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Aerovisão 273 - Jul/Ago/Set de 2022

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GUERRA SIMULADA REÚNE 800 MILITARES

ENTREVISTA

Chefe de Assuntos Estratégicos do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas fala sobre interoperabilidade e defesa nacional

KC-30

Maior avião da história da FAB representa nova era para o transporte estratégico

OPERACIONAL

Saiba como foi o primeiro lançamento de carga da aeronave KC-390 Millennium no continente mais gelado do planeta

Jul/Ago/Set - 2022 Nº 273 - Ano 49
3 Abr/Mai/Jun/2021
ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER

Plano de voo

ENTREVISTA

Tenente-Brigadeiro do Ar Hudson Costa Potiguara, Chefe de Assuntos Estratégicos do EMCFA, fala sobre as prioridades da pasta, o seu relacionamento com o desenvolvimento estratégico nacional bem como sobre as ações para salvaguardar a soberania do País.

OPERACIONAL

Exercício Conjunto Tápio 2022 reúne mais de 800 militares

Treinamento de guerra envolveu militares da Marinha, do Exército e das Forças Aéreas Brasileira e Americana além de aproximadamente de 30 aeronaves

EXPEDIENTE

Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Adolfo Aleixo da Silva Junior

Publicação oficial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER).

Esplanada dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar CEP: 70045-900 - Brasília - DF Tiragem: 4 mil exemplares.

Período: Julho / Agosto / Setembro 2022 - Ano 49

Contato: redacao@fab.mil.br

Vice-Chefe do CECOMSAER: Coronel Aviador Luis Felipe da Silveira e Eliseu

Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Coronel Aviador João Gustavo Lage Germano

Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação: Tenente-Coronel Aviador Igor Correa da Rocha

Edição:

Tenente Jornalista Flávia Rocha (DRT - 1354/PI)

Aspirante Jornalista Eniele Santos (MTB - 0013149 /DF)

Diagramação: Subofi cial SDE R/1 Cláudio Bomfi m Ramos

Revisão Ortográfi ca e Gramatical: Subofi cial SST Rogerio Braga Bandeira

Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte.

Distribuição Gratuita Acesse a edição eletrônica: www.fab.mil.br/publicacao/listagemAerovisao

Impressão: Supergráfica

Edição nº 273 Ano 49 Julho / Agosto / Setembro - 2022
Foto: Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea Foto: Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
8 4 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
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58

KC-30

Uma nova era para aviação de transporte no Brasil

Com a nova aquisição, a FAB une as possibilidades do KC-390 Millennium às características de emprego estratégico do KC-30

INTERNACIONAL

FAB marca presença em feiras de aviação na Inglaterra

Na Royal International Air Tattoo (RIAT 2022) e na Farnborough International Airshow (FIA 2022), o Brasil foi representado por meio do maior avião militar multimissão desenvolvido e fabricado no hemisfério sul: o KC-390 Millennium

44

ANTÁRTIDA

Confi ra como foi o primeiro lançamento de carga no continente mais gelado do planeta realizado pelo KC-390 Millennium, aeronave de transporte tático militar da FAB

SALVANDO VIDAS

Transporte de órgãos: o voo da esperança

Uma corrida contra o tempo! Esse é o lema de quem depende de um novo órgão para sobreviver. Saiba como funciona o apoio da FAB ao Centro Nacional de Transplantes nessa importante missão

50

40 ANOS

Ingresso da mulher militar na FAB completa quatro décadas

A conquista de espaços cada vez mais abrangentes marca os 40 anos da mulher militar na FAB. Confira a evolução desse cenário em vários campos de atuação

66

VOO MENTAL

Coberturas de Missões da FAB

Artigo retrata o olhar do repórter Valteno de Oliveira nas suas coberturas jornalísticas durante missões da Força Aérea Brasileira na Amazônia e em outras regiões do país

Veja a edição digital
Foto: Sargento Müller Marin Agência Força Aérea Foto: Sargento Müller Marin Agência Força Aérea
38 5 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
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KC-390 Millennium lança carga na Antártida

Aos Leitores

FORTES MOTIVOS PARA COMEMORARMOS

Nesta edição mostramos muitos motivos para comemorar o Dia do Aviador e o Dia da Força Aérea Brasileira. Trazemos uma seleção de ações e conquistas mais recentes que mostram a nossa FAB cada vez mais pulsante. Nestas 66 páginas, há muitos assuntos para vibrarmos juntos, como militares e como cidadãos.

A reportagem de capa ilustra esse sentimento de vibração, na qual mostramos os melhores momentos do Exercício Conjunto Tápio 2022, que contou com participação de militares das três Forças Armadas e, ainda, de Força amiga, além de aproximadamente 30 aeronaves das Aviações de Caça, Transporte, Reconhecimento e Asas Rotativas.

Nas nossas páginas amarelas, entrevistamos o Chefe de Assuntos Estratégicos do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Tenente-Brigadeiro do Ar Hudson Costa Potiguara, que fala sobre um tema crucial para o nosso país: interoperabilidade e defesa nacional.

Para demonstrar que nossos avanços não param, contamos detalhes da chegada na nova aquisição da FAB: o Airbus A330-200, que foi convertido no avião KC-30, aumentando a capacidade da Força Aérea Brasileira em suas ações estratégicas, como reabastecimento em voo, apoio logístico, ações humanitárias e evacuação aeromédica, sejam elas nacionais ou internacionais.

Nesta publicação, o leitor poderá, ainda, conferir como foi o primeiro lançamento de carga no continente antártico realizado pelo KC-390 Millennium, aeronave de transporte tático militar da FAB; também, uma matéria especial sobre transporte de órgãos e outra sobre os 40 anos do ingresso da mulher militar na FAB; assim como também mostramos como o Brasil foi representado na Royal International Air Tattoo (RIAT 2022) e na Farnborough International Airshow (FIA 2022).

Na última página, o repórter Valteno de Oliveira relata o seu olhar nas coberturas jornalísticas durante missões da Força Aérea Brasileira na Amazônia e em outras regiões do país.

Boa leitura!

Brigadeiro do Ar

Adolfo Aleixo da Silva Junior Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

Nossa capa:

A capa desta edição destaca o Exercício Conjunto Tápio 2022, que ocorreu na Base Aérea de Campo Grande (BACG), no Mato Grosso do Sul, com uma série de novidades, como o Reabastecimento em Voo entre a aeronave KC-130 Hércules e os helicópteros H-36 Caracal, a Escolta de Comboio com apoio do Exército Brasileiro, o Ponto Avançado de Reabastecimento e Rearmamento (FARP, do inglês Forward Arming and Refueling Point) e, ainda, a recuperação de uma pessoa por meio de uma Rede de Apoio à Fuga e Evasão/Linha de Apoio à Fuga e Evasão (RAFE/LAFE).

6 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão

Palavras do Comandante

PIONEIRISMO QUE INSPIRA

Os feitos de um brasileiro no início do século XX mudaram para sempre os rumos da história da humanidade. Alberto Santos-Dumont, com sua perspicácia e coragem, fez voar o mais pesado que o ar. Aquele dia 23 de outubro de 1906, no campo de Bagatelle, em Paris, marcou o primeiro voo do 14-BIS, data que se tornaria, anos mais tarde, o Dia do Aviador e o Dia da Força Aérea Brasileira.

Os feitos do Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira nos inspiram até hoje. Buscamos a excelência em cada ação empregada em favor da soberania do nosso espaço aéreo. Adestramos as tropas constantemente, treinamos defesa, controle e integração a bordo de nossos vetores. Este ano, já realizamos o Exercício Conjunto (EXCON) Tápio, um dos maiores da FAB, com mais de 800 militares das Forças Armadas, além de aproximadamente 30 aeronaves, envolvendo Unidades Aéreas e de Infantaria.

Para o domínio integral do poder

aéreo, temos evoluído na modernização de nossas máquinas. Os dois Airbus A330-200 a serem convertidos em aviões-tanque, sob o programa KC-30 da FAB, já estão em operação a partir da Base Aérea do Galeão, dando maior versatilidade ao nosso transporte estratégico.

Investimentos como esse permitiram o sucesso da incorporação do KC-390 Millennium à Força. Esse vetor demonstrou sua alta capacidade de adaptabilidade ao realizar, em 2022, pela primeira vez, o lançamento de cargas no continente antártico. Aproximadamente dois mil quilos de suprimentos e materiais foram enviados para os integrantes da Estação Comandante Ferraz. Esse foi um grande marco para a nossa Aviação de Transporte. Além disso, o KC-390 fez seu primeiro Reabastecimento em Voo (REVO) em operação interncaional, durante o Exercício Multinacional Salitre, no Chile, no mês de outubro.

Esse rol de realizações inéditas na aviação, que se estendem desde

os idos de Santos-Dumont, muito nos orgulha e nos incentiva em busca de uma Força cada vez mais moderna e capacitada. Que esse 23 de outubro seja um novo marco inspirador para as futuras gerações continuarem em busca do magno espírito de servir ao Brasil, pátria de todos nós.

Capitão Cruz / 1º/1º GT 7 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Comandante da Aeronáutica Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior

Perfil

O Tenente-Brigadeiro do Ar Hudson Costa Potiguara é natural da cidade de Cáceres (MT). Foi declarado Aspirante a Oficial Aviador da FAB em 12 de dezembro de 1984 e, atualmente, é Chefe de Assuntos Estratégicos do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Possui todos os cursos acadêmicos de carreira e, ainda, MBA em Desenvolvimento Avançado de Executivos, com ênfase em Política e Defesa (UFF); Curso de Padronização de Instrutores de Voo; Curso de Administração de Suprimento e Manutenção; Curso de Planejamento e Controle da Manutenção; Curso de Preparação para Recebimento de Aeronaves; e Curso de Tiro de Combate

8 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão ENTREVISTA
Foto: Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

POLÍTICA E ESTRATÉGIA DA DEFESA NACIONAL

Na centralização e coordenação dos comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) tem a função primordial de assessorar o Ministro da Defesa em operações e exercícios militares conjuntos e na atuação de forças nacionais em operações de paz. Nesta linha, o Tenente-Brigadeiro do Ar Hudson Costa Potiguara tem a missão desafiadora de chefiar uma das ramificações do EMCFA, a relacionada aos Assuntos Estratégicos. Na entrevista, o Tenente-Brigadeiro Potiguara fala sobre as prioridades da pasta, o seu relacionamento com o desenvolvimento estratégico nacional, bem como sobre as ações para salvaguardar a soberania do País.

TENENTE JORNALISTA FLÁVIA ROCHA E TENENTE JORNALISTA ENIELE SANTOS

Uma das competências da Chefia de Assuntos Estratégicos do EMCFA é propor diretrizes e coordenar o planejamento, a execução e o acompanhamento dos temas destinados à política, à estratégia e aos assuntos internacionais na área de Defesa. Quanto a essa pasta, quais têm sido as prioridades durante o período que o Senhor está à frente dessa chefia?

Certamente, uma das atividades mais desafiadoras para um país consiste no seu planejamento de Defesa. A complexidade da tarefa e a extensão da responsabilidade exigem total comprometimento, profundo conhecimento e perfeita coordenação de esforços

entre todos os envolvidos. O Brasil é um país que valoriza a paz e a solução negociada dos conflitos. Entretanto, como dizia o Barão do Rio Branco, “Nenhum Estado pode ser pacífico sem ser forte”, de modo que o crescente desenvolvimento do País deve ser acompanhado pelo adequado preparo de sua Defesa. Por isso, o planejamento da Defesa Nacional é atividade da mais alta importância, a fim de garantir a consecução dos objetivos nacionais e a soberania da Nação.

A Chefia de Assuntos Estratégicos (CAE), subordinada diretamente ao Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, é responsável por coordenar a elaboração e a atualização dos principais documentos estratégicos

9 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão

da Defesa Nacional, por meio da Subchefia de Política e Estratégia (SCPE). A Política Nacional de Defesa (PND) é o documento de mais alto nível para o planejamento de ações destinadas à defesa do Brasil, estabelecendo os Objetivos Nacionais de Defesa para o preparo e emprego de todas as expressões do Poder Nacional. A Estratégia Nacional de Defesa (END) orienta todos os segmentos do Estado brasileiro quanto às medidas a serem implementadas para se atingir os objetivos estabelecidos. Este ano, daremos início ao processo de elaboração da PND / END 2024, que irá contar com a participação dos diversos setores do Ministério da Defesa, das Forças Armadas, de treze Ministérios, além de representantes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Em 2022, foi publicada a Instrução Normativa, por meio da Portaria GM-MD nº 3292, que estabelece diretrizes e responsabilidades para o processo de atualização da PND e da END, aprimorando a sistemática de elaboração desses documentos.

Além disso, neste ano foi lançada a atualização da Política Militar de Defesa (PMiD) e da Estratégia Militar de Defesa (EMiD), documentos classificados que estabelecem diretrizes estratégicas ao

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Nessa ótica, posso dizer que a prioridade da CAE é aprimorar continuamente, em coordenação com as Forças Armadas e com os diversos segmentos do Estado brasileiro, a elaboração dos documentos estratégicos da Defesa, mantendo-os atualizados e condizentes com um cenário em constante evolução, garantindo a nossa soberania e contribuindo para projetar cada vez mais o País no concerto das Nações.

preparo e ao emprego das Forças Armadas. As versões anteriores datavam do ano de 2005 e 2006, respectivamente. Considerando a evolução da conjuntura internacional e os novos desafios para a Defesa, essa atualização foi imprescindível, de forma a manter nossas Forças sempre prontas para enfrentar quaisquer ameaças aos interesses nacionais.

Nessa ótica, posso dizer que a prioridade da CAE é aprimorar continuamente, em coordenação com as Forças Armadas e com os diversos segmentos do Estado brasileiro, a elaboração dos documentos estratégicos da Defesa, mantendo-os atualizados e condizentes com um cenário em constante evolução, garantindo a nossa soberania e contribuindo para projetar, cada vez, mais o País no concerto das Nações.

Agora com o foco voltado à promoção dos interesses nacionais no exterior e visando contribuir para a projeção do País no cenário internacional, também priorizamos a participação de representantes do Ministério da Defesa (MD) e das Forças Singulares em organismos internacionais e fóruns multilaterais, como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP); a Junta Interamericana de Defesa (JID); dentre outros.

Também atuamos na realização de reuniões de diálogos político-militares, envolvendo integrantes de elevada hierarquia dos ministérios homólogos de Defesa e relações exteriores de nações amigas; participamos de encontros e reuniões bilaterais de Defesa; e buscamos maior aproximação com os Adidos de Defesa estrangeiros acreditados no Brasil.

10 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Arquivo pessoal

As Forças Armadas têm a responsabilidade constitucional de resguardar a soberania do País. Nesse contexto, como a estratégia de Defesa se relaciona com a estratégia nacional de desenvolvimento?

A Defesa e o Desenvolvimento nacionais estão intrinsicamente relacionados. Nenhum país pode ser forte militarmente sem possuir uma indústria de defesa robusta e com autonomia tecnológica. A PND elenca o Desenvolvimento e a Defesa, juntamente com a Diplomacia, como os três pilares da Concepção Política de Defesa, os quais requerem ações integradas e coordenadas, devendo ser explorados com maior ou menor profundidade, conforme o caso concreto.

O desenvolvimento está contido em um dos oito Objetivos Nacionais de Defesa, que consiste em “promover a autonomia tecnológica e produtiva na área de Defesa”. Refere-se ao estímulo à pesquisa de tecnologias críticas, assim como ao desenvolvimento da Base Industrial de Defesa (BID) e de produtos de emprego civil e militar, além da geração de empregos e renda. Também a END dedica um capítulo especial à BID,

afirmando que a Defesa e o desenvolvimento do Brasil são naturalmente interdependentes, configurando como fator preponderante para um eventual emprego da expressão militar.

Essa correlação entre Defesa e Desenvolvimento tem norteado os principais projetos estratégicos das Forças Armadas. Na história da Força Aérea, possuímos exemplos bastante eloquentes desse binômio, iniciando com a criação do então Centro Tecnológico da Aeronáutica em 1948, na atitude visionária do Marechal do Ar Casimiro Montenegro, e da EMBRAER em 1969. O desenvolvimento da indústria aeronáutica se iniciou com o Bandeirante e avançou continuamente, impulsionado pelos projetos da Força Aérea, que sempre priorizaram as áreas tecnológicas e industriais do País. Hoje podemos dizer que a aeronave KC-390 é a mais avançada concretização do binômio Defesa e Desenvolvimento no Brasil.

Atualmente, a BID representa 4,8% do PIB e suas exportações superaram a marca de 1,5 bilhões de dólares em 2021, um recorde para o setor, baseados em produtos de alto valor tecnológico agregado.

No contexto atual, quais os principais desafi os para coordenar a elaboração do planejamento estratégico de Defesa, de acordo com o Sistema de Planejamento Estratégico de Defesa do Brasil?

Todo o planejamento estratégico para o preparo e emprego do Poder Militar é balizado pela Sistemática de Planejamento Estratégico Militar (SPEM / MD51-M-01), documento também de responsabilidade da CAE, atualizado em 2018.

Esta sistemática e os documentos que a integram objetivam, entre outros, a construção das capacidades militares necessárias ao cumprimento da destinação constitucional das Forças Armadas. O foco é a orientação do preparo e do emprego das Forças, que envolve vários aspectos, tais como, a capacitação material e dos recursos humanos e o necessário adestramento, bem como a visualização de eventuais necessidades de articulação com as demais expressões do poder nacional.

Sobre as diversas etapas previstas nesse planejamento, destaco a elaboração de cenários prospectivos como

Na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o Tenente- Brigadeiro Potiguara representou o Brasil. A CPLP é uma organização internacional formada por países lusófonos, cujo principal objetivo é aprofundar a cooperação entre seus membros

11 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão Foto: Arquivo pessoal

um dos principais desafios. No nível setorial, que corresponde ao Ministério da Defesa, a CAE é responsável pela confecção do Cenário Militar de Defesa (CMD), que abrange um horizonte entre doze e vinte anos, possibilitando a formulação da Política Militar de Defesa e da Estratégia Militar de Defesa, além de ser importante subsídio para o Planejamento Baseado em Capacidades.

Um dos maiores especialistas em estratégia militar, o britânico Colin Gray, dizia que “o grande desafio é estar suficientemente certo sobre os problemas que podem afetar o futuro da Defesa do país”. E complementava que, no planejamento de Defesa, “erros táticos e operacionais sempre podem ser corrigidos, mas erros políticos e estratégicos duram para sempre”.

Em uma conjuntura mundial marcada por tensões, instabilidades e incertezas crescentes, a prospecção de futuros possíveis no ambiente de Defesa reveste-se de especial relevância, mas é também caracterizada por extrema complexidade. A obtenção das capacidades militares, decorrentes do planejamento e dos cenários considerados, é um processo longo e de custo elevado. Por essa razão, a CAE tem trabalhado em estreita coordenação com os Estados-Maiores das Forças Singulares e com os melhores especialistas em cenários prospectivos do país, a fim de aprimorar ainda mais a capacitação nessa área, consolidando um sistema de planejamento estratégico militar robusto, capaz de garantir nossa dissuasão diante das incertezas do futuro.

No que diz respeito à Junta Interamericana de Defesa (JID) e no contexto do fortalecimento da Segurança Hemisférica, qual tem sido o aporte do Brasil? E além disso, há outras atividades da CAE nesse escopo?

A Junta Interamericana de Defesa (JID) foi criada em 30 de março de 1942, por ocasião da Terceira Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas, no Rio de Janeiro, sendo a organização

Foto: Arquivo pessoal
12 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
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Em uma conjuntura mundial marcada por tensões, instabilidades e incertezas crescentes, a prospecção de futuros possíveis no ambiente de Defesa reveste-se de especial relevância...
Foto: Arquivo pessoal

regional de defesa mais antiga do mundo. Seu propósito principal é prestar à Organização dos Estados Americanos (OEA) e aos seus Estados-Membros serviços de assessoramento técnico, consultivo e educativo em assuntos relacionados a temas militares e de Defesa no Continente Americano, a fim de contribuir para o cumprimento da Carta da OEA.

Nesse contexto, o Brasil está presente na JID desde a sua criação, por meio da Representação do Brasil na Junta Interamericana de Defesa (RBJID). Vinculada à CAE, a RBJID tem como missão atender aos compromissos brasileiros na JID. Assim, a Chefia de Assuntos Estratégicos conduz os trabalhos e as articulações políticas no desenvolvimento de temas que são ligados à OEA e aos assuntos de Defesa, como Desminagem Humanitária, Livro

Branco de Defesa, Medidas de Fortalecimento da Confiança e da Segurança (MFCS), dentre outros.

É importante ressaltar que o Brasil tem se mantido na presidência do Conselho de Delegados da JID, que é o órgão responsável por elaborar e adotar as políticas e atividades da Junta, desde 2019. E isso, sem dúvida, contribui para a projeção do nosso País no cenário internacional, particularmente na esfera das nações do Continente Americano. Recentemente, o Brasil indicou um candidato ao cargo de Diretor-Geral da Secretaria da JID que, no último dia 25 de outubro, foi aceito por parte dos Estados-Membros e estará assumindo a função no próximo ano.

Hoje, o Brasil ocupa ainda o cargo de Vice-Diretor do Colégio Interamericano de Defesa (CID), componente educacional da JID, cujo mandato se

encerra em 1º de dezembro de 2022. Entretanto, o próximo Vice-Diretor, já eleito para mais dois anos de mandato, também é brasileiro, corroborando o prestígio e protagonismo do País no sistema JID.

Para que possamos ter noção do que isso representa, o CID tem como missão preparar os oficiais de alta patente das Forças Armadas, policiais nacionais e funcionários civis de governos de Países-Membros da OEA, para assumirem posições estratégicas de alto nível em seus respectivos governos.

Além da atuação junto à JID, podemos citar ainda a nossa participação na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e nas ações relativas às prioridades da Defesa no Atlântico Sul.

A CPLP é uma organização de países lusófonos, criada em 1996 e atualmente formada por nove Estados soberanos.

13 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
No Peru, o Tenente-Brigadeiro Potiguara representou o Ministro da Defesa em uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) Foto: Arquivo pessoal

Também a integram 32 observadores associados, sendo 28 Estados e quatro organismos internacionais, indicando um crescente interesse da comunidade internacional pela Organização.

Dispondo de um Secretariado Executivo e vários órgãos deliberativos, gostaria de destacar a componente de Defesa, cuja coordenação está a cargo do Secretariado Permanente para Assuntos de Defesa (SPAD), com sede em Lisboa, e o Centro de Análise Estratégica, órgão acadêmico daquela componente, responsável pela pesquisa, estudo e difusão de conhecimentos na área de Estratégia e Defesa.

No âmbito da CPLP, o Brasil exerceu o papel de Presidente do SPAD no ciclo 2021-2022, tendo conduzido a XX Reunião de Ministros da Defesa Nacional, na qual foi aprovado o “Mecanismo de Ações das Forças Armadas da CPLP para a Cooperação Mútua em Situações de Catástrofe”, permitindo a

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Atualmente, cerca de 80% do comércio mundial é realizado por via marítima, sendo que, no caso do Brasil, esse percentual ascende a mais de 95%, o que, de per si, já corrobora a importância do Atlântico Sul para o País.

sistematização das operações de assistência humanitária entre os Estados-Membros da Comunidade.

Ainda, coordenamos a XIV Reunião de Diretores de Política de Defesa Nacional, ocorrida na cidade de Salvador-BA, em outubro de 2021, em que importantes deliberações foram emanadas, como a resolução que atribuiu mandato ao Grupo de Trabalho de Operações de Paz para analisar e propor medidas que reforçam a cooperação entre os Estados-Membros no domínio das Operações de Paz da ONU, e a aprovação do Plano de Ação da Componente de Defesa da CPLP para implementação da Resolução 1325 (2000) do Conselho de Segurança da ONU sobre Mulheres, Paz e Segurança.

Em maio deste ano, participamos da XV Reunião de Diretores de Política de Defesa Nacional - representando o o Ministro de Estado da Defesa - , e da XXI Reunião de Ministros da Defesa

14 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Militares do Gabinete da CAE, em Brasília. A equipe é responsável por coordenar a elaboração e a atualização dos principais documentos estratégicos da Defesa Nacional Foto: Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

Nacional, realizadas na cidade da Praia, Cabo Verde. Na ocasião, assumimos os compromissos de acolher a 5ª Edição do Colégio de Defesa, em 2024, na cidade de Brasília-DF, cujo tema será “Coordenação Civil-Militar” (CIMIC); e de realizar, em 2025, o exercício FELINO, no formato Forças no Terreno.

Com relação ao Atlântico Sul, é importante frisar que ele está inserido como uma das prioridades de Defesa no nosso entorno estratégico, conforme estabelecido pela Política Nacional de Defesa.

Atualmente, cerca de 80% do comércio mundial é realizado por via marítima, sendo que, no caso do Brasil, esse percentual ascende a mais de 95%, o que, de per si, já corrobora a importância do Atlântico Sul para o País. Soma-se a essa constatação o fato de que extraímos de campos marítimos 97,4% do petróleo e 81,7% do gás natural, sendo a produção do Pré-sal correspondente a mais de 75% do total produzido no Brasil, conforme dados da Agência

Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), relativos ao mês de junho de 2022; os imensos estoques de recursos naturais marinhos que dispomos; o enorme potencial de geração de energia limpa, mormente eólica, passível de aproveitamento em nossas águas jurisdicionais; e a crescente importância dos cabos submarinos para as comunicações entre as nações, indicadores estes que vêm a reforçar a importância estratégica desse imenso espaço oceânico para o Brasil.

Convencido dessa importância, constatando o incremento de ilícitos transnacionais, crimes ambientais, atividades de pesca ilegal, não declarada e regulamentada, a presença de atores extra regionais com interesses diversos e focando especificamente na atuação da CAE, esta Chefia tem acompanhado e participado de distintos foros e discussões que tratam de temas atlânticos, como é o caso do Centro Atlântico, iniciativa portuguesa, estabelecida em 2021, que visa “contribuir para o desenvolvimento

de uma comunidade atlântica, centrado na segurança da região, no seu aspecto amplo, e comprometido com o desenvolvimento de iniciativas e ações cooperativas para enfrentar prioridades definidas conjuntamente, segundo o princípio da complementaridade”.

Atualmente, contudo, a atuação da CAE tem se concentrado em promover a revitalização da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS), criada por meio da Resolução 41/11, de 27 de outubro de 1996, da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), com o intuito de desenvolver uma maior cooperação regional para o desenvolvimento econômico e social, a proteção do meio ambiente, a conservação dos recursos vivos e não vivos e a manutenção da paz e da segurança no entorno dos 24 países que aderiram ao projeto, sob a perspectiva da integração multilateral.

O foco de atuação visa ao incremento do grau de institucionalização do fórum, com o estabelecimento de uma estrutura

Tenente-Brigadeiro Potiguara participou da Conferência dos Ministros das Defesas das Américas. A reunião multilateral é o principal fórum entre países das Américas no setor de defesa e segurança. Tem como principal finalidade promover o conhecimento recíproco, a análise, o debate e o intercâmbio de ideias e experiências no campo da defesa e da segurança

15 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Arquivo pessoal

de coordenação perene, como, por exemplo, um escritório, secretariado executivo e/ou secretaria(s) permanente(s), e à intensificação de suas atividades, em proveito do desenvolvimento e segurança da região. Assim, em coordenação irmanada com o Ministério das Relações Exteriores e com visões convergentes, estamos participando ativamente da preparação para a 8ª Reunião Ministerial da ZOPACAS, confirmada para o próximo mês de novembro, em Cabo Verde. Com esta reunião, há concretas expectativas de avanço no sentido de seu robustecimento.

Busca-se, nesse contexto, reforçar a liderança do Brasil no Atlântico Sul; fomentar sua projeção no Concerto das Nações; contribuir para a garantia das fronteiras marítimas; proteger seus recursos e interesses econômicos no mar, incluindo tanto os recursos vivos e não vivos, como os fluxos que se processam por meio das linhas de comunicação marítima; e reforçar o compromisso do País com a defesa da democracia, o cumprimento das leis no mar, a coope-

ração e a integração regional.

Em relação às atividades da Organização das Nações Unidas (ONU), no que diz respeito às atribuições específicas da CAE, como o Senhor tem pautado as ações correlatas?

A atuação da CAE em relação às atividades conduzidas no âmbito da ONU ocorre em interação próxima e alinhada com o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e em estreita coordenação com os Escritórios dos Conselheiros Militares da Missão Permanente do Brasil junto à ONU, em Nova Iorque, e da Representação Permanente do Brasil na Conferência do Desarmamento, em Genebra.

Dentre os diversos temas conduzidos, estão em voga os afetos às atividades internacionais associadas ao desarmamento, com destaque para os eventos relacionados ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), ao Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR) e à Convenção para Proibição de Armas Biológicas (CPAB). Eu não poderia deixar de citar também

a coordenação, no nível estratégico, das atividades internacionais relacionadas às Operações de Paz e Desminagem Humanitária de interesse para a Defesa.

O Brasil sediou recentemente a XV Conferência de Ministros de Defesa das Américas (CMDA). Qual foi a participação da CAE na organização e condução do evento?

A XV CMDA foi um dos maiores eventos recentes coordenados pelo nosso Ministério da Defesa. Ela representou o coroamento do ciclo presidido pelo Brasil no biênio 2021-2022, ao longo do qual, além da Plenária e da respectiva Reunião Preparatória, foram conduzidos três Grupos de Trabalho (GT) ad hoc que abordaram os seguintes temas: “Mulheres, Paz e Segurança”; “Ciberdefesa e Ciberespaço”; e “Cooperação em Assistência Humanitária e Socorro em Casos de Desastre”.

O Presidente da XV CMDA foi o próprio Ministro de Estado da Defesa do Brasil e o CAE atuou como Secretário-Geral e Presidente da Comissão

político-estratégica aos
Unidos da
16 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Em visita
Estados
América, o Tenente-Brigadeiro Potiguara entregou a memória institucional da XV CMDA à JID e participou de reunião com o diretor do CID
Foto: Arquivo pessoal

Organizadora, a quem coube, entre outras atribuições, apoiar o Ministro da Defesa na condução da Conferência e participar do processo de planejamento, direção, execução, controle e avaliação da organização do evento.

Esse foi o primeiro evento presencial dos Ministros de Defesa das Américas no período pós-pandemia. Os trabalhos ocorreram em Brasília, entre os dias 25 e 28 de julho de 2022, com a participação de 22 Estados-Membros, quatorze dos quais estavam representados por seus Ministros ou Secretários de Defesa ou Segurança, fazendo-se presentes, também, dois países observadores e nove representantes de organismos internacionais.

Além das alocuções dos chefes das delegações participantes e das conclusões e recomendações dos GT’s instituídos, dois temas extraordinários foram aprovados para discussão durante o evento: “O Papel das Forças Armadas Frente a

Fluxos Migratórios”, introduzido pelo Comandante da Força-Tarefa Logística Humanitária – “Operação Acolhida”; e “Fortalecimento da Dissuasão Integrada: Ar, Terra, Mar, Espaço e Ciberespaço”, discorrido pela Subsecretária de Defesa para Defesa Interna e Assuntos Hemisféricos dos Estados Unidos da América.

A XV CMDA culminou com a assinatura da Declaração de Brasília pelos Estados-Membros presentes, na qual reafirmaram, dentre outros, o compromisso pelo cabal respeito à Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA), assim como à Carta Democrática Interamericana, seus valores, princípios e mecanismos.

Além da Política e Estratégia, a CAE é responsável também pela gestão dos assuntos internacionais do EMCFA. Qual a importância das relações internacionais para a Defesa Nacional?

As relações internacionais são essenciais para a Defesa Nacional. Como já mencionei anteriormente, a diplomacia é um dos três pilares da Concepção Política de Defesa, prevista na PND. Além disso, dos oito objetivos nacionais de defesa, dois deles referem-se às relações internacionais (contribuir para a estabilidade regional e para a paz e segurança internacionais; e incrementar a projeção do Brasil no concerto das nações e sua inserção em processos decisórios internacionais).

A diplomacia militar, realizada por meio dos Adidos Militares, bem como pelas reuniões bilaterais entre países, ajuda a fomentar a confiança mútua, as relações de amizade e a colaboração em assuntos de interesse comum na Defesa. Ou seja, a cooperação militar do Brasil com nações amigas contribui de forma significativa para o esforço da nossa diplomacia, em busca do diálogo e da paz internacional.

17 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Arquivo pessoal
EXCON TÁPIO 2022 18 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão REÚNE 800 MILITARES EM CAMPO GRANDE (MS) Em sua 5ª edição, o Exercício Conjunto Tápio 2022 trouxe novidades e contou com participação de militares das três Forças Armadas e, ainda, de Força amiga TENENTE JORNALISTA ROBERTA NUNES

No pátio da Base Aérea de Campo Grande (MS),aeronaves C-105 Amazonas, H-36 Caracal, H-60L Black Hawk e A-29 Super Tucano aguardam o momento de entrarem no exercício de guerra simulada

Océu da capital sul-mato-grossense mais uma vez ficou movimentado, com 33 aeronaves em plena atividade durante um dos maiores exercícios de guerra simulada realizado pela Força Aérea Brasileira (FAB), o EXCON Tápio 2022. Realizado na Base Aérea de Campo Grande (BACG), durante os meses de agosto e setembro, o treinamento agitou a cidade.

Cerca de 800 militares estiveram envolvidos

em atividades como missões de Ataque, Reconhecimento Aeroespacial, Infiltração Aérea, Busca e Salvamento em Combate, entre outras. Aeronaves das Aviações de Caça, Transporte, Reconhecimento e Asas Rotativas participam das duas fases do exercício. Entre elas, estão os caças A-1 e A-29 Super Tucano; as aeronaves C-130 Hércules, C-105 Amazonas, E-99, R-99 e C-98 Caravan, e os helicópteros H-36 Caracal e H-60L Black Hawk.

19 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

KC-130 e o pôr do sol na Base Aérea de Campo Grande (BACG)

O objetivo do adestramento é preparar os militares para ações de Força Aérea em uma possível participação da FAB em missões de paz da ONU, com o objetivo de contribuir para a ordem e a paz mundial e compromissos internacionais, garantindo a soberania, a integridade territorial e a defesa patrimonial, além de promover ajuda humanitária. Militares e vetores são dispostos em cenário de guerra não convencional, no qual o combate é contra forças insurgentes ou paramilitares e não entre dois estados constituídos.

Interoperabilidade

Nesta edição, cerca de 100 militares, de diversas especialidades da Guarda Nacional Americana de Nova York e de

Idaho (NYANG e IDANG) participaram do exercício. Os participantes chegaram a bordo do Boeing C-17 Globemaster, aeronave cargueira de grande porte, que trouxe também três exemplares dos modernos helicópteros 60G Pave Hawk. O vetor HC 130J Combat King II da Força Aérea Americana também compôs o exercício.

Novidades

Em 2022, os envolvidos foram preparados com uma base teórica em literaturas sobre guerras irregulares. As áreas dos exercícios ficaram maiores e mais distantes, onde os pilotos tiveram mais liberdade para explorar melhor o exercício. Nesta 5º edição, a participação dos militares americanos foi mais expressiva,

20 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão

uma vez que validaram que o EXCON Tápio vai contribuir significativamente para o treinamento deles. Dentro dos cenários, teve o reabastecimento em voo de helicópteros. Outra novidade foi o

Lançamento da Bomba Lizard II, que proporciona precisão por meio da designação laser aeroembarcada ou de solo. O exercício foi mais dinâmico e desafiador que os anteriores.

De acordo com os registros históricos, Tápio foi um dos principais deuses dos antigos finlandeses, encarado como a personificação das florestas finlandesas. Ele era o deus da caça e mestre dos espíritos da floresta. Como o cenário escolhido para exercício é Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, uma região de matas e florestas, o Exercício foi batizado com o nome Tápio em alusão ao deus finlandês daquela época.

Foto: Sargento Bianca Viol Agência Força Aérea Foto: Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
21 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Bianca Viol Agência Força Aérea Foto: Sargento Viegas Agência Força Aérea Helicóptero 60G Pave Hawk, dos Estados Unidos, sendo retirado do Boeing C-17 Globemaster para o Exercício Tápio 2022 CURIOSIDADE

Missões inéditas do Exercício Tápio 2022

REVO: entre KC-130 e H-36

A primeira missão inédita na Tápio foi o Reabastecimento em Voo de aeronaves de asas rotativas. “Essa técnica foi treinada pelos nossos pilotos no início do segundo semestre de 2022, em um Exercício Técnico específico, quando treinaram o Reabastecimento em Voo envolvendo um KC-130, do Esquadrão Gordo, com os H-36 Caracal, dos Esquadrões Falcão e Puma. Agora, no EXCON Tápio, o grande desafi o era

inserir essa técnica no contexto operacional, exigindo grande coordenação das nossas tripulações para que uma Força-Tarefa de Busca e Salvamento em Combate [CSAR, sigla em inglês para Combat Search And Rescue] possa planejar e fazer uso da capacidade de reabastecimento em voo para aumentar a autonomia e o alcance das aeronaves de asas rotativas”, explicou o Co-Diretor do Exercício, Tenente-Coronel Aviador Ulysses Nepomuceno Guimarães.

22 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Essa técnica foi treinada pelos nossos pilotos no início do segundo semestre de 2022, em um Exercício Técnico específico, quando treinaram o Reabastecimento em Voo envolvendo um KC-130, do Esquadrão Gordo, com os H-36 Caracal, dos Esquadrões Falcão e Puma...
Foto: Sargento Viegas /
Tenente-Coronel Aviador Ulysses Nepomuceno Guimarães, Co-Diretor do Exercício, sobre a técnica de REVO com aeronaves de asas rotativas
Agência Força Aérea

“ “

A escolta de comboio é a realização de um Apoio Aéreo Aproximado em proveito de um comboio de viaturas, o qual estaria transportando materiais ou até militares de um ponto a outro de uma área de operações.

Escolta de comboio

A segunda missão foi a escolta de comboio. O COMPREP realizou um estudo doutrinário, desenvolvendo as Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTPs), fazendo com que, durante o EXCON Tápio 2022, fosse possível a realização da missão. “A escolta de comboio é a realização de um Apoio Aéreo Aproximado em proveito de um comboio de viaturas, o qual estaria transportando materiais ou até militares de um ponto a outro de uma área de operações. Aqui, tivemos o apoio do Exército Brasileiro compondo um

comboio de seis viaturas do tipo Marruá e as aeronaves A-29, A-1M e R-99, provendo toda a cobertura e apoio de fogo”, contou o Oficial.

Conforme o Tenente-Coronel Guimarães, a realização da missão foi considerada fundamental pela DIREX, por ter exigido uma coordenação estreita entre o líder das formações das aeronaves de caça com o comandante do comboio, assessorado pelo sensoriamento das aeronaves de reconhecimento, propiciando grande consciência situacional e segurança para o comboio.

23 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Viegas / Agência Força Aérea Foto: Sargento Viegas / Agência Força Aérea

FARP

A terceira novidade nesta edição foi a implementação do Ponto Avançado de Reabastecimento e Rearmamento (FARP, do inglês Forward Arming and Refueling Point). “No exercício, fizemos de duas formas: a primeira utilizando o Aeródromo de Bonito (MS), realizando o reabastecimento usando a aeronave C-105 ou SC-105 Amazonas reabastecendo aeronaves de asas rotativas, o H-36 e o H-60, quando reabastecemos diretamente dos tanques das aeronaves de asas fixas para os helicópteros. A outra forma foi utilizando viaturas do Exército Brasileiro, quando os caminhões reabasteceram os helicópteros em pontos remotos pré-planejados no terreno”, relatou.

24 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Viegas / Agência Força Aérea Foto: Sargento Viegas / Agência Força Aérea

RAFE/LAFE

A última missão inédita, e cumprida na Tápio, foi a chamada Rede de Apoio à Fuga e Evasão/ Linha de Apoio à Fuga e Evasão (RAFE/LAFE). “Em um cenário simulado, tínhamos um piloto que ejetou em uma área hostil, além da Linha Limite de Resgate da Força-Tarefa CSAR. Esse piloto foi inserido nesta Rede de Apoio à Fuga e Evasão e, com o apoio das Forças Especiais do Exército Brasileiro, chegaria até uma região em que seria conduzido de volta para as linhas amigas”, detalhou o Co-Diretor da Tápio 2022.

25 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Em um cenário simulado, tínhamos um piloto que ejetou em uma área hostil, além da Linha Limite de Resgate da Força-Tarefa CSAR. Esse piloto foi inserido nesta Rede de Apoio à Fuga e Evasão e, com o apoio das Forças Especiais do Exército Brasileiro, chegaria até uma região em que seria conduzido de volta para as linhas amigas.
Tenente-Coronel Aviador Ulysses Nepomuceno Guimarães, Co-Diretor do Exercício, sobre a técnica de REVO com aeronaves de asas rotativas
Foto: Sargento Viegas Agência Força Aérea Foto: Sargento Viegas / Agência Força Aérea

Lançamento de bomba guiada a laser

A atividade, que ocorreu de forma inédita no Exercício, teve como objetivo testar o Designador Ratler GX, que faz parte da série de designadores laser de solo para bombas guiadas. O Kit de Guiamento Lizard II proporciona precisão nos lançamentos de bombas; por conseguinte, reduz o risco de fratricídio/dano colateral. No entanto, necessita ser direcionado por designadores laser. O sistema já foi testado em combate e, no EXCON Tápio, comprovou ser um conjunto efi caz, quando acoplado às Bombas Aéreas de Fins Gerais da FAB e designado pelo

Ratler GX. Ambos os equipamentos são fabricados na empresa Elbit Systems e comercializados na brasileira AEL Sistemas.

O emprego da bomba foi feito pelo Terceiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (3°/10° GAV) – Esquadrão Centauro, a bordo da aeronave A-1. Já a bordo do H-36 Caracal, do Terceiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (3°/8° GAV) – Esquadrão Puma, esteve o Major de Infantaria Igor Duarte Fernandes, um dos membros da Direção do Exercício, e uma equipe multidisciplinar – tanto da parte de medição de desempenho como de execução.

De acordo com o Major Igor, o teste realizado durante o exercício comprovou a competência dos militares para lançarem bombas laser com designação de solo. “Fizemos aqui, pela primeira vez, o lançamento de bombas guiadas a laser, sendo designadas de solo. Foi um grande ganho para a FAB estabelecer tal marco contando com a presença de Guias Aéreos Avançados da Força Aérea, da Marinha e do Exército, pois a capacidade de designar uma bomba a partir do solo e esta atingir precisamente o alvo, com menos exposição da aeronave, é um avanço significativo”, comentou o Oficial.

26 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Ronan Agência Força Aérea

“ “

Tivemos a participação das três Forças brasileiras e da Americana, realizando um exercício essencial tanto para a nossa soberania como para o treinamento das ações, principalmente de Força Aérea.

Brigadeiro do Ar Clauco Fernando Vieira Rossetto, Diretor do EXCON Tápio 2022 e Comandante da BACG

O EXCON Tápio encerrou com a realização de mais de 890 horas de voo e de 320 surtidas.

“Tivemos a participação das três Forças brasileiras e da Americana, realizando um exercício essencial tanto para

a nossa soberania como para o treinamento das ações, principalmente de Força Aérea”, destacou o Diretor do EXCON Tápio 2022 e Comandante da BACG, Brigadeiro do Ar Clauco Fernando Vieira Rossetto.

27 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Viegas / Agência Força Aérea Foto: Sargento Viegas / Agência Força Aérea

UMA NOVA ERA PARA A FORÇA AÉREA BRASILEIRA

Com a nova aquisição, a Força Aérea Brasileira une as possibilidades do KC-390 Millennium às características de emprego estratégico do KC-30, resultando em um significativo incremento em sua eficiência operacional. Os dois novos aviões, com 59 metros de comprimento cada, serão os maiores já operados pela Força, podendo transportar até 238 passageiros, 45 toneladas de cargas e voar uma distância de 16 mil quilômetros.

TENENTE RELAÇÕES PÚBLICAS WANESSA LIZ E TENENTE

NOVOS VOOS 28 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
JORNALISTA JOHNY LUCAS

KC-30 recebendo as boas-vindas da equipe da Célula de Contraincêndio da Base Aérea do Galeão

Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor”. Essas são as palavras do escritor alemão Johann Goethe usadas pelo Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Júnior,

para anunciar os novos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), modelo KC-30.

As duas aeronaves foram adquiridas em processo licitatório vencido pela empresa Azul Linhas Aéreas e atuarão com as matrículas FAB 2901 e FAB 2902, passando a ser operadas pelo Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (2º/2º GT) – Esquadrão Corsário,

com sede no Rio de Janeiro (RJ).

O primeiro Airbus A330-200 a ser convertido em avião-tanque sob o programa KC-30 da FAB recebeu a pintura característica da Instituição no Centro de Manutenção, na Irlanda, e, após isso, seguiu para Victorville (EUA), onde ocorreu a entrega contratual da aeronave. No dia 24 de julho deste ano,

29 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea

A partir de hoje, o FAB 2901 e sua incorporação ao 2º/2º GT simbolizam o início de uma nova era para a Força Aérea, que terá continuidade, em breve, com o recebimento da segunda aeronave adquirida, com a finalização do processo de treinamento de nossos tripulantes e com a assinatura do contrato de conversão para o Multi Role Tanker Transport, o MRTT, ainda em 2022.

“ “ decolou com destino ao Brasil, sendo apresentada no dia 26 de julho, na Base Aérea do Galeão (BAGL).

A cerimônia de recebimento do KC-30 pela FAB e a incorporação ao Esquadrão Corsário foi presidida pelo Comandante da Aeronáutica e contou com a presença de Oficiais-Generais da Marinha do Brasil e da Aeronáutica, além de Comandantes, Chefes e Diretores de Organizações Militares, bem como outras autoridades civis e militares.

Em suas palavras, o Tenente-Brigadeiro Baptista Junior ressaltou a importância da aeronave Airbus A330 para a defesa do país e o apoio ao desenvolvimento nacional. “A partir de hoje, o FAB 2901 e sua incorporação ao 2º/2º GT simbolizam o início de uma nova era para a Força Aérea, que terá conti-

nuidade, em breve, com o recebimento da segunda aeronave adquirida, com a finalização do processo de treinamento de nossos tripulantes e com a assinatura do contrato de conversão para o Multi Role Tanker Transport, o MRTT, ainda em 2022”, concluiu.

Na oportunidade, o Comandante de Preparo, Tenente-Brigadeiro do Ar Sergio Roberto de Almeida, falou sobre o recebimento da maior aeronave da história da FAB. “O recebimento do KC-30 e a sua incorporação na Força Aérea multiplicam o patamar em relação ao transporte estratégico. Era uma lacuna que tínhamos perdido em relação à capacidade de transportar grandes cargas por grandes distâncias. Além disso, futuramente, poderemos ampliar nossos benefícios com o reabastecimento em voo, o que nos dará maior flexibilidade e velocidade no transporte de carga”, finalizou.

KC- 30 sendo escoltado por dois caças F-5. A aeronave KC-30 tem capacidade de transportar grandes cargas para lugares distantes

30 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão

Primeiro KC-30 incorporado à Aviação da FAB. Com as possibilidades de emprego estratégico do KC-30, a FAB adquire um significativo incremento em sua operacionalidade

31 Jul/Ago/Set/2022
Foto: Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea
Aerovisão
Foto: Sargento Müller Marin Agência Força Aérea

Chegada da aeronave no Brasil

A primeira tripulação da aeronave KC-30, o FAB 2901, foi composta pelo Comandante do Esquadrão Corsário, Major Aviador Marcos Fassarella Olivieri, pelo Capitão Aviador Delson Vilares Braga do Nascimento e pelos Sargentos Danilo do Nascimento Viana, Rodolfo da Silveira Duarte, Bruno dos Santos Silva e Diego Campos Faria de Mello, que agora incorporam o Grupamento do Esquadrão Corsário e realizaram o primeiro táxi na Base Aérea do Galeão, recebendo as boas-vindas da equipe da Célula de Contraincêndio da Organização Militar.

O Comandante da BAGL, Coronel Aviador Renato Alves de Oliveira, comentou sobre o que representa receber uma aeronave de incremento tão significativo e de tamanha eficiência operacional. “Hoje é um dia histórico não só para a Base Aérea do Galeão mas também para a FAB. A chegada do KC-30 representa a retomada de transporte estratégico e reafirma a BAGL como principal HUB multimodal da FAB”, destacou.

Já a segunda unidade do Airbus A330200 foi recebida pela Força Aérea Brasileira no dia 03 de novembro. Com a aquisição, a FAB aumenta sua capacidade em ações estratégicas, como reabastecimento em voo, apoio logístico, ações humanitárias e evacuação aeromédica, seja ela nacional ou internacional.

As aeronaves receberão modificações Airbus MRTT e isso permitirá a realização de missões de reabastecimento em voo, transporte aéreo logístico (cargas e passageiros) e ajuda humanitária. Em situações de calamidade pública, como desastres naturais, pandemias ou emergências médicas, a aeronave também poderá realizar Missões de Evacuação Aeromédica (EVAM) para um grande número de pacientes.

Treinamento e preparação para operar o KC-30

Os pilotos da FAB que estão operarando o novo KC-30 (Airbus A330 MRTT) iniciaram, em junho, o curso na Universidade da Azul Linhas Aéreas, em Campinas (SP). O treinamento ainda incluiu comis-

32 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Müller Marin Agência Força Aérea Na tribuna, o Comandante da Aeronáutica, OficiaisGenerais da Marinha do Brasil e do Alto-Comando da Aeronáutica, além de Comandantes, Chefes e Diretores de Organizações Militares, bem como demais autoridades civis e militares Primeiro KC-30 incorporado à Aviação da FAB

O recebimento da aeronave marca a reativação operacional do Esquadrão, que estava sem aeronaves há três anos. Essa nova aeronave, a maior já operada pela FAB, recoloca a capacidade estratégica para a nossa Força. Ela pode voar mais de 15 horas, como do Galeão para China, além de, futuramente, fazer o reabastecimento em voo. Dessa forma, promove a integração nacional e realiza ações de ajuda humanitária.

“ “

33 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea Foto: Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea

sários e mecânicos do Esquadrão Corsário. Para que os militares pudessem operar as novas aeronaves da Força Aérea, foi necessário um curso específico, com todos os processos de pilotagem, manutenção e segurança.

“O recebimento da aeronave marca a reativação operacional do Esquadrão, que estava sem aeronaves há três anos. Essa nova aeronave, a maior já operada pela FAB, recoloca a capacidade estratégica para a nossa Força. Ela pode voar mais de 15 horas, como do Galeão para China, além de, futuramente, fazer o reabastecimento em voo. Dessa forma, promove a integração nacional e realiza

ações de ajuda humanitária”, destacou o Comandante do Esquadrão Corsário.

Para celebrar o recebimento da aeronave, ocorreu também, na BAGL, a Reunião da Aviação de Transporte (RAT), reunindo militares da FAB que cumprem missões nessa aviação. Além disso, foi realizado um sobrevoo com diversas aeronaves das Unidades Operacionais da FAB, como o KC-390 Millennium, o C-130 Hércules, o C-105 Amazonas, o C-99, o C-97 Brasília e o C-95 Bandeirante.

O Diretor de Relações Institucionais da Azul Linhas Aéreas, Fábio Barros Franco de Campos, entregou a chave simbólica da aeronave KC-30 ao Co-

O KC-30 é operado pelo Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (2º/2º GT) – Esquadrão Corsário. O objetivo do KC-30 é de suprir as carências operacionais da FAB em ações estratégicas, como Reabastecimento em Voo, Transporte Aéreo Logístico e Ajuda Humanitária

mandante da Aeronáutica e participou do Batismo do FAB 2901, como forma de simbolizar o recebimento da primeira aeronave pela Força Aérea Brasileira. Em seu discurso, ressaltou a parceria com a Força Aérea. “A Azul tem um DNA de ser uma empresa verdadeiramente brasileira. Para nós, a importância da parceria com a FAB reflete um pouco desse DNA. Desde a sua fundação, ela vem trabalhando para servir ao Brasil, conectando cidades brasileiras, indo além de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, explorando os rincões do nosso país, tal qual a missão da FAB, que é servir toda a nossa extensão de 22 milhões de Km².

34 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea

A entrega dessa aeronave demonstra a seriedade dessa parceria. O avião estava servindo ao Brasil de uma maneira civil, agora passa a cumprir mais uma missão pelo nosso país junto à FAB”, completou.

Esquadrão Corsário

O 2º/2º Grupo de Transporte foi ativado pela Portaria nº 008/GM3, de 18 de janeiro de 1968, em 20 de janeiro de 1968 na Base Aérea do Galeão, onde está sediado desde então. O Esquadrão operou, inicialmente, o Douglas DC-6B, designado de C-118 na FAB; prestou apoio às atividades do Correio Aéreo Nacional (CAN) e do Projeto RONDON, ações que

contribuíram para integrar as comunidades do norte do Brasil às demais regiões.

Entre 1986 e 1987, a FAB adquiriu unidades do Boeing 707 da VARIG (empresa de transporte aéreo civil brasileira), sendo denominados KC-137. O 2º/2º GT foi selecionado para operar a aeronave e rapidamente tornou-se operacional, tendo absorvido alguns oficiais do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transportes (1º/1º GT) e do Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º/1º GTT) e realizado a conversão operacional ao KC-137 sob instrução da VARIG.

Após a desativação do KC-137 em 2013, o Esquadrão ficou sem aeronave

alocada a ele até 2016, quando recebeu o Boeing C-767 2900. A aeronave foi utilizada em diversas missões de transporte de tropas. Já na sua primeira missão, 100 militares foram transportados desde Manaus (AM), Boa Vista (RR) e Porto Velho (RO) até o Rio de Janeiro (RJ) para atuarem em apoio à realização dos Jogos Olímpicos Rio 2016. O C-767 também realizou uma viagem presidencial, em julho de 2017. Com o fim do contrato de “leasing” de 36 meses do C-767, a aeronave foi devolvida. Atualmente, o Esquadrão conta com o KC-30, a maior aeronave já operada pela FAB.

35 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Müller Marin Agência Força Aérea

FAZ

PRIMEIRO LANÇAMENTO DE CARGA NA ANTÁRTIDA

Lançamento de oito cargas do tipo CDS (Container Delivery System), totalizando aproximadamente 2.000kg

OPERACIONAL 38 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão

Devido ao congelamento da Baía do Almirantado, a única forma de ressuprimento da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) é via lançamento de carga. E foi com a ação dos fortes ventos e no período considerado o mais frio do ano –entre junho e julho –, que o KC-390 Millennium, aeronave de transporte tático militar da Força Aérea Brasileira (FAB), realizou o seu primeiro lançamento de carga no continente mais gelado do planeta. Na missão, aproximadamente 2.000 quilos de suprimentos foram enviados para os integrantes da estação científica, onde são conduzidas diversas pesquisas de interesse para o país.

TENENTE RELAÇÕES PÚBLICAS WANESSA

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39 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
LIZ Foto: Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea

Foto: Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea

Pela primeira vez, o KC-390 Mil lennium da FAB, do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1°/1°GT) – Esquadrão Gordo, realizou o lançamento de car ga no continente mais frio do mundo, onde fica a Estação Antártica Coman dante Ferraz (EACF). Na ocasião, foram transportados cerca de 2.000 quilos de suprimentos, como medica mentos, equipamentos e mantimento para os integrantes da estação.

Nessa desafiante missão no conti nente antártico, o KC-390, aeronave de transporte tático militar projetada para estabelecer novos padrões em sua categoria, colocou à prova a sua capacidade de operar pelo CDS (do inglês Container Delivery System ), que é um modelo de apoio prestado no inverno, quando a única forma de ressuprimento da estação brasileira é via lançamento de carga, por conta das condições climáticas da Baía do

Almirantado. Anteriormente, durante o inverno antártico, quando as águas congelam no entorno da Baía, o su primento da Estação se dava somen te por meio de lançamentos aéreos realizados pelos C-130 Hércules do Esquadrão Gordo.

“Na região na Baía do Almiranta do, os ventos giram em torno de 100 km/h, isso é um desafio tanto para a tripulação quanto para o aparelho de pontaria, que precisa posicionar a aeronave na condição de lançamento, sem margem de erro, permitindo, as sim, que o sistema faça o cálculo cor reto, prevendo o lançamento da carga na zona estabelecida pela Marinha do Brasil. Nesse sentido, salienta-se que a altura do lançamento é em torno de 200 metros (600 pés), em uma velo cidade de 150kt, cerca de 270km/h”, explica o Comandante da Missão, Major Aviador Flávio Diniz Pereira. O Chefe da Estação Antártica Co

mandante Ferraz, Capitão de Fragata Alessandro Domingos Gurski, des tacou a importância da chegada dos suprimentos levados pela FAB. “As maiores limitações na Estação são o afastamento da família e a nossa ali mentação. A primeira a gente consegue suprir com ligações; porém, temos a limitação de alimentos frescos, frutas e verduras, o que é suprido com a ajuda da Força Aérea Brasileira nos voos de inverno. No verão, recebemos a aju da dos navios da Marinha do Brasil vindos de Punta Arenas; assim conse guimos superar as dificuldades sem muitos problemas”, conta o militar.

Ao lado, briefing meteorológico em Punta Arenas. Acima, equipe de Mestre de Lançamento preparando e separando os fardos que são alocados em cargas de material A7, constituído de cadarço de nylon, um paraquedas G14 no Aeroporto de Pelotas (RS)

Foto: Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea

40 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão

Aeronave KC-390 sendo preparada na Base Aérea do Galeão para seguir rumo a Antártida

Esquadrão Gordo

O Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte foi a primeira Unidade Aérea da FAB selecionada para operar a aeronave de transporte logístico Lockheed C-130 Hércules e, em março de 2022, recebeu suas duas primeiras aeronaves KC-390 Millennium. O Esquadrão Gordo fi ca sediado na Base Aérea do Galeão (BAGL), no Rio de Janeiro (RJ), e é a única unidade da FAB habilitada a realizar as missões para o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).

Trajetória para o Lançamento

Foi da pista de voo da Base Aérea do Galeão que o Esquadrão, pela

primeira vez na história, levou um Embraer KC-390 Millennium para o continente Antártico. A missão teve início com a decolagem no dia 28 de junho às 8h23 (horário de Brasília) rumo à Estação Antártica.

Antes de deixar o Brasil, a primeira parada obrigatória foi no Aeroporto Internacional de Pelotas (RS). No próprio aeroporto, a equipe de apoio antártico entregou um kit composto por roupas, botas e acessórios especiais para enfrentar as baixas temperaturas. Ainda em Pelotas, a equipe de Mestre de Lançamentos organizou a carga, separando cada fardo que levou os suprimentos essenciais à Estação Antártica Comandante Ferraz. As duas toneladas de suprimentos foram alocadas em cargas de material A7, constituído de cadarço de nylon.

A parada fi nal foi em Punta Arenas, o último ponto no continente sul-americano antes do lançamento na Antártida. A chegada ao Aeroporto Internacional Presidente Carlos

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41 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea

Ibáñez del Campo foi na madrugada. Antes de deixar o local, a equipe de bordo fez os ajustes necessários a fi m de preparar a aeronave para a exposição ao extremo frio.

Antes dessa jornada, o KC-390 já havia sido usado em uma missão de apoio ao programa brasileiro de pesquisa no continente, mas com voo destinado à Punta Arenas, no Chile, ocorrido em dezembro de 2021. Na ocasião, foram transportados pesquisadores e os componentes do Grupo-Base “Polaris”, que retornarão ao Brasil em 2023.

O lançamento

O voo precisa acontecer entre 9h da manhã e 13h, nascer do Sol e pôr do Sol, respectivamente, na Antártida. Nesse caso, a tripulação embarcou as 6h da manhã em Punta Arenas. A travessia é de aproximadamente duas horas, e a expectativa estava grande. A neblina densa encobre as rochas do terreno montanhoso. O tempo fecha e abre num piscar de olhos.

Com o lançamento autorizado, é hora de abrir a rampa e iniciar o primeiro lançamento de cargas do KC-390 na Baía do Almirantado. É a vez dos loadmasters, ou mestres

de carga, entrarem em ação. O check das luzes começa, a fita que aciona o paraquedas é cortada. O fardo desliza automaticamente pelos trilhos, o pacote desce para ser recolhido pela equipe em terra. A bordo, a tripulação comemora a primeira carga lançada. O piloto ganha altitude rapidamente para reiniciar o circuito de lançamentos. Cada passagem dura em média quatro minutos. Para quem está a bordo, é forte o frio na barriga e a emoção de estar junto com o esquadrão vivendo este marco.

Para o Sargento Daniel Carvalho Peixoto de Barros, que atua como loadmaster no Esquadrão Gordo, a res-

ponsabilidade para o cumprimento da missão é grande. “Um lançamento de carga a 200 metros do solo requer muita concentração dos tripulantes, principalmente dos loadmasters , apesar de ser uma carga leve. A partir do momento que abre a porta de carga e a rampa para o lançamento, a atenção tem que estar 100% no que vai acontecer. Aos tempos e movimentos, cada luz tem um procedimento e temos que estar muito atentos a isso; luz vermelha, luz amarela e, principalmente, luz verde, que é o momento em que a carga é solta, quando esperamos que tudo aconteça da melhor forma possível”, explica.

42 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea Foto: Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea Última parada antes do lançamento, aeroporto Internacional de Punta Arenas, no Chile

A Chefe da Seção de Operações do Esquadrão Gordo, Major Aviadora Joyce de Souza da Conceição, comenta a nova fase operacional, com o C-130 Hércules sendo substituído pelo KC-390 Millennium nas missões futuras no continente antártico. “O cumprimento dessa missão representa um marco para a FAB, um momento histórico para o Esquadrão. A aeronave C-130, durante 39 anos, cumpriu com excelência o programa antártico brasileiro e, agora, cada integrante que faz parte dessa história pode sentir-se orgulhoso ao ver refletido no que foi feito o seu legado de abnegação, dedicação e profissionalismo”, relata a piloto.

O PROANTAR

O Programa Antártico Brasileiro começou seus trabalhos no continente gelado em janeiro de 1982, quando os primeiros cientistas brasileiros desembarcaram por lá. A presença de militares na estação é constante. O Brasil faz parte do grupo de países signatários do Tratado Antártico, um acordo que possibilita pesquisas científi cas na região. Nos 40 anos de atividades do Brasil no Continente Gelado, a Força Aérea Brasileira tem contribuído há 39 anos, por meio do apoio aéreo, para viabilizar a presença do Brasil, uma vez que as caracterís-

A neblina densa, a tensão dos loadmasters ou mestres de carga. O fardo desliza automaticamente pelos trilhos e os pacotes descem de paraquedas para serem recolhidos pela equipe em terra

ticas geográfi cas e o clima extremo dificultam o acesso ao continente antártico e a entrega de suprimentos para a Estação Antártica Comandante Ferraz.

Estação Comandante Ferraz

A EACF é uma base antártica pertencente ao Brasil e está localizada na Ilha do Rei George, cerca de 130 quilômetros da Península Antártica, na Baía do Almirantado, sendo considerada uma das maiores estações de pesquisa da Antártida. A estrutura conta com 17 laboratórios para o estudo de várias áreas, como medicina, química, microbiologia, oceanografi a e meteorologia.

No inverno, período em que o mar está congelado, o acesso torna-se ainda mais difícil, sendo necessário realizar lançamento aéreo de cargas para possibilitar o abastecimento de medicamentos, equipamentos e mantimentos que suprem a EACF. A base antártica, mantida pela Marinha do Brasil, desenvolve diversos estudos, denotando a prioridade do PROANTAR para as atividades científicas.

43 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Sargento Müller Marin Agência Força Aérea Foto: Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea Foto: Sargento Müller Marin Agência Força Aérea Com ventos em torno de 100 km/h, é preciso posicionar a aeronave corretamente, o que exige dos pilotos e loadmasters, respectivamente, a correção da trajetória do voo e do lançamento da carga. A figua 2 mostra a aeronave em condições de voo sem a ação do vento e as figuras 3 e 4 com a ação do vento

TRANSPORTE DE ÓRGÃOS:

SALVANDO VIDAS
44 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Esquadrão Guará (6º ETA) transporta fígado de Sergipe (SE) para Brasília (DF)

Uma corrida contra o tempo! Esse é o lema de quem depende de um novo órgão para sobreviver. Alguns minutos de diferença podem defi nir o sucesso de um transplante. Para garantir maior agilidade nesse processo, o Centro Nacional de Transplantes conta com o apoio fundamental da Força Aérea Brasileira (FAB).

NUNES

45 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
TENENTE JORNALISTA ROBERTA Foto: Sargento Viegas / Agência Força Aérea

Um coração novo e saudável mudou a história da família da jovem Alicia Alves Silva. Diagnosticada com miocardite, aos dois anos de idade ela entrou para a fila de transplantes e, com a ajuda da FAB, conseguiu receber o órgão. Hoje, com 12 anos, Alicia esbanja saúde.

“Eu só tinha dois anos quando fiz o transplante, não entendia nada daquilo que estava acontecendo comigo, mas vejo meus pais contando a minha história para as pessoas e sinto uma emoção inexplicável. As pessoas dizem que eu sou um milagre, e eu sei que sem a FAB tudo isso não seria possível. A agilidade no transporte do meu coração contribuiu pro sucesso do meu transplante. Muita gratidão à FAB”, contou Alicia.

Hoje eu vejo a FAB como uma instituição que faz parte diretamente da minha família; pessoas que tive o privilégio de conhecer depois e agradecer pessoalmente por tudo que fizeram por nós. Um papel memorável, de extrema grandeza. Somos muito gratos pela FAB ter transportado o coração da Alicia com tanto zelo

“Hoje eu vejo a FAB como uma instituição que faz parte diretamente da minha família; pessoas que tive o privilégio de conhecer depois e agradecer pessoalmente por tudo que fizeram por nós. Um papel memorável, de extrema grandeza. Somos muito gratos pela FAB ter transportado o coração da Alicia com tanto zelo”, disse Giselly Alves, mãe da jovem.

Giselly Alves, mãe de Alicia

A FAB faz o transporte das equipes médicas de coleta e dos órgãos que serão transplantados para os receptores de qualquer lugar do país. Esse apoio sempre foi fornecido pela Força Aérea, mas, desde outubro de 2017, com o Decreto Nº 9.175, a FAB tem que deixar pelo menos uma aeronave disponível para esse tipo de

46 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Fígado pronto para ser levado ao Hospital Brasília Foto: Sargento Viegas / Agência Força Aérea

missão, atendendo às requisições do Ministério da Saúde.

“Em termos de legislação, nós temos que manter uma aeronave sempre disponível para cumprir essa missão, mas, na verdade, nós temos esquadrões espalhados em todas as regiões do Brasil, e todos os esquadrões de transporte aéreo têm uma equipe de sobreaviso para transporte aéreo logístico no qual se encaixa a questão do transporte de órgãos e tecidos, com equipes 24 horas por dia, sete dias por semana, com tempo de reação de duas horas”, explicou o Chefe do Centro Conjunto de Operações Aeroespaciais, Brigadeiro do Ar Francisco Bento Antunes Neto.

Acionamento

Todo o processo de transporte de órgãos, tecidos e partes do corpo humano é iniciado quando a Central Nacional de Transplantes (CNT) é informada por alguma central estadual sobre a existência de órgão e tecido em condições clínicas para tal propósito. A CNT aciona as companhias aéreas para verificar a disponibilidade logística. Se houver voo compatível, os aviões comerciais recebem o órgão e levam ao destino. Quando não há, a Central contata a FAB, que desloca um ou mais aviões para a captação e transporte do órgão.

Os pedidos chegam ao Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), localizado em Brasília (DF),

Acima, no dia 16 de agosto de 2022, um fígado é transportado em uma aeronave U-100 Phenom da FAB de João Pessoa (PB) para Brasília (DF).

que é responsável pelo planejamento das missões. Nesse comando, há uma divisão de operações correntes onde existem várias células, algumas cuidando da defesa aeroespacial, outras do salvamento e resgate, e uma delas está dedicada, 24h por dia, a estar em condições de receber esse chamamento por parte da CNT. Então, é essa célula que vai planejar como que a missão vai acontecer e fazer as coordenações necessárias. A cobertura desse serviço abrange todo o país.

No COMAE, avalia-se qual esquadrão deve ser acionado. A partir de

47 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
/ 6º ETA
Fotos: Major
Evangelista

então, é ativada uma cadeia de eventos até a decolagem da aeronave. É preciso checar as condições de pouso no aeroporto de destino, acionar a tripulação e avisar ao controle de tráfego aéreo que se trata de um transporte de órgãos – tanto no plano de voo, quanto na fonia –, pois isso confere prioridade ao avião para procedimentos de pouso e decolagem.

Transplantes no Brasil

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), responsável pelo financiamento de aproximadamente 95% dos transplantes.

Dados FAB

De acordo com o Comando de Operações Aeroespaciais, em 2021, foram transportados 278 órgãos. Em 2022, já foram 140, com cerca de 1,2 mil horas de voo. A expectativa é de que, até o final deste ano, sejam transportados 300 órgãos. Fígado e coração são os órgãos mais transportados pela FAB.

Quando nós pensamos em termos de números, pode-se pensar que não é significativo, mas para aquela pessoa que vai receber um coração, aquela família que vai ter uma alegria dessas - de ver um ente querido que está doente se recuperar e ter uma vida longa -, é muito importante. Então, cada unidade que nós colocamos aí nesse número de órgãos transportados é importante

“Quando nós pensamos em termos de números, pode-se pensar que não é significativo, mas para aquela pessoa que vai receber um coração, aquela família que vai ter uma alegria dessas - de ver um ente querido que está doente se recuperar e ter uma vida longa -, é muito importante. Então, cada unidade que nós colocamos aí nesse número de órgãos transportados é importante”, acrescentou o Brigadeiro Antunes.

Brigadeiro do Ar Francisco Bento Antunes Neto

“Nós mantemos sempre tripulações de prontidão para atuar a qualquer hora do dia ou da noite. E, quando somos acionados para uma missão dessas, o sentimento é de gratidão por colaborar com algo tão importante e que, também, exige muito comprometimento e responsabilidade para que tudo ocorra da melhor forma. A sensação de poder ajudar a salvar uma vida é única. Pra mim, cada voo desses é muito especial e renova a sensação de dever cumprido com a entrega de resultados à sociedade brasileira”, comentou o Major Aviador Leandro Soriano Evangelista, do Sexto Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) – Esquadrão Guará.

48 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
De Divinópolis (MG), um coração foi transportado em um C-95 Bandeirante para Brasília (DF)
Foto: Major Evangelista
/
ETA

Nós mantemos sempre tripulações de prontidão para atuar a qualquer hora do dia ou da noite. E, quando somos acionados para uma missão dessas, o sentimento é de gratidão por colaborar com algo tão importante e que, também, exige muito comprometimento e responsabilidade para que tudo ocorra da melhor forma. A sensação de poder ajudar a salvar uma vida é única. Pra mim, cada voo desses é muito especial e renova a sensação de dever cumprido com a entrega de resultados à sociedade brasileira

49 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Major Aviador Leandro Soriano Evangelista Acima, Alícia no hospital depois de ter recebido seu novo coração e, atualmente, com 12 anos de idade Foto: Arquivo pessoal Foto: Arquivo pessoal
QUATRO DÉCADAS
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
50 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
PIONEIRA NO GENERALATO Brigadeiro Carla foi a primeira mulher a ser promovida ao cargo de OficialGeneral na FAB

A CONQUISTA DE ESPAÇOS CADA VEZ MAIORES MARCA OS 40 ANOS DA MULHER MILITAR NA FAB

O ingresso da mulher militar na Força Aérea Brasileira (FAB) começou em 1982, com a criação do Corpo Feminino da Reserva da Aeronáutica (CFRA), que constituiu o Quadro Feminino de Oficiais (QFO) e o Quadro Feminino de Graduadas (QFG). Quarenta anos depois, a FAB celebra a ocupação de cada vez mais mulheres no campo operacional, na saúde, na área jurídica, no controle de tráfego aéreo, na administração, no ensino, na manutenção, na condução de aeronaves e na direção de Organizações Militares.

Há 40 anos, a Força Aérea Brasileira abriu as portas para o ingresso das mulheres na Instituição, em diversas especialidades. Na ocasião, viu-se a necessidade de ampliar o contingente e, por isso, foram realizados estudos para a inclusão da mulher como militar na Força. As pesquisas culminaram na criação do Corpo Feminino da Reserva da Aeronáutica (CFRA), que constituiu o Quadro Feminino de Oficiais (QFO) e o Quadro Feminino de Graduadas (QFG), em 1982.

Generalato

De lá para cá, duas Oficiais da FAB foram promovidas ao posto de Oficial-General: em 2020, a Brigadeiro Médica Carla Lyrio Martins; e, em 2022, a Brigadeiro Médica Ana Paola Brasil Medeiros. Ambas, foram pioneiras em diferentes contextos. A Brigadeiro Carla Lyrio foi a primeira mulher a chegar ao Generalato na Força Aérea Brasileira e também foi a primeira a comandar uma Organização Militar da FAB. No dia 16 de janeiro de 2015, assumiu o Comando da Casa Gerontológica de Aeronáutica Brigadeiro Eduardo Gomes (CGABEG), localizada no Rio de Janeiro (RJ).

51 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão

Para a primeira mulher Oficial-General da FAB, o marco representado pela sua promoção refletiu uma conjuntura de fatores: profi ssionalismo, responsabilidade, firmeza de propósitos, amor à profissão, capacitação técnica continuada, resultados obtidos e, também, evolução dos preceitos organizacionais e sociais. “As conquistas são oriundas do trabalho e brotam de maneira natural e paulatina. São resultados que geram orgulho e me impulsionam rumo a novos desafios. Cada um desses êxitos compartilho com as pessoas extraordinárias que fi zeram e que fazem parte do meu caminho, que me apoiam e ajudam a cumprir a missão”, pontuou a Brigadeiro Carla.

Sobre a atuação feminina no meio militar, a Oficial-General afirmou que, desde o início, percebeu que os valores da caserna contribuem diretamente para o acolhimento das mulheres. “Já nos primeiros passos, foi possível

constatar que a carreira estava atrelada à dedicação, ao comprometimento e à honestidade de propósitos. Nas minhas experiências, homens e mulheres atuam em harmonia, potencializando os resultados por meio do trabalho de equipe, um dos maiores valores cultuados na caserna. Nas diferenças, crescemos, somos mais fortes, mais talentosos e mais competentes”, destacou. Segundo a Brigadeiro, hoje, as mulheres podem atuar em diversas áreas: como combatentes, na saúde, na área jurídica, no controle de tráfego aéreo, na administração, no ensino, na manutenção e na condução de aeronaves, dentre outras. “Os espaços existem e estamos ocupando, gradativamente, com vontade, preparo e por meio de capacitação continuada. As possibilidades são infinitas. A Força Aérea possui um plano profissional sólido e estruturado. Trata-se de uma carreira muito bonita, tanto para homens como para mulheres”, complementou.

52 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
COMANDO Brigadeiro Médica Carla Lyrio Martins na cerimônia de passagem de Comando do Hospital de Força Aérea do Galeão (HFAG) A Oficial-General ingressou na Força Aérea em 1990 e é especialista em Medicina Aeroespacial, Hematologia e Hemoterapia Suboficial Johnson Barros / Agência Força Aérea

Pioneirismo no Ministério da Defesa

Primeira Ofi cial-General a ocupar um cargo no Ministério da Defesa (MD), a Brigadeiro Ana Paola também protagoniza histórias nesses 40 anos que marcam a presença da mulher militar na FAB. A militar contou que, em 1990, quando houve a primeira turma mista de Ofi ciais Médicos da Força, ainda cursava a Residência Médica em Anestesiologia no Rio de Janeiro e, somente em 1993, veio a aprovação no concurso da Força Aérea Brasileira.

Ao longo da carreira, a Brigadeiro Ana Paola já trabalhou em todas as regiões do país e atuou nas áreas de medicina assistencial, pericial, aeroespacial e de auditoria médica. “Entendo que todos os desafi os pelos quais passei contribuíram para o crescimento profi ssional. Mais recentemente, exerci a Direção do Hospital de Força Aérea de Brasília (HFAB),

unidade complexa e que exigiu de mim dedicação integral numa época de pandemia”, explicou.

Agora, o cargo no MD se somará aos desafi os de sua carreira. “A nova função exige preparo, dedicação, renúncia e humildade. Os assuntos são tratados no nível estratégico de planejamento e por já ter percorrido um longo caminho, trabalhando em diversas áreas da saúde, sinto-me preparada para assessorar as autoridades em suas decisões. Acredito que escrevemos uma história de sucesso, pois o mesmo profi ssionalismo que demonstramos no meio civil foi exercido no ambiente militar”, assegurou.

E é justamente esse desejo de

53 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Brigadeiro Médica Ana Paola Brasil Medeiros é Diretora do Departamento de Saúde e Assistência Social (DESAS) do Ministério da Defesa Suboficial Johnson Barros / Agência Força Aérea Antônio Oliveira / Ministério da Defesa

servir à Instituição e ao Brasil com amor e profissionalismo que a Oficial-General procura passar às próximas gerações de mulheres militares diariamente. “Outra semana estive com uma das novas ofi ciais do Quadro de Apoio, que veio do Curso de Formação no Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR) para o efetivo do HFAB. Percebi nos olhos dela o orgulho em me conhecer. Dei parabéns pela conquista e disse

Em abril de 2021,

que ia ter muitas alegrias, muitas realizações, mas também muitas dificuldades, e que se precisasse me ligasse para conversar. O importante é que todas saibam que a FAB pode proporcionar um excelente ambiente de trabalho, muitas realizações profissionais e crescimento como cidadão e como ser humano. A carreira militar é muito mais que uma profi ssão, pois exige uma dedicação em tempo integral. Mesmo nas horas de ausência, nossos pensamentos estão voltados para a Unidade à qual pertencemos. Quem não for capaz de se entregar desta forma, deve buscar outro ambiente profi ssional”, concluiu.

Operacional

Tendo como exemplo as duas Oficiais que chegaram ao posto mais alto da Força, a Sargento Ivy Amaral da Costa se tornou a primeira mulher instrutora mecânica do KC-390 Millennium da FAB. A Graduada conta, com orgulho, que participou do primeiro lançamento de carga da aeronave multimissão. “Estar rompendo barreiras no âmbito da operacionalidade na função de instrutora mecânica de voo do KC-390 é motivo de orgulho e satisfação profissional e pessoal. Acessar esta função demandou muito tempo de estudo, dedicação e confiança de todas as pessoas envolvidas neste processo, inclusive dos meus superiores que depositaram credibilidade na minha competência para executar esta função. As duas primeiras Oficiais-Generais da FAB são duas grandes inspirações. Tive o prazer de realizar o transporte da Brigadeiro Carla em uma missão, por exemplo, e pude dizer isto a ela pessoalmente. Foi de uma alegria sem igual. Ela, dentre outras, é um exemplo para não desistirmos e de que conseguimos chegar aonde nenhuma outra esteve”, declarou.

54 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
a Brigadeiro Ana Paola, ainda como Coronel, assumiu a direção do Hospital de Força Aérea de Brasília (HFAB) Instrutora Mecânica do KC-390, do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1°/1° GT), Sargento Ivy Amaral da Costa. Ela integrou a tripulação da primeira missão de lançamento do KC-390 na Antártida Foto: Arquivo Pessoal Foto: Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea

A carreira militar para as mulheres

A ascensão do segmento feminino na carreira militar segue os mesmos critérios dos homens e tem sido cada vez maior. Atualmente, as Forças Armadas contam com 35 mil mulheres em suas fileiras. No efetivo da FAB, são 13.723 integrantes: 5.332 Oficiais, dentre elas duas Oficiais-Generais, e 8.393 Graduadas. Dentre as 5.330 Oficiais, 87 são aviadoras. Uma delas é a Major Marcia Regina Cardoso, que, aos 38 anos, tornou-se a primeira mulher a comandar uma unidade militar operacional da FAB, o Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º/1° GCC), no Rio de Janeiro (RJ). Em 2006, ela se formou Aspirante a Oficial na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), compondo a primeira turma de mulheres aviadoras da FAB.

Em anos seguintes, a Major Marcia tornou-se a primeira mulher Piloto de Busca e Salvamento da FAB. Ao longo da carreira, atuou em missões de grande relevância, como a busca de uma aeronave desaparecida em Boa Vista (RO), em 2011, e a missão humanitária de amparo às vítimas das chuvas no estado do Espírito Santo, em 2013. “É gratificante

poder ajudar a população. No caso de Boa Vista, lembro da emoção que senti quando avistamos um sobrevivente e pudemos coordenar o seu regresso, a

Suboficial Renata da Silva Marinho foi inspiração para seu irmão, o Sargento Rodrigo da Silva Marinho, que ingressou na FAB em 2002

salvo, para a sua família. Aquela cena nunca sairá da minha cabeça”, relatou.

Primeira mulher Graduada-Master

Apoiar a população e os militares da FAB também é um dos orgulhos da Suboficial da Especialidade de Enfermagem Renata da Silva Marinho, primeira mulher Graduada-Master da Força. A militar fez parte da primeira turma mista da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR). “Fui orgulho para os meus pais e familiares e exemplo para o meu irmão, que ingressou na Instituição quatro anos depois”, contou.

Prestes a completar 24 anos de serviço na Força Aérea, a Graduada também é exemplo para mulheres militares. “Abrimos portas. Incentivamos outras a seguir nosso caminho. Só tenho a agradecer à FAB por todas as oportunidades e pessoas queridas que passaram pela minha vida. Deixei minha sementinha de colaboração e carrego comigo um pouquinho de cada lugar”, acrescentou.

turma de

Cabos com mulheres

Mais recentemente, em julho de 2022, a FAB incorporou mulheres ao Quadro de Cabos da Reserva de 2ª Classe Convocados nas especialidades de manutenção predial, carpintaria e eletricista. Com mais de 370 candidatos, 149 profissionais foram selecionados para realizar o primeiro Estágio de Adaptação para Praças na Graduação de Cabos (EAP-CB), que tem a coordenação dos Serviços de Recrutamento e Preparo de Pessoal da Aeronáutica (SEREP). O Estágio visa adaptar os profissionais com suas especialidades às atividades militares da Força Aérea.

55 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Acervo pessoal Major Aviadora Marcia Regina Laffratta Cardoso foi a primeira mulher a assumir um Esquadrão Operacional da FAB. A Major Marcia assumiu em janeiro de 2022 o Comando do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º/1º GCC), localizado no Rio de Janeiro (RJ) Foto: Arquivo Pessoal Foto:SEREP / RJ
56 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
57 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão

FAB MARCA PRESENÇA EM FEIRAS DE AVIAÇÃO NA INGLATERRA

Uma comitiva da Força Aérea Brasileira (FAB) esteve, no mês de julho, na Inglaterra, onde participou de duas feiras de aviação: a Royal International Air Tattoo (RIAT 2022) e a Farnborough International Airshow (FIA 2022). Os eventos são considerados os maiores do setor, atraem milhares de visitantes – principalmente entusiastas da aviação, entre eles militares de Forças Aéreas do mundo e civis. O Brasil esteve representado por meio do maior avião militar multimissão desenvolvido e fabricado no hemisfério sul: o KC-390 Millennium.

58 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
TENENTE JORNALISTA LETICIA FARIA
MISSÃO INTERNACIONAL

Na missão no Reino Unido, militares de diversas Organizações Militares integraram a comitiva da FAB

ARoyal International Air Tattoo (RIAT 2022) tem o objetivo de reunir curiosos e amantes da aviação que acompanham atentos nos céus os sobrevoos e manobras. Durante o evento, os visitantes tiveram a oportunidade de conhecer uma exposição com centenas de aeronaves de todas as formas e tamanhos, épocas e países

do mundo, como os aviões militares da Forças Aéreas Real, Americana, Francesa, Italiana, dentre outras. O nome da feira é uma alusão às imagens que as aeronaves formam nos céus com a fumaça durante as manobras que realizam, criando símbolos, formas, círculos, isto é, fazendo uma espécie de “tatuagem ou desenho no céu”.

59 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Suboficial Alexandre Manfrin / Agência Força Aérea

Participação da FAB

Representando o Brasil na feira, a FAB empregou o KC-390 Millennium para a missão. Operado pelo Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) – Esquadrão Gordo, da Base Aérea do Galeão (RJ), a intenção foi expor o avião multimissão no evento, que foi desenvolvido e produzido por uma empresa brasileira, a Embraer. Trata-se de um vetor de transporte tático e logístico e de reabastecimento em voo, capaz de cumprir diversas missões pela FAB.

A bordo da aeronave, estava uma comitiva com Oficiais-Generais e Oficiais que conheceram a feira, buscando novidades e aperfeiçoamento técnico para o crescimento da FAB. O Comandante da Força Aérea Brasileira, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, integrou o

60 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Suboficial Alexandre Manfrin / Agência Força Aérea KC-390 Millennium, que esteve em exposição na RIAT 2022, é operado pelo Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) - Esquadrão Gordo Foto: Suboficial Alexandre Manfrin / Agência Força Aérea

grupo e comentou sobre a participação da FAB na feira. “São nessas oportunidades que trazemos os produtos brasileiros, o que estamos fazendo em nosso país e com a nossa Força Aérea. Temos aqui um KC390, produto da indústria brasileira, fruto de uma parceria entre a Embraer com a Força há mais de dez anos, não mais um protótipo, mas um avião de série. Isso gera uma integração com as outras Forças Aéreas que estão pensando em como serão substituídas suas aeronaves de transporte dessa classe, de 20 a 24 toneladas”, ressaltou. Ainda conforme o Oficial-General, a feira propiciou a oportunidade de estar próximo de representantes da indústria, além de interagir, desenvolver confiança com aliados e apresentar o material necessário para que a FAB continue planejando os próximos programas, sempre com o foco na evolução da Instituição.

61 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Suboficial Alexandre Manfrin / Agência Força Aérea A aeronave da FAB foi uma das atrações da feira, que recebeu milhares de visitantes – militares e civis – de várias partes do mundo Foto: Suboficial Alexandre Manfrin / Agência Força Aérea

Militares da FAB conhecem a RIAT 2022

O tema central da feira, neste ano, foi “Treinando a Força Aérea da próxima geração”. O Comandante da Academia da Força Aérea (AFA), Brigadeiro do Ar Marcelo Gobett Cardoso, responsável pela formação dos Oficiais Aviadores, Intendentes e de Infantaria, comentou a participação no evento. “Oportunidade de conhecer os novos conceitos, técnicas e doutrinas voltados à instrução aérea primária e básica da formação do piloto militar, praticados nas demais Forças Aéreas participantes da RIAT, com o propósito de estudar eventuais aprimoramentos na formação do Ofi cial Aviador do futuro”, destacou.

Já o Comandante do Primeiro Esquadrão do Décimo Primeiro Grupo de Aviação (1º/11º GAV) – Esquadrão Gavião, Tenente-Coronel Aviador Everson Lousano Galvão, que atua na especialização dos pilotos na FAB, res-

Tenente-Coronel Aviador Rosemberg Gomes da Silva

Comandante da AFA, Brigadeiro do Ar Marcelo Gobett, com militar da Força Aérea Real

62 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Estar presente na RIAT é uma grande oportunidade de ter contato com a doutrina mais atualizada de outros países, que nos possibilita reflexões sobre a nossa e quem sabe um aprimoramento ou manter o que já está sendo feito
Foto: Suboficial Alexandre Manfrin / Agência Força Aérea

saltou a oportunidade da participação na feira. “É de suma importância para agregar conhecimento e fomentar a busca pela excelência no preparo dos futuros pilotos de combate da FAB”, acrescentou.

O Comandante do Primeiro Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (1º/5º GAV) – Esquadrão Rumba, Tenente-Coronel Aviador Rosemberg Gomes da Silva, também comentou sobre o evento. “Estar presente na RIAT é uma grande oportunidade de ter contato com a doutrina mais atualizada de outros países, que nos possibilita refl exões sobre a nossa e quem sabe um aprimoramento ou manter o que já está sendo feito”, salientou.

KC-390 Millennium: aeronave brasileira na feira

O KC-390 Millennium, em exposição na RIAT 2022, é uma aeronave de transporte tático militar projetado para estabelecer novos padrões em sua categoria. Alguns dos pontos fortes da aeronave são mobilidade, design robusto, maior flexibilidade, tecnologia comprovada de última geração e manutenção mais fácil.

O Comandante do KC-390 Millennium na missão, Capitão Aviador Romulo dos Santos Pinto, destacou a participação na feira mostrando as potencialidades operacionais da FAB fora do Brasil. “O diferencial dessa aeronave é que ela consegue, em curto espaço de tempo, ser confi gurada para realizar missões táticas, de navegação a baixa altura, de lançamento de carga e de pessoal, de combate a incêndio, de reabastecimento em voo e de busca e salvamento. Não estamos apenas mostrando as capacidades da aeronave, mas também a capacidade do Brasil e do povo brasileiro, que é altamente competente para produzir uma aeronave dessa capacidade e mostrar para o mundo todo que pode ser uma referência”, disse o Ofi cial.

63 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Militares da FAB conheceram diversas novidades na feira, como o simulador de voo em helicóptero Foto: Suboficial Alexandre Manfrin / Agência Força Aérea Foto: Suboficial Alexandre Manfrin / Agência Força Aérea

FIA 2022

A Farnborough International Airshow foi a segunda feira de aviação que a FAB participou na Inglaterra, também em julho. O evento é conhecido como uma plataforma global para a indústria aeroespacial, de aviação e de defesa, sendo tratado como uma oportunidade de crescimento para os negócios, proporcionando aos visitantes atualização a respeito das inovações tecnológicas apresentadas pelos mais de 1,5 mil expositores de todos os setores e níveis da indústria, representados por 96 países do mundo.

Para o Comandante da Força Aérea Brasileira, a presença da FAB na FIA 2022 teve o intuito de obter novas visões sobre o ambiente de aviação e de defesa. “Estamos com uma equipe multidisciplinar, como estivemos na RIAT 2022, com a presença de Comandantes de Unidades de treinamento de helicóptero e de transporte, além da Academia para ver as áreas de plataformas, sistemas e armamento. O que fazemos aqui é nos atualizar para casar com nossos aspectos operacionais, o que facilita na hora de especifi carmos requisitos técnicos e logísticos para o nosso futuro. Em todos os níveis, a Farnborough 2022 retoma essa dinâmica do mundo aeronáutico e espacial” destacou o Tenente-Brigadeiro Baptista Junior.

64 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
A comitiva participou também da FIA 2022, feira voltada para a indústria aeroespacial, de aviação e de defesa O Comandante da FAB, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, acompanhado do TenenteBrigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic, visitou os estandes de diversas empresas da área de tecnologia Foto: Suboficial Alexandre Manfrin / Agência Força Aérea

Os eventos em que a FAB marcou presença foram recheados de muita emoção, adrenalina e imagens sensacionais

Visando manter a parceria do presente e ampliar os projetos para o futuro, o Comandante participou de reuniões com executivos de diversas empresas, entre eles, o Diretor Executivo da Airbus Helicopters, Bruno Even, que comentou a colaboração multilateral. “Existe uma relação de confiança e parceria entre a Airbus Helicopters, a Força Aérea Brasileira e as Forças Armadas do Brasil há muito tempo”, disse o Executivo.

Voltada para a aviação comercial e de linhas aéreas, a FIA 2022 também contou com a presença de militares e representantes de Forças Aéreas de diferentes países, que desejavam incrementar sua frota, buscando inovação, tecnologia e constante desenvolvimento. Conforme a organização da FIA 2022, a feira apresentou uma oportunidade de reunir, discutir e questionar os principais problemas que afetam o mundo por meio de uma lente aeroespacial, bem como promover mudanças positivas no setor.

O KC-390 Millennium também esteve em exposição no evento, atraindo a atenção e olhares de executivos, empresários, militares e público em geral.

65 Jul/Ago/Set/2022 Aerovisão
Foto: Suboficial Alexandre Manfrin Agência Força Aérea
Fotos: Suboficial Alexandre Manfrin / Agência Força Aérea
Fotos: Suboficial Alexandre Manfrin / Agência Força
Aérea

COBERTURAS JORNALÍSTICAS DE MISSÕES DA FAB

Difícil imaginar a vida de repórter se não fossem os aviões. E, nas asas da Força Aérea Brasileira (FAB), tenho feito muitas reportagens por este “Brasilzão continental”. Na Amazônia, então, já perdi as contas de quantas vezes cruzei a floresta a bordo do grande C-105 Amazonas ou do pequeno C-98 Caravan ou, ainda, nos helicópteros H-60L Black Hawk acompanhando grandes operações.

Independentemente do equipamento, sempre chegamos ao nosso destino. Mesmo em pistas de brita, como a de São Joaquim, na Cabeça do Cachorro, na fronteira com a Colômbia. Ali, pude registrar a importância da FAB e a diferença que

faz um avião quando o que está em risco é a vida humana. Uma indígena, mulher de um soldado do Exército, tinha perdido o bebê numa gravidez de risco no dia em que chegamos. Passou a noite com hemorragia e, na manhã seguinte, o quadro piorou. Os sinais vitais estavam sumindo, e o hospital mais próximo ficava a três dias de canoa, passando por enormes cachoeiras. Mas o Caravan da Força Aérea que nos deixou decolou imediatamente com a paciente quase morta numa maca. Ela foi salva porque chegou a tempo ao hospital de São Gabriel da Cachoeira,

distante duas horas de voo.

E o que dizer da experiência de voar no maior avião de transporte tático-logístico da FAB? Pois bem. Fui o primeiro repórter a cruzar o oceano Atlântico no primeiro voo internacional do KC-390 Millennium, um dos maiores aviões dessa categoria. Diferentemente do C-130 Hércules, que tem hélices, o KC-390 é movido por duas turbinas superpotentes. Nossa missão era de ajuda humanitária brasileira às vítimas da explosão no Porto de Beirute, em agosto de 2020. Em cada escala do nosso voo, o cargueiro da FAB, desenvolvido pela Embraer, chamava a atenção de todos. Na Ilha do Sal, em Cabo Verde; em Valência, na Espanha; e na capital do Líbano, curiosos se aproximavam para tirar uma foto ao lado do superavião.

Emoção também ter participado da despedida do T-27 Tucano da Esquadrilha da Fumaça. Depois de uma aula sobre o funcionamento do avião, fui convidado a fazer um voo sobre Brasília. Indescritível a sensação de estar no cockpit da aeronave enquanto o experiente piloto da FAB comandava as manobras acrobáticas. Fiquei sem fala. E desci radiante, sem vomitar.

Não vejo a hora de voar num caça da Força Aérea.

VOO MENTAL
Os artigos publicados nesta coluna são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente a opinião do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica Por VALTENO DE OLIVEIRA – JORNALISTA Acervo pessoal
É o que me falta.
Mas o Caravan da Força
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Aérea que nos deixou decolou imediatamente com a paciente quase morta numa maca. Ela foi salva porque chegou a tempo ao hospital de São Gabriel da Cachoeira, distante duas horas de voo Valteno de Oliveira jornalista
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