Blogs | Ailton Villanova - Tribuna Hoje - O portal de notícias que mais cresce em Alagoas
www.fgks.org   »   [go: up one dir, main page]

06/12/2013 23:32

      Muito jovens, Onildo Tenório (Nildo) e Argileu Lindoso Fortes ordenaram-se sacerdotes católicos seculares na mesma época e na mesma turma, em Salvador da Bahia. Depois, retornaram à origem, em Pernambuco, a fim de cumprirem suas respectivas missões em paróquias diferentes. Anos e anos se passaram e eis que, belo dia, os velhos companheiros se reencontraram, por acaso, em Salvador. Foi aquela festa!

      Mais tarde, depois de um bem regado jantar num dos tradicionais restaurantes da Boa Terra, saboreavam um cafezinho e proseavam à vontade. Em dado momento, padre Argileu desabafou:

      Sabe, Nildo, ando muito cansado da vida reclusa e regrada do sacerdócio...

      Padre Nildo alarmou-se:

      - Não diga uma coisa dessas, meu amigo! Bate nessa boca e pede perdão a Deus!

      - Estou sendo sincero. Pelo menos uma vez na vida eu gostaria de sair da rotina da igreja. Quer saber de uma coisa? Esta noite eu e você vamos sair por aí . Vamos beber, namorar...fazer o que quisermos.

       - Você ficou louco homem?! De repente a gente encontra algum conhecido de Pernambuco... Já pensou no escândalo?

       - Salvador é enorme, Nildo! – contra-argumentou Argileu. – Tiramos as nossas batinas e vamos nos divertir num local bem distante do centro. Os pecados que cometermos, com certeza serão perdoados.

      - Não gosto da ideia.

      Mas, tanto Argileu insistiu que Nildo aquiesceu. À paisana, os dois caíram na noite soteropolitana e mandaram ver. Quando voltavam da farra, lá pelas 5 da matina, Nildo bateu na testa e exclamou:

      - A confissão, meu irmão! Temos que nos confessar!

      - Relaxe, rapaz. Eu já pensei nisso. Nós nos confessamos quando voltarmos para Pernambuco.

      - Mas...

      - Assim que descermos no aeroporto, passaremos na minha paróquia, você se confessa e eu o absolvo. Em seguida, viajamos até sua cidade e invertemos os papéis.

      Dito e feito. No confessionário da igreja onde Argileu era pároco, padre Nildo se abriu:

       - Padre, perdoe-me porque pequei. Eu e meu colega fizemos a maior farra em Salvador. Bebemos tudo o que pudemos, saímos com mulheres da vida fácil, dançamos e cantamos músicas profanas...

      Dentro do confessionário reverendo Argileu respondeu:

      - Está perdoado, meu filho. Em nome de Deus eu o absolvo. Reze 5 Pai Nossos e 5 Ave Marias e vá em paz.

      Cumprida a penitência, os dois sacerdotes montaram num carro e se mandaram para a igreja do padre Nildo. Chegaram lá, Argileu mandou o verbo. Contou todas as peripécias que havia feito com o colega. Quando acabou, Nildo surpreendeu:

       - Eu não acredito no que ouço! E você ainda tem a coragem de se dizer sacerdote? Que absurdo, meu Deus!

       - Mas...

       - Cale-se pecador! Vá ali pro altar e reze 500 Pai Nossos, 500 Ave Marias, 300 Salve Rainhas e 250 Credos. E tem mais: todo o dinheiro que você receber este mês, terá que ser distribuído entre os pobres e necessitados. Para finalizar, dê 500 voltas de joelhos, na igreja, pedindo perdão a Deus. Quando terminar tudo, vá pra casa. Amanhã, esteja de volta para negociarmos sua absolvição, mas não garanto nada.

       - Mas o que é isso, Nildo?! E o nosso acordo?

       E ele firme, impassível:

       - Olhe, o que eu faço no meu tempo livre é uma coisa, mas no expediente eu levo o meu trabalho a sério. Agora vá, infiel!

        Padre Argileu foi para não mais voltar. Largou a batina e sumiu do mapa.

 

Às vezes, sim

       Noite tranquila, ventinho soprando de leve e os amigos Orlandino Cerqueira e Galileu Ferreira maltratando uma canelinha esperta de caranguejo, na base do dente, com o reforço de uma cervejinha geladinha. O papo versava sobre a situação precária do Brasil.

       - Meu irmão, além da violência, temos na parada a tal da recessão! – comentava Orlandino, todo metido a entendido. – Não sei onde iremos parar!

       - É isso, mano velho. E o desemprego? Pô! O desemprego tá de lascar! – reforçou o Galileu.

       - Tudo custando os olhos da cara, bicho! O jeito é economizar. Lá em casa, a ordem é essa. Sua mulher é econômica?

       - Às vezes é. Ontem, por exemplo, dia do aniversário dela, ela foi bastante econômica!

       - Como assim?

       - Ela estava completando 50 anos e só colocou 25 velinhas no bolo!

 

O vizinho é

      Barzinho do Gilfredo, bairro da Levada. No ambiente só se respirava vapor de álcool. A birita rolava solva e o rádio, volume topado, ligado num programa de forró chato pra cacete.  De repente, o programa é cortado e entra no ar a característica de “extraordinária”. Todo mundo se ligou no barato. Aí, entrou um locutor de voz potente, que mandou o gogó:

      - E atenção ouvintes! Incêndio de grandes proporções eclodiu há poucos instantes, no Tabuleiro do Martins. Uma guarnição do Corpo de Bombeiros já está no local. Enquanto isso, o comando da corporação pede que todos os bombeiros de folga compareçam ao quartel imediatamente...

      Ao escutar isso, um tal de Elesbão Bomfim, que se achava jogando sinuca, largou o taco em cima da mesa e disparou para a rua. Aí, seu parceiro  de jogo gritou:

      - Pra onde vai, parêia? Tu é bombeiro?

      E o Elesbão:

      - Eu não, mas o marido da vizinha é!   

 

Bêbado tarado

      Papo de bêbado é negócio complicado, o leitor haverá de concordar.

      Está provado cientificamente que juízo cheio de birita não segura língua nenhuma e, dependendo da dita cuja, aí é que o negócio fica difícil de entender.

      Segundo um filósofo de circunstância, “bêbado bom é aquele que não fala, porque não cria problema nem pra ele e nem pra ninguém”.

       E o bêbado de língua solta? Pior ainda quando, além disso, é degenerado sexual, conforme é o caso do indivíduo Antenórgenes da Conceição, o “Pelanco”.

      Numa roda de amigos, em certo barzinho de Cruz das Almas, ele comentava, liberando o maior bafo de álcool:

      - Se eu fosse Deus, fazia a mulher nascer com a bunda na frente e os peitos nas costas!

      Ao escutar isso, o colega conhecido como Jarbas Sardinha aparteou:

      - Ih, bicho, dava não! Pra sentar ia ser horrível!

      - Mas em compensação seria bom pra cacete!

05/12/2013 21:59

      O povo entendeu de chamar de “santinho” aquele retratinho que postulantes a mandatos eletivos costumam distribuir em épocas eleitoreiras, como a que se avizinha. Os tais “santinhos” correm de mão em mão numa velocidade formidável. É a maneira mais prática de o candidato mostrar a cara ao eleitor.

      E haja “santinho”!

      Nesse embalo, o companheiro Osvanildo Adelino de Oliveira, perito e delegado de polícia aposentado se constituiu, na eleição antepassada, no maior distribuidor de “santinhos” das Alagoas. É que ele foi cabo eleitoral do seu irmão caçula Osvanilton, também delegado de polícia e candidato a deputado estadual.

      No sábado anterior ao pleito eleitoral, Osvanildo foi a ilha de Santa Rita a fim de vistoriar a reforma de um imóvel que possui por lá. Assim que chegou à obra, o vigia Zé Paulo correu pra ele com um papo reinvindicatório:

      - Dotô, tô carecendo de uma forguinha pra mode vê a veínha minha mãe, qui mora nas Arapiraca...

      Osvanildo accedeu:

      - Pra quando você quer a folga?

      E Zé Paulo:

      - Pra amenhã, se fô pussive.

      -  Está certo. Mas, em troca, eu gostaria de lhe pedir um favor...

      - Inté déis qui o sinhô quizé. Possa pidí!

      O delegado meteu a mão no bolso, puxou um pacotinho de retratinhos de propaganda do mano velho, entregou ao vigia e atacou:

      - Olhe, Zé Paulo, aproveite a folga e distribua esses “santinhos” com a família e com os amigos, tá combinado?

      - Santinho? Sim sinhô, cum todo gosto, dotô. Possa contá cumigo. Só tem esse tiquinho?

      - Quer mais?

      - Ôxi se quero, dotô. Minha famia e grandona!

      Meia hora depois Zé Paulo se mandava para Arapiraca abraçado com um pacotão de “santinhos’, que havia retirado do porta-malas do carro do patrão. Assim que chegou  na casa da mãe, foi logo abrindo o embrulho e retirando um exemplar do retratinho do candidato Osvanilton, que tinha na cara um sorriso vitorioso:

      - Mãe, oiaquí o santo qui o Zé Vanildo mandô ispaiá!

      A velha reparou, reparou... Assuntou, assuntou... De testa franzida, devolveu a figurinha ao filho, dizendo:

      - Qui danado de santo é esse, fio?

      - Seio não, mãe. O patrão num dixe não!

      - Avi, qui santo mais iscalafobético! Nunca vi santo de bigode, palitó e gravata! Pru quê você num preguntô ao seu patrão o nome desse santo?

      - Tive veigonha, mãe. Num quis dá uma de inguinorante, num sabe?

      - E cuma é qui esse dotô manda você ispaiá esse santo puraqui, e num  isprica as coiza dereito? Vorte lá e pregunte o nome desse santo fidaégua!

      Zé Paulo voltou pra Maceió carregando nas costas a mesma carga de santinhos que havia conduzido à Arapiraca.

 

Sexo enjoado

      Um grupo de colegas de trabalho do ingênuo João Marcelino, incluindo o próprio, resolveu gastar numa viagem marítima de recreio parte da grana que havia ganhado Loteca. A turma saiu de Maceió de ônibus e foi pegar o navio no Recife.

      Antes da partida, a patota se reuniu na Pajuçara e o tal de Manuel Leite, espécie de líder, chamou o Marcelino num canto:

      - Olha, bicho, esse cruzeiro deve estar cheio de gatinhas, cada uma  mais gostosa que a outra... desse negócio eu manjo. Então, eu acho que é melhor você se abastecer ali, na farmácia do Paulo...

      Marcelino foi e retornou rapidinho:

      - Comprei uma camisinha e um comprimido pra enjoo!

      - Só isso, cara?! Já falei que o navio vai estar cheio de mulheres!

      Marcelino correu novamente à farmácia, pediu a mesma dose, voltou ao ponto onde se achava o grupo e disse:

      - Ok! Comprei mais um preservativo e outro comprimido!

       Pela terceira vez o cara encostou no balcão da farmácia com o mesmíssimo pedido das vezes anteriores. Paulo Nascimento, o farmacista, invocou-se com ele:

      - Desculpe, meu amigo... eu não tenho nada com isso, mas se você enjoa tanto, por que insiste em fazer sexo?

 

Amado filho!

      Casado havia anos com dona Sofia, o distinto Adelmo Diniz vivia doido para ter um filho. Gastou uma nota preta no tratamento hormonal da esposa, porque o defeito era dela mesma, garantiram esculápios os mais categorizados. Um dia, eis que o lar do casal se iluminou todo: Sofia estava grávida! Adelmo velho de guerra vibrou. Mas vibrou tanto, que passou uma semana inteira biritado.

      Os meses se passaram e, finalmente, chegou o dia em que Sofia ingressou na maternidade, com o marido, todo ancho, a tiracolo.

       A mulher entrou  trabalho de parto e Adelmo, nervosíssimo, fumando um cigarro atrás do outro, na sala de espera. Todas as vezes que surgia uma enfermeira, ele saltava:

      - E aí, nasceu o meu filho?

      Até que, finalmente, o rebento pintou no pedaço. Ao dar a notícia, a enfermeira fez questão de advertir:

      - Olha, o seu filho veio com alguns probleminhas...

      - O quê, por exemplo?

      - Bem... ele veio sem as duas pernas...

      - Não importa. Vou amá-lo como se ele tivesse as duas pernas. Afinal, não vou querer um filho para ser jogador de futebol. O que importa é o meu amor...

      E a enfermeira, impávida, fria:

      - Ele também nasceu sem os braços!

      - E daí? Ele também não vai poder jogar volibol, mas não importa. Vou amá-lo ainda mais!

      A enfermeira foi enumerando os problemas e o Diniz firme, sem o menor abalo. Aquele era o filho tão ansiosamente esperado... Em dado momento, a moça entrou no berçário e saiu com uma orelha enrolada numa fralda:

      - Seu filho se resume nisto aqui!

      Diniz pegou a orelha emocionadíssimo:

      - Filho, não importa que você seja só uma orelha. Eu te amarei assim mesmo! Sempre, sempre, sempre...

      A enfermeira advertiu:

     - Fala gritando que ele e surdo! 

04/12/2013 23:19

      Escapulido de sua terra natal ainda no fragor da IIa. Guerra Mundial, o alemão Hans Böller homiziou-se numa cidade do nosso litoral norte. Desse cidadão contam histórias as mais incríveis e pitorescas, sobressaindo-se aquelas que se referem às suas homéricas farras e bacanais intermináveis. Böller era um degeneradão.

      Parte do dinheiro que trouxe no bolso ele investiu num sítio enorme, onde costumava juntar homens e mulheres da região. Aí, enchiam a cara de vinho e cerveja, fechavam as portas do casarão, apagavam as luzes e o negócio rolava na base do “quem pegasse quem”.

      Certo dia, o português Joaquim Manuel, que vivia de olho nos bacanais, arrumou um jeito de ser convidado pelo alemão, para participar também do barato. Mas com uma condição imposta pelo alemão: o portuga teria que levar junto sua esposa Esmeralda, uma robusta, linda e bem dividida cachopa de olhos da cor do mar.

      Há muito tempo que o degenerado alemão vinha de olho na lusitana. Então, armou uma jogada pra cima do casal de além-mar: convidou uma mulher a menos para a festança do final de semana seguinte.

       Todo entusiasmado, o português, com a mulher a tiracolo, adentrou a festa. Mal adentrou, apagaram a luz. No que apagaram a luz, o português dançou. Sem prática nenhuma naquele esquema, Joaquim tateou, tateou e não pegou ninguém. A portuguesa não deu para quem quis.

        O bacanal terminou de manhã, com o português manifestando o seu desagrado:

      - Não gostei da brincadeira. Não sobrou nem a minha mulher pra mim!

      Mas Joaquim Manuel não ficou só na reclamação. Foi dar queixa na polícia. O delegado não contou conversa, assim que acabou de ouvir o queixoso. Mandou chamar o alemão:

      - Seu Hans, me conte, por favor, o que é que vocês andam fazendo no seu sítio...

      E o galego:

      - Senhôrrra delegada, nós só fazerrr uma festa muuiiito alêrrre. Nós lefarrr muitos mulherrres e nós vecharrrar o porrrta de casa. Nós apagarrrar o luz e nós tirrrar o rrroupas. Entón, começar galhinagem muuuiiito engrrraçadasss e nós pegarrr os mulherrres no escurrro e abraçarrr mulherrres e rolarrr na chon com êlesss...

       O delegado interrompeu a narrativa do alemão:

       - E dona Esmeralda, a esposa do português Joaquim, o que foi que vocês fizeram com ela?

       - Ah, senhôrrra delegada...Esmerralda ser mulherrr muuuiiito maravilhosa. Todas ós brigarrr porrr ela, mas nós difertirrr muito. Êla gosssta demaisss, delegada!

       A proporção que o alemão degenerado falava, o delegado esfregavas as mãos, interessadíssimo na história. De repente, interrompeu novamente:

       - Peraí, Hans. Peraí! Vamos combinar o seguinte... eu quero ver essa festa de perto.

      - Ah, o senhôrrra fai gostarrr muito.

      - Não sei. Eu só quero ver.

      - Fai gostarrr, sim. Seu mulherrr adorrra!

 

Quem fala?

      Doutor Genivaldo Osório, alto executivo de importante empresa sulista com filial nesta praça, acha que só ele é o bacana. Boa pinta, anda cheio de mulheres, preferencialmente louras. Para o leitor ter uma ideia do quanto o cara é esnobe, agora mesmo, semana passa deu um pulinho em Paris e buscou uma secretária francesa.

      Assim que desembarcou no aeroporto Zumbi dos Palmares, ele pegou o celular e ligou pra casa, já com uma desculpa engatilhada na ponta da língua, face a que tencionava curtir um barato com a tal secretária.

      Atendeu lá a empregada:

      - Alorrr ...

      Genivaldo foi logo sapecando:

      - Avisa aí a patroa que é melhor ela ir deitar-se sem me esperar. Chegarei assim que puder.

      E a doméstica:

      - E quem é que eu digo que tá falando?

 

O mesmo!

      Azequias Marques era um maridão tranquilo. Vivia na paz de Deus com dona Edvalda. Só começou a desconfiar que estava sendo chifrado quando ele e a mulher se mudaram do Vergel do Lago para o Benedito Bentes.

      O carteiro e o entregador de pães continuaram sendo os mesmos.

 

Melhor amigo

      Coriolano Bezerra encontrou o amigo José Messias no maior porre e ficou abismado:

      - Quê que é isso, meu irmão?! Você nunca foi de beber desse jeito!

      E o Messias, na maior euforia:

      - Tô comemorando, meu chapa!

      - Comemorando o quê?

      - A liberdade! Minha mulher fugiu com o meu melhor amigo!

      - Você malucou, rapaz?! Sua mulher foge com o seu melhor amigo e você ainda comemora desse jeito! Quem é o cara?

      - Conheço não. Só sei que ele agora é o meu melhor amigo!

 

Compreensivo demais  

      Mulher muito boa, em todos os sentidos, a mulher do Correia faleceu em consequência de um mal súbito. O que teve de ego derramando litros de lágrimas não está no gibi.

       Mas, com o infausto, quem ganhou disparado foi o Avelino. Esse cara  deu um trabalho danado no velório da finada. Aos berros, dizia que queria morrer também; que o mundo não valia mais nada sem a presença da pranteada... Maior escândalo!

        Nesse momento, eis que surgiu o viúvo e se dirigiu ao escandaloso e consolou:

         - A vida tem dessas coisas, Vevéu. Não fique triste que eu prometo me casar de novo, assim que puder.

 

Sem descanso

      Numa roda de bar, um grupo de ex-casados bolava planos para a fundação do Clube dos Divorciados. O papo andava animadíssimo. Cada um contava a história da sua separação.

       Com a palavra, César Beluzio:

        - No meu caso, a culpa toda foi do vizinho. Eu viajava a semana inteira e, mal chegava na volta, corria pra cama, maluco pela minha mulher. Caminhava tudo muito bem quando, um dia, esqueci a janela do quarto aberta. Aí, escutei a vizinha do andar de cima gritar: “Olha o barulho aí, pô! Até no sábado e no domingo!”

03/12/2013 21:17

      Único homem entre meia dúzia de filhos do casal João Hemetério/Eulina Barbosa Hemetério, o rapagão José Paulo só namorou uma garota – a Maria das Dores  – desde que se entendeu por gente e acabou casando com ela. Criado num regime bastante conservador, disciplina rígida, imposta principalmente pela mãe, o sobredito jamais teve a oportunidade de enveredar pelos “pecaminosos” caminhos do sexo. Zé Paulo só manjava mesmo de rezas.

      Perdidamente apaixonado pela donzela, levou-a ligeirinho ao altar. Terminada a cerimônia do casório, bastante preocupado ele procurou o pai num canto da igreja:

      - Pai, como é eu faço naquela hora...?

      - De que hora você está falando? – indagou o velho.

      - Eu estou querendo saber como é que eu devo fazer na cama com a Dasdores...

      O velho encarou o filho, olhão arregalado:

      - Não me diga que não me diga coisa dessas! Você nunca trepou, meu filho?

      - Não, pai. Eu ainda sou donzelo!

      O pai bateu com a mão espalmada na testa:

      - A culpa é minha, que nunca lhe ensinei a viver.  Mas, tem nada não. Ainda há tempo de você aprender...

      - Brigado, pai.

      E o velho, com ar bastante grave:

      - Já pensou, meu filho, se as pessoas souberem de uma coisa dessa? Vamos fazer o seguinte... você e sua mulher vão passar a noite lá em casa. Antes de se deitar com sua mulherzinha, eu entro no guarda-roupa e vou dando as coordenadas pra você, tá certo?

      - Certo, pai.

      E chegou a hora da verdade. A noiva (que segundo as más línguas tinha muitas horas de cama), espichou-se na horizontal e ficou aguardando a entrada do maridinho querido. Quando o rapaz entrou no quarto, tratou de apagar a luz, chegou mais pra perto do guarda-roupa e cochichou para o pai, que se achava lá dentro:

      - E agora, pai, como é que eu faço?

      De dentro do móvel, Hemetério respondeu:

      - Tira a roupa, trepa nela e fica gingando pra cima e pra baixo... Vai!

      Filho obediente, Zé Paulo meteu mãos a obra. De dentro do guarda-roupa o pai só ouvia o barulho do colchão de molas – chec, chec, chec.

       De repente... catplaft! O noivo despencou de cima da cama, enfincou a cara no chão e quebrou a venta. Passou a mão na cara e balbuciou:

      - Tá saindo sangue, pai!

      Nesse momento Hemetério disparou de dentro do guarda-roupa, na maior euforia:

       - Graças a Deus! Deu certo! Deu certo!

 

Supervelho

      Do vetusto Amabílio Pinto contam muitas histórias, todas elas relacionadas com o mulherio. Dizem que ele foi o cara que mais comeu mulher na paróquia. Usou saia, pintou no seu pedaço, já viu.

      Em priscas eras, seu Amabílio foi o terror mulherífico. No apagar das luzes, beirando os 95 anos de idade, ele ainda “mantinha a escrita em dia”, conforme costumava gabar-se.

      Certa manhã, retornando do açougue da esquina, dona Silvina, sua esposa o encontrou no maior embalo com a empregada doméstica Isabel, morena gostosa dos seus 20 anos de idade.

      Ao flagrar a cena, dona Silvina enfureceu-se. Pegou o marido pela gola do pijama, arrastou-o até a varanda do apartamento e o atirou do oitavo andar, lá embaixo.

      Na polícia, ela se justificava perante o delegado Carlomano Miranda:

      - Olha, meu filho, eu pensei o seguinte: se aquele velho safado era capaz de fazer uma sem-vergonheza daquela os 95 anos, também poderia ser capaz de voar!

 

Misturou tudo!

      O cara é chato pra cacete, principalmente quando está embriagado!

      Refiro-me ao tal de Horaciel Dias, um piadista de mau gosto, que mora pras bandas do Benedito Bentes. Dia desses, ele entrou num ônibus do Tabuleiro do Martins liberando vapores etílicos, pra tudo quanto era lado. Em dado momento, parou no corredor e mandou:

      - No fim deste ônibus só tem corno!

      Mil olhares de ódio pra cima dele que, nem aí, continuou:

      - Aqui no meio só tem brocha!

      Fez uma pausa, temperou a goela e completou:

      - E lá na frente tudo é viado!

      Ao escutar isso, o motorista do coletivo não conseguiu se segurar: pisou fundo no pedal do freio, e os pneus cantaram no asfalto. Feito isso, o profissional do volante pariu pra cima do Horaciel com gosto de gás:

      - Repita o que você falou, seu fiadaputa!

      E pinguço:

       - Ah, agora não dá mais, meu! Com esse freio da bobônica que você deu, desarrumou tudo!

 

Mais difícil

      O marceneiro Severino Santana resolveu sair do interior para tentar a vida na capital. A situação em Olivença estava difícil. Em Maceió as perspectivas seriam outras.

      De fato.

      Ao cabo de dois anos, Severino estava bem instalado o Jacintinho, boa freguesia, e havia se dado ao luxo de comprar uma bicicleta. Aí, achou que estava na hora de mandar buscar a mulher amada, Maria José.

      Na noite em que os dois se encontraram, mortos de saudade, o marceneiro, bastante curioso, perguntou à mulher:

      - Ô Maria, será qui tu se manteve fiéu a eu?

      E ela:

     - Vixe qui cunvelsa, hôme! Pur qui tu qué sabe duma coiza dessa?

     - Purque nunca lhe chifrei! Magine qui nessa terra cheia de mulé bunita, às vêis eu ficava pra morre de disispêro. Aí, eu num aguentava, pegava uma dona, levava pro barraco, mas na hora agá eu me alembrava de você e saía de cima da mulé. E tu, Cuma foi?

      Maria baixou a cabeça e respondeu:

      - Bem, tu sabe... saí dibacho é munto mais difíce du qui saí de cima.  

02/12/2013 23:23

 

      O pessoal mais antigo conhece bastante a chamada “pedra-ume”, hoje praticamente desaparecida do mapa. Houve uma época em que ela era utilizada em grande escala, principalmente pelo mulherio das populares zonas do meretrício.

      Pedrinha danada essa tal de “ume”. Resultante da composição de sulfato de alumínio e potássio, basta ser aplicada num corte de pele, imediatamente, e a hemorragia é estancada. Outra propriedade medicinal considerada milagrosa da “pedra ume” é a que determina a retração da musculatura em partes mais sensíveis do corpo humano. Por isso, as mundanas usavam e abusavam dela. Antes das atividades sexuais, lavavam as partes pudendas com água da dita cuja. A xoxota da mulher ficava arrochadinha que era uma beleza, proporcionando, inclusive, um gozo mais intenso e prolongado.

      Foi o caso daquela noiva que chegou para a mãe e abriu o jogo:

      - Tô apavorada, maínha! Amanhã é o dia do meu casamento e eu tenho que... que lhe contar uma coisa...

      - O que é, minha filha?

      - Eu não sou mais virgem. Já pensou na hora em que o Ronaldo...

      - Iiih, não quero nem pensar. Mas, fique calma. Vamos dar um jeito nisso.

      - Mas como, maínha?!

      - Espere aí.

      Dito isto, dona Jovenilda, a mãe, foi até o armário de remédios, pegou uma “pedra ume” já meio gasta, deu para a filha e explicou:

      - Olhe, Neuzinha, na hora “agá”, quando o Ronaldo estiver no banheiro se preparando, você dissolve um pedaço num copo de água e passa na parte íntima, que ela fica novinha em folha. Faça isso que você vai ver como dará certo. Ah! Para a coisa ficar mais firme, deixe antes a pedrinha dissolvendo um pouco, tá?

      - Tá ok, mãezinha. Brigadinha, viu? – agradeceu emocionada a noivinha.

      Bom. Neuzinha se casou com o Ronaldo, com uma fez porreta. Lá pelas tantas, pegaram as malas e se mandaram à Maragogi, onde passariam a lua-de-mel. Já no quarto do hotel, a pedrinha estava se desmanchando no copo d’água, enquanto os pombinhos, na varanda, trocavam juras e mais juras de amor. Aí, o embalo esquentou de tal modo que quem acabou correndo ao banheiro foi a noivinha. Ela se banhou, relaxou e voltou ao quarto.

      - Meu Deus! – exclamou alarmada.

      O marido estava de boca trancada, os olhos arregalados.

      Naquilo que reparou na mesinha de cabeceira, a noivinha, mais alarmada ainda, indagou:

      - Amor, cadê a água que estava nesse copo?

      E o coitado do Ronaldo, falando com a maior dificuldade, a boca engilhada:

      - Ô bubu, mô omô!

      (Tradução: - Eu bebi, meu amor!)   

 

Prova de amor

      Casalzinho romântico, Zé Severino e Maria das Dores era de fazer inveja, de tanta santidade que mostrava. Doutor Nairo Freitas conhece os dois, desde a época em que era vereador em Japaratinga. Foi Nairo quem deu uma calibrada na vista do Severino, e ele ficou enxergando além da conta.

      Uma noite, depois da novena, Severino e Das Dores escaparam para um escurinho que havia atrás da igreja. Severino deu um aperto na donzela e sapecou no ouvido dela:

      - Ô Dasdô, me dá uma prova de amô, me dá!

      E ela bem disposta:

      - E onde é qui nóis deita?

 

E a loja?]

      O velho Oscar Marques era um comerciante unha de fome. Fazia conta de centavos, o infeliz. Contam as más línguas que foi ele quem deu origem àquela onda de pular a porta para não gastar o ferrolho. O indigitado possuía uma loja de ferragens nas proximidades do mercado público do bairro da Levada.

      Um dia, seu Oscar, já bem velhinho, jazia no leito de morte, rodeado de toda família. Com a voz fraquinha, perguntou pelo filho mais velho:

      Cadê o Oscarzinho? Oscarzinho?

      - Tô aqui, papai!

      Emoção no ambiente. Mil lágrimas.

      Em seguida, o moribundo indagou:

      - E o Jorge? Cadê o Jorge?

      - Também tô aqui, pai!

      Mais lágrimas no ambiente. Mais um tempo, e seu Oscar:

      - E o João? Onde tá o João?

      - Aqui, papai...

      O moribundo continuou chamando:

      - Camilo? Camilo?

      O caçula dos irmãos respondeu emocionadíssimo:

      - Estou aqui, painho! Estou aqui segurando a sua mão.

      - E a mãe de vocês...?

      Dona Clotilde, banhando-se em lágrimas, respondeu no fio de voz:

      - Aqui, meu velho. Aqui, na sua cabeceira.

      Seu Oscar fez um esforço tremendo, ergueu-se na cama e esbravejou:

      - Mas quem diabo ficou tomando conta da loja? Deixaram a loja sozinha?!

 

O Mouquinho

      José de Assis, o “Zé Mouquinho”, na escutava nadinha. A turma tirava o maior quatro-de-hora com o coitado, porque falavam uma coisa e ele entendia outra completamente diferente.

      Um dia, Zé Mouquinho desapareceu da cidade, sem dar explicações a ninguém. Abriu-se o oco do mundo, ele meteu-se lá dentro.

      Passaram-se os meses. Um ano depois, eis que pinta de volta a parada o velho Zé Mouquinho. Aí, foi abordado pelo sujeito mais gaiato da paróquia, o tal de Bia Suvaco:

      - Voltou, hein, corno safado? Onde era que andava com esses chifres?

      E o Mouquinho, abrindo o paletó e mostrando o cabo de uma pistola que carregava preso a cinta:

      - Eu estava em São Paulo, onde fui operado, fiquei curado e entrei para a Polícia. Agora, você está preso por desacato à autoridade, seu filho da puta!

 

Preguiçosos

      O pinguço conhecido como Quincas da Barra arrumou um quebra-galho numa obra da construção civil, na qualidade de auxiliar de pedreiro. O mestre-de-obras designou-o para carregar tijolos. Logo no primeiro dia, passadas só duas horas de trabalho, o chefe chamou-o a atenção:

      - Ô rapaz, os outros auxiliares levam oito tijolos de cada vez e você só leva quatro! Por quê?

       E o Quincas, se justificando:

       - É porque eles são preguiçosos demais para caminhar duas vezes, meu chefe!