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O Cavalo Transparente

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O CAVALOTRANSPARENTE

SUPPA ILUSTRAÇÕES SYLVIA ORTHOF

O CONTO O CAVALO TRANSPARENTE FOI CONSIDERADO ALTAMENTE RECOMENDÁVEL PARA CRIANÇAS PELA FUNDAÇÃO NACIONAL DO LIVRO INFANTIL E JUVENIL – FNLIJ (1987).

A PEÇA TEATRAL GANHOU OS SEGUINTES PRÊMIOS:

• PRÊMIO APCA, NA CATEGORIA MELHOR ESPETÁCULO DO ANO EM TEATRO INFANTIL (1990).

• PRÊMIO FNLIJ, NA CATEGORIA TEATRO (2002).

SYLVIA ORTHOF

O CAVALOTRANSPARENTE

SUPPA ILUSTRAÇÕES 1a edição São Paulo – 2015

Copyright © herdeiros de Sylvia Orthof, 2015

Todos os direitos reservados à EDITORA FTD S.A.

Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP

CEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000

Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970

Internet: www.ftd.com.br

E-mail: projetos@ftd.com.br

Diretora editorial Ceciliany Alves

Gerente editorial Valéria de Freitas Pereira

Editores assistentes J. Augusto Nascimento e Luís Camargo

Revisora Bruna Perrella Brito

Editora de arte Andréia Crema

Projeto gráfico e capa Raquel Matsushita

Diagramação Cecilia Cangello | Entrelinha Design

Editoração eletrônica Paulo Minuzzo

Diretor de operações

e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno

Sylvia Orthof nasceu no Rio de Janeiro, em 1932. Uma das mais importantes escritoras brasileiras de literatura infantojuvenil, escreveu cerca de 120 títulos, entre narrativas em prosa e verso, teatro e poesia. Sua obra tem sido objeto de vários estudos universitários. Recebeu inúmeros prêmios, tais como o Jabuti, APCA, FNLIJ e Menção Especial no catálogo White Ravens, da Biblioteca Internacional da Juventude, Munique, Alemanha, em 1996. Faleceu em 1997.

A utilização das músicas originais desta peça em espetáculos deve ser autorizada pelo compositor Marco Aurêh (<www.marcoaureh.com.br/>).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Orthof, Sylvia

O cavalo transparente / Sylvia Orthof; Suppa, ilustrações. – 1. ed. São Paulo: FTD, 2015.

ISBN 978-85-20-00093-9

1. Literatura infantojuvenil I. Suppa. II. Título. 15-00694

Índices para catálogo sistemático:

1. Literatura infantojuvenil 028.5

2. Literatura juvenil 028.5

CDD-028.5

O conto O cavalo transparente foi publicado pela Editora FTD (1987). A peça teatral foi publicada pela EDC – Editora Didática e Científica (2001) e pela Quinteto Editorial (2003).

6 9 15 19 29 33 41 46 72 TODA A HISTÓRIA É UMA BOLHA DE SABÃO? AS CARTAS DO BARALHO CIGANO O MISTÉRIO INVISÍVEL A ILHA DOS MACAQUINHOS AS VOZES GRUTAIS A MADAME DO MAR CHATO-CHATO-AMASSADO! PEÇA TEATRAL PARTITURAS

TODA A HISTÓRIA É UMA BOLHA DE SABÃO?

Tem uns arrependimentos que carregamos vida afora...

Um de meus maiores arrependimentos é o de não ter convivido mais de perto com Sylvia Orthof. E olha que dava! Éramos vizinhas de serra fluminense: ela morava em Petrópolis; eu, em Teresópolis.

Mesmo pequena, a convivência com nossa “fada fofa” gerou um problema (ou solução?), diante da honra feliz de escrever a apresentação do livro. Não sei os outros, mas eu não consigo separar a vida da obra de Sylvia.

Quem sabe essa não seja uma de suas maiores virtudes? Afinal, há coisa mais prática e gostosa do que uma fada que faz bolo, arte e mágica com os mesmos ingredientes? Sylvia era única no jeito de ser e na obra. Uma graça, em todos os sentidos!

Este livro reflete a exuberância da autora. Apesar de o cavalo da história ser transparente, ele revela-se em prosa, verso, peça teatral, partituras das músicas de Marco Aurêh e nas belas ilustrações de Suppa.

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Quem julga que a narrativa, na primeira parte, estraga a surpresa da peça que vem a seguir, muito se engana. Sylvia, única e misturada, comportada e aloprada, sempre surpreende. Coisas de fada...

O cavalo transparente é desses textos que você torce para não acabar. E não acaba mesmo, já que, ao contrário do título da apresentação (que roubei da peça, igual a sereia da história, divertida e cleptomaníaca), a obra de Sylvia Orthof não é bolha de sabão – ela veio para ficar.

Minha sugestão é que você não perca tempo. Junte-se à cigana Carmen e ao cavaleiro Montaria, suba no cavalo transparente, antes que ele fique inchado “de um vento chamado liberdade” e parta para outra história.

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FLÁVIA SAVARY

AS CARTAS DO BARALHO CIGANO

Carmen, ou Carmelita, a cigana, estava nervosíssima. Suas tranças escuras estavam arrepiadas de tanta aflição. E Carmen, que gostava de ser chamada de Carmelita, corria pra lá... e corria pra acolá.

Tinha até certas horas em que Carmelita corria pra cá, bem pertinho de mim. Numa dessas horas, escutei Carmelita cantar:

– Procuro um vidro de quase cristal, um vidro escuro, mistério total.

Procuro um vidro de brilho de sol, perdi este vidro, ai, água, ai, sal!

Perdido vidrinho de grave segredo, se ele derrama...

que medo!

Carmelita, apesar de muito amedrontada e nervosa, cantava. Era uma cigana cantante, prima de outra Carmen, que era cigana de ópera.

Pois Carmelita era assim, um pouco teatral, descabelada e aflita. Sobretudo, aflita.

E Carmelita corria e procurava, ali, na beira do mar.

É difícil achar os perdidos no fofo das areias... E se o tal vidrinho fosse tragado pelas ondas? Se a rolha soltasse o mistério...

Havia um mistério dentro do vidro. O descabelamento de Carmelita demonstrava isso, em cada fio arrepiado de preocupação!

Você sabia que os ciganos são pessoas muito especiais? Eles entendem de passado, presente, futuro... mas sabem de tudo isso através das cartas dos baralhos.

Pois Carmelita, de repente, sentou na beira do mar, abriu sua bolsinha de cetim, tirou um baralho muito gasto e dispôs as cartas sobre a brancura da areia, em gestos de quem conhece os mistérios calados.

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Carmelita lia o futuro, querendo saber do vidrinho perdido: – As cartas não mentem jamais... mas não vejo o que elas querem me dizer! Aqui está uma viagem, um cavaleiro, um cavalo... será um cavalo-marinho? Uma notícia, uma aventura... Mas cadê a resposta para aquilo que quero saber? – dizia Carmelita, nervosa.

De repente, cavalgando o ar, chegou um cavaleiro. Ele galopava, mas por debaixo dele só tinha vento.

– As cartas disseram que ia chegar um cavaleiro: ele chegou! Mas, credo, gente! Cadê o cavalo do cavaleiro? – perguntou Carmelita.

E o cavaleiro respondeu:

– Senhora, dona Cigana, sou cavaleiro andante, meu cavalo Rocinante

é cavalo diferente:

é todo feito de água, por isso, é transparente!

– Seu cavalo é transparente, mesmo? – perguntou Carmelita.

– É transparente e inteiro: tem cascos, crina e traseiro! – respondeu o rapaz, também cigano.

Carmelita pensou um pouco. Era preciso algum tempo para compreender os mistérios. Será que era aquilo que as cartas do baralho tinham insinuado?

– O meu nome é Carmelita!

– Eu me chamo Montaria! – respondeu o cavaleiro, fazendo uma curvatura.

– Mas... Montaria não é o cavalo? – perguntou a cigana.

– Não: meu cavalo transparente chama-se Rocinante. Eu me chamo Montaria, porque monta em mim a poesia! – disse o cavaleiro, rimando a resposta.

– E eu sou uma cigana muito aflita, sou Carmelita... perdi um vidro na beira do mar... e, se a rolha do vidro se desprender, algo terrível pode acontecer! Se o vidro derramar o que a rolha segura...

– Vai ser uma loucura? – continuou a rimar o cavaleiro cigano.

– É isso aí! – respondeu a moça.

Montaria ficou muito pensativo. Rocinante deu um relincho que assustou uma onda, que ficou alta, alta, toda encrespada. Aquela onda nunca tinha visto um cavalo que não se vê... e continuou a não ver, de olhos d’água arregalados.

As ondas têm olhos d’água, você sabia?

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OMISTÉRIO INVISÍVEL

Montaria era um cavaleiro viajante. Por isso, depois de meditar um pouco, ele foi para perto do cavalo e sussurrou ao ouvido dele:

– Rocinante, que tal convidarmos a cigana para um galope sobre as ondas?

Naturalmente, Montaria errou a anatomia invisível do cavalo e perguntou tudo isso para a nádega esquerda de Rocinante.

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