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Aerovisão 276 - Jul/Ago/Set de 2023

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Jul/Ago/Set - 2023 Nº 276 - Ano 50

ENTREVISTA

F-39 GRIPEN

Comandante de Preparo da FAB destaca evolução ao longo de cinco décadas

Pilotos da FAB concluem treinamento na Suécia para voar o Gripen

150 ANOS DE SANTOS DUMONT Confira os espetáculos aéreos, teatrais e musicais em várias cidades brasileiras


ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER


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Plano de voo Edição nº 276 Ano 50 Julho / Agosto / Setembro - 2023

Foto: Sargento Bianca Viol

Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

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ENTREVISTA Comandante de Preparo

Tenente-Brigadeiro do Ar Sergio Roberto de Almeida fala sobre evolução e transformações ao longo de mais de 54 anos de história do Comando de Preparo da FAB

OPERACIONAL Exercício Operacional Tápio 2023

Em Campo Grande (MS), militares da Marinha, do Exército e da Força Aérea Brasileira participam do Exercício Conjunto Tápio 2023, considerado um dos maiores treinamentos de guerra realizado pela FAB

EXPEDIENTE Publicação oficial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER). Esplanada dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar CEP: 70045-900 - Brasília - DF

Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Adolfo Aleixo da Silva Junior Vice-Chefe do CECOMSAER: Coronel Aviador João Gustavo Lage Germano Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Coronel Aviador João Gustavo Lage Germano Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação: Tenente-Coronel Aviador Igor Correa da Rocha

Tiragem: 6 mil exemplares.

Período: Julho/ Agosto / Setembro 2023 - Ano 50

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Chefe da Seção de Produção: Capitão Jornalista Emília Cristina Maria Edição: Tenente Jornalista Flávia Rocha (DRT - 1354/PI) Tenente Jornalista Johny Lucas (MTB - 1484/AM) Tenente Jornalista Gabrielle Varela (MTB 10234/ DF)

Contato: redacao@fab.mil.br

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Diagramação: Sargento TIN Fabiana Gomes da Silva Soldado SNE Arthur Augusto Aranha Revisão Ortográfica e Gramatical: Tenente QOEA Alex Alvarez Filho Suboficial SST Rogerio Braga Bandeira Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte. Distribuição Gratuita Acesse a edição eletrônica: www.fab.mil.br/publicacao/listagemAerovisao Impressão: Continental Editora e Gráfica


32 Foto: Divulgação

Foto: Comando Conjunto Ágata Fronteira do Norte

Veja a edição digital

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EXERCÍCIO AMAZONAS II Brasil, Peru e Colômbia realizam treinamento conjunto

Com o objetivo de treinar as tripulações para interceptações em regiões de fronteira, as Forças Aéreas do Brasil, Peru e Colômbia participaram, entre os dias 31 de julho e 06 de agosto, do Exercício Amazonas II

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OPERACIONAL Operação Ágata Fronteira Norte

F-39 GRIPEN Pilotos da FAB concluem treinamento na Suécia para voar o Gripen

Programa Gripen Brasileiro envolve uma grande transferência de tecnologia entre Brasil e Suécia e continua a todo vapor a interação entre os dois países, gerando benefícios para ambos os envolvidos

Reportagem mostra as principais ações das Forças Armadas na Operação Ágata Fronteira Norte, a exemplo de prisão de garimpeiros ilegais nas regiões localizadas na Terra Indígena Yanomami

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150 ANOS DE SANTOS DUMONT Shows nas alturas

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150 ANOS DE SANTOS DUMONT Espetáculos aéreos, teatrais e musicais

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INGRESSO Como se tornar um piloto da Esquadrilha da Fumaça?

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VOO MENTAL O sonho de Alberto no céu das Cataratas do Iguaçu

Confira o energizante “Circuito Santos Dumont 150 Anos” da Esquadrilha da Fumaça. Além do impactante show sobre as Cataratas do Iguaçu, destacamos as demonstrações em várias cidades do Brasil e no exterior

Reportagem explica como é a formação de um piloto da Esquadrilha da Fumaça e como é o curso especializado de demonstrações aéreas realizado para ingressar no time acrobático

Veja os principais momentos da cerimônia especial do dia 20 de julho, na capital federal, e as apresentações da Orquestra Sinfônica da FAB pelo país em homenagem aos 150 anos do Pai da Aviação

Gerente de Comunicação do Parque Nacional do Iguaçu, Wemerson Augusto, escreve sobre o papel de Santos Dumont na criação do Parque Nacional do Iguaçu

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Aos Leitores UMA FORÇA, MUITAS CAPACIDADES Um trimestre de comemorações, exercícios operacionais e muito trabalho entregue à sociedade. Com tantas nobres atividades desenvolvidas por nossa Força Aérea Brasileira (FAB), natural que nos deparássemos com um desafio: mostrar com fidedignidade um resumo de tamanhos esforços dos nossos militares nesta edição da Aerovisão. A capa da revista destaca o Exercício Conjunto Tápio 2023, considerado um dos maiores treinamentos de guerra promovido pela FAB. Realizado no Mato Grosso do Sul, o adestramento contou com a participação de militares das três Forças Armadas do Brasil e, ainda, da Guarda Aérea Nacional do Estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Nesta edição, o nosso entrevistado é o Comandante de Preparo, Tenente-Brigadeiro do Ar Sergio Roberto de Almeida, que fala sobre as estratégias a fim de preparar meios para uma Força Aérea cada vez mais operacional e moderna. Em julho, recebemos de volta ao Brasil a última turma de pilotos operacionais do F-39 Gripen adestrada na Suécia. Esses aviadores concluíram com sucesso o rigoroso treinamento para voar o multimissão. E por falar em motivos de celebrações, esta edição continua no ritmo de homenagens pelos 150 anos de Santos Dumont. Reportagens mostram os principais momentos da cerimônia do dia 20 de julho, na Capital Federal; as apresentações da Orquestra Sinfônica da FAB pelo país em homenagem ao Pai da Aviação; e, também, o “Circuito Santos Dumont 150 Anos” do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), a Esquadrilha da Fumaça. E para os curiosos e sonhadores, uma matéria especial conta os detalhes de como ingressar na Fumaça. Outros assuntos relevantes deste trimestre são as principais ações das Forças Armadas na Operação Ágata Fronteira Norte e, ainda, do Exercício Amazonas II, treinamento conjunto realizado por Brasil, Peru e Colômbia. Finalizando, no Voo Mental, o Gerente de Comunicação do Parque Nacional do Iguaçu, Wemerson Augusto, escreve sobre o papel de Santos Dumont na criação de local, um dos patrimônios mundiais naturais declarados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Boa leitura!

Brigadeiro do Ar Adolfo Aleixo da Silva Junior Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

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ENTREVISTA Comandante de Preparo da FAB destaca evolução ao longo de cinco décadas

F-39 GRIPEN Pilotos da FAB concluem treinamento na Suécia para voar o Gripen

150 ANOS DE SANTOS DUMONT Confira os espetáculos aéreos, teatrais e musicais em várias cidades brasileiras

Nossa capa: A capa desta edição, cuja arte é de autoria do Tenente Calazans e fotografia do Sargento Müller Marin, destaca o maior treinamento de guerra irregular da FAB: o Exercício Conjunto (EXCON) Tápio 2023, que ocorreu na Base Aérea de Campo Grande (BACG), no Mato Grosso do Sul, de 14 a 31 de agosto. Durante intensos dias de adestramentos e simulações, as Forças Armadas Brasileiras demonstraram coordenação e compromisso com o aprimoramento constante das suas capacidades operacionais. Desta vez, a Tápio reuniu cerca de 30 aeronaves e contou com a participação de militares da Marinha do Brasil (MB), do Exército Brasileiro (EB), da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Guarda Aérea Nacional do Estado de Nova Iorque (NYANG).


Palavras do Comandante SOB O FORTE PROPÓSITO DE SERVIR Nos meus mais de 300 dias à frente do Comando da Aeronáutica, tenho refletido sobre tudo aquilo que mais me fortalece na jornada como militar, profissional e cidadão brasileiro: a paixão por servir ao nosso país. Sem esse propósito fortemente arraigado no coração, de nada adiantariam os severos esforços, equipagens, tecnologias e treinamentos dos homens e mulheres da Força Aérea Brasileira (FAB). Nessa seara, somos eternamente soldados sedentos por entregar o nosso melhor para defender a nação em dias de guerra ou de paz. Com o foco em servir com excelência, nossos militares e civis da FAB valem-se de suas expertises e energias, dia após dia, nas diversas missões e serviços administrativos das nossas nobres Organizações. Diante das tendências globais contemporâneas, que nos ajudam a pautar as escolhas, e com uma visão de futuro de uma Força Aérea cada vez mais efi caz no desempenho de suas atribuições, seguimos firmes rumo à nossa concepção estratégica. Assim, realizamos, por exemplo,

o Exercício Conjunto Tápio 2023, q u a n d o p u d e m o s ve r d e p e r t o esse engajamento pela obtenção de constantes transformações operacionais. Nesse adestramento, a cooperação, o avanço doutrinário e o comprometimento incansável foram algumas das palavras-chave que resumiram o Exercício, consolidado como um dos maiores treinamentos militares simulados da América Latina. Na ocasião, as Forças Armadas brasileiras demonstraram a sua capacidade para atuar conjuntamente em cenários complexos. Ademais, também no mesmo trimestre, Brasil, Peru e Colômbia realizaram o Exercício Amazonas II, na zona fronteiriça que abrange as cidades de Tabatinga, no estado do Amazonas; Letícia, situada na Colômbia; e Iquitos, no Peru. Nessa oportunidade, mais uma vez reunimos militares brasileiros e estrangeiros em prol da troca de experiências e fortalecimento de laços com interesse na defesa aérea das nações envolvidas. Por fim, para compor o esforço principal da Defesa Nacional, reafirmo a importância de emoldurarmos

Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno Comandante da Aeronáutica nossas ações com a paixão de servir ao Brasil. Sem ela, esses treinamentos citados e muitas outras atividades não teriam o mesmo potencial de proporcionar o enriquecimento das capacidades operacionais e a gestão estratégica institucional. Imbuídos desse sentimento, seguiremos cumprindo com vigor as nossas responsabilidades, desde as mais simples às mais desafiadoras.

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ENTREVISTA

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Foto: Sargento Bianca Viol/ Força Aérea Brasileira

PREPARO DE EXCELÊNCIA Em constante evolução e transformações ao longo de seus 54 anos de história, o Comando de Preparo (COMPREP) é um dos Grandes Comandos fundamentais para promover a capacidade dissuasória da Força Aérea. Nesta entrevista, o Comandante de Preparo, Tenente-Brigadeiro do Ar Sergio Roberto de Almeida, fala sobre as estratégias a fim de preparar meios para uma FAB cada vez mais operacional e moderna. O foco é manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional. TENENTE JORNALISTA FLÁVIA ROCHA

Perfil O Tenente-Brigadeiro do Ar Sérgio Roberto de Almeida é natural de Porto Alegre (RS). Foi declarado Aspirante a Oficial Aviador em 1984 e atingiu o atual posto em 2020. Possui todos os cursos acadêmicos de carreira e ainda MBA em Desenvolvimento Gerencial Avançado – Gestão de Política e Defesa pela Universidade Federal Fluminense

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Aeronaves da FAB durante o Exercício Conjunto Tápio, treinamento realilzado em Campo Grande (MS)

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as atividades operacionais a serem cumpridas pelas Unidades Aéreas, de Infantaria e de Artilharia Antiaérea; b) Programa de Especialização Operacional (PESOP) e Programa de Elevação Operacional (PEVOP), onde constam todas as ações de Força Aérea que cada tipo de aviação ou projeto cumpre e,consequentemente, será treinada; c) Projeto de Atividades Operacionais (PAOP), que detalha como será

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Foto: Sargento Müller Marin Força Aérea Brasileira

A partir dele, são criados os planos, programas e projetos dedicados especificamente para orientar o Preparo Operacional de nossas Unidades Subordinadas. A título de exemplo, cito as mais importantes publicações operacionais que norteiam o Preparo Operacional: a) ICA 55-87 – Programa de Atividades Operacionais do COMPREP, que descreve todo o esforço aéreo a ser utilizado e lista todas

Foto: Sargento Müller Marin

O Comando de Preparo (COMPREP) tem como missão preparar meios de Força Aérea sob sua responsabilidade, a fim de manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional. Como se dá esse trabalho no dia a dia da Força Aérea Brasileira (FAB)? O COMPREP, como Órgão de Direção Setorial, elabora e segue as diretrizes do Manual do Processo do Preparo Operacional.

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Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

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Exercício Conjunto Escudo-Tínia, adestramento de Unidades Aéreas, em uma simulação de guerra convencional, com o objetivo de defender a soberania do espaço aéreo

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Foto: Sargento Müller Marin / Força Aérea Brasileira

. O F-39 é muito mais do que uma moderna aeronave de Caça. Ele é um sistema de informações aeroembarcado

realizado o treinamento previsto nos PESOP ou PEVOP durante o ano em curso. O cumprimento dessa legislação norteia o preparo da Força. Em paralelo, há o acompanhamento dessas atividades com a utilização de um programa corporativo, o Gestão Estratégica da Aeronáutica (GPAER), pelo qual o COMPREP verifica, em tempo real, como cada Unidade está cumprindo o seu PAOP. Como resultado desse ciclo, podemos aprimorar nossa doutrina de emprego, quando as Unidades validam os conceitos doutrinários já estabelecidos, ou novos conceitos são propostos. A FAB deu mais um passo rumo

ao objetivo de ampliar a capacidade de defesa e garantia da soberania do espaço aéreo do país e de suas fronteiras ao adquirir as aeronaves F-39 Gripen. O que a chegada de quatro unidades do caça representa de incremento operacional para a FAB? O F-39 é muito mais do que uma moderna aeronave de Caça. Ele é um sistema de informações aeroembarcado. Seus sensores produzem, processam e transmitem centenas de dados que servem para construir a consciência situacional na arena de combate. Aliado à sua performance aerodinâmica e armamentos inteligentes de última geração, ele é um vetor de Caça extremamente eficaz.

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O salto tecnológico e operacional com a entrada em serviço dessa aeronave é bastante significativo e vai colocar a FAB num patamar de equilíbrio com as principais Forças Aéreas do mundo. Quais têm sido as prioridades do COMPREP durante o comando do Senhor? Resgatar o sentimento de pertencimento dos pilotos, tripulantes e pessoal de apoio nas Unidades e Bases Aéreas. Dessa forma, conseguimos gerar uma sinergia capaz de nos tornarmos um time inabalável, prontos para cumprir com excelência as missões mais complexas que possam ser demandadas. Os Comandos Aéreos e as Bases têm passado por um processo de adequação de atribuições. O senhor poderia comentar sobre a importância desse momento? Na primeira etapa da reestruturação, com o foco na segregação das atividades operacionais e administrativas, as estruturas de apoio ficaram subordinadas a diferentes grandes comandos, e, dessa forma, as priorizações das atividades nem sempre aconteciam de uma maneira mais eficaz. Com o aprimoramento da reestruturação e a n o va a d e q u a ç ã o , a B a s e Aérea centralizou em um único Comando as estruturas operacionais e de apoio, o que permite um direcionamento mais oportuno do suporte em prol da operacionalidade. A separação das atividades permanece por meio dos Grupos subordinados ao Comandante da Base. O Comando Aéreo Regional (COMAR) atua como um grande supervisor das atividades de suporte que ocorrem nas Bases e promove a g o ve r n a n ç a i n s t i t u c i o n a l . Dessa forma, a sinergia entre

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Foto: Sargento Müller Marin/ Força Aérea Brasileira

Exercício Conjunto Tápio: Maior treinamento de guerra promovido pela FAB é realizado em Campo Grande (MS)

os níveis hierárquicos é aumentada, proporcionando uma eficiência maior nos processos administrativos e operacionais, sendo mantida a Unidade de Comando. Quais têm sido as estratégias para manter e melhorar a estrutura dos Esquadrões Aéreos? Na parte operacional, por meio da capacitação dos nossos recursos humanos, pelo aproveitamento pleno das horas alocadas para o treinamento das TTP (táticas, técnicas e procedimentos) e no incremento do treinamento simulado como complementação do voo real. Na parte de apoio, pela recuperação da infraestrutura das nossas Unidades, para que possam receber os equipamentos de suporte ao voo, cada vez mais modernos, e prover maior apoio ao homem que trabalha no dia a dia de nossos Esquadrões. No cenário atual, quais os principais desafios para aumentar a interoperabilidade entre as três Forças Armadas? O passo inicial é a necessidade de haver o conhecimento mútuo entre militares das Forças Singulares (FS), de como é feito o preparo e emprego das demais Forças, algo que tem que se iniciar ainda nos primeiros postos da carreira. Posteriormente, faz-se necessário aumentar a quantidade d e a t i v i d a d e s e f e t i va m e n t e conjuntas, para que fique nítida a necessidade de uma Força Singular no apoio de outra. Os Exercícios Conjuntos (EXCON) são excelentes oportunidades para tal, sendo que o COMPREP realiza e/ou participa de uma dezena deles durante o ano, como, por exemplo, o EXCON Tápio.

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Foto: Cabo Feitosa/ Força Aérea Brasileira Foto: Sargento Müller Marin/ Força Aérea Brasileira

Foto: Suboficial Johson/ Força Aérea Brasileira

O Comando de Preparo é considerado o eixo da defesa e da integração, no sentido de preparar os homens e mulheres da Força Aérea Brasileira para atuarem em qualquer circunstância no cumprimento da sua missão

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Foto: Sargento Bianca Viol/ Força Aérea Brasileira

O Tenente-Brigadeiro Almeida possui cerca de 3.700 horas de voo, sendo mais de três mil horas em aeronaves de caça. Já recebeu 21 condecorações nacionais e duas estrangeiras

O ponto chave dessa evolução está na governança de nossas ações. Sendo assim, estamos sempre priorizando as atividades que mais eficientemente colaboram com os processos finalísticos da Organização, sem, contudo, esquecer das ações administrativas que irão prover o suporte imprescindível para o preparo operacional.

O ponto-chave dessa

evolução está na governança

de nossas ações. Sendo assim, estamos sempre priorizando as atividades que mais eficientemente colaboram com os processos finalísticos da Organização, sem, contudo, esquecer das ações administrativas que irão prover o suporte

Em evolução constante, o Comando de Preparo tornou-se uma Organização moderna, inovadora e organizada por processos. O que o senhor pode destacar de novidades nesse novo contexto?

imprescindível para o preparo operacional.

Quais os principais desafios do Comando de Preparo do presente e como o senhor vê esse Grande Comando no futuro? A atividade operacional, ao incorporar meios cada vez mais avançados tecnologicamente, tem sofrido uma enorme elevação nos seus custos. Dessa maneira, o maior desafio do COMPREP é conseguir manter um nível de treinamento elevado com um orçamento que é limitado. Para tanto, o investimento em capacitação e especialização dos recursos humanos e em treinamento sintético é primordial para mantermos a nossa Força Aérea com um alto nível de operacionalidade, dentro das nossas restrições financeiras.

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EXCON TAPIO 2023

FORÇA AÉREA BRASILEIRA FINALIZA SEXTA EDIÇÃO DO EXERCÍCIO CONJUNTO TÁPIO

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Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

Atividades do Exercício Conjunto (EXCON) Tápio 2023 ocorreram na Base Aérea de Campo Grande (BACG) com intuito de treinar mais de 700 militares para situações comuns a conflitos irregulares. TENENTE JORNALISTA ENIELE SANTOS

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Foto: Soldado Riboli/ BACG

Aeronaves de transporte KC-30 e KC-390 Millennium foram fundamentais para a mobilização e desmobilização dos participantes do Exercício

H-36 Caracal desempenhou um papel essencial em missões variadas, demonstrando sua versatilidade e eficiência operacional

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do Ar Eric Breviglieri, o exercício se destacou pela tecnologia avançada empregada nas operações aéreas. “O implemento das tecnologias de ponta, hoje, é fator crítico para o sucesso da missão que desempenhamos. Essa implementação não depende apenas dos equipamentos, precisa também de treinamento, de um estudo árduo, para que possamos atingir os objetivos”, destacou. Durante o Exercício Conjunto Tápio 2023, as operações abrangeram uma ampla gama de atividades, desde resgates em situações perigosas até o transporte de tropas e cargas. A interoperabilidade entre as Forças Armadas foi um dos aspectos mais notáveis desse exercício. Essa colaboração reforçou a importância do trabalho conjunto e combinado para alcançar objetivos estratégicos e enfrentar cenários complexos.

Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

Após uma extensa série de treinamentos e simulações realistas e complexas comuns a conflitos irregulares, a Força Aérea Brasileira (FAB) finalizou o Exercício Conjunto Tápio 2023, que reuniu aproximadamente 30 aeronaves, 13 esquadrões e contou com a participação de militares das Forças Armadas do Brasil (Marinha, Exército e Força Aérea) e da Guarda Aérea Nacional do Estado de Nova Iorque (NYANG). Realizado na Base Aérea de Campo Grande (BACG), de 14 de agosto a 1º de setembro, esse exercício se destacou como um dos maiores treinamentos simulados da América Latina, demonstrando a capacidade das Forças Armadas para atuar de maneira conjunta e eficaz em cenários desafiadores. Conforme o Diretor do Exercício e Comandante da Base Aérea de Campo Grande (BACG), Brigadeiro

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Nesse sentido, o Brigadeiro do Ar Eric Breviglieri descreveu a sexta edição do Exercício Conjunto Tápio como exemplar, destacando o c o m p r o m e t i m e n t o i n c a n s á ve l dos aviadores em aprimorar suas habilidades operacionais. Assim, foram realizadas 200 missões e mais de 900 horas de voo, permitindo a simulação de uma ampla variedade de situações, desde operações de resgate e evacuação até defesa aérea e reconhecimento estratégico.

Podemos resumir o EXCON Tápio em uma palavra: preparo. Desde o planejamento, no qual os militares se debruçaram sobre a montagem de cenários complexos e realistas, até a execução, em que foi preciso estudar de forma meticulosa a geografia do terreno, ameaças e contingências, o Exercício Conjunto foi considerado um sucesso. Todos os envolvidos terminam as atividades com a sensação de dever cumprido. Pudemos aprimorar conhecimentos, habilidades e atitudes

Brigadeiro do Ar Eric Breviglieri

Diretor do Exercício e Comandante da BACG

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H-36 Caracal e H-60 Black Hawk, os caças A-29 Super Tucano e A-1, o avião-radar E-99 e o C-105 Amazonas, e a Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) RQ - 900, demonstraram suas habilidades específicas atuando de forma coordenada e integrada. O Comandante do Sétimo Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (7º/8º GAV) – Esquadrão Harpia, Tenente-Coronel Aviador Michelson Abrahão Assis, enfatizou que o EXCON Tápio é uma oportunidade valiosa para integração e treinamento em várias áreas, incluindo helicópteros, caças e transporte. “O Exercício também tem um propósito importante de demonstrar à sociedade brasileira a prontidão e à capacidade das Forças Armadas para proteger seus cidadãos”, explicou.

Foi a primeira vez que o RQ-900 participou das atividades de treinamento durante o Exercício Conjunto Tápio

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Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

Além dos resultados quantitativos, esta edição do Exercício Conjunto Tápio também se caracterizou pela troca de experiências e conhecimentos entre as diversas unidades presentes, o que enriqueceu a compreensão mútua e fortaleceu o espírito de equipe, aspectos fundamentais para o sucesso em operações militares conjuntas. As diferentes aeronaves envolvidas, como os helicópteros

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A I M P O R T ÂN C I A D O E X C O N T ÁP I O 2023 PA R A A S F O R ÇA S A R M A D A S B R A S I L E I R A S


As aeronaves A-29 Super Tucano e A-1 exerceram papel fundamental nas missões de guia aéreo avançado

Já o Comandante do Terceiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (3º/8º GAV) – Esquadrão Puma, Tenente-Coronel Aviador Leonardo Teles Gomes, frisou a oportunidade de aplicar o treinamento diário em um ambiente de operação conjunta. Ele acredita que o exercício promove o desenvolvimento da interoperabilidade e prepara as tropas para situações reais. Para o Comandante do Primeiro Esquadrão do Terceiro Grupo de

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Aviação (1º/3º GAV) – Esquadrão Escorpião, Tenente-Coronel Aviador Antonio Augusto Silva Ramalho, o EXCON Tápio 2023 ofereceu um ambiente realista que aprimora as habilidades dos pilotos em cenários de combate. Assim, ele destacou a importância da coordenação entre as equipagens e sua contribuição para o sucesso das operações terrestres. O Comandante do Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (2º/10º GAV) – Esquadrão

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Pelicano, Tenente-Coronel Emanuel Patricio Beserra Garioli, ressaltou o ano de 2023 como uma continuação do desenvolvimento da doutrina de execução da tarefa CSAR. Ele comentou que o exercício proporcionou uma oportunidade c r u c i a l p a r a a va l i a r a e f i c á c i a dos conceitos preconizados nas documentações e promoveu o intercâmbio de militares entre diferentes unidades da Força Aérea Brasileira.


Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

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Aeronave Radar E-99 no Exercício na Base Aérea de Campo Grande

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Por fim, o responsável pelas Operações do Primeiro Esquadrão do Décimo Segundo Grupo de Aviação (1º/12º GAV) – Esquadrão Hórus, Major Aviador Thiago Hamester Hunhoff, ressaltou que esta foi a primeira participação do seu esquadrão no Exercício. Ele considera que foi um avanço doutrinário significativo e destacou a importância da Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) em cenários de guerra irregular. As declarações dos Comandantes e Oficiais ilustram a importância do EXCON Tápio 2023 na preparação das Forças Armadas para enfrentar desafios complexos e enfatizam o compromisso contínuo com a excelência operacional e a capacidade de resposta em situações críticas. Suas palavras refletem o compromisso e a dedicação das tropas em aprimorar suas habilidades e fortalecer a capacidade de resposta em situações de conflito e emergência. Aerovisão

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Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

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Cerca de 700 militares estiveram em constante treinamento durante todo o Exercício


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FORÇAS ARMADAS COMPLETAM SEIS MESES DE AJUDA HUMANITÁRIA AOS POVOS YANOMAMI Desde janeiro de 2023, além da entrega de mais de 30 mil cestas de alimentos, as Forças Armadas também realizaram c e r c a d e 3 . 0 0 0 a t e n d i m e n t o s m é d i c o s , 2 0 2 E va c u a ç õ e s Aeromédicas (EVAM), além do emprego de mais de 6.000 horas de voo em ações na região. TENENTE JORNALISTA MARAYANE TENENTE JORNALISTA MYREA CALAZANS

terrestres e marítimos foram utilizados, mais de 400 indígenas transportados, mais de 30 mil cestas de alimentos enviadas, mais de 700 toneladas de cargas lançadas, 3.000 atendimentos médicos e 202 Evacuações Aeromédicas (EVAM) realizadas. O trabalho obstinado reflete a prontidão permanente e a dedicação

Foto: Sargento Figeuira/ CECOMSAER

Desde que o Governo Federal decretou estado de emergência em saúde pública nas Terras Indígenas Yanomami (TIY) até agosto de 2023, as Forças Armadas completaram seis meses de ações na região no âmbito das Operações Yanomami e Ágata Fronteira Norte. Mil e duzentos militares estão envolvidos nas ações, 63 meios aéreos,

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incansável dos militares da Marinha do Brasil (MB), do Exército Brasileiro (EB) e da Força Aérea Brasileira (FAB). Muitos deles deixaram as famílias por semanas, sem data para voltar, para prestar apoio logístico humanitário, prevenir e reprimir os crimes transfronteiriços nas Terras Indígenas Yanomami no estado de Roraima.


Foto: Comando Conjunto Ágata Fronteira do Norte

Foto: Comando Conjunto Ágata Fronteira do Norte

Foto: Comando Conjunto Ágata Fronteira do Norte

EVAM Uma das tarefas indispensáveis é a Evacuação Aeromédica (EVAM), que consiste em empregar aeronaves para remover e transferir pessoas feridas ou doentes para locais onde possam receber assistência médica adequada. Desde o início do ano, as Forças Armadas, em ação de apoio à Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), mantêm aeronaves e tripulações de sobreaviso, sete dias por semana, 24 horas por dia, para atender casos dessa natureza. Uma EVAM, por exemplo, prestou apoio a indígenas feridos após um confronto na região de Parima, dentro da TIY, no dia 03 de julho de 2023. Na ocasião, uma equipe de saúde local encontrava-se em perigo e isolada; portanto, foi necessário acionar as Forças Armadas, juntamente com a Polícia Federal (PF), para prover segurança, prestar assistência médica aos feridos e efetuar a EVAM.

CRIMES TRANSFRONTEIRIÇOS A Terra Indígena Yanomami é uma área de grande importância para a preservação ambiental e para a proteção dos povos indígenas que nela habitam. Os crimes transfronteiriços e ambientais decorrentes representam uma grave ameaça não apenas à fauna e à flora da região mas também aos direitos dessas comunidades tradicionais. Nesse cenário, o trabalho coordenado entre o Comando Conjunto Ágata Fronteira Norte e Agências e Órgãos de Segurança Pública (OSP), por meio da Operação Ágata Fronteira Norte, reafirma o comprometimento das Forças Armadas em manter seu esforço constante com ações preventivas e repressivas de combate aos ilícitos ambientais na TIY. No último balanço parcial da Operação, foram contabilizadas 140 prisões de suspeitos envolvidos com crimes transfronteiriços na região, permitindo uma redução de aproximadamente 90% nas atividades desse ilícito. Dessas, 18 foram efetuadas em apenas um dia, sendo cinco na região de Palimiú e 13 em Rangel.

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Foto: Comando Conjunto Ágata Fronteira do Norte

Foto: Comando Conjunto Ágata Fronteira do Norte

CESTAS DE ALIMENTOS No que tange à entrega de cestas de alimentos e ao transporte aéreo de suprimentos alimentícios, as Forças Armadas registraram um marco relevante na Operação ao entregar mais de 30 mil cestas de alimentos às comunidades nas Terras Indígenas Yanomami. Por meio do lançamento aéreo de CDS (do inglês Container Delivery System, que é um método comumente usado para a inserção aérea de suprimentos rapidamente para operações militares e de contingência), foram lançadas mais de 600 toneladas de alimentos. As cestas são fornecidas pela Companhia Nacional de Abastecimento e entregues na Base Aérea de Boa Vista (BABV). Após o recebimento, elas são preparadas por militares para serem lançadas de paraquedas. Cada CDS pesa aproximadamente 560 kg e são levados às comunidades indígenas pelas aeronaves da MB, do EB e da FAB. Ao chegarem na região, são recebidas no solo e estocadas até a efetiva entrega com apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), responsável por designar a comunidade que será abastecida com o mantimento além de acompanhar e entregar cada cesta disponibilizada.

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Foto: Comando Conjunto Ágata Fronteira do Norte Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

28 VOLTAS AO MUNDO... O KC-390 Millennium, o C-130 Amazonas e o C-98 Caravan são exemplos de aeronaves da FAB que contribuem para a chegada de alimentos às comunidades indígenas Yanomami. Cabe destacar que, no âmbito das Operações Yanomami e Ágata Fronteira Norte, também foi possível atingir o marco de mais de seis mil horas de voo nas ações humanitárias e de apoio ao combate aos crimes transfronteiriços e ambientais na TIY. Essas horas de voo equivalem, por exemplo, a cerca de 28 voltas ao mundo ou, ainda, à distância correspondente a três idas da Terra à Lua. Todo esse trabalho demonstra a prontidão das Forças Armadas na proteção das comunidades indígenas e no compromisso em preservar os recursos naturais para as futuras gerações.

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EXERCÍCIO AMAZONAS II

BRASIL, PERU E COLÔMBIA REALIZAM TREINAMENTO PARA CONTROLE AÉREO NA FRONTEIRA Cooperação e confiança: entre o final de julho e o início de agosto, a Força Aérea Brasileira, a Força Aérea Peruana e a Força Aeroespacial Colombiana uniram-se com o objetivo de aprimorar medidas de controle e coordenação entre os Centros de Operações Aéreas dos três países, estabelecendo procedimentos de transferência de tráfegos aéreos ilícitos ao cruzar suas fronteiras.

Foto: Sargento Lucas Nunes

TENENTE RELAÇÕES PÚBLICAS MARIZE TORRES

Os A-29 Super Tucano da FAB operam no projeto de Sistema de Vigilância da Amazônia

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Foto: Divulgação Foto: Sargento Lucas Nunes

Na abertura oficial da missão, cerca de 200 militares envolvidos se reuniram em Letícia, na Colômbia

A aeronave E-99 atua no monitoramento do espaço aéreo da região, visualizando toda a área de operação

Foto: Sargento Lucas Nunes

Aeronaves T-27 Tucano da Força Aeroespacial Colombiana e da Força Aérea Peruana

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Aprofundamento dos laços de confiança entre três Forças Aéreas da América do Sul. Entre 31 de julho e 06 de agosto, 200 militares participaram do Exercício Amazonas II, que envolveu a Força Aérea Brasileira, a Força Aérea Peruana e a Força Aeroespacial Colombiana com o objetivo de simular interceptações de aeronaves que trafegam ilicit ament e no espaço a éreo, ao cruzar a fronteira entre os respectivos países. O exercício abrangeu Tabatinga, Letícia e Iquitos, cidades situadas respectivamente no Brasil, na C o l ô m b i a e n o Pe r u . F o r a m cumpridos cerca de dois a três voos diários, em um esforço aéreo de 150 horas. As aeronaves da FAB empregadas no exercício foram: C-98 Caravan, A-29 Super Tucano, E-99 e H-60 Black Hawk. O Comando de Operações Aeroespaciais foi o responsável por coordenar, junto a todos os órgãos envolvidos, as necessidades a d m i n i s t r a t i va s , l o g í s t i c a s e operacionais do treinamento. “O Exercício Operacional Amazonas II foi uma importante oportunidade que a Força Aérea Brasileira teve de cooperar com a Força Aeroespacial Colombiana e com a Força Aérea Peruana no controle do espaço aéreo. Ele permitiu que essas três Forças exercitassem os procedimentos de coordenação, de maneira a realizar a transferência dos tráfegos ilícitos que estão sendo acompanhados, nos seus respectivos países, para que o outro país possa interceptar essa aeronave e tomar as medidas necessárias para o controle do espaço aéreo”, disse o Chefe do Centro Conjunto de Operações Aéreas, Brigadeiro do Ar Francisco Bento Antunes Neto.

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ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER


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PRONTOS PARA VOAR O SUPERSÔNICO Militares preparados para a nova era da defesa da soberania do país. A última turma de pilotos operacionais da Força Aérea Brasileira (FAB) enviada à Suécia concluiu com sucesso o rigoroso treinamento para voar o novo caça F-39 Gripen.

Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

TENENTE JORNALISTA GABRIELLE VARELA

A aeronave mais moderna em operação na América Latina, o F-39 Gripen, recebeu no Brasil a sua última turma de pilotos do caça adestrados na Suécia. Em mais uma fase de treinamento operacional, mais quatro militares da Força Aérea Brasileira (FAB) fizeram o Delta Conversion Training, que incluiu aulas teóricas, práticas e voos em simulador. Dividido em duas etapas, o curso para operar o moderno supersônico foi ministrado pelo Esquadrão P h o e n i x da F o r ç a A érea Su ec a, no Gripen Centre, na F 7 Wing, em

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Såtenäs, região oeste da Suécia. A primeira etapa foi o Conversion Training, que durou 11 semanas e 50 voos por piloto, sendo a operação básica do caça tanto em missões isoladas quanto em formação, nos períodos diurnos e noturnos. Já o Combat Readiness Training envolveu 25 voos em aproximadamente nove semanas, quando foram exploradas as capacidades de combate ar-ar do caça com o emprego dos mísseis, do canhão e da utilização da interface homem-máquina, um dos principais destaques do Gripen. O Capitão Aviador Rafael Rodrigo

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Mancin de Morais, do Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA) – Esquadrão Jaguar, participou do curso preparatório para pilotar o Gripen e detalhou essa experiência que o fez aprender muito. “Acredito que os sentimentos de realização profissional e responsabilidade se misturam. O sistema Gripen exige que o piloto esteja preparado para operar a aeronave em sua plena capacidade. Assim, precisamos estar diariamente estudando, entendendo cada um destes sistemas e nos preparando física e mentalmente para os voos. É um processo contínuo


Foto: Capitão Rafael Morais / 1 GDA

e diário que envolve satisfação e responsabilidade pela importância que tem para a FAB e para o país”, disse o Capitão Morais. O Gripen Centre na Suécia funciona como ponto central para a formação dos pilotos que vão operar o Gripen, tanto das nações estrangeiras quanto da própria Força Aérea Sueca. Ao longo do curso, os alunos treinam no JAS-39 Gripen C/D, de um e dois assentos respectivamente. Esse contato apresenta aos pilotos uma compreensão da filosofia dos sistemas, do seu modo de operação e de como funcionam os seus comandos de voo. Para o Capitão Aviador Gregor Gaspar, voar o caça sueco foi uma experiência marcante. “Tivemos a oportunidade de voar com os pilotos de Gripen mais experientes do mundo, alguns, inclusive, responsáveis pela implantação do Sistema Gripen na Suécia nos anos 1990. Pudemos aprender muito com eles e, assim, adaptarmos essa doutrina às necessidades da nossa nação. E isso não se trata apenas de como voá-lo mas sim de como operá-lo em sua plenitude”, descreveu o piloto do Esquadrão Jaguar. Da Força Aérea Brasileira, 17 pilotos já foram instruídos no centro de treinamento sueco, entre eles: o atual Comandante do 1º GDA, TenenteCoronel Aviador Gustavo de Oliveira Pascotto e o Tenente-Coronel Aviador Ramon Lincoln Santos Fórneas, ainda como Capitães, em 2014. Na sequência, foi a vez de três pilotos de testes do Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV), sendo o Tenente-Coronel Aviador Cristiano de Oliveira Peres, ainda no posto de Major, o primeiro brasileiro a voar o Gripen E, fechando, agora, em 2023, com as três turmas de quatro pilotos operacionais cada.

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FAB representada pelo 1º GDA no treinamento operacional na Suécia

Foto: Capitão Rafael Morais / 1 GDA

Foto: Capitão Gregor Gaspar / 1 GDA

A partir de agora, os pilotos, já devidamente capacitados, começam a aplicar a conversão da aeronave JAS-39C/D para a F-39E, e tem início com uma fase teórica e de simuladores para, então, posteriormente, fazerem os primeiros voos de adaptação à aeronave. Ao fim, realizarão uma fase avançada na qual aprenderão sobre as diferenças dos novos sensores e armamentos que serão empregados para a efetiva utilização do Gripen pela FAB. “Em paralelo a esse processo, temos o desafio de desenvolvermos e consolidarmos a doutrina operacional desse vetor”, finalizou o Capitão Gaspar.

Foto: Capitão Rafael Morais / 1 GDA

Pilotos participam de aula teórica no Gripen Centre na Suécia

Capitão Moraes se prepara para voar o moderno caça sueco acompanhado do instrutor

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Transferência de Tecnologia entre Brasil e Suécia Quando falamos de Gripen, além de interação e experiência, falamos em transferência de tecnologia entre Brasil e Suécia, o que gera benefícios para ambos os países. Nesse sentido, a transferência de tecnologia, por meio do Offset, assume importância estratégica, principalmente a partir do condicionamento da aquisição de produtos no exterior e a consequente transferência significativa de tecnologia.


Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

O sistema Gripen exige que o piloto esteja preparado para operar a aeronave em sua plena capacidade. Assim, precisamos estar d i a r i a m e nt e e s t u d a n d o , entendendo cada um destes sistemas e nos preparando física e mentalmente para os voos.

A Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), responsável pelo Projeto FX2, esclareceu que houve uma avaliação do processo de absorção de domínios tecnológicos a fi m de capacitar a indústria nacional para o desenvolvimento e produção de um caça de 5ª geração. No âmbito do Comando da Aeronáutica, dentre os fatores que despontaram como primordiais para a seleção do Gripen, no contexto do Projeto F-X2, pode-se elencar a transferência de tecnologia e os benefícios criados à cadeia industrial ao redor da produção da aeronave. Fabricadas e desenvolvidas pela empresa sueca Saab AB, em parceria

Capitão Aviador Rafael Rodrigo Macin de Morais

com o Brasil, as aeronaves adquiridas trazem benefícios relevantes para a área de Ciência e Tecnologia (C&T), promovendo a pesquisa e o desenvolvimento na área de tecnologias críticas, tanto nas relações da Saab com as empresas brasileiras beneficiárias quanto na interação do Brasil com as instituições de ensino suecas. Ainda segundo a COPAC, as aeronaves adquiridas já estão em pleno emprego no Brasil e, seguindo um cronograma específico, passarão por elevações de suas capacidades operacionais a fim de atender a todo o espectro de missões relativas às aeronaves de caça mais modernas do mundo.

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Foto: Capitão Rafael Morais / 1 GDA

É importante registrar que a aquisição de novas tecnologias e a capacitação das empresas nacionais fortalecem a Base Industrial de D e f e s a . E s s a o b t e n ç ã o e n v o l ve tanto bens e serviços, diretamente

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relacionados com o Gripen, quanto os não relacionados, beneficiando setores diversifi cados ao contribuir para a redução da defasagem tecnológica em áreas críticas.


Pilotos brasileiros e instrutores do Delta Conversion Training na Base Aérea Sueca

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150 ANOS DE SANTOS DUMONT Foto: Sargento Samuel Figueira/ CECOMSAER

FAB HOMENAGEIA PAI DA AVIAÇÃO E PATRONO DA AERONÁUTICA BRASILEIRA

Era uma vez um menino que sonhava voar. Há exatos 150 anos, ao meio dia de 20 de julho de 1873, nascia um desses personagens históricos, cujos inventos mudaram para sempre o modo de viver da humanidade. Para celebrar a vida, as obras e os valores desse grande pioneiro da aviação mundial, a Força Aérea Brasileira (FAB) realizou, na Base Aérea de Brasília (BABR), uma cerimônia especial em sua homenagem. TENENTE RELAÇÕES PÚBLICAS WANESSA LIZ

A celebração dos 150 anos de nascimento de Alberto Santos Dumont é uma oportunidade para relembrar seu legado e sua importância para a história da humanidade. O visionário brasileiro deixou um legado que ecoa até os dias de hoje. Seu trabalho incansável e sua dedicação incendiaram a paixão pela aviação, impulsionando o progresso e inspirando gerações futuras. Foi ele quem mostrou que os céus não eram apenas um sonho distante, mas um destino possível.

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Em uma solenidade realizada na Base Aérea de Brasília (BABR), no dia 20 de julho, onde estavam expostas as réplicas dos famosos inventos de Dumont, como o 14-Bis e o Demoiselle, ocorreu uma encenação teatral realizada por atores e militares da FAB, na qual os inventos tiveram papel importante, narrando a história de vida do Patrono da Aeronáutica Brasileira. O evento foi marcado pela presença do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, entre outras autoridades civis e militares.

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Com seus projetos revolucionários e invenções audaciosas, Santos Dumont rompeu barreiras, desafiou limites e provou que a determinação pode vencer até os maiores obstáculos. Para demonstrar toda a sua versatilidade, enaltecendo, assim, a obra do Marechal do Ar Alberto Santos Dumont, a Esquadrilha Fox, composta por Pilotos Veteranos da Força Aérea Brasileira, abriu o evento com sobrevoos em formação com as aeronaves RV7 e RV8. A conquista mais notável de Santos Dumont, o 14-Bis, foi um marco inegável


Solenizar esse obstinado gênio brasileiro, intitulado de ‘Marechal do Ar’ por seus grandes feitos à Aeronáutica brasileira, rememorando sua vida, suas obras e seus valores, é forma justa de reconhecer e contemplar sua pioneira e visionária atuação na aviação, que conduziu o mundo a um caminho sem volta rumo ao progresso

Foto: Sargento Samuel Figueira/ CECOMSAER

Foto: Sargento P. Silva/ CECOMSAER

Apresentação da Esquadrilha da Fumaça

na história da aviação. Ao decolar e percorrer uma distância considerável, Santos Dumont fez história, tornandose o pioneiro do voo motorizado controlado e cativando os corações de pessoas em todo o mundo. O Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz

Damasceno, destacou a importância de reverenciarmos a memória de Santos Dumont, um herói nacional que demonstrou a imensa potencialidade do ser humano, principalmente no que diz respeito à determinação de realizar, indo além do apenas desejar. “Solenizar esse obstinado gênio

brasileiro, intitulado de ‘Marechal do Ar’ por seus grandes feitos à Aeronáutica brasileira, rememorando sua vida, suas obras e seus valores, é forma justa de reconhecer e contemplar sua pioneira e visionária atuação na aviação, que conduziu o mundo a um caminho sem volta rumo ao progresso”, disse o Oficial-General.

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Foto: Sargento P. Silva/ CECOMSAER

Legado para o futuro Um dos momentos de maior emoção que destaca os valores altruístas de Santos Dumont, de suas doações sem esperar nada em troca, foi a chegada de uma aeronave C-99, trazendo a bordo a equipe médica e o representante de um doador e uma transplantada: duas vidas que foram impactadas, conseguindo doar e receber órgãos vitais transportados por meio de uma das mais nobres missões da FAB. Tendo sua vida salva devido à invenção de Santos Dumont, Agaliane Balbino de Souza recebeu, há seis anos, um transplante de coração. “Recebi a melhor notícia que poderia ter, um avião da FAB estava trazendo o meu coração. Foi graças a esse dia que pude ver meus filhos se formarem e meus netos nascerem”, relembrou. Dotado de um momento de devoção e altruísmo, Valdiney Moreira dos Santos conseguiu transformar dor em felicidade ao doar os órgãos de seu filho, Pedro. “Apesar de saber que meu filho não está mais aqui, fico feliz e com o coração calmo em saber que, por ele, eu pude ajudar oito pessoas que agora têm suas vidas restabelecidas. Tenho certeza de que ele está feliz com a minha decisão”, comentou. Relembrando sua coragem ao realizar voos pioneiros, as aeronaves da Força Aérea KC390 Millennium, F-39 Gripen, F-5, E-99, R-99, C-99, KC-30, A-1, P-3 e C-105 sobrevoaram a cerimônia, representando a evolução da aviação com os vetores utilizados atualmente. Esses sobrevoos também prestaram uma bela homenagem a Santos Dumont.

Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

Transição após passados 150 anos, a FAB hoje está voando com modernas aeronaves

Foto: Sargento P. Silva/ CECOMSAER

Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

Ator que interpretou o pequeno Dumont no início da encenação

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Encontro entre história e avanço da aviação: intérprete de Santos Dumont no moderno F-39 Gripen, representando a gratidão ao legado do inventor e o desenvolvimento tecnológico da aviação

Devido à invenção de Santos Dumont, Agaliane Balbino de Souza recebeu, há seis anos, um transplante de coração, e Valdiney Moreira dos Santos conseguiu transformar dor em felicidade ao doar os órgãos de seu filho Pedro


Entre os agraciados estava o VicePresidente da República, Geraldo Alckmin, que, ao receber a medalha, destacou a importância do Patrono da Aeronáutica Brasileira para o desenvolvimento do país

Foto: Sargento P. Silva/ CECOMSAER

Na cerimônia, foi realizada a imposição da Medalha Mérito Santos-Dumont a 190 cidadãos brasileiros e estrangeiros que tenham prestado notáveis serviços à Força Aérea Brasileira, além de militares do Comando da Aeronáutica que se destacaram no exercício de sua profissão, e militares das Forças Armadas nacionais e estrangeiras que tenham se tornado credores de homenagem especial.

Foto: Sargento P. Silva/ CECOMSAER

Imposição da Medalha de Mérito Santos Dumont

Foto: Sargento P. Silva/ CECOMSAER

Apresentação da Orquestra Sinfônica da Força Aérea Brasileira

Espetáculo à parte A homenagem à memória de Santos Dumont não apenas prestou tributo ao homem, mas também buscou inspirar jovens brasileiros a seguirem carreiras nas áreas de ciência, tecnologia e aviação, mantendo viva a chama do pioneirismo e da inovação que ele personificou. Assim, a FAB reafirma seu compromisso em continuar fomentando o desenvolvimento da aviação no Brasil, honrando o legado de Alberto Santos Dumont e olhando para um futuro repleto de conquistas e progresso no campo da aviação. O legado deixado por Santos Dumont possibilita à Força Aérea Brasileira o cumprimento de sua missão, que é “manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da Pátria”. A FAB é herdeira direta do espírito inovador de Alberto Santos Dumont, e o avião, idealizado por ele, ainda é o grande diferencial para o efetivo emprego do poder aeroespacial.

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150 ANOS DE SANTOS DUMONT

Concertos da OSFAB em homenagem ao Pai da Aviação são apresentadas em várias cidades do Brasil A Orquestra da Força Aérea Brasileira (OSFAB) encantou plateias pelo país com o Espetáculo “Santos Dumont – Vida, Obra e Valores”. No dia do aniversário de 150 anos do Pai da Aviação, em 20 de julho, a atração ocorreu no Teatro Pedro Calmon, na capital federal. Além disso, em uma experiência emocionante, a OSFAB se apresentou pela primeira vez na Sala São Paulo, uma das melhores salas de concertos do país. Outro evento inesquecível e inédito foi realizado no imponente Teatro Amazonas, em Manaus (AM). T E N E N T E S J O R N A L I S TA S F L ÁV I A R O C H A E J O H N Y L U C A S TENENTE RELAÇÕES PÚBLICAS MATEUS BENTO

A Orquestra Sinfônica da Força Aérea Brasileira (OSFAB) realizou uma série de concertos especiais pelo país em homenagem aos 150 anos de nascimento do Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira. O espetáculo “Santos Dumont – Vida, Obra e Valores” foi apresentado entre julho e setembro nas cidades de Brasília (DF), São Paulo (SP), Campos do Jordão (SP) e Manaus (AM).

No dia do aniversário de nascimento de Santos Dumont, em 20 de julho, a OSFAB realizou uma apresentação extra do espetáculo “Santos Dumont – Vida, Obra e Valores”. Devido ao grande sucesso de público, essa foi a segunda vez que a Orquestra apresentou concerto especial inspirado em Santos Dumont no Teatro Pedro Calmón, em Brasília (DF). Regido pelo Maestro Tenente Paulo

Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

Evento destaca os 150 anos do Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira

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Rezende e executado por 70 músicos, o repertório, que teve duração de 80 minutos, foi marcado por músicas clássicas eruditas e, também, por canções populares brasileiras. “É uma ocasião especial e significativa celebrar as contribuições desse grande pioneiro da aviação, conduzindo a Orquestra Sinfônica da FAB nesse concerto em homenagem aos 150 anos de Santos Dumont. Por meio da


Gonzalez; do Comandante da Força Aérea Uruguaia, General del Aire Luis Heber de Leon Pepelescov; do MinistroPresidente do Superior Tribunal Militar, Tenente-Brigadeiro do Ar Francisco Joseli Parente Camelo; entre outras autoridades civis e militares.

Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

foi criado”, expressou. No evento em Brasília, estiveram presentes o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, acompanhado do Comandante da Força Aérea Chilena, General del Aire Hugo Rodríguez

O concerto foi regido pelo Maestro Tenente Paulo Rezende e executado por 70 músicos, tendo duração de 80 minutos

Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

Na encenação, Santos Dumont foi representado pelo Sargento Amílcar Messias Acrizio

Foto: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

música, pudemos transportar o público para lugares inexplorados, despertar emoções profundas e inspirar sonhos audaciosos. Hoje, o palco do Teatro Pedro Calmón foi um portal que nos conectou com a genialidade e a coragem de Santos Dumont, e estou muito honrado por conduzir essa jornada”, disse o Oficial. Responsável por fazer o papel de Santos Dumont e escrever o texto teatral do espetáculo, o Sargento Amílcar Messias Acrizio falou sobre o sentimento de retratar o Pai da Aviação, que contou com a parceria da Oficina de Atores de Brasília. “Toda essa receptividade do público mostra o quanto nosso genial Alberto Santos Dumont é admirado pelo povo brasileiro. Retratar novamente o Pai da Aviação, neste palco, foi uma experiência carregada de emoções e sentimentos”, contou. O Presidente da Fundação Habitacional do Exército (FHE POUPEX), General de Exército Valério Stumpf Trindad, destacou a parceria entre a Instituição e a FAB para a realização do espetáculo. “É uma satisfação, um orgulho muito grande para a Poupex associar seu nome a esse grande evento, que comemora os 150 anos do grande brasileiro Santos Dumont”, ressaltou. Encantado, o pequeno Caio de Moraes Reis Meira Ribeiro, de 11 anos de idade, comentou sobre a apresentação. “Eu achei muito interessante, porque é bom a gente saber de um grande aviador, do Pai da Aviação, que graças a ele o avião

O espetáculo contou com a participação da Oficina de Atores de Brasília

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Foto: Sargento Viegas / CECOMSAER

A estreia da Orquestra da FAB na impressionante Sala São Paulo Reconhecida internacionalmente por abrigar apresentações musicais de alto nível, a Sala São Paulo recebeu pela primeira vez um concerto da Orquestra Sinfônica da Força Aérea Brasileira (OSFAB). Marcado por emoção, ineditismo e excelência, o espetáculo foi realizado no dia 15 de julho, dentro da programação pelos 150 anos do nascimento de Alberto Santos Dumont. A atração também integrou, simultaneamente, a agenda do 53º Festival de Inverno de Campos

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do Jordão, um dos maiores eventos de música clássica da América Latina, que, nesta edição, aconteceu tanto na cidade de Campos do Jordão (SP) como também na Sala São Paulo, na capital paulista. Na abertura do evento, o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, discursou para o público. “Nesta noite memorável, muito me honra, como Comandante da Aeronáutica, reviver, junto aos senhores e senhoras presentes, por meio deste inédito concerto ‘150 anos

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de Alberto Santos Dumont’, as memórias atinentes à vida, às obras e aos valores do nosso inesquecível compatriota”, ressaltou. Também esteve presente na abertura do musical o Comandante do Quarto Comando Aéreo Regional (IV COMAR), Major-Brigadeiro do Ar Luiz Cláudio Macedo Santos. “É uma oportunidade ímpar de estarmos nessa imponente sala de concertos, que é classificada como uma das melhores do mundo”, frisou o Oficial-General.


Santos Dumont, música e inverno em Campos do Jordão de Inverno de Campos do Jordão. Segundo o Regente da Orquestra Sinfônica da FAB, Tenente Paulo César Ramos Rezende, a oportunidade dos músicos da Força Aérea Brasileira se apresentarem nessas prestigiosas instituições é um sonho realizado. “A sensação de realização e de reconhecimento do nosso trabalho árduo é incrível. É um momento que

certamente ficará para sempre em nossa memória. A emoção vivenciada nesses palcos únicos é capaz de renovar a paixão pela música e nos motivar a continuar aprimorando nossas habilidades e a buscar novas oportunidades para se conectar com o público através da arte sonora”, comentou.

Foto: Sargento Viegas / CECOMSAER

Em um clima de alto inverno, Campos do Jordão (SP), município localizado na Serra da Mantiqueira, recebeu, por meio da música, a homenagem ao Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira. Em uma tarde de domingo frio, no dia 16 de julho, o público do interior de São Paulo prestigiou a apresentação da Orquestra Sinfônica da FAB, durante o 53º Festival

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Fotos: Suboficial Alexandre Manfrim

OSFAB no imponente Teatro Amazonas Piaf. Entre os destaques musicais de eventos comemorativos aos 150 anos apresentados, estava a Valsa Santos, de Nascimento do Pai da Aviação e aos uma homenagem que o Patrono da 40 anos de atuação do Sétimo Comando Aeronáutica recebeu em vida no jantar Aéreo Regional (VII COMAR). realizado pelo Aeroclube da França, No concerto, a Orquestra transitou por ocasião da celebração do prêmio entre os mais diversos gêneros, da valsa TENENTE RELAÇÕES PÚBLICAS MATEUS BENTO Deutsch, em 1901. A OSFAB ainda à bossa nova, incluindo uma seleção de prestou reconhecimento ao estado do obras de grandes compositores, como Amazonas ao tocar a canção “Feira Heitor Villa-Lobos, George Gershiw, da Panair”, do cantor Nícolas Júnior, Ary Barroso, Mozart Camargo e Edith

Fotos: Suboficial Alexandre Manfrim

O Teatro Amazonas, um imponente símbolo cultural de Manaus (AM) tombado como Patrimônio Histórico Nacional, recebeu, pela primeira vez, um concerto da Orquestra Sinfônica da Força Aérea Brasileira (OSFAB). O espetáculo ocorreu no dia 12 de agosto e foi inspirado na trajetória de Alberto Santos Dumont. A apresentação integrou o calendário

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Fotos: Suboficial Alexandre Manfrim

Fotos: Suboficial Alexandre Manfrim

Fotos: Suboficial Alexandre Manfrim

Fotos: Suboficial Alexandre Manfrim

e as tradicionais toadas dos Bois Folclóricos de Parintins, “Vermelho Garantido” e “Sentimento Caprichoso”. Na ocasião, o Comandante do VII COMAR, Major-Brigadeiro do Ar David Almeida Alcoforado, enalteceu o brilhantismo do espetáculo e homenageou o Pai da Aviação por suas obras que contribuem para o cumprimento da missão da Força Aérea na Amazônia. “Ficamos muito felizes em conhecer um pouco mais da história de Santos Dumont. Aqui estão homens e mulheres da Força Aérea Brasileira que representam uma gigante Instituição que atua na defesa, no controle e na integração d e s s e i m e n s o e va s t o t e r r i t ó r i o q u e é a Amazônia”, frisou o Oficial-General.

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Foto: Tenente Rogéro Sousa / Força Aérea Brasieira

150 ANOS DE SANTOS DUMONT

ESQUADRILHA DA FUMAÇA HOMENAGEOU SANTOS DUMONT EM CIRCUITO DE APRESENTAÇÕES NO BRASIL E NO EXTERIOR

O Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), mais conhecido como Esquadrilha da Fumaça, realizou, ao longo de mais de vinte dias, o Circuito Santos Dumont 150 anos, percorrendo várias cidades brasileiras: Guarantã do Norte (MT), Ariquemes (RO), Rio Branco (AC), Porto Velho (RO), Manaus (AM), Boa Vista (RR), Santos Dumont (MG), Petrópolis (RJ), Rio de Janeiro (RJ), São José dos Campos (SP), Foz do Iguaçu (PR) e Brasília (DF), além de ter participado da Feria Internacional Aeronáutica y Espacial (F-Air), na Colômbia, representando a Força Aérea Brasileira (FAB) e comemorando o Sesquicentenário do Pai da Aviação. TENENTE JORNALISTA SUSANNA SCARLET

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A primeira missão do Circuito aconteceu em Guarantã do Norte (MT), no dia 03 de julho

Foto: Tenente Rogéro Sousa / Força Aérea Brasieira

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Fotos: EDA

Fotos: EDA

Fotos: EDA

Paraná Um show aéreo especial sobre as famosas Cataratas do Iguaçu, no estado do Paraná, encantou o público, no dia 03 de agosto, numa tarde emocionante em uma das sete maravilhas naturais do mundo. Santos Dumont também é considerado o Pa i d o Pa r q u e N a c i o n a l do Iguaçu, pois foi um dos padrinhos e incentivadores para a criação da área de preservação ambiental. O espetáculo contou com sete aeronaves A-29 Super Tucano, com aproximadamente 50 manobras e 30 minutos de duração.

Acre Em sua apresentação na cidade de Rio Branco (AC), a Esquadrilha da Fumaça contou com as suas sete aeronaves A-29 Super Tucano, onde realizaram mais uma demonstração do circuito, escrevendo “Santos Dumont 150 Anos” no céu.

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Foto: Tenente Rogéro/ Força Aérea Brasieira Foto: Tenente Rogéro/ Força Aérea Brasieira

Rondônia Na capital de Rondônia, foi realizada uma belíssima demonstração com a presença de milhares de pessoas no Espaço Alternativo de Porto Velho.

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Foto: Tenente Rogéro/ Força Aérea Brasieira Foto: Sargento P. Silva/ CECOMSAER

Foto: Sargento P. Silva/ CECOMSAER

Foto: Tenente Rogéro/ Força Aérea Brasieira

Roraima No dia 09 de julho, foi a vez de Boa Vista receber o Esquadrão. A apresentação foi realizada no Parque do Rio Branco.

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Mais espetáculos aéreos Outras demonstrações foram realizadas em Santos Dumont (MG), no Rio de Janeiro (RJ) e em Brasília (DF), que também fizeram parte do Circuito Santos Dumont 150 anos.


Foto: Plínio Lins Foto: Plínio Lins

Colômbia Na Feria Internacional Aeronáutica y Espacial (F-AIR 2023), realizada em Antioquia, na Colômbia, foram quatro dias de demonstrações aéreas da Esquadrilha da Fumaça. O evento contou com milhares de espectadores e com muitas aeronaves em exposição, tanto militares quanto de empresas da aviação civil. A Força Aérea Colombiana, anfitriã do evento, colocou à disposição do público helicópteros, caças e aviões de transporte.

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ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER



Fotos: EDA

INGRESSO

COMO SE TORNAR UM PILOTO DA ESQUADRILHA DA FUMAÇA? Você certamente já se deparou com a pergunta: Como se tornar um piloto da Esquadrilha da Fumaça? Até chegar ao comando das aeronaves de primeira linha, o futuro piloto do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), nome oficial da Esquadrilha da Fumaça, tem um bom caminho pela frente. Nas próximas linhas, confira como seguir na direção desse grande sonho. SEÇÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO EDA TENENTE JORNALISTA MÔNICA LOPES

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Fotos: EDA

Em primeiro lugar, o candidato precisa ser um piloto da Força Aérea Brasileira (FAB). E para isso é necessário ingressar na Academia da Força Aérea (AFA), no quadro de aviação. São duas as maneiras de ingressar na FAB: por concurso militar de nível médio, para ingresso diretamente na AFA; e concurso militar de nível fundamental II, para ingresso na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR). Mas não para por aí! Para se tornar um piloto da Esquadrilha da Fumaça, é necessário percorrer uma extensa trajetória dentro da FAB até atingir a experiência requerida para se candidatar a uma vaga. O piloto da Força Aérea Brasileira, candidato a uma vaga no Esquadrão, necessita ter um mínimo de 1000 horas de voo, sendo 500 delas como instrutor, ou na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), ou no Segundo Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (2º/5° GAV) - Esquadrão Joker, em Parnamirim (RN). Uma vez atingidas essas marcas, o militar envia seu currículo ao EDA, que, anualmente, realiza um Conselho Operacional, quando os oficiais se reúnem para eleger, dentre os candidatos, aqueles que ocuparão as vagas disponíveis no ano. Ainda, antes da reunião do Conselho Operacional, os candidatos passam por entrevistas e dinâmicas de grupo com psicólogos do Instituto de Psicologia da Aeronáutica (IPA), os quais enviam ao EDA um relatório personalizado com os perfis dos voluntários. Além disso, todos passam por medições antropométricas que visam avaliar se o piloto está dentro do envelope do assento ejetável do A-29 Super Tucano, aeronave atualmente utilizada pela Esquadrilha. No Conselho, os oficiais do EDA avaliam e discutem, basicamente, aspectos operacionais, psicomotores, profissionais, disciplinares, sociais e comportamentais dos pilotos que se candidataram, sempre focados em eleger aqueles que melhor atenderão à missão de “realizar demonstrações aéreas a fim de difundir, em âmbito nacional e internacional, a imagem institucional da Força Aérea Brasileira (FAB)”. Após a escolha do Conselho, os nomes seguem para o Gabinete do Comandante da Aeronáutica (GABAER), órgão ao qual o EDA está subordinado, que realiza a aprovação final, bem como autoriza a divulgação dos escolhidos.

Piloto do EDA em treinamento de emergência simulada

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Fotos: EDA

Piloto do EDA em seu primeiro voo de treinamento na equipe

O momento da divulgação é sempre muito esperado, não só pelos candidatos que estão diretamente envolvidos mas também pelas Unidades Aéreas nas quais os pilotos candidatos servem, seus familiares, amigos e o público civil em geral, mais precisamente os fãs da Esquadrilha da Fumaça, os quais sempre questionam: “Quem serão os próximos pilotos?”. E assim ocorre a tão conhecida interceptação, quando, geralmente, um ou dois aviões do EDA decolam para divulgar por radiofrequência a informação ao novo piloto admitido pelo time. Como a Fumaça está sediada na AFA, normalmente a divulgação por meio de interceptação só ocorre com os candidatos que estão servindo como instrutores no 1° ou 2° EIA (Esquadrão de Instrução Aérea). Nas ocasiões, os A-29 aproximam-se dos T-27 ou T-25 durante seu voo e surpreendem os novos “fumaceiros” com a notícia. Uma vez transferido para a nova Unidade, o piloto selecionado começa o Curso de Piloto Operacional de Demonstração Aérea. Inicialmente, é feita uma preparação teórica com aulas sobre o A-29 Super Tucano e sobre a aerodinâmica do voo acrobático e a

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À direita, após o voo solo, o piloto é recebido com o tradicional “banho” baixa altura. Na sequência, é realizado o treinamento em simulador e o aviador prossegue para o voo propriamente dito. Para os pilotos que nunca voaram o A-29, é necessário realizar a formação na aeronave e um acúmulo mínimo de 80 horas de experiência antes de iniciar a parte específica. Para aqueles que já voaram na aeronave em unidades anteriores, é feita apenas uma readaptação (se for o caso) e já é dada continuidade à fase básica do curso. Na fase básica, os pilotos irão conhecer os procedimentos inerentes ao EDA e, principalmente, realizarão a adaptação ao voo acrobático a baixa altura e ao voo invertido em formação (próximo a outra aeronave). Nesse período, é realizado um total de 25 missões e, ainda, faz-se necessário um treinamento muscular com a finalidade de evitar lesões no ombro, que são comuns devido aos excessivos movimentos lateralizados de manche ao entrar e sair do voo invertido. A partir da conclusão dessa etapa, o curso torna-

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Ao chegar de seu primeiro voo solo, o piloto recebe o cachecol de seu instrutor

se individualizado, pois as missões seguintes são para o treinamento específico da posição que o piloto irá ocupar na Esquadrilha. Nessa parte (fase avançada) é realizada uma média de 55 missões. A maior parte do treinamento é feita com apenas dois ou quatro aviões, sendo que somente os últimos voos reúnem a equipe completa. A conclusão do curso é concretizada

com um voo solo, quando é feita uma demonstração com todos os sete aviões que compõem a formação. O novo fumaceiro recebe de seus instrutores o simbólico e tradicional cachecol e, a partir desse momento, o piloto está apto a realizar as missões do EDA com o restante do time. Assim, encerra-se uma importante fase do período em que o militar permanece no Esquadrão como piloto.

Ao longo dos demais anos, ele adquire experiência e torna-se instrutor de sua posição de voo, podendo transmitir seus conhecimentos e habilidades aos novos integrantes e ajudar a manter não só a segurança e beleza das mais de 4000 demonstrações da Esquadrilha da Fumaça, mas também a cultura e os valores que perduram por mais de 70 anos representando a Força Aérea Brasileira.

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Saiba mais Fotos: EDA

O Esquadrão de Demonstração Aérea surgiu na década de 1950 do entusiasmo e da dedicação de jovens aviadores da FAB, que de maneira pioneira desenvolveram, no Brasil, a acrobacia de alta precisão. Aos poucos, o grupo passou a se exibir para o público em geral, desenvolveu manobras ainda mais arrojadas, ganhou uma pintura dedicada para as apresentações e incorporou a fumaça branca, elemento que se tornou a marca registrada daquela unidade que passou a ser chamada, carinhosamente, de Esquadrilha da Fumaça. Em 1969, o time recebeu sete aviões a jato de fabricação francesa Fouga Magister, que operaram conjuntamente com os T-6 até o ano de 1972. Em 1976, com a aposentadoria do T-6, a Esquadrilha da Fumaça foi

Equipe de pilotos após o voo solo dos novos números 2 e 7

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Foto: Suboficial Johson/ Força Aérea Brasileira

Esquadrilha da Fumaça em Formação Delta 7

Novo número 7 da Esquadrilha recebe o cachecol de seu instrutor após o voo solo

temporariamente desativada, voltando em 1982 para operar, pela primeira vez, com um avião de fabricação nacional – o Embraer T-27 Tucano, nas cores vermelho e branco. Finalmente, em 2013, uma nova era se iniciou com a chegada dos novos Embraer A-29 Super Tucano. Para saber mais sobre ingresso na FAB, acesse o Qr Code abaixo.

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VOO MENTAL

Os artigos publicados nesta coluna são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente a opinião do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

SANTOS DUMONT E A CRIAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU Por Wemerson Augusto Gerente de Comunicação do Parque Nacional do Iguaçu

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antos Dumont encurtou as distâncias para a humanidade e deixou grandes legados, às vezes esquecidos ou desconhecidos dos brasileiros. O gênio brasileiro atingiu o ápice em sua carreira no dia 23 de outubro de 1906, após o histórico voo, no 14-Bis, às 16h45, no Parque de Bagatelle, na cidade de Paris, na França. Esse é um fato que tornou Dumont uma estrela da engenharia aeronáutica. E ele permanece sendo uma fonte inesgotável de inspiração que transcende o mundo da aviação. A forma como lidou com as suas criações o tornou ainda mais relevante. Sabedor de sua influência, seguiu uma agenda pública inspiradora pelo mundo. Nessa agenda concorrida, Santos Dumont foi convidado a participar da 1.ª Conferência de Aeronáutica Pan-Americana, em Santiago, no Chile. Ao retornar por Buenos Aires, na Argentina, chegou a Foz do Iguaçu, em abril de 1916, cerca de dez anos depois de ganhar os ares de Paris. Na cidade brasileira da Tríplice Fronteira, em 26 de abril de 1916, o “Pai da Aviação” visitou a área onde hoje é o Parque Nacional do Iguaçu,

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que abriga as Cataratas do Iguaçu, na fronteira com a Argentina. Quem levou o brasileiro foi Frederico Engel, dono do Hotel Brasil, o primeiro estabelecimento hoteleiro de Foz. Todos os registros dão conta de que Santos Dumont estava leve, em paz e observador. Topou o convite para conhecer e adentrar a mata, de carroça, para ver os Saltos de Santa Maria, como eram chamadas na época as Cataratas do Iguaçu. O trajeto durou aproximadamente seis horas. Ao concluir o passeio, o brasileiro ficou com dois sentimentos: o primeiro de alegria pelo que tinha vivenciado e pela oportunidade que aquele lugar poderia oferecer para o mundo; o segundo de tristeza ao saber que o local era uma propriedade privada, acessível apenas aos amigos do dono da “fazenda”, na época, o uruguaio Jesus Val. Após voltar das Cataratas, ao estilo da fronteira, teve festa para agradecer a visita de Santos Dumont, com um baile no Hotel Brasil. De forma disciplinada ao modo do gênio, na manhã do dia seguinte, ele e alguns moradores da cidade partiram a cavalo, antes de o Sol raiar, para a cidade de Curitiba, com o objetivo de conversar com o governador do estado. O aviador já havia visitado muitos parques e entendia a necessidade de as pessoas visitarem e conhecerem parques para colaborarem na conservação. Com essa pauta na

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cabeça, Dumont foi recebido por Afonso Camargo, que escutou atentamente os argumentos do “Pai da Aviação”. Dias depois da reunião, o feito do ilustre brasileiro já era um sucesso. O antigo proprietário havia sido indenizado, e toda a área das Cataratas e de seu entorno passou a ser pública, com a finalidade de permitir a visitação, conforme reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, do dia 11 de maio de 1916. Com muito domínio e segurança do que representariam as Cataratas para o mundo, o aviador disse, na entrevista intitulada ‘Conversando com Santos Dumont’: “O Iguaçu, sem exagero nenhum, é uma maravilha. Maior, muito maior que o Niagara.” Em 1939 a área foi ampliada para a criação do Parque Nacional do Iguaçu. Diante da grandeza de Santos Dumont, há uma praça e uma estátua sua no final da Trilha das Cataratas. No dia 3 de agosto de 2023, para reforçar os feitos e celebrar a vida e obra do brasileiro, o Parque Nacional do Iguaçu e a Força Aérea Brasileira proporcionaram uma apresentação histórica da Esquadrilha da Fumaça, em comemoração aos 150 anos de Dumont, para 3.643 visitantes de 42 países. Um dos atos mais belos e genuínos voltados ao Pai da Aviação, Patrono da Aeronáutica Brasileira e Pai do Parque Nacional do Iguaçu.


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