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PNLD 2023 - O3 - MD VÁRIAS MANEIRAS DE AMAR

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MATERIAL DIGITAL DE APOIO À PRÁTICA DO PROFESSOR

Elaborado por

Nara Bital

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Editora do Brasil, 2021 Várias maneiras de amar - Material digital de apoio à prática do professor 2a edição, 2021 Direção-geral

Vicente Tortamano Avanso

Arquivo pessoal

Direção editorial Gerência editorial Edição Assistência editorial Apoio editorial Supervisão de artes Editoração eletrônica Supervisão de revisão Revisão Supervisão de iconografia Pesquisa iconográfica Supervisão de controle de processos editoriais

Felipe Ramos Poletti Gilsandro Vieira Sales Paulo Fuzinelli Aline Sá Martins Maria Carolina Rodrigues Andrea Melo Bétula Editorial Elaine Silva Bétula Editorial Léo Burgos Daniel Andrade e Priscila Ferraz Roseli Said

Material elaborado por Nara Bital, mestre em Letras pelo programa de pós-graduação da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Possui graduação em Letras, com licenciatura plena em Língua Portuguesa e Espanhola pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH). Nessa mesma instituição, concluiu o curso de especialização em Leitura e Produção de Textos. É autora de livros didáticos em importantes editoras nacionais e realiza atividades de consultoria, reformulação e produção de conteúdo didático para editoras e plataformas de ensino.

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Sumário Carta ao professor e à professora ....................................................................... 4 Propostas de atividades....................................................................................... 7 Pré-leitura ............................................................................................................................. 10 Leitura ................................................................................................................................... 14 Pós-leitura ............................................................................................................................. 18

Sugestões de conteúdos complementares........................................................ 25

Taciana Ottowitz

Referências........................................................................................................ 27


Carta ao professor e à professora Caros colegas, A atual conjuntura do sistema educacional sugere a necessidade de promover a formação integral dos estudantes nos aspectos cognitivos e emocionais. Isso se torna cada vez mais urgente devido ao contexto em que vivemos, no qual a vida moderna imprime a necessidade de lidar com situações diversas e novas a todo tempo, que requerem não só o saber fazer, mas também a sensação de segurança que o indivíduo precisa experimentar e possuir para colocar esse fazer em prática. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento de âmbito nacional que orienta a construção dos currículos básicos dos estudantes, prevê que essa formação cognitiva e emocional se dê por meio da mobilização e do desenvolvimento de competências e habilidades que se inter-relacionam e se desdobram, perpassando por todas as etapas da Educação Básica. Nesse documento, competência é definida como a capacidade do sujeito em agir de forma crítica, segura e empática na resolução “de demandas complexas da vida cotidiana” (BRASIL, 2018, p. 8), e para isso ele precisa mobilizar conhecimentos, habilidades, atitudes e valores. Durante a primeira infância, o cuidado, o carinho e a proteção à criança são atitudes essenciais para que ela cresça e se desenvolva plenamente. Portanto, a abordagem de temáticas que versam sobre as relações afetivas entre familiares e colegas é importante na sala de aula para que a criança aprenda a reconhecer, identificar e aceitar demonstrações de afeto, bem como retribuir o carinho recebido. Nos primeiros anos de alfabetização, a criança está em pleno desenvolvimento linguístico, inserindo-se no universo letrado, apropriando-se da escrita e da leitura, ao passo que também se desenvolve socialmente, construindo sua identidade e reconhecendo-se como indivíduo e cidadão de direitos e deveres. Essa consciência identitária emerge da interação da criança com outras crianças e com os adultos que a cercam. Nessa interação, ela fortalece vínculos afetivos, desenvolve o caráter, valores e aprende a lidar nas situações do dia a dia. Nesse contexto, a escola é um espaço privilegiado para estimular esse desenvolvimento social, linguístico e cognitivo. Nela, a criança passa grande parte de seu tempo e tem a oportunidade de experimentar e colocar em prática aprendizados que serão válidos por toda a vida adulta. Por outro lado, a família também assume papel central nesse desenvolvimento cognitivo e social, potencializando os aprendizados da criança na escola. Família e escola, quando andam juntas, promovem uma educação integradora e de maior qualidade. 4


Editora do Brasil

Alinhar práticas pedagógicas que sejam eficientes no desenvolvimento de habilidades tanto cognitivas quanto socioemocionais é uma tarefa complexa; contudo, entre as ferramentas e estratégias de que o docente pode lançar mão, encontram-se a literatura e a leitura literária, grandes aliadas na formação integral do educando. Nesse sentido, a leitura em sala de aula da obra Várias maneiras de amar, escrita por Regina Drummond e ilustrada por Taciana Ottowitz, representa uma possibilidade eficiente de desenvolver essas competências e habilidades para crianças em fase de alfabetização, já que traz como tema principal família, amigos e escola e é uma excelente ferramenta para trabalhar as primeiras experiências interpessoais e sociais com as crianças, permitindo a construção de percepções e questionamentos sobre si e sobre o outro. Nesse livro, escrito em forma de poema, a autora propõe uma narrativa organizada em versos sobre o cuidar do outro e os laços afetivos que unem pais e filhos. Sentir-se cuidado e reconhecer as formas como esse cuidado se manifesta é fundamental para a formação social e emocional das crianças, pois permite o desenvolvimento de competências socioemocionais fundamentais para a sua formação integral. A musicalidade, as rimas, as aliterações, as metáforas, as comparações e os jogos de palavras inerentes de um texto poético também promovem importantes reflexões sobre autoestima, afetividade, respeito e gestão de emoções, fundamentais no contexto educacional, além se servir como excelentes pontos de partida para atividades relacionadas à música, dança, ritmos e sons, muito apreciadas pelas crianças, sobretudo em fase de alfabetização. A obra permite que a criança reflita traçõescarinho demonsde sobre quando os gestosquesão Todo mundo sabe ito s e filhotes são mu de carinho entre pai mal. ani ndo mu no comuns demonstram afeto ou não, sobre quando ivaras, humanos... cacos, pinguins, cap em animais exib os e cuidado ou Ma quando trazem algum ino, jeit seu Cada um do ra!), muita ternura (e fofu ma. for a da mesm nem sempreaproveitar cômodo. É importante a oporo afeto de quem que er sab é o rios Cu sal. tunidade para cui discussão dessas situações de outro, é univer da, de um jeito ou retratadas no poema, para que a criança reconheça que nem todas as pessoas gostam de ser abraçadas, de receber carícias ou beijos, e que alguns gestos podem trazer desconforto ou vergonha. Como educadores, precisamos estar atentos à abordagem 5


segura desse tema do cuidado e da afetividade. Nas discussões em aula, é sempre bom ressaltar que, em todas as relações interativas, o respeito com o outro deve ser a base das interações. A leitura do livro possibilita mobilizar e desenvolver também as competências que versam sobre a capacidade do indivíduo de: se conhecer, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, reconhecendo suas emoções e a dos outros; exercitar a empatia e o diálogo; agir individual e coletivamente com autonomia e responsabilidade, tomando decisões de forma ética (BRASIL, 2018, p. 10). Assim, as sugestões de abordagem didática propostas neste material estão amparadas por documentos oficiais e estudos acadêmicos que tratam da relação ensino-aprendizagem de literatura na educação de crianças. Aqui, consideramos que a literatura infantil é “agente formador por excelência” (COELHO, 2000, p. 18) e que sua abordagem pode alcançar dimensões diferentes: a formação leitora e a consciência da realidade social que cerca o indivíduo. No caso da formação do pequeno leitor, pode também promover e potencializar o estímulo à criatividade, à imaginação, à ludicidade e ampliar a sua capacidade de interagir com o outro, consigo e com o mundo. Essas sugestões de atividades visam a contribuir com a sua prática docente, possibilitando reflexões sobre a formação do leitor, em especial das habilidades voltadas para a leitura do texto literário, respeitando a autonomia docente e a diversidade que há no contexto da sala de aula. Desejo a vocês, professor e professora, uma bela experiência de ensino-aprendizagem motivada a partir da leitura da obra Várias maneiras de amar.

Taciana Ottowitz

Nara Bital

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Propostas de atividades A criança da atualidade nasce na era digital e está familiarizada com o texto multimodal que aciona imagens em movimento e sons em sua construção. Essa dinâmica da linguagem atrai as crianças, que têm predileção pela ação e pelo movimento. Mas, ainda que vivamos nesse ambiente tecnológico, o livro impresso ainda é, e acreditamos que seguirá sendo por algum tempo, “instrumento ideal no processo educativo” (COELHO, 2000, p. 11). Na infância, a leitura deve ser permeada por ludicidade, promovendo no pequeno leitor prazer e bem-estar. Nesse sentido, ao livro, atribuímos uma importante parcela na “formação da consciência de mundo das crianças e dos jovens” (COELHO, 2000, p. 15); e à leitura literária, por sua vez, atribuímos o caráter transformador que possibilita ao indivíduo a oportunidade de aflorar sua sensibilidade e compreender melhor o mundo, a si mesmo e os sujeitos com os quais se relaciona. Contudo, para alcançar essa dimensão transformadora, o leitor precisa desenvolver hábito e gosto pela leitura, em especial pela leitura literária. Na esteira desse objetivo, os livros devem ser introduzidos na rotina da criança antes mesmo de sua alfabetização, ainda em casa, pelos seus familiares, e precisam ser acessíveis e adequados à sua faixa etária, respeitando as limitações de sua linguagem, ainda em desenvolvimento. É nesse contexto que a literatura infantil emerge. Assim, a leitura e o livro literário devem ter um lugar privilegiado no espaço escolar e em casa. Na escola, devem ser dedicados a eles tempos específicos que se integrem na rotina da criança e no cronograma de atividades escolares. Na sala, os livros devem estar sempre acessíveis ao manuseio dos estudantes. Se possível, um local na sala de aula pode ser destinado ao “cantinho da leitura”, e decorações ou murais podem ser afixados numa parede da sala a fim de que a prática tenha identidade própria no ambiente da escola e que os estudantes reconheçam sua importância nesse contexto. Somos conscientes de que a família pode contribuir muito no processo de formação leitora e na consolidação do hábito de leitura das crianças, em especial no que se refere à leitura de textos literários. Essa ideia está refletida na Política Nacional de Alfabetização (PNA), validando que: O êxito das crianças na aprendizagem da leitura e da escrita está fortemente vinculado ao ambiente familiar e às práticas e experiências relacionadas à linguagem, à leitura e à escrita que elas vivenciam com seus pais, familiares ou cuidadores, mesmo antes do ingresso no ensino formal (BRASIL, 2019b, p. 23).

Por isso, é importante que essa interação entre adultos e criança mediada pela leitura no meio familiar seja estimulada pela escola. Busque conscientizar a família de seu papel 7


no processo de ensino-aprendizagem das crianças, sempre tendo em mente que essa conscientização deve considerar a diversidade cultural e social das famílias, promovendo a inclusão e atuando de forma democrática e respeitosa. Incentive os estudantes à leitura e permita que eles levem os livros da escola para casa, bem como que eles levem livros que tenham em casa para a escola. Fortaleça a literacia familiar, acolhendo as famílias na biblioteca, oferecendo aos responsáveis guias de leitura orientada com dicas para a família sobre leitura dialogada, ou até mesmo convide as famílias para rodas de leitura na escola, para que atuem tanto como contadores quanto como ouvintes. Não se esqueça de que a prática constante aprimora e garante a autonomia docente. A fim de contribuir no planejamento, execução e avaliação dessas práticas, este material fornece uma sequência didática para a abordagem da obra Várias maneiras de amar, de Regina Drummond, organizada em três seções: Pré-leitura, Leitura e Pós-leitura. Essas dicas, orientações e sugestões podem ser analisadas, estudadas e adaptadas conforme a sua necessidade, instituição educativa e grupo de estudantes. A primeira etapa, de Pré-leitura, traz dicas e sugestões para ativar conhecimentos prévios dos estudantes, aguçar e estimular a curiosidade para a leitura e o estudo do texto. A segunda etapa compreende o momento da Leitura e apresenta dicas de interação e mediação da compreensão leitora dos alunos, estimulando a análise, a observação, a imaginação e a fruição do texto. Por fim, a etapa final, Pós-leitura, contempla atividades que podem ser desenvolvidas em sala ou extraclasse com o apoio familiar e que visam a levar a criança a colocar em prática aprendizados da leitura literária no que se refere ao cuidado e à afetividade. As propostas sugeridas nessas etapas poderão auxiliar a abordagem do gênero textual poema, aspectos da linguagem empregada e outros elementos importantes da obra lida, essenciais para o desenvolvimento das competências e habilidades cognitivas e socioemocionais. Mas, antes, convidamos você a refletir um pouco mais sobre o gênero textual. Afinal, a abordagem de uma obra literária deve considerar o seu contexto de produção. Para isso, o livro do estudante traz a seção Vamos falar sobre este livro?, que visa a ampliar as possibilidades de análise textual e, consequentemente, impulsionar e enriquecer as práticas em sala de aula em torno de um livro.

O gênero literário poema Há na literatura, assim como na literatura infantil, três grandes gêneros literários: o dramático (aquele destinado ao teatro), o épico (aquele que engloba as narrativas) e o 8


Taciana Ottowitz

lírico (que explora a musicalidade das palavras e a subjetividade de diferentes temas). Dentro do gênero literário lírico, temos o poema, que é um gênero textual escrito em verso, organizado em estrofes e que pode ou não ter rimas. De acordo com a ensaísta e crítica literária brasileira Nelly Novaes Coelho (2000, p. 222), poesia não é só a palavra, ela alcança as dimensões da imagem e do som unidas em representações de significados subjetivos. Para essa autora, “as palavras são signos que expressam emoções, sensações, ideias... através de imagens (símbolos, metáfora, alegorias...) e de sonoridade (rimas, ritmos...)” (COELHO, 2000, p. 222). As palavras selecionadas e combinadas flertam com o canto e se tornam atrativas para as crianças. A musicalidade que emerge do poema atrai as crianças, e atividades relacionadas à música, dança, ritmos e sons estão sempre entre as atividades diárias dos estudantes, sobretudo dos que estão em fase de alfabetização. Nesse sentido, dada a natureza musical dos poemas, eles se configuram em excelentes objetos de ensino na formação literária e leitora. Por ser fruto da subjetividade e de natureza reflexiva, compreender a linguagem poética, muitas vezes, não é fácil; por isso, quando os poemas pertencem ao universo da literatura infantil, devem ser construídos com cuidado para que a criança possa significá-los. Diante disso, é muito comum que esses textos voltados para o público infantil acionem elementos característicos de outro tipo literário, como a narrativa, que inclui personagens, tempo, espaços e cenários. Por outro lado, os autores devem ter amplo conhecimento de mundo no qual interagem as crianças para criar tais versos. A linguagem do poema Várias maneiras de amar, de Regina Drummond, é permeada por elementos do texto poético, tais como rimas, aliterações, metáforas, comparações e jogos de palavras, e promove importantes reflexões sobre autoestima, afetividade, respeito e gestão de emoções, fundamentais no contexto educacional. A voz que emerge do poema busca estabelecer contato direto com o leitor, e este se torna ativo durante a leitura, ampliando as possibilidades de interpretação e fruição poética. Várias maneiras de amar leva o leitor a compreender melhor as formas de cuidado que ele recebe, reconhecendo-as, e, por outro lado, incentiva-o a pensar sobre como retribuir essas demonstrações de afetividade. Nessa fase da vida da criança, a sensação de cuidado e de proteção é fundamental para que ela se desenvolva socialmente e cognitivamente. Conscientes de que são amparadas, cuidadas e amadas, as crianças podem agir no mundo de forma mais segura, empática e feliz. 9


Pré-leitura Antes de introduzir a obra Várias maneiras de amar, de Regina Drummond, recomendamos a execução de uma atividade de roda de conversa, que será fundamental para a contextualização da obra e ativação de conhecimentos prévios, possibilitando uma experiência de leitura mais significativa para os estudantes e trazendo à tona as relações afetivas que eles têm em seu entorno. Atividades de contextualização ativam um modo de leitura denominado contexto-leitor, que busca “traçar paralelos entre obra e leitor ou procura identificar pontos de comunhão entre a obra e a história de vida do leitor, privilegiando conexões pessoais entre o que se está lendo e o que se viveu” (COSSON, 2021, p. 73). Nesse sentido, como a obra aborda afetividade e cuidado nas relações entre grupos familiares, a atividade de roda de conversa pode ser motivadora para que a criança reflita sobre essas formas de demonstração de sentimentos e, na etapa de leitura, acione informações, relacionando-as com o que ouve e lê.

Roda de conversa: pessoas que cuidam de mim Preparação Em uma aula anterior, converse com a turma sobre as pessoas que cuidam deles, sejam membros da família ou não, quem os acompanha nas tarefas escolares, quem lhes compra roupa e alimentação, quem os leva para passear e outras perguntas que você pode acrescentar. Após essa conversa inicial, peça às crianças que escolham algum dentre esses cuidadores e tragam fotografias ou desenhos feitos por elas dessa pessoa, bem como algumas informações sobre ela para uma atividade em classe. Para facilitar essa coleta de informação, sugerimos que você envie aos responsáveis uma nota explicativa sobre essa tarefa, junto com um formulário de informações a serem registradas, como: o nome da pessoa; •• o grau de parentesco ou a relação que essa pessoa tem com a família; •• atividades que realizam juntos e as que mais gostam de fazer; •• como se sentem quando estão interagindo um com o outro. •• Você pode adaptar as perguntas acima ou incluir outras que achar relevantes. É importante que a criança realize essa etapa da atividade com o acompanhamento da pessoa escolhida por ela. 10


Taciana Ottowitz

Hora da roda! Sente-se com a turma em semicírculo e organize a apresentação: cada criança expõe a imagem que trouxe e compartilha as informações colhidas sobre a pessoa. Facilite a apresentação e, de forma direta com cada criança, retome as perguntas que nortearam a conversa dela em casa, cuidando para que todos falem, expressem suas ideias e respeitem a fala do outro. Ao final da conversa, retome pontos das falas das crianças, valorizando-as e destacando as formas de cuidado, afetividade e carinho que elas compartilharam. Por exemplo, se um estudante disse que gosta da avó porque ela lê histórias, você pode retomar essa manifestação de cuidado, evidenciado para a criança que isso é uma forma de afeto. Valorize todas as trocas para que as crianças se sintam acolhidas e importantes. Assim, vocês estarão refletindo juntos sobre a importância dessas relações afetivas na vida delas e de todos nós. Você pode finalizar a conversa chamando atenção para a diversidade de formas de cuidado compartilhadas/existentes e introduzir a ideia de que vão ler um livro sobre esse assunto: as diversas formas de amar. Recolha as fotografias e reserve-as para uma atividade que será realizada na seção Pós-leitura. Certifique-se de que todas têm nome.

Explore o objeto livro Dê sequência ao trabalho de pré-leitura apresentando aos estudantes o livro Várias maneiras de amar, de Regina Drummond. Convide-os a manusear o livro e a observar capa e quarta capa, introduzindo esses termos se necessário. Explore todos os elementos verbais e visuais da obra. Para consolidar conhecimentos sobre a capa de livro, aborde seus aspectos constitutivos e introduza os termos associados a ele: título, imagem de capa, nome da autora, nome da ilustradora e selo editorial. Analise primeiramente os elementos verbais, pedindo que localizem com o dedo o título do livro, o nome da autora (Regina Drummond), o nome da ilustradora (Taciana Ottowitz) e o selo editorial. Mesmo que as crianças ainda 11


Taciana Ottowitz

não saibam ler, é bem provável que elas infiram a localização desses elementos por meio do destaque, tamanho das letras e posição na capa. Leia o título da obra em voz alta. Passe seu dedo sobre o título da esquerda para a direita, mostrando aos estudantes que a leitura segue essa direção. Você pode pedir às crianças que repitam o título do livro em voz alta e acompanhem, na medida do possível, com o dedo. Repita com o nome da autora e depois da ilustradora. A repetição do texto em voz alta, de acordo com o especialista em literatura Rildo Cosson (2021), não é um exercício vazio de oratória, ela promove a assimilação e memorização e também faz parte de um todo que é o letramento literário. Com o livro em mãos, pergunte aos estudantes se esse é um livro para adultos ou para crianças. Leve-os a concluir que se trata de uma obra destinada ao público infantil. Peça-lhes que descrevam a imagem da capa, perguntando: Que animais são esses? Que relação há entre eles? Onde vivem? Como se alimentam? Que história vocês esperam ouvir? Que outros personagens podem fazer parte da história? Incentive as crianças a responder às perguntas, identificando o grupo familiar representado na capa: papai leão e seus dois filhotes. Peça também que levantem hipóteses sobre o local onde a história se desenvolve. Diga aos estudantes que há muitos leões na África, por exemplo. Se tiver um mapa-múndi na sala (ou puder trazer um para a ocasião), mostre onde se localiza esse continente e onde ele está em relação ao continente americano, onde nosso país está localizado. Verifique o que as crianças sabem sobre esses animais. Diga algumas curiosidades, tais como: é um animal muito grande, que pode chegar a 3 metros de comprimento, incluindo a sua calda, e pode pesar até 230 quilos. Seu rugido é muito forte e se alimenta, principalmente, de carne de outros animais, como zebras, girafas etc. Depois de explorar os elementos verbais e visuais da capa, explore com os estudantes o que o título da obra poderia significar: Várias maneiras de amar. Peça aos estudantes que relacionem o título à imagem da capa e levantem hipóteses sobre como as 12


personagens da capa estão se sentindo. A expressão facial das personagens sugere calma, segurança e tranquilidade. Converse sobre isso com as crianças, dizendo que nos sentimos assim quando somos amados. Em seguida, retome o nome da autora da obra, Regina Drummond, e fale um pouco sobre ela. Comente também sobre a ilustradora, Taciana Ottowitz. Você poderá encontrar informações biográficas sobre a autora e a ilustradora ao final do livro do estudante, na seção Vamos falar sobre este livro?. Finalize a atividade lendo para as crianças a sinopse presente na quarta capa, estabelecendo conexões e contextualizações sobre a temática da obra necessárias para compreensão do texto. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP01, EF12LP18, EF15LP01, EF15LP02, EF15LP04, EF15LP09,

Taciana Ottowitz

EF15LP13, EF15LP15, EF15LP17 e EF15LP18.

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Leitura O momento da leitura deve ser percebido e vivenciado pelos estudantes como um momento importante e – por que não? – especial. Na infância, quando as crianças estão em fase de alfabetização, a leitura oral pelos outros é fundamental para sua formação, para que elas possam “fazer a transição entre o mundo da oralidade e o mundo da escrita” (COSSON, 2021, p. 105). Essa prática pode ser associada à recreação pela criança, e assim torna-se lúdica e prazerosa para os pequenos leitores em formação. Entretanto, algumas técnicas são imprescindíveis na execução dessa prática. Em primeiro lugar, você deve estar preparado para a leitura e deve, antes, estudar e ler a obra, conhecendo todas as possibilidades de abordagem do texto. A leitura ideal é a expressiva ou dramatizada, na qual você se apoia na própria voz para aumentar a interação das crianças com o texto, atraindo-as para a leitura. Cuide para que o ambiente seja silencioso e acolhedor. Faça combinados com a turma para que fique em silêncio durante a leitura, mas permita aos alunos interromper respeitosamente para tirar dúvidas, pedir para repetir algum trecho ou para mostrar novamente uma imagem. Combine gestos ou movimentos que sinalizem os momentos de silêncio e os momentos em que eles podem solicitar o turno de fala, como levantar a mão. Conduzido por meio de uma voz poética, o leitor é convidado a apreciar e a conhecer hábitos de famílias de animais, em especial as práticas de cuidado e as demonstrações de afeto que os animais praticam entre si. Essa voz estabelece conexão com o leitor diretamente, e isso é evidente no quarto verso da página 5, quando ela diz: “E não é igual com a gente?” Perguntas retóricas são frequentes na poesia e estimulam a reflexão sem demandar uma resposta imediata. Nesse poema, elas promovem a assimilação do que o leitor lê ao que ele vive. A fim de ajudar com a leitura expressiva da obra, reunimos algumas dicas para potencializar essa importante etapa de leitura dialogada.

Explore os paratextos Aborde a folha de rosto, mostrando às crianças que o título, o nome do autor, o nome do ilustrador e o selo editorial se repetem tais como aparecem na capa do livro. Avance a leitura e mostre-lhes a página de dedicatória, leia-a e explique do que se trata. Explique também que nem todos os livros trazem dedicatória e que, quando aparece, tem a função de prestar uma homenagem a alguém. 14


Dê informações sobre o gênero que será lido Comente que o texto de Várias maneiras de amar é um poema. Você pode ativar os conhecimentos prévios das crianças sobre o gênero, verificando se reconhecem alguns de seus elementos. Pergunte-lhes: Vocês já leram poemas? Quais? Que características esses textos possuem? Em seguida, mostre a disposição dos versos na página, explicando que cada linha do texto corresponde a um verso. Diga que essa é a construção estrutural típica desse gênero textual.

O poema dessa obra traz personagens e contexto diferentes a cada página. Isso se deve ao fato de que uma das intenções do texto é apresentar ao leitor diversidade de “maneiras de amar”. Capriche no tom de voz e expressão em sua leitura do poema. Promova um ambiente motivador, no qual a criança se sinta pertencente ao grupo e em liberdade para compartilhar ideias e percepções. Permita que as crianças sigam manipulando os livros e acompanhando a leitura, se já estiverem alfabetizadas. Caso elas ainda não tenham desenvolvido fluência em leitura oral, você pode fazer a leitura pausada dos versos e solicitar à turma a repetição em uníssono do verso lido. De qualquer maneira, com seu dedo indicador, vá mostrando às crianças o verso lido e peça a elas que repitam também esse processo. Assim, elas vão estabelecendo relações gráfico-fonêmicas. Durante a leitura do poema, o leitor depara-se com cenários construídos por meio da relação verbal e visual do texto e hábitos de vida diferentes. As estrofes estão organizadas em páginas duplas, com os versos sempre concentrados em uma delas, e as imagens ocupando ambas as páginas. Nas páginas 4 e 5, por exemplo, temos um cenário de floresta e, ao lado, um cenário com geleiras do Ártico. Estimule a interação das crianças com o texto. Leia os versos da página 5 e chame a atenção das crianças para o último verso: “E não é igual com a gente?”. Dê espaço para 15

Taciana Ottowitz

Leia o poema


que interajam e respondam à pergunta. Em seguida, peça-lhes que observem os animais representados e que descrevam as diferenças entre eles. Faça a mediação com perguntas, tais como: Que animais são estes? O que eles estão fazendo? Onde estão? O que todos têm em comum? Em sua leitura, busque sempre promover expectativas de leitura nos estudantes. Por exemplo, antes de avançar para a página seguinte, você pode fazer perguntas simples, como: O que será que vai acontecer agora? É importante dar liberdade para que falem e se expressem. Cheque sempre se as hipóteses levantadas se confirmam. Lembre-se de que a não confirmação também é positiva, já que estimula o raciocínio e desenvolve a capacidade de inferência dos estudantes. Explore cada situação, cenário e contexto que as páginas sugerem, relacionando sempre imagem e texto. Por exemplo, ao ler as páginas 6 e 7, chame atenção para as imagens e converse sobre o contexto construído nas cenas: nessa família, a mamãe sai para trabalhar e o pai leva a filha para passear. Pergunte aos estudantes quem eles imaginam que está dirigindo o carro. Por inferência, eles podem dizer que é a mãe indo trabalhar.

Explore a linguagem poética do texto Durante a leitura, chame sempre a atenção dos estudantes para elementos da poesia, tais como as rimas. Ao ler a página 5, por exemplo, dê ênfase e ritmo à sua leitura, aguçando o sentido das crianças para a sonoridade das palavras “amor” e “calor”. Outro elemento recorrente no poema são os jogos de palavras, como ocorre na página 5 (“Uns mais frios, outros com calor...”) e na página 8 (“Papai leão é legal e parece mansinho”). Esses jogos de palavras (frio/calor; leão/mansinho) podem aflorar os sentidos e sensações das crianças, permitindo-lhes estabelecer relações entre o quente e o frio ou entre o comportamento bravo e manso. Essas relações podem ser assimiladas a manifestações de cuidado e às sensações e sentimentos que elas podem gerar. Rimas e jogos de palavras são recorrentes nos textos de gênero poema. Os significados do texto escrito são ricamente ampliados pelas ilustrações, que favorecem a imaginação, estimulam processos de assimilação entre o que a criança já conhece e o que ainda não conhece. Por exemplo, na página 10, ao ler “Beija diferente o esquimó / Que mora no frio do Ártico: / Esfregando seus narizes sem dó / Sai um beijo quente e simpático”, é possível que as crianças infiram, por meio da relação texto e imagem, que o Ártico é um lugar bem mais frio do que o lugar onde vivem. Nesse sentido, é importante que a exploração desses elementos (escritos e visuais) seja abordada em detalhes. 16


Aborde cada grupo familiar do livro e suas formas de cuidado, estabelecendo relações com o mundo da criança. Por exemplo, ao ler as páginas 10 e 11, chame a atenção dos estudantes para a forma de beijar carinhosa dos esquimós e retome essa forma de beijo ao ler as páginas 18 e 19, que apresentam o jeito da mamãe porco-espinho de beijar seus filhotes. Pergunte às crianças quais são os gestos de carinho que trocam com seus familiares e amigos. Valorize todas essas formas respeitosas de cuidado. À medida que os leitores avançam na leitura do poema, ele vai construindo essa ideia de diversidade e afeto, incitando-os a observar o próprio entorno para reconhecer como os outros demonstram amor e como esse amor é retribuído. É importante que a leitura mediada por você da obra Várias maneiras de amar leve os estudantes a reconhecer que cada família de animal tem seus hábitos e que entre as pessoas também é assim. Todas as formas de cuidado geram sensação de prazer, felicidade e segurança. Leve-os a entender que é muito importante observar e identificar as maneiras que a própria família tem de demonstrar cuidado. Você pode retomar os exemplos trazidos durante a roda de conversa desenvolvida na etapa de pré-leitura, tornando a obra ainda mais significativa para a vida das crianças. Por fim, leia e explore os versos finais do poema, chamando atenção para a retomada que é feita dos versos iniciais e como a voz poética conversa com os leitores, dizendo que no mundo animal tem de tudo e que cada família demonstra seu cuidado de um jeito. Releia este trecho da página 30: “Agora, você vai dizer como sente / O amor da mamãe, do papai e da vovó. / Num verso bem bonito e eloquente, / Conte quem é da casa o xodó!” Converse um pouco com as crianças, levando-as a responder essa pergunta. Na seção Pós-leitura, essa atividade será retomada. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP01, EF12LP18, EF12LP19, EF15LP04, EF15LP09, EF15LP13, EF15LP15 e EF15LP18. 17

Taciana Ottowitz

Explore os grupos familiares representados na obra


Pós-leitura

Retomada Nessa primeira etapa após a leitura, é importante verificar a compreensão e o nível de fruição poética que as crianças alcançaram a partir da obra. Para que isso ocorra de forma mais significativa e prazerosa, ao final da leitura, retome o conteúdo, incentivando os estudantes a relembrar quais animais apareceram no livro e os detalhes de como cada um cuida de seus filhotes. Se necessário, você pode convidar as crianças a folhear novamente o texto e as ilustrações, e até realizar uma segunda leitura sem interrupções. Pergunte-lhes também o que aprenderam com o poema, buscando determinar se entenderam a mensagem central do texto. É importante que as crianças relatem suas percepções e que tenham compreendido as maneiras que cada grupo familiar de animais tem de demonstrar amor, cuidado e afeto. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF15LP04, EF15LP09, EF15LP13, EF15LP15 e EF15LP18. 18

Taciana Ottowitz

Ao ler ou ouvir uma história infantil, a criança é exposta a uma situação e ato de aprendizagem. Sobre isso, o filósofo francês Marc Soriano (1975) afirma que “ela pode não querer ensinar, mas se dirige, apesar de tudo, a uma idade que é a da aprendizagem e mais especialmente da aprendizagem linguística” (apud COELHO, 2000, p. 31). Amparados nesses objetivos e nessa peculiaridade didático-pedagógica da literatura infantil, o livro se configura em um importante objeto para as práticas de ensino e formação integral dos estudantes. A BNCC destaca como uma das competências gerais da educação a necessidade de formar sujeitos capazes de “valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural” (BRASIL, 2018, p. 9). Um projeto pedagógico de leitura literária deve considerar a função social do livro infantil e seu objetivo de promover a expressão da subjetividade, da estética e da fruição, estimulando a criatividade, favorecendo a imaginação e ampliando a capacidade da criança de agir e interagir no mundo. Por isso, em sala de aula, devemos privilegiar atividades mobilizadas pela literatura infantil.


Brincando com as rimas do poema Nessa fase de aprendizado da criança, é importante desenvolver atividades que mobilizem o estudante a apreciar textos em versos, observar as rimas, a estrutura textual e os jogos de palavras, reconhecendo que esses textos fazem parte do mundo imaginário (BRASIL, 2018, p. 111). Para isso, sugerimos uma atividade lúdica na qual a criança vai participar ativamente no reconhecimento das rimas do texto. Para produzir a atividade, você precisará de: retângulos médios de cartolina (um para cada dupla de crianças); •• retângulos pequenos de cartolina; •• cola ou fita adesiva. •• Previamente, produza cartões e fichas. Nos cartões, transcreva uma estrofe do poema lido faltando as palavras que rimam; nas fichas, transcreva as palavras que rimam na estrofe (uma palavra em cada ficha). Esteja atento para que esses cartões tenham um tamanho adequado, que facilite a leitura das crianças. A estrofe presente no modelo a seguir foi extraída da página 13 do livro do estudante. IGUAL AO CARINHO DA MAMÃE HUMANA, O DA MAMÃE MACACA TAMBÉM É GRUDADO NAS COSTAS, AGARRADINHO, DESCANSA O FILHOTE O DIA MANEIRO

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INTEIRO

Para mediar a atividade e torná-la mais acessível às crianças, em uma folha de cartolina, transcreva as estrofes que você reproduziu nos cartões, incluindo as palavras das fichas, e destaque em cor diferente as palavras que rimam entre si. Fixe a cartolina em um local visível por todas as crianças. Faça uma leitura dessas estrofes, solicitando às crianças que observem as palavras destacadas. Nessa atividade, as crianças serão organizadas em duplas, cada dupla recebendo os cartões com as estrofes do poema e as fichas com as palavras que rimam. Peça aos estudantes que explorem esses cartões e fichas. Pergunte-lhes se imaginam em que consiste a atividade que farão. Deixe que expressem suas ideias. Em seguida, esclareça que eles deverão encaixar as palavras que faltam nos espaços em branco dos cartões, completando os versos com as palavras que rimam. 19


Leia novamente, em voz alta, as estrofes da cartolina, pedindo às crianças que tentem identificar e relacionar as palavras de suas fichas com seus respectivos versos nos cartões. Caminhe pela sala acompanhando a realização da atividade e verificando se as crianças encaixaram os pares de rimas nos lugares adequados. Oriente quando necessário, mas deixe que realizem a atividade sozinhas. Ao final, entregue-lhes cola ou fita adesiva para que fixem as fichas aos espaços nos cartões. Os cartões poderão ser colados em um mural e expostos em sala de aula. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente

Varal poético Para essa atividade, você precisará de: folha de papel sulfite, uma para cada estudante; ••

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curricular Língua Portuguesa: EF01LP01, EF01LP08, EF12LP18, EF12LP19 e EF15LP09.

papel cartolina recortado em tamanho sulfite, •• um pedaço para cada estudante; papel colorido para produzir molduras no pa•• pel sulfite. Separe esses materiais com antecedência. Comece a atividade conversando com os estudantes e esclarecendo que, agora que já leram o poema do livro e conheceram um pouco as características desse gênero textual, está na hora de criar um poema! Para isso, vocês vão utilizar as mesmas ideias centrais da obra Várias maneiras de amar (amor, afeto e carinho entre pais e filhos) e aproveitar a deixa que o poema traz em sua última estrofe. Em voz alta, releia o texto da página 30 do livro do estudante: Agora, você vai dizer como sente O amor da mamãe, do papai e da vovó. Num verso bem bonito e eloquente, Conte quem é da casa o xodó! Explique que cada um deverá, junto com seus cuidadores e/ou responsáveis, criar uma estrofe que conte um pouco sobre como eles demonstram carinho. Dê exemplos do livro e, se achar relevante, acrescente outros. Lembre-os de que o texto deve ter quatro linhas (versos) e rima. De novo, use a última estrofe do livro para retomar como essa estrutura e rima devem ser desenvolvidas. 20


Adiante às crianças que os poemas de cada um serão usados para criar um varal poético e explique um pouco sobre isso. Assim, elas se tornarão mais conscientes da atividade e poderão desenvolver autonomia e protagonismo. Como a produção dos versos será feita em casa com o apoio familiar, é importante que os estudantes possam levar o livro Várias maneiras de amar para seus lares, para lê-lo em família, e que os responsáveis recebam os detalhes da atividade de forma escrita. Para tanto, confeccione um bilhete, pedindo às famílias que dediquem um tempo à leitura do livro com as crianças e que conversem sobre o que trata o poema, dando atenção especial à leitura da última estrofe, pois as crianças deverão produzir uma estrofe com os familiares que será utilizada para a confecção de um varal poético. Não se esqueça de enfatizar que a produção da estrofe deve ser realizada com a criança e não por ela. A criança deve trazer para a escola, em dia combinado, o verso criado em família transcrito em uma folha de papel. Caso a criança ainda não tenha desenvolvido o componente essencial escrita, o familiar ou cuidador pode atuar como o escriba. No dia combinado para a entrega da estrofe e o retorno dos livros à escola, traga as imagens e fotografias que os estudantes apresentaram na roda de conversa realizada na seção Pré-leitura e distribua-as aos estudantes correspondentes. Disponibilize uma folha de sulfite para cada estudante. Nessa folha, eles vão afixar a imagem ou fotografia disponibilizada na roda de conversa e acrescentar um desenho de si. Nessa mesma folha, eles vão transcrever os versos produzidos ou, caso ainda não tenham desenvolvido a escrita, colar os versos trazidos de casa. Feito isso, distribua os pedaços de cartolina e os papéis coloridos e explique que deverão colar a folha de papel sulfite no pedaço de cartolina e usar a folha colorida para criar uma moldura. Se necessário, supervisione o processo de colagem. Providencie um varal e pregadores e escolha um lugar apropriado para montagem do varal poético. Convide a comunidade escolar para apreciar os trabalhos dos estudantes. Você pode realizar um evento de inauguração do varal, convidando cuidadores, responsáveis e/ou familiares para uma leitura dramatizada dos versos. Os cuidadores homenageados podem também ser convidados especiais e dar voz aos versos das crianças. Organize todas essas etapas, agendando com tempo cada atividade. Socialize as datas com as crianças e suas famílias. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP01, EF15LP04, EF15LP05 e EF15LP18.

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Hora do projeto: Animais em risco de extinção

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Reconhecer-se como sujeito e cidadão do mundo é compreender que somos parte do meio ambiente e que precisamos dele para nossa sobrevivência. A competência geral 7, proposta pela BNCC, prevê que o estudante desenvolva consciência socioambiental, e para isso é fundamental que ele cultive valores e princípios, bem como seja exposto a situações de aprendizagem que o levem a compreender as ações do homem no meio ambiente e o impacto dessas ações. Desde pequenas, as crianças devem entender que, assim como cuidamos de quem amamos, devemos também cuidar do meio ambiente. Com crianças na fase de alfabetização, a consciência ambiental pode ser estimulada e desenvolvida de diversas formas. Nessa atividade, o foco é uma das consequências mais graves das ações humanas no meio ambiente: a extinção de espécies. Inicie a aula mostrando às crianças algumas imagens de animais em perigo de extinção, mas não revele ainda que esses animais correm tal risco. Explore as imagens com perguntas diretas: Você conhece esses animais? Sabe onde vivem? E o que comem? Será que enfrentam algum perigo? Que tipos de perigos? Para esse momento da abordagem, sugerimos imagens dos seguintes animais brasileiros que correm perigo de extinção: boto-cor-de-rosa; •• ariranha; •• cervo-do-pantanal; •• lobo-guará; •• baleia-franca-do-sul; •• mico-leão-dourado; •• onça-pintada; •• tamanduá-bandeira. •• Veja outros animais que estão em perigo de extinção em outros lugares do mundo: panda-gigante (China); •• leopardo-das-neves (Ásia); •• gorila-das-montanhas (República Democrática do Congo); •• pinguim-das-galápagos (região de Galápagos); •• 22


orangotango (Sudeste asiático); •• rinocerontes (região sul e central do continente africano, Nepal e ilhas de Java e •• Sumatra). Os animais listados acima são apenas algumas das espécies em risco de extinção. Caso a atividade de pesquisa que será proposta ao final dessa apresentação seja realizada de forma individual, será necessário acrescentar outras espécies para que os animais não se repitam entre as crianças, garantindo, assim, variedade de espécies na atividade. Em seguida, apresente-lhes o seguinte verbete: Extinção Extermínio; desaparecimento completo de uma espécie animal ou vegetal. EXTINÇÃO. In: DICIO. [S. l.], c2009-2021. Disponível em: www. dicio.com.br/extincao. Acesso em: 5 out. 2021.

Após a leitura do verbete, informe que os animais que as crianças conheceram por meio das imagens vivem pelo Brasil e estão ameaçados de extinção. Pergunte-lhes se sabem o que poderia causar ou quem poderia estar causando a extinção dessas espécies. Depois dessa conversa, leia com os estudantes o seguinte título de notícia, explorando o fato e os sujeitos envolvidos: Queimadas podem causar desequilíbrio ambiental e levar animais silvestres à extinção a longo prazo, diz bióloga SILVA, Lara. Queimadas [...]. G1, Minas Gerais, 15 set. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2021/09/15/queimadas-podem -causar-desequilibrio-ambiental-e-levar-animais-silvestres-a-extincao-a -longo-prazo-diz-biologa.ghtml. Acesso em: 5 out. 2021.

Explique às crianças que as queimadas ocorrem por vários motivos. Liste alguns: calor excessivo e o desmatamento para extração de madeira, para transformar o território em pasto de animais ou para construção de imóveis. Na seção Sugestões de contéudos complementares deste material, você encontra sugestão de leitura para ampliar seus conhecimentos sobre o tema. Comente com as crianças que as queimadas destroem o hábitat desses animais, ou seja, onde vivem. Muitos deles fogem para outros lugares, e outros morrem. Dos que fogem, muitos também acabam morrendo, pois nada garante que a nova casa desse animal terá as condições necessárias para sua sobrevivência. 23


Terminada essa etapa de conversa com os estudantes, solicite uma pesquisa a cada um deles. Direcione uma espécie de animal para cada criança e oriente-a para buscar as seguintes informações: local onde vive; •• características físicas desse animal (tamanho, peso, cores); •• alimentação; •• motivos que o levam a ser considerado em risco de extinção; •• imagem ilustrativa do animal (foto impressa ou desenho); •• ações que devem ser feitas para evitar a extinção. •• Peça às crianças que registrem os resultados da pesquisa em uma folha de papel sulfite. Se ainda não desenvolveram o componente essencial de leitura e escrita, organize para que elas tenham ajuda de um adulto tanto na pesquisa quanto no registro dessas informações. Em data agendada, promova um momento de apresentação oral, convidando os estudantes a compartilhar suas descobertas. Reflitam sobre as propostas de ações que devem ser feitas para evitar a extinção desses e de outros animais. Com essas propostas, vocês podem redigir uma lista de cuidados com os animais e compartilhar em redes sociais da escola, contribuindo com a divulgação de informações na comunidade escolar. Reúna os registros das pesquisas dos estudantes e organize um catálogo. Encaderne as produções e produzam uma capa com o título “Animais brasileiros em risco de extinção”. Esse conteúdo contempla as seguintes haTaciana Ottowitz

bilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF02LP21, EF15LP05 e EF15LP09.

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Sugestões de conteúdos complementares Para ampliar as possibilidades de reflexão e possibilitar o desenvolvimento do repertório cultural dos estudantes e de sua formação, sugerimos alguns conteúdos que podem ser utilizados para fins de apreciação ou motivadores de roda de conversa.

Artigo PRINCIPAIS causas das queimadas nas florestas brasileiras. Pensamento Verde, [s. l.], 17 jun. 2013. Disponível em: https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/principais -causas-das-queimadas-nas-florestas-brasileiras. Acesso em: 5 out. 2021. Nesse artigo, somos convidados a refletir sobre as causas das queimadas no Brasil.

Canções MENINO iluminado. Intérprete: Pequeno Cidadão. Compositores: Apollo 9 e Taciana Barros. In: VEM Dançar. São Paulo: MCD, 2016. 1 CD, faixa 2. Essa canção versa sobre o que faz alguém ser uma pessoa iluminada e como a vida se torna mais feliz quando encontramos pessoas assim. O RIO. Intérprete: Marisa Monte. Compositores: Seu Jorge, Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e Marisa Monte. In: INFINITO particular. Rio de Janeiro: EMI, 2006. 1 CD, faixa 7. Nessa canção, ouvimos uma linda mensagem de amor fraternal.

WALL-E. Direção: Andrew Stanton. Produção: Jim Morris. Estados Unidos: Disney Pixar, 2008. 1 vídeo (108 min). Essa animação é protagonizada por um robô criado para limpar o lixo do planeta Terra. Certo dia, ele conhece outro robô, chamado EVA, cuja missão é encontrar pelo menos uma planta na superfície e transformar os rumos da humanidade.

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Walt Disney Pictures

Filmes


COMO treinar o seu dragão. Direção: Chris Sanders e Dean DeBlois. Produção: Bonnie Arnold. Estados Unidos: DreamWorks, 2010. 1 vídeo (98 min). Ambientado em um cenário mítico de dragões e vikings, esse filme narra as aventuras de um garoto que se torna amigo da espécie mais poderosa dos dragões, o Fúria da Noite. A animação é uma excelente história sobre amizade e relações entre pais e filhos.

Livros

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PESTILI, Ellen. Cada casa casa com cada um. São Paulo: Editora do Brasil, 2016. Nessa obra, a autora leva os pequenos leitores a refletir sobre os diferentes tipos de moradia e reconhecer que o importante é se sentir bem e feliz em seu lar.

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Editora do Brasil

COLE, Babette. Meu avô é um problema. Tradução: Heloisa Jahn. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2004. O livro conta a aventura de um neto e seu avô que plantava verduras diferentes. Um dia, a vizinhança enciumada apronta para o avô: o resultado é um tomateiro gigante e uma lagarta maior ainda. Mas tudo acaba bem no final.


Referências BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura: a formação do leitor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm. Acesso em: 16 set. 2020. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 2 set. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. Conta pra mim: guia de literacia familiar. Brasília, DF: Ministério da Educação; Sealf, 2019a. Disponível em: http://al fabetizacao.mec.gov.br/images/conta-pra-mim/conta-pra-mim-literacia.pdf. Acesso em: 10 set. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA: Política Nacional de Alfabetização. Brasília, DF: Ministério da Educação; Sealf, 2019b. Disponível em: http:// portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.pdf. Acesso em: 8 set. 2021. CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: CANDIDO, Antonio. Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre o Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2011. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000. COSSON, Rildo. Círculos de leitura e letramento literário. São Paulo: Contexto, 2021. COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006. ECO, Umberto. Seis passeios pelo bosque da ficção. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. HUNT, Peter. Crítica, teoria e literatura infantil. São Paulo: Cosac Naify, 2010. LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 2001. TODOROV, Tzvetan. A literatura em perigo. Rio de Janeiro: Difel, 2009. 27


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