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Hai-Quintal - Haicais descobertos no quintal

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Maria Valéria Rezende

HAI-QUINTAL

HAICAIS DESCOBERTOS NO QUINTAL

ILUSTRAÇÕES

Myrna Maracajá

Maria Valéria Rezende

HAI-QUINTAL

HAICAIS DESCOBERTOS NO QUINTAL

ILUSTRAÇÕES

Myrna Maracajá

Copyright © Maria Valéria Rezende (texto)

Copyright © Myrna Maracajá (ilustrações)

Todos os direitos reservados pela Editora Yellowfante. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.

Editora responsável

Rejane Dias

Edição geral

Sonia Junqueira

Projeto gráfico

Diogo Droschi

Revisão

Ana Carolina Lins

Informações paratextuais

Renata Amaral de Matos Rocha

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Rezende, Maria Valéria Hai-quintal [livro eletrônico] : haicais descobertos no quintal / Maria Valéria Rezende ; ilustrações Myrna Maracajá. -- 1. ed. -- Belo Horizonte, MG : Yellowfante, 2021. HTML

ISBN 978-65-88437-92-6

1. Haicais - Literatura infantojuvenil I. Maracajá, Myrna. II. Título.

22-137848

Índices para catálogo sistemático:

1. Haicais : Literatura infantil 028.5

CDD-028.5

2. Haicais : Literatura infantojuvenil 028.5

Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380

Anel Rodoviário Celso Mello de Azevedo, 25.764, galpão C

Jardim Vitória . 31975-275

Belo Horizonte . MG

Para os recém-chegados Gabriela, Rodrigo, Beatriz, Clara e Francisco, desejando que em suas vidas haja sempre algum quintal.

Lua sobre as telhas

passou bem devagarinho, alongando a noite.

6

Dormi na varanda: serenou, e eu acordei de banho tomado.

7

No meu quintal, com meu livro e meu gato, viajo, viajo!

8

Descalça na terra, o planeta me faz cócegas na planta dos pés.

9

Invejo meu gato: ninguém pode proibir que pule o muro.

10

Mais alta que o muro, uma flor oferecida ao olhar de todos.

11

Livro fechado

é borboleta dormindo, aberto, voa!

12

Taturana verde, promessa de borboleta, hoje, é queimadura.

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Um só mamoeiro oferece mil motivos para meus haicais.
14

Ontem era ouro a folha do mamoeiro, hoje é ouro velho.

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A folha amarelada

dança ao sol e ao vento antes de morrer.

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Choveu essa noite: no talo do mamoeiro, colar de pérolas.

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cumpre, enfim, o seu destino: atrai passarinhos.

Mamoeiro macho
18

O verão juntou

sabiá com sabiá pra fazer um ninho.

19

Bem-te-vi diz que viu, mas olhava pro outro lado.

Bem que eu vi!

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Para a formiguinha, na folha da goiabeira, há um mundo inteiro.

21

Formiga miúda:

torna-se imenso gigante o anão de jardim.

22

Formigas em fila, cochicham, cochicham

assuntos de bicho.

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Riacho de chuva, formigas, folha de grama, faz-se uma ponte.

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A rolinha cisca à porta da cozinha: ai das formigas!

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Ali vai a libélula, assim, tão libélula!

Em inglês é dragon-fly...

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Na ponta da língua repito o nome libélula com gosto de asas.

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Tantas joaninhas!

Dá pra fazer um colar de continhas vivas.

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A abelha trabalha

para encher de mel o favo.

Quem come sou eu!

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Debaixo da acácia, chuva de flores de ouro retarda meus passos.

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Mangueira rugosa

é que me mostra beleza

nas rugas da avó.

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Vento dá no galho

baque da manga no chão, bigodes amarelos.

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Som de sino, bronze.

Canto de pássaros, prata.

Vozes da tardinha.

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Deixo entrar o gato.

Lá fora zune o vento forte.

Nem a Lua veio.

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Nem a Lua veio,

nem o vento empurra as nuvens, nenhuma estrela.

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Nenhuma estrela

empalidece

o pisca-pisca do vaga-lume.

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Cansado de brilhar, o vaga-lume adormece sem saudar o Sol.

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Informações paratextuais

Olá, estudante,

O livro Hai-Quintal: haicais descobertos no quintal enche nosso coração de ternura, despertando nosso olhar para a mágica que existe nas coisas mais simples e cotidianas. Formigas e joaninhas, libélulas, rolinhas, orvalho no mamoeiro, sereno na varanda, vento nos galhos, gatos e acácias, lua no céu e flor sobre o muro são alguns dos motivos sensíveis e delicados dos haicais que Maria Valéria Rezende “descobre” no universo a um tempo minúsculo e infinito de um simples quintal.

Vamos entender um pouco mais sobre o gênero textual poema?

O gênero predominante em Hai-Quintal: haicais descobertos no quintal é o poema japonês a que chamamos de haicai. Essa palavra é composta por duas outras também de origem japonesa: hai significa “brincadeira, gracejo”, e kai significa “harmonia, realização”. Isso não é muito legal? O haicai é um tipo de poema que busca captar um momento simples de nossa experiência para nos fazer perceber algo surpreendente, como a percepção de que um anão de jardim pode ser um gigante aos olhos de uma formiguinha! O fundamental é perceber a poesia que brota dos haicais, para expressar sentimentos e emoções do sujeito lírico, e o que tudo isso causa em nós!

A autora

Sou uma menina de sorte! Já vivi muito tempo, em grandes cidades e pequenos povoados, em capitais e no interior, no Brasil e no exterior, e nunca tive de morar em apartamento nem em casa sem quintal. Foram tantos os quintais, jardins e hortas da minha vida, que nem sei fazer a lista completa. Mas as coisas que descobri nesses espaços, lembro todas e transformei algumas em poeminhas para compor este livro.

Meu primeiro quintal foi o de nossa casa lá em Santos, onde nasci e vivi até os 17 anos. O fundo do terreno dava para os quintais de outras casas, que davam para mais outras casas, que ainda davam para mais quintais...

Nos verões, havia o quintal da casa de meus avós, lá em Belo Horizonte. Esse, a gente chamava de horta, mas era, de fato, um pomar. Para nós, crianças, parecia uma floresta: cinco tipos diferentes de mangueiras, parreiras de uva branca, preta e rosada, jabuticabeiras e bananeiras, pés de nêsperas, goiabas, mamões e nem sei mais o quê.

Cresci e saí pelo mundo, pra ensinar muita gente a gostar de ler e escrever, até chegar no interior do Nordeste e morar em casinhas cujo quintal era o sertão inteiro, porque não

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tinham muro nem cerca. Hoje moro em João Pessoa, na Paraíba, numa casa com um quintal triangular que resiste, firme, cheio de flores, verduras, saguis, passarinhos e calangos, no meio dos prédios e shoppings de cimento que se erguem em volta dele.

Em todos os meus quintais, sempre havia um pé de pau bom pra gente se sentar à sombra e ler, ouvir ou contar histórias. Acho que foi num deles que nasceu meu gosto de escrever livros.

A ilustradora

Fazer as ilustrações para o livro Hai-quintal - Haicais descobertos no quintal foi muito legal! Revi o meu quintal de uma forma mais bonita. Gosto muito da natureza e moro onde tem um quintal com uma mangueira e outras árvores que acho lindas! Sempre estou nele vendo o pôr do sol!

Na minha história de vida estou constantemente rodeada e influenciada pela natureza. O meu sobrenome, Maracajá, é uma palavra tupi-guarani, originada de uma espécie brasileira de gato do mato. O nome da cidade em que nasci também é tupi-guarani, Timbaúba (nome de uma árvore). Fica na Zona da Mata, Norte de Pernambuco, no Nordeste.

Desenho desde os meus três anos de idade. Meu sonho quando criança era ser ilustradora, e consegui realizá-lo. Ilustro para revistas, jornais e editoras fazendo livros como este aqui. Hoje desenho com as duas mãos, tenho traços com a mão esquerda e com a mão direita. Neste livro, fiz os desenhos com a mão esquerda, que aproxima meus traços dos desenhos infantis. As pinturas foram feitas com a mão direita, utilizando lápis aquarelado, caneta nanquim e tinta acrílica.

Espero que vocês se divirtam com o livro e aprendam a olhar sempre a natureza de uma forma cuidadosa, vendo os animais, as plantas, a terra e o que está nela como nossos irmãos e seres com quem precisamos estar em harmonia sempre.

Um abraço carinhoso, e vão brincar e ler no quintal!!!

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Esta obra foi composta com a tipografia Sassoon Primary.
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