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PNLD 2023 - O3 - MD DE BEM COM A VIDA

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MATERIAL DIGITAL DE APOIO À PRÁTICA DO PROFESSOR

Livro DO Professor

Elaborado por

Nara Bital

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Akpalô, 2021 De bem com a vida - Material digital de apoio à prática do professor 2a edição, 2021 Direção-geral

Vicente Tortamano Avanso

Arquivo pessoal

Direção editorial Gerência editorial Edição Assistência editorial Apoio editorial Supervisão de artes Editoração eletrônica Supervisão de revisão Revisão Supervisão de iconografia Pesquisa Iconográfica Supervisão de controle de processos editoriais

Felipe Ramos Poletti Gilsandro Vieira Sales Paulo Fuzinelli Aline Sá Martins Maria Carolina Rodrigues Andrea Melo Bétula Editorial Elaine Silva Bétula Editorial Léo Burgos Daniel Andrade e Priscila Ferraz Roseli Said

Material elaborado por Nara Bital, mestre em Letras pelo programa de pós-graduação da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Possui graduação em Letras, com licenciatura plena em Língua Portuguesa e Espanhola pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH). Nessa mesma instituição, concluiu o curso de especialização em Leitura e Produção de Textos. É autora de livros didáticos em importantes editoras nacionais e realiza atividades de consultoria, reformulação e produção de conteúdo didático para editoras e plataformas de ensino.

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Sumário Carta ao professor e à professora........................................................................ 4 Propostas de atividades....................................................................................... 6 Pré-leitura................................................................................................................................. 9 Leitura..................................................................................................................................... 13 Pós-leitura............................................................................................................................... 15

Sugestões de conteúdos complementares........................................................ 26

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Silvana Rando

Referências........................................................................................................ 28


Carta ao professor e à professora

Akpalô

Estimado(a) colega, Sabemos que um dos maiores desafios do docente, em especial aos que se dedicam ao ensino de Língua Portuguesa e Literatura, é o engajamento e estímulo dos estudantes à leitura. Despertar o gosto pelo hábito de ler é uma tarefa complexa. Assim, mesmo conscientes da importância da família na introdução da criança ao universo da leitura, ainda no ambiente familiar, nós, educadores, reconhecemos que é na escola que esse hábito encontra espaço fértil e propício para o desenvolvimento da autonomia leitora e a formação integral de um leitor crítico e consciente, que encontra na leitura prazer e formas de interagir com o outro, com o mundo e consigo mesmo. Diante de nós, temos um grupo discente que nasceu na era digital e que é constantemente exposto à linguagem multimodal dos textos que circulam nos espaços midiáticos e tecnológicos. Esses estudantes têm fascínio pelas telas e são extremamente visuais, inquietos e demonstram necessidade de participar ativamente dos processos que os envolvem. Essa imersão no universo tecnológico, no entanto, não sobrescreve o fato de que a criança gosta de ouvir histórias e se encanta com o imaginário e com a possibilidade de se aventurar em lugares mágicos e fantásticos. São experiências que podem e devem ser vivenciadas por meio da leitura literária e do livro como objeto físico. Fábulas, lendas, contos maravilhosos, parlendas, cantigas, clássicos da literatura nacional e universal, bem como obras contemporâneas, devem ganhar espaço e ser amplamente divulgadas, compartilhadas e estudadas no contexto dos anos iniciais da educação básica, buscando, por meio da ludicidade, despertar no leitor o prazer de ler. A prática da leitura literária aflora a sensibilidade humana e torna o indivíduo mais empático, tolerante e capaz de atuar nessa nova era de forma crítica e solidária, responsável e consciente de sua parcela de responsabilidade na construção de uma sociedade mais justa e democrática. 4


Nessa perspectiva de transformação social, introduzimos a obra De bem com a vida, escrita por Nye Ribeiro e ilustrada por Silvana Rando. O livro nos apresenta uma narrativa que gira em torno de uma personagem principal, Filó, e como ela aprende a lidar com o outro e com a forma como esse outro interfere em sua maneira de ser e de viver. A obra também explora as interações sociais, a construção de identidade individual e coletiva, e como isso pode ser conflitivo para as partes envolvidas. Usando uma narrativa simples, que retrata uma situação cotidiana, a autora explora a necessidade que muitas pessoas têm de agradar os outros. Agindo dessa forma, elas colocam a vontade, o gosto e a apreciação alheia em primeiro plano, distanciando-se de suas próprias vontades e desejos. Isso, geralmente, incorre em mal-estar e outros prejuízos ao indivíduo, que pode ter a sua própria identidade ofuscada ou apagada em função do julgamento externo. Para ajudar as crianças a enfrentar essas questões e empoderá-las a assumir suas próprias identidades, valorizando seus gostos e preferências sem desrespeitar o outro, o livro traz como tema principal a descoberta de si, uma vez que a protagonista, após vivenciar inúmeros conflitos, entende a importância de ser fiel a si mesma e ao que acredita. A leitura de De bem com a vida traz ensinamentos importantes e promove uma reflexão sobre as relações humanas, por meio de linguagem adequada à faixa etária, com a leveza e o lirismo característicos da Literatura. Nesse sentido, sua leitura em sala de aula favorece o debate social saudável sobre aceitação e autoestima. Além disso, possibilita o desenvolvimento de competências específicas para o Ensino Fundamental, em especial aquelas que se referem à utilização de diferentes linguagens para defender pontos de vista que respeitem o outro, e de “senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas clássicas e culturais [...]” (BRASIL, 2018, p. 65). O livro também é ideal para refletir a respeito das relações afetivas com familiares e pessoas próximas que interagem com a criança em seu dia a dia, e como essas pessoas podem ajudá-la a entender melhor as situações e enfrentá-las sem medo. Ler De bem com a vida mostra aos leitores como vínculos familiares são importantes e nos ajudam a crescer felizes, autoconfiantes e amados. Agora que você já conheceu a contextualização da obra De bem com a vida, é hora de planejar estratégias para sua abordagem em sala de aula. Vamos lá? Nara Bital

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Propostas de atividades A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reconhece a importância da Literatura na formação do indivíduo e reivindica para os estudantes o direito à valorização, à fruição e à inserção em contextos de manifestação artístico-literária. Diante disso, é direito dos estudantes ter acesso a essas manifestações, conhecê-las e estudá-las, bem como se envolver na produção de objetos artísticos e literários. O trabalho com textos literários permite ao aluno “uma formação estética, vinculada à experiência de leitura e escrita do texto literário e à compreensão e produção de textos artísticos multissemióticos” (BRASIL, 2018, p. 84). Para que isso se concretize no âmbito da sala de aula, a leitura literária deve fazer parte da rotina diária da criança, tanto em casa quanto na escola. Também deve ser desenvolvida concomitantemente por meio da mobilização das habilidades que convergem para o alcance das competências citadas e contribuem para o alcance de outras que compõem o currículo da educação básica. Pressupondo que a Literatura deve ser abordada como objeto de estudo e componente curricular fundamental para o desenvolvimento pleno do estudante, e que os gêneros textuais do campo de atuação social artístico-literário devem ser centrais nas abordagens didáticas, as estratégias e as práticas de ensino-aprendizagem devem ser planejadas em função do desenvolvimento de habilidades e competências, bem como dos componentes essenciais da alfabetização. Nesse sentido, este material traz uma série de propostas de atividades para o trabalho com a obra De bem com a vida, de Nye Ribeiro, organizadas em três etapas: Pré-leitura, Leitura e Pós-leitura. Essas dicas, orientações e sugestões podem ser analisadas, estudadas e adaptadas conforme sua necessidade, instituição educativa e grupo de estudantes. A primeira etapa, de Pré-leitura, traz propostas para ativar conhecimentos prévios dos estudantes, assim como aguçar e estimular sua curiosidade para a leitura e o estudo do texto. A segunda etapa compreende o momento da Leitura e apresenta dicas de interação e mediação da compreensão leitora dos estudantes, estimulando a análise, a observação, a imaginação e a fruição do texto. Por fim, a etapa final, de Pós-leitura, contempla um conjunto de atividades que pode ser desenvolvido em sala de aula ou extraclasse com o apoio familiar. Essas atividades visam desenvolver práticas de escrita e de leitura fundamentais para a compreensão de aspectos inerentes à temática da obra e à sua função social. As propostas sugeridas poderão auxiliar a abordagem do gênero textual conto, no qual se enquadra a obra, aspectos da linguagem empregada e outros 6


elementos importantes de De bem com a vida, essenciais para o desenvolvimento do letramento, a formação literária e a ampliação do repertório do estudante. Mas, antes, convidamos você a refletir um pouco mais sobre o gênero textual. Afinal, a abordagem de uma obra literária deve considerar o seu contexto de produção. Portanto, conhecer o gênero, além de saber um pouco sobre a autora e a ilustradora, como na seção Vamos falar sobre este livro?, disponível no livro do estudante, pode ampliar as possibilidades de análise textual e, consequentemente, impulsionar e enriquecer as práticas em sala de aula.

O gênero textual conto Durante a leitura de textos, em especial a dos literários, o leitor é o grande responsável por atribuir significação a eles. E é nesse aspecto que a leitura literária se diferencia dos demais textos que circulam em nosso cotidiano: ela permite a liberdade de interpretação e de vivência do texto de acordo com nossa bagagem cultural, nosso repertório e nossas experiências de vida. Dessa forma, por meio da Literatura, podemos experimentar a liberdade em sua forma mais plena. Conscientes desse aspecto da natureza literária, autores e leitores estabelecem entre si uma relação dialógica e de interdependência. O escritor italiano Umberto Eco, ao discorrer sobre a relação entre leitor, autor e texto, diz: [...] qualquer narrativa de ficção é necessária e fatalmente rápida porque, ao construir um mundo que inclui uma multiplicidade de acontecimentos e de personagens, não pode dizer tudo sobre esse mundo. Alude a ele e pede ao leitor que preencha uma série de lacunas. Afinal (como já escrevi), todo texto é uma máquina preguiçosa pedindo ao leitor que faça uma parte de seu trabalho (ECO, 1994, p. 9).

Se, de um lado, o leitor significa o texto, de outro está o autor, que constrói pistas, enredo, personagens, entre outros elementos que guiam o leitor com liberdade pelas trilhas da obra. Dentre os variados gêneros textuais, nos interessam os contos infantis. Esses textos devem apresentar estrutura simples, propícia à compreensão do leitor em formação, associada a elementos gráfico-visuais que estimulam a fruição e a imaginação, além de estimular a criatividade da criança, favorecendo, assim, o amadurecimento de seus processos cognitivos. De bem com a vida se enquadra nessa categoria de gênero textual – conto – e por isso apresenta uma estrutura predominantemente narrativa. Essa estrutura é caracterizada por uma voz, a do narrador, que narra os acontecimentos e pode ou não participar 7


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Rando Silvana

deles. Os contos são estruturados por elementos prototípicos que os configuram, a saber: introdução, desenvolvimento, clímax e desfecho. Conduzidos pela voz do narrador, na introdução do livro De bem com a vida somos expectadores de uma conversa por telefone entre Filó, personagem principal, e sua tia Matilde. Elas estão combinando uma visita. Na próxima cena, a charmosa Filó, que é uma joaninha, é apresentada como alguém que se preocupa com a aparência. Isso fica evidente no trecho “Filó vestiu seu vestido amarelo de bolinhas pretas, amarrou uma fita azul no chapéu de palha, calçou seus sapatinhos de verniz, passou batom vermelho, pegou o guarda-chuva e saiu pela floresta, toda elegante [...]” (p. 6). No desenvolvimento, Filó sai ao encontro de sua tia e, pelo caminho, se depara com vários personagens que comentam sobre sua forma de se vestir. Uma borboleta, um sapo, um grilo, uma mosca, uma aranha, um pernilongo. A cada encontro, Filó retorna para casa e troca o item criticado, na tentativa de se adequar ao gosto e à aceitação dos outros. No clímax, após ir e voltar várias vezes para se trocar, Filó percebe que ficou tarde e resolve deixar a visita à tia para o outro dia. Então, ela liga para a tia Matilde e explica o que houve, e sua tia lhe dá apoio e diz para não deixar outros decidirem como ela deve se vestir e ir exatamente como ela é no dia seguinte. O desfecho retoma o começo da narrativa e mostra Filó se vestindo de acordo com seus próprios gostos e vontades: “Colocou seu vestido amarelo de bolinhas pretas... amarrou a fita azul no chapéu de palha, calçou seus sapatinhos de verniz...” (p. 22). Isso revela que Filó assume e se aceita do jeito que é, tal como orientou a tia Matilde, independentemente da opinião de outras pessoas. Um texto não é definido só pelo seu formato, mas também por sua função social. No caso de textos literários como a obra De bem com a vida, o objetivo mais amplo é o de promover a expressão da subjetividade, da estética e da fruição. Por outro lado, enquanto conto infantil, o objetivo da obra de Nye Ribeiro é ainda mais específico: a busca por aceitação e autoestima. A leitura da obra ensina a criança a perceber que há muitas opiniões e gostos, mas que cada um deve seguir os seus. Afinal, é mais divertido e agradável conviver com a diversidade aceitando o outro como ele é, mesmo que tenha preferências diferentes das nossas.


Pré-leitura Chegou a hora de colocar em prática a abordagem de De bem com a vida em sala de aula. Planejar é uma ação fundamental na rotina do professor. Quando planejamos nossas práticas didáticas e intervenções pedagógicas, as possibilidades de alcançar as metas educativas são muito maiores. Com o trabalho de leitura literária não deve ser diferente. Devemos planejar, estudar, executar e monitorar o desenvolvimento dessas etapas, a fim de avaliar o processo, as competências e as habilidades mobilizadas por nossos estudantes. Então, é sempre aconselhável registrar essas ações, desde o planejamento até os resultados. O planejamento das atividades se inicia com a escolha da obra. Nesse momento, a intenção pedagógica e o grupo de alunos devem ser as principais variáveis dessa escolha. A temática do livro pode ou não estar atrelada aos projetos institucionais da escola, mas ela deve ser sempre desenvolvida de forma ampla, para que os objetivos da prática de leitura sejam alcançados. Antes de apresentar a obra aos estudantes, devemos ler e explorar o texto, a linguagem e as imagens previamente, registrando impressões pessoais e pontos importantes que devem ser salientados. Esse contato prévio do professor com a obra é importante para que os elementos da narrativa, tais como enredo, personagens, espaço, desenvolvimento, clímax e desfecho, possam ser abordados de forma eficaz e fluída em sala de aula. Isso irá facilitar a gestão e potencializar cada momento da leitura. A sala de aula deve ser um espaço motivador e de acolhimento às práticas de leitura. Nesse sentido, prepare o ambiente com elementos que o tornem agradável, acolhedor, tranquilo e estimulante para a leitura. Se houver espaço, decore-o com almofadas e tapetes, para que os momentos de leitura individual ou coletiva sejam confortáveis. Na sala de aula, tenha livros em estantes ou em caixas organizadoras; o importante é que eles estejam sempre presentes, visíveis e acessíveis às crianças. Feito isso, no dia de apresentar a obra De bem com a vida às crianças, inicie a aula com cantigas envolvendo os estudantes em brincadeiras de roda. Sugerimos as cantigas A barata diz que tem, Borboletinha tá na cozinha, entre outras que tematizam relações afetivas e tragam animais como personagens principais. No momento oportuno, convide os estudantes a sentar no chão em semicírculo ou nas próprias carteiras e inicie uma conversa sobre a temática da obra. Introduza a ideia de que usamos roupas diferentes em situações ou lugares diferentes, e que é importante 9


Fernando Favoretto/Criar Imagem

Fernando Favoretto/Criar Imagem

nos sentirmos bem e felizes com as roupas que usamos. Para explorar essa ideia de forma mais concreta, selecione previamente algumas imagens que possam servir de exemplos, tais como: uma criança de pijama, crianças com traje de banho na praia, crianças com uniforme na escola, crianças brincando, crianças com traje de passeio, entre outras.

Traga essas imagens impressas e mostre-as aos estudantes, pedindo a eles que as descrevam. Para facilitar, explore imagem por imagem e faça perguntas diretas para ser respondidas oralmente. Por exemplo: Como vocês acham que essa criança está se sentindo? •• Onde essa criança está? O que ela está fazendo? •• Que tipo de roupa essa criança está vestindo? •• Será que essa roupa é confortável? •• Essa roupa é adequada para a situação? •• Nesse momento, lembre-os de levantar a mão para falar e respeitar a vez dos colegas. Quando necessário, auxilie-os a formular e organizar suas ideias. Observe a entonação que os estudantes usam ao expor suas ideias e como pronunciam palavras e frases. Faça a mediação da conversa estimulando a participação de todos e o respeito mútuo. Ao responder a essas perguntas, é importante que os estudantes percebam que cada imagem apresenta crianças em situações e locais diferentes (praia, escola, rua). Convide-os a refletir sobre roupas específicas para cada situação e peça que listem os tipos de roupas que usamos dependendo da situação em que estamos envolvidos. Por exemplo: na escola, usamos uniforme; para dormir, usamos pijama ou outras roupas confortáveis; para brincar, usamos roupas leves, que nos permitem correr, pular, saltar; na 10


praia ou em clubes, usamos trajes de banho. É importante refletir e enfatizar que, embora existam roupas que podem ser usadas em determinada ocasião, cada um deve se vestir da forma como se sente confortável. Em seguida, direcione as perguntas para que os estudantes expressem suas preferências sobre roupas. Pergunte-lhes que roupas gostam de vestir, quem as escolhe, que cores gostam mais, se algum estilo ou peça não lhes agrada etc. Dê sequência à conversa e pergunte-lhes o que fazem ou dizem quando não gostam de um tipo ou de uma cor de roupa. Deixe que se expressem e busque orientar as opiniões para que haja sempre respeito entre os estudantes. Demonstre interesse pelo que falam e expressam, valorizando as opiniões deles. Mantenha o diálogo, auxiliando-os na organização das ideias, sempre que necessário. Para aprofundar a forma de expressar opiniões divergentes e contribuir para que os estudantes desenvolvam a linguagem apropriada para defender pontos de vista com respeito à diversidade de pensamentos, peça que avaliem e julguem as seguintes afirmações: Devemos vestir roupas confortáveis e que nos fazem sentir bem. •• É importante apreciar e respeitar os gostos e as preferências dos nossos amigos e as •• nossas também.

Explore a capa e quarta capa da obra Após o aquecimento e a ativação de conhecimentos prévios, apresente aos estudantes o livro De bem com a vida, de Nye Ribeiro, ilustrado por Silvana Rando. Convide-os a manusear o livro e a observar a capa e quarta capa, explorando todos os elementos verbais e visuais da obra. Peça que localizem com o dedo o título do livro, o nome da autora, o nome da ilustradora e o selo editorial. Mesmo que as crianças ainda não saibam ler, é bem provável que elas infiram a localização desses elementos por meio do destaque, do tamanho das letras e da posição desses elementos verbais na capa. Leia o título da obra em voz alta. Passe seu dedo sobre o título, da esquerda para a direita, mostrando aos estudantes que a leitura segue essa direção. Você pode pedir que as crianças repitam o título do livro em voz alta e acompanhem, na medida do possível, com o dedo em seus próprios livros. Peça a elas que façam o mesmo com o nome da autora e depois da ilustradora. Pergunte-lhes se esse é um livro para adultos ou para crianças. Leve-as a concluir que se trata de uma obra destinada ao público infantil. Peça que descrevam os elementos da capa, como a joaninha, o seu chapéu, o seu guarda-chuva, o seu vestido, os seus 11


sapatos, as flores, a grama etc. Será que eles imaginam o que a joaninha está fazendo? Será que também há outros personagens que poderiam participar da história? Incentive as crianças a levantarem hipóteses sobre o local onde a história se desenvolve. Se não mencionarem, chame a atenção delas para os detalhes visuais acionados pela ilustradora para que percebam os sapatinhos da personagem. Depois de explorar os elementos verbais e visuais da obra, explore com os estudantes o que o título dela poderia significar: De bem com a vida. Peça que relacionem o título à imagem da capa e levantem hipóteses sobre como a personagem está se sentindo. Faça perguntas diretas como: Quem aparece na capa do livro? •• Onde vocês imaginam que a história se passa? •• Que outros personagens poderão fazer parte da história que iremos ler? •• Como a personagem está vestida? •• Para onde será que ela irá? •• Verifique o conhecimento dos estudantes a respeito do que sabem sobre a personagem e se reconhecem que se trata de um inseto. Se possível, fale algumas curiosidades sobre esse animal, sem se estender. Por exemplo, conte que as joaninhas vivem em todo lugar da natureza e que se alimentam de plantas. Relacione o título da obra com a imagem central da capa. As crianças devem perceber e inferir que a joaninha está feliz, ou seja, parece estar de bem com a vida. Se elas não souberem o significado dessa expressão, explique em poucas palavras. Ao final, pergunte-lhes o que as deixam “de bem com a vida”. Retome o nome da autora da obra, Nye Ribeiro, e fale um pouco sobre ela. Comente também sobre a ilustradora, Silvana Rando (as informações estão disponíveis no livro do estudante, na seção Vamos falar sobre este livro?). Depois, leia para as crianças o texto presente na quarta capa, explicando e contextualizando o que for necessário para a compreensão de todos. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades

Silvan a Ran

do

descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP01, EF15LP02, EF15LP04, EF15LP09, EF15LP13, EF15LP15 e EF15LP18.

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Leitura Chegou a hora de mergulhar na leitura! Torne o momento especial e mostre aos estudantes seu entusiasmo e gosto por compartilhar com eles esse livro. Sua motivação irá gerar efeito e estímulo positivo, ampliando a possibilidade de envolvimento deles na leitura. Lembre os estudantes da importância de fazer silêncio enquanto você estiver lendo o livro, mas deixe claro que a leitura pode ser interrompida respeitosamente para tirar dúvidas, pedir para repetir algum trecho ou mostrar novamente uma imagem. Combine gestos ou movimentos que sinalizem os momentos de silêncio e os momentos em que eles podem solicitar o turno de fala, como levantar a mão. Se preferir, mantenha a organização da sala com os estudantes posicionados em semicírculo. Cuide para que o ambiente seja tranquilo e silencioso, de preferência sem ruídos externos. Você pode confeccionar uma plaquinha para colocar na porta da sala de aula, sinalizando que seus estudantes estão envolvidos em um momento de leitura e necessitam de silêncio. Inicie a leitura dialogada da obra. Para isso, reunimos algumas dicas para potencializar essa importante etapa de leitura: Explore a folha de rosto, mostrando às crianças que o título, nome do autor, ilus•• trador e selo editorial se repetem. Chame atenção para as cores utilizadas no texto verbal. Faça perguntas diretas, como: Que cores foram utilizadas no título? Mostre a página seguinte e peça que descrevam a imagem. Pergunte-lhes: Quem será que vive nessa casa?; Onde essa casa se localiza? Leia as páginas introdutórias e leve os estudantes a perceber esse momento de intro•• dução do texto. Mostre as imagens e solicite que as descrevam. Faça a mediação com perguntas como: O que essas personagens estão fazendo?; Onde elas estão? Ao ler essa introdução, é importante que as crianças percebam que há, nessa parte da história, a apresentação das personagens principais e os ambientes que fazem parte do cenário. Leve-as a perceber que as personagens Filó e tia Matilde conversam pelo telefone e que cada uma está em sua casa. Explore as expressões faciais das personagens na página 8, e pergunte às crianças •• como essas personagens parecem se sentir. Elas deverão observar que Loreta gesticula, e que Filó parece avaliar o guarda-chuva que segura sentindo-se meio frustrada. Você pode perguntar-lhes: Para onde Filó está olhando? Na página seguinte (p. 9), mostre a ilustração e peça às crianças que descrevam o •• que está ocorrendo na história. É esperado que elas digam que Filó voltou para casa. 13


Na página 11, explore os estilos de sapatos que aparecem na ilustração. Leve as •• crianças a perceber que Filó gosta de muitos tipos de sapatos. Você pode explorar os elementos que compõem a página, perguntando: Quantos pares de sapatos Filó tem?; De que modelos esses sapatos são?, entre outras perguntas. No desenvolvimento da história, Filó volta para casa inúmeras vezes. Interaja com as •• crianças fazendo perguntas de antecipação como: Será que Filó não se cansa?; Será que ela realmente precisa trocar os sapatos ou o laço do chapéu? Deixe que elas compartilhem suas ideias. Cuide sempre da entonação durante a leitura e interação com as crianças, pois é importante que elas se expressem em voz alta sempre que possível. Siga explorando as imagens, abordando a direção do olhar das personagens, as suas expressões faciais, bem como a construção dos cenários, descrevendo os elementos de cada cena. Na página 13, por exemplo, estimule a apreciação da ação de Filó de trocar a fita do chapéu, perguntando às crianças se sabem por que a Filó está fazendo isso. Assim, você retoma a leitura e verifica se elas estão acompanhando a história e interagindo com o texto. Chame a atenção delas para as expressões faciais de Filó nas páginas 18 e 19. Ela •• demonstra cansaço e tristeza. Pergunte se Filó tem motivo para se sentir assim. É importante que as crianças percebam que nesse desenvolvimento Filó se encontra com diversos personagens que avaliam negativamente suas vestimentas e a fazem se sentir mal; por isso, ela volta para casa para trocar de roupa. Ainda na página 19, aborde ângulos e enquadramento das imagens, levando as •• crianças a perceber que Filó está longe de casa. Chame a atenção delas para o tamanho da casa de Filó: quando ela está longe, sua casa parece pequena, e quando está perto, sua casa parece maior.

Silvana Rando

••Por fim, explore o desfecho da obra, levando as crianças a perceber o resultado de Filó escutar a opinião de todos e ignorar a sua própria, além da necessidade de não dar excessiva importância às opiniões alheias. Um final feliz! Durante a leitura, dê ênfase às rimas presentes na obra. Por exemplo, no trecho da página 5: “Venha, sim, Filozinha. Vou fazer suflê de abobrinha”. Esse aspecto da linguagem favorece a interação do leitor com o texto e torna a leitura mais atrativa e fácil de acompanhar. A marcação pelo ritmo e pela sonoridade das palavras também permite uma leitura 14


mais expressiva. Não há necessidade de explicar ou trabalhar as rimas nesse momento. Isso será feito na Pós-leitura. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP01, EF01LP26, EF12LP19, EF15LP04, EF15LP09,

Silvana Rando

EF15LP13, EF15LP15, EF15LP16 e EF15LP18.

Pós-leitura Ao entender que a formação literária contribui de maneira efetiva no desenvolvimento das aprendizagens fundamentais para o alcance das competências e habilidades previstas para a educação básica, devemos promover um trabalho didático-pedagógico com vistas a situar a Literatura em um espaço privilegiado dentro de nossas práticas docentes. A professora Marisa Lajolo afirma que “literatura infantil e escola mantiveram sempre relação de dependência mútua” (LAJOLO, 2001, p. 66). E essa dependência é saudável e frutífera. Sendo assim, a Literatura, como componente curricular, propicia uma imersão em um universo ficcional e imaginário, mas que estabelece relação íntima e intrínseca com o cotidiano social e, no contexto dos anos iniciais da educação básica, propicia e impulsiona o desenvolvimento da alfabetização e do letramento. Nesse sentido, para iniciar as atividades dessa etapa, estimule os estudantes a compartilhar suas apreciações a respeito do que ouviram e leram. Para isso, faça as seguintes perguntas: Gostaram da história? E do final? •• O que acharam das imagens? •• O que sentiram quando os outros personagens falaram coisas negativas sobre a •• roupa que Filó escolheu? É importante que as crianças entendam que apreciar uma obra vai além de dizer se gostou ou não da história. A apreciação envolve a crítica, que pode ser positiva ou negativa; contudo, deve ser sempre fundamentada. Por isso, durante a apreciação dos estudantes, estimule-os a se justificar, explicar e apontar aspectos que perceberam durante a leitura. Diferentes atividades podem ser desenvolvidas para explorar a obra e trabalhar habilidades propostas pela BNCC, além de componentes essenciais da alfabetização. A seguir, reunimos algumas sugestões de práticas que você pode aplicar em sala de aula, 15


as quais podem ser planejadas, adaptadas e executadas de acordo com a turma e o nível de alfabetização de seus estudantes. Lembre-se de que é você quem mais conhece seu grupo de estudantes, suas necessidades e seus interesses.

Contando e recontando Nessa etapa escolar, a prática de recontar oralmente é uma das habilidades que devemos mobilizar e desenvolver em sala de aula. Por meio dela, a criança desenvolve a linguagem, em especial a oralidade, e amplia seu conhecimento de sintaxe e vocabulário. Para tornar a atividade de reconto divertida, produza fantoches dos personagens principais e secundários da obra com os estudantes. Para isso, você irá precisar de: cartolina; •• lista dos personagens da história (joaninha Filó, tia Matilde, borboleta Loreta, sapo •• Feliz, grilo Caramelo, mosca Toda Prosa, aranha Filomena, pernilongo Mal­-humorado); canetinhas hidrocor, tintas ou giz de cera para pintar os personagens; •• palitos de picolé; •• cola; •• tesoura sem ponta. •• Para produzir os fantoches, você pode recortar os personagens na cartolina previamente ou auxiliar os estudantes nessa atividade. Se necessário, traga as silhuetas que serão usadas para esse recorte. É importante selecionar materiais adequados à faixa etária e que não ofereçam riscos às crianças. Por isso, recomenda-se o uso de tesoura sem ponta. Distribua os recortes e solicite às crianças que pintem as personagens. Lembre-as de que elas podem pintar com as cores de que gostam, mas respeitando a caracterização de cada personagem da história. Em seguida, ajude-as a colar os recortes nos palitos de picolé e selecione um local onde os fantoches possam secar. Envolva os estudantes em todo o processo de confecção dos personagens, ajudando quando necessário. Com os fantoches prontos, é hora de recontar a história. Solicite que eles retextualizem oralmente a história com suas próprias palavras. Essa retomada do texto pode ser feita verbalmente, auxiliada pelas ilustrações do livro e pelos fantoches. Por exemplo, apresente o fantoche de Filó e pergunte quem ela é, por que saiu de casa, como se arrumou, o que aconteceu no caminho e como terminou essa história; também apresente os fantoches dos outros personagens e pergunte o que eles falaram sobre a roupa de Filó. 16


Nesse momento, você pode usar as palavras introdução, desenvolvimento e desfecho para ajudar os estudantes a organizar os fatos cronologicamente. Lance mão de perguntas facilitadoras, tais como: Qual é o título do livro que lemos?; O que acontece na introdução (ou começo) da história?; Com quem Filó conversa? As crianças podem usar os fantoches para recriar as interações de Filó com cada personagem secundário. Além dos fatos narrativos, você pode explorar os sentimentos de Filó em cada etapa da narrativa. Para checar a compreensão leitora dos estudantes, faça também perguntas como: Onde a história se passa?; Quem são os personagens principais?; Que outros personagens aparecem na história?; Como Filó agiu diante de tantas opiniões negativas a respeito de suas vestimentas?; Como ela se sentiu?; Por que ela desistiu de visitar a tia? Inclua outras perguntas que julgar pertinentes e que possam auxiliar no processo de interpretação e retomada da obra. Recontar uma história ajuda o leitor a se aproximar da leitura e a se envolver com o enredo, com os personagens e com outros elementos da narrativa, além de impulsionar a reflexão e a significação da obra lida, reconhecendo sua intenção e função social. O uso de fantoches também ajuda as crianças a se apropriarem dos personagens e da narrativa. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP26, EF02LP28, EF15LP04, EF15LP15, EF15LP16, EF15LP18 e EF15LP19.

Promovendo a leitura em casa As atividades de prática de leitura literária não devem se limitar ao contexto da sala de aula. Atividades de fruição e apreciação leitora devem extrapolar esse espaço e alcançar os lares dos estudantes. Por isso, é fundamental promover ações que envolvam a família nos projetos de leitura literária. Assim, você irá impulsionar a prática de literacia familiar. A Política Nacional de Alfabetização (PNA) prevê que a família deve assumir o protagonismo no processo de formação do estudante, propiciando momentos de leitura, diálogo e troca de informações, ideias e interesses, que podem acontecer durante a rotina familiar em casa, como na hora da brincadeira, antes de dormir etc. Após a construção dos fantoches e do reconto em sala de aula, estimule a leitura e o reconto da obra pelas crianças para seus familiares em casa. Para isso, permita que elas levem o livro para seus lares, junto com os fantoches produzidos em sala e uma carta, explicando que a criança está levando um livro da escola para casa, que deverá ser devolvido em data combinada. Solicite que o livro seja lido em família e a história recontada com os fantoches pela criança. Você pode produzir um guia de leitura para a família, no qual a criança ou o familiar possa registrar o título da obra lida, para quem a obra foi lida e as apreciações do familiar a respeito dela. 17


Oriente esses responsáveis para que observem a forma como a criança apresenta a história e organiza os fatos. Lembre-os de que é importante separar um momento especial de leitura, longe de distrações como a televisão, por exemplo. Esta atividade possibilita momentos de diálogo em casa, em torno das experiências leitoras das crianças; contribui para o desenvolvimento da linguagem e ampliação de vocabulário; favorece a autonomia; e fortalece os vínculos afetivos entre as crianças e seus familiares. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP26, EF15LP04, EF15LP15, EF15LP16, EF15LP18 e EF15LP19.

Abordando a sequência dos fatos Aproveitando o reconto da obra, você pode desenvolver uma atividade que possibilita checar se os estudantes internalizaram a ordem e sucessão dos fatos. Isso pode ser feito de duas maneiras: para os ainda não alfabetizados, você pode utilizar imagens da introdução, do desenvolvimento e do desfecho, solicitando que os estudantes as numerem de acordo com a ordem em que acontecem; para uma turma já alfabetizada, você pode utilizar textos curtos que retomam partes da narrativa e solicitar que numerem os textos de acordo com a ordem em que acontecem. No caso da primeira opção, você pode colar com fita na lousa cópias das ilustrações do livro, fora de sequência, e convidar algumas crianças a mexer na ordem das imagens, com a ajuda da turma, até alcançar uma sequência cronológica correta. Nesse momento, seria interessante que os estudantes não usassem o livro para consulta. A atividade escrita, por outro lado, pode ser desenvolvida de variadas formas. Você pode escrever textos curtos na lousa e convidar as crianças a selecionar, em turma, o que vem primeiro. Ou pode entregar os textos impressos aos estudantes e pedir que organizem a sequência com números. Outra opção, ainda, seria escrever os textos na lousa e convidá-los a copiar no caderno ou em uma folha de papel, marcando, então, a sequência correta. Veja a seguir uma sugestão de textos curtos. NUMERE OS FATOS DE ACORDO COM A ORDEM EM QUE ELES OCORREM NA HISTÓRIA. ( 4 ) FILOZINHA FELIZ NO COLO DA TIA. ( 1 ) FILÓ LIGA PARA A TIA E AVISA QUE IRÁ VISITÁ-LA. ( 2 ) FILOZINHA SE ARRUMOU TODA CHARMOSINHA. ( 3 ) FILOZINHA ENCONTRA PESSOAS NO CAMINHO. 18


Escolha a melhor forma de desenvolver esta atividade com base no seu conhecimento da turma. É muito importante retomar a história mais de uma vez, para que os estudantes internalizem a narrativa e as ideias trabalhadas pela obra. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP26, EF15LP04, EF15LP16, EF15LP18 e EF15LP19.

Reconhecendo personagens da obra

Silvana Rando

Identificar personagens, suas características físicas e emocionais, bem como os seus papéis em uma narrativa, é um exercício importante. Com isso, o estudante aprende a reconhecer que é por meio da atuação desses personagens que a história se desenvolve, e que essas ações são influenciadas pelas emoções e pelo comportamento deles. Para isso, utilize os fantoches produzidos na atividade 1. Você pode usar somente um jogo de fantoches e fazer a atividade coletiva. Nesse caso, vá mostrando um personagem por vez (joaninha Filó, tia Matilde, borboleta Loreta, sapo Feliz, grilo Caramelo, mosca Toda Prosa, aranha Filomena, pernilongo Mal-humorado) e peça aos estudantes que identifiquem quais desses personagens são os principais (joaninha Filó, tia Matilde) e, consequentemente, quais são os secundários (borboleta Loreta, sapo Feliz, grilo Caramelo, mosca Toda Prosa, aranha Filomena, pernilongo Mal-humorado), separando-os em dois grupos. Outra opção é fazer cópia das ilustrações do livro, criando um quadro com uma imagem para cada personagem. Em seguida, peça às crianças que nomeiem cada personagem e circulem os principais de uma cor e os secundários de outra cor.

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Junto com as práticas de reconhecimento e identificação das personagens, é importante também que os estudantes reconstruam características emocionais e físicas. Nesse sentido, ajude-os a relembrar as características descritivas de cada personagem, as ações que cada um desenvolve e como se comportam. Para ajudar nesse momento, você pode lançar mão de perguntas diretas, tais como: Que animal é o Feliz? •• O nome dele combina com sua imagem? •• Como o sapo se veste? •• O que ele disse a Filó? •• Como Filó se sentiu? •• Você concorda com ele? •• O que você diria se o encontrasse? •• Reformule e adapte as perguntas de acordo com a personagem descrita. Essas perguntas envolvem abordagem de ponto de vista e crítica. Cuide sempre para que haja respeito nas trocas de ideias e no compartilhamento de opiniões. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP26, EF15LP04 e EF15LP19.

Abordando as rimas As rimas atribuem tom poético e lírico ao livro De bem com a vida, mesmo se tratando de um texto narrativo. Elas auxiliam as crianças no desenvolvimento de habilidades linguísticas iniciais, porque aumentam a consciência de ortografia e de fonemas. Também são ótimas para memorização. Assim, aproveite esse aspecto lúdico do texto e desenvolva atividades ligadas à rima. Comece usando as próprias rimas do texto. Para isso, escreva na lousa algumas dessas rimas, destacando com cores diferentes ou sublinhando as palavras que rimam entre si. Veja a seguir algumas sugestões de trechos. - VENHA, SIM, FILOZINHA. VOU FAZER UM SUFLÊ DE ABOBRINHA. (p. 5) ANDOU, ANDOU... E LOGO ADIANTE ENCONTROU A BORBOLETA: - QUE LINDO DIA, LORETA! (p. 8) – SAPATINHOS DE VERNIZ? – DISSE O SAPO FELIZ. (p. 10) 20


Em atividades como esta, é importante explorar a sonoridade das palavras, enfatizando a rima por meio de entonação. A cada trecho lido em voz alta, peça às crianças que o repitam em voz alta. Para desenvolver práticas de escrita, componente essencial da alfabetização, outras atividades que abordam rimas e sonoridade das palavras podem ser acionadas. Uma sugestão é pedir aos estudantes que criem suas próprias rimas. Novamente, essa atividade pode ser abordada de formas diferentes, dependendo do nível de alfabetização da turma. Reproduza trechos da obra na lousa (ou entregue impressos às crianças) e deixe parte da citação em branco. Sugira, então, três opções de palavras que podem compor a frase e peça a cada criança que complete os versos com palavras que rimem com o que veio antes. No caso de estudantes que ainda não sabem ler, isso poderá ser feito na lousa e verbalmente. Veja a seguir algumas sugestões. – VENHA, SIM, FILOZINHA. VOU FAZER UM SUFLÊ DE

. (p. 5)

BATATINHA – JILÓ – QUIABINHO – BATOM VERMELHO? MELHOR O ROSA – DISSE A MOSCA TODA

. (p. 14)

DENGOSA – DENGOSO – SONSA Estas atividades contribuem para o reconhecimento de características estéticas e de estilo dos textos poéticos utilizados para construção do gênero. Na etapa de alfabetização, as atividades de leitura e escrita que envolvem as rimas e a sonoridade das palavras contextualizadas contribuem para a aquisição e desenvolvimento da linguagem, ampliando as possibilidades de relações gráficas e fonológicas. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP01, EF01LP07, EF01LP09, EF12LP03, EF12LP07 e EF12LP19.

Explorando a mensagem da obra Promova um momento de reflexão sobre a mensagem que o livro traz. Leve as crianças a perceber que na vida podemos encontrar pessoas que não gostam das mesmas coisas 21


que nós, mas que cada um tem o direito de gostar de um tipo de roupa, de comida, de brincadeira etc., e que devemos nos aceitar como somos e aceitar os outros como eles são. O importante é ser feliz e conviver bem com todos. Retome o relacionamento entre Filó e tia Matilde, destacando como a tia ajuda a sobrinha a perceber que ela não precisa mudar para ser feliz. Convide os estudantes a refletir sobre as relações afetivas com nossos amigos e familiares e como essas pessoas podem nos ajudar a lidar com situações como a que Filó viveu. Você pode incentivar as crianças a se colocarem no lugar da personagem e perguntar como se sentiriam ou reagiriam se alguém falasse mal da roupa que escolheram usar. Se isso acontecesse, a quem elas recorreriam para pedir opinião ou apoio? Estabelecer paralelos entre a narrativa e a vida das crianças gera aproximação e identificação do leitor com o universo literário de forma significativa e concreta, favorecendo o desenvolvimento da formação literária e o prazer pela leitura, tornando-a um hábito do cotidiano. Esse conteúdo contempla a seguinte habilidades descrita na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP26.

Recriando o mundo de Filó Uma forma de aproximar o leitor dos personagens e da narrativa é pedir a ele que recrie cenários e personagens. Isso pode ser feito solicitando aos estudantes que escolham um personagem ou uma situação para desenhar. Eles podem também se desenhar junto com Filó, escolhendo a roupa que gostariam de usar para passear com a nova amiga. Os desenhos podem ser expostos em mural ou levados para casa. Outra possibilidade de atividade que estimula a capacidade criativa da criança é inventar um novo personagem. Proponha aos estudantes que imaginem um novo personagem para a história e oriente-os com as perguntas a seguir. Ele será um animal? •• Qual será o nome dele? •• Como ele irá se vestir? ••

Distribua folhas de sulfite ou cartolina para que os estudantes desenhem e pintem o novo personagem. Ele pode estar sozinho no desenho ou interagindo com outros personagens do livro. Ao 22

Silvana Rando

O que ele diria se encontrasse com Filó a caminho da casa de •• sua tia?


final, peça a cada criança que descreva o seu novo personagem com base nas perguntas acima. Oriente-as para que levem o trabalho artístico para casa e o apresentem à família ou aos responsáveis. Diferentes atividades com desenho são muito importantes para o desenvolvimento da criança, porque é nesse momento que ela cria e recria, se expressa, demonstra sua percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade, tudo isso de forma divertida. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para os componentes curriculares Arte e Língua Portuguesa: EF15AR04 e EF01LP26.

Ampliando o desenvolvimento da escrita De acordo com a BNCC, nos primeiros anos da etapa do Ensino Fundamental, as atividades didáticas devem ser orientadas com foco na alfabetização e letramento. A esse respeito, a PNA prevê o desenvolvimento de componentes essenciais para a alfabetização, destacando-se, entre eles, a compreensão leitora, a produção de escrita, o desenvolvimento de vocabulário e a relação gráfico-fonêmica. De forma contextualizada, a leitura da obra pode auxiliar na aquisição desses objetivos pedagógicos. Para desenvolver a produção de escrita e as relações gráfico-fonológicas, você pode reproduzir algumas palavras, deixando a letra inicial em branco, e solicitar à criança que escreva essa letra inicial de cada palavra. Para compor a atividade, escolha palavras da obra iniciadas com a mesma letra e misture palavras. Veja a seguir algumas sugestões. COMPLETE AS PALAVRAS COM V OU F: VESTIU VERNIZ FITA FILÓ VERMELHO VESTIDO FILOMENA FELIZ Ao propor atividades dessa natureza, leia as palavras em voz alta e peça aos estudantes que também as leiam. Converse com eles sobre os sons iniciais e peça que digam quais palavras têm o mesmo som inicial de V, por exemplo, e quais têm o mesmo som inicial de F. Essas práticas propiciam o desenvolvimento dos componentes essenciais da alfabetização e contribuem para a aquisição do sistema alfabético, estabelecendo relações entre letras e sons. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF01LP09, EF01LP26 e EF12LP01. 23


Projeto Que tal envolver os estudantes e suas famílias em uma pesquisa para exposição? Proponha uma pesquisa sobre os tipos de vestimentas ao longo das décadas, a fim de que eles percebam que as roupas se transformaram e evoluíram com o passar do tempo. As crianças podem ser organizadas em grupos para pesquisar imagens e informações sobre como as pessoas se vestiam em uma determinada época. Essas imagens e informações poderão, então, ser organizadas em uma linha do tempo para exposição na comunidade escolar. Para melhor mediar as atividades, sugerimos a seguir alguns passos. 1. Discussão e apresentação da proposta de trabalho Inicialmente, promova uma conversa com as crianças sobre como as roupas foram se modificando com o passar do tempo. Pergunte aos estudantes se eles sabem como as pessoas se vestiam antigamente. Você pode perguntar se possuem fotos antigas em casa de parentes e familiares. Se tiverem, pergunte se eles se recordam de como essas pessoas se vestiam. Para facilitar, você pode selecionar imagens e fotografias que representem vestimentas de épocas diferentes para explorá-las. Mostre as imagens e solicite às crianças que as descrevam e as apreciem. Você pode fazer perguntas como: Essas roupas são bonitas? O que é bonito nelas? •• Que cores compõem as roupas? •• Elas são confortáveis? •• Seriam adequadas para o frio ou para o calor? ••

Macrovector/Shutterstock.com

As pessoas se vestem assim hoje em dia? ••

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Depois de explorar imagens com vestimentas mais antigas, pergunte às crianças: Como são as roupas hoje em dia? Quais são as diferenças que vemos entre as vestimentas antigas e as atuais? Há diferença entre as roupas dos adultos e as das crianças? Faça a mediação para que todos possam participar, respeitando as ideias dos colegas e os turnos de fala. Lembre-os de que roupas variam conforme o gosto de cada um, como foi possível ver em De bem com a vida. 2. Organização dos grupos de pesquisa Organize as crianças em grupos e direcione um par de décadas para cada grupo. Faça essa distribuição de acordo com a quantidade de crianças da turma. Para facilitar a gestão, opte por grupos menores. Peça ajuda das famílias para o levantamento de informações sobre cores, tipos de tecidos e acessórios utilizados por homens e mulheres, adultos e crianças de cada uma das décadas que serão pesquisadas. Forneça instruções e objetivos claros, para que todos possam executar a atividade com autonomia e segurança. Se possível, apresente às crianças algumas fontes que mostrem a evolução das vestimentas nos séculos XX e XXI. Podem ser sites, livros, imagens de revistas etc. Há vários museus que se dedicam a preservar a história da moda, com o Museu do Traje e do Têxtil (Instituto Feminino da Bahia), em Salvador, o Museé Galliera, em Paris e o Bata Shoe Museum, em Toronto. Nos sites dos museus é possível encontrar fotos e informações sobre as indumentárias. 3. Montagem da linha do tempo Produza uma linha do tempo em folhas de papel kraft. Para isso, com as imagens e informações em mãos, planeje como elas serão dispostas na linha do tempo. Uma opção é traçar uma reta horizontal na metade das folhas e indicar as décadas cronologicamente. Utilize os espaços superiores e inferiores da reta da linha do tempo para inserir as informações e imagens, aproveitando bem os espaços. 4. Mostra Exponha a linha do tempo em um local de visibilidade e convide a comunidade escolar para apreciar os trabalhos. Ao final, converse com os estudantes sobre o que aprenderam, a fim de que eles desenvolvam conhecimentos a respeito de sua própria cultura e história por meio da pesquisa sobre as vestimentas. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF02LP20, EF02LP21 e EF02LP23. 25


Sugestões de conteúdos complementares Para ampliar as suas possibilidades de reflexão e/ou possibilitar o desenvolvimento do repertório cultural dos estudantes, sugerimos alguns livros, canções e filmes, que podem ser utilizados para fins de formação complementar ou apreciação do estudante, assim como motivar rodas de conversa. Você pode sugerir outros títulos que conheça que sejam adequados às necessidades e interesses da turma.

Canções CIRANDA DA BAILARINA. Autoria de Edu Lobo e Chico Buarque. Versão de Adriana Partimpim. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=huyhO3IPRtk. Acesso em: 16 de set. 2021. Nessa clássica canção de Edu Lobo e Chico Buarque, na voz de Adriana Calcanhoto, somos embalados em uma melodia leve e divertida que promove uma reflexão sobre as individualidades de cada um. SÓ EU SOU EU. Autoria de Marcelo Jeneci. Versão produzida pelo Fadas Madrinhas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fhaLTg1Mwnk. Acesso em: 16 set. 2021. Essa canção traz uma mensagem de aceitação e de autovalorização, mostrando que somos sujeitos únicos no mundo e, portanto, belos como nenhuma outra pessoa.

PROCURANDO Nemo. Animação. Direção: Andrew Stanton. Estados Unidos: Walt Disney Studios Motion Pictures, 2003. 1 vídeo (100 min). Nessa aventura, um peixe-palhaço enfrenta uma jornada de desafios e autodescoberta, aprende a lidar com seus medos e encontra na amizade motivos para persistir e superar dificuldades. SHREK. Direção: Andrew Adamson e Vicky Jenson. Estados Unidos: DreamWorks, 2001. 1 vídeo (90 min). Nesse divertido filme, o personagem principal é um anti-herói que, para salvar sua casa de invasores, precisa libertar uma princesa aprisionada em um castelo vigiado por um dragão.

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Universal Pictures

Filmes


Livros

FREITAS, Tino. Com que roupa irei para a festa do rei? São Paulo: Editora do Brasil, 2016. Nessa obra, o autor Tino Freitas propõe uma nova versão para o conto de fadas A roupa do rei, em parceria com a ilustradora Ionit Zilberman. Por meio de versos, ele conta uma história sobre bichos e reis que vivem uma aventura divertida.

Editora do Brasil

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006. Esse livro promove reflexões importantes para a abordagem da literatura no contexto da sala de aula, tendo em vista a formação literária dos estudantes.

Silvana Rando

MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de fita. São Paulo: Ática, 2011. A temática da obra versa sobre as diferenças, promove a tolerância e contribui para o combate ao preconceito racial.

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Referências BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 16 set. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 16 set. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. Conta pra mim: guia de literacia familiar. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2019b. Disponível em: http://alfabetizacao.mec.gov.br/images/conta-pra-mim/conta-pra-mim-literacia.pdf. Acesso em: 16 set. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA: Política Nacional de Alfabetização. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2019a. Disponível em: http://portal. mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.pdf. Acesso em: 16 set. 2021. BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura: a formação do leitor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: CANDIDO, Antonio. Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre o Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2011. ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. HUNT, Peter. Crítica, teoria e literatura infantil. São Paulo: Cosac Naify, 2010. LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 2001. MARIA, Luzia de. O que é conto. São Paulo: Brasiliense, 2004. (Coleção Primeiros Passos). TODOROV, Tzvetan. A literatura em perigo. Rio de Janeiro: Difel, 2009.

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