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Versus#46

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SOE N

L IVE

M O O NS P E L L

LIV E

A N T RO D E F O LIA

HIE RARQU IA D O SINAL

“Todos os santos não chegaram…” KA IPA

D E AD B O Y S

C A LIG U LA ’ S H O R S E

O LHO NO CU


EDITORIAL

V E R S U S M A G A Z IN E

vErSUS MAGAZINE

Rua José Rodrigues Migueis 11 R/C 3800 Ovar, Portugal Email: versusmagazinept@gmail.com

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EDITORIAL

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D IR E C Ç Ã O

1755 O de sta q u e nã o poder i a ser out ro - « 1 7 5 5 » . De poi s de

Adriano Godinho, Eduardo Ramalhadeiro & Ernesto Martins

G R A F IS M O

« 1 0.0 0 0 a no s depoi s ent re Vénus e Ma rte » , o gra n de

Eduardo Ramalhadeiro, Marco Anes (& Rúben Fernandes)

á l bu m co nce ptual de José Ci d sobre a a utode s t rui ç ã o da

COLABORADORES

h u ma nid a d e, a músi ca por t uguesa vo l t a a a bra ç a r out ro ex tra o rd inário álbum concept ual. Des t a ve z os Moon s pe l l d ã o -no s u ma li c ão de Hi stór i a sobre os a conte ci me ntos q ue su ce d e ra m ao terramoto de 1755.

Adriano Godinho, Carlos Filipe, Cristina Sá, Dico, Eduardo Ramalhadeiro, Eduardo Rocha, Elsa Mota, Emanuel Roriz, Ernesto Martins, Frederico Figueiredo, Gabriel Sousa Helder Mendes, Hugo Melo, Ivo Broncas, Nuno Kanina, Paulo Freitas Jorge e Victor Alves

F O T O G R A F IA

Se rá, se m d ú vi da, um dos acontec i me ntos m us i ca i s do

Créditos nas Páginas

a n o no no sso paí s... e além frontei ras !

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Bo a s le itu ra s, Eduardo Ramalhadeiro

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50

MOONSPELL

C O NTE Ú DO Nº46 09/10/17

0 4 T R IA L B Y FIR E

42 HEAVY M E TA L & F U T E B O L

7 6 H E IR

06 TOM PETTY

44 NUNO L O P E S -

90 DEAD BOYS

0 7 MART IN E . AIN

45 PLAYLIS T

92 OLHO DO CU

0 8 I N A RT ICU L O MO RTIS

46 CALIGULA’S HORSE

96 GARAGE POWER

1 2 A U DN

58 ÁLBUM V E R S U S

1 3 6 V E R S U S L IV E !

1 4 V E N OM INC .

60 KAIPA

1 7 V I C TO R ALVE S

G R Ê L O S D E H O RTE L Ã

65 M IGUE L T IA G O

MOSH

MOONSPELL

PAGÃO

1 8 PA LE T ES DE METAL

66 CARLO S F IL IP E A N T R O D E F O L I A

3 4 ( S U ) PO S IÇ Õ E S - GOTTHARD

70 CLOAK

3 8 S I NE FAC TO RY -

72 GOATW H O R E

H IER A R Q U IA D O S IN A L

• • • •

DAREWOLF

Soen + Madder Mortem + Heavenwood Rasgo + Mindtaker Mayhem + The Ominous Circle + Dragged into Sunlight Swans + Baby Dee Moonspell

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Trial by Fire CRADLE OF FILTH

PROCESS OF GUILT

Cr y p t or ia n a

B l ack Ear th (--) MÉDIA: 2,9

(Nuclear Blast)

MÉDIA: 3,2

ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. ERNESTO M. HUGO M.

ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. ERNESTO M. HUGO M.

TH E B L A C K D A H LIA MURDER N i ghtbri ngers ( Metal Blade) MÉDIA: 2,3

ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. ERNESTO M. HUGO M.

BLUT AUS NORD

ARCH ENEMY

NE OBLIVISCARIS

De us Sa lut is M eae (Debemur Morti Productions)

W i l l To Pow er (Century Media) MÉDIA: 3,2

Urn (Season of Mist) MÉDIA: 3,9

MÉDIA: 3

ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. ERNESTO M. HUGO M.

ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. ERNESTO M. HUGO M.

ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. ERNESTO M. HUGO M.

MARTY FRIEDMAN

SATYRICON

ANTARKTIS

Wall O f S o u n d (Prosthetic Record) MÉDIA: 4,2

Deep Calleth Upon Deep

Ildlaante (Agonia records)

ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. ERNESTO M. HUGO M.

(Napalm Records) MÉDIA: 4,3

ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. ERNESTO M. HUGO M.

MÉDIA: 2,3

ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. ERNESTO M. HUGO M.

L EP R O U S M alina (InsideOut Records) MÉDIA: 2,0

ADRIANO G. C A R L O S F. EDUARDO R. ERNESTO M. HUGO M.

Obra - Prima Excelente Esforçado Esperado Básico

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O último dos Rockeiros (20/10/1950 - 02/10/2017) Há artistas e HÁ artistas. Há aqueles que passam efémeros, quais relâmpagos fulminantes num qualquer dia tempestuoso e depois há aqueles que nos ficam para sempre na memória. Seja pela música, seja por uma qualquer situação para sempre tatuada no mural das recordações. Tom Petty representa um destes últimos… O fim da época dourada dos 80 estava quase a terminar e Tom lança o seu primeiro álbum a solo: «Full Moon Fever» repleto temas intemporais e com o condão de fazer o tempo andar para trás – “Free Falling”, “Into the Great Wide Open” ou “Running Down a Dream”. Os CD’s não existiam e a pirataria era feita na gravação de cassetes e programas de rádio. «Full Moon Fever» conta com a colaboração de membros tão ilustres como Jeff Lynne, Roy Orbison ou George Harrison. Muitos mais álbuns e temas se seguiram, ou melhor, mais recordações e memórias deixadas por um dos mais ilustres Rockeiros do século XX. «Wildflowers» segundo álbum da carreira a solo é tão suave como o mais puro veludo e não podemos esquecer um tremendo projecto chamado Traveling Wilburys - Nelson Wilbury (George Harrison), Otis Wilbury (Jeff Lynne), Charlie T. Wilbury Jr (Tom Petty), Lefty Wilbury (Roy Orbison) e Lucky Wilbury (Bob Dylan), vencedor de um Grammy em 1988. Amantes do Rock, o que pedir mais? Tom Petty teve (e ainda tem) a magia de despertar as memórias e recordações de tempos espectaculares! Vagueia o espírito juntamente com George e Roy… “Into the Great Wide Open” Eduardo Ramalhadeiro

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A morte de um “dinossauro”!!! (08/07/1967 - 21/10/2017) É estranho chamar “dinossauro” a alguém que morreu aos 50 anos em pleno séc. XXI, como Martin E. Ain. (Muito menos por alguém que já vai nos 56!) Mas, se pensarmos que foi membro de Hellhammer e membro fundador de Celtic Frost, duas bandas veteraníssimas no panorama da música extrema europeia, este qualificativo já deixa de parecer descabido. Talvez não tenha sido um músico tão afirmativo e ativo como Thomas Gabriel Fischer (aka Warrior), o outro membro do tandem, mas não merece ser menos recordado por isso. Afinal, foi precisa mais do que uma cabeça para dar origem a esses coletivos, que não só marcaram uma época, como ainda influenciaram muitos outros, para além de terem dado origem a Trypticon – uma banda de destaque na cena Metal europeia atual e ela própria a caminho de se tornar uma influência. Martin E. Ain distinguiu-se pela sua participação nos dois primeiros álbuns de Celtic Frost, ambos memoráveis – «Morbid Tales» (1984) e «To Mega Therion» (1985) e ainda pela parte ativa que desempenhou no lançamento do álbum que marcou a reunião da banda entre 2001 e 2008, depois da sua dissolução em 1993: «Monotheist» (2006). Os anos em que Ain fez parte de Celtic Frost não foram tranquilos: às vezes, duas cabeças dão origem a conflitos. Agora chegou o momento de dizer: Requiescat in pace (expressão latina que corresponde à sigla RIP e significa descansa em paz). CSA

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In Articulo Mortis Crónica de uma morte anunciada

Podemos ver assim – evocando o romance de Gabriel García Márquez – o único álbum desta banda francesa de Melodic Black Metal.

Entrevista: CSA

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Olá! Será possível convencervos a voltarem ao Melodic Black Metal? Adorei este álbum. S – Fazer um novo álbum? Teria de ser discutido no seio da banda, porque basicamente «Testament» – como o seu título indica – não leva a pensar que possa haver uma sequela. Mas nunca se sabe… C – Obrigado por teres gostado da nossa música. Foi feita com o que temos de melhor. Quanto a regressarmos ao Black Metal, já é outra história. Talvez misturar vários géneros dentro do Metal. Mas eu sou lento a tomar decisões. Talvez isso possa acontecer daqui a 10 anos, se todos se sentirem motivados! M – Obrigado pelo elogio. É evidente que, de vez em quando, quando nos encontramos, falamos de retomar IAM, mas não me parece que isso vá acontecer para já. Talvez no futuro, quem sabe… J – A nossa vontade de tocar continua viva, mas as nossas vidas atuais não nos deixam muito tempo para voltar a essa época. Mas nada é impossível. Talvez um dia isso venha a acontecer… apareça um outro testamento. Também gostava de saber se temos aqui a edição de «Testament» saída em 2012 ou se se trata de uma reedição. S – «Testament» foi gravado em 2012/2013 e não há outra versão do álbum. C – É a boa edição de «Testament», um álbum que resultou da reflexão e amadureceu com o tempo. M – Nunca houve nenhuma reedição. Como já se disse, o álbum foi gravado entre 2012 e 2013 e só em 2016 mandamos fazer este CD. Levámos quase mais 2 anos para terminar a mistura/ masterização e a capa! J – Só há um «Testament». Limitámo-nos a gastar todo o tempo que nos pareceu necessário para o fazer, porque queríamos que fosse o reflexo do que éramos nessa época e do que somos atualmente…

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Por que não conseguiram lançar este álbum em 1995? S – Já não me lembro muito bem, mas parece-me que foi porque nessa altura já estávamos a pensar em acabar com a banda. C – Fazia parte dos nossos planos, mas não chegámos a um acordo sobre a forma de ver o Black Metal dessa altura e a banda desfez-se. M – Tínhamos previsto gravar o álbum em 1997, mas divergências de fundo sobre a natureza do Black Metal levaram alguns dos membros a abandonar a banda antes de ser possível concretizar esse projeto. IAM dissolveu-se pouco tempo depois. J – Éramos novos e não sabíamos bem o que queríamos. A falta de meios técnicos e financeiros associada a uma falta de maturidade artística levaram-nos a lançar uma primeira demo, que não resultou como nós pretendíamos. E por que razão/razões acabaram com a banda antes de terem tipo tempo de se afirmar na cena Metal? Fartaram-se deste género assim tão depressa? S – A banda soçobrou e nós passamos a fazer outra coisa. M – Nunca nos fartámos do Black Metal. Depois do lançamento de «Sombre Mélancolie», começámos a ter alguma visibilidade na cena underground. Mas as divergências na forma como víamos o Black Metal acabaram com a banda. J – Retirámo-nos de cena no momento em que os nossos ideais ultrapassaram a música, porque já não havia correspondência entre os dois elementos. A provocação e o exagero tinham-se sobreposto à vontade de criar uma música diferente e fora do sistema… Este movimento fazia o que a sociedade esperava dele… tinha-se integrado no sistema. Sei que em França não faltam bandas que fazem música deste género. Mas não vos parece que podiam ter-se destacado pela diferença? S – É possível. Na época, não estávamos muito ligados à onda

da melodia atmosférica e da voz limpa. E nunca saberemos se nos teríamos destacado por sermos diferentes. C – Marcar pela diferença, não sei, mas poderíamos ter lançado bem quatro álbuns, se tivéssemos sobrevivido, e ser uma banda de referência para a nova geração. M – Não havia muita gente a fazer Black Metal Atmosférico na cena underground francesa do início dos anos 90 (entre 1994 e 1996), mas não sei dizer se teríamos feito diferença… J – O que nos torna diferentes reside, sem dúvida, nas melodias. É fácil fazer música violenta, rápida e agressiva. Mas torna-la melódica, fazê-la soar bem e torná-la acessível, é mais complicado… Como caracterizam o vosso Melodic Black Metal? C – Como um escape. Ajuda-nos a libertarmo-nos de tudo o que reside nas profundezas dos nossos seres. Contém melodias que nos acalmam e passagens violentas que libertam a nossa cólera. J – Cada vez que se ouve o álbum, é como se se embarcasse numa viagem iniciática, ao mesmo tempo melancólica e tortuosa, em que os nossos pontos de referência explodem e revelam uma outra imagem de nós mesmos. Trata-se de um percurso místico, de procura de uma outra verdade. E o que resta desse tempo nas vossas carreiras atuais (se não puseram definitivamente de parte esta via artística)? S – Eu agora sou cantor lírico profissional e ator e também tenho um projeto de Electro-Wave. C – Alguns dos membros da banda prosseguiram nesta senda, integrados noutras bandas, mas a maior parte prefere estar no papel de ouvinte, em vez de compor! M – Eu abandonei definitivamente o meio do Black Metal no fim de 1997. Desde 2008, estou a gerir uma editora independente, que produz bandas Punk Rock e Rock. J – A primeira coisa que nunca mudou foi a amizade. Passados 20


“[…]

Basicamente «Testament» – como o seu título indica – não leva a pensar que possa haver uma sequela.

[…]”

anos, continuamos próximos, como nessa altura. Une-nos o amor pela música e, claro, pelo Metal. A quem deixam os vossos bens terrenos neste «Testament» (ou, por outras palavras, de que falam as letras das canções deste álbum)? S – Os bens presentes nesse “testamento” são as próprias canções e mais nada. Quanto aos textos, alguns datam dos anos 90 e os outros são do tempo em que gravámos o álbum. As temáticas são bastante góticas e até esotéricas, com destaque para “Lunar State” e “Embrace the Reaper’s Wrath”. Quem fez a capa do álbum? É fácil de perceber a relação entre esta e o título/tema do álbum, mas adoro o lado “vintage” da imagem. S – Foi um amigo que é artista gráfico. Queríamos demarcar-nos dos clichés em voga no Metal (fotos de florestas e lagos a preto e branco, ilustrações de má qualidade representando demónios ou vampiros), sem perder o caráter gótico e lúgubre. M – O artwork foi realizado pelo Hugo, um amigo que se ocupa das criações gráficas das bandas da nossa editora. Compreendeu perfeitamente o tema e as nossas expetativas. Estamos realmente satisfeitos com o seu trabalho e a nossa capa. Se eu percebi bem, o álbum foi gravado recentemente.

- Onde fizeram esse trabalho? Quem vos apoiou? M – O álbum foi gravado entre 2012 e 2013, em Paris e Avignon, pelo Yann, pelo César e pelo Nicolas do Cynergy Sound Studio. Mostraram-se muito profissionais e muito conciliadores. Tiveram muita paciência connosco e ajudaram-nos imenso na tarefa de concretizar este projeto. Como se organizaram e, sobretudo, como conseguiram reunir-se depois destes anos todos? M – Registámos este álbum em três fases. Eu passei pelo estúdio, no final de 2012, para gravar as pistas das guitarras rítmicas e a primeira base do álbum. Depois, os rapazes do estúdio vieram ter connosco, durante o verão de 2013, para gravar a segunda parte das guitarras (lead e rítmicas) e o baixo. Voltámos ao estúdio, em setembro de 2013, para melhorar as partes de bateria e registar a voz. Não houve reencontro, porque nunca nos afastámos uns dos outros, mesmo depois da banda ter acabado. Continuámos a ver-nos e mantivemo-nos próximos uns dos outros, já que estamos ligados por uma amizade muito forte desde a criação de IAM. J – Nunca nos separámos. Como reagiram os fãs de Black Metal a este lançamento tardio, mas necessário? S – Antes de mais, nós lançámos

este álbum para nós mesmos, para fechar um ciclo. As pessoas que nos conheciam em tempos gostaram do trabalho. Para o público atual, é menos interessante, porque o nosso álbum tem um estilo um tanto anacrónico, devido ao som típico dos anos 90. Mas é o nosso som e não temos a mínima intenção de o renegar. Ainda por cima, o som global atual evoluiu muito, no que toca ao Black Metal: fazem-se muitas experiências com a dissonância, com “ruídos”. Parece-me muito bem, porque é indispensável que o género evolua. M – As pessoas que nos conheciam e nos ouviam nos anos 90 apreciaram imenso o álbum. Alguns ficaram surpreendidos com os novos arranjos que fizemos para as canções e com o som, que é muito mais limpo. Também é um álbum que exala muita nostalgia. É o principal para nós. A Noémy, da Solstice Promotion, encarregou-se de defender o nosso «Testament». Devido à promoção feita, tivemos reações muito positivas. Pensámos que, no conjunto, o álbum passou bem. J – Os regressos são muito positivos. Alguns devem ter ficado com saudades do som muito de “banda de garagem” da nossa primeira demo. Mas queríamos mesmo dar destaque às melodias e à voz. Metal Archives Youtube

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S aud ades do n ã o vivi do Apesar da sua juventude, evocam um passado longínquo e esquecido no seu fascinante Black Metal atmosférico. 1 2 / VERSUS MAGAZINE

Entrevista: CSA Fotos: Lilja Draumland


Vocês são oriundos de um pequeno país do Norte bem longe do meu pequeno país do Sul (que sempre me fascinou juntamente com outros países nórdicos como a Noruega, bem antes de eu desenvolver um interesse profundo pela música extrema). Como é que um grupo de rapazes de uma aldeia islandesa conseguir criar um álbum como «Farvegir Fyrndar»? O que fizeram desde 2010 para chegarem tão longe? Andri Björn Birgisson – Tem sido uma ascensão lenta, mas exponencial. Precisámos de quatro anos para lançar o nosso primeiro álbum e mesmo assim não suscitou grande interesse até se ter passado um ano sobre o seu lançamento. Durante esse lapso de tempo, concentrámo-nos em fazer concertos tocando o álbum da forma mais completa possível. «Farvegir Fyrndar» teve um processo de composição semelhante, mas com mais espaço para improvisação e mais cambiantes. Lutámos com as canções até ao último momento, tanto que umas duas ainda foram retocadas quando já estávamos no estúdio. De que trata o álbum? Eu vi as letras, mas não consigo ler a vossa língua. Para mim, o álbum gira em torno de um sentimento de perda e tristeza, perspetivado simultaneamente de forma micro e macro. Mas estamos abertos a outras interpretações e vai certamente haver pessoas a verem o tema com outros olhos. Quem as escreveu? Foram influenciadas por alguma antiga obra-prima da vossa literatura nacional (como acontece frequentemente com as bandas de Black Metal nórdicas)? O Aðalsteinn escreveu a maior parte das letras e eu e o Hjalti responsabilizámo-nos cada um por uma canção. “Blóðrauð Sól” é a única faixa cuja letra não foi escrita por um dos elementos da banda: é da autoria de Magnús Þór Sigmundsson. Não fomos diretamente influenciados pela literatura do nosso país. Inspirámo-nos sobretudo nos sítios onde vivemos e nas nossas experiências. Temos acesso fácil a paisagens maravilhosas, mas que trazem consigo uma sensação de solidão/isolamento e de desolação. Como descreverias o vosso fascinante som? Uma boa parte dos louros pertence ao Stephen Lockhart (do Studio Emissary), que misturou e masterizou o álbum, e ao Sundlaugin, o estúdio onde o gravámos. Fomos para lá a pensar em fazer algo ao vivo, usando o nosso próprio equipamento, para nos sentirmos mais ou menos como se estivéssemos na nossa sala de ensaios. Penso que essa opção teve uma grande influência – muito positiva – na forma como o álbum flui. A propósito de influências, que bandas inspiram Auðn? A vossa música lembra-me Altar of Plagues ou

Aggaloch (ambas bandas já desaparecidas) ou até Thy Catafalque (que também faz parte do catálogo da Season of Mist). Neste momento, estou a ouvir Altar of Plagues, enquanto escrevo as respostas à tua entrevista, portanto não posso negar que essa banda nos influencie. Mas todos nós temos bases musicais diferentes e há muito poucas bandas que nos agradem a todos em simultâneo. Eu procuro ouvir bandas de todos os subgéneros do Metal que me pareçam minimamente interessantes, mas gravito sobretudo em torno do Black Metal da Europa do Leste, com bandas como Drudkh e Mgla a ocuparem os lugares cimeiros da minha lista de preferências. Onde foram buscar a imagem de sonho que podemos ver na capa do vosso álbum? Temos a grande sorte de partilhar a nossa sala de ensaios com um grande pintor chamado Mýrmann. É um indivíduo muito ativo, portanto pudemos escolher entre muito material uma obra para o artwork do nosso álbum. Ele pintou também a ilustração para a capa do nosso primeiro álbum e, com tantas ilustrações à nossa disposição para escolher, pareceunos lógico recorrer novamente à sua arte. Como relacionam essa ilustração com a ideia de antigos leitos de rios para que aponta o título do vosso álbum? Faz pensar em algo antigo, até mesmo esquecido. A tradução inglesa que arranjaram (“ancient riverbeds”) não faz justiça ao nosso título. A palavra “farvegir” refere-se a caminhos ou passagens e a palavra “fyrnd” a um passado esquecido ou a um tempo situado antes da História escrita. A Season of Mist é uma verdadeira “caçadora de talentos”. Onde vos encontraram? Entrámos em contacto com eles pela primeira vez na parte islandesa da competição da Wacken Metal Battle. Na primeira vez que participámos, ficámos em segundo lugar, mas tentámos novamente, no ano seguinte, e, desta vez, ganhámos. Essa vitória deu-nos direito a irmos tocar no Wacken, na Alemanha. Antes de apanharmos o voo para lá, tocámos no Eistnaflug, o maior festival de Metal da Islândia, o que nos deu realmente muita visibilidade: vivemos aí um momento sensacional em 2016. Depois do concerto, o Walter, do prestigioso Roadburn Festival (na Holanda), contratou-nos para o Roadburn 2017. Quando essa notícia veio a lume, a Season o Mist enviou-nos um contrato para assinarmos.

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Veneno no sangue Entrevista: Nuno Lopes Foto: Stephanie Cabral

Quando Abbadon, Demolition Man e Mantas se juntaram para um concerto único, estariam longe de imaginar que o processo iria dar origem aos Venom Inc., porém, e ao fim de dois anos de espera, surge o primeiro e aguardado registo de estreia «Avé». Com os olhos no presente e piscando o olho ao passado, o trio sobrevive à erosão do tempo. Os Venom Inc não são uma continuação da banda matriz, mas que se ganhou uma banda ganhou. A VERSUS esteve à conversa com Tony Dolan AKA Demolition Man.

Dois anos após a formação temos finalmente o registo de estreia dos Venom Inc. Qual o sentimento em relação a este tema e porque demoraram tanto tempo? Tony Dolan - Sim, temos o disco pronto, no entanto, nunca quisemos ser uma banda novamente, foram os nossos seguidores que nos levaram a isso. Também não existia a ideia de fazer música nova e, uma vez mais, fomos levados pelos seguidores. Por isso, aqui está ele, e é uma prenda que damos aos nossos seguidores por este apoio que já leva 40 anos… Avé! (risos) O nascimento dos Venom Inc foi uma surpresa para os fans e dever ter sido também para vocês, como é que foi juntar esta banda? Para nós foi uma surpresa! Fomos convidados para fazer um concerto, que era um favor e para cerca de 2000 fans, seria um set com cerca de cinco canções, por isso aceitámos e esperávamos ir para casa de seguida felizes mas sem querer continuar, mas não foi assim. Começámos a receber pedidos e parecia que todos nos queriam ver em tour e a pedir um disco, e assim chegámos a este ponto! (risos) Estavam à espera de que algo que nasceu por diversão terminasse

numa nova banda? Não esperava isso, aliás, nenhum de nós esperava e ninguém deu por isso chegar! Penso que isso é o que faz com que seja ainda melhor! Nunca fizemos nada por dinheiro ou por manipulação, simplesmente deixámos que os fans nos mostrassem o caminho! Quando é que decidiram mudar o nome de M:Pire of Evil para Venom Inc? O que tens a dizer a todos os que dizem que estão a aproveitar-se do nome Venom? Não mudámos o nome, estamos a falar de bandas distintas e, para aqueles que nos dizem que nos estamos a aprooveitar do nome Venom só podemos dizer que o Cronos (vocalista de Venom) tem estado a fazer isso na última década! Não somos agentes ou promotores mas os fans continuam a chamar por nós e a usar o nome. O logo foi criado pelo Abbadon e esses dois gajos criaram a banda e lá diz, Incorporated, quer dizer, os Venom são uma parte de toda uma identidade, mas existe espaço para colocar coisas dos nossos outros projectos, no entanto, acho que eles querem vender a imagem, da mesma forma que o Cronos fez quando a sua carreira a solo falhou. Se ele pode usar o nome, porque não podemos nós? (risos) Além disso utilizamos ouro nome,

as pessoas é que teimam em dizer o que fomos e o que somos e nós deixamos que isso aconteça. O «Avé» está agora nas lojas e o público parece estar entusiasmado com o disco. Qual é o vosso objectivo com este disco? É muito porreiro saber isso! Não existe qualquer objectivo, gravámos música nova para os seguidores e é um disco dedicado a eles. O único objectivo foi dar o que eles pediram e ficarmos felizes por eles o terem. Enquanto que «Avé Satanas» pode ser visto como o novo «In League With Satan», «Forged in Hell» é uma canção mais directa e mais perto de uma afirmação dos Venom Inc, é um sinónimo do que são os Venom Inc, ou seja, uma banda com os olhos no futuro mas piscando os olhos ao passado? Dito de forma simples e directa, não tentamos plagiar o que já fizemos no passado nem queremos reformular o que já fizemos, como o Black Metal ou o Welcome Hell, que foram grandes sucessos mas que são uma máscara e, como tal, falham. Simplesmente não temos nada a provar, somos o que somos e nada mais. Isto é o que fazemos, o que escrevemos e como o damos, nada mais que isso. Não existiu uma tentativa de soar a algo

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e se existem comparações e se são sentidas é porque em conjunto é assim que soamos. Essa é a ideia geral da banda e é nisso que acreditamos, sermos só nós. Com os Venom ainda no activo e com os Venom Inc achas que as pessoas se irão sentir divididas? Qual a maior diferença entre as bandas? Talvez as pessoas não devessem sentir isso, se preferirem o Cronos tudo bem, não interessa, isto não se trata de «eles ou nós», isto é sobre música, sobre o legado e sobre os seguidores que apoiam. Com o Cronos a situação é outra, ele só se queixa e espera ser ouvido. Nós somos nós, ponto final. Ele faz o que quer e não nos interessa, ele deveria fazer o mesmo, mas ele não consegue e, em vez de estar cima do palco ou nas entrevistas a falar mal de nós, ele deveria fazer boa música e mais digressões, em vez de estar a chorar e a queixar-se como uma ex-namorada, ninguém quer saber disso, é desperdício de ar, não é música. Acho que as duas bandas são distintas e não nos importamos que as pessoas o queiram ver a ele, mas ele não quer que as pessoas ouçam outras coisas, e isso é um erro, os fans tem o direito de ouvir e ver o que quiserem e ninguém tem o direito de lhes dizer o contrário. Por isso, aqueles que querem mais e mais e aqueles que não o querem ter tem esse direito, mas será que nos vai parar? Claro que não, porque devem os fans ficar a perder? Qual foi o vosso foco durante o processo de gravação e o que despoletou estas canções? Não existiu qualquer foco! Abordámos este disco de forma a ter um ponto de vista do que somos, sem nada a provar e sem máscaras. Escrevemos como somos, actuamos como somos e criamos da mesma forma. O «Avé» saiu bem porque é simplesmente honesto e ao que estão a regair negativamente ao disco estão a fazê-lo porque sentem que o

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O guitarrista deles disse que o Mantas é uma imitação barata e, acerca de mim, bem... ele está sempre a atacar-me! devem fazer, mas é fútil, porém, se é o que eles querem fazer tudo bem, divirtam-se! (risos) Falemos do artwork e, deixa-me dar os parabéns pelo resultado final que, ao mesmo tempo parece ir buscar influências ao conto do flautista, dos irmãos Grimm também parece dar uma outra visão da humanidade enquanto ovelhas. Obrigado! A Lúcifer foi dada uma missão por Deus, que foi a de trazer a Luz e mostrar o conhecimento à Humanidade, para a guiar e olhar por ela ele foi colocado na Terra para caminhar eternamento e a capa do disco retrata isso mesmo, as ovelhas representam o Homem, uma delas é uma ovelha encarnada em lobo. Se olhares com atenção podes ver o Templo de David, podes ver o abraço de Adão e Eva enquanto comem a fruta, consegues ver a flauta, o saco de serpentes, o presságio dos céus, a paisagem árida. Será isto o fim da humanidade? O começo? O que quiseres ver. Trata-se de alguém que nos trouxe a Luz e conhecimento sobre o que somos, ou o começo de como viemos parar a este estado das coisas, é uma decisão de cada um. O disco foi lançado pela Nuclear Blast que foi, também, a vossa primeira escolha. Como se sentem com o trabalho da editora? Eles foram a primeira escolha devido ao trabalho deles e a paixão que eles nutrem pelos seus artistas e a forma como eles acreditam nas suas bandas e, claro, o seu trabalho exaustivo para levar a música das suas bandas a toda a parte do

globo. Eles são a casa perfeita para os Venom Inc. Obtiveram algum feedback por parte dos Venom acerca do nascimento da banda ou acerca do «Avé»? (Risos) Eles odeiam-nos! (risos) O guitarrista deles disse que o Mantas é uma imitação barata e, acerca de mim, bem... ele está sempre a atacar-me! Eles fizeram entrevistas em que diziam as coisas mais infantis e que nós nos recusamos a responder! Até mesmo quando estão em festivais eles se queixam de nós e, para mim, é desperdício de ar, mas se é assim que ele quer… a decisão é dele! Os Venom Inc já estiveram em Portugal, apesar de ter sido há alguns anos ainda se lembram de alguma coisa dessa passagem? Podemos esperar outra tour e nova paragem por cá? Já estivemos algumas vezes em Portugal, a mais recente no SWR e tem sido sempre incrível. Estamos a planear a tour europeia e Portugal está nos nossos planos, isto porque o Mantas reside em Portugal e é um país que nos é próximo. Qual a mensagem que deixas aos portugueses? Muito obrigado por tudo! Vemonos todos em breve é um grande Avé para todos vós! Nunca se esqueçam, esta é a vossa banda e esta é a vossa música, para sempre e sempre somos os vossos servos! Hail! Facebook.com Youtube.com


Grêlos de Hortelã

Por: Victor Alves

Na tua ausência As minhas letras Falam de uma economia paralela ao sentimento de cada um. São alusivas à hipocrisia inflacionada onde o estatuto nada tem a ver com a realização própria. O homem vai à lua com a mesma facilidade com que a mulher corta o cabelo. Por isso, as minhas letras, falam de amor, revolta e esperança. Já reparaste como a sétima arte se tem perdido na tecnologia? Pois já não conseguimos ver os putos com as calças sujas pela terra, onde ele mijou um pouco antes para iniciar a brincadeira. O amor já não levanta impérios A revolta é controlada E a esperança morre na área complicada onde deveria acontecer a mudança. Todas as minhas letras falam da sabedoria dos sábios que não conseguimos decifrar. E por aqui perco-me na tua ausência. Camus no absurdo

Nietzsche louco e radical Morrison no excesso ridículo. Os políticos vestem a pele de um demónio que há muito se apodera de nós. Deus, esse que a igreja arruína com os contra sensos que lhe atribui para uma existência incrédula. Só assim se exprimem os sábios!

Na tua ausência continuo a exigir tudo de uma forma rápida como se de um direito natural se tratasse. Esquecendo que o nascimento faz de nós vítimas de algo que ninguém controla, e claro está, a

morte aparta!

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Por: Carlos Filipe Disbelief - «The Symbol Of Death» (Alemanha, Death Metal) Imagine ser esmagado por uma grande variedade de elefantes gigantes. Este é o sentimento que você sente ao ouvir o som maciço, torturante e bombástico do Death metal dos DISBELIEF. O novo álbum «The Symbol of Death» revela-se um monstro. A assinatura gutural de Jagger nunca pareceu tão intensa e implacável, e os tambores precisos de contrabaixo e sanguinários, recuperam uma parede colossal da espessura produzido pelas guitarras. Ainda assim, a banda acrescenta um sabor melódico que nunca parece óbvio ao longo de «Símbolo da Morte». (Listenable Records)

Amaranthe - «Maximalism» (Suécia, Melodic/Metalcore Pop Metal) Formado como um projeto em 2007 pelo guitarrista Olof Mörck e o vocalista Jake E., os Suecos AMARANTHE esculpiram o seu nome nos anais do metal em letras maiúsculas. Banda com uma visão excecional desde o início, Amaranthe é uma instituição; Pioneiros de um género que quase sozinho forjaram. Com três atléticos cantores, cada um com

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características próprias, Amaranthe desafia constantemente a corrente e soa como ninguém - e nada mais. O impulso rítmico de Morten Løwe Sørensen e o assalto de baixa frequência de Johan Andreassen estabelecem as bases para o riffing de guitarra, quase automático, de Olof Mörck e de luxuriantes e contemporâneos teclados. Amaranthe já demonstraram que são o próximo passo na evolução do metal. (Spinefarm Records) Nova Collective - «The Further Side» (Irlanda, Progressive Rock) Nova Collective começou em 2014 quando o baixista Dan Briggs (BTBAM, Trioscapes) e o guitarrista Richard Henshall (Haken) começaram a trocar e-mails sobre música em geral e, em pouco tempo, começaram a trocar demos. A música dos Nova Collective pode ser descrita como fusão, tecendo influências do rock progressivo com música do mundo, jazz e clássico. Canções como «Dancing Machines», juntamente com o vídeo que acompanha, exibem as proezas vertiginosas da banda e a habilidade de tecer belas influências em algo totalmente novo. (Metal Blade Records) Wormwood - «Ghostlands Wounds From A Bleeding Earth» (Suécia, Atmospheric Melodic Black Metal) WORMWOOD, é uma banda de black metal melódico atmosférico proveniente de Estocolmo, Suécia. A banda explora diferentes sons dentro dos géneros Melodic Black Metal com uma mistura de Folk Metal. A banda oferece uma melodia refinada obscura, riffs esmagadores, percussão técnica, teclas dramáticas e paisagens etéreas de sons e contos populares

escandinavos numa mistura única. (Non Serviam Records) Slagmaur - «Thill Smitts Terror» (Noruega, Avant-garde Black Metal) O «Thill Smitts Terror» de Slagmaur continua onde pararam com o acervo de Von Rov, aclamado pela crítica de 2009, profundando cada vez mais no mundo perturbador que Slagmaur evoca combinando instrumentos modernos e clássicos com rimas e contos de fadas infantis. É um mundo onde as melodias classicamente construídas se misturam perfeitamente com o black metal agressivo para criar um cenário de pesadelo diretamente do poço do inferno. A arte, bem como a música, é parte integrante do todo que é Slagmaur - das máscaras e disfarces sinistras que a banda usa no palco, às imagens perturbadoras usadas na obra de arte para os álbuns. (Osmose Productions)

Battle Beast - «Bringer Of Pain» (Finlândia, Heavy Metal) O silêncio reinava no acampamento dos finlandeses de pesados BATTLE BEAST durante os últimos meses ... O grupo retirou-se para forjar o seu novo


álbum de estúdio. Mas agora os jovens mestres da produtora Noora Louhimo voltaram com um rugido alto intitulado «Bringer Of Pain»! Mais uma vez, os finlandeses criaram um pedaço de poderoso metal pesado com os rugidos incomparavelmente fortes da torta dianteira Noora Louhimo, teclados cativantes e invasões inesperadas. Da abertura da faixa clássica de abertura do ritmo, ‘Straight To The Heart’, para a última nota da balada de encerramento ‘Far From Heaven’, o novo opus de BATTLE BEAST está cheio de peso e emoções. (Nuclear Blast) Immolation - «Atonement» (EUA, Dark Death Metal) IMMOLATION é um nome sinónimo da cena musical extrema, que fornece algumas das mais singulares e criativas sombras de death metal dos últimos 28 anos. 2017 marcará os 29 anos para IMMOLATION e, «Atonement» provará que esta é uma banda que não olha para trás, continuando empurrando os limites e permanecendo uma força vibrante para o futuro de um género que eles ajudaram a definir. «Atonement» é verdadeiramente um momento decisivo, tendo algumas das orquestrações mais lúgubres que a banda ousou aprofundar, redefinindo-se novamente e saindo segurando a tocha bem alto! (Nuclear Blast) The Ruins Of Beverast - «Takitum Tootem» (Alemanha, Atmospheric Black/Doom Metal) O EP contará com a parte inicial de uma meditação e celebração bipartida em euforia pela perda da masculinidade da coroa da criação. Esta meditação será completada pela segunda e última parte no próximo álbum a lançar mais tarde em 2017. O lado B do EP é intitulado “Set The Controls For The Heart Of The Sun”, e, portanto, é uma obviedade óbvia aos padrinhos de Ideia central deste EP. O “Takitum Tootem!” - o vinil é uma orgia experimental da psicadélica espiritual, além do

humor e do conceito do próximo álbum -, portanto, fica sozinho como um prenúncio. (Van Records)

Root - «Kärgeräs - Return From Oblivion» (Rep. Checa, Dark Metal) ROOT é uma das bandas de black metal da pré-segunda-onda original, formados em 1987 pelo icônico vocalista Jiri ‘Big Boss’ Valter. Em contraste com Bathory e Venom, ROOT levou o género de black metal numa direção mais refinada, apresentando os vocais limpos característicos de Big Boss, um som obscuro e uma abordagem épica. Hoje em dia, a banda é muitas vezes reconhecida como um ato épico heavy / black metal, ou como o grupo simplesmente coloca - uma banda de black metal. ROOT manteve uma forte vertente underground ao longo dos anos, enquanto Big Boss se levantou para se tornar uma figura de culto no género black metal. (Agonia Records) Reaping Asmodeia - «Impuritize» (EUA, Technical Death Metal) Formado em 2013 por exmembros de With Dead Hands Rising, Reaping Asmodeia lançou seu álbum de estreia, Poison of the Earth, um ano depois. O álbum foi misturado e dominado por Zack Ohren (All Shall Perish, Suffocation) e recebeu nota alta da imprensa na comunidade death metal. (Prosthetic Records)

Arthemis - «Blood Fury Domination» (Itália, Power/ Heavy/Thrash Metal) Amplamente reconhecida como uma banda ao vivo inovadora, a carreira dos Arthemis é marca por vários surpreendentes concertos cheios de energia e paixão. Mas, eles também já lançaram 7 álbuns, provando que quando é hora de forjar um novo lançamento, este é entregue ao poder e a glória de dar tudo o que eles têm para dar: sangue, suor, lágrimas e fúria. O seu novo álbum «Blood-FuryDomination» é absolutamente acima do topo! Produção maciça, canções edificantes, coros cantando e uma verdadeira parede de som que mistura como raízes mais profundas do Metal com influências modernas e ganchos. (Scarlet Records) Altar - «And God Created Satan To Blame For His Mistakes» (Holanda, Death Metal) Em 1988, o nome da banda inicial foi MANTICORE. Foi posteriormente alterado para ALTAR em 1990. Com o lançamento de sua banda de demonstração «And God Created Satan To Blame For His Mistakes» em 1992, uma banda começada por tornar-se bem conhecida na cena underground do death metal. Este lançamento «And God Created Satan To Blame For His Mistakes» é uma reedição de demonstrações oficiais, juntamente com sete faixas gravadas ao vivo em Roterdão no início de 1993. (Vic Records) Evocation - «The Shadow Archetype» (Suécia, Death Metal) Um monstro é grande e musculoso, com olhos húmidos. «The Shadow Archetype» não é o tipo de coisa a se deparar. Faixas como “Condemned to the Grave”, “The Coroner”, “Survival of the Sickest” e “The Shadow Archetype” incorporam os traços mais fortes e pesados do death metal. Como se a guerra de Bolt Thrower usasse a “Bitter Loss” da Entombed. Ou se Asphyx estrangulasse a 19 / VERSUS MAGAZINE


“Dead Emotion” de Paradise Lost. Musicalmente, «The Shadow Archetype» é a evocação de primeira linha. Mas é a produção que traz o melhor da banda. (Metal Blade Records) Reactor - «The Tribunal From Above» (Suiça, Death Metal Progressivo) REACTOR de Zürich, Suíça, formada em 1991. REACTOR lançou uma demo em 1991 intitulado «The Tribunal From Above». Melhor do que seu trabalho em «Sickening Gore», REACTOR era uma unidade de death metal progressivo que em «The Tribunal From Above» exibe grande potencial. Muito mais melódico e extrovertido do que o que eles iriam se torna, REACTOR foi uma posição verdadeiramente original na cena do death metal da velha escola, combinando agressão, melodia e atmosferas únicas. (Vic Records) Slaughter - «Nocturnal Hell, Surender Or Die» (Canadá, Proto Death/Thrash Metal) Slaughter era uma banda de proto death / thrash canadiana. Eles formaram-se em Toronto, Ontário, Canadá em 1984 tocando metal extremo como uma das primeiras bandas e brevemente característico Chuck Schuldiner (Death) na guitarra em 1986. Originalmente, eles lançaram várias demos, um e.p. E dois álbuns completos, incluindo o álbum de culto «Strapped». A banda Slaughter é mundialmente creditada por influenciar o death metal e o som da guitarra da motosserra (death metal), mais tarde copiado pela cena de death metal escandinavo. Eles acabaram por se separarem por causa de sua irritação para com a indústria da música e a falta de apoio nos anos 80. (Vic Records) Xysma - «Yeah» (Finlândia, Grindcore Death Metal) XYSMA foi fundado em Naantali, Finlândia, em 1988. A banda tem sido abertamente concedida como

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a banda FIRST EVER Grindcore da Finlândia. XYSMA lançou cinco álbuns e mudou de estilo de death metal grindcore para rock heavy metal. XYSMA ainda está ativo hoje. O álbum de culto YEAH de Finish death / grind banda XYSMA é agora finalmente reeditado em LP e CD. Os XYSMA do início tiveram as suas raízes no florescimento no Reino Unido da cena grindcore bandas como Carcass e tal. (Vic Records)

The Ditch And The Delta- «Hives In» (EUA, Sludge/Math Metal) O diabo está nos detalhes com THE DITCH AND THE DELTA. A harmonia e a tensão expandidas, bem como os ritmos únicos são, em parte, devido aos estudos da Secrist e ao grau em Jazz Composition. A banda chama sua marca de sludgy / noise / doom, “Big Riff”. Usando diferentes tunings e centros modais, todas as músicas que a banda escreve conseguem evitar muitas das armadilhas usuais de feedback excessivo, harmonia estática e riffs pentatónicos. (Earsplit) Amiensus - «All Paths Lead To Death» (EUA, Progressive Black Metal) Anos depois de «Ascensão», Os Amiensus estão de regresso com um novo EP «All Paths Lead To Death». Amiensus nasceu de um grupo de jovens músicos que desejam reunir o seu amor pelo black metal e vários estilos de outras músicas, para criar algo que refletiu a decadência e a beleza

representadas em diferentes gêneros de música através da história. Assim, a banda está preparada para lançar o que a banda afirmou ser o “álbum mais pesado e mais agressivo” que já fez, com uma formação solidificada que compôs junto pela primeira vez. (Apathia Records) Sollertia - «Light» (EUA, Progressive Dark Metal) «Light» é o álbum de estreia de Sollertia, um novo projeto da VoA VoXyD (ex-Ad Inferna) e James Fogarty (In The Woods ...). Inspirado por pioneiros do género, Sollertia oferece um metal escuro e progressivo, aliciando sutilmente melancólica e excessiva violência, reforçada pelos grunhidos de Vanja Obscure (MartYriuM) em algumas faixas, oferecendo um contraponto perfeito à voz etérea de James Fogarty. «Light» é um álbum em bruto, totalmente composto, reproduzido, gravado e misturado pela VoA VoXyD. VoA VoXyD deixou de lado suas influências eletrónicas para voltar às suas raízes e formar Sollertia com James Fogarty, gravando «Light» algumas semanas após a gravação de «Pure», o novo álbum da banda Norueguesa Avantgarde In The Woods ... (Apathia Records) Firespawn - «The Reprobate» (Suécia, Death Metal) Os deuses senhoriais do death metal olharam para baixo com olhos abrasadores e corações triunfantes quando Firespawn desenrolou a sua bandeira de vilão em 2012. Desde então, conhecido como Fireborn, o supergrupo sueco - concebido pelo baixista Necrophobic A. Impaler, o vocalista LB-Göran Petrov e o baixista Victor Brandt transformou-se malignamente nos próximos dois anos. O complemento do guitarrista Unleashed Fredrik Folkare e do baterista da Usurpress, Matte Modin, finalmente fechou o negócio diabólico dos Fireborn. Quando um vento sujo do Norte desceu nas planícies da Europa Central, não


demorou muito para as editoras, começassem a fazer perguntas. Pouco tempo depois, o Fireborn foi revelado como Firespawn. Todos estão firmemente enraizados no mal ou interpretações do mal. (Century Media) White Ward - «Futility Report» (Ucrânia, Post-Black Metal) Como uma banda pode ser tão destemida, segura de si, criativa e totalmente formada na sua primeira versão completa? WHITE WARD, a jovem formação ucraniana, são seriamente impressionantes e o seu álbum de estreia é um clássico instantâneo! Os ouvintes são suscetíveis de se apaixonar por esta prodigiosa oferta da primeira nota, cativada pela vibração jazzística, as melodias de violão, a bateria fantástica, a eletrónica sutil e o uso contínuo do saxofone. Essas paisagens sonoras, gravemente escritas e profundamente melancólicas, da urbanidade noturna têm o toque do génio. (Debemur Morti Productions)

Vampire - «With Primeval Force» (Suécia, Death/Thrash Metal) No fundo de uma adega de milho da velha cidade sueca de Gotemburgo, os membros anônimos - o quinteto criou um nome de guerra particular - do Vampire estão engendrando algo de perverso. Eles estiveram escondidos por mais de dois anos. Como tal, os membros fundadores da Vampire já experimentaram isso antes. Espere o tempo suficiente

e o abismo se abrirá, as garras da escuridão ainda mais abertas para as marés vernal. (Century Media) Isenordal - «Shores Of Mourning» (EUA, Black Funeral Doom/ Neofolk) Produzido em 2016 como um testemunho do sofrimento e uma exploração do purgatório, num momento em que o próprio grupo estava em mutação de formação, «Shores Of Mourning» é um monumento à camaradagem da ISENORDAL com membros passados e presentes. É um estudo em perda, e um grito por um amanhecer ausente por um plano triste e caótico. Misturando influências de black metal em cascata com funeral doom, Viking metal, e neofolk, «Shores Of Mourning» deve atrair os fãs de Wolves In The Throne Room, Subrosa e «Blood Fire, Death» da era Bathory. (Earsplit)

Syk- «I-Optikon» (Itália, avant extreme metal) Os italianos SYK lançaram o seu LP I-Optikon produzido por Philip H. Anselmo e Stephen Berrigan o qual apresenta a estreia do recémrecrutado segundo guitarrista Gianluca Ferro, que colaborou com Andy Timmons, Kiko Loureiro, Guthrie Govan, Jeff Loomis e muito outros. Inspirados por artistas como Meshuggah, Crisis, Diamanda Galas, Starkweather, este trabalho é como uma banda sonora para um filme muito bom de terror, género giallo à la Dario Argento. (Earsplit)

Barrows - «Obsidion» (EUA, Instrumental Rock) BARROWS foi inicialmente formado em Syracuse, Nova York por Jim Leonard e Richy Epolito, após o qual a dupla se mudou para Los Angeles com um foco mais sério e dirigido. Com passagens em meio de extensões maciças da exploração cósmica e atmosférica, «Obsidion» possui uma energia indescritível no seu núcleo. Emocional e evocativa, a marca BARROWS de rock instrumental de ficção científica transmite pensamentos e visões sem o uso de palavras. Ao ouvir Obsidion, o ouvinte pode detectar fragmentos de referências a atos progressivos, espaciais, kraut e psych rock, citando qualquer coisa desde King Crimson e Pink Floyd até John Carpenter e Goblin. (Earsplit) Disperse - «Foreword» (Internacional, Progressive Rock/ Metal) Poucas jovens bandas exibem tal proeza técnica extrema como os DISPERSE. No entanto, o talento e o domínio avançado dos instrumentos nunca foram o principal fator no que distingue uma banda da massa de músicos que tentam atravessar. A estrada para o sucesso já foi pavimentada com uma excelente escrita de canções e isso é exatamente o que o quarteto, agora polaco e inglês, está a fazer com o seu terceiro álbum de originais «Foreword». Os DISPERSE consegue fazer a complexidade parecer fácil e adicionar uma leveza incrível às quebras sincopadas em cascata, assinaturas de tempo estranho e todas as ferramentas do comércio que são consideradas essenciais para a música progressiva. (Season of Mist)

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SINISTER- «Syncretism» (Holanda, Death Metal) Este é o 13º álbum de estúdio dos SINISTER, uma das mais respeitadas e intransigentes bandas holandesas de Death Metal! Esta é uma nova história de sacrilégio. Os riffs assassinos, a bateria potente e as dimensões extras da banda proporcionam uma atmosfera obscura! Este é o Syncretism! Death Metal! (Massacre Records) Snares Of Sixes - «Yeast Mother An» (EUA, Experimental Metal) Embora conhecido pelo seu trabalho como baixista nos Agalloch e Sculptured, Jason Walton também se aventurou em outras regiões mais estranhas e mais experimentais nas últimas duas décadas, oferecendo uma variedade de sons desconcertante e cativantemente estranhos com bandas como Self Spiller, Especially Likely Sloth, e Nothing. E é nesse último território que encontramos o EP de estreia dos SNARES OF SEIXES. Uma massa eletroacústica, Snares Of Sixes faz uma apresentação arrojada e confusa, emaranhando o ouvinte em vanguardas altamente agressivas e confusas. O som de fragmentação do género toca numa confluência distorcida do frenético rock progressivo King Crimson-esque, traços fracos de black metal desgastado, fortemente mutado, toques atmosféricos assombrativos e eletrónicos abrasivos, e um resultado que nos deixa desorientados. (Earsplit)

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Ghost Bath - “Starmourner» (EUA, atmospheric black metal) Starmourner, o novo álbum, leva os conceitos do black metal atmosférico a um nível superior. Explora a alegria (em vez da tristeza), o cosmos (em vez da terra) e o paraíso (em vez do purgatório). Mas, o mais importante, explora o êxtase - em vez da tragédia - como sua emoção humana básica. Com mais de 72 minutos de black metal pesado, melódico e dramático, ainda é o empreendimento mais ambicioso dos GHOST BATH. O álbum leva o ouvinte numa viagem de várias formas; cada faixa é acompanhada por uma pintura trabalhada, bem como uma “parábola” para ler ao lado. Isso permite que o ouvinte explore não só as paisagens sonoras da música, mas igualmente uma experiência visual e imaginativa do álbum. (Nuclear Blast)

Lancer - «Mastery» (Suécia, Power/Speed Metal) Os Lancer queriam fazer do som deste álbum o mais próximo possível do som ao vivo, e com isso querem dizer sem over-dubs, sem teclados e, claro, não cortar cada nota que tocam e colocá-la na ordem perfeita. Mas é isso mesmo que conseguiram, reproduziu em estúdio o que tocam ao vivo. Uma canção de metal bombástica e variada pode ser escrita com apenas quatro instrumentos, tudo está nos arranjos. É por isso que este álbum tem uma sensação orgânica tão grande.

Tematicamente, o novo registro concentra-se na fantasia e é inspirado nos contos antigos, mitos e religião, como por exemplo, do antigo Egito, a Bíblia hebraica e cristã, a mitologia grega e a do Norte. (Nuclear Blast Records)

Mammoth Mammoth- «Mount The Mountain» (Austrália, Hard Rock) Os rockeros de “dirt” preferidos da Austrália entregam aqui outra adição poderosa à sua longa lista de convicções anteriores. A sua capa possui uma sirene do deserto malvista que olha para o seu terreno para seduzir ou fazer uma maldição infernal sobre aquelas pobres almas que ela atrai. O novo álbum dos MAMMOTH MAMMOTH, segue o mesmo combo ‘one-two’, com onze poderosas faixas que ameaçam explodir a vossa mente - e baterlhe bem dentro da cavidade auricular! (Napalm Records) Xandria- «Theater Of Dimensions» (Alemanha, Symphonic Metal) Após o lançamento bem-sucedido do Sacrificium (2014) e a sua intensiva tournée com mais de 150 shows, chegou a hora de lançar uma nova dimensão inspiradora no mundo de Xandria: Theatre Of Dimensions. Este é o álbum mais colorido dos Xandria até o momento. Contém os momentos mais pesados ​​e emocionais da banda. (Napalm Records) Bjorn Riis- «Forever Comes To An End» (Noruega, Crossover Prog / Progressive Rock) Cofundador, compositor e guitarrista dos Airbag, Bjørn Riis, lança aqui o seu segundo álbum a solo, Forever Comes to a End. O álbum apresenta sete músicas com inspiração das pontuações clássicas de rock, prog e bandas


sonoras de filmes. O exclusivo jogo de violão de Bjørn tem um papel central, com pistas crescentes, riffs pesados ​​e belas texturas. (Karisma Records) Farsot- «Faillure» (Alemanha, Black Metal) FAILLURE: uma mistura entre “falha” e “fascínio”. Com base no “Afogamento pelos Números” de Peter Greenaway, bem como em várias obras Art Nouveau, Farsot, uma das bandas de black metal conceptualmente mais ambiciosas da Alemanha, abordam o inevitável dilema entre fascínio e mania, desejo e nojo, poder e fraqueza - a aparente fenda entre os sexos. É uma alegoria da vida como um jogo sem fim que não pode ser conquistado. (Prophecy Productions) Les Discrets- «Predateurs» (França, shoegaze/post-rock) Les Discrets retornam com “Prédateurs”, o seu primeiro LP em cinco anos. Sempre em evolução, o som dos Les Discrets traz-nos uma mudança estilística que vê o shoegaze sonhador da banda e post-rock a transformar-se em dark indie rock com uma subtileza eletrónica, incorporando inspiração de trip-hop. Descrito como a banda sonora de um filme noir lento onde a jornada conduz o ouvinte a vários lugares vistos a partir das janelas, “Prédateurs” é um álbum cinematográfico e urbano feito de aço, betão, neve e eletricidade. (Prophecy Productions)

Mastercastle- «Wine Of Heaven» (Itália, Power/Neoclassical metal) Mastercastle é uma banda italiana de heavy metal com influências tradicionais e neoclássicas fundadas pelo guitarrista Pier Gonella (Necrodeath / ex-labirinto) e vocalista Giorgia Gueglio. Eles criaram sons muito inovadores usando instrumentos de baixa afinação e teclados progressivos, bem como um intrigante conceito lírico centrado em torno do vinho como nosso espírito e sangue vital. Riffs fortes, solos de guitarra virtuosos e vozes femininas cativantes são apenas alguns dos ingredientes que tornam este álbum especial. (Scarlet Records)

Records)

Heavy Temple- «Chassit» (EUA, Doom Metal) A banda de Doom mais forte de Filadélfia tem aqui à sua espera uma extraordinária mistura de poderosa destruição stoner doom, sludgy dirt, fuzzy blues e psychedelic & space rock. (Van Records)

Dodsengel - «Interequinox» (Noruega, Black Metal) No mundo fascinante da música underground, a palavra culto é frequentemente usada e mal utilizada ..., mas o poderoso DØDSENGEL é seu epítome. Autêntico, respeitado e renomado pela qualidade fascinante de sua abordagem única para o Black Metal, esta banda enigmática tem assombrado discretamente a cena metálica extrema durante uma década, escondida nas sombras, majestosa e gloriosa, sua música mágica é uma chave para outra dimensão. Cinco anos depois do grandioso “Imperator”, o Angel Of Death norueguês retorna com um novo e completo álbum “Interequinox” verdadeiramente notável - um monstruoso maelstrom de ecléctico, o Black Metal teatral misturado com toques de horror extático, psicadélica e beleza pura. (Debemur Morti Productions)

Azarath - «In Extremis» (Polónia, Blackened Death Metal) Na cena de seu país natal, a Polónia, Azarath não precisa de introdução. Formado há quase duas décadas pelo baterista Inferno (Behemoth), a banda pegou o impulso imediatamente, e fez um nome no planalto de blackened death metal. Considerados como uma “mutação demoníaca de Krisiun e Behemoth com sombras de imolation”, Azarath defende o seu perverso nome. (Agonia

Origin - «Unparalleled Universe» (EUA, Technical Brutal Death Metal) Durante 20 anos, os ORIGIN envolveram-se num assalto sensorial completo de technical death metal amplificado por flashes de grindcore e groove. No entanto, o “Unparalleled Universe” de 2017 vê o quarteto fortalecer esse plano com algumas surpresas. Transcendendo a brutalidade de cada lançamento, é difícil acreditar que os titãs de extreme death

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metal, ORIGIN, atingiram 20 anos de existência. Além da sombra de uma dúvida, este deve ser o ponto óptimo onde a maturidade atende a mestria, a agressividade aflora com precisão clínica e a velocidade deliberada domina o próprio caos. Punir, iluminar rápido, sofisticado, apaixonado. (Agonia Records) Shibalba - «Psychostasis Death Of Khat» (Grécia, Meditative dark trance / ambeint / shamanic music) Shibalba é Acherontas V. Priest (Acherontas), Karl NE / Nachzehrer (Nsstrond) e AldraAl-Melekh. A sua música está saturada com o misticismo do Oriente e é ricamente detalhada e multidimensional, enquanto apresenta texturas com cantos e elementos amplamente definidos de rituais tradicionais e música xamânica. Além dos sintetizadores contemporâneos, a banda faz uso de ossos e crânios como instrumentos de percussão, chifres tibetanos, tigelas de canto tibetanas, trombetas de osso e cornos, tambores de darbuka, tambores e gongos cerimoniais. A intenção da banda, em suas próprias palavras, é “orientar o subconsciente do indivíduo a sonhar além da pele da matéria e sonhar com êxtase exultando”. (Agonia Records) Svartsyn - «In Death» (Bélgica, Black Metal) Svartsyn toca black metal sombrio e misantrópico. A música funciona a partir de ritmos médios a rápidos e sinistros, com uma gama melódica dinâmica injetada num sentimento geral de obscuridade e brutalidade. Originalmente formado como Chalice em 1991 e renomeado para Svartsyn três anos depois, a banda pode ser considerada como um projeto de um só homem liderado por Ornias. Ele cantou e tocou todos os instrumentos no novo álbum “In Death”, excepto a bateria. (Agonia Records)

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Pixie Ninja - «Ultrasound» (Noruega, PROG/ INSTRUMENTAL/ELEKTRONIKA) “Ultrassom” é um álbum totalmente instrumental e consiste em músicas crescentes e seções de cordas cinematográficas. O álbum é um conjunto emocionalmente poderoso de electrónica atmosférica e rock progressivo, que combina o passado, o presente e o futuro. É o resultado de duas pessoas com um enorme apetite pela música progressiva escandinava. (Apollon Records) Weserbergland - «Sehr Kosmisch Ganz Progisch» (Noruega, Instrumental Progressive Rock) “Sehr Kosmisch” “Ganz Progisch” de Weserbergland (Oslo, Noruega) é uma homenagem à cena krautrock dos anos setenta vista através dos olhos de Ketil Vestrum Einarsen. Ketil é um flautista veterano da cena Progrock norueguesa, tendo sido parte dos White Willow há quase 20 anos. (Apollon Records) ΣNΣMY I- «Dysphoria» (Alemanha, Depressive Industrial Metal) A banda baseada em Berlim ΣNΣMY I confiou na autenticidade em tom e texto, combinando uma mistura potente e provocativa dos diferentes géneros de metal com matizes industriais em um amplo espectro de músicas complexas. O estilo resultante é um híbrido progressivo descrito como “Metal Industrial Depressivo”. (Carrycoal)

Dream Evil - «Six» (Suécia, Heavy/ Power Metal) Os últimos sete anos passaram desde a última vez que a potência sueca DREAM EVIL desencadeou a sua marca de metal. Esse silêncio está prestes a ser quebrado com o lançamento de seu novo álbum apropriadamente intitulado “SIX”. DREAM EVIL sempre foi um trabalho de amor para este experiente quinteto, e “SIX” continua com a tradição na busca da criação do heavy metal mais puro. (Century Media) Iced Earth - «Incorruptible» (EUA, Power/Thrash Metal) Depois de quase três décadas dedicadas, Schaffer, o baterista Brent Smedley, o vocalista Stu Block, o baixista Luke Appleton e o novo guitarrista Jake Dreyer reuniram o mais feroz registro dos Iced Earth desde 1996. Titulado “Incorruptible”, o 12º disco dos Iced Earth não é inspirado por coisas políticas, mas por coisas pessoais. Certamente, depois de 27 anos de lançar álbuns e 666 minutos de música, ou quase, a banda multinacional, com Schaffer no leme, não mostra sinais de desaceleração ou envelhecimento. (Century Media)

Erudite Stoner - «Erudite Stoner» (Brasil, post-rock, shoegaze, doom and classical guitar) ERUDITE STONER é um projeto instrumental criado pelo músico brasileiro Matheus Novaes em 2015. O projeto tem um som reflexivo e sentimental, com fortes


influências acústicas e estilos musicais como pós-rock, slowcore, shoegaze e doom. Como o nome do projeto trás em si, este revela os dois lados opostos da música sublime e uniforme. É uma jornada musical que envia o ouvinte para uma jornada introspectiva para lugares distantes e desconhecidos, uma jornada em que o único guia é o sentimento, sem um caminho ou destino definido. (Debemur Morti Productions) Anima Nostra - «Atraments» (Suécia, industrial/doom Metal) A dupla industrial / doom da indústria Catastrophic Sweden / UK ANIMA NOSTRA tem aqui o seu segundo LP. “Atraments”, é o desencadeamento de algo realmente monumental e cataclísmico, eclipsando quase todo o Nordvargr que já foi associado ao alcance e à grandeza. Integral e proeminente na mistura, com vocais fortemente serrilhados e imperiosos, empregados para arrastar o ouvinte de forma inexorável para um inferno de proporções apocalípticas, ao mesmo tempo que adiciona um elemento de “canção” mais estruturado. (Earsplit)

Ny In 64 - «The Gentle Indifference» (EUA, instrumental hardcore) A banda de hardcore instrumental baseado em Nova Jersey, NY IN 64, apresenta aqui o seu segundo álbum, The Gentle Indifference Of The Night. Os NY IN 64 empurram seu modelo sônico para novas

alturas, percebendo um estilo ainda mais refinado e de inspiração exclusiva de agressão hardcore instrumental. Os hooks são maiores, a musicalidade percorreu o tecto, a dinâmica é mais profunda e muito mais texturizada. (Earsplit) The Ruins Of Beverast- «Exuvia» (Alemanha, Atmospheric Black/ Doom Metal) Exuvia é um vaso de bactérias letais, carregando um líquido atónico, uma substância venenosa de cores, um pântano de florescência. É uma fortaleza contra uma máquina do cerco de organismos sem espírito e que tanto grita aos espíritos purificadores da natureza. (Van Records)

Adrenaline Rush - «Soul Survivor» (Suécia, Melodic rock) Após o lançamento de seu álbum autointitulado de estreia em 2014, agora é hora de Adrenaline Rush lançar o seu sucessor. Desta vez, o vocalista louco Tåve Wanning colaborou principalmente com Fredrik Folkare (de Firespawn e Unleashed), que trouxe novas influências para a mesa, que se encaixam com as ideias de Tåve. A música evoluiu e cresceu além do que está no primeiro trabalho. Ainda é melódico e tem definitivamente um sabor de anos 80, mas também é um pouco mais complexo, mais escuro e mais pesado do que o álbum anterior. A produção é mais dramática e a guitarra funciona mais uma vez de

forma imaculada. (Frontiers Music) Thomas Andrew Doyle «Incineration» (EUA, Instrumental) Produzido a partir dos recessos escuros e sombrios da psique de DOYLE, vem um som imenso de texturas, ritmos e materiais adequados para o cinema e a escuta autónoma, inquietando todos os que estão ao alcance da audição. Multi-instrumentista, escritor de músicas e engenheiro de áudio THOMAS ANDREW DOYLE (TAD, Brothers Of The Sonic Cloth, Hog Molly) revela os sons cinematográficos da sua Cerimonia de Incineração. (Earsplit) Blaze Of Sorrow - «Astri» (Itália, Atmospheric Black/Folk Metal) Vindos de Itália, Blaze of Sorrow nasceu há dez anos como uma embarcação musical para oferecer temas de tristeza e auto-reflexão através de um black metal inspirado na natureza e com várias influências mais populares. Composto pelo multiinstrumentista Peter, depois de várias demos, conseguiram chamar a atenção do underground com o seu álbum de estreia “L’ultimo Respiro”, um álbum imerso num ambiente de desespero e saudade. (Eisenwald) Harem Scarem - «United » (Canadá, melodic hard rock) Harem Scarem deixa claro que eles ainda têm algo a dizer desde o início com a faixa-título, “United”. O álbum desloca-se com músicas bem desenhadas, com grandes coros, com temas simples e viciados em carga de hooks. Cada música carrega um punch com poder de rock, riffs arrogantes e hooks para morrer. Hess e Lesperance, sem dúvida, mostram ao mundo que a sua parceria ainda funciona, que eles ainda são “Unidos”. (Frontiers Music)

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a sua marca obscura no black/ death metal despertou a paixão em muitas terras europeias. A banda vem construindo uma reputação ardente para lançar os seus ataques incendiários. BLISS OF FLESH desenvolveu uma trilogia conceptual de três álbuns inspirados por Dante’sTrilogy: Divine Comedy. Este seu novo álbum ‘Empyrean’ conclui essa trilogia. (Listenable Records)

Rikard SjöBlom’s Gungfly - «On Her Journey To The Sun» (Suécia, Crossover Prog / Progressive Rock) Podem conhecer Rikard Sjo blom como o louco multi-instrumentista atrás do microfone do agoralendária banda Beardfish. “On Her Journey To The Sun” apresenta a incrível faixa vocal de Sjo Blom, letras intensamente pessoais, sensação de melodias de teclado complexas e atraentes e trabalho de guitarra que abrange o espectro de folk. (InsideOut Music) Fractal Universe - «Engram Of Decline» (França, Progressive / Technical Death Metal) “Engram Of Decline” é o álbum de estreia do acto de Progressive / Technical Death Metal FRACTAL UNIVERSE. ‘Engram Of Decline’ é um álbum conceptual de 10 músicas baseado em Assim falou Zarathoustra de Nietzsche, e deseja explorar a história do pensamento humano, oferecendo quase 60 minutos de Mmelhor Metal Progressivo / Technical Death Metal ao estilo de Obscura e Beyond Creation. (Kolony Records) Bliss Of Flesh- «Empyrean» (França, Black/Death Metal) BLISS OF FLESH tem mostrado muito trabalho, dedicação e convicção em se expandir internacionalmente, fazendo uma tournée intensiva e espalhando a praga ao longo dos anos. BLISS OF FLESH é também uma banda muito carismática, sendo

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Eisregen- «Fleischfilm» (Alemanha, Gothic/Black/Death Metal) “Fleischfilm” é uma obra-prima, que contém o espírito dos referidos filmes italianos mórbidos em cada segundo de cada música e que também possui todas as características pela qual a banda da Thuringia, Alemanha, é conhecida. É um álbum monstruoso e altamente criativo, que não tem nada em comum com o metal principal de hoje. (Massacre Records) Nocte Obducta - «Totholz (Ein Raunen Aus Dem Klammwald)» (Alemanha, Avant-garde /Art Black Metal) “Totholz” é opressivo, frio, cru, pungente e com quase 15 minutos “Wiedergänger Blues” também um pouco psicadélico. Acima de tudo, este álbum é uma confissão para a “velha escola”. Menos experimental do que alguns de seus anteriores trabalhos, mas, no entanto, qualquer coisa menos comum e no final sempre única. Nocte Obducta consegue aperfeiçoar seu próprio

estilo e, ao mesmo tempo, traçar uma ponte para o seu início, sem negligenciar os desenvolvimentos de sua história de mais de 20 anos. (MDD Records)

Unleash The Archers - «Apex» (Canadá, Power/Melodic Death Metal) Já lá vão 10 anos de UNLEASH THE ARCHERS! Esses heróis de heavy metal celebram essa honra com uma festa divertida com «Apex», a sua quarta obraprima. O ouvinte participará de uma aventura furiosa, tecendo elementos dos mais fortes géneros de metal do nosso tempo. Será guiado pelo calor cintilante das guitarras, dos solos que dão o rosto, dos grunhidos ensurdecedores, das linhas de baixo de pummeling e, claro, dos ganchos emocionantes da voz king-size de Brittney Slayes. Através de melodias rápidas e um toque para o dramático, UNLEASH THE ARCHERS, a mais nova versão, obriga-o a cantar com os punhos levantados no ar. (Napalm Records) Tombs - «The Grand Annihilation» (EUA, Black/Post-Metal) Mike Hill não é um homem interessado em apaziguar o seu público atual ou modificar a música que ele faz com a esperança de atrair mais amplo. Os Tombs caíram na última década, que, ao mesmo tempo, permanecem enraizados no som Black e pós-metálico vomitado no EP autointitulado de 2007, diversificou e evoluiu. Com “The


Grand Annihilation”, o quarto LP dos Tombs, essa tradição é mantida e, em muitos aspectos, é até mais épica, ambiciosa, emocional e tonificada da carreira da banda. (Metal Blade) Avatarium - «Hurricanes And Halos» (Avatarium, Doom Metal) Beleza e escuridão, guitarras pesadas e baladas frágeis, blues rock antigos e doom moderno - o som do AVATARIUM de Estocolmo é tão único que a banda já conseguiu desenhar o mundo num espetáculo místico com seu primeiro álbum. Os suecos levamno pela mão para baixo no seu mundo hipnótico e sombrio, cheio de poesia absurda e melancolia agridoces com um flanco bruto dos anos sessenta. (Nuclear Blast) Spoil Engine - «Stormsleeper» (Bélgica, Melodic Death Metal/ Metalcore) Esta banda de metal de 5 elementos da Bélgica e da Holanda traz uma mistura agressiva de peso pós-moderno e atmosfera apocalíptica, misturando influências que vão desde IN FLAMES e ARCH ENEMY para BRING ME THE HORIZON e ARCHITECTS. O novo álbum «Stormsleeper» é o lançamento de uma banda reinventada com o novo vocalista Iris, que pressiona os limites da largura de banda sonora e da energia, pronto para conquistar novos objetivos. (Nuclear Blast)

Der Weg Einer Freiheit «Finisterre» (Alemanha, Black Metal) O quebra-cabeça musical que se converteu em DER WEG EINER FREIHEIT transformou-se em algo mais complexo, o qual está bem patente no quarto álbum de estúdio da banda, «Finisterre». As peças originais ainda estão em jogo: a franqueza alemã agressiva semelhante a ENDSTILLE e uma propensão para a melancolia, como incorporada por IMPERIUM DEKADENZ. Momentos psicadélicos comparáveis ​​a DEAFHEAVEN e WOLVES IN THE THRONE ROOM, para além de uma habilidade para melodias majestosas que mostram paralelos no black metal sueco liderado por MARDUK e DARK FUNERAL. (Season of Mist)

My Regime - «Deranged Patterns» (Suécia, Swedish Thrash Metal) Os heróis suecos do Thrash Metal My Regime, com o lendário cantor / compositor Spice (Spiritual Beggars, Kayser) e membros / ex-membros de Spiritual Beggars, Kayser, Band of Spice e The Mushroom River Band, vão lançar seu novo álbum «Deranged Patterns». O álbum foi descrito como um furioso ataque de thrash metal que traz à mesa alguns dos riffs mais rápidos e afiados jamais concebidos, com uma sensação de velha escola e muita atitude. (Scarlet Records) Ulver - «The Assassination Of Julius Caesar» (Noruega, Ambient/

Avant-garde/Electronica) Após o sucesso surpreendente do híbrido «ATGCLVLSSCAP» do ano passado, o caminho foi eventualmente lançado para um álbum de estúdio de status completo dos Ulver. A banda trabalhou sob critérios claramente definidos, mantendo-se fiel a uma estética. A música nunca é facilmente concebida, mas o espírito inflexível de Ulver, em seguir os seus instintos, mostroulhes o caminho. O medo da repetição e da paralisação é tão instintivo na mente desse grupo quanto a fome é para os seus homólogos na natureza. (rarely unable) The Voynich code - «Aquavitae» (Portugal, Post-Metal / Doom / Sludge) As gemas da cena metálica portuguesa, The voynich code, voltaram com o seu álbum de estreia, o devastador «Aqua Vitae». A jovem banda e talentosa dá um sinal de deathcore moderno. Metal progressivo, death metal técnico e deathcore clássico uniram-se para criar um triunfo absoluto numa estreia. (Varios) Avatar- «Feathers Flesh (In His Own Words)» (Suécia, Melodic death metal) O palhaço saiu do circo e está subindo pela janela do quarto. Agora, ele quer contar uma história. AVATAR constrói o seu vasto universo nalguns princípios muito simples. Todo o grande metal é criado pela compreensão de que o riff é rei e que o riff é groove. Se é uma explosão ou uma batida traseira, é necessário entender qual a embarcação na qual o riff é carregado. Uma vez que descola, tudo o que precisa fazer é seguir em frente e deixar a música penetrar. Saindo de Gotemburgo, Suécia, os rapazes cresceram no olho de uma tempestade de músicos locais, composta de grandes lendas de metal que conquistaram o mundo e redigiram mensalmente o mapa de heavy metal. (Another Century)

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«Monocle» mostra um lado mais escuro da banda, com elementos mais épicos e atmosféricos do que anteriormente. Ao mesmo tempo, existem algumas peças extremamente atraentes e optimistas durante todo o álbum, cimentando o som exclusivo e especial que tem Atrox. É seguro dizer que eles voltaram a progredir, com base no rico legado musical da banda desde o início. (Dark Essence Records) Wells Valley - «The Orphic» (Portugal, Post Death Metal) Dois anos após o lançamento de seu álbum de estreia» Matter As Regent», o trio português pós-metal Wells Valley voltou com um novo EP intitulado «The Orphic». Produzido pelo baterista Pedro Mau, «The Orphic» apresenta duas novas faixas e uma versão do “Set The Controls For The Heart Of The Sun” dos Pink Floyd, oferecendo um som desconcertante e intenso que cai entre o post e o death metal. O trio mais uma vez combina o pós-metal sludgy e pesado dos Neurosis com o tecnicismo e as melodias discordantes de Gojira, aqui com resultados impressionantes. (Viral Propaganda)

Atrox- «Monocle» (Noruega, progressive Death Metal) A banda norueguesa Atrox sempre foi algo diferente na cena do metal. Começando em 1990 em Trondheim das cinzas da banda Death Metal Suffocation.

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Cormorant- «Diaspora» (EUA, progressive black/death) Musicalmente, a «Diaspora» de CORMORANT apresenta elementos familiares de black, death, prog e folk metal, mas as influências psicadélicas e fundiárias pronunciadas também podem ser ouvidas, especialmente no épico de encerramento de vinte e seis minutos, “Migration”. A «Diaspora» é a nova iminente dos novos praticantes de progressive black/ death, CORMORANT. (Earsplit) Cytotoxin- «Gammageddon» (Alemanha, Technical/Brutal Death Metal) «Gammageddon» é explosivamente poderoso, um flagelo incrivelmente rápido que está brutalmente em choque e mexerá no seu cérebro como se fosse teletransportado para uma centrífuga de alta velocidade. Uma exibição deslumbrante de precisão musical, que é um marco no mundo do death metal. (Earsplit)

Intrcptr- «I» (EUA, instrumental rock) INTRCPTR é o aparecimento incrivelmente brilhante do guitarrista Ben Carr (5ive) e do baterista Larry Herweg (Pelican, ex-Lair Of The Minotaur). Antigos veteranos de riffs pegadinhos impiedosos no quadro de todas as coisas pesadas. A dupla não decepciona no mínimo quando se trata de preconceitos individuais do que se torna possível quando a inspiração colaborativa entre amigos mutuamente respeitados persiste e persiste. Eu sou a primeira oferenda e o exemplar inicial das greves de pura criatividade desenfreada que podem ser capturadas na forma proverbial do INTRCPTR. (Earsplit)

Marzi Montazeri Featuring Tim Ripper- «The Uprising» (EUA, Heavy Metal) Heavy como o guitarrista do Texas, MARZI MONTAZERI, desencadeará «The Uprising< «, com TIM “RIPPER” OWENS na voz. Conhecido pela sua musculatura inovadora e sua demonstração energética, MARZI MONTAZERI - AKA “O Sumo Sacerdote da Distorção” - é um guitarrista, produtor e compositor de Houston, Texas. Juntos, esse par extraordinário oferece os sons ardentes de «The Uprising». (Earsplit) Tuesday The Sky- «Drift» (EUA, Ambient Instrumental Rock) Se analisarem a carreira de Jim


com uma parte decisiva para tal. A banda do Dubai é, acima de tudo, uma banda de death metal intransigente, mas o charme dos “ingredientes especiais” ressoam e dão-lhe aquele caracter especial. E é assim que Nervecell encontra a sua diferenciação musical. «Past Present… torture» marca o terceiro LP do grupo. (Lifeforce Records)

Matheos, em todo o seu papel no comando dos pioneiros progressivos Fates Warning, para as suas colaborações em OSI e Arch / Matheos, e a sua participação com Gordian Knot e Memories of Machines, bem como o seu próprio material solo, as pessoas podem pensar que sabem o que esperar desse guitarrista. No entanto, dos sons de abertura do disco de estreia «Drift», está configurado para expandir esses limites ainda mais além. (InsideOut Music)

Nervecell- «Past Present torture» (Emirados Arabes Uinidos, Death/ Thrash Metal) Há uma linha fina para combinar a brutalidade, os requisitos técnicos e a acessibilidade severa de tal maneira, que o resultado leva a músicas extremas, que os ouvintes gostam de ouvir e de que podem se lembrar. Nervecell são mestre nisso e de forma impressionante. A adição de acentos folclóricos do Oriente Médio contribui

Blind Seer- «Apocalypse 2.0» (Bélgica, Experimental Metal) Este é o álbum de estreia da banda belga de metal experimental BLIND SEER! A música do CEVE SEER explora diferentes lados, que vão do heavy metal clássico ao jazz, rock industrial e música alternativa. Os tipos gostam de abrir portas para um novo universo e dar passo no sentido onde ninguém mais ousou avançar antes. Enquanto eles permanecem melódicos, eles também gostam de romper com a tradição. (Massacre Records) Ye Banished Privateers- «First Night Back In Port» (Suécia, pirate folk Metal) Levante o Jolly Roger! YE BANISHED PRIVATEERS não tomam ninguém prisioneiro. Com «First Night Back In Port», uma fusão solta de rufiões e incursões, levará o ouvinte de volta ao cruel mundo do século 18. Estejam preparados para tempos difíceis onde os piratas dominavam os sete mares. Com a ajuda do povo irlandês e escandinavo, bem como do raw punk, eles criam calmas de mar tempestuosas. Nenhuma das

suas espécies é tão parecida com duas ervilhas em uma vagem. YE BANISHED PRIVATEERS contam com 30 membros na tripulação. Pelo menos uma dúzia destes bucaneiros armaram-se para os dentes com violão, banjo e acordeão em qualquer das suas festas. (Napalm Records)

Narnia- «Narnia» (Suécia, Melodic Metal) Os mestres de metal melódico sueco NARNIA estão de volta com o seu novo e 7º álbum de estúdio! No novo álbum autointitulado, NARNIA voltam a visitar as suas raízes melódicas, mas com um som atualizado, criando assim uma mistura perfeita. Uma produção poderosa da CJ Grimmark, que foi misturada e dominada por Thomas “Plec” Johansson. (Massacre Records) Galderia- «Return Of The Cosmic Men» (França, Universal Power Metal) O novo e segundo álbum da banda francesa de power metal universal GALDERIA! A base no som de GALDERIA é o seguinte: um metal melódico e poderoso com forte ênfase em harmonias e arranjos de coro. A banda sempre usou o poder da sua música para definir o espírito universal de unidade e a elevação da consciência. Seb baptizou essa filosofia “A Universalidade”, e também deu esse nome ao primeiro álbum. A característica principal de GALDERIA é que a banda se esforça para permanecer no

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lado positivo da vida. (Massacre Records)

Bloody Hammers- «The Horrific Case Of Bloody Hammers» (EUA, Doom Metal/Hard Rock) Abra os portões do inferno e solte o fascinante Terror Sleaze Rock da dupla infernal, BROWN HAMMERS. O novo EP de seis músicas «The Horrific Case of Bloody Hammers» deriva dos picos das montanhas da Transilvânia. Aqui as sinfonias de órgão sombrio-sacral deslizam sobre o cruel martelado de riquenho de staccato. O nosso mestre de horror é Anders Manga, que entrega uma poderosa e sombria voz sobre os sinistros da sua esposa Devallia. A nostalgia gelada dos thrillers da b-list dos anos 70 dispara através das veias diretamente para o coração. (Napalm Records)

Municipal Waste- «Slime And Punishment» (EUA, Thrash Metal/ Crossover) Equipado com um som esmagador

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que implodirá tanto a alma como a cabeça, os mestres de speed metal, Municipal Waste, voltaram para lançarem mais um pedaço de detrito tóxico! O retorno tão aguardado inspirou uma nova vida neste moderno projeto de crossover de speedmetal que inicialmente nasceu em 2000. Sendo o sexto lançamento, não é surpresa o nível de liberdade e criatividade artística que foi aperfeiçoada para este álbum. (Nuclear Blast) Suffocation- «...Of The Dark Light» (EUA, Brutal/Technical Death Metal) Uns bons quatro anos separada» Pinnacle Of Bedlam «de novo …Of The Dark Light «. Mas nem sempre foi assim. De volta aos anos 90, os maníacos, quase três décadas depois, são mais intensos, tem mais fogo, e ainda podem fazer out-riff, out-growl, e out-blast de bandas mais jovens, com os clássicos como “Despise The Sun” e “Blood Oath”. (Nuclear Blast)

Cellar Darling- «This Is The Sound» (Suiça, New Wave Of Folk Rock) CELLAR DARLING foram formados no verão de 2016 após a sua separação da banda de metal mais bem-sucedido da Suíça até o momento, os ELUVEITIE. O trio, composto por Anna Murphy (vocals, hurdy-gurdy), Merlin Sutter (bateria) e Ivo Henzi (guitarras e baixo) rapidamente desenvolveu-se numa combinação única e fresca de riffs grandes e pesados, baterias poderosas e uma voz única, com

a assinatura dos tons naturalistas. Como resultado, CELLAR DARLING permanece fiel à sua reputação de inovação musical e à sua missão declarada: a reinvenção de contos populares para a era moderna, como a própria essência do que eram. (Nuclear Blast) Leng Tche- «Razorgrind» (Bélgica, death grind Metal) O desenvolvimento de bandas de veteranos segue padrões estabelecidos. Alguns tornam-se complacentes e felizes em lançar uma série regular de álbuns mal inspirados. Outros levam o seu tempo e, sem necessidade de provar nada, esperam até que o tempo esteja pronto para destruir outro triturador que demonstre a sua durabilidade conquistada para o deleite. LENG TCH’E cai na última categoria. Os extremistas belgas do death, obviamente, não se sentirão apressados ​​em acompanhar o último assalto sónico «Hipomania» (2010), mas sim o seu novo e sexto LP, nomeado em homenagem à sua descrição de estilo autoescolhida, «Razorgrind». Malhas curtas e afiadas repletas de tritão brutal, trituradas e uma habilidade para melodias mortais sobre o qual o líder Sergeï sopra beligerante e linhas vocais cheias de fúria. (Season of Mist)

Tankard- «One Foot In The Grave» (Alemanha, Thrash Metal) Em 1982, quando quatro maníacos de metal de cabelos compridos de Frankfurt decidiram formar


uma banda chamada TANKARD, ninguém esperava que esta banda ainda estivesse por cá três décadas depois. Para não mencionar o facto de estarem no topo da cena alemã de thrash metal! Mas eles ainda estão alive & kicking. Hoje, enquando a moda é fazer uma “reunião” e desaparecer novamente parece ser a ordem do jogo para as bandas, os TANKARD nunca se juntaram nesse curso de ação e mantiveram a sua bandeira do thrash metal bem alta. É por isso que os fundadores do “metal alcoólico” podem agora comemorar seu 35º aniversário em 2017 com seu 17º álbum de estúdio intitulado «One Foot In The Grave»! (Nuclear Blast)

Ereb Altor- «Ulfven» (Suécia, Epic Viking Metal) 2017, e o lançamento do magnus opus dos Ereb Altor, «Ulfven»! Bathory e também melodias folclóricas suecas escondidas, continuam a ser a maior influência da banda, o que é bastante evidente com o ritmo aventureiro, riffs crocantes e frequentes vocais de vida épica. O álbum mistura entre segmentos de mão pesada de riffs galopantes e percussão, e melodias mais matizadas levadas por uma parede de notas de teclado. É essa essência do equilíbrio que faz esse álbum funcionar tão bem, apoiado por uma produção muito poderosa. As melodias vocais limpas soam mais fortes e mais confiantes desta vez e os rugidos ásperos e raspados estão mais furiosos. A

banda baseia-se nas passagens do teclado arejado um pouco mais do que antes, mas adiciona um alargamento mais melódico para as passagens mais lentas. A maioria do álbum concentra-se em riffing inspirado de Quorthon, com os seus espessos acordes de energia e percussão trovejante misturados com um contexto de teclado arejado que traz à mente «Hammerheart» e «Twilight of the Gods». As influências de black metal anteriormente mencionadas funcionam como um caminho aqui e ali, mas o foco permanece na opacidade e peso do estilo Bathory. (Hammerheart Records) Engulfed- «Engulfed In Obscurity» (Turquia, Death Metal) As artes de Death Worship e Devilry estão sendo executadas mais uma vez nas ruas cheias de loucura de Kadiköy. ENGULFED, o notório quarteto Death Metal conhecido por seu EP, «Through The Eternal Damnation» voltou com seu primeiro LP “Engulfed in Obscurity”. ENGULFED é a supremacia do death metal, e a sua atitude extremamente pesada sobre death metal é absolutamente fascinante. (Regain Records) Onryo- «Muto» (Itália, mathcore/ deathgrinders) Onryo nasceu de Deborah Pettine e Daniel Casari, mais tarde juntouse a Alessio Cattaneo e Giulio Galati (que também seria baterista da banda death metal Hideous Divinity). Onryo está ansiosa para entregar CHAOS em todos os lugares. ONRYO e para estrear a abertura faixa de seu EP «Muto». (Everlasting Spew Records) Arcadea- «Arcadea» (EUA, Progressive, heavy psych) A banda nasceu quando o baterista-vocalista Brann Dailor (Mastodon) se uniu ao guitarrista e tecladista Core Atoms (Zruda) para criar uma banda psicológica progressiva e pesada com sintetizador. Adicionando o guitarrista Raheem Amlani (Withered) no sintetizador, os três

gravaram a sua visionária música, em 10 canções de sintetizador no Orange Peel Studios em Atlanta, GA. (Relapse Records)

Septicflesh- «Codex Omega» (Grécia, symphonic death metal) SEPTICFLESH está mostrando uma visão apocalíptica e faz pleno uso de sua impressionante palete musical composta por death metal e coros orquestrais no seu décimo LP, «Codex Omega». Embora a ómega bíblica marque o fim, SEPTICFLESH, pelo contrário, está atingindo o seu pico atual com este trabalho, um álbum que testemunha claramente que os visionários gregos chegaram à maturidade e domínio especializado em todos os sentidos. SEPTICFLESH são os mestres incontestáveis ​​do death metal sinfónico e «Codex Omega» é a prova perfeita dessa ousada afirmação. (Season of Mist)

Decrepit Birth- «Axis Mundi» (EUA, techincal death metal)

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Com canções notáveis, uma produção excepcional e letras de alto conceito, DECREPIT BIRTH irá reformar o death metal em «Axis Mundi». Eles estão explodindo as portas da convenção, preparando o caminho para as futuras gerações irem além dos quatro cantos proverbiais do death metal. Tal como as influências da banda do início dos anos 90, DECREPIT BIRTH tem diferentes pontos de vista sobre o género e o que significou e continua a significar. A clareza, o poder, a musicalidade e a brutalidade não estão tentando atenção, mas sim estão em harmonia absoluta. As guitarras. (Agonia Records)

Warbeast- «Enter The Arena» (EUA, Old school Heavy Meal) Os titãs de metal do Texas, WARBEAST, lançarão seu novo LP, «Enter The Arena», através dos próprios arquivos Housecore de Philip H. Anselmo. «Enter The Arena» é WARBEAST no seu melhor desempenho, escrita e qualidade de som. Com a tendência do “retro-thrash” em full-swing, e hordas de bandas tentando recriar “metal da velha escola”, os monstros do Texas WARBEAST oferecem o “real deal”. A sua música não é o resultado de um estudo cuidadoso do thrash dos anos 80 ou do metal clássico; isso simplesmente vem naturalmente porque é quem eles são. (Earsplit) One Master- «Lycanthropic Burrowin» (EUA, Occult black metal)

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Praticantes do Occult black metal, ONE MASTER conjurou o black metal cru e agressivo nos cantos escuros do metro dos EUA. Da opressão militarista de «Will Of The Shadow» ao ritualismo assustador da faixa do título de encerramento, Lycanthropic Burrowing é um documento de áudio de uma banda que ascende para lá do nível de elite do black metal dos EUA. (Earsplit) Uncured- «Medusa» (EUA, progressive technical death metal) UNCURED é uma banda progressiva de death metal técnico liderada pelo prodígio de guitarra de 17 anos, Rex Cox, ao lado de seu irmão de 19 anos, Zak Cox. UNCURED soa um pouco como o teatro dos sonhos da velha escola com alguns truques modernos, bem como quebras completas e violações de violão. Esta é uma banda composta por jovens músicos extremamente talentosos e promissores. (Earsplit)

Nuclear Warfare- «Empowered By Hate» (Alemanha, Old School Thrash Metal) Há 15 anos, os Nuclear Warfare do sul da Alemanha dedicaram-se ao bom Thrash Metal dos anos 80 e estabeleceram-se nos últimos anos para liderar este género. Além de inúmeros passeios e shows em todo o continente, chegou a hora de um novo álbum. «Empowered By Hate» é o nome do novo álbum, e um título que reflete o objetivo! (MDD Records)

Nethermancy- «Magick Halls Of Ascension(Pt)» (Portugal, Black Metal) Ligado pela alquimia cósmica, o Homem e o Divino reúnemse sobre os «Magick Halls of Ascension», o novo álbum de Nethermancy. Enraizado no misticismo e na escuridão, a palavra falada revela as artes negras forjadas pelos bruxos de metal em todo o espaço e tempos infinitos dos enigmas perdidos. (Helldprod Records)

Fractal Generator«Apotheosynthesis» (Canadá, atmospheric tech death) A «Apotheosynthesis» é influenciada por muitas histórias e conceitos de ficção científica. De certa forma, é um tipo de álbum conceitual. As músicas seguem um enredo futurista solto num universo onde os humanos destruíram o seu planeta natal e têm que procurar espaço para uma nova casa. O álbum explora a jornada para Marte e além. O


termo apoteossíntese representa um ponto em que a humanidade evoluiu através da integração tecnológica até o ponto em que não pode mais ser considerado humano. A banda queria criar um tipo de som de black death metal e atmosférico que não tinha sido antes ouvido. (Everlasting Spew Records) Zornheym- «Where Hatred Dwells And Darkness Reigns» (Suécia, Symphonic Extreme Metal) Zornheym é uma banda de metal extremista sinfónica de 5 elementos, explorando uma variedade de estilos dentro dos géneros de Black e Death Metal, e oferecendo uma melodia refinada de melodias obscuras, esmagamento Riffs, Percussão técnica, orquestrações dramáticas e narração poética. (Non Serviam Records)

Vulture Industries- «Stranger Times» (Noruega, Avant-garde Rock & Metal) A cena do metal parece incomodada na estagnação com muita frequência nos dias de hoje. A décima edição do grande avivamento de thrash, a raça interminável para ser mais brutal ou mais técnica ou mais dissonante em death metal e a nostalgia desenfreada de uma cena cada vez maior não fornece os ingredientes necessários para o progresso e fora do caixa de pensamento. Essa é a razão pela qual as bandas raras como a VULTURE INDUSTRIES são tão importantes. O quarto álbum

dos noruegueses «Stranger Times» continua e expande a busca da banda para pressionar as limitações de género e som. (Season of Mist) Oculus- «The Apostate Of Light» (Internacional, Orthodox black metal) o álbum de estreia altamente antecipado da entidade paninternacional OCULUS, «The Apostate of Light». Com os membros espalhados entre os EUA e a Europa, OCULUS foi gerado da mente de Nero e depois aperfeiçoado pelas mentes de Kozeljnik e Ormenos. Ormenos contribuiu com bateria, baixo e teclados, enquanto Kozeljnik contribuiu com letras e vocais. A banda quer ilustrar que o black metal era para eles, a escuridão lá dentro, bem como os temas anticristãos. (Regain Records)

Rex Brown- «Smoke On This» (EUA, hard Rock) Muitas vezes, a melhor maneira de avançar é dar um passo atrás. Trave, respire, concentre e contemple a imagem maior. Faça um inventário de si mesmo e de onde veio. Aproxime-se dessa essência em bruto para descobrir completamente o caminho para a frente. Um trovador experiente do Sul com uma experiência de vida densa, rica e colorida, Rex Brown é muito maior do que a soma total da sua já impressionante discografia. Saindo fora como um Frontman pela primeira vez, Rex reintroduziuse ao mundo em seu álbum solo de estreia, «Smoke On This». Brown

usa uma guitarra de seis cordas com confiança enquanto ele usava o baixo em Pantera e Down. Sua voz atraente cruza com um espírito tranquilo e um poder de dizer de verdade. (SPV) Ulvedharr- «Total War» (Itália, Death/Thrash Metal)

Ulvedharr é uma das bandas de metal thrash mais difíceis de sair da cena underground europeia dos últimos anos. «Total War», o novo álbum da banda, é uma mistura de influências de Death sueco, do Thrash alemão e do Black Metal, que se inspira em bandas como Unleashed, Dissection e Entombed para citar alguns. Liricamente, as músicas estão profundamente enraizadas na história antiga, desde a base do Império Romano até ao seu declínio, às grandes migrações alemãs e à Idade Média. Ulvedharr segue a tradição do heavy metal europeu com um toque moderno e muita atitude. (Scarlet Records)

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(su)POSIÇÕES

HARD N’ HEAVY

Domino Effect – Conceptual? Por: Gabriel Sousa

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O que define um álbum conceptual? Para mim o que define é uma temática, uma história, uma coerência entre as músicas num mesmo álbum. Para mim o álbum “Domino Effect” dos Gotthard é um álbum que conta uma história, as músicas dentro dele complementam-se. Vou fazer uma pequena análise de todas elas para provar a minha teoria. Este álbum é, ao mesmo tempo, o álbum que tem as músicas mais pesadas e densas da carreira de Gotthard e aquele que tem as baladas mais emocionais e dolorosas.“Domino Effect” contanos a história de um amor que falhou porque uma das partes não se preocupou em fazer a história dar resultado, não quis lutar, não se entregou ao sentimento.

amor, é uma faixa mais generalista mas ao mesmo tempo mostra que todos os actos têm consequências e não posso esquecer os 1ºs versos que fazem uma referência a como a relação era boa e se davam bem mas terminaram a chorar. «Falling» – Nesta faixa o narrador da história é a amada. Esta personagem feminina também está mal porque procura por alguém como o seu ex-amado, pede desculpa por ter deixado a sua vida um inferno e pergunta-lhe se algum dia será perdoada. «The Call» – O narrador nesta faixa volta a ser o nosso personagem principal, o sofredor. O personagem mostra ao mundo que desiste da relação, que tentou tudo ao seu alcance, que esperou mas cansou-se e não vai esperar mais. «The Oscar Goes To You» Aqui temos mais uma vez a caracterização da personagem feminina como alguém ardiloso, uma actriz digna de ganhar prémios de cinema. No entanto, o nosso personagem masculino também deixa claro que a personagem feminina o encanta com a sua personalidade misteriosa.

«Master Of Illusion» – O álbum começa com uma música Hard Rock poderosa onde o personagem que tem o coração partido apresenta a ex-parceira como alguém que o enganou. O nosso personagem principal faz uma referência de que vai continuar a lutar para ser feliz e que estará melhor sem ela. «Gone Too Far» – Nesta segunda faixa o nosso personagem continua a descrever a ex-parceira como alguém que foi demasiado longe e define-a como uma mestra no disfarce. «Domino Effect» – Esta faixa afasta-se um bocado da história de

«The Cruiser (Judgement Day)» – O nosso personagem mostra a vontade de recuperar, de lutar por ser feliz e mostra que desiste totalmente da relação com a personagem feminina. «Heal Me» – Para mim esta faixa deveria ser a 1ª do álbum. Digo isto porque nesta letra o nosso personagem masculino ainda tem a ilusão de que a personagem feminina seja a pessoa certa para ele, seja a cura para os seus males de amor. O personagem já tem a noção que ela usa uma máscara e que é misteriosa mas ainda a quer mudar porque se apaixonou por ela. «Letter To A Friend» – Nesta faixa entra um novo personagem, um amigo do nosso personagem principal. Numa carta sentida

ele tenta dar o apoio que o personagem precisa. Na carta o amigo diz que ainda há muito para viver, que é fácil perder a fé mas que é preciso seguir em frente e manter-se forte. «Tomorrow’s Just Begun» – Aqui é novamente o amigo a tentar aconselhar o nosso personagem. Ele diz que a vida não é feita sem dificuldades mas depende de cada um fazer o seu sol brilhar, que cada um é único e pode tornar agora o amanhã ser melhor. «Come Alive» – Esta faixa, em termos de história também deveria estar no início do álbum. Porque nesta faixa o nosso personagem ainda se está a apaixonar e não se importa de ter algumas noites mal dormidas porque ela preenchelhe a fome, o corpo, a alma e o coração. «Bad To The Bone» – O nosso personagem “renasce” nesta faixa. Ele diz-nos que foi usado, ficou confuso e confiava em toda a gente mas que esse “bom menino” ia acabar e que ele ia tornar-se numa pessoa má como as cobras (bad to the bone). «Now» – Esta faixa é outra que na história deveria aparecer logo no início. O nosso personagem idealiza que existe amor entre ele e a personagem feminina. O sentimento avassalador que tem por ela está ainda no seu início, ele sonha com ela todas as noites e sente-se forte mas, ao mesmo tempo, amarrado a este sentimento. «Where Is Love When It’s Gone» – Esta faixa é o ponto final da história. Uma reflexão que o nosso personagem faz sobre o amor. Ele pergunta-se para onde vai o amor quando este termina. Ele faz também uma série de questões sobre onde está o amor em algumas situações limite, como uma criança a correr a fugir da guerra ou quando o ódio triunfa sobre o amor.

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Para mim a ordem das faixas do álbum deveria ser: Heal Me Come Alive Now The Oscar Goes To You Gone Too Far Domino Effect

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Master Of Illusion Falling Letter To A Friend Tomorrow’s Just Begun The Call The Cruiser (Judgement Day) Bad To The Bone Where Is Love When It’s Gone O prazer que eu tive a fazer o texto

e a re-ouvir o álbum foi enorme. Para melhor apreciarem o texto arranjem uns bons Headphones, coloquem o álbum “Domino Effect” a tocar e deixem que este belíssimo álbum, que esta belíssima história os conquiste. Uma última palavra. Obrigado Steve, Leo, Hena, Fredy e Marc… por tudo!


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Foto: Rafael Batista

Recebo com alguma frequência várias perguntas do tipo: “Achas que devo comprar este micro?”, “Esta placa de som é melhor que a minha, achas que se a comprar vou ter melhor som?”, “Quero fazer um upgrade, que é que achas que devo comprar para melhorar o meu setup, estava a pensar comprar um compressor outboard?” Por: Michael Ferreira

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Responder a estas questões é tudo menos linear, cada caso é um caso e no fim vai depender do que realmente precisas e do tipo de trabalho que desenvolves no teu estúdio. O que eu acho importante reter é o seguinte: Num sinal áudio o que prevalece – ou limita a qualidade do sinal – é o elo mais fraco. Ou seja, se tens um micro de 1000€, um pre-amp de 2000€ e uma placa de som/conversor de 3000€, mas os cabos que ligam tudo são cabos do chinês de 5€, o que vai limitar a qualidade do sinal são os cabos. Se nesse mesmo setup mudares os cabos para cabos de alta gama e trocares a placa de som/conversor para um de 100€, o que vai ditar a qualidade da gravação é a conversão. Eu falo destes valores tão altos só como exemplo. A minha experiência tem-me dito que a qualidade e o preço andam de mãos dadas e que se grande parte do equipamento tem esse preço, vale esse preço, mas a minha experiência não é assim tão vasta que conheça todo o equipamento no mercado. Isto não quer dizer que não se faça boa música com qualquer tipo de setup. Não é isso que está em causa. Eu estou a falar de tirar o máximo partido do equipamento que se tem. Ou seja, o ideal é manter o equipamento todo ao mesmo nível e ter a ideia de que se dás um pulo em qualidade nalguma ferramenta de estúdio, eventualmente vais ter de trazer o resto do setup para o mesmo nível. À data deste artigo eu sei que tenho de fazer um upgrade na minha conversão de analógico para digital. Eu tenho um bom micro para voz, tenho dois bons pré-amps mas a minha placa de som é de média gama. Isso não impede de trabalhar, nem é algo que o ouvinte comum possa distinguir, é a minha vontade de querer mais e melhor que me puxa para gastar dinheiro. :-) Antes de comprar seja o que for pergunto-me sempre, “Preciso mesmo disto? Isto vai-me facilitar o trabalho no futuro?” Se a resposta for ‘sim’ puxo o gatilho. No fundo é esse conselho que dou, avalia o que tens, vê o que achas que te vai facilitar o trabalho e a partir daí tomas a tua decisão. Tendo em mente que é importante manter o equipamento todo ao mesmo nível para tirar o melhor proveito. É preciso ter em conta também que o equipamento não salva má acústica e más músicas, o equipamento serve para te facilitar o trabalho.

Foto: André Espinha

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Heavy Metal vS Futebol

Por: Emanuel Leite Jr.

“O futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes”... A coluna Heavy Metal & Futebol desta edição da Versus Magazine vai falar dos thrashers alemães do Tankard e a paixão deles pelo Eintracht Frankfurt. E não poderia ser diferente, afinal os reis da cerveja, como também são conhecidos, lançaram em setembro um EP em que, mais uma vez, expõem todo o seu fanatismo pelas Águias do estado de Hesse. «Schwarz-weiß wie Schnee (Eagles & Tankards)» é uma nova versão do EP «Schwarz-weiß wie Schnee», lançado em 2006 e esgotado há quase 10 anos. Na versão de 2017, a banda regravou a canção “Schwarz-weiß wie Schnee” (que se tornou hino do clube, sendo executada no Waldstadion - ou “Commerzbank-Arena”, se preferirem usar o naming right, tão comum nestes tempos de “futebol pós-moderno”, se adotarmos a terminologia do sociólogo Richard Giulianotti - à entrada da equipa em todos os jogos há mais de 10 anos) e ainda traz a versão de 1999 da mesma música, outra canção de apoio ao Eintracht (“Forza SGE”, que foi gravada originalmente para o tributo «Eintracht Frankfurt 12, Vol. 2 compilation», e que também aparece no álbum dos Tankard «Vol(l)ume 14», de 2010, além de outras três faixas do grupo. Sobre o Eintracht Frankfurt A origem do Eintracht Frankfurt e.V. remonta a 1899, ano em que surgiram dois clubes de futebol na cidade de Frankfurt - Frankfurter Fußball-Club Viktoria von 1899 (considerado o pioneiro na cidade) e Frankfurter Fußball-Club Kickers von 1899. Em 1911, os dois clubes se fundiram, formando o Frankfurter Fußball Verein. Em 1920, uma nova fusão. O Frankfurter FV se juntou com a equipa de ginástica Frankfurter Turngemeinde von 1861 originando o TuS Eintracht Frankfurt von 1861. Sete anos depois, entretanto, haveria um desmembramento e o clube de futebol passou a se chamar Sportgemeinde Eintracht Frankfurt (SGE, sigla que é mantida até hoje como referência ao Eintracht Frankfurt, como na canção “Forza SGE”, dos Tankard). Por fim, passa a se chamar Eintracht Frankfurt e.V. Trata-se de um dos 16 clubes fundadores da Bundesliga, a liga de futebol profissional alemã formada em 1963 (só a título de curiosidade, o poderoso Bayern de Munique não fez parte da primeira edição do torneio, preterido pelo rival local Munique 1860). Na versão moderna do campeonato alemão, o SGE, contudo, jamais foi campeão, tendo como melhor registo o terceiro lugar em cinco ocasiões. O clube, entretanto, possui um título nacional, tendo conquistado o antigo Campeonato Alemão em 1959. O título nacional de 1959 permitiu às águias a participação na edição de 1960 da Taça dos Campeões Europeus (antecessora da Liga dos Campeões). O Eintracht Frankfurt chegou à final da competição, mas foi derrotado pelo Real Madrid na decisão disputada em Glasgow, na Escócia: uma pesada derrota por 7x3. A nível europeu, a maior glória do SGE foi a conquista da antiga Taça UEFA (atual Liga Europa) na temporada 1979/80. Um título digno de registo, uma vez que a equipa eliminou o Bayern de Munique nas meias-finais e bateu o Borussia Mönchengladbach na final, então decidida a duas mãos. Bayern e M’Gladbach eram as duas maiores forças do futebol alemão da altura, tendo bipolarizado a Bundesliga, com cinco títulos nacionais cada em 10 edições e o Gladbach era o detentor do título da Taça UEFA. Principais títulos 1 Campeonato Alemão - 1959 4 DFB-Pokal (Taça da Alemanha) - 1974, 1975, 1981, 1988 1 Taça UEFA/Liga Europa - 1979/80 Rivalidades Na era pré-Bundesliga, o grande rival do SGE era o Kickers Offenbach, também do estado alemão de Hesse. Os rivais decidiram o título nacional de 1959, o único conquistado pelo Eintracht Frankfurt. O Kickers, porém, caiu em declínio e atualmente disputa a Regionalliga Südwest, que faz parte da quarta divisão do futebol germânico. Mesma liga disputada pelo rival local FSV Frankfurt, que só enfrentou o gigante da cidade em nove jogos profissionais, os últimos deles na temporada 2011/12, quando o Eintracht esteve na Bundesliga 2 (as águias golearam em ambos os confrontos: 4x0 e 6x1).

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Nomes históricos Alfred Pfaff, campeão do mundo com a seleção alemã em 1954, é um dos maiores ídolos da história do clube. O médio vestiu a camisola das águias mais de 300 vezes, entre 1949 e 1961, marcou 103 golos e fez parte da equipa campeã nacional em 1959 e vice-campeã da Europa em 1960. O médio-ofensivo Andreas Möller, campeão do mundo em 1990 e da Europa em 1996 com a Alemanha, foi formado no Eintracht Frankfurt e entre idas e vindas (passando por Borussia Dortmund e Juventus), vestiu a camisola do clube em três momentos da carreira, encerrada de águia ao peito em 2004. O atual selecionador da Alemanha, Joachim Löw jogou uma temporada pelo clube (1981/82). Já os consagrados treinadores Jupp Heynckes e Felix Magath já comandaram o clube em suas carreiras. CURIOSIDADES O hino Como já foi dito, é dos Tankard a versão da canção que se tornou o hino do clube, “Schwarz-weiß wie Schnee” (que quer dizer algo como “Preto e Branco como a Neve”). Escrita em 1999, quando o clube completou 100 anos de fundação, a primeira estrofe da versão dos Tankard já evidencia o sentimento de amor profundo pelas águias: “Tenho estado sob o seu feitiço há 100 anos, meu grande amor desde que eu aprendi a andar. Nos dias bons e ruins, estamos ao seu lado. Vencendo ou perdendo, seus fãs sempre estão aqui”. Já o refrão entoa: “Preto e branco como a neve, esse é o SGE. Vamos conquistar a DFB-Pokal e seremos campeões alemães, campeões. Preto e branco como a neve, esse é o SGE. Nós somos a DFB-Pokal e seremos campeões alemães.” Final da Taça da Alemanha Em maio de 2017, o Eintracht Frankfurt decidiu a Taça da Alemanha com o Borussia Dortmund. Antes da final, no dia 27 de maio no Estádio Olímpico de Berlim, os Tankard tocaram “Schwarz-weiß wie Schnee” diante de mais de 30 mil adeptos do SGE. Cover dos Cock Sparrer Todos os músicos dos Tankard são adeptos do Eintracht Frankfurt. O vocalista, Gerre, sempre que a agenda permite, procura ir a todos os jogos. Seja em casa, ou fora. E foi muito por conta de uma canção que os adeptos costumam cantar nas viagens para os jogos fora que os Tankard resolveram gravar uma versão de “We’re Coming Back”, dos punks britânicos dos Cock Sparrer, considerados um dos precursores do subgênero Oi!. O cover aparece no álbum «Beast of Bourbon», de 2004.

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1755 em 2017 - Um olhar português! Por: Nuno Lopes (https://www.facebook.com/hellheavenmetalmusic)

Não, este não é um artigo sobre o novo registo dos nossos compatriotas Moonspell. Este é um texto sobre Portugal e sobre dois eventos que marcaram este nosso cantinho há beira-mar plantado. Em 1755 Portugal era um país parco em recursos, humilde na sua génese e que, naquele dia de Todos os Santos acordou com o cheiro a morte, vendo desabar a sua capital perante os seus olhos, incrédulos, envoltos em terror, marcando, para sempre, a memória nacional que se viu, na altura, obrigado a começar de novo, por entre os escombros e o rasto de destruição. Portugal, Outubro de 2017, chamas invadem o nosso território, sem mácula, sem perdão, iniciados (talvez) por mãos que merecem tudo menos a liberdade que respiram. São vidas ceifadas por rostos (des)conhecidos. O cheiro é de enxofre, de madeira que crepita perante a impotência de um povo que não estava preparado, que não foi protegido. Mortes desnecessárias. enquanto se clama por salvação alguém se queixa de falta de férias, alguém resume tudo a falhas humanas, que não o são. O que existe em comum entre estes dois eventos? Nada para além de vidas ceifadas a sangue frio, além do sofrimento de um povo que não tem descanso. Seria de esperar que três séculos depois este nosso país estivesse preparado para tal, não o está por desinteresse, por interesses múltiplos que vão além da vida humana, que surgem pela simples razão de um Estado incompetente na sua génese, por uma classe política reles, que assobia para o lado, como se a culpa pudesse morrer sozinha. Por um povo que teima em acreditar em lobos com pele de carneiros. Digo basta, digo chega. Portugal não é isto e, de todas as mortes as que mais lamento são todas e cada uma. Era bom pensar que nada disto voltará a acontecer, mas esse não é o fado português e ambos sabemos que o inverno está a chegar e depois do fogo vem a água e o diluvio que ensombrará o território. Está na hora de acabar com isto, pois a culpa não pode morrer solteira e o ciclo deve ser interrompido, é isso que merecemos. O povo merece e as mortes justificam os meios para as evitar.

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Playlist Carlos Filipe

Frederico Figueiredo

Wintersun – The Forest Seasons Desire – Infinity… A Timeless Journey Through An Emotional Dream Joe Satriani – Shockwave Supernova Jean Michel Jarre – Electronica 1 – The Time machine Entombed – Clandestine Concert – Act I&II Apocalyplse Orchestra – The End is Nigh Eluveitie - Evocation II – Pantheon Crematory – Live Insurrection

Urfaust - Geist ist Teufel Sunn O))) - Black One Phurpa - Trowo Phurnag Ceremony Swans - The Seer Mayhem - De Mysteriis dom Sathanas Wolves in the Throne Room - Thrice Woven

Cristina Sá Satyricon – DeepCallethUponDeep Vulture Industries – Stranger Times Auðn – FarvegirFyrndar Throane – Plus Une Main À Mordre Tyrannosorceress – Shattering Light Wolves in the Throne Room – Thrice Woven

Eduardo Ramalhadeiro Moonspell - 1755 Soen – Tellurian Hell in the Club – See you on the Dark Side Cyhra – Letters to Myself Wobbler – From Silence to Somewhere Major Parkinson - Blackbox

Ernesto Martins Marty Friedman - Wall of Sound Vio-Lence - Eternal Nightmare Satyricon - Deep Calleth Upon Deep Wolves in the Throne Room - Thrice Woven Ne Obliviscaris – Urn

Helder Mendes Carcass - Necroticism: Descanting the Insalubrious Psychedelic Witchcraft - Magick Rites and Spells Paatos - Breathing Emperor - In The Nightside Eclipse Paradise Lost - Icon

Gabriel Sousa H.E.A.T. - Into The Great Unknown Shiraz Lane - For Crying Out Loud Ayreon - The Source Xeque-Mate - Æternum Testamentum Gregg Allman - Southern Blood

Ivo Broncas Gojira - Magma Lamb of God - Resolution Mastodon - Emperor of sand Soundgarden - Superunknown Korn - The Serinity of Suffering

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Os Aussies Caligula’s Horse são uma das bandas mais prometedoras do universo Progressivo. Quanto mais não seja porque só sabem fazer excelentes álbuns. «In Contact» é um passo em frente e uma natural evolução relativamente a «In Bloom». Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro

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Olá Sam, é um prazer conhecer-te virtualmente. «In Contact» saiu em Setembro. Como têm sido as reacções? Ultrapassaram as expectativas? Olá Eduardo, também é um prazer conhecer-te. As reacções têm sido fantásticas. É sempre preocupante quando se lança algo tão grande e complexo e ficamos na expectativa que o mesmo seja compreendido no lançamento, – nós entendemos que este álbum requer algum tempo até realmente o compreendermos – não obstante temos tido apenas criticas positivas. Na digressão, as novas músicas tem tido bastante sucesso. Creio que, comparativamente com «Bloom», «In Contact» vai mais além em quase tudo, é mais progressivo, pesado e técnico, e tudo isto sem perderem o vosso som característico. Concordas com esta análise? Concordo, e essas qualidades foram as que intencionalmente procurámos articular neste álbum. «Bloom» foi muito “directo”, fizemos questão que fosse limpo, sucinto e acessível quanto possível a todos, dentro do grande esquema da nossa interpretação ao nível das letras. No «In Contact», quisemos ser tão ambiciosos quanto conseguíamos ser – nada esteve fora de hipótese. Decidimos que as partes mais pesadas tinham de ser maiores e mais densas e as mais leves, mais baixas e suaves, uma grande dinâmica geral. Para isto ajudou o facto de termos novos membros na banda, que trouxeram maior valor em termos da possibilidade técnica, pelo que inevitavelmente também foi absorvido. Outro aspecto que considero excelente é a produção. Na minha opinião foram mais além… Qual a diferença, comparando com os álbuns anteriores? Produzi ambos os álbuns, mas a mistura foi efectuada de forma

um pouco diferente. «Bloom» foi misturada pelo Brendan Anthony, um mentor meu, que efectuou a mistura por forma a aproximá-la à minha ideia de um som natural e orgânico, por forma a encaixar nos temas do álbum. Para o «In Contact» eu efectuei a maioria das misturas e o Forrester Savell e o Caleb James as faixas três e um, respectivamente, mas a mistura foi realizada por forma a soar maior e mais estridente. Gosto de ambas, mas tens razão ao afirmar que são diferentes. O vosso processo criativo também se alterou? Não, nem por isso! O Jim e eu escrevemos tudo, e embora, ao longo dos anos, tenhamos refinado a forma como o fazemos, continua a ter uma base fundamentalmente igual à de quando começámos. Normalmente eu apareço com um fragmento musical e gravo-o e, desde o primeiro instante, o Jim e eu trabalhamos as melodias vocais e as letras numa forma integrada e holística. A música e as letras são, essencialmente, correspondentes. Tu e o Jim são os cérebros por trás da música e das letras dos «Caligula’s Horse». Acreditas que caminham para um dia (breve…) se tornarem um duo importante na música progressiva? Espero que sim! Compor com o Jim é já, em si mesmo, um prémio, e juntos somos, sem dúvida, superiores à soma das partes. Produziste este álbum… ou melhor dizendo… produziste todos os Álbuns de «Caligula’s Horse». Como é produzir com os membros da tua banda? Os membros da minha banda são incríveis, e aceitam o castigo que lanço sobre eles com milhões de takes e horas de ensaios! Já estão habituados. Têm consciência do resultado final, por isso são se importam de contribuir com mais algumas horas.

Em 2016 e 2017 tiveram dois novos elementos na banda. Qual foi o contributo deles para este novo álbum? O Josh e o Adrian não compuseram nada, mas a incrível técnica deles actuaram como fonte de inspiração para a música que eu e o Jim compusemos juntos. Agora sentimos que a banda não tem limites, tudo é possível graças a eles os dois. A «The story of ‘Will’s Song» foi o vosso primeiro vídeo. Alguma razão especial para isso? Quem é o Will? O Will Hunter é o responsável pela iluminação e o nosso manager de digressão, e é o nosso sexto membro da banda. Na estrada mantém tudo sobre rodas e a andar, mantém a moral elevada, bem fazer com que os nossos espectáculos pareçam incríveis. O Will, eu e o Jim estávamos a conviver num quarto de hotel (creio que em digressão com os Opeth) quando compus o riff final da música do Will, e decidimos que era porreiro homenageámo-lo com esta pequena surpresa. É um trabalho sem glória o que ele faz e era o mínimo que podíamos fazer. A «Inertia and the Weapon of the Wall» captou a minha atenção por ser um monólogo cheio de raiva. É sobre o quê? Presumo que, na origem, haja uma mensagem, certo? A «Inertia» é uma espécie de manifesto de Ink, o personagem principal por trás do terceiro capítulo. Em retrospectiva, é essencialmente niilístico - um personagem que que ver o mundo a arder – mas possibilitou ao Jim explanar algumas ideias políticas que tinha latente há já algum tempo, e deu-me a possibilidade de brincar, em termos de abordagem, com uns sons porreiros. Eu gosto muito dela, mas certamente deu origem a alguma divisão entre os críticos.

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Os Caligula’s Horse têm seis anos. Independente deste pormenor, vocês já editaram quatro álbuns e a vossa popularidade tem vindo sempre a crescer. Quando, em 2011, lançaram o «Moments from Ephemeral City», esperavam vir a tornar-se uma banda tão importante? De todo! «Moments» foi basicamente um álbum que escrevi como fuga a outros projetos em que trabalhava na altura, procura algo divertido e relaxante. O facto de ter evoluído para a fantástica parceria entre o Jim e eu, e a experiência gratificante que tem sido em estúdio, foi algo inesperado mas muito bem-vindo. Nos próximos anos, que podemos esperar dos «Caligula’s Horse»? Não é fácil dizer! Podes esperar muito mais digressões, e um novo álbum nos próximos dois anos. Mantemo-nos ocupados.

Vêm da Austrália, um país afastado da Europa e dos Estados Unidos. Já entrevistei algumas bandas do teu país - Harlorr e os Ne Obliviscaris, por exemplo – e eles descrevem a difícil experiência que são as digressões fora da Austrália. Também sentem essa dificuldade? A maior dificuldade é ao nível financeiro: os voos e os custos com os autocarros. Depois disso é pouco diferente da Austrália, e, em muitos casos, até mais fácil. As bandas são muito bem tratadas no continente Europeu, estamos sempre ansiosos pelo catering, algo que não se vê muito na Austrália.

sonoridade musical. Alguma vez ouviste falar deste debate chamado “Loudness War” O que é que valorizas mais: a dinâmica ou a sonoridade? Tens esta situação em conta quando gravas e misturas um álbum? Estou bastante ciente dessa guerra e é algo que sempre evitámos nos «Caligula's Horse», e iremos sempre evitar. Eu gosto das minhas produções o mais aberto e dinâmico possível, e misturo com esse fim, fazendo com que os engenheiros de som tenham a mesma abordagem.

Uma última questão... Como produtor, e sendo eu um ouvinte que gosta da música tão dinâmica quanto possível, não demasiado comprimido, gostava de te questionar sobre a guerra que existe entre a dinâmica e a

Caligulashorse Facebook Youtube

No «In Contact», quisemos ser tão ambiciosos quanto conseguíamos ser – nada esteve fora de hipótese.

Foto: Adrian Goleby, Chris Edrich

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1755 – O apocalipse português Apocalipse e Moonspell são conceitos que

combinam na perfeição! Que o diga o vocalista da banda portuguesa e respetivo frontman, que crê ser essa uma palavra-chave da sua carreira.

Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro | Cristina Sá

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CSA e Eduardo – Olá, Fernando. Antes de mais obrigado pelo teu tempo e por esta segunda entrevista este ano à Versus Magazine. Eduardo – (De certeza que estás farto de responder a esta pergunta… mas vou fazê-la na mesma) Quando é que te surgiu a ideia de compor este álbum conceptual e porquê o terramoto de 1755? Fernando Ribeiro – Na Escola Secundária. Nas aulas de História. É certo que ainda não tinha uma banda, mas foi nesse momento que me perdi de encantos pela história, pelos seus contornos, pelo seu grande simbolismo e por ter sido, na verdade, o evento trágico que nos arrancou à Idade Média. Eduardo – Certamente, tiveste que fazer alguma pesquisa para escreveres as letras. Em que material te baseaste e quanto tempo demoraste até teres a história e o conceito pronto? Fiz bastante, mas foi um processo muito prazenteiro. Não tive bem a noção do tempo, mas, como era um assunto que sempre tive presente,de alguma maneira, escrevi tudo nuns meses. É isto que mais gosto de fazer e faço-o sozinho. Eduardo – Algo que me “preocupa” ou que posso ter curiosidade em saber é a reação dos vossos fãs estrangeiros ao ouvirem-te cantar em Português. Se bem que música é música e o que interessa são os sentimentos que fazes passar através dela. Mas… isto preocupou-te de alguma forma ao longo da construção do álbum ou à editora/ produtor quando decidiram que as letras seriam na nossa língua? So far so good, hehehe. Não me preocupou nada. A reação dos fãs é para mim ao mesmo tempo imprevisível (durante uns tempos) e depois previsível. Ou seja, o resultado vai ser o mesmo: várias pessoas vão adorar; várias pessoas vão criticar negativamente. Nunca

fomos consensuais e agora já é tarde para nos preocuparmos muito com isso. Por conseguinte, essa resposta nunca entra nas nossas “contas criativas”. Por outro lado, pertencemos, felizmente, a um estilo que tem muita abertura a estas “experiências”. São várias bandas a ter sucesso como, por exemplo os Sólstafir. A editora adorou a ideia e o produtor também. Quem manda criativamente somos nós e toda a gente que nos ajuda a concretizar a nossa visão sabe disso. CSA – Por que não encomendaram a capa ao Seth Spiro, o vosso artista gráfico desde «Night Eternal» precisamente? De onde veio a ideia de escolher o Pedro Diogo? Nada de especial, a não ser o profundo talento do João Diogo. O Seth é meu amigo e, claro, falámos sobre isto. Era tempo de procurarmos outras estéticas e penso que um Português leria melhor o conceito, enquanto português. Há muito tempo que queria trabalhar com o João Diogo e estou muito feliz que isso tenha acontecido em particular neste disco. CSA – Até que ponto os Moonspell se identificam com a visão de «1755» dada pelo artista gráfico na sua capa? Ao ponto da totalidade. O JD é um artista que não se conforma. Mandou-me, sem interrupção, material de altíssimo nível e, mesmo estando eu satisfeito da vida, ele dizia: não, posso fazer melhor. Foi um longo processo, ao detalhe, mas a história do «1755» também é contada pelo trabalho do JD, e isso era tudo quanto almejávamos. Eduardo – «1755» é um álbum muito rico em termos musicais: orquestrações muito bem conseguidas e perfeitamente integradas com o resto da banda, os coros épicos, quase wagnerianos e ainda podemos juntar as melodias fora do comum.

Será este o álbum dos Moonspell mais rico em termos musicais? Sei lá. Esse discurso serve sempre para impressionar as pessoas. O que eu acho é que queríamos contar uma história bem particular, e portuguesa. Eu tinha o conceito e as letras e a música tinha de os trazer à vida. A banda, o Jon Phipps, o Tue Madsen, todos fizeram um trabalho incrível, para recriar musicalmente o evento. É essa a riqueza deste disco, outros têm outras. CSA – Adorei este álbum: para além do tema – que sempre me suscitou imenso interesse – fezme recordar um dos vossos álbuns de que mais gosto e que também tem uma dimensão apocalítica: «Night Eternal». O que pensas desta apreciação? Eu sou um obcecado pelo apocalipse. Há já muito tempo que trabalho este tema e é para continuar. Musicalmente, pode haver ou não relações com esse disco. Não sei, nunca pensei muito nisso. Aliás, no «1755», há várias partes que me remetem mais longe, até ao «Under the Moonspell». Mas, tematicamente, estava escrito que iríamos fazer um disco em Português sobre o dia em que o apocalipse chegou à nossa capital. Como resistir? CSA – O que pensa a Sónia – e, já agora as mulheres dos outros elementos do grupo – sobre este álbum de Moonspell, que promete ocupar um lugar de destaque na história do Metal português? A Sónia é uma grande fã dos Moonspell. Não sei porquê, mas é e não tem nada a ver com o facto de sermos um casal. Ela começou a ouvir exatamente pelo «Night Eternal» com mais atenção e disse-me que melhorámos sempre. Agora, o «1755» é o disco preferido dela dos Moonspell. Conhece todos os temas e sempre me ajudou e aconselhou muito bem. A Mary canta neste disco, por isso tem uma relação especial com ele. Não posso nem devo falar por todos, mas as nossas

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“[…] foi nesse momento que me perdi de encantos […] pelo seu grande simbolismo e por ter sido […] o evento trágico que nos arrancou à Idade Média.”

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“[…] queríamos contar uma história bem particular, e portuguesa. Eu tinha o conceito e as letras e a música tinha de os trazer à vida. […]” mulheres gostam e respeitam o que fazemos, mas odeiam que isso nos leve meses para fora da sua beira. É uma sensação contraditaria e complicada para elas. Se fazemos parte ou não da História do Metal e – porque não da Música Portuguesa – acho que lhes é igual. Afinal, todos lavamos pratos. Eduardo – Fazendo valer a minha opinião (que vale o que vale), tenho a dizer que «1755» fará a diferença e de alguma forma marcará O padrão (ou o termo de comparação) da discografia da banda. Assim como, por exemplo, o «Master of Puppets». Concordas? Obrigado. O que eu acho é que o «1755» pode ser muito mais

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que um projeto one-off. É mais uma janela grande que uma porta fechada. A História Portuguesa é muito longa, rica e simbólica. E interessa-nos muito. Todos os dias vejo o mosteiro de Alcobaça: história. Todos os dias leio histórias da História de Portugal ao meu filho. Porque não fazer mais discos assim? Não sei que representatividade terá o «1755» na nossa discografia, mas para a banda tem o sabor de uma nova etapa. Eduardo – “Em nome do medo” abre «1755» de uma forma bastante épica e orquestral. Foi Jon Phipps, que já trabalhou com os Moonspell no «Extinct», quem fez as orquestrações.

Presumo que foi uma escolha óbvia… mas a influência dele não se ficou somente por este tema. Que papel desempenhou em «1755»? O Phipps é o maior! Eu sempre achei que, nas colaborações anteriores, ele tinha ficado além do seu potencial. Não porque não seja bom, muito bom, mas porque não o tínhamos deixado fazer mais. Por isso lancei-lhe o desafio de fazer a versão do Medo. Fiquei encantado com o resultado e com as pistas musicais que ele lançou para todo o disco. Veio para Portugal e passou muito tempo connosco. O desafio que o Pedro Paixão assumiu foi usar a nossa experiência para dosear o entusiasmo do Jon. A nossa


música não podia deixar de ser orgânica e ficar Symphonic Metal. Não! O Jon levantou a fasquia das orquestrações em Metal pelo seu bom gosto, conhecimento: o homem é mestre de Música. Muita gente me pergunta se são orquestras reais. Não são, mas estão brilhantemente compostas e poderiam ser. Eduardo - Tue Madsen, com quem já trabalharam noutros álbuns, é o produtor. Que papel desempenhou ele na construção de «1755»? O Tue é fantástico. Ele entendeu o que queríamos logo de início – direto, duro, barulhento, mas melancólico – e envolveu-se muito no disco. Até balbuciava algum Português. Ele estava com fome de trabalhar com os Moonspell, depois de termos feito o «Extinct» com o Jens, e veio com tudo! Ele tinha acabado de fazer o disco novo dos Meshuggah e o que

dizer… temos muita sorte em ter conseguido fazer música que excita os produtores e isso é sempre muito, muito importante. Eduardo – «1755» conta com a participação do fadista Paulo Bragança no tema “In Tremor Dei”. Quando surgiu a ideia de incluir alguém de um género musical tão díspar dos Moonspell neste tema do álbum? …e já agora, porquê este tema em particular? Quando fiz as linhas vocais para a “In Tremor Dei”, pensei de imediato no Paulo. Ele andava desaparecido, mas lá nos encontrámos: estava escrito. Os Moonspell e o Paulo são mais próximos do que se possa pensar. Somos ambos uma espécie de malditos no nosso género e decidimos colaborar e estender essa maldição. Quando estava a fazer o tema, veio-me a voz dele à cabeça e disse (muito antes de o conhecer): Et voilà! Ele vai trazer mais Portugal ao tema:

o desespero, o lamento, Coimbra, Trás-os-Montes, Lisboa. Deu uma cor ao tema, que é um cinza de quem sabe cantar. Ele é o Fadista por excelência, faz-te sofrer e não dançar como um turista. CSA e Eduardo – E como foi trabalhar com estas ilustres pessoas? Em família. Sempre diretos ao assunto, sempre construtivos, sempre profissionais, mas sempre próximos. Foram umas gravações ótimas. Eduardo – Um tema que me parece “estranho” a todo este conceito é a versão que vocês fazem do “Lanterna dos Afogados” dos Paralamas do Sucesso. Porque é que escolheram esta versão e como é que se enquadra na temática do álbum? O resto da banda teve a mesma reação, não te preocupes. Eu acho que é bom encontrar cenas em

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locais inesperados. Isso fascina-me. Muito mais que ouvir bandas Hype ou Black Metal hipster e essas cenas. Uma canção é sempre uma canção. E toda a gente a conhece das novelas, mas ficou por aí. Eu não. Ouvi, li a letra, sempre guiado pela nota de tristeza deste tema. Foi isto que expliquei à banda e eles entenderam. Esta é uma letra sobre as mulheres que esperam nas aldeias piscatórias pelos homens que foram ao mar. Têm uma lanterna acesa. Não vejo tema mais português (talvez ir ver os aviões, lol) que este, nem melhor canção para terminar o «1755». É Paralamas do Sucesso e não é Slayer? Ya…paciência… Eduardo – Será que este álbum – por ser inteiramente cantado em Português – será aquele álbum especial, que vos deixa um bocadinho mais orgulhosos… a vossa obra-prima? Ou para vocês todos os álbuns dos Moonspell

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são como os filhos… obrasprimas? Os nossos filhos são obrasprimas. Os nossos discos são histórias. Criá-los bem é a nossa responsabilidade. O resto é discutível e os Moonspell orgulham-me sempre, mesmo quando fazem merda. É sinal que estamos bem vivos. Eduardo – Sendo um álbum tão elaborado ao nível musical, como será transportá-lo para os concertos ao vivo? Penoso, complicado, exigente, mas para isso estamos a ensaiar vai para quase um mês, quando toda a gente estava na praia. O Pedro Paixão tem, outra vez, um grande trabalho entre as mãos que é recriar toda a parte sinfónica. Mas é perfeitamente e organicamente possível tocar este disco e apostar na sua teatralidade, que é o que pretendem acentuar nos espetáculos do «1755».

CSA – Por que razão – tendo o terramoto de 1755 ocorrido em Lisboa, no dia 1 de novembro – destinaram esse dia ao concerto de apresentação do álbum no Porto? Calendários…tentámos, mas não foi possível. Mas não acho problemático. CSA – E, já agora, porque vêm fazer um concerto em Aveiro (no dia 10 de novembro, no nosso Teatro Aveirense)? Têm alguns contactos especiais nesta cidade? Já recebemos Moonspell e Fernando Ribeiro várias vezes para diversos eventos e é sempre um prazer ter-vos por cá. Contactos, alguns, mas não uma carteira recheada deles. Respeito: sim. Sem dúvida que a zona de Aveiro sempre teve um respeito especial pelos Moonspell e, por mim, estando eu envolvido em várias atividades no Teatro. Agora é a vez dos Moonspell e Bizarra se


“[…] estava escrito que iríamos fazer um disco em Português sobre o dia em que o apocalipse chegou à nossa capital. Como resistir?” estrearem neste palco e continuar esse bom karma entre nós e Aveiro. Eduardo – Tu escreves um artigo de opinião no Jornal de Leiria e li alguns com atenção. Como é que tu vês a situação do país e todo este acefalismo e “mentecaptismo” (nem sei se não inventei uma palavra nova), principalmente, das pessoas que nos governam? Acho que a Política em Portugal é um meio e não um fim… Os políticos são culpados, não os cidadãos. Infelizmente, podemos elege-los, mas não despedi-los. Por isso é um contrato injusto para nós, não os podermos devidamente castigar por um mau serviço. Todos os Portugueses se acham melhor que os outros. Os políticos encarnam isso na perfeição, aumentado pelo poder que possuem. Assim, o nosso povo nunca ficará unido. Um diz, outro

desdiz e nunca ninguém poderá reivindicar com efeitos concretos. A Política devia ser uma mediação entra a coisa pública e os cidadãos, mas é tudo menos isso. É uma rampa de lançamento, uma vaidade pessoal, uma chico-espertice sem sentido ou respeito nenhum pela missão para a qual se foi eleito. CSA – E eu gostaria de saber se não te parece que esta efeméride pode lançar uma mensagem importante, no atual contexto em que Portugal acaba de ser assolado por incêndios que o consumiram durante todo o verão e ainda chegaram ao outono? Não depende de mim, depende das pessoas. Não fiz o disco para fazer política. Tal como outros, vejo ligações. Se calhar é pena não termos já homens (ou mulheres) com sentido de Estado, que saibam reagir perante uma tragédia e aproveita-la para sermos melhores. Essa foi a lição que podemos

retirar do «1755. Ou então… precisamos de um novo Marques de Pombal! Como quiserem, desde que o CDS sejam os Távoras… facebook youtube-link 1 youtube-link 2 youtube-link 3

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MOONSPELL «1755» (Napalm Records) Hegel escreveu que a história é cíclica. Sem discordar, em “O 18 Brumário de Luis Bonaparte”, Marx foi além. Acrescentou, e bem, que a história se repete sim, mas “a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. Não deixa de ser irônico que em 2017, ano em que os Moonspell lançam o álbum «1755», que conta a história do sismo (seguido de maremoto) que devastou Lisboa em 1 de novembro de 1755, Portugal tenha voltado a ser devastado pela força da natureza (os incêndios que tiraram a vida de 109 seres humanos e deixaram um rasto de destruição). Porém, e embora a história nunca se repita da mesma (em 1755 de dimensões muito mais destruidoras e em 2017 muito por conta da ação, e também da falta de ação, humana), não deixa de ser notável que num álbum em que se fale do passado, a temática, as críticas, os lamentos e a conclamação à reconstrução sejam tão lamentavelmente atuais. O álbum abre com uma nova versão de “Em nome do medo” (originalmente do «Alpha Noir» [2012]). Uma reinterpretação orquestrada, mais sombria e introspectiva que a original e que se coaduna com a temática apresentada, afinal o medo é este sentimento que nos deixa alertados e nos permite a sobrevivência, tão necessária quando é preciso reerguer-se das cinzas. A faixa-título “1755” é tensa, agressiva, como o tremor que se avizinha. A interpretação de Fernando Ribeiro exprime bem o sentimento de perda da tragédia que se aproxima. Os riffs potentes e acelerados da guitarra representam a agressividade. Teclados, orquestrações e coros dão o ambiente de temor e tensão. Há ainda passagens com sonoridade que alude à música árabe, cultura tão presente na história de Lisboa. “In Tremor Dei” dá sequência ao álbum e é a primeira canção cuja letra apresenta uma crítica a deus, que nos faz lembrar a do nobel português José Saramago. A pertinente acidez de expor as contradições de um deus, pretensamente todo poderoso, mas que não passa de um gerador de exclusão, perseguidor de seus fiéis e temerosos seguidores, que em seu nome travam guerras sangrentas e homicidas. Com participação do fadista Paulo Bragança, que com seu timbre assombroso dá outra dimensão à dramaticidade da (re)interpretação deste momento de pavor em que as vítimas se sentem perdidas e abandonadas à própria sorte, diante do poder destrutivo e avassalador da força da natureza. Uma Lisboa que, caída, treme sem deus. “Desastre” volta a criticar “um deus cruel” (como certa vez disse Saramago). Os escravos de deus, como urra Fernando Ribeiro, padecem diante do desastre por ele criado. O mesmo deus que, a propósito, voltou a abandonar os portugueses em 2017. A chuva que pecou por tardia em 2017, o tremor de 1755. Os homens que sucumbiram diante dos desastres que aconteceram. A seguir, um “Abanão” com excelentes linhas de baixo e bateria, riffs pesados, vocal seco e agressivo como o tremor que abala a terra, orquestração e teclado criam o ambiente de apreensão e angústia da terra que treme. “Evento” tem bela introdução de baixo, riffs de guitarra acelerados, refrão pegajoso, daqueles que basta escutar uma vez para não te sair da memória e te fazem sair cantando mentalmente logo a seguir. E, mais uma vez, a crítica ao abandono divino, e a uma fé que de nada serviu para as milhares de vítima de 1755. E se

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no século 18 o “fica quieto” apelava ao conformismo às vontades de deus, no século 21, o Primeiro-Ministro e a então Ministra da Administração Interna disseram aos portugueses - “sossega-te” -, pois as alterações climáticas assim impõem (como se os responsáveis pela coisa pública nada pudessem fazer pelo povo pelos quais respondem). Não é fácil dizer isto, num álbum composto por músicas excelentes, mas “1 de Novembro” é de caras uma das minhas preferidas do «1755». É arrebatadora! Um convite ao headbanging com seus riffs rápidos e agressivos. A crueza dos urros de Fernando Ribeiro encaixam perfeitamente no clima de uma música que grita em conclamação, em meio às mágoas e aos destroços, ao renascimento, à reconstrução. É, ao mesmo tempo, uma canção épica em que os elementos sinfônicos em perfeita harmonia com os riffs e o vocal dão um peso estrondoso a esta música, que com sua linha melódica (por falar em melodia, é de se ressaltar o solo de guitarra) faz desta faixa uma forte candidata a nascer clássica. Num álbum tão pesado, tenso e agressivo, como o tema retratado exigia, “Ruínas” é a faixa que nos mostra a faceta mais soturna e melancólica dos Moonspell. Lindos arranjos e belas harmonias, linhas melódicas encantadoras, teclado fascinante, elementos de música árabe (em referência ao que era a Lisboa no século 18) e um dos melhores solos da carreira de Ricardo Amorim. Quando um álbum chega ao fim com sua última música autoral que poderia perfeitamente ser a faixa de abertura, acredito que esteja tudo dito quanto à sua qualidade. “Todos os Santos” bem que poderia abrir «1755», mas faz sentido que esteja no fim. Isso porque se trata de uma canção que sintetiza todo o trabalho. É um resumo de toda a obra, sendo extrema e melancólica ao mesmo tempo, variando momentos de agressividade com momentos mais calmos, melódicos e sinfônicos. Os elementos de música árabe também se fazem ouvir, ressaltando o caráter cosmopolita da cidade devastada pela natureza. Os seus primeiros acordes tétricos logo abrem passagem para uma introdução suntuosa, épica, com uma melodia que se fixa na mente do ouvinte. E assim como em 1755, em 2017 todos os santos não chegaram para evitar a desgraça que se abateu em Portugal. Para encerrar o álbum, os Moonspell escolheram o enorme desafio de recriar um hino de uma das maiores bandas de rock do Brasil, Os Paralamas do Sucesso. E estiveram à altura, com louvor. “Lanterna dos Afogados”, uma canção brasileira que também poderia ser portuguesa (afinal, como escreveu Fernando Pessoa, quanto do mar salgado não seriam lágrimas de Portugal?), ganha uma versão ainda mais emotiva e emocionante, tétrica, soturna, épica. Um tema Doom Metal, com passagens que remetem ao Funeral Doom. Uma homenagem aos Paralamas, a todos aqueles que perderam suas vidas no mar e aqueles que em terra ficaram, só com as memórias e as dores dos que partiram para nunca mais voltar. Em suma, de agora em diante, quando alguém falar em “metal sinfônico” «1755» passa a ser de apresentação obrigatória. [9.5/10] Emanuel Leite Jr.

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Crianças Adultas

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ão uma das mais conceituadas bandas Suecas, 42 anos e 13 álbuns. «Children of the Souls» é mais um “delicioso” disco de Rock Progressivo, cheio

“multisabores” que se misturam de uma forma bem “temperada” no nosso “palato” auditivo. Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro Tradução: Hugo Melo

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Antes de mais, gostava de vos dar os parabéns pelo «Children of the Sounds»! Para mim, este álbum é o exemplo perfeito de uma fantástica e distinta peça musical. Obrigado. Quem são aquelas crianças? Os membros de «Kaipa» e, provavelmente, muitas outras pessoas que tem a mente aberta, e que escrevem e tocam a sua própria música. Existe alguma história por trás das letras deste álbum? Não é um álbum conceptual, apenas cinco musicas independentes umas das outras. Quando a inspiração me abraça, num daqueles momentos mágicos, onde sabes que tens de escrever uma canção. Muitas vezes questiono de onde vêm aquelas notas todas. A música título do álbum vem de uma dessas questões. Talvez tenha uma enorme biblioteca de notas, apreendidas durante toda a minha vida, escondida algures no meu subconsciente. Talvez estas notas tenham sido tocadas anteriormente e depois simplesmente esvaneceram pelo ar. Depois de tantos anos adormecidas, elas acordam cheias de vontade de iniciar uma nova vida e criarem novas combinações e por isso guiam-me através do processo de escrita. A ideia para «Children of the Sounds» surgiu-te depois de assistires a um espectáculo de Morgan Ågren’s band - Mats & Morgan Band. Foi a primeira vez que vi tal inspiração. Podes nos explicar como o som dos Mats & Morgan Band te inspirou? Eles são uma banda única e espectacular e, nessa noite, houve uma secção com um groove enorme que me deixou totalmente hipnotizado. Acordei na manhã seguinte ainda com aquele groove a ocuparme todo o consciente. Percebi que tinha que canalizar esta energia para algum lado, então decidi começar a escrever música nova. A beleza da natureza também é, para mim, fonte de grande inspiração e, durante o Verão, costumava dar longos passeios de bicicleta por pequenos carreiros através de paisagens abertas e pacíficas que existem à volta da minha casa, em Uppsala. Às vezes sinto que as notas se elevam dos campos florescentes por onde passo e que essas palavras caem como gotas de chuva num céu limpo. Por vezes paro e descanso perto de uma igreja antiga e, muitas vezes é como se ouvisse música, como hinos do passado, que passam através das paredes da Igreja, mas na realidade são novas melodias que estão a nascer no meu consciente e são as sementes de uma nova canção. As letras de «Like a Serpentine» descrevem este sentimento. Os Kaipa existem desde 1975. Como conseguem fazer música tão boa e diferente depois de tantos anos? A música título do primeiro álbum é «Musiken är ljuset

(Music is the light)». Suponho que ainda sigo essa luz e consigo encontrar as notas certas para compor a minha música. Eu vejo a vossa música, metaforicamente, como um delicioso bolo de várias camadas onde, a cada dentada, conseguimos provar os vários sabores (risos). Concordas com esta visão? Obrigado, é uma excelente forma de descrever a nossa música, por isso sim, concordo. Musicalmente, parece-me difícil fazer estes bolos tão “frescos e deliciosos”. Como é que conseguem tanta diversidade em cada faixa do álbum? À priori, nunca decidi o que iria escrever. Deixo que a inspiração me transporte por uma viagem imprevisível. Desta vez o resultado foram cinco longas musicas e simplesmente sinto-me bem. Sempre tentei usar como ponto de partida uma daquelas melodias inesquecíveis escondidas algures no meu inconsciente. Muitas vezes usei-a para a melodia vocal sendo o resto do tema composto através de composição. Em vez de compor várias partes e juntálas numa longa canção, faço várias variantes do tema principal. Às vezes altero o tempo, outras vezes escrevo uma nova melodia instrumental, usando os mesmos acordes com fragmentos do tema principal, e outras vezes simplesmente altero as notas base dos acordes por forma a produzir um novo sentimento. Na minha opinião isto dá-te um sentimento familiar quando ouves a musica, mesmo que não tenhas consciência que vem tudo da mesma fonte. Trabalho lado a lado a escrita e os arranjos, gravando-o numa demo onde toco e canto tudo. É a minha forma habitual de trabalhar, portanto consigo ter uma visão global das canções. Trabalho com os outros membros

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esta vez o resultado foram cinco longas musicas e simplesmente sinto-me bem. Sempre tentei usar como ponto de partida uma daquelas melodias inesquecíveis escondidas algures no meu inconsciente.

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há tantos anos que consigo sentir a presença deles e quais as alterações que eles fariam para criar a versão final. Costumo fazer aos meus entrevistados, questões sobre uma faixa em particular, no entanto em «Children of the Sound», como são todas fantásticas, não consigo. Não obstante há duas coisas que me chamaram a atenção: o maravilhoso violino tocado por Elin Rubinsztein, e a voz de Patrik Lundström, incrivelmente semelhante à de Freddy Mercury. Concordas comigo quando digo que certos detalhes conferem à musica um “gosto” especial à musica deste álbum? Sem dúvida, mas gostaria de acrescentar que todos os músicos adicionaram o seu toque especial ao álbum. Juntos formamos o som especial de «Kaipa». Este é o quarto álbum com a Elin no violino. Conheci-a, em 2010, quando gravámos o «In the wake of evolution». É uma violinista com formação clássica e normalmente toca com várias orquestras sinfónicas. Quando gravámos para este novo álbum ela disse: “Agora começo a compreender a tua música e a tua forma de compor as melodias”. Isto provavelmente é verdade e a razão pela qual ela conseguiu a sua melhor performance num álbum de «Kaipa». De que forma o hiato entre 1993 e 2002 influenciou a música dos Kaipa? O hiato foi entre 1982 e 2001. Há quem incorrectamente pense que os Kaipa gravaram um álbum em 1993. O álbum de 1993 «Stockholm Symphonie» é uma edição japonesa que contem gravações do período de 1974 a 1976, do programa de radio «Tonkraft». Durante os anos de 1984 e 1989

gravei três álbum a solo compostos essencialmente por musicas instrumentais, estilisticamente próximos do que escrevia para os Kaipa. Em 2018, estes três álbuns, adicionalmente com mais dois, com material inédito será lançado numa box de 5 CD’s denominada «Hans Lundin: The solo years 1984-1989». É um prazer enorme revisitar todas aquelas canções e todas as memórias de quando as compus e gravei. Vai ter imensos sintetizadores analógicos e claro os meus solos sintetizados e distorcidos que comecei a desenvolver no final dos anos 70. Terá também algumas demos dos Kaipa e vários artistas convidados como Roine Stolt, Max Åhman and Ulf Wallander. São umas das bandas suecas com mais renome. Hoje, comparativamente com os anos 70, como vês a musica sueca? Muita coisa aconteceu desde o anos 70, bandas vieram e bandas desapareceram. Após tantos anos, simplesmente estou feliz por ainda cá andar a lançar álbuns dos «Kaipa». Não creio que hajam assim muitas bandas suecas que tenham gravado 13 álbuns durante 42 anos. E em ti, musicalmente, mudou alguma coisa entre «Kaipa» e «Children of the Sounds»? Sim, claro que ao longo dos anos a musica mudou, ainda que a estrutura básica se mantenha a mesma. Ao longo da vida todos aprendemos coisas novas e temos a esperança de sermos mais sábios. Eu sou um homem velho e este pode ser o ultimo álbum com os «Kaipa», ou talvez uma daquelas irresistíveis linhas melódicas me preencha o consciente e comece a escrever música nova, o tempo o dirá. Facebook.com Youtube

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Pagão a chama no peito humores semente não é asséptico o clamor da nossa beleza porque isto de nascer de um ventre de pele sanguínea é sempre um ardor que permanece tanto nas asas como no útero dessa massa lama se faz gente e é essa gente que cavalga o mar sobre o dorso dos monstros marinhos e sobrevive a si própria com amor e nojo deus, nosso pai, fez-nos à sua imagem. felizmente saímos à mãe.

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ANTRO DE FOLIA

Por: Carlos Filipe

esta edição do Antro de Folia trago-vos uma personagem ímpar do mundo do metal e, dá uns anos para N cá, imaginem, igualmente do mundo do cinema, em particular do género terror. Robert Bartleh Cummings, mais conhecido por Rob Zombie, é um artista que conseguiu criar um nome no mundo do metal com a sua banda de metal alternativo / industrial White Zombie, a qual deu por concluída em 1998, passando a focar-se na sua carreira a solo simplesmente como Rob Zombie, um bocado no seguimento do que fazia nos White Zombie. Em 2002, decide dar um passo no mundo do cinema, ocupando a cadeira do realizador, tendo escolhido o género que lhe é caro, o terror, fazendo deste uma espécie de extensão da iconografia desenvolvida na música. Robert B. Cummings já tinha anteriormente participado em inúmeros filmes, não como actor per si, mas sim com a personagem que criou, “Rob Zombie”, ou, emprestando a sua voz a filmes de animação. O seu primeiro trabalho foi “A Casa dos 1000 cadáveres” (2003).

ntes de prosseguir tenho que me posicionar relativamente a esta figura que tem A conseguido impor-se por mérito nestas duas nobres artes, o cinema e a música. Pessoalmente tenho um CD dos White Zombie (Astro Creep: 2000) e o DVD “A Casa

dos 1000 cadáveres” ambos comprados em 2ª mão por tuta e meia na feira da Vandoma, no Porto, há anos. Hoje, reconheço que o que me chamou a atenção para a aquisição destes trabalhos foi a personagem de Rob Zombie mais do que outra coisa, mas logo me arrependi! Isto quer dizer que, ao contrário dos outros antros em que escrevo de algo que me fascina, desta fez é bem o contrário, pois confesso que não sou grande fã do homem (para dizer o mínimo), na obstante de lhe reconhecer mérito artístico. Casa dos 1000 cadáveres” só o vi uma vez, e detestei. No imbd dei-lhe “A um mísero 1. A crítica na altura foi arrasadora para com o filme e não me perguntem sobre o filme que não me lembro a não ser que era mau. Quanto

ao resto da filmografia do Rob Zombie, idem aspas, aspas. Não vi até hoje mais nenhum filme do Rob Zombie, tendo até hoje unicamente me chamado à atenção o remake/nova abordagem que ele fez em 2007 do clássico de John Carpenter, “Halloween”, tendo o Rob Zombie mesmo aberto um conflito com o realizador original, pois estava à espera do seu envolvimento no desenvolvimento do filme, o qual, não no seu melhor momento, recusou mostrando unicamente que estava à espera do cheque dos direitos de autor sobre a obra de que é o autor, Halloween. Rob não gostou e a polémica surgiu.

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A Rob Zombie film…

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ANTRO DE FOLIA

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o total, Rob Zombie assinou 8 filmes até à data. O último é “31” que N conta a história de 5 trabalhadores do Carnaval que são raptados e obrigados a jogar um jogo violento que consiste em sobreviver 12

horas a uns sádicos palhaços. Assim à primeira, sem ter visto o filme, eu podia mencionar desde já meia dúzia de filmes em que este resumo do argumento se inspira. O que me chama de imediato atenção neste filme é a elevação à categoria de realizador de culto que Rob Zombie consegue ao incluir no título do filme o famoso e não acessível a todos “A Rob Zombie film”. São poucos os realizadores pertencentes a este “Clube”. Há que me lembro dos mais recentes o John Carpenter e o Quentin Tarantino. Na teoria, acho que qualquer realizador que assine mais do que o argumento e a realização podem utilizar tal título mostrando que vamos estar perante uma obra de autor e não um simples filme. Mas na prática, é necessário mais do que isto, é necessário ter construído uma carreira sólida de filmes de autor, o que é exactamente o que estes três realizadores fizeram. Quer se goste ou não, o Rob Zombie tem construído uma carreira de autor cinematográfico de horror ou terror como mais vos convier. Os filmes valem pelo que são, não fugindo muito do 5/6 em dez (fonte: imdb), tendo em os “Renegados do Diabo” (2005) o seu melhor score com quase 7/10. Podes dizer que estas classificações não querem dizer nada, mas quando o voto é feito de 80.000 espectadores, há que dar algum crédito.

esumindo, e para todos os que não conhecem os filmes do Rob R Zombie, para além do “A Casa dos 1000 cadáveres” de 2003 que realizou e escreveu, há igualmente outra realização e escrita com os

“Renegados do Diabo” (2005, The Devil's Rejects), que será até à data o seu melhor filme. Em seguida lançou-se de corpo e alma na história de Michael Myers, tendo assinado Halloween (2007) e Halloween II (2009). Neste mesmo ano de 2009, realizou um curioso filme de animação “The Haunted World of El Superbeasto” para só regressar à película (ou será CCD?) em 2012 com “The Lords of Salem”. O seu último trabalho é o já mencionado “31” com o “A film by”. O facto é que o senhor desenvolveu uma carreira cinematográfica sem nunca abandonar a música. Quer seja o seu projecto a solo quer seja o cinema a todos os níveis, onde imaginem conta com mais de 80 participações em bandas sonoras de filmes e, até gravou o concerto da sua própria banda em 2014, The Zombie Horror Picture Show. É o verdadeiro one man show.

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Ascensão espiritual Scott Taysom, vocalista e guitarrista dos muito promissores Cloak sintetiza assim o propósito de «To Venomous Depths», o seu álbum de estreia. Que seja uma jornada cheia de sucesso! Entrevista: CSA Foto: David Parham

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“Let's rock this cool darkness!” propõe a vossa editora. Vamos a isso! «To Venomous Depths» apresenta, de facto, uma sensacional combinação de Black Metal obscuro e de “saboroso” Rock. Conta-nos que passos seguiram – desde 2013 – para criar este tipo de som. Scott – Fizemos muitas tentativas e cometemos bastantes erros entre 2013 e 2015 e tudo isso culminou no som que podes ouvir no nosso álbum de estreia. Deixamos a composição fluir naturalmente e o que te ouves corresponde a dois anos de sofrimento e empenho e ao produto do trabalho de quatro almas atribuladas retratadas em forma de música. O título do vosso álbum é bastante clássico para uma banda de Black Metal. Que mensagem pode o ouvinte retirar dele? «To Venomous Depths», no seu todo, descreve uma jornada de ascensão espiritual e tudo o que a acompanha. Há momentos de extrema elevação, mas também momentos de profunda depressão. Uma vida de verdadeira libertação é sempre uma vida de constante oposição e luta. Como relacionas essa ideia com as várias faixas do álbum? Não o vejo como um álbum concetual. Mas sinto que funciona como um todo e como o testemunho de uma jornada, como referi acima. As profundezas a que aludimos correspondem a um lugar em que tudo aquilo que sabes e que acreditas ser verdadeiro tem de ser aniquilado. Tens de despojar o teu espírito e a tua mente até à total nudez, para acolher as dádivas que te aguardam nas trevas. E com a maravilhosa capa de Adrian Baxter? (Sei que o artista não é o mesmo, mas o seu estilo nesta ilustração lembra-me a capa de «Children of the Night», o último álbum dos Tribulation.) É um artista fantástico e captou

de forma exemplar a essência do nosso álbum e o seu infindável simbolismo. E que me dizes sobre a ligação a bandas de Black Metal como Watain e de Progressive Death Black Metal como Tribulation que vos atribuem? Sou uma grande fã de ambas e consigo ver a proximidade entre a vossa banda e estas duas. Concordas? A única ligação que existe ente nós e elas é que ouvimos a sua música. Consigo compreender de onde vem a tentação de comparar, mas penso que nós temos algo de diferente para oferecer, se se tiver em conta os propósitos das três bandas. O título do vosso álbum poderia realmente ser relacionado com “antigas” bandas de Black Metal tais como Dissection. Sentem-se próximos delas ou é só uma ideia assumida pela vossa editora? Dissection teve um extraordinário impacto na minha vida e eu assumo a existência de uma ligação muito profunda à sua arte. Mas, mais uma vez, chamo a atenção para o facto de que nunca tivemos nenhum contacto pessoal com essas bandas e que somos oriundos de uma cultura muito diferente. E que me podes dizer sobre a vossa ligação a defensores do Gothic Rock como Fields of the Nephilim e/ou bandas de Rock de nomeada como Deep Purple? Assumimos essas influências de uma forma lata, porque sentimos que a nossa música captou o lado gótico de bandas como Fields of the Nephilim ou Type O e o Rock puro de bandas como Deep Purple ou Rainbow. Conta-nos como obtiveram a colaboração de vários outros artistas que vieram enriquecer algumas faixas do vosso álbum. Conhecemos esses artistas pessoalmente e parece-me que, realmente, o seu contributo tornou este álbum ainda mais mágico. O

Mel, da Royal Thunder, compôs as linhas de piano para o álbum e o Rafay, dos Withered, fez um solo. Entrámos em contacto com um violoncelista, que obrou maravilhas para nós, e as linhas para todos os outros instrumentos exóticos foram compostas pelos membros da banda. Estão a pensar em fazer uma digressão para apresentar o vosso primeiro álbum? Tencionam vir tocar na Europa? Vamos fazer uma pequena digressão na Costa Leste, para promover o álbum, na semana a seguir ao seu lançamento. De resto, ainda estamos a fazer planos. A ida à Europa vai ter de ficar para mais tarde. Gostariam de tocar com outras bandas americanas (por exemplo, Wolves In The Throne Room, que eu admiro muito)? Na realidade, não temos em mente nenhuma banda específica. Mas somos sempre capazes de dizer se a colaboração proposta é pertinente ou não. Tocámos com os Wolves, no ano passado, e foi um grande concerto. Com que bandas europeias gostariam de tocar? Será que os Tribulation poderiam ser uma delas? Essa ideia está no ar. Não seriam a minha primeira escolha. Este ano houve alguns grandes lançamentos na Europa, como, por exemplo, «Trance of Death», dos Venenum, «Domus Mysterium», dos Slægt, e «Dysangelium», dos Ensnared. Todas estas bandas apresentam algo novo e diferente. Desejo-vos muita sorte e espero que continuem a agradar aos vossos fãs e a conquistar novos apoiantes com o vosso Blackened Death Rock. Obrigado. Facebook Youtube

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Ascensão do Mal «Vengeful Ascension» é o sé-

timo registo dos norte-americanos GOATWHORE, eles que são um dos nomes maiores do Black Death Metal feito do outro lado do Atlântico. Sempre capazes de surpreender, os descendentes do Louisiana provam que o sete é mesmo um número mágico e elevam a fasquia com um disco com D grande. A VERSUS esteve à conversa com Zack Simmons, o baterista da banda. Entrevista: Nuno Lopes 7 3 / VERSUS MAGAZINE


Duas décadas de Goatwhore e tem sido uma daquelas viagens! Como é que olham para a vossa carreira e com tudo o que aconteceu no passado? Zack Simmons : É uma loucura! (risos) Os 13 anos que já levo na banda parecem ter passado a correr até fazer esta viagem ao passado e ver o que já conquistámos. Quando estás mergulhado em algo é por vezes difícil perceber o que mudou porque estás sempre a fazer um esforço para fazer mais e melhor. É muito interessante ver a evolução dos Goatwhore ao longo dos anos e perceber que tudo o que aconteceu no passado moldaram a banda para aquilo que ela é agora. A banda passou alguns momentos que, em alguns casos, teriam terminado as carreiras. Como é que lidaram com esses eventos e onde encontraram a força para continuar? Aconteceu muita merda ao

longo dos anos, tanto a nível pessoal como na banda. Acho que o facto de sermos teimosos e determinados fez com que a banda se mantivesse unida. Não podes deixar que nada te abale, sabes! Quando o furacão Katrina chegou a New Orleans, a nossa terra, estávamos a meio do processo do “A Haunting Curse”, por isso, pegámos nas malas e no material e fomos para Phoenix durante uns tempos. Problema resolvido, percebes o espírito? (risos) Achas que tudo isso fez com que os Goatwehore ficassem mais fortes e unidos? Sem dúvida! As merdas acontecem a todos! Quanto mais dificuldades enfrentas mais resiliente ficas. Neste momento os Goatwhore estão mais unidos que nunca! «Vengeful Ascension» é o vosso novo registo, qual a tua opinião sobre o disco? Trabalhámos de forma muito

afincada para este disco, por isso quando as gravações terminaram tive de me afastar do disco para ter uma outra perspectiva do mesmo. Acho que o resultado final é muito bom e conseguimos fazer o que queríamos, que era um disco diverso e que tivesse um pouco de tudo o que são as nossas influências e assim amplificar as nossas forças. Estamos muito contentes com tudo, desde as canções até à produção. Acho que o «Vengeful Ascension» é um disco mais sinistro, obscuro e que me faz lembrar muito os discos mais antigos dos Goatwhore. Desta vez trabalharam com o Jarrett Pritchard, conhecido pelo trabalho com os 1349 e Gruesome, e isso é uma das maiores novidades do disco, já que ao longo dos anos trabalharam com o Erik Rutan. Sentiram essa necessidade de mudança? Qual a maior diferença entre o Jarrett e o Rutan?

“Gravar numa cassete carece de muita manutenção e tens de estar sempre em cima do acontecimento.” 7 4 / VERSUS MAGAZINE


O Jarrett tem sido o nosso engenheiro de som nos concertos ao longo dos últimos sete anos, por isso ele conhece o som da banda e como transpor isso no som, quer ao vivo quer no estúdio, já que ele é um conhecedor de engenharia. Basicamente sentimos que deveríamos arriscar e tentar algo novo na produção. Fizemos grandes discos com o Erik e trabalhamos muito bem com ele mas chegou a altura de experimentar outros caminhos e formas de fazer as coisas. O Jarrett fez um grande trabalho e, em conjunto com o Chris Commom, que fez a mistura e com Maor Appelbaum, que tratou da masterização, fizeram algo que é muto semelhante ao que fazemos em cima do palco. «Vengeful Ascension» foi gravado em formato reel-to-reel, sem qualquer remorso pelos ouvintes, esse foi o melhor caminho para estas canções e para o disco? Gravar desta forma tem os seus pontos positivos e negativos ! Gravar numa cassete carece de muita manutenção e tens de estar sempre em cima do acontecimento. Enquanto baterista estarei com aquecimento feito, com uma boa dose de café e pronto a começar, mas pode existir algum problema com a máquina ou tens de parar duas horas para que algo seja resolvido. Isso é um pouco chato porém o resultado final prova que vale a pena, gravar desta forma faz com que o som fique mais honesto e mais perto do que fazemos ao vivo, algo que o digital não permite. Desta vez também dá a sensação que quiseram introduzir outras nuances na sonoridade Goatwhore. Faz também parte dessa mudança que falavas há pouco e da necessidade de sair da zona de conforto? Sim, acho que sair da zona de conforto era o que estava na agenda para este disco. As canções surgiram de forma natural, como sempre, mas queríamos desafiar-

nos a nós enquanto músicos e banda. Já antes tínhamos feito coisas mais lentas mas a “Where The Sun is Silente” é quase uma canção de Danzig, com groove. Lembro-me que quando estava a gravar essa malha só pensava em “She Rides”. Acho que estamos mais confiantes e menos apreensivos com o facto de deixar que as nossas influências se escutem!

reagir a «Vengeful Ascension»? Não tenho a certeza de que seja o melhor disco, mas isso cabe aos fans decidirem. Vejo este disco como mais um capítulo da nossa história e acho que no futuro vamos continuar a evoluir e a destruir fronteiras em nós mesmos. Até ao momento as reacções são fantásticas e fico muito feliz por ver as pessoas apreciarem o «Vengeful Ascension».

Este disco tem aquele feeling Evil e cru, quase como uma captação ao vivo, foi isso que aconteceu nas gravações? Não gravámos nada como banda no estúdio, mas tentámos ter um feeling mais live. Queríamos ter um som mais clássico e afastarnos do som mais moderno que tantas bandas tentam captar. Até o estúdio que escolhemos foi bom para isso. O “Earth Analog” tem uma sala de bateria brutal, que também é onde as guitarras e vozes são gravadas, também!

Na capa do disco parece existir um eclipse provocado pelas forças do mal, é uma capa que descreve o conteúdo do disco? Qual o conceito da capa e como é que olhas para o Mundo nos dias de hoje? Basicamente é o conceito da queda de Lucifer e o seu desespero e determinação em elevar-se a cuspir em todos os que o colocaram em baixo. Este é o conceito geral do disco e, no fundo, é uma metáfora para a vida no geral. Para mim o mundo é um local estranho e acho que as pessoas perderam o seu rumo e não me importava de ver tudo a arder!

Como sempre a banda apresenta uma visão caótica da humanidade mas também de como as forças do mal podem interferir. Que temas queriam trazer para o «Vengeful Ascension» e qual o conceito de temas como “Forsaken” ou “Mankind Will Have No Mercy”? Na generalidade o «Vengeful…» é uma continuação do que abordamos no anterior («Constricting Rage of the Merciless») que é um sumário da raiva de estares preso num canto, quase como um rato. Porém, o «Vengeful…» é o resultado de quando sais desse canto e começas a partir e a destruir tudo o que se meta no teu caminho. Metaforicamente e pessoalmente, é acerca da viagem que fazes e quando és enganado e colocado de lado e de repente tens a tua vingança.

Certamente que irão estar em digressão, existe alguma oportunidade de vos ver novamente por Portugal? Vamos andar em digressão constante para promover este disco e esperamos voltar a Portugal ainda antes do final do ano! Facebook Youtube

Sentem que este pode ser o melhor disco dos Goatwhore e estamos a ver os melhores Goatwhore de sempre? Como é que acham que as pessoas vão

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A atração pelo abismo Apesar da posição promissora que lhes cabe no panorama da música extrema em França, os Heir afirmam a sua fixação por temas como a decadência e o abismo.

Entrevista: Cristina Sá

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Este álbum é verdadeiramente fascinante. Esta qualificação agrada-vos? Maxime – Eu acho-a interessante, porque significa que conseguimos criar uma atmosfera especial. Mas “fascinante” não nos parece o termo mais adequado a nós! É verdade que, depois de concertos, houve gente a dizer-nos que a nossa música parecia planar, era aérea. Para nós, ela não é bem assim, mas é interessante ver como as pessoas reagem à nossa música, que nós perspectivamos de uma determinada forma. Podem explicar como produzem este efeito? Adoro o contraste entre a voz muito áspera e o fundo musical frequentemente melodioso (com toques delicados de bateria), mas também a sua fusão com passagens bastante furiosas (em que a bateria se torna frenética)? Maxime – É o nosso estilo que o exige: essas ambiências, que nos permitem passar de momentos calmos a momentos agitados. Quem é esse «povo do abismo» de que tratam neste álbum? Matthieu – O título do álbum pode explicar-se de várias formas: por um lado, pode ser interpretado como o povo que está “no” abismo. Em Francês, temos uma expressão – «être au fond du trou» – que significa estar em baixo, estar a atravessar as piores situações e acontecimentos e estar no apogeu do sofrimento. Mas este abismo também pode corresponder ao inferno, ao tártaro, o ponto mais extremo do declínio. Também o podemos associar ao romance de Jack London que faz referência a um “povo do abismo”. De qualquer modo, não se trata de nenhum povo em particular. De que falam as várias canções deste álbum? Matthieu – Decadência, quedas e as suas consequências. Por que razão a canção bónus só foi lançada na internet?

Maxime – Porque a gravámos, mas achámos que não havia lugar para ela no álbum. Apresentamola na internet, porque mesmo assim queremos que as pessoas possam ouvi-la, mas num contexto afastado do álbum. Qual dos membros de Heir foi encarregado de nos contar as histórias que constam deste álbum? Matthieu – Apesar de haver subtextos e sentimentos pessoais disseminados nas letras das canções, elas são escritas por dois elementos da banda e não tratam de acontecimentos directamente vividos. E quem escreveu a música que as acompanha? Maxime – Escrevemos tudo juntos. Frequentemente, um de nós submete uma canção à apreciação dos outros, fazemos a maquete, depois tocamo-la várias vezes para introduzir pequenas modificações

queríamos. A primeira versão que nos enviou estava quase perfeita, apenas foi preciso introduzir algumas alterações ligeiras. Matthieu – Ele refez o seu trabalho rapidamente e, em breve, nos propôs uma ilustração muito pertinente. - Esta ilustração representa o povo a que o álbum se refere? Maxime – Representa a temática do álbum: um ícone destruído que soçobra em chamas. Onde é que a LADLO vos descobriu? Como decorreu esse encontro entre a vossa banda e essa editora underground tão dinâmica? Maxime – Pelos vistos, foi graças à nossa demo, que publicámos no Bandcamp. É verdade que eles são muito dinâmicos, mas escolhem os seus artistas de forma muito rigorosa e estão a apoiar-nos para que consigamos dar o nosso melhor. Matthieu – É verdade.

“[…] depois de concertos, houve gente a dizer-nos que a nossa música parecia planar, era aérea. Para nós, ela não é bem assim, […]” e fazer ajustamentos. Não compomos quando vamos para os ensaios, já chegamos lá a conhecer a canção.

Scholomance partilhou a saída da demo em versão digital e foi assim que o Gerald, o gestor da editora descobriu a nossa banda.

O artwork da autoria de Roy de Rat (de acordo com a informação dada pela vossa editora) é bastante complexa, dado que a ilustração proposta para capa do álbum parece ter sido composta a partir de uma série de elementos. - Como surgiu a colaboração entre este artista gráfico e Heir para criar esta imagem? Maxime – Foi a LADLO que nos aconselhou a trabalhar com ele, já que as nossas primeiras tentativas não foram bemsucedidas. Enviámos-lhe as letras e explicámos-lhe o conceito e ele compreendeu rapidamente o que

Como vão trabalhar juntos para dar a conhecer ao universo dos fãs de música extrema este «Au Peuple de l’Abîme» e os seus criadores? Matthieu – Bem, a promoção é com eles. Eles é que sabem fazer esse trabalho. A nós competenos fazer concertos e responder às entrevistas. Faz-se bem, não é chato. Contem-nos um pouco da história de Heir (incluindo as razões que nos levaram a escolher este nome para a banda). Maxime – Heir começou por ser

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“[…] para nós, não há qualquer “universo” específico a evocar, já que não tratamos de ‘realidades’.”

um projeto do Mathieu (guitarrista) e do Diego (bateria) a quem se juntaram o François (baixo), o Loïc (voz) e eu. Começámos imediatamente a compor, porque não queríamos perder tempo e nos entendíamos bem. Assim gravámos a nossa demo: «Asservi». Algumas semanas mais tarde fomos contactados pela LADLO, quando ainda mal tínhamos começado a compor canções para «Au Peuple de l’Abîme». Propuseram-nos fazer um split com In Cauda Venenum e Spectrale, convite que aceitámos com prazer. Continuámos a trabalhar afincadamente, para nos afirmarmos logo no nosso primeiro álbum. Vais ficar a saber em primeira mão que o Loïc acaba de sair da banda, porque cantar já não lhe dava gozo e este projeto exigia um envolvimento cada vez maior. É claro que compreendemos as suas razões e não ficámos zangados com ele, de modo nenhum. Foi a sua opção e não queríamos,

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de forma alguma, que a banda se tornasse um frete para ele. Entretanto, arranjámos um novo vocalista – o Josh – que vai estar connosco nos próximos concertos, em novembro, e que já está bem integrado. Matthieu – Quanto ao nome, resultou de uma ideia do Diego. Ele propôs um nome mais longo, que incluía a palavra Heir. Este nome faz alusão a D. H. Lawrence, que dizia que os fracos herdaram a Terra.

entusiasma-me muito menos. Matthieu – Essas associações são muito lógicas. Como já foi dito, The Great Old Ones fazem parte das bandas que nos inspiram, apesar da sua música estar muito relacionada com o imaginário, enquanto nós abordamos temas que são propositadamente mais “reais”. Já no que diz respeito a Dark Fortress, ouvi um álbum deles uma vez e não me deixou grande impressão. Por isso, parece-me curioso que nos associes a eles.

A vossa música faz-me pensar em bandas como The Great Old Ones (que também fizeram parte do catálogo da LADLO) e Dark Fortress. O que pensam destas associações? Maxime – The Great Old Ones fazem realmente parte das bandas que foram uma inspiração para nós, a nível de ambiências e do estilo, de um modo geral. A associação a Dark Fortress

Há outras bandas (francesas ou estrangeiras) que estejam próximas da vossa ou até que vos tenham influenciado? Maxime – Para mim, as nossas influências vêm do universo do Post Black Metal e de algumas bandas de Black Metal: bandas como Amenra e Neurosis, que nos impressionam (apesar de a nossa música estar muito longe da deles). Eu ouço muito Cult of Luna e Leprous, por exemplo.


“[…] O título do álbum pode explicar-se de várias formas […] De qualquer modo, não se trata de nenhum povo em particular.”

Matthieu – Somos influenciados por bandas de Black Metal que também usam processos de composição elaborados. Temos bastantes bandas assim em França (Blut Aus Nord, Deathspell Omega e, mais recentemente, Acedia Mundi). São fãs de banda desenhada? Parece-me que este “povo do abismo” dava um excelente tema para um BD fantástica (à semelhança de séries como «Le Vagabond des Limbes» ou «Les Passagers du Vent»). O que pensam desta ideia? Maxime – Seria uma BD super tenebrosa. Matthieu – A música e talvez a foto e o vídeo são os campos artísticos que nos interessam de momento, A música de Heir não tem coerência narrativa, logo criar algo que fuja desse formato não nos parece ter grande interesse. No entanto, essa passagem da música a outras formas de expressão é algo que

parece ser muito interessante. O jogo de computador recente inspirado na música do Steve Wilson é uma prova de que uma experiência dessa natureza pode ser coroada de sucesso. Aliás, eu sei que a banda desenhada já foi usada em paralelo com a música (The Inspector Cluzo), mas num tom humorístico. Tentar fazer o mesmo com música de natureza muito diferente dessa seria certamente interessante. Há uma banda desenhada que conta a história da obra “Paraíso Perdido”, de John Milton, e lê-la em paralelo com um álbum que trata o mesmo tema (por acaso até há vários) é uma experiência que me pareceu agradável, bastante semelhante a contemplar o artwork de um álbum (quando há uma ilustração para cada canção) ao mesmo tempo que o ouvimos. Mesmo assim, é um instrumento que só é eficaz, quando o álbum que se está a ouvir é bastante “visual” e pretende levar o ouvinte a um lugar bem

determinado. Se o álbum pretende dar grande peso à imaginação do ouvinte na criação das imagens que evoca, esse tipo de “produto derivado” não faz qualquer sentido. De momento, gostamos muito que o universo que propomos aos nossos ouvintes seja vago, pouco definido. Aliás, para nós, não há qualquer “universo” específico a evocar, já que não tratamos de “realidades”. Cada um interpreta à sua maneira. Mesmo pensando nós que associar um universo fictício à nossa música impede a sua compreensão integral, se alguém entender que precisa de recorrer a esse subterfúgio para que ela lhe possa interessar, é livre de o fazer. HEIR youtube-link 1 youtube-link 2

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CRITICA VERSUS

A R K H O N INFAUSTUS

C A N N A B IS C O R P S E

«Passing the Nekromanteion» (LADLO)

«Left Hand Pass» (Season of Mist)

«To Venomous Depths» (Season of Mist)

Depois de mais de uma década de silêncio, os Arkhon Infaustus regressam aos registros discográficos com este EP “Passing the Nekromateion”. Com o seu primeiro registro lançado em 1998, estes senhores lançaram-se numa carreira frenética até 2007, seguindo-se depois o hiato acima mencionado. Entretanto, o líder DevianT von Blakk decidiu tomar conta de todos os instrumentos exceptuando a bateria que agora se encontra a cargo de SkVm. Sendo uma banda de culto na cena Black/Death-Metal, certamente que muitos aguardavam o regresso destes senhores. O que podemos ouvir nestas 4 faixas é o típico som dos Arkhon Infaustus embutido de algumas influências mais modernas e dissonantes. A primeira faixa “Amphessatamine Nexion” inicia-se com um compasso lento, dissonante e hipnotizador desenvolvendo-se na brutalidade que se espera destes Franceses. “The Precipice Where Souls Slither” é um tema mais rápido e directo tendo, a meio, um momento mais compassado, mas nem por isso menos brutal. “Yesh Li El Yadi” inicia-se com guitarras dissonantes, sendo que de imediato DevianT ataca com a sua voz brutal. Sendo também um tema longo, todos o são neste EP, é interessante ver como os Arkhon Infaustus conseguem explorar diversas componentes do seu som, criando malhas brutais e intensas. A fechar este EP temos o tema “Corrupted Epignosis”, um instrumental de 10 minutos com um tema mais calmo mais ainda assim, dissonante e hipnotizante como este duo muito bem sabe fazer. É impressionante ver a performance DevianT a nível vocal e instrumental enquanto que SkVm se revela a escolha ideal para o lugar de baterista. É também impressionante ver que pouco mudou na mente de DevianT, em termos sonoros, enquanto que algumas novas influências lhe permitem actualizar o som da banda. [9/10] EDUARDO ROCHA

Metalheads de todo o mundo, sentai-vos, enrolai o vosso charuto e carregai no Play e desfrutai. «Left Hand Pass» é o novo registo dos seminais Cannabis Corpse e, como o próprio nome indica, desta vez os visados na «eterna paródia» dos norte-americanos são os Entombed e o clássico «Left Hand Path», porém, muito mais do que boa disposição o que os Cannabis Corpse promovem são momentos de puro Death Metal oldschool. Claro que existirão aqueles que vão continuar sem compreender a banda e o seu propósito, porém, é impossivel resistir a temas como «In Battle There’s no Pot» ou «Chronic Breed», esta última com uma intro de arrepiar, por esta altura, mesmo que a erva não esteja a bater, estamos já a ser dilacerados pela intensa e imensa trilha sonora que nos é apresentada, sendo que, no final do disco ficamos com a sensação de vazio, pois os temas fluem de forma rápida e consistente. Os Cannabis Corpse não querem reinventar o Death Metal, o que eles pretendem é só mesmo diversão, erva e Zombies e, ao mesmo tempo, prestar vassalagem aos mestres do género. De ouvir e fumar por mais. [7/10] NUNO LOPES

Pode uma banda norte-americana apresentar uma sonoridade típica do Norte da Europa?! “Não”, dirão os puristas. “Talvez”, responderão alguns esperançosos. “Com certeza”, afirmam os Cloak. E afirmam muito bem: “To Venomous Depths”, o disco de estreia, é na sua essência black metal nórdico, provando que, também na música, não se é de onde se nasce, é-se de onde se sente (agradeço a Luís Sepúlveda este final de frase). Os Cloak podiam ser o filho bastardo, nascido na América, de uma relação problemática mantida entre o “Storm of the Light’s Bane” (Dissection) e o “Now, Diabolical” (Satyricon): o piscar de olho ao heavy metal ou até ao rock e a capacidade de compor estruturas musicais bem catchy, sem beliscar a crueza indissociável do black metal, podem ser encontrados quer nas duas bandas nórdicas referidas, quer nos Cloak. O ponto nevrálgico desta comparação, todavia, reside no facto de os Cloak não possuírem – ainda! – o talento necessário ao fabrico de clássicos, mesmo reconhecendo que “To Venomous Depths” é um bom álbum. Simplesmente, a distância que vai do “bom” ao “excelente” é mais longa do que às vezes se julga, e é esse o caminho que os Cloak deverão trilhar no futuro. Para já, o que fazem, como em “Death Posture”, “In the Darkness, The Path” ou “Deep Red”, para citar alguns exemplos, mostram aquilo de que os Cloak são capazes, e não é pouco; para atingirem outro nível, porém, falta ainda qualquer coisa. [7,5/10] HELDER MENDES

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CLOAK


CRITICA VERSUS

CY H R A

E N S L AV E D

E R E B A LT O R

«Letters to Myself» (Spinefarm Records)

«E» (Nuclear Blast)

«Ulfven» (Hammerheart Records)

Cada vez mais assistimos a reuniões de músicos vindos de várias bandas ou vários quadrantes musicais. No entanto, destas reuniões nem sempre resultam um supergrupo. Felizmente não é i caso dos Cyhra, um quarteto formado por Jesper Strömblad – que renasceu das cinzas, após um longo tratamento devido ao vício do álcool, aliás, motivo pelo qual abandonou os In Flames - Peter Iwers que recentemente abandonou a mesma banda, Alex Landenburg que recentemente gravou com Luca Turilli e Jake E, antigo vocalista dos Amaranthe. Mesmo não tendo qualquer conhecimento biográfico dos Cyhra, a sonoridade característica que fez de Jesper um dos mais reconhecidos e notáveis músicos faz-se logo sentir aos primeiros acordes. Mas desengane-se quem pense que será uma cópia dos In Flames, atrever-me-ia a dizer que será… uma evolução, já que a personalidade musical do Jesper está intimamente ligada à sua antiga banda. As comparações serão inevitáveis mas acredito que na discografia dos Suecos de Gotemburgo este seria um álbum odiado mas «Letters to Myself» no contexto dos Cyhra terá uma estrondosa ovação. Portanto, temos o que de melhor e mais melódico fez Jasper, numa vida anterior, misturado desta vez com a voz limpa, mais Power Metalaleira e menos agressiva de Jake E, criando uma bela e suave dicotomia entre a música e as palavras. O álbum é emotivo e as letras abordam todo o processo de cura, recuperação e redempção pelo qual passou Jasper. Desde o “comercial” “Here to Save You”, à bela balada “Inside a Lullaby” e à mensagem enfurecida, como que a marcar uma posição de “Dead to Me” devem ter levado os In Flames a pensar: “Ah… Então é assim que se faz”! (Brincadeira) [9/10] EDUARDO RAMALHADEIRO

Os noruegueses Enslaved são responsáveis por conferir uma boa dose de requinte às sonoridades black e viking. Pode dizer-se que os Enslaved fazem a estes subgéneros aquilo que os Opeth fizeram ao death metal nos lançamentos pré-Heritage: inserir elementos progressivos e atmosferas viajantes. Contudo, ao contrário do que sucede com os suecos, os Enslaved não diluem os elementos mais pesados da sua identidade ao ponto de mal se notarem. «E» continua a ser um disco de metal extremo, por mais corpos estranhos, até mesmo bizarros (como o recurso ao saxofone em “Hiindsiight”), aqui presentes. É verdade que estes Enslaved não são já os mesmos de «Eld» e «Frost», mas o que se perde nuns lados (por exemplo, em peso e crueza), ganha-se noutros (experimentalismo, textura…). Certo, os primeiros segundos de “Storm Son”, não muito distantes de um registo post-rock, quase fazem esperar o pior, mas é só até as guitarras e as vocalizações entrarem naquele jeito tipicamente Enslaved, mostrando que a evolução musical do colectivo não significa deitar fora tudo o que no passado se fez. Resta afirmar que «E» constitui mais um excelente trabalho na discografia – já de si longa e com muita qualidade – dos Enslaved. Aliás, não será arriscado nem desajustado dizer que, à partida, qualquer lançamento com a marca Enslaved tem probabilidades elevadas de ser bom, e no caso deste álbum, essas probabilidades concretizam-se num dos melhores discos deste final de 2017. [9/10] HELDER MENDES

Ao longo da sua carreira, que tem neste Ulfven o sétimo registo, onde ainda podemos incluir o EP «The Lake of Blood», de 2014, que os Ereb Altor se mostraram fieis seguidores da obra de Quorthon e, obviamente de Bathory. Porém, enquanto muitas bandas tentam copiar o génio de Quorthon, esquecendo o ridiculo que isso possa parecer, os Ereb Altor optam por servir uma outra roupagem em que o Black Metal se mistura com o Folk e, em muitos momentos se aproxima de um Winter Metal de bandas como Wolfheart. Tem sido nesse aspecto que os suecos tem ganho pontos, pois além da qualidade dos músicos existe a qualidade das composições, que neste caso são cantadas em sueco. com isto, queremos dizer que Ulfven é um disco enorme, um disco que nos envolve e preenche logo no inicio com o tema «Völuspá» e que segue em tremendo crescendo até ao grand finale «Bloodline». Uma vez mais os Ereb Altor criam um disco de grande nível e que vem reforçar a importância de Quorthon no Metal, e não só, mas, ao mesmo tempo vem reforçar os Ereb Altor na liderança de um género que teimam em moldar. Um grande disco, com grandes malhas e que (não pode) cair na indiferença. [8/10] NUNO LOPES

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CRITICA VERSUS

H E L L IN T H E C L U B

IC E D E A RT H

«Au Peuple de l’Abîme» (LADLO)

«See You On The Dark Side» (Frontiers Records)

«Incorruptible» (Century Media Records)

Estreia dos gauleses Heir nos trabalhos de longa-duração, este «Au Peuple de l’Abîme» confirma a L’Acteurs de l’Ombre como uma das editoras mais interessantes do underground no que toca a projectos black metal. Referenciados no press release da editora como praticantes de post-black metal, na verdade os Heir não não assim tão “pós”, sendo que a sua abordagem ao black metal vai beber a outros colectivos, designadamente de nacionalidade francesa. Sem dúvida que os elementos “post” estão lá, não há que enganar, contudo passam para segundo plano dentro da base black metal pessimista e nihilista dos Heir. As letras, compostas na língua-mãe (uma estreia, já que nos seus trabalhos iniciais – uma demo e um split CD – os Heir optavam por se exprimir liricamente em inglês), revelam essa natureza desencantada, como nos versos finais de “L’Âme des Foules”, seguramente um dos grandes momentos deste álbum: “Ainsi tout fini, ainsi rien ne commence/ Le vide m’appele et l’histoire m’oublie/Le monde s’accélere, je ne peux le ratrapper/ Je ne suis plus rien, et le cycle continue”. Nestes 40 minutos aqui dispostos, temos um álbum que denota uma banda competente e da qual se espera mais no futuro. Para já, «Au Peuple de l’Abîme» é uma estreia bem interessante e conseguida – poder-se-ia até dizer “agradável”, mas a filosofia dos Heir é tudo menos isso. [7,5/10] HELDER MENDES

Para muita gente que passou pela Era Dourada dos 80, não deverá ter ficado indiferente ao Hard n’ Heavy ou como também lhe chamam às Hair Bands. Nessa altura dominavam o Universo dos cabeludos bem parecidos (discutível, é claro), Bon Jovi, Def Leppard ou Motley Crue… só para citar três. Agora imaginem que aparecem uns Italianos, de seu nome Hell In The Club e misturam todos os elementos (musicais), já que visualmente são um pouco mais discretos, destas bandas. Riffs que imediatamente ficam no ouvido, cheios de swing, assim como os coros melódicos, energéticos e “gritantes”, já para não falar nas letras marotas e previsíveis. Não esquecer a Power Ballad que na minha opinião, não faz falta. Portanto, tudo aquilo que define este estilo está presente em «See You On The Dark Side». No entanto, isto soa a tudo menos… parolice. Boa produção, moderna e a cargo de Simone Mularoni dos DGM. A banda é composta por gente talentosa e experiente: Andrea Buratto dos Secret Sphere com um magnífico som de baixo e Dave é também o vocalista dos Elvenking. Por mais paradoxal que possa parecer, os Hell in The Club parecem ter nascido na época errada, o que é excelente para a malta que ainda houve um bom Hard n’ Heavy em 2017. «See You On The Dark Side» tem o condão de sacudir o pó dessas Air Guitars guardadas nos recônditos (quase) esquecidos de memórias antigas e até de despertar as lembranças das horas passadas a ouvir o Rock em Stock, do Luís Filipe Barros: “We Are on Fire”, “I Wanna Swing Like Peter Parker” ou “The Misfits”, só para citar três porque o álbum está cravejadinho de pérolas rockeiras. No entretanto, divirtam-se que também é preciso! [8/10] EDUARDO RAMALHADEIRO

Há muito que os Iced Earth deixaram de ser uma surpresa! Ao longo das suas três décadas os norte-americanos, liderados como sempre por Jon Schaffer, os Iced Earth cimentaram a sua posição no Metal, sendo eles os detentores do trono no Power Metal norte-americano. Nunca foram uma banda consensual, muito por culpa das constantes mudanças entre Barlow e outros tantos vocalistas, porém Stu Block está mais confortável e ciente da posição que ocupa. Porém, Schaffer nunca tirou o pé, num trabalho de devoção ao género que abraçou. Por estes dias os Iced Earth nada tem a provar, estão mais velhos, mais seguros e isso parece transformar em ouro a música dos norteamericanos. Este Incorruptible é um disco de Iced Earth do inicio ao fim, talvez mais directos e pesados que em discos como Horror Show ou Tribute to the Gods, porém a música da banda continua a emanar a aura de mistério que sempre os acompanhou. Porém, este Incorruptible é um manifesto de que a banda não se vende e mantém altos os índices de criatividade, mesmo sem fugir da bolha. Ao fim de trinta anos, podemos até nem gostar de Iced Earth, de Jon Shaffer mas, uma coisa é certa, é impossível negar a honestidade da banda, e esse é o melhor elogio que se pode fazer a uma banda de respeito que impõe respeito, acima de tudo pela qualidade que apresentam. [7,5/10] NUNO LOPES

H E IR

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MA J O R PAR KINSON «Blackbox» (Karisma Records / Degaton Records) Às vezes dou por mim frustrado… frustrado por não descobrir determinadas bandas no tempo devido. O revés deste problema é a sensação que temos ao descobri-las. Os Major Parkinson são qualquer coisa de extraordinário. Descreveria «Blackbox» numa palavra: cinemático. Ouvir estes Noruegueses é como ver um filme Noir, digno de Lang ou Wilder, onde as emoções são transmitidas através dos sons e da música; uma mescla muito curiosa, intrigante e exuberante de um negro mistério, extraordinariamente bem argumentada e realizada. Para a banda sonora deste filme muito contribui a expressividade sonora de Jon Ivar Kollbotn cuja voz grave (mas expressiva) vai buscar influências a Tom Waits e Nick Cave – “Before the Helmets”, aliada ao ambiente sintetizado (q.b.), quase industrial criado por Lars Bjørknes a fazer lembrar em muitas cenas Faith no More – “Night Hitcher”. Portanto, a frustração inicial transforma-se em puro deleite cinematográfico em forma de música, porque «Blackbox» é, realmente, “Out of the Box”, provavelmente algo que ainda não ouviram… e se o fizeram, de certeza que não foi com esta qualidade. Musicalmente falando, os Major Parkinson diversificam os temas e se, por exemplo, a fronteira entre o Gótico e o Pop/ Rock é ténue em “Lover, Lower Me Down”, “Madeleine Crumbles” é um tema alegre, muito dançante… assim… do género Cabaret Rock. Neste filme há ainda a destacar a presença a voz da actriz convida, Linn Frøkedal e o violino de Claudia Cox, conferindo ainda mais riqueza ao argumento musical. Vejam o concerto ao vivo em Bergen, a ser lançado em DVD, e confiram todo este filme dos Major Parkinson. [9.5/10] EDUARDO RAMALHADEIRO

M A RTY F R IE D M A N «Wall of Sound» (Nuclear Blast) Uma audição de “Self pollution” é o que basta para nos deixar de queixo no chão perante a criatividade deste virtuoso que parece não se esgotar mesmo ao fim de 30 anos de carreira. E este é apenas o primeiro tema de um álbum - o 13º a solo de Marty Friedman - que deslumbra do principio ao fim. A faixa seguinte, “Sorrow and madness”, cativa pelas belas melodias de violino do convidado Jinxx, dos Black Veil Brides e pelo fraseado de guitarra com a típica assinatura neoclássica de Friedman. “Streetlight” é toda ela romance e emoção, mas com uma percussão bem thrashy a acompanhar, e “For a friend” é um número baladesco, centrado na guitarra de Friedman, com arranjos de teclas e piano muito bem conseguidos. A sinistra “Pussy ghost” foi escrita em parceria com Shiv Mehra dos Deafheaven e é uma das faixas mais agressivas em oferta. Inclui linhas de guitarra incrivelmente pegajosas e uma percussão quase death metal. Jorgen Munkeby dos Shining faz desta vez a sua aparição a berrar estridentemente em “(Just gimme) something to fight”, a única faixa cantada, que acaba por destoar no conjunto. Gravado em apenas nove dias, mas depois de um longo processo de aperfeiçoamento que se estendeu por cerca de um ano, «Wall of Sound» é um trabalho transversal a sub-géneros, feito de paisagens sonoras complexas e pujantes, onde violino, piano e cordas se entrelaçam nas texturas da guitarra de Marty Friedman. É genericamente mais calmo que o anterior «Inferno» (2014), mas o que mais o distingue é a qualidade de transitar graciosamente entre a mais dócil das melodias e explosões quasi speed-thrash. [9/10] ERNESTO MARTINS

NEOBLIVISCARIS

«Urn» (Season of Mist) Os Ne Obliviscaris não são um nome desconhecido aqui na redacção das VERSUS, já aqui entrevistamos e comentamos os seus álbuns anteriores: O «Portal of I» de 2012 teve uma muita boa recepção mundial e o «Citadel» de 2014 marcou os nossos espíritos (e ouvidos). Trata-se de uma banda que alia perfeitamente a complexidade de uma sonoridade progressiva e uma agressividade mais crua influenciada pelo black metal. O seu som é complexo, rico e envolvente. Este novo trabalho simplesmente entitulado «Urn» contradiz com a complexidade das composições; introduzse com um tema de duas faixas “Libera” que retrata bem a sonoridade já conhecida da banda, com as vozes claras e agressivas como forte característica. As guitarras têm um som turvo que é conseguido com acordes compostos. Na segunda parte deste tema há uma forte componente melódica com os violinos tocados pelo Tim Charles, vocalista de vozes limpas. NeO habituou-nos a ter muito em cada álbum e cada faixa - a sua complexidade tecnica não deve nos tapar os olhos (ouvidos) à complexidade melódica e musical que nos é projectada. Este tema de abertura é mesmo isso: uma overdose de acontecimentos, culminados por uma segunda parte com sons calmos, alimentados por melodias do violino onde Tim se excedeu. Os temas seguintes são a classe pura dos NeO: começa tudo com uma melodia no baixo e evolui tudo para os cumes que a banda sobrevoa sempre que é preciso desenvolver um tema. “Intra Venus” soa a hino, “Eyrie” o tema mais profundo e “Urn” parte 1 e parte 2 soa a master-piece, daqueles que se descobre sempre qualquer coisa quando se ouve mais uma vez. [9/10] AG

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CRITICA VERSUS

G RAVE P L E AS U R ES «Motherblood» (Century Media)

PA R A D IS E L O S T «Medusa» (Nuclear Blast)

“Motherblood” recupera a banda da flacidez do prévio álbum “Dreamcrash”, com fulminante vigor e renovada negatividade. A mudança de nome (ex-Beastmilk), decorrente de alterações no lineup da banda, nomeadamente pela saída do guitarrista Johan “Goatspeed” Snell, diluiu a química do conjunto e engasgou a espontânea combustão das suas composições, provando ser um constrangedor anticlímax para o brilhante percurso que se avizinhava. Com o seu terceiro lineup, Mathew McNerney e seus recrutas (membros de Oranssi Pazuzu e Ajattara), retomam aqui os riffs contagiosos e refrões orelhudos, que tomaram o meio metálico de surpresa com “Climax” e disseminaram os apocalípticos ventos de post-punk que caracterizam a banda. Embora a genialidade desse primeiro registo não seja ainda reproduzida, o presente trabalho é suficientemente digno para figurar no mesmo patamar, seja através da lânguida sensualidade dos ritmos emaciados em “Atomic Christ”, ou mesmo pela narcótica euforia da instantânea “Be My Hiroshima”. As vocais de McKerney continuam ímpares na aveludada decadência dandy do seu registo, acompanhadas pelo carisma das guitarras, a sugerir uns Sisters of Mercy infetados pelo glamour gomoso dos Suede em início de carreira. “Motherblood” eleva assim o estandarte da licenciosidade mórbida do rock ‘n’ roll com requintada perniciosidade para a Era de Kali. [8/10] FREDERICO FIGUEIREDO

A primeira coisa a referir a propósito de «Medusa» é que se trata do álbum mais pesado de Paradise Lost desde, pelo menos, «Shades of God». Esta é uma linha que já vinha sendo traçada há algum tempo na carreira dos britânicos, agudizando-se a partir de «Tragic Idol»: «Medusa» apenas confirma e reforça essa tendência. Porém, mais importante do que saber se o novo disco tem peso ou não, é saber se é bom. E «Medusa» passa nesse teste com distinção. Desde a corajosa (pelos seus cerca de oito minutos de duração) “Fearless Sky” até “Until the Grave”, o que os Paradise Lost apresentam neste álbum é peso, sim, mas sobretudo consistência, pois «Medusa» é um trabalho praticamente sem quebras: mesmo que nem todas as faixas sejam excelentes (que não são!), nem uma delas deixa de ser boa ou muito boa. Facto revelador da enorme capacidade compositora do quinteto, já à beira dos trinta anos de carreira. Avisa-se, contudo, o ouvinte de que «Medusa» é um disco que pode custar a entrar, seja pela produção – muito densa e opressiva, em particular a sonoridade da bateria – seja pela própria natureza das faixas que, à excepção de “Blood & Chaos”, são tudo menos imediatas. Mas sem dúvida que a insistência compensará: «Medusa» é um trabalho que cresce a cada nova audição e mantém os Paradise Lost como um colectivo relevante. [8,5/10] HELDER MENDES

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P R O C E S S O F G U I LT «Black Earth» (Bleak Recordings / Division Records) Ao longo de uma carreira que leva já, uns meritórios, 15 anos, os Process of Guilt tem cimentado a sua posição no underground nacional e, ao mesmo tempo, aberto portas internacionais e o louvor um pouco por todo o lado. Após um período de silêncio, que foi interrompido em 2014 com o lançamento do split com os Roarcal, os alentejanos estão de regresso às edições com «Black Earth», uma mão cheia de canções terrenas mas, ao mesmo tempo, esotéricas e que encontraram na terra um ponto de encontro para o Metal soturno, deprimente e, talvez, demasiado real, dos Process of Guilt. Mais pesado que o seu antecessor, «Black Earth» é um disco que se rende à evidência de que todos seremos pó e seremos terra. Planeado de forma (quase) cirúrgica, «Black Earth» é um disco que acentua a fórmula e a evolução que o quarteto tem vindo a assumir desde sempre e, principalmente, a vontade da banda não se deixar intimidar pelos ventos de mudança. Uma vez mais misturado por Andrew Schneidar «Black Earth» é um disco imenso e promete elevar os Process of Guilt a um outro patamar. Em caso de dúvida, basta passar os ouvidos por temas como Feral Ground ou Servant, para se perceber o que são os Process of Guilt em 2017. «Black Earth» é, até ao momento, um dos melhores momentos nacionais de 2017 e um disco obrigatório. [9/10] NUNO LOPES


CRITICA VERSUS

RE X BROWN «Smoke on This!» (PledgeMusic) Rex Brown é um cavaleiro solitário! Não o é apenas hoje, aliás, por onde tem passado o músico deixa a sua marca e segue o seu caminho, deixando a sua sombra. Quer isto dizer que Smoke On This, o disco de estreia (a solo) de Rex Brown é um registo de histórias de pó e lama, um disco de recordações e um olhar de quem viveu a vida entre os despojos de ontem. Tudo o que está na rodela é biográfico, começando desde logo em Lone Rider que, inicia esta agradável surpresa que é Rex Brown na voz, deixando o baixo para trás e agarrando-se à sua guitarra. Há ainda espaço para Crossing Lines, Train Song, What Goes Around e, claro, Best of Me, um dos momentos simbólicos de Smoke On This!. Para o disco o baixista, agora vocalista, muniu-se numa equipa em que se destaca a presença de Johny Kelly (ex-Type O Negative, A Pale Horse Named Death) na bateria. Este é mais um capítulo de uma história que o rock se vai lembrar e, Rex Brown será sempre um cavaleiro solitário, mesmo quando os holofotes incidem sobre ele. [8,5/10] NUNO LOPES

R IN G S O F S AT U R N

S AT Y R IC O N

«Ultu Ulla» (Nuclear Blast Records)

«Deep Calleth Upon Deep» (Napalm Records)

Fãs de tudo o que envolve acrobacias mirabolantes de cordas e percussão conjugadas numa sonoridade brutal atentem nesta jovem formação californiana. Depois de três discos que lhe permitiram apurar progressivamente um estilo algo caótico de deathcore, este quarteto da Bay Area apresenta finalmente aquilo que podemos considerar o seu magnum opus até ao momento. «Ultu Ulla», o quarto registo de originais, é um trabalho que se impõem pela composição mais polida, o recurso a estruturas intuitivas e temas muito mais variados e acessíveis. A música continua a viver do habitual esfarrapanço a alta velocidade, das progressões caóticas e dos tempos demenciais que são a assinatura reconhecível dos Rings of Saturn, mas ao mesmo tempo inclui abundantes pormenores catchy bem como fascinantes mostras de destreza técnica dos guitarristas Lucas Mann e Miles Baker e do baterista Aaron Stechauner, este dois últimos novos elementos na formação. Os sintetizadores desempenham desta vez um papel mais proeminente e do tal deathcore primordial sobram agora apenas resquícios, audíveis nos poderosos breakdowns que convidam a um violento headbanding. “Servants of the sentience”, o esquizofrénico “Harvest” e o brilhante instrumental “The macrocosm” contam-se entre os momentos mais notáveis do disco. Com um título que recorre mais uma vez ao sumério antigo, e que se traduz para ‘tempo imemorial’, «Ultu Ulla» posiciona-se conceptualmente no seguimento de «Lugal Ki En», revolvendo em torno de uma poderosa entidade cósmica cujo despertar promete ameaçar a própria essência da realidade do universo. Ou algo parecido. [8.5/10] ERNESTO MARTINS

Quatro anos depois dum trabalho homónimo morno e pouco convincente, é óptimo perceber que, afinal, a dupla Satyr/Frost está longe dum esgotamento criativo. Este novo disco contém mesmo a composição mais vibrante e eficaz da fase pós «Volcano». Permanece a fórmula de base minimalista e groove que já conhecíamos, mas que surge desta vez enriquecida por um consistente manancial de progressões e ganchos galvanizantes e toda uma série de pormenores criativos que convivem na perfeição com o negrume malévolo tão característico da sonoridade da banda norueguesa. Os manifestos líricos niilistas disparados ferozmente da laringe abrasiva de Satyr nunca soaram tão autênticos, sendo os riffs gelados e as melodias torcidas da sua guitarra secundados em pano de fundo por uma fina e subtil textura de arranjos baseados em instrumentos clássicos como o violino, o violoncelo, o saxofone, e ainda um tenor – tudo músicos da Filarmónica de Oslo. Provavelmente por ter sido composto durante a digressão de celebração do vigésimo aniversário do clássico «Nemesis Divina», «Deep Calleth Upon Deep» (titulo inspirado na passagem bíblica em Salmos 42:8 - o abismo chama outro abismo) contém algumas referências salientes ao passado: é o caso do venenoso “Dissonant” que nos faz recuar até «Rebel Extravaganza» ou do elaborado «Black wings and withering» reminiscente da fase mais tradicionalmente black metal. Em suma, um sólido nono trabalho de originais que volta a reposicionar os Satyricon no lugar de relevância e distinção que antes ocuparam. Para não prejudicarem a experiência auditiva sugiro apenas que tentem ignorar a arte da capa – é mesmo a única falha aqui. [9/10] ERNESTO MARTINS

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CRITICA VERSUS

SE PTIC F LESH

SORCERER

S U FFO C ATI ON

«Codex Omega» (Season of Mist)

«Sirens» (Metal Blade)

«...Of The Dark Light» (Nuclear Blast)

A carreira dos gregos Septicflesh tem vindo a conhecer nos últimos anos uma evolução que (apenas) apanhou de surpresa os mais distraidos. Podemos, talvez, dizer que a mudança da banda para a Season of Mist foi a lufada de ar fresco que a banda precisava e o disco de 2014, Titan, mostrou uma banda motiva e com garra acrescida. Três anos depois surge «Codex Omega» que, apesar de seguir as mesmas coordenadas do anterior, se mostra mais assertivo e aguerrido que nunca. «Codex Omega» é um disco que pega em todos os elementos que caracterizam os gregos e surpreende pela grandiosidade apresentada, começando desde logo com «Dante’s Inferno», marcha funebre que se entranha enquanto se estranha e que abre as portas para um disco apaixonante que tem em «Portrait» um dos momentos mais altos e que nos mostra uma banda mais capaz de compor melodias que nos ficam nos ouvidos de forma incessante, algo que também é possível ouvir no single «Our Church...». «Codex Omega» é um disco que tem na sua génese as origens gregas, e a história do próprio país mas que, de certa forma, é uma actualização para estes dias de caos em que nos encontramos, acabando por fazer de «Codex Omega» um disco actual e, porventura, reflectivo da Humanidade. Um disco estrondoso e que promete constar nas listas de melhores do ano. Obrigatório. [8/10] NUNO LOPES

Neste single composto de duas faixas, “Sirens” e “Disciples of the Dark”, perfazendo cerca de doze minutos, os Sorcerer apresentam um heavy doom requintado, percebendo-se logo aos primeiros segundos por que são uma aposta da Metal Blade, uma editora que insiste em abanar orgulhosamente ao vento a bandeira das sonoridades mais tradicionais. E ainda bem que o faz: «Sirens» é um óptimo aperitivo para o segundo longa-duração dos suecos, «The Crowning of the Fire King», que será brevemente lançado. Aliás, se o álbum conseguir manter a bitola aqui apresentada, podemos muito bem estar perante um dos lançamentos do ano (a ver vamos!). Instrumentalmente, os Sorcerer aparentam estar no auge das suas faculdades, ao que se deve acrescentar a magnífica prestação vocal de Anders Engberg, que não poucas vezes recorda outro excelente vocalista sueco, Mats Levén, que de resto se move em sons semelhantes, nomeadamente pela sua colaboração nos Krux e, agora, também nos Candlemass. O único senão de «Sirens» é mesmo o ser apenas um single, todavia a sua qualidade faz crescer água na boca e leva a ter as expectativas em alta relativamente ao futuro dos Sorcerer. Oxalá as cumpram. [8/10] HELDER MENDES

Os norte-americanos dispensam apresentações e não necessitam, sequer, de uma nota introdutória. Dizer que os Suffocation são uma das bandas mais respeitadas e influentes do Death Metal não é novidade e de nada valerá falar dos êxitos do passado, isso seria uma perca de tempo e «...Of The Dark Light» merece mais do que meras referências ao passado, isto porque, apesar de uma maior distância entre discos, que se tem vindo a alargar na última década, os Suffocation não alteram a fórmula e parecem, a cada lançamento, tornar-se ainda maiores e melhores na criação de autênticos monumentos e hinos de Death Metal técnico. «...Of The Dark Light» agarra-nos pelos tomates em «Clarity Through Depravation» e espremeos até ser uma bola de sangue no chão, sem perdão, sem consequência, mesmo que a música dos Suffocation deva muito pouco a sangue e vísceras e mais a transcendências, como se pode escutar em «Caugh Between Two Worlds» ou na faixa-título, sem esquecer a genial «Things Should be Left Alone». Para além de tudo isto existe a participação de Kevin Muller (The Merciless Concept) na voz, ele que é a voz dos Suffocation na estrada, já que Frank Mullen optou por participar, apenas, nos discos e, fica aqui o desafio para descobrirem as diferenças, já que ambos os frontman se assumem como uma força da natureza que engrandece (ainda mais) o som dos nova-yorkinos. Este não é mais um disco de Suffocation, é sim, um grande e enorme disco da banda e, principalmente, um hino ao Death Metal Técnico como só a banda consegue fazer. Um disco obrigatório para qualquer fan do género. [9/10] NUNO LOPES

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CRITICA VERSUS

V E NOM INC. «Avé» (Nuclear Blast) Quando, há uns anos, a dupla clássica dos Venom se juntou, todos fomos apanhados de surpresa e o burburinho gerado em torno de Kronos deu origem a uma espera (e outras tantas escaramuças) e que agora termina com o lançamento de «Avé», o primeiro registo dos Venom Inc., lançado pela Nuclear Blast. Começando com a épica «Avé Satannae», que poderemos invocar como o ressurgimento de «In League with Satan», ficamos, desde logo, com a nítida sensação de que este trio vem do inferno enão se deixa atemorizar, talvez por isso mesmo, «Forged in Hell» é uma autêntica bomba oldschool e tem, todos os ingredientes a que já estamos habituados no universo Venom. Sem cair no exagero, este é um disco munido de grandes malhas e, principalmente, um registo de perseverança e que nos traz um trio que, acima de tudo se diverte. Claro que o imaginário black se mantém, e como tal, não é de estranhar faixas como Dein Fleisch, I kneel to No God e, claro, Black N Roll, que encerra o disco e nos relembra, de facto, a importância destas três pessoas no que é hoje o Metal. Sem querer ferir susceptibilidades, «Avé» é um disco que vem mostrar que o veneno não deixou de correr nas veias do trio e que esta corporação veio para ficar. Habemus Venom Inc. [8/10] NUNO LOPES

VU LT U R E IN D U S T R IE S

WOLVES IN THE THRONE RO OM «Thrice

«Stranger Times» (Season of Mist)

Woven» (Artemisia Records)

Mais uma estupenda banda Norueguesa a dar um pontapé no marasmo musical que hoje em dia se vive na cena Rock/Metal. É certo e sabido que é muito difícil fazer algo de novo; cada vez mais as bandas optam por, “pormenor aqui, pormenor acolá”, fazer mais do mesmo. Felizmente existem bandas como os Major Parkinson e os Vulture Industries. «Stranger Times» é o quarto álbum de originais e expande ainda mais os limites das fronteiras musicais da banda – e já agora, porque não, deste género musical - indo buscar, mesmo assim, alguma da inspiração a bandas como Mr. Bungle ou Arcturus. São nove temas que abrangem o espectro do Rock Avantgarde, nada alegre, intrigante, desconfiado, sujo, de alguma forma progressivo e experimental que vos vai fazer franzir o sobrolho e perguntar: Mas o que é isto…? Falei da veia cinematográfica dos Major Parkinson mas os Vulture Industries também deixam a sua marca no que diz respeito a este elemento, tanto na música como nos vídeos e espectáculos ao vivo – vejam o vídeo de “The Pulse of Bliss”, com a participação especial de Costin Chioreanu. Esta teatralidade não faria sentido se as letras não tivessem conteúdo e significado, sendo para mim o expoente máximo “As the World Burns”. É realmente salutar quando ouvimos estes dois discos – e não há melhor forma de descrever «Stranger Times» como o que está escrito no website: “A progressive carousel of dark delights” (Um carrossel progressivo de prazeres obscuros). Um dos melhores discos do ano. [9/10] EDUARDO RAMALHADEIRO

Um outonal álbum de fervor pagão e retorno telúrico a sugerir o extático rapto da morte no assombroso vôo de uma horda de valquírias. A banda retoma a pomposidade do seu kult black metal com riffs de gelar o sangue na impetuosidade dos seus hinos e na comoção das suas elegias. Um álbum “antigo”, com referências ao black metal dos anos 90, ora na nostálgica remanescência de uns Summoning por altura do “Dol Guldur” (em “The Old Ones Are With Us” ou no riff de abertura de “Fires Roar in the Palace of the Moon”), ora nas esparsas incursões mais ambientais de Burzum presentes subtilmente ao longo do álbum, ou até mesmo no dinamismo das guitarras dos Satyricon pré “Rebel Extravaganza” (a destacarse sobretudo em “Angrboda” ou no “Born From the Serpent’s Eye”). “Thrice Woven” é sangue velho... e sábio, escorrido numa plétora de riffs de grandiosidade wagneriana que entrelaçam ameaçadora tensão com epifânica entrega. Os cristalinos intermezzos das teclas e o solene prelúdio das guitarras acústicas, embora se manifestem como periféricos, exacerbam os restantes elementos, inflamados na plenitude da celebração. “Thrice Woven” combina igualmente as ilustres prestações da cerimoniosa aridez vocal de Steve Von Till (Neurosis) em “The Old Ones Are With Us” com a etérea sublimidade do registo da sueca Anna von Hausswolff em “Born From the Serpent’s Eye” e “Mother Owl, Father Ocean”. Destaca-se também a magnífica escolha do obscuro pincel medieval de Denis Forkas a adornar a capa do presente trabalho. Um álbum incandescente e um clássico instantâneo. [10/10] FREDERICO FIGUEIREDO

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O HOMEM DA MOTOSERRA Ideias tristes em horas bizarras

Vinte anos de Sudoeste: Saudades do que não volta a ser

O agora comercialíssimo festival Sudoeste, ou Meo Sudoeste, ou Meo TMN Sudoeste, ou lá como raio se chama agora, fez no passado mês de Agosto vinte anos de existência. Vinte anos! Estou ligeiramente em choque porque eu, ainda um teenager imberbe, cheio de sonhos e com uma fartíssima cabeleira afro, estive presente na primeira edição. Para não sabe, ou pura e simplesmente não se recorda, nas suas primeiras edições o festival tinha um cartaz variado em termos de estilos musicais, e tive o privilégio a assistir a enormes concertos de música pesada, e não só. Marilyn Manson, Ratos de Porão, Sepultura, Korn, Therapy?, Sonic Youth, entre tantos outros, levaram ao delírio um público que se deslocava ao lindo Alentejo mais pela música do que pela experiência em si. Porquê? Porque se hoje em dia existem inúmeros pontos de diversão, de venda de comida, de higiene, entre tantas outras infraestruturas que dão um conforto bastante interessante aos que o frequentam, na primeira edição as coisas eram ligeiramente diferentes... O que vos vou contar é a minha experiência na primeira edição do festival. Quatro amigos, com estilos muito diferentes, resolveram rumar ao festival. À chegada pode-se logo constatar que o próprio público era muito eclético, havendo uma grande afluência de uma certa tribo que, diríamos nós, a última vez que tomou banho foi quando lhes choveu dentro da carrinha. Mais tarde provou-se que assim era. A dita “área de campismo” estava aberta a qualquer um que se deslocasse até à herdade da casa branca. Tratava-se simplesmente de um pinhal selvagem. E por nós tudo bem!

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tendas que não eram as nossas, e nenhuma, mas nem uma (!!!) estava ocupada por raparigas esbeltas que pediam a nossa companhia! Era bem mais fácil encontrarmo-nos no meio de milhares de pessoas aos saltos com a visibilidade reduzida devido ao pó, do que encontrar a tenda. Dormir. Ou melhor: dormir? Esse não verbo não se conjugava. Abdicámos contra vontade desse luxo. Se tinha piada estarmos acordados até bem tarde, constantemente rodeados de algazarra? No início sim. Se tinha piada uns aborígenes tocarem uns batuques que pareciam ecoar no nosso cérebro, toda a santa noite, com o mesmo ritmo? Mas sempre, sempre, sempre com o mesmo ritmo? Não! Quando finalmente os sons tribais paravam, alguém passava pelas tendas e abanava-as enquanto gritava alto e em bom som “alvorada”! Conta a lenda que se preparou um batalhão de fuzilamento e se procedeu uma caça ao homem, mas nunca ouvi tiros. Talvez os tenham torturado com batuques. Se numa situação normal, quatro homens juntos, rabujentos, têm a tendência a impropérios, imaginem o nosso estado de espírito após dias de privação de sono. Penso que só após o duche é que saíam palavras que podiam ser ditas em horário nobre na televisão. Ora bem, duche! Mal acordados e com pó até aos ossos, era hora de procedermos à higiene pessoal. De início não encontrámos os chuveiros. “Devem estar para aqui”, mas não vislumbrávamos cabines, nem uma estrutura qualquer que se assemelhasse a uma zona de duches. Nada! Até que percebemos o porquê. Plantado no meio de uma clareira, rodeado por tendas, estava uma calha pendurada com 6 aberturas. Sem divisórias, claro, e sem espaço para nos ensaboarmos sem nos acotovelarmos com alguém. Ok… é desgin, pensámos nós. Mais uma vez nenhuma bela rapariga trocou mimos de cotovelos connosco. Com o passar dos dias os “chuveiros” iam falhando, e via-se cada vez menos pessoas a tentar fazer a sua higiene. Nesta fase apenas olhávamos com mais interesse para as raparigas que víamos na fila do banho, ou a chegar às tendas vindas do banho. Eram poucas. Muito poucas… Se hoje as casas de banho de festival são o que sabemos, com um rácio de vá, assim de cabeça, 500 pessoas por WC…… Pois. Exacto. Bem sei que nesta fase não seria necessária qualquer descrição adicional, mas vou fazê-la! Para mim há um limite. E o limite é o tampo da sanita. Se o conteúdo, seja “nº1” ou “nº2”, que é para lá despejado ultrapassa esse limite… Não contem comigo. Uma das técnicas era esperar que as cabines fossem limpas, estar no 1º lugar da fila, e depois atacar com toda a vontade um WC acabado de limpar. Nunca o consegui fazer. Foram três dias em que o “nº2” não foi efectuado. Chegado a casa e pesando-me antes, e depois do acto, descobri que perdi meio quilo. As condições eram miseráveis, mas o cartaz, o espírito do festival, e principalmente o espírito de amizade que fazia sentir tanto entre o meu pequeno grupo, como entre o resto dos festivaleiros de então, tornou a primeira edição num evento memorável. Ficam as recordações de quem se foi aventurar num Sudoeste em estado embrionário, mas com muito mais essência que este “novo” sudoeste que se baseia em concertos gravados em “pens”.

Despeço-me limpo, sem pó, e orgulhoso utilizador de Wc’s limpas: O Homem da Motoserra.

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! ! D A E D T PUNK’S NO São uma das bandas mais importantes no universo PUNK. Os Dead Boys foram retractados no filme CBGB - que recentemente passou num dos canais de filmes da TV portuguesa - por isso, não poderíamos ficar indiferentes ao aniversário dos 40 anos de "Young Loud And Snotty" e estivemos à conversa com Cheetah Chrome. Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro

Olá Cheetah, parabéns pelo 40º aniversário de «Young Loud and Snotty» Cheetah - No dia anterior a ter recebido o vosso álbum, vi o filme sobre "CBGB" e pensei: "Não pode ser uma coincidência". O que é que tu achas do filme? Mantevese fiel ao que se passou na época? Eu não sou muito dado ao Punk, mas depois de assistir a este excelente filme (que eu realmente recomendo aos nossos leitores) e ao ouvir o álbum, fiquei estranhamente viciado. Estavas à espera, após 40 anos, "YLaS" atraísse novos fãs como eu? (risos) Óptimo, outro gajo vai culpar Dead Boys por terem arruinado a sua vida! (risos) Nah, estou apenas a brincar, nós adoramos e esperamos que mais pessoas como tu gostem e fiquem viciados! Punk é realmente uma coisa boa...

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No filme, os Dead Boys e «YLaS» são referenciados como pioneiros e um marco no Punk (Rock). A desta distância temporal, ainda concorda com isso? Bem, uma vez que tenho vindo a tocar muitas destas músicas desde 1974, yeah, tenho a concordar com isso! Embora vocês tenham apenas dois álbuns originais, acabaram por desempenhar um papel preponderante no nascimento de Punk. Achas que se a banda continuasse, poderiam ser uma referência como os Sex Pistols, por exemplo? Poderia ser? Eu acho que já somos, quer continuemos ou não! Mas este não é, de maneira alguma, o objectivo deste álbum, isto serve apenas para comemorar o aniversário do álbum, assim como a digressão, embora isto possa ter o efeito de dar uma nova atenção à

banda, já que segundo informações está a correr muito bem! Mas nós somos uma referência há muito tempop, pelo menos aqui nos Estados Unidos. ... em 2017 achas que o Punk está morto? Não, pelo menos daquilo que tenho visto nos concertos e até poderia enumerar algumas muito boas… A atitude dos vossos fãs em relação à vossa música são as mesmas entre os anos 70 e esta geração? Parece que sim, desde 2004 que vejo pelo público dos meus concertos a solo; a faixa etária vai desde os punks mais velhos até aos mais novos e este novo álbum não nada tem a ver com este facto. Durante muito tempo isto deixoume muito contente e orgulhoso


mas infelizmente, nenhum de nós é mais jovem, no entanto, escondemo-lo muito bem...

Este álbum foi regravado com Jake Hout na voz. Quais foram as razões da escolha? Uma das bandas do Jake, The Undead Boys, chamou a minha atenção; eu vi um ou dois vídeos e achei que eles eram muito bons. Acontece que o Ginchy conheciaos de outros tempos e quando tocámos no Whisky precisávamos de um baixista. Então ele sugeriu que convidássemos o Mike, também baixista dos The Undead Boys. Aí eu vi uma oportunidade de ser preguiçoso e sugeri que o Jake cantasse, já que não gosto ter de o fazer o tempo todo. O ensaio para o concerto correu muito bem e eles acabaram por dar um concerto arrasador! No entanto, como o Mike não podia seguir em digressão recrutamos o Ricky Rat e o resto era inevitável! Vocês estão actualmente em digressão pelos EUA. Como está a ser reacção dos fãs ao ouvir um álbum com 40 anos e um novo vocalista?

Nessa parte, nada além de positivo! Eu esperava muito mais porcaria de puristas sobre ter um novo vocalista, mas ninguém que viu os concertos se queixou. Uma das grandes razões para manter o Jake basearam-se no facto de que, depois desse primeiro concerto no Whisky, bastantes amigos de Stiv aqueles que realmente o conheciam e o viram tocar, estavam no público e disseram: "Você têm que manter este gajo" e "Este gajo é óptimo!" Portanto, temos vindo a receber reacções bastantes positivas! Depois de tanto tempo, como te sentiste ao no estúdio e ser tocar alto novamente? Eu toco sempre alto (Loud), nada de diferente nesse aspecto, mas fazê-lo outra vez com o Blitz tornou-se um pouco mais do que aquilo que costumava ser e esta nova malta também são muito bons nesse aspecto. Todos trouxemos o nosso lado mais orgulhoso (Snotty)

Álbum antigo, gravação nova. Quais são as principais diferenças entre um e o outro? Bem, um é a gravação original clássica e intocável que nem sequer nos atrevemos a mexer, todos nós gostamos desse disco, os antigos e os novos Dead Boys. A diferença é que este está um pouco mais perto daquilo que eu tinha na minha cabeça naquela altura, no que diz respeito ao meu som de guitarra; a bateria está mais forte, principalmente devido às novas técnicas de gravação. O Jeff não tocou no primeiro disco e o Ricky encaixa muito bem, assim como Ginchy, que conhece essas músicas pelo menos tão bem quanto eu! Quando o Jake estava a gravar a voz, para mim e para o Blitz ficou um tanto horrível, às vezes até assustador. Por sugestão do Jake, gravou as vozes da mesma maneira que Stiv fez. Ouvi-lo através das colunas deu-nos arrepios um par de vezes. O que podemos esperar dos Dead Boys? Isto é uma simples reunião ou pode ser o começo de algo diferente? Ah, acho que é definitivamente o começo de algo… uma segunda encarnação da banda. Eu já escrevi uma música com Jake, não temos motivos para não avançar quando esta comemoração estiver fora do caminho! Em relação aos Dead Boys, tens algum arrependimento? Em primeiro lugar, a separação, nunca deveríamos ter deixado a Sire fazer isso connosco… expulsarnos da editora; deveríamos ter-nos mantido firmes, procurar um novo manager e seguir em frente.

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Olho do Cu

O terceiro olho

Todos temos um e, ao que consta, são todos iguais. Nenhum cheira bem e todos servem para fazer merda… muita merda! Também há quem os use para

outras atividades, digamos… mais lúdicas! Como o leitor já percebeu, estamos a falar do terceiro olho, mas não daquele que a tradição hinduísta diz termos no centro da testa! Não. Este olho de que falamos – também conhecido como

“rego” – é cego, não tem grande capacidade intuitiva e localiza-se nos confins das “nalgas”. É o olho do cu, nome de um zine humorístico em que a banda

desenhada e a cena metaleira portuguesa se cruzam. Fomos falar com Sandro Ferreira, mentor desta hilariante publicação, e ficámos a conhecer um pouco

melhor os segredos que o Olho do Cu tem para nos revelar. Ponham as molas no nariz e atirem-se com coragem à leitura desta mal cheirosa entrevista.

Entrevista: Dico e CSA 93 / VERSUS MAGAZINE


Dico – És fã de Metal e de BD e acabaste por conjugar ambas as paixões na zine Olho do Cu. Antes de aprofundarmos o tema da zine em concreto, explica-nos como surgiu o teu gosto pelo Metal e pela banda desenhada. Sandro Ferreira – O gosto pelo Metal surgiu em 91 ou 92. Nessa época, a oferta radiofónica, no que respeita a programas de Metal, era enorme: o “Eutanásia”, do Tramagal; o “Buraco Negro”, de Abrantes; o “Lança-Chamas” … Até em Tomar (que é a minha zona de residência), havia um programa, o “Holocausto Sonoro”. Gravei e regravei muitas cassetes com esses programas, aspetos que retratei na edição nº 4 do Olho do Cu. Em 1992, vieram os primeiros concertos, fossem mainstream (Guns’N Roses em Alvalade) ou underground (Afterdeath, Lakrau e Thornado, no Tramagal). A partir daí foi sempre a esgalhar pelas autoestradas do Inferno [risos]. Quanto à banda desenhada, julgo que todos passámos pelos Patinhas e “Donalds” desta vida. Também andei a “rebolar” nos “Majores Alvegas” e a desenhar aviões na [escola] primária. Mais tarde, na adolescência, descobri as revistas [brasileiras] MAD e Chiclete com Banana e coisas semelhantes. Tudo isso me impeliu a expressar-me

através de um lápis de grafite e marcadores. Dico – Fala-nos do teu percurso nestas áreas. Em que projetos tens estado envolvido ao longo do tempo? Por volta de 1993, formei os Dead Project, uma banda Punk de toada cómica que, na década de 2000, se transformou nos Mucky Mind, mais orientados para o Nu-Metal. Demos concertos com os MataRatos, Tara Perdida, Lovedaxit, Sarna, entre outros. Até há pouco tempo, alguns membros dos Mucky Mind tocaram nos WAKO. No que respeita à banda desenhada, apenas havia feito desenhos para flyers do [programa] “Buraco Negro”, da rádio de Abrantes. Nem sei se chegaram a ser usados, mas sempre desenhei coisas avulso, sem grande destaque. Dico – O que é que motivou a criação da Olho do Cu? Sentes que os fãs e músicos de Metal se levam demasiado a sério e que falta um pouco de humor nesta área? Sempre quis tentar fazer BD, mas não me sentia à vontade para tal empreitada (e não me considero um “banda-desenhista”), mas o Alexandre Esgaio, editor do fanzine

É Fartar Vilanagem, desafiou-me para desenhar umas coisas e eu aceitei. Daí a pensar em fazer também um fanzine foi um peido [risos]. Assim surgiu o Olho do Cu. Tudo é passível de ser objeto de humor e o Metal não é exceção. Gosto de fazer humor com as bandas e festivais de que sou fã. Realmente, alguns músicos e fãs levam-se demasiado a sério, sofrem de “bandite” e “trvite” agudas [risos], mas também acho que o Metal tem fãs bemhumorados, ou não haveria bandas como Serrabulho, Nanowar [Italianos], Vizir, Evil Scarecrow [Ingleses] e por aí fora. CSA – Que tarefas implica a existência desta zine? E quem as assegura? As tarefas são todas asseguradas por mim e por pseudónimos meus – o Negativoinfinito e O Misterioso Sr. Coiso [risos] – mas vou sempre chateando algumas pessoas para contribuírem e, por vezes, tenho surpresas. Isso aconteceu, por exemplo, na segunda edição, com o contributo do [belga] Christophe Szpajdel [também conhecido por “Lord of the Logos], criador de milhares de logótipos de bandas. As tarefas que implicam a existência deste zine passam por pensar como preencher, no

“[…]alguns músicos e

se

fãs

levam-

demasiado

sério,

sofrem

a

de

“bandite” e “trvite” agudas [risos], mas

também acho que o Metal tem fãs bemhumorados […]”

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mínimo, 12 a 16 páginas, descobrir um evento que seja um pretexto para me obrigar a criar mais uma edição (há sempre pretextos, nem que seja um funeral) [risos] e gastar dinheiro a imprimi-la ou ter a sorte de conseguir cópias de borla. No fundo, é sempre a perder dinheiro, pois, mesmo vendendo alguns exemplares, gasto sempre o dinheiro em cerveja [risos]. CSA – Como está organizada atualmente? Foi sofrendo alterações ao longo dos anos de publicação ou mantem-se mais ou menos fiel ao formato original? Isto é coisa de um ano e alguns meses, à exceção do nº 5, editado em formato A4 com capa a cores na primeira impressão (as seguintes foram a preto e branco). De resto, o zine tem sido sempre editado em A5. Além de ser mais fácil de copiar, a opção pelo preto e branco é mais económica. De resto, não há muito mais para além disto. Um dia destes tenho de roubar por aí uma fotocopiadora. As reprografias em Lisboa levam-me à falência [risos]. Dico – As histórias centrais de cada edição da zine são aquelas em que intervêm as personagens Pilhas, Talochas e Robalina, dois rapazes e uma rapariga, amigos, fãs de Metal e cujas aventuras para tentar chegar aos recintos dos festivais underground são hilariantes. Baseaste-te em pessoas reais para criar estas personagens? Os nomes dessas personagens são baseados em alcunhas carinhosas que eu e uns amigos demos a algumas pessoas do universo do Metal. Um deles tem conhecimento, os outros não são Portugueses, portanto duvido que saibam. “Pilhas” é a alcunha que demos ao Paulo, guitarrista dos Serrabulho. “Talochas” é o nome que demos a um dos guitarristas dos [norte-americanos] Lividity, que cumprimentei no “XXX”apada na Tromba [realizado a 22 e 23 de janeiro de 2016 no RCA Club, em Lisboa], porque reparei que tinha umas mãos enormes e calejadas,

daí a alcunha de “Talochas”. A Robalita era uma miúda checa que conhecemos também no “XXX”apada. Essas alcunhas foram ficando e [para compor as personagens] aproveitei uma ou outra característica dessas pessoas, o que me ajudou a criar todo um universo underground de fantasia metaleira. Dico – Com este trio, satirizas o underground nacional, referindo festivais reais e figuras conhecidas da nossa cena. O Metal português é pródigo em material para fazer humor? O Metal portugês é pródigo em material para fazer humor (assim como tudo na vida), não por ser melhor ou pior que as outras cenas. Todos fomos a concertos em que amigos nossos não viram nada por estarem em coma alcoólico e, no fim, disseram que foi brutal [risos]. Todos os fãs e músicos têm para contar histórias caricatas que davam filmes. Eu limitome a inventar outras histórias e acrescento algumas figuras da nossa cena, como o Guru Freitas ou o Ramboselas (Veiga, do Barroselas). Dico – A intensa componente vernácula é de tal forma intensa e hilariante que a sinto como uma catarse da tua parte. É assim? Eu sou a favor do palavrão! Abaixo os patifes e malvados! Viva os cabrões e os filhos da puta! É mais ou menos isto. Há alturas em que temos de deitar cá para fora um “Foda-se!”, que nos anda entalado na garganta. Já a minha avó dizia que faz mal aguentar os peidos. Dico – A vertente sexual, seja sob a forma de BD ou texto (na medida em que há diversos autores a colaborar na zine) também é de ir às lágrimas. É algo que continuarão a explorar de forma tão saudavelmente louca? Sim, como digo na página do Facebook, o Olho do Cu é uma vontade de ejaculação de ideias e de experimentar um kamasutra inteiro de pouca vergonha.

Acho que toda a gente se deixa condicionar pelo politicamente correto, pelo que temos de encontrar um escape para mandar bujardas. Todos fodemos e vemos porno, mas [transmitimos a ideia de que] somos muito santinhos. CSA – Quantas pessoas seguem a vossa zine? E quais são as suas principais características? O fanzine já vai nos 556 likes no Facebook. Em papel chega a menos pessoas, por razões de logística e de orçamento. Quem segue o fanzine são na maioria pessoas ligadas ao Metal, porque conhecem o contexto das piadas e estão um pouco mais despidas de preconceitos em relação ao politicamente incorreto. CSA – Já agora, onde podemos aceder à zine? Só há duas formas de aceder ao Olho do Cu (olha a piadinha): através do Facebook ou nos festivais e concertos onde eu marque presença. Pouco mais do que isso. CSA – Seria importante para a equipa que o fanzine fosse publicado eletronicamente, ou isso não vos parece particularmente interessante? Porquê? Sim, seria importante, mas não uma prioridade, porque gosto muito do contacto físico com o papel. O inconveniente é que o formato físico é muito dispendioso e difícil de chegar a todo o público. Por isso, vou colocando na página do Facebook algumas coisas que acontecem na edição física. Não ponho de parte um eventual alargamento do Olho do Cu às novas tecnologias, mas nunca deixando o papel. CSA – Deixa aos nossos leitores uma mensagem que os faça sentir que é essencial lerem a vossa publicação. Facebook

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Juventude Licantropa Com uma irreverência própria da juventude, mas assumindo um compromisso sério com a sua música, os Darewolf presenteiam-nos com EP cujas influências vão do Hard Rock ao Power Metal com apontamentos de Metal sinfónico. A versus esteve à conversa com Rui Baía, guitarrista e fundador da ecléctica banda. Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro | Emanuel Roriz | Ivo Broncas

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Emanuel - Falem-nos um pouco sobre a vossa história. Qual a ideia e quais as vontades que motivaram a criação deste projecto? Eu e o nosso outro guitarrista, Rui Pinto, estávamos os dois na mesma turma de secundário e, assim que descobrimos que ambos tocávamos guitarra, surgiu logo a ideia de começar a tocar juntos. Juntamente com outro amigo nosso formámos uma banda, na altura os Fallen Wings, comigo na voz e guitarra. Com a entrada para a universidade e saída do baterista a banda acabou. Ainda íamos tocando juntos por gosto, mas nada sério, até que um dia, por brincadeira, resolvemos dar um concerto num concurso de bandas com um novo baterista, para o qual ensaiámos uns fabulosos 15 minutos (para um set de meia hora) e ficamos em segundo lugar. Foi aí que o meu irmão se estreou connosco, na altura a tocar baixo e coros, mas depressa chegamos à conclusão que ele devia era estar a cantar que é onde brilha. A partir daí, o repertório foi crescendo e gravamos uma EP maquete no estúdio do Miguel Gomes dos Waterland que agora estamos a promover. A ideia, desde inicio, com a banda sempre foi de nos divertirmos a fazer o estilo de música de que gostamos e ir tocando sempre que possível pois não há melhor sensação que a de estar em palco. Eduardo – Vejo no vosso site do bandcamp que todos contribuem para a composição e letras. Como é o vosso processo de criação? - Em termos de composição, o nosso processo criativo baseiase muito em eu ou o meu irmão termos uma ideia de riff ou música e partilhamos um com o outro. Depois de alguma discussão e trabalho na ideia, mostramos a música aos restantes elementos que dão a sua opinião, são sempre os mais críticos, e, se for do agrado de todos, começamos a afinar as restantes pontas. Em relação às letras, sou eu que escrevo a

maioria das letras e depois falo com o meu irmão que, como canta, reclama sempre com a métrica porque nem sempre dá para os gritos agudos à 80’s que ele tanto adora fazer. Nós no bandcamp damos crédito a toda a gente, uma vez que todos estão presentes na criação das músicas e o baixo e solos tem liberdade para fazer à sua maneira a performance. Eduardo – Penso que o Gonçalo seja teu irmão, como é que vocês se dão dentro dos Darewolf? Quem manda? De facto o Gonçalo é o meu irmão e é ele o grande guru da música, e o pior feitio de longe, dentro da banda. Ele é que tem o maior grau de formação teórica pelo que nos ensaios e processo criativo é ele o nosso maestro. No resto, acabo por ser eu a ter um papel mais preponderante, quer seja como manager ou a tomar as rédeas da banda com ensaios e por aí fora. Mesmo em palco acabo por ser eu a interagir mais com o pessoal entre músicas uma vez que ele, talvez por ainda ser mais novo, não ter tanto à vontade, fica um bocado mais retraído. Por isso respondendo à segunda questão o Big Boss sou eu eh eh eh. Ivo - Definem a vossa sonoridade como HardRock e Powermetal, porém já afirmaram que compuseram algumas músicas mais Thrash e Sinfónico. Acham que a vossa sonoridade está a mutar, ou é apenas vontade de compor canções com um estilo diferente ao que têm até agora apresentado? Nós definimos a nossa sonoridade como HardRock e Powermetal pois no nosso EP esses foram os géneros mais preponderantes. Se repararem começamos com uma ”intro” muito sinfónica e depois são 3 temas de hardrock, para acabar com um de powermetal de 10min. Contudo, temos sempre uma ligeira orquestração pelo que o espirito sinfónico sempre se foi mantendo. No entanto, tanto eu como o

Gonçalo somos bastante ecléticos no que ouvimos, acabamos por ter múltiplas influências de vários géneros. Não nos viramos um para o outro e dizemos “epa vamos fazer grande thrashalhada agora”, apenas dependendo da nossa disposição. É o que vai saindo quando tocamos. Quando uma pessoa esta mais chateada com o mundo, sai algo mais agressivo, se estamos bem dispostos sai um hino tipo Hair Metal, se estivermos inspirados até sai algo mais épico. Como temos a sorte de ter um vocalista bastante versátil e excelente no teclado, o nosso lado mais sinfónico sobressai sempre um bocado. Eduardo – Pegando na pergunta anterior, vocês “encaixam-se” em estilos em que há inúmeras bandas (nacionais). O que têm (ou poderão vir a ter) os Darewolf para se evidenciarem perante a “concorrência”? Embora haja várias bandas dentro dos géneros que tocamos o facto de juntarmos tudo num embrulho bem catita é algo que consideramos um dos nossos pontos fortes. Não considerando nenhuma outra banda como concorrência, até porque lutamos todos para que o rock/metal seja mais reconhecido e não uns contra os outros, mas acho que o nosso vocalista tem potencial para melhorar mais e ser, ainda mais, um dos nossos destaques assim como as nossas performances ao vivo que são cheias de energia, pinturas na cara, piadas parvas, piadas menos parvas, esperemos que bastantes miúdas jeitosas e muito rock. Ivo - Referem numa entrevista que a vossa performance ao vivo tem um toque de humor. Acham que faltam bandas que assumam esse lado humorístico? A cena metal pode ser levada muito a sério e com performances muito teatrais. Como foi essa vossa forma de estar ao vivo recebida por fãs e colegas? Eu sou grande fanboy dos Steel

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Panther e achei o que eles faziam em palco genial, são todos músicos excelentes e levam o que fazem muito a sério, mas os personagens deles são paródias exageradas e têm bastante piada. Nós não sendo uma banda humorística tentamos implementar um bocado o humor como eles fizeram. Acho que, no metal e rock no geral, as bandas gostam muito de manter a imagem de “Badasses” de cabedal, mas a maior parte do pessoal tem todo um sentido de humor apurado. Nós só tentamos levar isso para cima do palco também. Também gostamos das performances teatrais e, assim que possível, vamos incorporar também isso nos nossos shows. No geral, o público parece gostar desta nossa abordagem. No fim, quando falam connosco, dizem que não só gostaram das músicas como adoraram a nossa atitude em palco. Também já ouvi a crítica que sou um palhaço por isso não é unanime, mas também nada o é. Ivo - Podemos constatar que hoje em dia há um interesse quase global em dar um novo ânimo a estilos de música mais clássicos (se é que os podemos definir assim), em detrimento de outros que surgiram mais recentemente. Como músicos, e acima de tudo como fãs de música, como explicam a grande aceitação que o público está a ter a esta tendência? Acham que isto não é mais do que a vontade do público? Eu ficava aqui horas a insultar a música que se faz hoje em dia, na esfera comercial, mas focando-me apenas na esfera do rock/metal, acho que com o fim das bandas antigas, aos poucos as saudades levaram a um revivalismo. Isso e porque me parece que as editoras ao descobrirem um novo

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subgénero, com alguma tração, espremem aquilo até ao tutano e as pessoas acabam por se fartar disso. Aconteceu com o Nu-metal, metalcore e, hoje em dia, forçam o djent. São estilos que tem a sua piada, mas acho que o público gosta do heavy-metal clássico e as suas variantes (power, thrash, death…). No entanto, de certeza que também há uma mãozinha das editoras a forçar um bocado. Eduardo – Estive a ouvir o EP e o tema que me chamou mais à atenção foi “Silent Cry”, um tema com dez minutos e meio que é diferente dos restantes… O que tem este tema de especial? Esse tema de facto é diferente dos outros gravados. Já a abrir o EP temos uma introdução com orquestra e aqui usamos mesmo a orquestração como elemento crucial para a música, foi o nosso expoente mais power metal puro que tínhamos composto na altura e achamos que era uma boa forma de nos introduzir ao público e um final adequado para o CD. Também tem a nossa letra mais “profunda” e é um dos temas que mais gostamos de tocar. Ao vivo, para evitar cansar as pessoas, fazemos uma versão mais reduzida. Emanuel - Com este EP já lançado há cerca de um ano, qual tem sido a vossa ocupação entretanto? Temos vindo a promover o EP sempre que temos oportunidade de tocar ao vivo e temos estado a afinar ainda mais as músicas já gravadas e compondo novos temas. O facto de sermos todos estudantes também nos ocupa muito o tempo, temos três elementos a finalizar a universidade e dois ainda no

secundário o que dificulta sempre um bocado as coisas Emanuel - O que têm planeado para um futuro próximo a nível de concertos, música nova e novos lançamentos? Como disse na questão anterior, estamos a afinar as músicas do EP, pois tencionamos começar a gravar ainda este ano o nosso primeiro CD completo, no qual queremos regravar as músicas já gravadas com melhor qualidade e mais umas novas que temos andado a preparar desde a gravação do II-I. A nível de concertos, neste momento não temos ainda nada agendado, mas estamos a tratar disso porque o que mais gostamos é de tocar ao vivo e tocamos onde quer que haja hipótese.


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SOEN + MADDER MORTEM + HEAVENWOOD 20/10/2017 - Hardclub - Porto Reportagem: Elsa Mota (& Eduardo Ramalhadeiro) Fotos: Eduardo Ramalhadeiro

(Agradecimento Especial: Bruno Simões - Free Music)

O dia estava chuvoso, desagradável até para se andar na rua. No entanto, a noite prometia. Mais uma vez o Hard Club preparava-se para receber um grande concerto – Soen. O super-quinteto veio a Portugal para apresentar o seu mais recente «Lykaia». Bem… mas a noite não foi só dos Soen. Os Heavenwood começaram por abrir as hostilidades, com Miguel Inglês na voz, iguais a si mesmos, energéticos, qual comboio sonoro destruidor, desbastando ainda as poucas almas que se encontravam na sala. O setlist foi muito interessante com especial incidência no «The Tarot of the Bohemians» e os restantes temas revisitando os restantes álbuns, terminando com “Frithiof's Saga” do álbum de estreia «Diva». Aquando da subida ao palco dos Madder Mortem, o ambiente já estava “quente” mas os Noruegueses liderados pelos irmãos Agnete e BP elevaram ainda mais a “temperatura”. Pela segunda vez em Portugal – a primeira foi no saudoso Hard Club como suporte dos Opeth, em 2003, os Madder Mortem promoveram «Red In Tooth And Claw», álbum já com um ano de lançamento. No entanto, a presença, a voz e o carisma de Agnete Kirkevaag faz com que a banda se distinga num meio musical cada vez mais genérico e porque não… fútil. O concerto foi emotivo, nota-se que o músicos se entregam de corpo e alma e não se limitam a descarregar notas e distorção. Uma boa preparação, portanto, para o concerto dos Soen. Este setlist acabou de uma forma soberba, com dois dos melhores temas do último álbum: “Follow Season” e “Underdogs”. Sensivelmente à hora marcada subiram ao palco a banda porque todos estavam à espera, Martin Lopez e companhia demostraram porque são uma das grandes bandas progressivas do momento – ou melhor, destes últimos anos. Pela terceira vez em Portugal, os Soen captam na perfeição a essência entre os Tool e Opeth, desenvolvendo ao mesmo tempo uma personalidade musical muito forte e vincada. Isto ficou mais uma vez demonstrado no Hard Club. Notas e sons melancolicamente aveludados; músicos que têm de tão discretos como de eficientes, melodias que fazem o espaço sideral parecer pequeno, acolhedor, tímido… quase intimista. O ponto alto deste concerto que ficará nos anais dos melhores concertos do Hard Club terá sido “Pluton”, inexplicável e só compreendido por quem lá esteve. De resto, um concerto para promover o mais recente «Lykaia» mas ao qual não faltaram os melhores de «Cognitive» e «Tellurian»: “Tabula Rasa”, “Kuraman” ou “Fraccions”. Se a noite estava fria, a alma (para quem ainda a tem…) saiu de lá quentinha e aconchegada.

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RASGO + MINDTAKER 27/10/2017 - RCA Club - Lisboa Reportagem: Nuno Lopes Fotos: Vera Beleizão

(Agradecimento Especial: Rastilho Records)

Foi uma sala esgotada que recebeu os Rasgo, eles que são a nova sensação do Metal nacional e, não foi preciso muito tempo para se perceber o motivo. Os elementos da banda trazem muitos quilómetros e muita experiência acumulada, no entanto, a banda emana a confiança necessária para dar um concerto irrepreensível, mas já lá iremos. É necessário dizer-se que «Ecos da Selva Urbana» era um disco esperado há muito, principalmente depois da surpresa que foi a actuação na abertura de Slayer e, claro, o conecrto no VOA 2017, aliado a isso, a banda soube gerir a expectactiva, em muitos casos aumentando-a. No entanto, nem a banda parecia acreditar na sala cheia que ansiava por este disco e por esta actuação. Este factor trouxe o aconchego que o quarteto precisava e, logo ao primeiro tema, «Propaganda Suicida» o barco levantou âncora e zarpou. Paulo Gonçalves, mesmo não estando nas melhores condições, mostrou o porquê de ser um dos melhores vocalistas nacionais, enquanto que tinha a seu lado a dupla Sarrufo e Ruka que teimava em mostrar que os Rasgo não são um supergrupo, apesar de ainda terem, ainda Filipe Sousa no baixo e Ricardo Rações na bateria são sim, uma banda nova que gosta do que faz e sente o prazer de uma criança quando lhe dão um brinquedo novo. «Ergue a Foice», «O Líder» e «Faca Romba» são os temas que se seguem, sem nunca tirar o pé do acelerador, até que chega, enfim, o tema-lema da banda, «Homens ao Mar» que levou a sala lisboeta ao rubro,isto já depois de uns quantos stage dives. Aliás, este foi o tema que começou o que poderia ser chamado de 2ª parte do concerto porque a partir daí, os Rasgo elevaram a fasquia e foram atirando autênticas acendalhas para o público, que reagia como podia, como conseguia. Antes da sublime versão de «Cão da Morte», dos Mão Morta, houve espaço para «A Besta» chegar. Como não podia deixar de ser para o final ficou guardado «Vulgo Vulto», num daqueles momentos que ficará guardado nas nossas memórias durante muito tempo e que terminou uma actuação enorme com um gesto enorme de Paulo Gonçalves, também ele a fazer stage diving. Memorável. Se dúvidas, ainda, existissem sobre os Rasgo, elas desapareceram. O barco está à solta mas sabe o seu caminho. Já agora, quem disse que a língua portuguesa não é Metal? Antes os alentejanos Mindtaker destilaram o seu Thrash/Crossover com sabor a cerveja que, apesar de algumas falhas, aqui e ali, a banda mostrou que merece atenção e que, principalmente, merece ter o disco há muito esperado. A festa não era deles, no entanto, os alentejanos souberam ser parte da festa, elevando assim, o espirito que já existia na sala lisboeta. O Metal faz-se destes momentos e, como disseram os Mindtaker «Drink Beer For Thrash», principalmente se for nacional.

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MAYHEM + THE OMINOUS CIRCLE + DRAGGED INTO SUNLIGHT 12/10/2017 - Lisboa ao Vivo Reportagem/Fotos: Frederico Figueiredo (Agradecimento Especial: SWR Inc.)

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Considerado o “non plus ultra” do movimento black metal, o álbum “De Mysteriis Dom Sathanas” (1994) dos noruegueses Mayhem foi interpretado na íntegra, traduzido num espetáculo figurativo que tomou lugar no palco Lisboa ao Vivo, com duas notórias bandas de abertura. The Ominous Circle (Porto) apresentaram o seu álbum de estreia, “Appaling Ascension”, um trabalho que tem merecido relativa projeção internacional através da chancela da Osmose Productions. A escolha da banda revelou-se adequada, tendo o ritual da noite sido iniciado com austero dramatismo por este conjunto de enturbantadas entidades da terra de Mordor, as quais desferiram no público uma esotérica chapada de brutal death metal com riffs de corrosividade ciclónica e tumultuosos assaltos de bateria. A passagem para os britânicos Dragged into Sunlight não se antevia menos hostil, tendo este coletivo ganho merecida reputação no underground, como uma espécie de Eyehategod forçados pelo sistema digestivo dos Anaal Nathrakh. À semelhança dos lusos antecessores, a banda ornou o palco com adereços alusivos a rituais de missa negra e relicário esquelético, o qual encabeçava a reduzida capacidade do palco como uma macabra advertência para a atuação que iria tomar lugar. Após a conclusão da preparação cénica, o pessoal das trincheiras (vulgo fotógrafos) foi benzido por intrusivas bafuradas de vapor, subtilmente temperadas pelo delicado aroma de incenso que exalava do altar (o equivalente às manobras de dispersão policial, com o menos convidativo gás pimenta). O anonimato destes perpetradores de agressão sónica foi garantido pela postura cabisbaixa de costas viradas para o público. A banda permitiuse, contudo, à indulgência de um vigoroso headbanging e ocasionais momentos de extroversão, por parte do baixista, que agraciava o público com a sua fronte. Apesar de uma ciosa atuação, com exaltada prestação suínica das vocais e hiperatividade dos ritmos, o tema que adornava o palco através da monótona impavidez dos seus elementos decorativos, parecia de certa maneira desconchavado com a farpada aspereza do som, sendo que, os elementos em causa revelaram-se de uma natureza estranhamente subtrativa. Após a sobrevivência a um ataque epilético, fruto das investidas estroboscópicas do segundo ato, vimos o cenário ser novamente enfeitado para os cabeça de cartaz, evidenciando-se, de imediato, a estrutura geodésica da bateria de Hellhammer. A artificialidade pouco sugestiva da componente cénica através de esqueletos de plástico e restantes props, foi algo desanimadora, fazendo lembrar uma versão aguada de Alice Cooper na “Passagem do Terror” da Feira Popular de Lisboa. A este aspecto, acresceu-se o singelo apelo da banda aos fotógrafos para que estes fizessem o possível para não atrapalhar a fruição do concerto por parte do público. Esta legítima preocupação cívica, equacionada com os restantes elementos referidos, afrouxou um pouco o mito de estarmos perante uma das bandas de metal mais ameaçadoras do movimento. A presença da banda não ficou, contudo, completamente despida de aura enigmática, tendo o código de indumentária sido zelosamente cumprido através das vestes de monges satânicos e convencional corpsepaint. O vocalista Attila Csihar mantem-se uma das figuras mais emblemáticas e carismáticas no universo do metal, fazendo juz ao seu estatuto pela sombria deambulação em palco e aterrorizante prestação vocal. Deverá ser, também sublinhada a retumbante e cavernosa presença da bateria, notável sobretudo no solo da faixa “From the Dark Past”, sendo esta capaz de causar calafrios num corpo em rigor mortis. A atuação foi tão teatral como a envolvente, procurando reproduzir figurativamente a essência de ritual satânico, alusivo este ao título do álbum que se encontrava a ser reproduzido na íntegra, “De Mysteriis Dom Sathanas”. Apesar da exímia qualidade da atuação, contando esta com dois dos membros originais da gravação de 1994 (Attila Csihar nas vocais e Hellhammer na bateria), algo de “real” faltava para fazer o viscoso negrume da morte respirar por entre a fluorescente simulação de névoa, levando sobretudo em consideração a macabra biografia que precede a banda.

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SWANS + BABY DEE 09/10/2017 - Lisboa ao Vivo Reportagem/Fotos: Frederico Figueiredo (Agradecimento Especial: Amplificasom)

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35 anos de carreira a vergar o underground às maquinações experimentais da profícua mente de Michael Gira, encontraram um avassalador epitáfio na tourné que acompanhou o lançamento de “The Glowing Man” (2016), e o fim de mais uma mutação na carreira dos Swans. O ato de abertura encontrouse a cargo de Baby Dee, uma talentosa multi-instrumentalista, performance artist, ícone de transsexualidade e veterana de sideshows. A entrada em palco da artista, afigurou-se como um fantasma levitado de um pesadelo celulóide partilhado entre Friedrich Murnau e John Waters, marcando a premissa de uma atuação a recriar um estilo de bizarro cabaret, recortado de um pub irlandês, num dueto de acordeão e viola. A artista seduziu e intrigou a audiência como uma ébria cançoneteira, revelando uma aura situada algures entre o grotesco e o sobrenatural. Títulos como “When I Get Home” e a sua alusão à violência doméstica, passando por canções sobre o calvário, até às referências sexualmente insinuantes ao guitarrista (sobrinho), apimentaram a bucólica sonoridade das composições com um toque de inquietante sugestividade, desviando um pouco o foco de ansiedade direcionado para a atuação da noite. Após a conclusão do estonteante ato de abertura, iniciou-se a sessão com a ameaça de uma pulsação protofónica, em forma de duelo mudo de cordas, até esta se materializar numa agressão umbilical aos nossos tímpanos. Seguiramse riffs arrastados a conduzir uma gargantuana marcha fúnebre, revelando-se, então, o inalienável Leviatã de peso que são os Swans. Esta sincopada malha moribunda encontrava-se solenemente transfigurada na presença do seu mentor, Gira, portando este a venerável lividez de uma máscara de morte, a qual, a dada altura da cerimónia, ameaçava derreter-se sob a ação sulfúrica da luz do palco, enquanto, sugestivamente, eram entoadas as palavras “I am washing (your skin)” do salmo “Cloud of Unknowing”. Tal como esta, a atuação da noite incidiu sobretudo em versões revisitadas da discografia mais recente, como a interpretação marcial de “Screen Shot” ou a assombrosa rendição de “Cloud of Forgetting”, orquestradas pelo missionário de braços abertos e gestos espasmódicos, como um veículo possuído, catalisando a delirante cacofonia de um dissonante exorcismo. As vocais libertavam-se, hipnoticamente, de uma jaula toráxica com a dissipação emanente de uma oração, tentando o seu fluxo ser capturado pelas sublinhadas linhas persecutórias do baixo, relembrando um pouco os saudosos Tool. A cerimónia teve que ser, entretanto, interrompida, sob pena de abreviação do espetáculo, dadas as condições exageradas de ventilação da sala. Este ligeiro fator de entropia não foi contudo de grande consequência para a aura trepidante que emanava do palco, com mantras que vibravam com a venosa ressonância de um calor atávico, sob a tensão ofegante dos ritmos que pautavam o crescendo para um colapso. Numa atuação a glorificar duas horas de espetáculo, fomos, com o canto negro do cisne, entregues à balsâmica redenção da rendição.

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MOONSPELL 01/11/2017 - Hard Club Reportagem: CSA Fotos: Eduardo Ramalhadeiro (Agradecimento Especial: Sara Espírito Santo)

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O terramoto de Lisboa… no Porto! Os Moonspell passaram pelo Hard Club do Porto para apresentar o seu novo álbum «1755». Só que os caprichos do agendamento dos concertos determinaram que o do Porto tivesse lugar no dia 1 de novembro – Dia de Todos os Santos – que corresponde precisamente à data em que ocorreu o terramoto em Lisboa, no longínquo séc. XVIII. Podemos dizer, sem exagerar, que este concerto constituiu um autêntico “terramoto”: nem o futebol desarmou os fãs, que produziram longas e sinuosas filas no hall de entrada do Hard Club e encheram até às portas a Sala 1. Mas ainda melhor que o número de pessoas presente foi o entusiasmo, o fervor – quase diríamos a devoção – com que estas “almas” assistiram ao tão esperado concerto. A banda sempre liderada por Fernando Ribeiro – sem que a sua exuberância faça esquecer os restantes elementos – deu início ao espetáculo com “Em nome do medo”, a primeira faixa de «1755», que provoca realmente um calafrio na espinha, até pelos jogos de voz que o vocalista aplicou na sua interpretação. Depois, foi “desfiando” as restantes canções do álbum: “1755”, “In Tremor Deo” (com Paulo Bragança presente no palco), “Desastre”, “Abanão”, “Evento”, “1º de novembro”, “Ruínas”, “Todos os santos” (que não valeram a Lisboa, segundo reza a letra da canção, de forma bastante irónica). O álbum não contou apenas com a qualidade de interpretação a que Ricardo Amorim e Pedro Paixão (nas guitarras), Mike Gaspar (na bateria) e Aires Pereira (no baixo), além do incontornável Fernando Ribeiro (na voz), nos habituaram. Houve arranjos de orquestração, duas vozes femininas a fazer coro sublinhando os momentos mais emocionantes das canções, um cenário dantesco projetado na parte de trás do palco e verdadeiras encenações, que passaram pelos trajes envergados pela banda – com destaque para o vocalista – e ainda pelo recurso a acessórios – como uma cruz que emitia raios de luz vermelha a partir do ponto onde os dois braços se cruzam com a trave vertical – ou uma lanterna – a dada altura a única luz presente na sala – quando foi a vez da cover de “Lanterna dos Afogados” – dos brasileiros Os Paralamas do Sucesso – canção que não nasceu com este álbum, mas parece ter sido feita de propósito para encerrar «1755» com chave de ouro (como se costuma dizer a propósito do soneto clássico). Dado o público não estar nada disposto a arredar pé e também porque “noblesse oblige”, a banda não hesitou em fazer um encore em que aproveitou para recordar alguns dos seus maiores êxitos, certamente selecionados especialmente para complementarem a atmosfera criada por «1755». Abriu com “Opium” – um single do afamado «Irreligious», que é sempre lembrado pela evocação de Álvaro de Campos, um dos heterónimos de outro Fernando (este Pessoa) – a que se seguiram “Awake”, do mesmo álbum, “Night Eternal” (do álbum homónimo, também ele evocador de cenários apocalíticos), “Vampiria” (do saudoso «Wolfheart»). O ponto alto desta segunda parte do concerto foi assinalado pela interpretação de “Alma Mater” (também do álbum de 1995) – sempre emocionante pela sua “antiguidade” e “portugalidade” – e, para fechar definitivamente, o público acompanhou a cantar entusiasticamente a não menos célebre “Full Moon Madness”.

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