Fabiano Neu

No artigo lidamos com a invenção de Borja, uma virtualidade urbana que emerge como diferença resultante da operação de subtração, apontada por Gilles Deleuze no teatro da ausência de Carmelo Bene, em que a amputação de personagens centrais em uma peça suscita modos outros de encenar; operação tomada como artifício fabulador para pensar o espaço urbano como palco de intervenções artísticas e culturais. Borja surge da dessacralização do espaço histórico e identitário de São Borja pela subtração da apócope São, potencializando heterotopias – locais não hegemônicos, segundo Foucault – e fazendo irromper o que Hakim Bey chama de Zona Autônoma Temporária, um levante intensificador da vida que não se explica pela história.

Trabalho de conclusão da Especialização em Atividades Criativas e Culturais, da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), sob orientação do Prof. Gabriel Sausen Feil, 2016. Publicado no livro Comunicação em cont3xto de pesquisa (2019).

Comunicação em cont3xto de pesquisa buscou reunir fragmentos daquilo que nós e nossos convidados(as) estão pesquisando atualmente, uma forma de retratar/documentar t3xtualmente aquilo que nos interessa e nos entusiasma como pesquisadores(as). Neste livro, temos artigos escritos por todos os membros do GP t3xto, professores(as) ou ex-estudantes da Unipampa e vários convidados(as), pessoas muito importantes para nós: nossos(as) ex-orientadores(as) de tese/pesquisa ou, de algum modo, pessoas que comem do mesmo pão na jornada científica.
Organizadores: Gerson de Lima Oliveira, Larissa Conceição dos Santos e Marco Bonito.
Obra coletiva desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa t3xto da UNIPAMPA.

Este trabalho tem o intuito de experimentar, no formato audiovisual, condições de produção de signes que, de acordo com o filósofo Gilles Deleuze (2003), violentam o pensamento. Defende-se que a disjunção dos componentes, visual e sonoro, da imagem audiovisual a torna potente em possibilidades de signes, e dessa forma pode compor aquilo que Roland Barthes (2004) chama de Texto. O audiovisual, no formato como é produzido pela chamada indústria cultural, está submetido aos esquemas de recognição próprios do pensamento representacional. O sonoro tem a função de corresponder e ilustrar o visual estabelecendo uma relação de redundância, que colabora para o exercício de apenas reconhecer sentidos postos e não de criação. Entende-se que a subversão desse formato possa vir a produzir uma relação inusitada que contribua para novas formas de pensar, e que essa disposição outra pode ser considerada um Texto. O trabalho implica uma produção experimental, como um recurso metodológico, que lida com a justaposição de recortes fílmicos e texturas sonoras díspares em que se busca um acordo-discordante que venha a produzir sentido.

Trabalho de conclusão do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), sob orientação do Prof. Gabriel Sausen Feil, 2013.

Um único fio, com vários segmentos de contas de vidro, plástico e madeira sobre nylon, permite a criação de linhas que desenham superfícies e espaços tridimensionais. Um carretel forrado a cetim e veludo verde permite o transporte deste fio, que chega, em sua extensão em 2022, aproximadamente, a duzentos e cinquenta metros de comprimento. A variedade de contas produz linhas cujas múltiplas composições possíveis têm cores, texturas e formas diferentes. A conta com um furo para a passagem de um fio é encontrada desde o Paleolítico. Pode-se supor que foi de uma pequena conta que se originou a roda.  Toda a contabilidade que cerca nossas vidas parte dos conjuntos de contas organizados em um ábaco. Contar é somar umas coisas com outras para obter um determinado resultado, enumerar, determinar sua quantidade. Contar é considerar algo da maneira que lhe corresponde, ou seja, um evento. Contar é dar valor, importância. Ter alguém é ter em mente. O presente projeto joga com a amplitude do que significa "contar", que tanto implica contar os segmentos e as contas do colar como compartilhar experiências. Objetos como terços, japamalas, a tasbih islâmica, fazem perguntar o que é uma oração, um rosário, uma contagem de perdões, quase uma contagem de itens. Todos temos contas a pagar. Contar é também considerar ou manter uma pessoa ou coisa em mente para algum propósito. Contar, na verdade, é 'ter', 'ser', 'existir'.