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O Gato de botas

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Recontado por

Ana Maria Machado

Ilustrações de Arthur Vergani

1ª. edição

São Paulo – 2018

Copyright © Ana Maria Machado, 2018

Todos os direitos reservados à EDITORA FTD S.A.

Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000

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Ana Maria Machado é autora de mais de cem livros. É traduzida em 26 países. Em 2000, ganhou o Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infantil. Em 2001, recebeu o maior prêmio literário nacional, o Machado de Assis. Em 2003, entrou para a Academia Brasileira de Letras. Em 2010, recebeu o Prêmio Príncipe Claus, da Holanda, concedido a artistas e intelectuais de reconhecida contribuição nos campos da cultura e do desenvolvimento.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Machado, Ana Maria

O Gato de Botas / recontado por Ana Maria Machado; ilustração Arthur Vergani. – 1.º ed. – São Paulo: FTD, 2018.

ISBN 978-85-96-01177-8

1. Contos - Literatura infantojuvenil I. Vergani, Arthur. II. Título.

17-07198

CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático:

1. Contos: Literatura infantil 028.5

2. Contos: Literatura infantojuvenil 028.5

tempo em que os bichos

falavam, havia um moleiro que tinha três filhos. Quando achou que sua vida estava chegando ao fim, chamou os rapazes, despediu-se deles e distribuiu o que tinha.

Para o mais velho, deixou o moinho em que trabalhara toda a vida, moendo o trigo para que virasse a farinha com que todos na aldeia faziam o pão. Era assim que garantia o sustento de sua família.

Para o do meio, deixou um burrico, que transportava essa farinha e fazia serviços de cargas para os vizinhos e, desse jeito, sempre dava mais um dinheirinho para ajudar.

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Para o caçula, não tinha mais nada de valor. Meio tristonho, o pai disse a ele:

– Meu filho, não tenho mais nada para lhe dar. Mas, com a minha bênção, lhe deixo este meu par de botas velhas e esta sacola de couro. E lhe peço que cuide do nosso gato. Ele é um bom caçador. Nunca deixou que os ratos comessem nosso trigo ou nossa farinha, como acontece em tantos moinhos por aí…

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Daí a algum tempo, quando o velho morreu, o filho mais moço achou que precisava sair pelo mundo, para ver em que conseguiria trabalhar, pois não tinha futuro ali no moinho. Despediu-se dos irmãos, pegou o gato, as botas e a sacola, e foi andando pela estrada.

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No fim do dia, cansado, sentou-se junto a uma árvore na beira do caminho e suspirou:

– Que canseira! Que fome! E nem sei o que vou comer… Com sono, foi fechando os olhos. Mas logo ouviu uma voz que lhe falava como se estivesse miando:

– Me dê suas botas e essa sacola que eu vou caçar…

Assustado, abriu os olhos e viu que era o gato quem lhe falava. Quase zangado, respondeu:

– Não faltava mais nada. Essas botas e essa sacola foram a única coisa que meu pai me deu.

– Mal-agradecido! – respondeu o gato. – E eu, não conto? E a bênção do pai? Não vale nada?

O rapaz sorriu:

– É verdade, você tem razão. Mas bênção, botas, sacola e gato não vão encher minha barriga…

– Isso é o que você pensa – disse o gato. – Eu já falei e repito: me dê suas botas e essa sacola que eu vou caçar. Vá preparando uma fogueira e um espeto para assar o jantar…

– Pode ir. Mas essas botas são enormes para suas patas… – começou a dizer.

Meio espantado, viu então que o gato já estava calçando as botas e elas encolhiam. Passaram a caber direitinho nele. Num instante, o bicho sumiu pelo meio do campo à beira da estrada. Daí a pouco, voltou trazendo uma perdiz na sacola de couro. O rapaz limpou a ave, a assou no espeto sobre a fogueira e os dois comeram à vontade.

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No dia seguinte, continuaram a viagem. De novo, o Gato de Botas saiu para caçar. Trouxe duas lebres. Comeram uma, trocaram a outra numa aldeia por pão e batatas. E assim prosseguiram, dia a dia, em direção à cidade, aproveitando as caçadas do gato. Para matar a fome ou para trocar o que ele caçava por algum artigo que precisassem. Como um casaco para o rapaz. Ou um chapéu de abas largas, com plumas, para o gato, que não se contentava mais apenas com as botas e a sacola, e fazia questão de estar sempre elegante.

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Um dia, quando já estavam perto da cidade, quase chegando, o gato demorou muito a voltar. O rapaz não sabia por quê, mas eu vou lhe contar.

Nessa tarde, o Gato de Botas teve uma ideia diferente. Foi até o portão do palácio real com um belo faisão que acabara de caçar e o entregou ao soldado que estava de sentinela, dizendo:

– Meu amo mandou entregar este presente ao Rei, com os cumprimentos do Marquês de Carabás… Daí a pouco, o soldado voltou, com o recado de que o rei mandara agradecer pela lembrança.

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