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O sapato que miava

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S Y L V I A O R T H O F O sapato ue MIAVA

ilustrações

S Y L V I A O R T H O F

O sapato ue MIAVA

ilustrações

I v a n Z i g g

Prêmio Abril de Jornalismo

Melhor Tema de História Infantil - 1985

Prêmio Ofélia Fontes - FNLIJ / 1988

Altamente Recomendável para crianças

Paraná – 2021

Copyright © 2021 by herdeiros de Sylvia Orthof. Todos os direitos reservados à EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT

Rua Imaculada Conceição, 1155 – Prédio da Administração – 6o andar Campus Curitiba – CEP 80215-901 – Curitiba – PR Tel. (0-XX-41) 3271-1701

Editor assistente Bruno Salerno Rodrigues Revisoras Lívia Perran e Marina Nogueira

Dados da Catalogação na Publicação

Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/PUCPR

Biblioteca Central

Pamela Travassos de Freitas – CRB 9/1960

Orthof, Sylvia, 1932-1997 O77s O sapato que miava / Sylvia Orthof ; ilustrações Ivan Zigg. – 1. ed. –2021 Curitiba : Champagnat, 2021. 24 p. : il. ; 28 cm.

ISBN 978-65-89590-12-5 (livro literário do estudante) 978-65-89590-13-2 (livro literário do professor)

1. Literatura infantojuvenil. I. Zigg, Ivan, 1959-. II. Título.

21-104

CDD 20. ed. – 028.5

Com muita corujice.

Para Nina, minha neta.

ona Velha

tinha um gato:

era um gato bem gatinho, era um gato riscadinho, chamado gato Deodato.

Dona Velha também tinha um velho par de sapatos.

Eram sapatos

enormes, bem macios.

Eram sapatos bem velhos, os tais sapatos da velha, Dona Velha, a do gato.

Aquela velha que tinha dois sapatos... e tinha um gato.

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A casa da Dona Velha

era uma casa velha, com uma velha torneira que vivia resfriada, pingando água, plim, plim, pelo nariz da torneira.

A casa da Dona Velha também tinha uma poltrona: era uma poltrona-balanço, onde a velha balançava até dormir.

Era uma cadeira-descanso.

Quando a velha cochilava, a torneira respingava, a velha tirava os sapatos, dormia e descansava, balançava.

Aí o gato Deodato entrava, bem de mansinho, para dentro de um sapato, e se enroscava e dormia, o gatinho Deodato.

Enquanto isso, de fato, a cadeira balançava, Dona Velha cochilava, e a torneira pingava.

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Quando a velha acordava, a velha se espreguiçava, mexendo cada dedão do seu pé.

Depois calçava os sapatos, e o chulé, sem descalçar o Deodato... que dormia no sapato!

Lá vai a Dona Velha, calçando seu velho sapato, com o chulé encolhido, mancando por causa do gato... que não saiu do sapato!

Lá vai a velha pra feira, cada passo é um miado, pois o gato Deodato, no sapato apertado, miava a cada passo:

– Miau! Miau! Miau! Miau!

Lá vai a velha engatada, e o sapato vai miando, a cada passo da velha, o coitado do gatinho sofria e se esgoelava:

– Miau! Miau! Ui, ai, sapato! Eu sou o pobre Deodato!

Lá vai a velha mancando, manca-miando um sapato!

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Dona Velha chega à feira, compra quiabo, erva-cidreira, compra cenoura, compra feijão.

Compra toicinho, ovos fresquinhos, peixe, bananas e camarão.

Enquanto isso, o gato, o pobre do Deodato, se espremia e miava, por causa de um dedão que lhe apertava o focinho, ai, que cheiro de chulé!

Um gato miava alto.

Um gato... ou um sapato?

Ou será que o tal miado era do gato, ou do pé?

O gato era pequeno, e o sapato era grande.

O pé miava no gato?

O gato ficou com um calo?

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E o pé vai adiante, toma o caminho da estrada.

Passa um boi, passa uma vaca, no meio de uma boiada.

Passa um pato, passa a pata, passa a cabra, passa o bode.

Passa rio, passa ponte, passa peixe, passa água.

Passa o tempo, corre e foge... como pode?

Até que passa um velho, que passa com seu cachorro, o vira-lata Fedelho.

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- M ia u!

– gritou o pé da velha, com o gato no sapato.

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- A u! A u!

– latiu o cachorro, ali, no alto do morro.

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Au, miau, que confusão: o vira-lata Fedelho arrasta, pela corrente, o seu dono, aquele velho!

– Socorro, gente!

Saiam da frente!

Ai, que sou um velho-velho, e meu cachorro puxando, eu aguento... até quando?

O pé da velha correndo, com o gato no sapato, miando, corre na frente.

Atrás, o velho arrastado, o cachorro, a corrente.

Que correria: o sapato, o gato, a velha, o vira-lata Fedelho, e o velho muito velho.

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E como acaba a história?

Se não me falha a memória, acabou assim, assado:

O velho casou com a velha, na igreja do povoado.

Muita gente foi pra festa, muito bicho foi também.

O gato foi no sapato.

Depois o velho casal foi morar na casa velha.

O gato mia no sapato... e o cachorro Fedelho agora late um au, au, quando o seu querido velho calça o seu velho chinelo.

Pois o cachorro, encolhido, aprendeu, foi com o gato:

O cachorro no chinelo.

O gato, lá no sapato.

Cada qual em sua cama.

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Quando o velho vai e calça, no velho pé, seu chinelo, aperta dentro o Fedelho.

– Au, au! – late o pé do velho.

O cachorro no chinelo, e o gato no sapato.

E a velha com seu velho, eu juro: foi assim, de fato!

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Informações paratextuais

Querida leitora, caro leitor, bem-vindos a O sapato que miava! O texto deste livro foi escrito pela Sylvia Orthof. Ela nasceu na capital do Rio de Janeiro, em 1932, e morreu em Petrópolis, na região serrana desse estado, em 1997. A Sylvia também morou em Paris, na França!

Oh là là! É verdade! Ela estudou teatro, mímica, desenho e pintura por lá. E ainda foi atriz!

Sabia que o Ivan Zigg, que fez os desenhos do livro, ou seja, as ilustrações, também tem outra profissão?

É mesmo?

Sim! O Ivan é músico. Neste livro, ele realizou um grande sonho ao ilustrar uma história da Sylvia. Para isso, Ivan escolheu a técnica favorita dele: pincel e tinta acrílica.

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Que luxo! E é interessante também saber o gênero literário do livro. O sapato que miava é do gênero conto, ou seja, uma história curta, com poucos personagens e enredo simples.

Sim, bem legal! E os jogos de palavras, então?

Elas se repetem ao longo da história e rimam — como gato, sapato e Deodato. Tem também as onomatopeias...

É bem verdade! Sabe, achei incrível a forma como o livro trata do tema da velhice na nossa sociedade, de maneira muito divertida. Onomatopeia! Um nome complicado para dizer uma coisa simples: palavra que imita um som ou barulho, tipo “au-au”. Amei! Agora vou ficar esperto para sair logo do sapato antes de a minha dona chegar. Miaaaau!

Onomato-quê?

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Nessa história amalucada, sapato mia, chinelo late e a velha anda pra lá e pra cá, sem desconfiar que a confusão já está armada.

Será que o gato Deodato vai escapar com vida?

Será que a velha vai se apaixonar e viver feliz pra sempre?

9280302000028 9 786589 590125 ISBN 978-65-89590-12-5
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