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PNLD 2023 - O3 - MD IGUAL OU DIFERENTE, DEPENDE DO OLHAR DA GENTE

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MATERIAL DIGITAL DE APOIO À PRÁTICA DO PROFESSOR Livro DO Professor

Elaborado por

Francyane Canesche

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Livríssimo, 2021 Igual ou diferente, depende do olhar da gente - Material digital de apoio à prática do professor 2a edição, 2021 Direção-geral

Vicente Tortamano Avanso

Arquivo pessoal

Direção editorial Gerência editorial Edição Assistência editorial Apoio editorial Supervisão de artes Editoração eletrônica Supervisão de revisão Revisão Supervisão de iconografia Pesquisa iconográfica Supervisão de controle de processos editoriais

Felipe Ramos Poletti Gilsandro Vieira Sales Paulo Fuzinelli Aline Sá Martins Maria Carolina Rodrigues Andrea Melo Bétula Editorial Elaine Silva Bétula Editorial Léo Burgos Daniel Andrade e Priscila Ferraz Roseli Said

Material elaborado por Francyane Canesche, mestra em Estudos Literários pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e licenciada em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa e Língua Espanhola pela mesma universidade. Atualmente cursa Pedagogia na Faculdade Estácio de Sá (EaD – Polo Ervália – MG). Desde 2017 leciona a disciplina de Língua Portuguesa na Educação Básica da rede pública e atualmente também elabora conteúdos didáticos.

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Sumário Carta ao professor e à professora........................................................................ 4 Propostas de atividades....................................................................................... 7 Pré-leitura............................................................................................................................... 10 Leitura..................................................................................................................................... 15 Pós-leitura............................................................................................................................... 18

Sugestões de conteúdos complementares........................................................ 24

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Referências........................................................................................................ 26

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A prática da leitura literária é uma experiência que deve ser vivenciada desde cedo, uma vez que influencia não apenas no desenvolvimento de habilidades de leitura, escrita e linguagem oral, mas também nas habilidades emocionais e sociais. Isso ocorre porque o ato de ler, ainda que executado por apenas um indivíduo, é um ato dialógico. No contato com a obra literária, o leitor interage com o texto, com as ilustrações, com o seu mundo e o mundo da obra, com o autor, com as experiências vivenciadas pelo narrador, entre outros aspectos. Por isso, também, é de extrema importância que a criança tenha acesso ao livro físico, podendo tocá-lo e experimentá-lo. Na infância, essas interações, que adentram no campo da ludicidade, são facilitadoras do processo de alfabetização e de desenvolvimento social, fomentando o uso da imaginação e da criatividade, por isso, devem ser incentivadas dentro e fora do ambiente escolar. Pode parecer algo óbvio, mas em um mundo dominado pelas telas digitais, têm se tornado cada vez mais raras as situações de interação por meio da leitura literária. É preciso destacar que o uso da tecnologia não é algo ruim, mas precisa ser tratado com parcimônia para essa faixa etária, pois, em excesso, pode prejudicar as crianças de diferentes formas e até mesmo inibi-las de experienciar algumas vivências. Em contrapartida, o incentivo à interação verbal, à leitura dialogada e à literacia familiar deve ser ampliado, pelos diversos motivos já citados. Essas atividades abrem portas para o crescimento e a formação do indivíduo, pois consideram questões mais amplas, como a identidade, as relações interpessoais, o reconhecimento de potencialidades e fragilidades, bem como a valorização das diferenças. Nesse contexto, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), atentando-se para o período de mudanças ao qual corresponde a migração da Educação Infantil para os anos iniciais do Ensino Fundamental, propõe alterações significativas no contexto educacional, garantindo a ampliação das práticas supracitadas (BRASIL, 2018). 4

Livríssimo

Carta ao professor e à professora


De acordo com a BNCC, é essencial que o estudante tenha acesso – além das práticas já materializadas nas aulas de Língua Portuguesa, como a oralidade, a leitura e a escrita – à experiência estética e intercultural, ampliando “a autonomia intelectual, a compreensão de normas e os interesses pela vida social”, permitindo que as crianças aprendam a lidar com “sistemas mais amplos, que dizem respeito às relações dos sujeitos entre si, com a natureza, com a história, com a cultura, com as tecnologias e com o ambiente” (BRASIL, 2018, p. 59). Dessa forma, os anos iniciais do Ensino Fundamental buscam viabilizar práticas significativas de leitura e escrita, com vistas à alfabetização e, também, ao letramento literário. Nesse contexto, é importante considerar, ainda, a Política Nacional de Alfabetização (PNA), aprovada em 2014, que defende o conceito de literacia, ou seja, “conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionados à leitura e à escrita, bem como sua prática produtiva” (BRASIL, 2019b, p. 21). Esse documento considera o hábito de leitura como essencial para o desenvolvimento da criança, tanto no que se refere à sua individualidade e sociabilidade quanto ao processo de alfabetização. Considerando todos os levantamentos feitos até o momento, este material apresenta uma abordagem pedagógica que visa um diálogo rico com o texto literário e com o mundo que cerca o estudante, materializando suas experiências estéticas e tornando o letramento literário significativo e interessante. As atividades aqui propostas objetivam incentivar a criança a interagir com o texto literário, compreendendo-o, e a desenvolver o gosto pela leitura, mobilizando interações com outras artes e, também, com outros componentes curriculares. A obra Igual ou diferente, depende do olhar da gente, escrita e ilustrada por Ellen Pestili, oportuniza, no contato com o leitor, a experimentação estética, tanto no que se refere ao texto verbal quanto ao não verbal. Além disso, promove uma reflexão, que parte da própria experiência de vida da autora, sobre o contato com o outro, a descoberta de si e o respeito às diferenças. Em seus versos, a autora sensibiliza o estudante para um mundo marcado pela pluralidade, levando-o a pensar o seu espaço social, suas relações interpessoais e atitudes. Nesse sentido, a obra traz como tema principal o mundo natural e social uma vez que os estudantes são convidados a refletir sobre as relações pessoais e a convivência em espaços como a escola, além de estimular a reflexão acerca do respeito às diferenças. Com sua veia artística, Ellen Pestili também amplia as possibilidades do texto com ilustrações construídas ricamente por meio de diferentes técnicas, como pintura, desenhos e colagem, tornando a obra ainda mais convidativa para o universo infantil. 5


Utilizando uma linguagem leve e rimas divertidas, ela conduz a criança nas descobertas sobre as peculiaridades dos estudantes da Escola da Floresta Encantada e a convida a continuar essa observação em sua própria escola. Para explorar essa obra de forma rica e completa, este material apresenta uma série de propostas de atividades que consideram três momentos: Pré-leitura, Leitura e Pós‑leitura. Elas irão auxiliá-lo no trabalho com diferentes facetas do texto literário, dentro e fora da sala de aula, instigando, também, a literacia familiar. Além disso, estão seguidas de sugestões comentadas de materiais para ampliar a sua formação e permitir um precioso diálogo, não apenas com essa obra, mas também com o mundo da literatura. Boa leitura! Francyane Canesche

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Propostas de atividades Para realizar o trabalho com o texto literário, é extremamente importante entender um pouco mais sobre a literatura infantil, pensando suas origens e seu papel no contexto atual. No passado, as produções literárias, com vistas à apreciação estética, não eram voltadas para o público infantil, que era atingido apenas pelas narrativas com fins moralizantes, subsidiando uma educação moral e de “bons costumes”. Essas práticas consideravam as crianças uma página em branco que precisava ser preenchida com base na perspectiva de um adulto; dessa forma, o texto literário direcionado ao público infantil foi, por muito tempo, considerado menor dentro do mundo da literatura, porque era visto como uma espécie de manual com texto facilitado para a compreensão da criança. No entanto, com o passar do tempo, percebeu-se que essa perspectiva não correspondia à realidade dos pequenos leitores e sua relação interativa com o texto literário, uma vez que, segundo Maria José Palo e Maria Rosa D. Oliveira, “o pensamento infantil está apto para responder à motivação do signo artístico, e uma literatura que se esteie sobre esse modo de ver a criança torna-a indivíduo com desejos e pensamentos próprios, agente de seu próprio aprendizado” (PALO; OLIVEIRA, 2006, p. 8). O texto literário, de forma lúdica e divertida, é capaz de guiar a criança por muitas aventuras, explorando sua capacidade imaginativa ao mesmo tempo que a auxilia na sua formação como ser social, instruindo um olhar respeitoso para o diferente. Dessa forma, a literatura infantil deve ser entendida como um texto humanizador, que faz o indivíduo experienciar diferentes situações em profundidade. Isso ocorre porque essas experiências estão intrinsecamente ligadas ao contato com o outro, de modo que auxilia a criança a reconhecer a sua individualidade. Então, quando o leitor entra em contato com um texto, ele “tem liberdade para experimentar qualquer um de seus aspectos, mas é ao vivenciar a experiência de outrem que conhece a si mesmo, seja por identificação ou não” (FREITAS; SILVA, 2017, p. 213). Isso acontece principalmente porque a infância é a fase de formação do indivíduo, na qual ele se vale da imaginação para apreender o mundo à sua volta e conhecer a si mesmo. Na literatura, a criança pode encontrar situações cotidianas da sua realidade, mas também da realidade alheia e, dessa forma, pode reconhecer-se por meio do contato com o outro, descobrindo que o mundo é dinâmico e recheado de diferenças. Segundo Marta Morais da Costa (2008, p. 29):

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Ler é reconhecer-se. Toda vez que percebemos a identificação do leitor com situações, sentimentos e personagens, vivenciamos o poder de expressar o ser humano que o texto literário, por natureza, contém. É por isso que o leitor alimenta seu imaginário ao interagir com as construções literárias, inventadas a partir do real.

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Nesse contexto, a obra Igual ou diferente, depende do olhar da gente é um rico material para a formação identitária do estudante, servindo de porta para um mundo pautado no respeito e na valorização do indivíduo. Nesta seção, você encontrará atividades de leitura e compreensão textual relacionadas ao livro, divididas em três momentos. Em todos eles, as habilidades e competências trabalhadas estão aliadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e à Política Nacional de Alfabetização (PNA). O objetivo dessas atividades é impulsionar o trabalho com o texto literário, fornecendo diferentes possibilidades para a sua abordagem didática. Cabe destacar que, como essas atividades são destinadas a estudantes do 1o ao 3o ano do Ensino Fundamental, que estão iniciando o processo de alfabetização, seu papel como mediador será extremamente importante. Segundo a PNA, o êxito das crianças no que se refere ao seu aprendizado de leitura e escrita está intimamente ligado a seu nível de contato com a linguagem. Quanto mais expostas as crianças estão aos textos, sejam eles orais, escritos ou multissemióticos, mais vocabulário elas adquirem, assim como apresentam mais familiaridade com a língua e suas peculiaridades. Por isso, além de atividades realizadas na escola, é tão importante sugerir atividades de literacia familiar, que consiste em “práticas e experiências relacionadas à linguagem, à leitura e à escrita que elas vivenciam com seus pais, familiares ou cuidadores, mesmo antes do ingresso no ensino formal” (BRASIL, 2019b, p. 23). O envolvimento da família torna algumas dessas atividades mais significativas, auxiliando no desenvolvimento do quociente emocional da criança. O hábito de contar histórias para as crianças dormirem é um dos mais conhecidos exemplos de literacia


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familiar e, além de permitir o contato da criança com o mundo das letras, ainda estabelece relações de afeto e carinho entre os familiares. Momentos como esse podem instigar o gosto pela leitura, estabelecendo uma associação direta entre a leitura e interações prazerosas do dia a dia. Dessa forma, em seu papel como professor, é importante considerar a família como aliada desse processo, pensando para além das práticas didáticas promovidas em sala de aula. Dar continuidade às suas atividades com uma leitura partilhada com os familiares, por exemplo, é um facilitador do processo de alfabetização, pois amplia o vocabulário da criança, auxilia em sua compreensão oral e sua percepção dos elementos das narrativas, bem como viabiliza a socialização e o desenvolvimento emocional. No entanto, é preciso que todo o trabalho seja bem desenvolvido, com orientações claras e a garantia de um canal de comunicação em caso de dúvidas. É preciso considerar, também, os ruídos na realização das atividades, como no caso de o adulto não saber ler ou escrever. Nesse caso, você pode sugerir uma leitura de imagens, por exemplo, de forma que os familiares não desistam de uma prática tão importante no dia a dia da criança. Ler é um ato de extrema importância, não apenas para as crianças mas para todo e qualquer ser humano, porque permite a formação de cidadãos críticos e conscientes da sua realidade. Assim, ao incentivar o hábito de ler e de conviver com livros desde a infância, tanto no ambiente familiar quando no escolar, estamos cumprindo com nosso papel social de educadores e garantindo uma nova perspectiva de vida para aquele indivíduo que aproveita a oportunidade. Por esses motivos, ao longo das atividades propostas a seguir, você também encontrará algumas sugestões de como propor o trabalho com a literacia familiar. É relevante ter em mente que as atividades, de modo geral, poderão ser adaptadas de acordo com as necessidades da turma, bem como ser utilizadas como ponto de partida para o desenvolvimento das temáticas abordadas na obra.

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Pré-leitura As atividades de pré-leitura são essenciais para uma abordagem significativa do texto literário, visto que despertam a curiosidade e a imaginação dos estudantes, ao ativarem seus conhecimentos prévios sobre a temática e estabelecerem uma ideia inicial sobre o sentido da obra. Nessa etapa, as perguntas exploratórias são extremamente importantes, mas é preciso se lembrar, também, de fazer uma apresentação básica do livro, incluindo dados sobre autor, ilustrador e elementos da obra antes de prosseguir. É importante ainda que as atividades de pré-leitura sejam realizadas de forma lúdica, para possibilitar aos leitores iniciantes uma imersão no universo literário capaz de desenvolver o senso estético e crítico previsto na BNCC. Dessa forma, cuide para que o ambiente seja aconchegante e convidativo, organizando os estudantes sempre em posições que favoreçam a interação entre eles e com você.

Os poemas e a musicalização na infância Desde pequenos, estamos em contato com textos versificados e ritmados como cantigas e parlendas, por exemplo, o que nos aproxima muito cedo da musicalização. O aprendizado musical nessa faixa etária é muito importante para o desenvolvimento de habilidades como o reconhecimento de sons, a capacidade de concentração, de ouvir, de imitar etc., as quais serão muito importantes no aprendizado da língua. Além disso, a musicalização influencia no amadurecimento emocional porque as imagens poéticas estimulam o trabalho com as sensações e os sentimentos. A obra Igual ou diferente, depende do olhar da gente faz uso de rimas e, por isso, se aproxima bastante da estrutura de um poema, permitindo o trabalho com o ritmo, os versos e as imagens poéticas. Assim, para explorar a temática, o gênero textual e a musicalidade ocasionada pelas rimas da obra e introduzir os estudantes no universo da leitura, inicie com atividades divertidas e que despertem o interesse deles. Em um espaço tranquilo, organize os estudantes em roda para uma conversa. Comece questionando-os: Que tipos de música vocês gostam de ouvir? Deixe que se expressem e contem um pouco sobre as letras, os artistas e os ritmos que conhecem, entre outros aspectos. Oriente-os sobre a importância de respeitar o momento de fala do outro e combine um sinal (levantar a mão, por exemplo) para que cada um possa indicar o desejo de falar. Após essa conversa inicial, comente com eles que algumas músicas nasceram, inicialmente, como poemas, ou seja, só tinham texto. Traga um exemplo de poema que 10


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foi musicalizado, como As borboletas, de Vinícius de Moraes, ou outro que achar relevante. Leia o poema em sala de aula e, em seguida, apresente a sua respectiva versão musicada que pode ser facilmente encontrada no YouTube. Incentive os estudantes a notar que o poema e a música têm a mesma letra. Em seguida, convide-os a relembrar a letra, realizando perguntas exploratórias como: Sobre o que a música fala? Que cores as borboletas têm na música/poema? As borboletas azuis gostam de quê? Com os estudantes mais familiarizados com o conteúdo do poema, você pode trabalhar as rimas. Releia o poema, dando ênfase às palavras que rimam entre si. Por exemplo: brancas/pretas; amarelas/belas; brancas/francas; azuis/luz; amarelinhas/bonitinhas; então/escuridão. Você pode escrever o poema na lousa, se achar interessante, para que as palavras que rimam entre si sejam sinalizadas. Também pode pontuar a leitura das rimas com o bater de palmas, chamando maior atenção para o ritmo inerente aos textos desse gênero. Após essa leitura, incentive os estudantes a completar a rima. Leia o começo da estrofe e deixe que completem o final. Por exemplo: “As amarelinhas / são tão !”. Relembramos que essa atividade pode ser feita com outros poemas que foram musicados conforme você achar adequado. Em seguida, convide-os a escutar uma canção que fala sobre o respeito às diferenças. Uma sugestão é a canção “Diferenças”, álbum Boogye no Parquinho, do canal Boogye, cujo link está disponível na seção Sugestões de conteúdos complementares. Antes de apresentar a música, questione-os sobre o título, trazendo perguntas como: Qual será o tema da canção? Vocês sabem o que é boogye? Por que será que escreveram uma música sobre diferenças? É algo importante? Está presente em nosso dia a dia? Toque a canção pelo menos duas vezes e veja se os estudantes guardam algum trecho na memória. Se sim, provavelmente serão versos que rimam entre si. Isso ocorre porque nessa fase as crianças tendem a fixar as repetições e, por isso, as rimas são um bom objeto de trabalho. Promova um momento de interação verbal com perguntas e respostas sobre o conteúdo da letra, checando as antecipações e inferências feitas com base no título, antes da escuta da canção. Depois, amplie a 11


discussão pedindo aos estudantes que observem se, na turma, há algumas das diferenças apontadas na canção, por exemplo: cabelo de diferentes tamanhos e estilos, pessoas baixas e altas etc. Leve a conversa um pouco mais adiante questionando se os estudantes conhecem algum ambiente que reúne muitas pessoas exatamente iguais. Nesse momento, incentive-os a observar a riqueza das diferenças com perguntas do tipo: Você acha legal quando um amigo apresenta uma coisa que você ainda não conhece? Ou explica sobre algo que antes você não sabia? Ou elogia você por uma característica que é só sua? Essas situações poderiam acontecer em um mundo em que todos são iguais? Agora, você acha que esse mundo seria legal? Siga com a exploração da canção. Escreva a letra na lousa e leia os versos para os estudantes, utilizando o dedo para apontar as palavras que estão sendo lidas. Peça a eles que identifiquem as palavras que rimam, ou seja, aquelas que apresentam som semelhante na última sílaba, dando ritmo ao texto. Vá marcando na lousa as palavras que rimam entre si, para que os estudantes possam visualizar. Pergunte se acham que seria fácil cantar essa música se não houvesse as rimas e peça que justifiquem sua opinião. Questione-os se já escutaram outras canções que também apresentam rimas, solicitando exemplos. É provável que se lembrem de algumas parlendas e cantigas de roda. Ainda com a letra da canção na lousa, pergunte aos estudantes se todos os textos são escritos daquela forma, divididos em “pedações”. Se achar relevante, escreva um texto em prosa curto na lousa, ao lado da letra da canção, e incentive-os a apontar as diferenças físicas entre o texto em prosa e o texto em verso. Após explorar visualmente as diferenças entre prosa e verso, explique que poemas e canções, geralmente, são divididos em linhas, e que cada linha é chamada de verso. Explique, também, que as linhas podem se organizar em grupos, formando estrofes, que você pode indicar na lousa para que eles possam acompanhar visualmente. Essa atividade de exploração do gênero textual, de sua estrutura e de suas características é muito importante para a formação leitora do estudante, uma vez que o gênero, em si, além de permitir uma classificação das obras, contribui diretamente no aprendizado significativo de prática de leitura, produção e compreensão do estudante. Para finalizar essa etapa, comente com as crianças que a obra que elas explorarão em seguida é um texto escrito em versos e que também contém rimas. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP01, EF01LP08, EF12LP07, EF12LP18, EF15LP02, EF15LP09 e EF15LP15.

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Um primeiro encontro Agora que os estudantes já estão familiarizados com as características do gênero textual poema e com a temática da obra, é hora de apresentar-lhes o livro. Inicie a atividade explorando a capa. Leia o título em voz alta, mostrando com seu dedo cada palavra lida e convidando os alunos a acompanhar em seus exemplares. Você pode colocar uma folha de papel em cima da ilustração para explorar apenas o título nesse momento. Questione-os, em seguida, sobre o que esse título sugere, ou seja, sobre o que eles acham que a obra tratará. Ouça com atenção as hipóteses levantadas e organize o ambiente para que todos participem, respeitando o turno de fala de cada um. Enriqueça a discussão fazendo questionamentos como: Por que você acha que depende do nosso olhar algo ser igual ou diferente? O título apresenta alguma parte “diferente”? Qual? Por que você acha que a cor dessas palavras é diferente das demais? Lembre-se de registrar esses levantamentos para checagem posterior à leitura. Dentro do contexto do leitor em fase de alfabetização, fazer inferências é essencial para o processo de compreensão de textos, porque são elas que diferenciam a leitura profunda de uma leitura rasa, garantindo a qualidade da interpretação feita pelo leitor. Por isso, é importante levar o leitor iniciante a fazer as inferências autorizadas pelo texto por meio de perguntas motivadoras, para que ele adquira, aos poucos, domínio da leitura autônoma (MALUF; CARDOSO-MARTINS, 2013, p. 140). Em seguida, explore individualmente as palavras do título, com foco nas noções de igual e diferente. Para isso, você pode utilizar objetos presentes em sala de aula, como cadeiras (iguais) e mochilas (diferentes). Com os conceitos de igual e diferente já estabelecidos, convide os estudantes a levantar possíveis situações que serão apresentadas na obra. Estimule-os fazendo perguntas como: O que será igual ou diferente na obra? Como você acha que as diferenças serão vistas? Por que você acha que dependendo do olhar da gente algo pode ser igual ou diferente? Aqui em nossa escola, há coisas iguais e diferentes? E pessoas? Dê tempo para os estudantes manifestarem seus pontos de vista e registre esses levantamentos também. Cuide para que não sejam feitos comentários depreciativos sobre a aparência das pessoas. É necessário que toda conversa seja conduzida com respeito à diversidade. Lembre-se de que as perguntas devem ser diretas e objetivas, mas, ao mesmo tempo, devem estimular a criatividade, a imaginação e a expressão individual. Por isso, se necessário, amplie-as direcionando o diálogo com base nas respostas recebidas. Em um segundo momento, leia o nome da autora, que também ilustrou o livro, apontando para as palavras lidas. Pergunte se os estudantes a conhecem, se já leram 13


alguma outra obra dela. Deixe que se expressem. Apresente sua fotografia e fale um pouco sobre ela. A seção Vamos falar sobre este livro?, além da foto de Ellen Pestili, traz também uma breve biografia que você pode explorar em sala de aula. Depois desse momento de apresentação da autora e ilustradora, retorne à exploração da capa, agora dando atenção especial às ilustrações. Convide os estudantes, cada um com seu livro em mãos, a observar atentamente as cores, os materiais que parecem ter sido utilizados, as características dos personagens etc. Ao longo dessa observação, peça que descrevam as imagens de capa e quarta capa. Quem são os animais que aparecem na capa? O que eles parecem estar fazendo? Quais são as semelhanças e diferenças entre eles? Solicite que retomem suas suposições sobre o enredo da obra com base no título, agora com o apoio das ilustrações. Eles ainda acreditam que se tratará da mesma temática? Quem serão os personagens da obra? Onde a história irá acontecer? Estimule o uso da imaginação. É importante garantir a interação verbal durante a realização dessas atividades, de modo que os estudantes sejam estimulados a se envolverem ativamente no processo de aprendizado. Assim, durante a prática pedagógica, além das atividades sugeridas neste material, utilize diferentes abordagens comunicativas, acionando estratégias como brincadeiras, jogos e músicas, a fim de desenvolver a linguagem e a capacidade de compreensão e expressão das crianças. Isso permite que elas ampliem seu vocabulário, aprendam a respeitar os momentos de fala, desenvolvam habilidades sociocomunicativas etc. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP01, EF15LP02, EF15LP03, EF15LP09, EF15LP11, EF15LP15 e EF15LP18.

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Leitura Considerando que a leitura é um ato de construção de significados, o processo já foi iniciado na etapa de pré-leitura, quando o estudante fez suas inferências sobre a obra e teve a oportunidade de se familiarizar com o gênero textual e a temática. Dessa forma, nos dedicaremos, a partir de agora, às propostas de leitura do texto propriamente ditas, considerando seu diálogo com as ilustrações. As atividades aqui desenvolvidas estão pautadas no conceito de leitura dialogada, que é extremamente importante para o desenvolvimento do indivíduo em diferentes âmbitos, como o social e o linguístico, por exemplo. Por meio dela, a leitura se torna mais dinâmica e significativa para o estudante, porque ocorre pela interação, que o faz refletir sobre o texto através da troca de ideias com um adulto. Ler dessa forma fornece ao estudante um papel ativo no processo de leitura e interpretação.

Ellen Pestili

Amigo livro Agora que os estudantes já tiveram o primeiro contato com o livro, dê prosseguimento à etapa de leitura, aguçando a curiosidade deles. Diga que irão conhecer a história daqueles animaizinhos presentes na capa do livro. Questione-os: Estão curiosos? Como vocês acham que será uma história contada em versos? Vocês acham que haverá rimas? Que será divertida? Para que esse seja um momento proveitoso para as crianças, é importante que elas estejam posicionadas de forma que consigam visualizar bem o livro do professor, e também possam manusear os seus. Então, organize o espaço com antecedência, garantindo tranquilidade e aconchego no momento da leitura. Uma sugestão é o formato de roda de leitura, posicionando os estudantes em um semicírculo à sua frente, que pode ser realizada no pátio, na quadra ou na biblioteca da escola, a depender do espaço disponível. Comece a atividade retomando as inferências feitas pelos estudantes sobre a capa do livro, ativando a memória deles. Caso não se lembrem, você pode repetir a atividade ou trazer o levantamento que você fez quando a atividade foi realizada. Feito isso, pergunte aos estudantes quem escreveu esse livro e para qual público eles acham que ele foi escrito. Explore um pouco as características dos textos voltados para crianças, destacando as ilustrações, a fonte, entre outros aspectos. 15


Em seguida, convide-os a pegar cada um o seu livro e lembre-os de que, para acompanhar a leitura, eles devem sempre virar a página junto com você. Inicie o processo de leitura dialogada e a cada página dupla, vire o livro aberto para os estudantes, indicando com o dedo o texto ou as ilustrações quando relevante. Faça a leitura da primeira estrofe em voz alta, sempre apontando com o dedo as palavras que estão sendo lidas e atentando-se ao ritmo e à entonação adequados. Você também pode pedir às crianças que repitam, em voz alta, os versos lidos, de modo que possam articular a sonoridade e as rimas presentes na construção do poema. Em seguida, pergunte a elas o que está sendo representado nas ilustrações e como isso se relaciona com os versos que você acabou de ler, estimulando a construção de relações significativas entre o texto verbal e não verbal. Prossiga com a atividade avaliando a resposta das crianças. Caso esteja incorreta, é importante fazer a correção sem destacar o erro, utilizando, por exemplo, perguntas direcionadoras que as auxiliem a encontrar a resposta correta. Quando derem a resposta esperada, expanda a informação acrescentando elementos que ainda não foram destacados pelos estudantes ou informações relevantes naquele contexto. Uma sugestão é buscar sempre relacionar as estrofes com a temática já explorada por meio da música no momento de pré-leitura. Sempre que possível, peça ao estudante para repetir a resposta expandida, unindo as informações levantadas por ele e aquelas acrescentadas por você, consolidando o conhecimento adquirido. Essa sequência de quatro comandos orientativos para as perguntas feitas aos estudantes durante o processo de leitura dialogada – perguntar, avaliar, expandir e repetir – é conhecida como técnica PAVERE, a qual garante riqueza de interação entre crianças e adultos. A cada página dupla, repita essa sequência, variando as perguntas entre as cinco categorias destacadas na técnica QueFaleComVida, que complementa a técnica anterior, segundo o guia Conta pra mim (BRASIL, 2019a). Essas perguntas se dividem em cinco tipos: 1. Com o uso de pronomes e advérbios interrogativos (que, quem, quando, onde etc.). 2. Que não se resumam a uma resposta de sim ou não, exigindo esforço mental do

estudante. 3. Que direcionem o estudante para lembrar acontecimentos que já foram vistos

durante a leitura. 4. De completar, nas quais se deixa uma lacuna no final da frase, abrindo possibili-

dades ideais para a exploração de rimas. 16


Ellen Pestili

5. Relacionadas à vida da criança, estabelecendo uma ponte entre o real e

o ficcional. Assim, ao longo da leitura da obra, levante questionamentos como: O que mais importa para os estudantes dessa escola: as características físicas e psicológicas ou as virtudes? Por quê? Existe respeito nessa escola? De que forma? Quando os alunos dessa escola precisam usar algum apetrecho diferente, eles são julgados por isso? O que você acha dessa atitude? Vamos usar como exemplo a página dupla 20-21. Faça perguntas como: Quem é o professor dessa turma? Que componente curricular ele está ensinando? Como você descobriu isso? Lembre-se de sempre explorar com as crianças as palavras já conhecidas e as desconhecidas também, assim como os sons das letras que as compõem, ampliando o vocabulário e o conhecimento alfabético delas. A realização dessas perguntas garante que elas compreendam a organização das histórias, reconhecendo personagens, temas, função do título e das ilustrações, por exemplo. Dessa forma, os estudantes vão se ambientando à leitura de obras e melhorando sua capacidade de compreensão com elementos do próprio texto. Por isso, é necessário que a mediação seja enriquecedora e tenha como objetivo envolver a criança no processo de leitura. Nessa fase inicial de alfabetização, é recomendável realizar a leitura de um mesmo livro mais de uma vez. Para isso, você pode repetir a leitura em sala de aula, mas também pode deixar que as crianças levem os livros para casa, para que leiam a obra com seus familiares. Para o trabalho com literacia familiar, é sempre importante enviar uma carta explicativa e até, se achar relevante, um guia com instruções de como realizar uma leitura dialogada (a leitura inicial do texto pode ser retomada com perguntas objetivas que auxiliem na compreensão textual, observando aspectos como o que aconteceu, como, com quem, quando e onde, por exemplo). Amplie o guia utilizando suas experiências em sala de aula e as práticas de leitura apresentadas neste material. Não se esqueça de avisar os familiares ou responsáveis de que o livro pertence à escola e deve ser devolvido em data previamente combinada. Convide as crianças a falar em sala de aula sobre como foi essa experiência de leitura em casa. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP01, EF01LP26, EF12LP18, EF12LP19, EF15LP02, EF15LP03, EF15LP09, EF15LP10, EF15LP11, EF15LP15 e EF15LP18.

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Pós-leitura Agora que os estudantes já leram a obra, é essencial propor atividades de encerramento que os levem a concretizar todo o processo de leitura, unificando as etapas anteriores. Nesse momento, eles estarão recordando a história contida na obra, bem como as discussões promovidas anteriormente, e esse trabalho garante um processo de escuta ativa. Sintetizar, resumir e unificar não é uma tarefa fácil para as crianças nessa faixa etária; por isso, não se sinta frustrado caso o processo não funcione como planejado. Sempre que necessário, retome a leitura ou trechos do texto para subsidiar a atividade e promover o amadurecimento leitor da criança, para que, assim, atividades desse tipo se concretizem de forma mais tranquila. Afinal, o objetivo é ensiná-las, e não esperar que elas já saibam como fazer, não é mesmo? Para que essa finalidade seja atingida, você encontrará a seguir algumas sugestões de atividades que podem ser propostas com base no trabalho já realizado até o momento. Essas atividades estão embasadas na BNCC e na PNA e visam promover momentos coletivos de reflexão e fixação dos conteúdos estudados.

Construindo a minha história Uma forma interessante de finalizar o processo de leitura é promover uma roda de conversa sobre a história, relacionando os acontecimentos à vida do estudante. Essa atividade aciona o conhecimento de mundo da criança e explora o espaço para além da realidade do texto, aproximando-o do seu dia a dia na construção de sentidos. Como diz o professor de Literatura Francesa Antoine Compagnon (2010, p. 142), o objetivo do leitor é “menos compreender o livro do que compreender a si mesmo através do livro”. Por isso, a pergunta da autora Ellen Pestili no final da obra (“E na sua escola, como é que é?”, p. 22) tem tanta relevância, já que direciona o leitor para um diálogo entre o texto e a sua realidade. Comece esse momento de pós-leitura convidando os estudantes a recontar a história que acabaram de ouvir, a fim de explorar a capacidade de fixação deles. Se necessário, releia com eles a obra ou trechos dela e analise atentamente as ilustrações. Explore o lugar em que aconteceram os fatos e os personagens da história e outros detalhes relevantes. Aproveite, então, a pergunta final feita pela autora e convide os alunos a encontrar semelhanças e diferenças entre os detalhes relatados no livro e aqueles encontrados na 18


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escola. Por exemplo, na página 18 temos uma preguiça que usa óculos, na página 19 uma ema com colete no pescoço. Tem alguém na sala de aula que já usou gesso no braço ou na perna, ou alguém que usa óculos? Faça a mediação da conversa para garantir tanto a liberdade de expressão quanto o respeito aos colegas. Nessa troca, enfatize sempre, com perguntas direcionadoras ou comentários, a importância de tratar bem o outro, de compreendê-lo e valorizar suas diferenças. Nessa fase de alfabetização, é sempre interessante registrar na lousa as palavras exploradas e solicitar que os estudantes as repitam em voz alta, para que eles desenvolvam, assim, suas habilidades de vocabulário e articulação. Também é interessante explorar as letras e os sons iniciais de cada uma das palavras, auxiliando no processo de alfabetização. Você pode aproveitar e explorar as características dos fonemas de cada palavra, mostrando que semelhanças e diferenças também ocorrem em nossa língua e que cada diferença torna a palavra especial, única. Para finalizar a atividade, convide os estudantes a criar um livro juntos. Para isso, peça que desenhem pessoas diferentes, com base na conversa anterior, destacando as características que as tornam únicas (como o uso de aparelho e óculos, cor da pele, altura, cabelo, sorriso, atividade de que mais gostam etc.). Nesse momento, lembre-os de que não estão desenhando seus colegas ou a si mesmos, mas criando personagens, assim como a autora Ellen Pestili fez. Então, os personagens podem ser crianças, adultos, animais, objetos, o que quiserem! Explique aos estudantes que uma imagem também conta uma história, e que essa é a oportunidade de eles criarem uma! Antes de iniciar a produção das ilustrações, explique que, concomitantemente ao texto em verso presente na obra existe uma narrativa de imagens que não apenas ilustram os versos, mas trazem informações importantes para sua compreensão. Também existem muitas histórias contadas apenas com imagens. Questione os estudantes se já leram algum livro assim, dando tempo para falarem sobre suas vivências. Agora é o momento de criar as ilustrações. Distribua folhas de papel sulfite e lápis de cor ou giz de cera para essa atividade. Ao finalizarem, peça que escrevam uma frase curta sobre o desenho, por exemplo: “Esse é o Evan, ele tem um sorriso feliz!”. Deixe que cada um apresente para a turma sua produção, explicando o que ela retrata, quais as características desenhadas etc. 19


É importante garantir um momento respeitoso em que todos possam falar sobre seus desenhos livremente, garantindo a troca fluida nos turnos de fala e a compreensão da perspectiva do outro. Após a apresentação, reúna as ilustrações em um livro da turma e convide os estudantes a escolher juntos um belo título e uma capa para esse livro. Este material pode servir para o trabalho com literacia familiar, de forma que cada criança tenha a oportunidade de levar o material para casa em um determinado dia da semana e apresentá-lo aos seus responsáveis, apontando suas particularidades e garantindo que os familiares também compreendam o valor das diferenças. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP07, EF01LP09, EF12LP01, EF12LP05, EF15LP09, EF15LP10, EF15LP11, EF15LP13, EF15LP15 e EF15LP19.

Autorretrato com colar de espinhos e beija-flor, Frida Kahlo, 1940; •• O filho do homem, René Magritte, 1964; •• Autorretrato, Pablo Picasso, 1907; •• Autorretrato, Tarsila do Amaral, 1923. •• Questione os estudantes sobre o que está sendo representado em cada tela e dê um tempo para que eles se expressem. Ouça as opiniões com atenção e busque não corrigi-los nesse momento, pois estão fazendo inferências que serão checadas em seguida. Depois, comente que, no caso do primeiro exemplo, essa é uma pintura feita por Van Gogh, na qual ele registra a si mesmo na tela. Explique que essa prática é muito comum nas artes e que outros pintores também o fizeram, como Frida Kahlo e Tarsila do Amaral. 20

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Agora que os estudantes já criaram um personagem, convide-os a fazer um retrato de si mesmos. Comece explicando o conceito de autorretrato, que é um retrato feito pela própria pessoa que está sendo retratada, e que pode ser feito por meio de desenho, pintura, fotografia etc. Sabemos que nos anos iniciais do Ensino Fundamental os estudantes estão iniciando a fase de alfabetização e, por isso, uma boa parte do aprendizado ainda ocorre por meio das figuras e ilustrações. E, de fato, é através de imagens que a criança estabelece relações com o outro, o diferente, o novo. Apresente alguns autorretratos famosos, como: Autorretrato, Vincent van Gogh, 1889; ••

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Eu e o outro


MarsBars/iStockphoto.com

Museu d’Orsay, Paris

Continue explorando a pintura e perguntando às crianças: As cores da pintura transmitem algum sentimento para vocês? E a expressão facial do retratado? Ele parece feliz? Triste? Por que ele está olhando diretamente para nós? Deixe que as crianças levantem hipóteses sobre as perguntas que lhes foram feitas e deixe claro que não precisam ter medo de errar, afinal, estão fazendo suposições. O pintor holandês Vincent Van Gogh e a pintora mexicana Frida Kahlo, por exemplo, pintaram vários autorretratos ao longo de suas vidas. Se achar interessante, você pode trazer diferentes exemplos e incentivar os estudantes a explorar as semelhanças e diferenças entre eles. Avance a conversa sobre autorretratos perguntando aos estudantes como eles registram a si mesmos nos dias de hoje. É provável que respondam que é por meio de desenhos ou fotografias. Comente que, após o surgimento das câmeras nos celulares, a prática das selfies se tornou cada vez mais recorrente. Traga alguns exemplos de selfies atuais e mais antigas e peça que observem com atenção os detalhes, assim como fizeram com as pinturas. Organize um momento de conversa sobre as imagens com perguntas exploratórias: É comum selfies apresentarem pessoas tristes? Por que vocês acham que as pessoas tiram fotografias de si mesmas? Vocês têm o costume de tirar fotos de si mesmos? Conhecem alguém que tira muitas selfies? O que você pensa sobre isso? Lembre-se de garantir o respeito aos turnos de fala, bem como à opinião dos colegas. Converse com os estudantes sobre o fato de que, antigamente, não era fácil registrar a si mesmo; 21


Ellen Pestili

por isso, uma pintura ou fotografia era algo extremamente valorizado. Nos dias de hoje, as fotografias foram um tanto banalizadas, pois estão conosco em qualquer lugar por meio de nossos aparelhos celulares. No entanto, é preciso considerar que, quando olhamos para nossas fotografias antigas, percebemos nossa evolução, no que mudamos e no que parecemos semelhantes, e podemos perceber nas nossas expressões diversos sentimentos vividos nas situações registradas. Por isso é tão importante guardar recordações de si mesmo. Siga com a atividade explicando que um autorretrato pode ser em forma de texto também. Se achar relevante apresente aos estudantes o poema O autorretrato, de Mario Quintana, que pode ser encontrado facilmente on-line. Leia-o em sua totalidade em voz alta. Depois, retome a leitura seguindo as técnicas de leitura dialogada PAVERE e QueFaleComVida apontadas na seção Leitura, questionando os estudantes: Por que, no poema, a pessoa, às vezes, se pinta como nuvem e, outras vezes, como árvore? Será que ele não sabe quem ele é, ou ele muda o tempo todo? O que ele quis dizer quando falou que pinta coisas que não existirão, se ele está retratando a si mesmo? Seriam seus sonhos? Por que ele está buscando algo que se parece com ele? O que ele está tentando descobrir? Direcione a leitura de modo que os estudantes compreendam que o poeta está tentando descobrir quem ele é, ou seja, encontrar sua identidade. Nessa busca, cada vez que ele olha para si (como se olhar no espelho), descobre algo diferente. Para finalizar, convide-os a olhar para si mesmos em um espelho e criar seu próprio autorretrato. Lembre-os de que o autorretrato não deve expor apenas características físicas, mas também seu modo de ser, por meio das cores, de expressões faciais e corporais e dos elementos que o compõem. Forneça o material necessário para a confecção do autorretrato, seja para desenho ou pintura, e posicione espelhos de modo que possam recorrer a eles sempre que preciso. Diga-lhes que levem o tempo necessário para tentar construir uma imagem de si mesmos no papel e que, por enquanto, não deixem os colegas verem a sua produção. Com os autorretratos prontos, monte uma exposição anônima e convide os estudantes a olhar os autorretratos, tentando descobrir qual deles é de cada um dos seus colegas. Assim, além de buscar representar a si mesmos no desenho produzido, eles poderão olhar para as pinturas e buscar as características dos seus colegas de classe, na tentativa de identificá-los. 22


Finalize com um momento de reflexão sobre essa produção, solicitando aos estudantes que exponham suas dificuldades e facilidades nesse processo, bem como se expressem sobre como foi produzir uma imagem de si mesmos. Para garantir as práticas de literacia familiar, você pode promover, em outro momento, uma segunda exposição com a participação dos familiares. Uma possibilidade, durante essa visita, é organizar uma brincadeira na qual os visitantes devem reconhecer, por meio do autorretrato, qual é o membro da sua família. Se não for possível que os familiares estejam presentes na escola, organize um álbum com os autorretratos e permita que as crianças o levem para fazer a brincadeira em casa. Vai ser bastante divertido! Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP26, EF15LP03, EF15LP09, EF15LP10 e EF15LP11.

Ellen Pestili

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Sugestões de conteúdos complementares Nesta seção você encontrará diferentes sugestões de conteúdos que poderão complementar sua formação e prática pedagógica. Elas constituem opções para trabalhos extras com base no tema e/ou gênero do livro trabalhado, bem como para aprofundamento dos trabalhos propostos neste material.

Canção

Filmes e desenhos animados FLUTUAR. Direção: Bobby Rubio. Produção: Krissy Cababa. Estados Unidos: Pixar Animation Studios, 2019. 1 vídeo (7 min). Curta-metragem/Animação. Curta-metragem que aborda de forma leve o respeito à diversidade no nosso dia a dia por meio da história de uma criança capaz de voar em um mundo no qual os outros não podem. A história foi pensada pelo diretor Bobby Rubio com base em suas vivências com seu filho com Transtorno do Espectro Autista. SHREK. Filme. Direção: Andrew Adamson e Vicky Jenson. Produção: Aron Warner et al. Estados Unidos: DreamWorks, 2001. 1 vídeo (90 min). Filme que quebra os estereótipos de príncipe e princesa, trazendo para a realidade da criança a diversidade de forma divertida e lúdica. Durante o longa-metragem é possível perceber que as diferenças não são empecilhos para a vida dos personagens; pelo contrário, os tornam únicos e especiais. TURMA da Mônica - Todos são importantes. [S. l.: s. n.], 2020. 1 vídeo (ca. 1 min). Publicado pelo canal Controladoria-Geral da União – CGU. Disponível em: https://youtu. be/JTAOqg_UcmU. Acesso em: 28 ago. 2021. 24

Pixar Animation Studios

BOOGYE no Parquinho - Diferenças [...]. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (ca. 3 min). Publicado pelo canal Boogye. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=D1Wltk2Ushg. Acesso em: 28 ago. 2021. Essa canção explora as diferenças presentes entre nós de forma divertida, convidando as crianças a respeitarem o outro, seja ele semelhante ou diferente de nós. Ao longo da letra, as crianças perceberão que o importante é amar e respeitar o outro para viver em um mundo rico, diverso e plural.


Nesse episódio, os personagens da Turma da Mônica mostram como cada um tem seu jeito de ser e seus gostos, e que nem todos são bons em tudo, apontando para a importância de compreender o outro e se divertir junto.

Livros ALTENFELDER, Anna Helena et al. Poetas da escola: caderno do professor. São Paulo: Cenpec, 2019. (Coleção Olimpíada de Língua Portuguesa). Disponível em: www.escre vendoofuturo.org.br/arquivos/10736/caderno-poema.pdf. Acesso em: 28 ago. 2021. Nesse material, elaborado especialmente para as Olimpíadas de Língua Portuguesa, você encontrará práticas pedagógicas com o gênero textual poema, bem como sugestões de leitura que permitirão explorá-lo no contexto da sala de aula. CAULOS. Van Gogh e a cor do sol. Rio de Janeiro: Rocco, 2012. (Coleção Pintando o Sete). Parte de uma coleção sobre pintores, o autor, artista plástico e ilustrador Caulos dá destaque à vida e às pinturas de Van Gogh. COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006. Escrito por um renomado autor no espaço da discussão acadêmica sobre literatura, esse livro visa apontar um caminho para o letramento literário de forma significativa no contexto escolar, propondo a formação de leitores literários.

RAMPAZO, Alexandre. A cor de Coraline. Rio de Janeiro: Rocco, 2016. A temática das diferenças é abordada por meio da discussão em torno do “lápis cor de pele”, na qual a personagem, ao explorar sua caixa de lápis de cor, descobre diferentes tons de pele e considera que a diversidade de cores do mundo é o que torna o seu dia a dia mais feliz. ZIRALDO. Flicts. São Paulo: Melhoramentos, 2000. Nessa importante obra, que já se tornou peça teatral, uma cor diferente das demais, chamada Flicts, procura, em vão, um amigo. Ao longo de toda a obra, somos levados a refletir sobre o conceito de diferenças, preconceito, intolerância e exclusão. 25

Editora Rocco

ENES FILHO, Djalma Barboza. Letramento literário na escola: a poesia na sala de aula. Curitiba: Appris, 2018. Nessa obra, você encontrará um percurso didático para o trabalho com o texto literário em sala de aula, em especial com a poesia.


Referências BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 28 ago. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. Conta pra mim: guia de literacia familiar. Brasília, DF: MEC; Sealf, 2019a. Disponível em: http://alfabetizacao.mec.gov. br/images/conta-pra-mim/conta-pra-mim-literacia.pdf. Acesso em: 26 ago. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. Política Nacional de Alfabetização (PNA). Brasília, DF: MEC; Sealf, 2019b. Disponível em: http://alfabetizacao. mec.gov.br/images/pdf/caderdo_final_pna.pdf. Acesso em: 26 ago. 2021. COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria. Tradução: Cleonice Paes Barreto Mourão e Consuelo Fortes Santiago. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010. COSTA, Marta Morais da. Literatura infantil. Fundação da Biblioteca Nacional, 2008. FREITAS, Francyane Canesche; SILVA, Francis Paulina Lopes da. Fugir do marasmo e conquistar o mundo: a literatura como instrumento de libertação em “A maior flor do mundo”, de José Saramago. Revista Práticas de Linguagem, [s. l.], v. 7, n. 3, p. 210-221, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/praticasdelinguagem/article/ view/28437. Acesso em: 25 ago. 2021. KOCH, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2013. MALUF, Maria Regina; CARDOSO-MARTINS, Cláudia. Alfabetização no século XXI: como se aprende a ler e a escrever. Porto Alegre: Penso, 2013. PALO, Maria José; OLIVEIRA, Maria Rosa D. A literatura infantil: voz de criança. São Paulo: Ática, 2006. PAZ, Otavio. Signos em rotação. Tradução: Sebastião Uchoa Leite. São Paulo: Perspectiva, 2015. TODOROV, Tzvetan. A literatura em perigo. Rio de Janeiro: Difel, 2014.

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