sendo depois de 1973 repassado para aeroclubes no Brasil.

T-37C na instrução avançada da AFA.

Meu pai, o Cel. Av. Zózimo Aderaldo Chaves Filho, solou o T-21 em 21 de novembro de 1961, um dia depois de completar 19 anos. Esta é uma homenagem a ele e a todos os aviadores que iniciaram suas vidas como pilotos dentro deste verdadeiro formador de homens.

O Cessna T-37C é um avião birreator com trem de aterragem triciclo retrátil, biplace, lado-a-lado, designado pelo fabricante Cessna 318. Desenvolvido no início de 1950 como avião de instrução básica de pilotagem, para a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), foi exportado e usado na mesma função por diversas forças aéreas.

Aderaldo Chaves.

Capa do MANICA – Primeiro Desafio do Cadete Aviador T-37C, comando biplace e birreator. Em 1953 a USAF anunciou a vitória da Cessna Aircraft Company, na competição TX, e três protótipos foram encomendados, designados oficialmente pela USAF como XT-37 e pelo fabricante modelo 318. o primeiro dos quais fez o seu voo inaugural em 12/10/1954. Era uma aeronave de asa reta, a célula toda em metal e com o aluno e o instrutor sentados lado a lado No início de 1961, a Cessna começou o desenvolvimento de uma variante armada, destinada a complementar a instrução de pilotagem com a instrução de armamento. Modificou um T-37B, com as asas mais resistentes aptas a suportar até 115 Kg de armamento cada, para o que foram providenciados 2 suportes (um para cada asa), e incluiu a capacidade de utilização de tanques (tip tanque) de combustível de 245 litros nas pontas das asas, que podiam ser ejetados em caso de emergência.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

23 DISTINTIVOS UTILIZADOS A Turma AFA de 1969 foi agraciada com os talentos, da arte de pintura e desenho, de vários membros assaz criativos que foram capazes de resumir em símbolos os distintivos do sentimento de vibração em formato de emblemas e representando a amplitude de vibração da Turma com os aspectos de energia e força.

T-37C, resistência da variante armada.

Isto está documentado em forma de bolachas, flâmulas e escudos, que são apresentados a seguir:

O modelo foi destinado ao mercado de exportação no âmbito da assistência militar estadunidense, nunca foi usado pela USAF.

Bolacha da Turma na EAER. Usada à frente do macacão de voo sob o bolso esquerdo. Bolacha da Turma na AFA. Usada à frente do macacão de voo sob o bolso esquerdo.

Cabina do T-37C, visão dos instrumentos. O Brasil adquiriu 65 aeronaves T-37C. Os primeiros 40 aviões foram designados para a AFA, e, posteriormente, outros 25 foram adquiridos e utilizados no CFPM. Estas aeronaves foram utilizadas para instrução de voo avançada entre 1968 e 1978, quando começaram a ser substituídas pelo Neiva T-25, devido à falta de peças de reposição e fadiga do material. Um exemplar (FAB 0922) encontra-se preservado no Museu Aeroespacial (MUSAL); muitos foram para a Coreia do Sul. Especificações do T-37C: Motor: 2 turbojatos Continental J69-T-25 de 1.025 lb de empuxo Comprimento: 8,93 m Envergadura: 10,3 m Altura: 2,8 m Peso vazio: 1.755 kg Velocidade máxima: 684 km/h Alcance: 1.500 km

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

24 RELATOS EXTREMOS

Escudo do ETP usado na carenagem do T21 e na manga esquerda do macacão de voo.

24.1 PARAFUSO NÃO REVERTIDO Paulo César dos Reis Fernandes (Cowboy): O destino surpreende e reverte as vezes das melhores histórias. Pois numa tarde quente e corriqueira da primavera de 1969, quando o Corpo de Cadetes era impulsionado a alto nível de atividades nas salas de aula, no ginásio de esportes, quadras, campos e no ar, entre o Campo dos Afonsos, Jacarepaguá e a inabitada Barra da Tijuca, à época, a atividade aérea da AFA voava intensamente, mas surpreendeu a todos. O Cadete Av. Paulo Sérgio Lima da Silva (Paulinho) voava de saco com um instrutor quando observou uma aeronave T-21 comandada em parafuso. Manteve olho na manobra, esperando a finalização, porém gravou a violenta cena nas retinas e na mente, pois o parafuso não foi revertido, e a aeronave chocou-se com o solo, nas proximidades do que hoje é o Aeroporto de Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro-RJ. Providências imediatas foram tomadas pelo Instrutor, com limitação de rádio de comunicação desse T21, para socorro, resgate e início de uma tensa contagem dos aviadores que retornavam para o Estágio de voo. Cada Cadete que pousava, taxiava e estacionava no pátio era emocionalmente acompanhado e saudado. Logo o Corpo de Cadetes se deu conta que o Cadete Aviador Cowboy era o acidentado. A seguir, para alívio de todos, a operação de resgate anunciou que o bravo piloto sobreviveu. O Cadete Reis Fernandes permaneceu hospitalizado por um ano e meio, com o acompanhamento do Comando da AFA e de familiares. O Cadete acidentado provou ser muito forte (era campeão de Judô) pois deixou seu rosto e seu punho impressos no painel de alumínio do T-21 e guarda as cicatrizes pelo corpo e no rosto. Ele conta ter sido informado de que a manobra do acidente não foi revertida porque o cabo do aileron partiu-se ao ser comandado. Conta também que de nada se lembra dos dias que cercaram a data do acidente. Para todos os demais Cadetes do Ar, foi um dia para não ser esquecido, e o fatídico evento interrompeu a continuidade do Cadete Reis Fernandes no oficialato e na carreira de aviador da FAB.

Bolacha do Esquadrão T-37 AFA usada sob o bolso esquerdo do macacão de voo

Adesivo plástico autocolante do Esquadrão T-37

Flâmula Turma 1969. Usada em Eventos.

Escudo do ESPM usado na manga esquerda do macacão de voo

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão 24.2 ACIDENTE AÉREO COM FINAL FELIZ

e abandonar a aeronave, ou procurar local seguro e executar aproximação de pouso, como a fez. Era uma formação de três aviões, liderada pelo Maj. Av. Batista (Chefe do Estágio Primário–ETP), o Ala1 era o próprio Cadete Av. Paulino Lima, em voo solo, e o Ala-2 era o Cadete Av. Ferreira, em voo de cheque com o Maj. Av. Bertucio. O Ala-2 contou ter ouvido uma explosão, seguida de barulho trepidante aos poucos se afastando, enquanto o Ala-1 sumia do grupo. A formação de três aviões se reduziu a dois (em Elemento). O Lider dirigiu o Elemento ao céu da AFA, e comandou o combate (a temerosa “cobrinha”). “Queimaram uma lenha no céu”, acompanhada pelo Corpo de Cadetes no solo. A experiência fez o Líder vencedor, pois fechou o combate por “encaudar” o Ala-2 (derrota óbvia, por poucas horas de voo). Resulta uma moral: quando o piloto parte em voo, deve executar um bom “Briefing” e rezar para seus companheiros de voo, para que não se acidentem, pois o remanescente pode ser “encaudado” e sofrer em sacrifício! • • • • •

24.3 DIZ A SABEDORIA AVIATÓRIA Diz a sabedoria “aviatória”: Para toda decolagem, deve existir um pouso correspondente. Campo Fontenelle, 19 de outubro de 1971, período da manhã. Odin, estava de folga, céu azul, dia claro, excelente para voar. Na sala da Sirius o Cadete Barbosa recebe a plaquinha do T-37C 0877 e parte para mais um voo de acrobacias, solo. Corre até o quadro do Esquadrão, vira a plaquinha do 0877, segue para o equipamento, capacete, paraquedas, tudo OK, segue para o pátio de estacionamento, localiza a ‘máquina’, inspeção externa, embarca, inspeção interna e tome checklist. Partida dada, cheques feitos, flaps baixados, flap de mergulho checado, mecânico liberado... - Capela FAB 0877. - FAB 0877 Capela prossiga. - 0877 para o táxi, 40 minutos Taurus alta. - 0877 autorizado táxi, pista 01, reporte pronto. - 0877, ponto de espera pronto. - Livre posição e decolagem Taurus alta. - 0877 livre posição e decolagem.

Além do fã clube ocasional do Cadete Av. Paulino Lima, a reportagem não imaginaria o que se passou no ar, tal como a precisa decisão dele pela escolha entre saltar

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão Final livre... canopy travado... alinhado... freios aplicados... motores a 100%... tudo OK. E vamos nós! Velocidade aumentando... centro da pista... rotação... trem em cima... 1.000ft, proa de Santa Cruz das Palmeiras (agora a preocupação é a subida TO2kt/1.000ft). Na área, loopings, tounneaux lentos e barril, immelmanns e trevos. 10:24h checando o relógio tinha mais quatro minutos antes de iniciar o regresso. Quatro minutos? Dá pra fazer mais um trevo. Sendo assim, área clareada, 90%RPM, inicia-se a picada, 220kt, começa a cabrar e na vertical, gira-se para um ponto a 90º e completa-se a perna (o avião passou gozado pelo dorso). Nova perna, subida normal, porém, próximo ao dorso, o T-37C começou a tremer e pensei: “vou estolar”. De imediato, recuperação de voo vertical: motor a 100% gire para a asa baixa. Nada. Aeronave girando, veio o pensamento “vou entrar em parafuso”. Nesse momento, tive um lapso de memória, que voltou ao normal quando me vi com aeronave de nariz para baixo e girando (não me lembro bem para qual lado, talvez para o esquerdo). Constatado o parafuso, pensei: “Como se comanda um parafuso? (vamos assumir que fosse pela esquerda) motor reduzido, no pré estol, pé esquerdo a fundo, aguarda uma volta, centraliza os pedais e mantém o manche todo atrás. Como sair? Pé contrário a fundo, uma volta após, manche todo a frente e... Nada! ... Vamos de novo e??? Nada! .. e assim se foram várias voltas. Passando por 13.000ft, continuei numa sucessão de ‘vamos de novo’ seguidas por um nada até que, em determinado momento, apliquei 100% de RPM. Logo em seguida, veio a constatação: ‘estou nervoso, não tenho condições de tirar esse avião do parafuso’. Reduzi os motores para “idle” e decidi: ‘Vou me ejetar’. Nesse momento, o tempo parou. Soltei os comandos, repassei a posição correta para a ejeção, lembrei-me do Santilli que machucou o joelho durante a ejeção dele. Ajeitei-me na cadeira e comandei a ejeção do canopy; ato contínuo, encostei a cabeça no assento, apertei o gatilho e apaguei. Tal como dizem, nesse momento, um filme da minha vida passou muito rápido pela minha mente, mas, apesar da velocidade, eu via tudo de criança até a juventude.

“Acordei” me separando da cadeira e vendo o paraquedas piloto sacando o principal, ele estava tão perto da cadeira que pensei “vai enganchar”. Fui conferir a hora, porém, meu relógio havia sumido, fui procurar a imagem de Nossa Senhora do Loreto, mas ela não estava mais no cordão (Talvez tivesse saído para não deixar o paraquedas se enrolar na cadeira). Nesse momento lembrei: “Um mil, dois mil, Velame” e chequei o paraquedas todo aberto. Ótimo! A partir daí, fiquei vendo a queda do canopy e do avião que estava exatamente abaixo de mim. Neste momento eu dei uma “secada” nele e disse: – agora você não vai sair do parafuso sozinho; vá assim até o chão. E ele foi.

Me localizando na área, vi abaixo uma manada que presumi serem de vacas e pensei: – elas estão um pouco pequenas, devo ter me ejetado alto. Localizado na área, definido o caminho que iria tomar para ir até a estrada que usava como referência para as acrobacias, preocupei-me com o meu pouso. Escolhi uma clareira no cerrado e lá aterrei – de pé, sem rolamento, tal a tensão que estava. No solo, imediatamente de joelhos, agradeci a Deus por minha vida. Recolhi o paraquedas e parti na direção escolhida para a estrada que liga São Simão a Santa Rosa do Viterbo. Mal saí da clareira, apareceram algumas pessoas que viram minha ejeção e foram me procurar. Pedi uma carona para a cidade o que acederam. Após uma curva na trilha, pude ver as minhas vacas, a marrom, a preta, a branca e todas as demais, só que, não eram vacas, eram cabritos!!! Pensei novamente:– Acho que não estava tão alto assim. Em Santa Rosa do Viterbo, passei por um Posto Médico, Delegacia e liguei para a Academia, informei do

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão fato e acertamos que eles iriam me buscar na Fazenda Amália. Bom pessoal, essa é a minha história de um voo com uma decolagem e zero pouso.

Meu instrutor preocupado, balançava meu ombro e perguntava o que estava acontecendo, porque, em desespero por ar, eu literalmente arranquei a máscara, feri a boca que sangrava um pouco. Recobrado o ar, evento controlado, verificamos que na recuperação da picada, a máscara frouxa tinha escorregado pela pele suada e engolido a jugular do capacete, que também estava frouxa, obstruindo a válvula de saída de oxigênio da máscara. Regressamos para a Academia e preenchi Relatório de Perigo. Fiquei imaginado o que poderia ter acontecido se estivesse solo... Agradeci a Deus e ao meu instrutor por estar duplo e agora poder contar o fato. Lição para a vida: Nunca mais esqueci de ajustar corretamente a máscara e a jugular do capacete.

Cadete Aviador Marcy Drummond Barbosa de Castro • • • • •

24.4 JUGULAR FROUXA – INCIDENTE DE VOO – LIÇÃO DE VIDA JUGULAR FROUXA – INCIDENTE DE VOO – LIÇÃO DE VIDA Pirassununga, 1971. Como recomendado, tínhamos duas missões de voo preparadas à frente da que estávamos. Naquele dia, deslocamos pela manhã para a Instrução de Voo, fui para a Antares, vi meu nome no quadro para duas missões, surpresa inesperada: final e cheque de acrobacia! Foi quando vivenciei o efeito dominó da sequência de dois pequenos erros. Meu instrutor, terminado o bem detalhado brifim, disse: corre, equipa, vai para o avião, amarre-se, que já estou indo. Passei no banheiro, perdi algum tempo, equipei, fui para o avião correndo, fiz a externa rapidamente, amarrei-me e testei o oxigênio pois o tenente já estava entrando no avião. Decolamos, fomos para uma área alta, não lembro qual. Missões realizadas, aprovado no cheque, meu instrutor perguntou que manobra eu gostaria de aprender. A essa altura, com quase duas horas de acrobacias, eu estava encharcado de suor que escorria pelo rosto. No bute, os pés nadavam. Cadete “interessado” não segura a língua na boca. Respondi que seria tunô vertical. Brifim dado, piquei até a velocidade recomendada e puxei, com certeza, com mais “G” do que deveria. Apaguei por alguns segundos, ....ao voltar, cabeça abaixada, dificuldade de respirar, a primeira coisa que vi foram os pedais e lembrei que estava picando; instintivamente, cabrei forte para recuperar. O avião deu um salto, pois já estava nivelado.

Cadete Aviador José Eduardo Xavier • • • • •

25 CAUSOS CONTADOS 25.1 O CADETE QUE COMEÇOU O VOO EM UM AVIÃO E TERMINOU NO OUTRO Reminiscências de um Cadete Aviador. Vou inserir uma imagem que justificava a descrição detalhada de um cadete enrolado, isto é: “EMPENTELHADO”. A cena é de um cadete Aviador aprendendo a voar grupo na Esquadrilha Vega. Instrutor: Ten. Av. Guerra. Aguerrido e preparado para treinar bem os seus alunos, como tal, exigente, corajoso e audacioso. Pois bem, briefing realizado, e dado tempo mínimo para os pilotos em formação saírem da sala e se equiparem, partirem correndo para as aeronaves disponíveis para o voo e se instalarem na nacele do T-37, aguardando o Instrutor. 1o Ato – Pré-voo. O aluno iniciou o seu pré-voo na aeronave prevista. Iniciou o check externo pela nacele, ou seja, frente da aeronave, asa direita etc. e finalizou a vistoria na asa esquerda. 2o Ato – Desatenção. Me pergunto: o que me fez chegar àquela situação? Eis que, “derepentemente”, eu reinicio o check externo na aeronave estacionada ao lado da minha, pela asa direita e completando toda a revisão, e me instalo na nacele do T-37, pronto e ligado.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão 3o Ato – Instrução de voo. Meu treinamento foi realizado na ala do avião líder, pelo tempo previsto e execução das manobras “brifadas” no solo

Contaram que o Grupo de quatro Esquadrilhas de quatro aviões a fazer o desfile aéreo neste Dia do Aviador de 1970 estava incompleto, pois alguns oficiais instrutores estavam em missão, ou em treinamento em unidades militares fora da EAER. Decorrente disso, o Comandante da AFA Brig. do Ar Geraldo Labarthe Lebre teria dado ordem para que os oficiais instrutores de voo escolhessem oito voluntários para completar as quatro esquadrilhas. Assim, o mandado foi imediatamente cumprido, os oito Cadetes escolhidos, ainda em forma vestidos com uniforme de gala para o desfile militar, cumpriram o “Fora de fora, marche!”, correram eufóricos para trocar o uniforme de gala por macacão de voo e capacete e se apresentaram aos Estágios de voo. Qual Cadete não desejaria estar neste Grupo de Esquadrilhas?! Os oito cadetes sortudos que compuseram essas Esquadrilhas foram: Burnier, Barbosa Sobrinho, Block, Lages, José Eduardo, Dailson, Murad e um certo Cadete Av. Paulo, não sabido quem era até a data da publicação desta Revista. Assim sendo, fica então registrada a justa menção honrosa a estes sete conhecidos Cadetes Aviadores. Todavia, como não soubemos de quem se tratava e para não restar injustiça ao misterioso Cadete Av. Paulo, bem como em consideração a todos os demais corajosos aviadores do Corpo de Cadetes que trocariam seu par de coturnos pela oportunidade neste voo, gravamos a seguir também a menção honrosa representativa aos cadetes de prenome Paulo, em nome de todos os demais loucos para voar e arrojados cadetes:

4o Ato – Término da minha instrução. Após o treinamento do Cadete, houve a troca de lideranças de aeronaves, para a instrução do outro aluno. Em sendo realizada a manobra, eis que o Instrutor da outra aeronave, agora na ala, observa que o T-37, avião líder, não tinha a carenagem inferior do motor esquerdo. Então o tempo fechou, e a próxima instrução foi cancelada. 5o e Último Ato. Foi acionada emergência e o regresso da área de instrução foi tranquilo e sereno. Ressalta-se: toda área operacional da AFA preocupada, incluindo o Oficial de Operações atento, bombeiros a postos, para o pouso de emergência. Constatação: O aluno distraído, “empentelhado”, tinha realizado o pré-voo de sua aeronave, estendeu a vistoria externa no outro T-37, diga-se: INDISPONÍVEL PARA VOO! Observação: lembro-me perfeitamente da nossa chegada, instrutor – aluno, durante o regresso para a sala de briefing. O tempo fechou novamente com nível de estresse alto. Conclusões: confesso que a experiência valeu a pena e agradeço aos anjos da guarda pela proteção divina no real voo de experiência da aeronave em pane. E assim relembro um pequeno aspecto de um piloto militar da FAB, totalmente realista e realizado.

Cadete Av. Paulino Lima Cadete Av. Paulo César Corrêa Cadete Av. Paulo César Fonseca Viana

Cadete Aviador Júlio M. von Trompowsky

Cadete Av. Paulo Roberto Alonso Cadete Av. Paulo Roberto Mesquita

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Cadete Av. Paulo Sérgio Leite Botelho

25.2 O MISTERIOSO CADETE AV. PAULO NO VOO DE 16 AVIÕES

Cadete Av. Paulo Sérgio Lima da Silva Cadete Av. Paulo Thadeu de Oliveira Pimentel Cadete Av. Paulo Vieira Rocha

Ao longo da redação desta Revista, a gente ficava ansioso por completar uma história, ou arranjar alguém entre os colaboradores, ou mesmo entre todos os aspirantes, para que contasse mais um “tantin” de história, a fim de completar um fato. Ocasionalmente, a memória nos traía a todos.

Cadete Av. Vicente Paulo Pinto Machado

EQUIPE COLABORADORA • • • •

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão 25.3 CURTA SAGA DE UM AVIADOR Carlos Luciano da Cunha Este é o caso em que a surpresa enganou o próprio destino. Naquele ano de 1969, o clima no Corpo de Cadetes nos mostrava que o maior desejo era o Cadete Aviador solar seu avião, continuar em atividade aérea e nunca mais parar de voar. Isto é, uma vez nascido águia, águia para todo o sempre. Havia também, não uma disputa, mas uma ansiosa curiosidade entre todos ao Cadetes Aviadores de testemunhar aquele que haveria de solar o T-21 em 1o lugar. Não só por ser um feito incrível, aspirado, mas também para aumentar a confiança entre aqueles jovens que éramos altamente competitivos e que era factível nossa aprovação no voo solo pelo rigoroso Instrutor. A surpresa do destino foi que o Cadete Aviador Luciano logrou êxito na aprovação e ficou elogiosamente marcado como o primeiro Cadete da Turma 1969 a ser aprovado para o voo solo do T-21, pela competente avaliação do Instrutor, o Ten. Av. Leite (do ETP). Todavia, possivelmente, o Cadete deu-se por satisfeito na sua curta saga de aviador, dirigiu-se ao Comando do Corpo de Cadetes e solicitou desligamento do Curso de Formação de Oficiais Aviadores da FAB. Estávamos lá. Foi difícil acreditar.

Imagens recuperadas do Mosaico da poesia Si, no Mural localizado no CCAER – EAER, tradução do Dr. Samuel Ribeiro, e da estatueta Ícaro com Asas.

SI... Si puderes conservar a tua calma quando todos em torno de ti desnortearem e por isso te culparem,

Si puderes confiar em ti mesmo, quando todos os homens de ti duvidarem, mas também tolerar a dúvida deles, Si puderes esperar sem por isso te fatigares, ser caluniado sem teceres intrigas, ser odiado, sem te renderes ao ódio. e mesmo assim, não exaltares a tua bondade e nem falares com excessiva sabedoria;

26 DESTAQUES POÉTICOS 26.1 SI, DE RUDYARD KIPLING

Si puderes sonhar sem te deixares vencer pelos teus sonhos, Si puderes pensar sem resumires no pensamento o teu único

Emoldurada em destaque à entrada do Corpo de Cadetes da Escola de Aeronáutica e da Academia da Força Aérea, permanece uma filosofia de conduta de todos os Cadetes da Aeronáutica que passam por seus portões, alamedas, pátios, salas e cockpits. Abaixo da imagem recuperada do Poema SI, reproduzimos o texto original raiz com suas peculiaridades, do modo como encantou a todos os Cadetes à época da Escola de Aeronáutica que com a poesia se entreolharam.

objetivo

Si puderes aceitar o triunfo e o fracasso sem as distinções que os separam Si puderes ouvir a verdade que dissestes, deturpada pela má fé, para assim iludir aos parvos; ou contemplar, desfeitas as cousas a que devotaste a tua vida reunindo-as e reconstruindo-as com recursos gastos;

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão 26.3

Si puderes juntar tudo quanto ganhaste e tudo arriscar num golpe de aposta, perder e começar novamente do início sem nunca murmurares uma palavra sobre teu prejuízo Si puderes estimular o teu coração, nervos e músculos a te servirem mesmo depois que eles se tiverem esgotado e assim resistir quando nada mais sobrar da tua energia, excepto a vontade que exclama: "resiste!"

Você Elas já eram tantas E, no entanto, poucas foram. Poucas que são muitas Quando uma só quero ter. Guarda-me, flor querida, Cativo em seu seio, assim sou, assim quero ser, Prisioneiros dos seus olhos Porta de você.

Si puderes falar com multidões e manter tuas virtudes, frequentar os reis sem perderes a tua simplicidade;

Si nem os inimigos nem os devotados amigos puderem ferir-

te; Si confiares em todos os homens, mas em nenhum cegamente Si puderes preencher o inexorável minuto da tua vida com os sessenta segundos que representam o seu valor passado – o mundo será teu e tudo o que nele contém, e, o que é mais ainda, serás um homem meu filho! RUDYARD KIPLING TRADUÇÃO DO Dr. SAMUEL RIBEIRO

Grita-me, dor fundida. Assim sou, assim quero ser. Molhando sua face, Amor de você. Conte-me, som de vida! Assim sou, assim quero ser. Cantora pudica, União com você.

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26.2

VOCÊ

DO PIONEIRO CONTO, O APLAUSO

Digo-lhe, deusa amada, Assim sou, assim quero ser: Minha estrada sua estrada, Felicidade com você.

Do Pioneiro Conto, o Aplauso Cada passo uma aventura No compasso de meu passo Abraço uma aventura Tenho a ventura do passo E o calor do compasso Ao ver Mermoz A boa gente Mermoz Il est dans mon coeur E você também Que abraça a aventura, O vôo de encontro a alguém Quero levar o conhecimento, voando Vou levar o conhecimento, voando Quero unir o prazer de Olhos brilhando, de um rosto sorrindo, Por sobre o verde correr Por sobre o azul voar Por sobre o dourado amar Por sobre o branco morrer assim... Levarei, levarás O prazer de ter unido o céu e o mar Cadete do Ar Marco Aurélio Babadópulos • • • • •

Cadete Av. José Eduardo Xavier • • • • •

26.4

A AVE E O AVIADOR

Prefácio da poesia: em regra, uma poesia é resultado da inspiração do autor por razão de experiência emocional, amorosa, comportamento, natureza, beleza, arte, reflexão filosófica, história e cultura, entre outras razões relevantes. A poesia “A Ave e O Aviador” se encaixa entre estas causas, no teor de seus versos. Entretanto, ocorreu que ouvi do amigo colega Otto Leal de Brito, quando já Oficial Aviador da Turma 1971, seu relato do acidente, quando se chocou com um urubu no tráfego aéreo. A ave penetrou o cockpit da aeronave, danificou seu capacete, lesionou sua visão, o que lhe deixou semanas sem enxergar, até que se curou. Com sorte e competência, o copiloto salvou a arremetida e retornou seguro à base. Este relato impactante me inspirou a escrever a quarta estrofe desses versos, a partir da qual abriu-se a imaginação de muitos eventos ao longo da história aviatória para o repente poético.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão A Ave e O Aviador ● – Eu nasci com asas – Eu fui criado no ninho – Meu primeiro passo foi meu primeiro voo – Meu primeiro voo foi meu primeiro passo – Por que me invejas, Aviador? – Porque te admiro, suave Ave! – Minhas asas fazem parte do meu corpo – Visto asas de metal para voar – Vivo no frescor dos ares – Vivo nas alturas dos céus – Por que me invejas, Aviador? – Porque te admiro, suave Ave! – Sou natural, não faço briefing para voar – Minha destreza, só em briefing apercebido – Alguns de nós voam solos, alados, em bando – Voamos solos, ou alados – Por que me invejas, Aviador? – Porque te admiro, suave Ave! – Saímos ao ar e te encontramos no céu – Subimos ao céu e te encontramos no ar – Ruim para ti, ousado Aviador – Péssimo para ti, teimosa Ave – Por que me invejas, Aviador? – Porque te admiro, suave Ave! – Sou mais rápida do que o vento – Sou mais veloz do que o trovão – Caço em mar, ar, terra, floresta – Vigio em mares, terras e céus – Por que me invejas, Aviador? – Porque te admiro, suave Ave! – Desde o começo, bato asas, subo aos ares – No início, colei frágeis asas com cera e caí – Por séculos à frente alegre vivi – Por milênios sonhei teu voo imitar – Por que me invejas, Aviador? – Porque te admiro, suave Ave! – À natureza com meu voo dei beleza – Ao pioneiro 14-Bis lhe dei leveza – Cruzei rios, lagos e mares – Escalei mundos de Libellule ou Demoiselle – Por que me invejas, Aviador? – Porque te admiro, suave Ave! – Não temo tua audácia, destemido aviador – Animo-me querer teu voo, branda Ave – Migro de sul a norte e de norte a sul – Viajo de leste a oeste, dou voltas no globo – Por que me invejas, Aviador? – Porque te admiro, suave Ave! – Sendo águia, crocito, “croac, croac”, “cuá” – “Com a hélice, meu voo a roncar” – Se coruja for, chirrio, “uuh”, “uuh”

– “Com a metralha, na guerra a rugir” – Por que me invejas, Aviador? – Porque te admiro, suave Ave! – Procriei, polinizei, o mundo cresceu comigo – Sirvo nações, luto em batalhas e guerras – Vi a beleza no mundo espraiar – Minha esperança é a paz prosperar – Por que me invejas, Aviador? – Porque te admiro, suave Ave! – Pouso para descansar ao crepúsculo – Sem féria, decolo sob sol, decolo sob lua – Amanhecendo, acordo a cantar – Ao dia, à noite, a toda hora, pronto a voar – Por que me invejas, Aviador? – Porque te admiro, suave Ave! – Meu tamanho é pequeno, grande, belo corpo – Cockpit translúcido, minhas asas metálicas – Minhas penas, azuis, brancas, cores a voar – Carenagem desenhada, a nacele inovadora – Por que me invejas, Aviador? – Porque te admiro, suave Ave! – Voar para mim é missão sobrevivência – Voar para mim é amor, trabalho, diversão – Meu lazer, após o pouso, descansar, namorar – Meu lazer, decolar, pousar, cada hora a voar – Por que me invejas, Aviador? – Porque te admiro, suave Ave! – Sei que me invejas, atrevido Aviador – Sabes que te admiro a beleza, amena Ave – Tu não te cansas de me arremedar – Tu és meu estímulo de viver a voar – Para que então me invejas, Aviador? – Para que eu possa sonhar, suave Ave! Cadete Av. Francisco Tavares Ferreira • • • • •

26.5 INFANTES POETAS "REALIDADE" Discursos... Ordens do Dia... Assinaturas... Abraços... Felicitações... Enfim após anos de serviço, chegava ao ponto máximo de minha carreira. Aquilo que começara com um sonho de criança, chegava ao seu ápice. Do sonho e ideal, chegara à

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão consciência do bem servir à Pátria, e o havia feito. E como prêmio pelo esforço despendido chegara ao cargo sonhado por todo o militar. Eu era o Ministro. Mas minha mente não mais concentrava-se no que ocorria em minha volta. Eu agora relembrava os longínquos anos em que, ainda rapazote, ingressara como aluno na Escola Preparatória de Cadetes, em Barbacena, ou como cadete nos Afonsos... Mas eis que alguém toca-me no ombro e desperta-me daquele sonho maravilhoso, dizendo: - Acorda cara! Saiu o resultado do conselho de voo... - "Foste desligado"!!! Aluno Inf. Werner Gilberto Zimmer

Tentou erguer-se caiu Sua vontade... Ah! Sua vontade Nem viu. Tal qual ela ele era nada destinado a nada mais que verme... arrastando-se. Aluno Inf. Edmilson Coelho da Silveira "BRANCO" Reviso o suspiro Encadernado num canto. Páginas que o tempo destrói com saga... ponto finito no fugaz e róseo alento, que meu cérebro corrói pensando... ad eternum... rumo ao infinito.

"DESCONTINUIDADE" Tracei no espaço o risco sem fim Perdi-me na divagação do tempo Senti atropelar-me pelas ilusões Num suceder de ideias amotinadas

Aluno Inf. Edmilson Coelho da Silveira

Parei, senti e tomei senso de mim. O desespero, o eco no deserto campo Angustioso, silente e os corações Simples migalhas de vidas findas

27 MURAL INFORMATIVO E DE COMUNICAÇÃO DA TURMA

Minha asa fraturada no pesado espaço Soltando os laivos de dor e de pranto Senti suspiros de um derradeiro abraço Da aragem do campo atingindo-me o flanco Dizendo: não és mais quem eras, domina Teu pensamento, tua ideia e tua dor sublima.

O robusto acervo imaterial da Turma 1969 está integrado ao da Turma 66_69, ambas coleções bastante conhecidas por todos os membros e indissociáveis desde a origem mais remota. As Turmas são naturalmente mescladas, pois os elementos profissionais e de formação são comuns, sequenciados e de mesmos objetivos.

Aluno Inf. Edmilson Coelho da Silveira

“DESENCANTO”

Desde a criação, esse acervo vem sendo desenvolvido, aperfeiçoado e sempre dinamicamente disponibilizado a consultas, a novos enriquecimentos, a explorações gerais e, de alguns anos para cá, vem sendo disponibilizado nos seguintes endereços:

No repulsivo corpo Esprai-se tênue, impune toda vitalidade ... o fim. perdeu-se na têmpera De novos horizontes. Sonhou-se cavaleiro acordou cativo. Vangloriou-se amado acabou traído. Ao arrotear a terra ela negou-lhe sustento.

27.1 SITE DA TURMA Administrado por: Marcio Marques Soares Colaboradores:

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

28 HOMENAGEM AOS EDITORES DO JORNAL “O MEIA NOVE”

Plínio Buchhorn Bizzi Nelson Pereira da Silva Créditos a predecessores: Cícero de Oliveira Cruz Saul Maria Marques Júnior Otto Leal de Brito Portal da Turma 66/69: https://turma6669.com.br Livro de Fotos: https://turma6669.com.br/images/lfotos

Em nossos anos de Academia da Força Aérea, um grupo de Cadetes excepcionais dedicou seu tempo, paixão e habilidades para trazer à vida o nosso jornal O MEIA NOVE. Por ocasião da publicação da Revista A Esquadrilha 1971, queremos prestar uma sincera homenagem a esses editores extraordinários.

27.2 CADASTRO DA TURMA

Eles foram os contadores de histórias da nossa convivência, dos nossos enfrentamentos e das nossas expectativas. Sob sua liderança, o jornal encantou a todos nós, enquanto conduzíamos uma parte determinante de nossas vidas.

Administrado por: Otto Leal de Brito Colaboradores: Nelson Pereira da Silva Francisco Tavares Ferreira Cadastro da Turma https://drive.google.com/file/d/1trSIVn28CMTug kGhlR4UpNxaaoyQ8Ql_/view?usp=sharing

Hoje, olhamos para trás com gratidão pelas inúmeras horas de trabalho árduo, reuniões noturnas, doação das horas noturnas de estudo em favor da edição, obtenção difícil de patrocínio e prazos apertados que eles enfrentaram para nos proporcionar um jornal pleno de esperanças. Suas realizações brilharam como um farol de inspiração para todos nós.

27.3 INTERAÇÕES SOCIAIS Administrado por: Otto Leal de Brito Gravação do Encontro virtual dos 55 Anos EPCAR: Parte 1 https://drive.google.com/file/d/1jCxksK8MKRX5 7a1RLFMT-df1e_Q7PXiR/view?usp=drivesdk Parte 2 https://drive.google.com/file/d/1fCD6CKUaWNo KSPfke2OLFnHh57MNmGd5/view?usp=shari ng LINKS para conhecer e testar nossos grupos: SIGNAL https://signal.group/#CjQKIJuYzpvrWJn2pK3W KNUw8SUJxR3xI_XElxAHlYM_ObPvEhCzw Q4-W_4bwDQMKVS0kKOU TELEGRAM https://t.me/joinchat/TCdgJmfJppAOsMbH WHATSAPP https://chat.whatsapp.com/4MJfR02bFMbFbqIA AxkkuI

Àqueles jovens Cadetes que lideraram o nosso jornal O MEIA NOVE com dedicação e paixão, expressamos nossa mais profunda admiração, pois deixaram uma marca indelével em nossa alma, pelo que lhes somos agradecidos. Que o legado construído pelos Cadetes editores d’O MEIA NOVE seja percebido na Revista A Esquadrilha 1971, como uma luz sobre o caminho que traçamos.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

Com gratidão e respeito da EQUIPE COLABORADORA a: Alberto Mongelos Wallin Alcione Heliodoro Vianna Fernando A. S. Duarte Morais

Luiz Sergio O. Araujo

Reinaldo Afonso Silveira Vitor Berenguer Barbosa

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

29 EDIÇÃO DO JORNAL “O MEIA NOVE”

Jornal editado pela Turma de Cadetes 1969.

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A Esquadrilha 1971 – Turma Brigadeiro Camarão

30 AMIGOS QUE DEIXARAM SAUDADES

nascimento a morte do corpo físico, mas que é única para o Espírito imortal que experencia existências inúmeras no seu aprendizado intelecto moral.

POR: JORGE GODINHO BARRETO NERY

É com essa visão que, nesta oportunidade, recordamos dos amigos e irmãos de ideal que nos antecederam à verdadeira vida, com a convicção de que continuam vivos, ativos, aprendendo, crescendo intelecto moralmente para que em outra oportunidade vistam a indumentária carnal pelo renascimento em outras experiências na trajetória evolutiva que a Lei divina oportuniza a todas as criaturas.

A vida não se restringe ao período de uma existência. Seria ilógico nascer, viver um período existencial e com o fenômeno da morte tudo acabar, a razão e o bom-senso reage ao conceito finito da vida por várias razões, mas em especial, porque esse entendimento não responde aos porquês das diversidades, das diferenças que caracterizam os seres humanos e dos encontros que a vida oportuniza.

Rogamos ao Pai Celestial que os abençoe e fortaleça seus passos, renovando aos familiares que aqui ficaram a esperança e o consolo de que todos, nos encontraremos mais cedo ou mais tarde, na verdadeira vida, a espiritual.

Com a visão da imortalidade, passa-se a compreender melhor os desígnios do Criador, amoroso e bom para com suas criaturas que somos todos nós, irmãos em humanidade, porque filhos do mesmo Pai.

Nosso preito de gratidão pelo convívio fraterno e harmonioso enquanto estiveram entre nós na dimensão material e um até breve quando realizarmos a inevitável viagem de retorno aos páramos celestes.

Assim, a existência nos proporciona oportunidades variadas na relação com o próximo que, desde o nascimento, aprendemos a conviver de forma saudável e harmoniosa com os que nos são caros.

Dos amigos e irmãos da turma 66/69 aos que já se encontram desfrutando da vida espiritual.

Foi há mais de meio século que a existência proporcionou a jovens egressos de vários rincões do país, majoritariamente da EPCAR, dos Colégios Militares, de países da vizinhança e os agregados da turma anterior, se encontrarem por um motivo comum, fazer parte da família da Força Aérea Brasileira, FAB, na conquista de um ideal que conduziu ao acolhimento no lendário Campo dos Afonsos, a querida e inesquecível Escola de Aeronáutica, posteriormente na Academia da Força Aérea, onde os formandos prosseguiram na carreira militar. Durante este percurso fatos e experiências marcaram a trajetória dos jovens que ingressaram em 1966 e 1969 nas fileiras da FAB, alguns fizeram outras escolhas e grande parte permaneceu nas fileiras da FAB. Mas, todos, submetidos ao fenômeno da vida que nos conduz a outra vida, denominado morte, que chegou para alguns em tenra idade e para outros em idade mais avançada, porém cada um retornou da forma e no momento exato, cumprindo os desígnios divinos.

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Há dois mil anos a morte foi desmascarada quando o Meigo Nazareno ressurge após o Gólgota a demonstrar que a vida não se restringe ao período do

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