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O elefante escravo do coelho

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O Elefante escravo do Coelho Reconto livre de conto popular africano RECONTA Sonia Junqueira (texto) Giramundo (ilustracoes) ~ ~

Copyright © Giramundo Teatro de Bonecos

Editora responsável

Rejane Dias

Edição geral

Sonia Junqueira

Pesquisa

Neide Freitas

Projeto gráfico

Diogo Droschi

Revisão

Ana Carolina Lins

Informações paratextuais

Paula Renata Melo Moreira

Todos os direitos reservados pela Editora Contemporânea. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorizacão prévia da Editora.

GRUPO GIRAMUNDO

Direção geral Beatriz Apocalypse

Criação, desenho e projetos dos bonecos Beatriz Apocalypse

Construção dos bonecos e cenografia

Endira Drumond, Paulo Emílio Luz, Fernanda Paredes, Daniel Mendes, Israel Augusto, Thaís Trúlio

Fotografia e iluminação

Ulisses Tavares

Produção

Carluccia Carrazza e Ricardo Malafaia

Gestão de projeto

Gláucia Gomes

Making of Ricardo da Mata e Beatriz Apocalypse

www.giramundo.org

Anel Rodoviário Celso Mello de Azevedo

25.764 . galpão C . sala 1.

Jardim Vitória . 31970-130

Belo Horizonte . MG

Dados Internacionais de Catalogacão na Publicacão (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Junqueira, Sonia

O elefante escravo do coelho [livro eletrônico] / texto

Sonia Junqueira ; ilustrações Giramundo. -- 1. ed. -- Belo Horizonte, MG : Contemporânea, 2021.

HTML

ISBN 978-65-89703-19-8

1. Teatro - Literatura infantojuvenil I. Giramundo. II. Título.

22-137844

Índices para catálogo sistemático:

CDD-028.5

1. Teatro : Literatura infantil 028.5

2. Teatro : Literatura infantojuvenil 028.5

Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380

N.E.: Adaptação livre do conto popular “O elefante escravo do coelho”, in: INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO E DO DISCO (Moçambique). Contos moçambicanos. Maputo: INLD, 1979. v. 1, p. 14-18.

RECONTA

O Elefante escravo do Coelho

Texto: Sonia Junqueira

Ilustracoes: Giramundo

~

Reconto livre de conto popular africano de mesmo nome

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– Me apresento: Zé do Conto, ao seu inteiro dispor. Vivo andando pelo mundo, tempo adiante, tempo atrás, no sonho e no verdadeiro, dia e noite vendo, ouvindo, proseando e aprendendo... Vi que tudo vai mudando, os fatos acontecendo, mas uma coisa não muda: sempre tem gente contando! E eu também, no Giramundo, venho contar pra vocês!

ENTAO FOI QUE ERA

UMA VEZ...

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LOGO DE MANHAZINHA,

lá ia o Coelho: fazia sua caminhada diária e roía uma cenoura, lá-lá-ri!, lá-lá-lá!... Parou de cantarolar quando ouviu um zunzunzum mais à frente, pareciam vozes, muitas vozes, o que seria aquilo?

Curioso, o Coelho apertou o passo. Logo depois de uma curva, encontrou, debaixo de uma árvore enorme, uma pequena multidão: quase todos os animais da floresta estavam ali, uns cochilando, outros conversando baixinho, alguns ainda mastigando o café da manhã...

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E

AI, GENTE BOA! O QUE FOI

que aconteceu? O que estão fazendo aqui tão cedo? – quis saber o Coelho.

– Estamos com um problema, companheiro, e esperamos nosso chefe, o Elefante, para resolvê-lo... – informou o Macaco.

– C-c-como é que é?! Esperando quem?!

– Nosso chefe, o Elefante – repetiu a Arara.

– O Elefante, chefe?! Rá, rá, rá! Essa é boa! Quem disse que o Elefante é chefe de alguma coisa?

– M-m-mas...

– Fiquem sabendo que o Elefante é meu escravo, isso é o que ele é! Meu escravo, pronto pra me servir, pra atender meus desejos, pra escovar meu pelo, pra me carregar nas costas sempre que eu quiser...

– DEIXA DE SER BOBO, COELHO!

– riu o Gorila. –Como é que pode o Elefante, daquele tamanhão, ser escravo de um pirralho que nem você?!

– Pois não só pode, como é! Tamanho não é documento! O Elefante me obedece em tudo! Por isso, vocês podem ir embora, que ele não vai resolver problema nenhum, ele é meu escravo e só vai fazer o que eu quiser!

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DIANTE DO TOM

decidido do Coelho, muitos animais foram saindo, se espalhando em várias direções, e só um grupinho ficou ali, embaixo da árvore, à espera.

O Coelho, por sua vez, disparou para casa.

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UM TEMPINHO

DEPOIS CHEGOU O ELEFANTE,

balançando o corpo e fazendo tremer as árvores menores. Vinha animado, assobiando, fi-ri-ri! fu-ru-ru!...

– Ué! Cadê os outros? Estão atrasados?!

– Não, Chefe, não é isso. É que o Coelho passou por aqui e disse que você não é chefe de nada, e sim escravo dele, Coelho... A maioria acreditou e foi embora...

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O BRAMIDO DO

ELEFANTE

furioso ecoou pela floresta, chegando até a casa do Coelho: – Ah, Coelho malandro! Mentiroso! Vigarista! Ele me paga! Hoje mesmo eu acabo com ele!

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ENQUANTO ISSO, O COELHO,

em casa, desandou a gemer, a chorar, cheio de ai-ai-ais:

– Ah, mulher, eu morro! Me dói tudo! Ai! Ui!

A Coelha, cheia de pena, estendeu uma esteira no chão, ajudou o coitado a se deitar e foi fazer um chazinho.

Nisso chegou a Impala, apavorada:

– Compadre, cuidado! O Elefante disse que vai acabar com você e já está pertinho daqui! Fuja!

Em vez de seguir o conselho, o Coelho entrou em convulsão: contorcia-se, gritava, se lamentava, gemia alto, era de partir o coração.

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O ELEFANTE CHEGOU BUFANDO,

sem dar importância àquele sofrimento:

– Saia já daí, seu malandro! Vou te levar comigo!

– Oh, com...pa...nheiro Ele...f-fante!

D-d-des-c-culpe-me! Por f-f-favor! Es...tou mui... to mal! O cor...po me d-dói, não me aguen...to!

Te...nha d-dó!

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– NEM DO NEM MEIO DO, SEU VIGARISTA!

Você me desmoralizou junto aos animais e agora quer escapar?! De jeito nenhum! Você vai comigo até a reunião desfazer a mentira! De onde tirou isso, que eu não sou chefe de nada e ainda sou seu escravo?! Saia já daí, malandro!

– S-sim s-sim, você está cer...to! Eu er...re...rei! Mas não me aguento! Não dou con...ta de lev...v-an...tar nem a c-ca...be..ça, quan...t-to mais ca... mi...nhar até lá! Aaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiii! Uuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiii!

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– PODE GEMER

E GRITAR o quanto quiser, mas você vai comigo! Nem que eu tenha de te carregar, está me ouvindo?!

– S-s-só s-s-e for as...ssi...sim! Mas mes...mo des...se j-jei...to, não s-sei se v-vou aguen...t-tar! A via...g-gem vai s-ser mui...to di...f-fí...cil!

– Estou esperando! – bramiu o Elefante, de braços cruzados e batendo furiosamente a pata direita no chão.

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CHOROSO, O COELHO CHAMOU

a mulher e pediu:

– M-minha c-cami..sa no...nova! Mi...minhas c-cal...ças no...novas! M-meus sa...sa...patos no...novos!

S-se eu n-não a...guen...tar, q-quero mo... mor...rer bb...bem-ves...ti...do!

E bem-vestido ele saiu de casa, onde o esperava o Elefante, carrancudo. O Coelho mancava e gemia, encurvado, fraco, e o Elefante se abaixou e até o ajudou, com a tromba, a subir para suas costas.

– Mu-mulher! Tr-tra...ga-me a so-som...bri-brinha! C-com este s-sol de ra-rachar, eu p-posso pi-pi...o...rar!

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E LA SE FORAM: O ELEFANTE, PISANDO

DURO e fazendo estremecer a terra e as árvores em volta, e o Coelho, sorridente e bem acomodado, com ar malicioso e acenando para quem passava.

Chegando ao local da reunião foi que o Elefante se deu conta do que estava acontecendo.

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OS ANIMAIS,

ADMIRADOS, COMENTAVAM:

– Então era verdade! O Elefante é mesmo escravo do Coelho! Olhem! Vejam como está confortavelmente instalado nas costas do nosso ex-chefe!

Humilhado, o Elefante fez descer o Coelho e saiu trotando floresta adentro, com vergonha de ter sido tão pateta.

Esperto, o Coelho cantou vitória:

– Eu não disse?!

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ESSA HISTORIA

teve assim o seu fim-firinfinfim. Posso seguir meu caminho: novamente, pé na estrada pra enxergar e assuntar, pra viver e escutar casos e contos sem fim... e voltar para contar! Inté!

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INFORMACOES PARATEXTUAIS

Caro(a) estudante,

O Elefante escravo do Coelho conta a história de um Coelho que quer convencer todos os animais de que o Elefante é seu escravo! Os bichos, no entanto, não acreditam muito que um animal tão pequeno possa mandar em outro tão grande. Para convencê-los de que tem razão, o Coelho faz uma armação para o Elefante. O que será que acontece com os animais? Será que passam a acreditar no Coelho? Ou o Elefante consegue resolver a situação?

O GENERO LITERARIO CONTO

O gênero conto é uma narrativa curta em que geralmente aparecem poucos personagens. O tempo e o espaço não costumam variar muito. Por serem mais rápidas, as histórias não desenvolvem tantos detalhes, sendo o clímax, seu ponto de maior tensão, resolvido em algumas páginas. Todavia, alguns contos preferem deixar o final em aberto. No caso do nosso livro, há também um diálogo com as fábulas, que são narrativas em que os bichos falam (mas as fábulas, em geral, trazem uma moral escrita ao fim), e com o teatro.

A AUTORA

Sonia Junqueira é mineira da cidade de Três Corações, onde nasceu em 1945. Viveu uma infância simples no interior, passou a juventude em Belo Horizonte, onde se formou em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e mais tarde se mudou para São Paulo, onde trabalhou por muito tempo na Editora Abril Educação. Tem diversos livros publicados, como Poesia na varanda (2011); Inventadeira de besteira, eu?! (2020); Confusão na roça (2021), entre outros.

OS ILUSTRADORES

As ilustrações são cenas construídas pelo Giramundo, grupo de teatro de bonecos e animações. Desde sua criação, em 1970, os bonecos contam histórias nos palcos do Brasil e de outros países. E, agora, trazem para você contos do Brasil e de outros lugares do mundo, como O Elefante escravo do Coelho, que veio de Moçambique, na África. Pelo seu trabalho, o Giramundo já recebeu cerca de 36 premiações, entre elas o Prêmio Molière, a Medalha de Honra da Inconfidência, a Medalha Santos Dumont e a Ordem do Mérito Cultural.

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Grupo Giramundo e os bonecos em ação.
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