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Os diários de Amora Volume 1 - O zoológico petrificado

Page 1

tradução: Fernando Scheibe

Agradeço aos meus pais e aos meus amigos pelo apoio generoso e motivador.

Ao Joris, por ter visto a Amora sob o meu lápis e ter lhe dedicado tanto amor; à Barbara e à Clotilde, por terem tornado esta aventura possível e por terem nos acompanhado com tanto carinho durante esse longo trabalho. E, finalmente, ao Nico, por seu apoio de todos os dias e por sua ajuda mais do que preciosa.

Aurélie

A vida é um caminho em que outros nos dão a mão. Um grande obrigado:

– a meus pais e minhas irmãs, por terem acompanhado meus primeiros passos com amor sem nunca terem interposto a menor barreira a meus sonhos;

– a Cristophe A., que, embora não saiba disso, me mostrou o caminho que eu queria seguir; e a Stéphane B., por ter corrigido meus primeiros passos nos quadrinhos, minha nova estrada.

– a Nicolas M., por ter me revelado o segredo de como sempre caminhar com retidão. Não o esquecerei. E a Djilali D., sempre atenta para que eu não me desvie do caminho. Sei o que me espera se isso acontecer!

– a Aurélie N., Barbara C. e Clotilde V., por terem cruzado meu caminho criando essa linda aventura. Espero que ainda sigamos longe juntos!

– a você, caro leitor, por fazer uma pausa em seu caminho para descobrir um pedaço do nosso.

– e finalmente a você, Marjorie C., por ter se unido a mim e por seguir ao meu lado iluminando nossos passos para lá.

Joris

JORIS CHAMBLAIN - AURÉLIE NEYRET

Otradução Fernando Scheibe

Copyright © Aurélie Neyret e Joris Chamblain

Copyright © ÉDITIONS SOLEIL

Direção Editorial da coleção francesa Métamorphose: Barbara Canepa e Clotilde Vu

Título original: Les carnets de Cerise

Todos os direitos reservados à Editora Vetígio. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.

gerente editorial

Arnaud Vin

editores assistentes

Carol Christo

Eduardo Soares

assistente editorial

Paula Pinheiro

revisão

Renata Silveira

adaptação de capa e miolo

Carol Oliveira

informações paratextuais

Renata Amaral de Matos Rocha

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Chamblain, Joris

Os diários de Amora [livro eletrônico] : volume 1 : o zoológico petrificado / Joris Chamblain, Aurélie Neyret ; tradução Fernando Scheibe. -- 1. ed. -- São Paulo, SP : Vestígio, 2021.

HTML

Título original: Les carnets de Cerise : le zoo pétrifié ISBN 978-65-86551-49-5

1. Histórias em quadrinhos I. Neyret, Aurélie. II. Título. 22-137864

CDD-741.5

Índices para catálogo sistemático:

1. Histórias em quadrinhos 741.5

Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380

Rua Carlos Turner, 422, sala 202

Silveira . 31140-520

Belo Horizonte . MG

E ra um a vez...

Q uand o eu era pequena, fiz a promessa de que, se u m dia tivesse um diário , ele começaria assim. Adoro ler histórias, e as minhas preferidas

c ome çam sempre com “E ra uma v ez... ”.

Então, era u ma v ez... e u, Amora!

Tenho dez anos e m eio, e meu son ho é s e r escritora. A dor o esc reve r. E ado ro l er roma nces , H Q s, re vistas ci entí f icas... M in h a m ãe s empre m e disse q ue o v o ca bu lário seria m in h a melh o r arm a na vi d a. A ntes eu não enten di a isso muito bem . A g ora entendo. L er é desco brir, via jar , m as tam bé m aprender o sentido das palavras e, sobretudo, apren d er a u sá –las. É muito imp orta nte p ara compr eend er as co isa s e prestar a tenção à quilo que nos di ze m

E o meu tru que para co ntar his tór ias é obser var as p essoas, imaginar suas v id as, seus s egre dos. T odo s t emos um segredo guardado bem no f un do da ge nte. Um segr edo que não c onta mos par a ning ué m, mas q ue f az de nó s o que so mo s.

P or isso, sempre ten to desco brir es se “al go ” qu an do enc ontr o alguém . Fa ç o isso desd e pequena, não sei mu ito bem por quê. A c h o que isso me ajud a a ente nd er melh o r as pessoas...

N e st e ex at o mo me n t o, eu e minhas ami g as esta mo s obse rva ndo a lgu ém m uit o m isterioso.

Esp ero que a ge nte acabe de scobri ndo seu segr edo. E ntão vou p ode r co nt ar sua histó ri a intei r a. Já te nh o o in íci o!

E la co me ç aria as sim : E ra uma vez...

5

A g ora q ue tenho o i níc io da m i nha h istór i a, dev o, c om o to d a bo a es critor a , ap rese ntar o s pe rs ona gens. E não p o deri a com eç ar senão po r ela: mi nh a mãe ! Viv o c o m ela num a casa bem gr a n d e no c amp o, que per ten ci a a se u tio–a vô ou alg o do tipo , mas não tenho m uita cer tez a.

F oi ela qu e co mpro u es t e diário pa ra m i m E me disse:“S e que r ser esc ri tora, p reci sa escre ver ! E um diá rio pode ser u m bom com e ço”. E s sa é min h a m ãe

Ela não g osta que e u p ass e muito tempo com a s en hora Desj a r dins (n oss a vi zin ha), prefere que eu �inque com meninas d a min ha i dad e. M as nem por iss o me imp ede de a cre ditar no meu so nho. Ter me dado este d iár io é o j eito d ela de me ajud ar a realizá –lo!

Ela não sabe de t odas as investiga çõ e s qu e faço sobre as pe ssoa s, e a cho qu e nã o apr ova r ia . A ver dade é que nun ca perg untei p r a e la... A g en te nem sempre se en tende, mas e u a amo m esmo assi m . Afin al, ela é min ha mã e! Um dia vou e sc rev er um livro só pa ra e la e di re i aqui lo que nunca c onsegui di z er di reito: o �igada. Há palavrinhas a ssim, q u e nã o são fá ceis de di zer , que fi cam pr esas no fun do da gargant a. Será qu e mi nha m ã e tam bém tem palav ras q ue s e r ecusa m a s air ?

6

L ine e Eri c a, mi nh a s am igas p ar a to d a a vi da N

ã o con si g o m ai s pen sa r em u ma sem pe nsa r na ou tr a, d e t an to qu e e la s se comple tam. À s v ez e s che go a té a t er c iúme da união d e l as.

A Line

A g en te se c onh ece d esd e bem pe qu enas. O u s ej a , d esde que ch egue i a o vila r ej o. A L i ne e a Eri ca já se con he cia m antes d e apre n d e rem a a n da r! é a d oçur a em pe ssoa. É es pert a e tem uma ver dade ira alma de ar tis ta. A in da v ai se t or nar u ma gr ande fotó gra fa. Al iás, lo g o , lo g o e la vai ser titi a – sua i rm ã está es p e r a ndo um be bê, que el a está l ouca pa r a m et ralh ar com a c âmera ! E nquanto isso, a Lin e vai tr einand o com o i rmã o ma is no vo.

G o st o da simp lici dad e e da fra nque z a dela. A L ine f a la o q u e pen sa, sem nu nc a zom ba r de nin g uém À s vezes eu queria ser um pou c o ma is pareci da c o m e l a A Erica é ex atamen te o op ost o da L ine . E st á sem pre recl ama ndo. M as no fun do é le ga l. É qu e ela te m qu atro irmã os ma i s velh os e aí f o i o �i g a d a a apren de r a se de fen der! E u e a L i ne já ne m damos bola qua ndo el a rec la ma, estamos acos tuma d as.

S eus pa is tra nsmiti ram a ela e a seus irm ã os verd adei ros va lor es de resp eito e de hones tidad e para que sej am pesso a s d e be m. En tã o el a se s en te ma l se mpre qu e as cois as não es tã o exata mente co mo de via m estar. Rec lamar é o je i to d ela de ten ta r f azer as coisas me lhor arem. E eu a resp eito por i sso

Er ic a e L i ne , vo cês s ã o as mi nh as m e lho res ami g a s !

7

A primeira vez que vi a se nho ra Desjardins foi n a esc ol a. E l a fo i dar um a ofi c in a pr a g ent e. Te r um a e scri tora con h ecida mora n do no noss o vil a rejo é a l go pr ecio s o El a nos bo tou pr a fa ze r div erso s exercí cios de es crita, e eu me di verti muito.

Foi nes se d ia que, gr a ças a ela, decidi q u e eu t am b ém quer ia es c rev er r om a nc es.

Fic amos am i g a s, e desd e en tão vou mui to à c a sa dela pa ra conv ersar, apren der mais so�e seu tr a ba lho, f az er u m m on te de per g unt as... Co mo j á di ss e, mi nh a mãe não g o sta que eu vá t an to l á.

À s ve zes, v ou esc o ndid a!

Mas ao escr ev er estas l inha s me dou c on ta de qu e não sei m ui ta c oisa so�e e la A sen hor a De sjar di ns vive sozin ha nu m a c as a � m g rande. S er á q u e t em u m ma ri do ? F i lh os ?

N ão te nh o co r agem de per guntar. Não s e i se é p er gun ta q ue se faça... El a vi ve u m pou co isol ad a, não recebe muitas visitas. Mas não p arec e ser u ma pe ssoa tri ste

J á el a sabe um m ont e de co isas so � e m i m . T enho a im pre ssão de que ela me l ê c om o um li vr o a bert o!

Às v ez es é cons tran g ed or não p oder esc onde r na da del a. M esm o qu a ndo n ã o di g o na da , ela pa rec e sa ber o q ue estou Adorariasentindo. ter esse p oder. Ta lvez eu c onsig a à me dida que f or cre sce n do...

8

Antes de co meça r o en redo, ta mbém é p reci so mo nta r o c ená rio.

As m en i na s e eu te m o s um lu gar ó timo p a ra viver gra n des a ve ntur as:

no ssa casa na árvore se cre ta!

O s ir mã os da Er ic a nos a j uda r a m ba st ant e na construção

E p ara mo � liá– l a desc olamos móv eis v elho s n as lixe iras.

F o i mu ito di ver ti d o. Só não c onco rdamos na esco lh a d as co r tinas.

M as te nh o cert eza d e qu e e nco ntrar emos uma s oluçã o.

F oi do a lto de ss a casa na árvore q ue avi sta mos n oss o “S e nh o r Mis tér i o” p ela pri meira v e z.

E u t enh o que co ntar is so !

9

C o m o tu do

co me ço u

F oi a Li ne qu e o v iu pe l a prim e ira v ez. E stáv amos � inca ndo n a n oss a ca sinh a secr eta Na ce r ta a Er ica es ta v a re clam ando d e al gum a c ois a: d o ven to q ue en tra p ela s fre sta s, do sofá desg astado d em a is pa r a se r con fort á vel.. . en quan to eu t erm inav a d e ano tar id eias de decor açã o pa ra a c asa na árvore. A Li ne est a v a foto g ra f ando os páss aros do s a rred ores qua ndo, de re pen te, f i co u par alis ada. T inha aca bad o de nota r al g u m a co isa na le nte da c âmer a. Um h ome m ve lho ap arece u na tri lha , s ai ndo do ma to, co � r to de t int as de toda s as c ore s. Fic amo s ate rr or iza das! E l e ti nh a tin ta n o r osto , nas m ão s, nos sa pa tos.

O h omem seguiu em frente e des a parec eu. Fic a mo s m orren do de me do , tod a s as t rê s, por m ais q ue a E ric a dis sess e o contrá rio

Vo l tamos voa nd o pa r a n ossa s c a sas, prom etendo qu e n ão co lo carí amos os pé s na f lore sta de novo tão ced o.

Só qu e as s i m q ue che g u e i em ca s a , come cei a me f a zer perg un tas. Q ue m era e le? P o r q ue tod a s aqu e l a s co res ? Pa ssei a n oit e i nte ira i ma g in ando um m ont e de c oisa s so �e a v ida desse homem

P re cisava t i ra r a qui lo a limpo. E ntã o, no d ia s eguin te, fu i so zin ha para a casa na árvore e f i q uei l á, espe ran do. M as e l e n ão apa rec eu.

V oltei lá to do s os di as, na es p er ança de ver aquele homem de novo

L evou um a sem ana pa ra is so aconte cer. Mes mo ri tual: e l e sur g iu do m ato c om as rou pa s co �r tas de tin ta e desa pa receu na tr ilha. N ão tive coragem de me ap ro xi ma r.

A pa rtir de en tão, só co ns e g ui a pens ar em uma coisa: eu q ueria esta r lá n o mom ento e m qu e e le entras se na f lo resta! Tal v ez a ssim pu des se des ven dar s e u mist ér io...

E is so aco ntec eu nu m do min g o. Os si nos da i g rej a aca bava m d e s oa r n ove hor as.

D on g . D o n g D o n g

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o que está fAzendo de pé A estA horA??? em pleno domingo!!!

Amor A ?!?

A gente terminou de construir A cAsA nA árvore! combinAmos de nos encontrAr cedo prA decorAr elA

umA cAsA nA árvore, é? nA minhA épocA A gente chAmAvA isso de “ter um nAmorAdo“!

ficA trAnquilA, mãe! quAlquer coisA, estou com o celulAr. Até mAis tArde!

está bem, mAs não volte tArde!

pfff!
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é umA ideiA típicA dA minhA mãe: comprAr um celulAr só prA “cAso AconteçA AlgumA coisA“. A frAse é delA. quem é que ele deve trAnquilizAr? eu ou elA? minhA mãe é umA personAgem e tAnto. um diA tenho que escrever um livro sobre elA.

como esse pAtetA do rémi! quAndo é que vAi decidir oferecer essAs flores prA Julie?

ou então o guy, o plAntAdor de legumes...

...ele diz que perdeu A pernA quAndo foi AtropelAdo por um trAtor, mAs com certezA é mentirA!

Na verdade , Guy é um pi ra ta !

escrever romAnces. imAginAr A vidA dAs pessoAs...

Aposto que o ulysse Abriu A loJA só prA ele!

E fo i u m t e rrível tuba rão que co m e u a perna dele!

o ulysse é muito romântico. AdorA históriAs de Amor.

...fAzê-lAs viver um monte de AventurAs. imAginAr os perigos que vão enfrentAr...

...quem vão combAter, quem vão AmAr...

Ele ca v a a te r ra o te mpo todo é para achar

tesou ros !

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bom diA, senhorA “do JArdim“!

foi elA que me ensinou A “olhAr“ pArA As pessoAs. A tentAr AdivinhAr o que se esconde por trás dAs ApArênciAs ou pelo menos descobrir o que querem expressAr.

As pessoAs AchAm que elA é meio loucA porque se veste sempre de um Jeito estrAnho.

bom diA, AmorA “dA florestA“!

Adoro A senhorA desJArdins. um diA serei escritorA como elA.

mAs eu sei por que elA fAz isso! pArA se colocAr “nA pele dA suA personAgem“, como elA diz. isso é muito importAnte pArA quem escreve, pArece.

e hoJe é A minhA vez de “olhAr“ pArA Alguém...

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Ela é u ma espécie d e � u xa, ten ho

ce rte za.

Aonde vAi correndo Assim, minhA pequenA AmorA?

vou pAsseAr nA florestA, senhorA gAlinier!

vê se não pisA nos meus cogumelos destA vez!!! prometo!

Se nã o, c omo saberia q ue f oi m esmo eu q uem

es ma g ou os co g u m el os ?

A senhorA gAlinier vAi me cozinhAr no cAldeirão delA se eu pisAr neles de novo...

14
15
estAmos!
Aqui
ufA!

o “senhor mistério“ chegA bem nA horA!

vAmos, AmorinhA. AgorA é contigo: observA e compreende!

mAs o que é que...?

pouco depois...
16
uAAA u!

ele é mAgnífico! mAs o que será que vAi fAzer com...

e ss A não!

mãe?!

o que você... sim...

sim, eu volto pro Almoço...

sim, tudo certo... não, não posso fAlAr AgorA. beiJos e Até logo... eu tAmbém, mãe.

pA r A onde ele foi?! 17

AAAh... sempre A mesmA coisA

Assim que desvio os olhos, o “senhor mistério“ AproveitA prA desApArecer.

ele não pode estAr muito longe...

como vou fAzer prA espionAr?

o

h?!

como Alguém pode desApArecer tão rápido?! 18

f in A lmente um A pist A !

o nde você está escondido, “ s enhor m istério “ ?

Evidênc i a encontrad a

no d omin g o, 2 3

de o utu�o

m

ma is n ad a
as não enc ontre i
19

mAis tArde...

e Aí, queridA, trAbAlhArAm nA cAsA dA árvore?

ei, Aí está vo...

ok, entendi.

o que é que A senhoritA AndA AprontAndo?

nossA, você está tão comunicAtivA!

foi de novo ver A senhorA desJArdins, é isso?

não começA, mãe...

não sei o que elA contA prA você, mAs desconfio que boA coisA não é.

Ahã...

ding dong

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Ah, oi, gArotAs!

oi, AmorA!

bom, vAmos nessA. Até depois, mãe.

tchAu, senhorA!

e então, trAbAlhArAm muito nA cAsinhA hoJe?

obrigAdA por terem segurAdo As pontAs. prefiro que A mAmãe Ache que eu estAvA com vocês.

tenho que fAlAr com vocês de...

você veio de novo espionAr o tAl “homem mistério“?

mAis horAs e horAs de espionAgem, que mArAvilhA!

eh... sim, sim!

sim, nA cAsA dA árvore, isso mesmo.

Já estAmos AcostumAdAs mesmo.

oi, gArotAs!

não tenho culpA se esse homem me deixA tão intrigAdA!

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tá demorAndo... vAi chover...

é ele!!!

roubA monte... AleluiA! essAs lAtonAs de tintA pArecem pesAdAs!
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sim! e nenhum sinAl do pássAro de hoJe de mAnhã!!!

será que ele comeu?

e A tintA? como você explicA?

vAi ter que perguntAr prA AmorA, A detetive-chefe!

ecA, você é noJentA! pfff! sem noção!

por quê? nuncA mAis vimos o guAxinim dA outrA vez!

por enquAnto sei tAnto quAnto vocês, meninAs, mAs vou descobrir!

Talvez ele s ej a s ó um ami go d o s an im ais que li�rt a e les

ele está indo emborA!!

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olhA, umA dAs lAtAs está vAzAndo!

como Assim?

esse cAminho não vAi AcAbAr nuncA! que ideiA fAzer lAtAs tão grAndes!

precisAmos AvisAr prA ele!

de Jeito nenhum! é nossA grAnde chAnce!

nuncA leu o pequeno polegAr? AgorA é só seguir o rAstro dele!

e Além disso esse seu “homem mistério“ não pArece querer ser encontrAdo!

corAgem, line. estAmos perto, posso sentir!

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você disse isso vinte minutos Atrás!

pelo menos não estAmos perdidAs, o pequeno polegAr mArcou nosso cAminho.

e pensAr que teremos que fAzer todo esse cAminho de voltA...

drogA! perdemos o rAstro!

espero que ele não ApAgue com águA está começAndo A chover!

“estAmos perto“! que belA detetive você é!

do que você vAi reclAmAr Agor... oh!

e i!

g A rot A s!

v enh A m ver...

uA u!!!

isso.
25
26

que troço é esse?!?

e, mAis importAnte: o que será que tem do outro lAdo?

minhA mãe vAi me mAtAr!

que dilúvio! estou enchArcAdA!

A minhA tAmbém

Acho que eu não quero sAber!

não quero bAncAr A estrAgAprAzeres, mAs temos mesmo que ir emborA!

A ericA tem rAzão, vAmos ficAr resfriAdAs!

ok, vAmos emborA!

A gente se encontrA dAqui A pouco. preciso sAber o que tem Atrás dAquele muro!

Já percebemos!

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só elA pode me AJudAr...

boA noite, AmorA! em que posso AJudAr?

Alô, senhorA desJArdins? é A

gostAriA de Alguns conselhos prA minhA novA investigAção...

espere, vou pegAr minhAs AnotAções e AproveitAr pArA escrever o que você disser...

AmorA...
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Sen ho r Mis tér i o!

A ss ustada ao v ê–l o pe la p rimei ra v ez, a L in e t iro u um a f o to sem quer er! Ela, qu e n unc a tira fot os des foc a d as!

P or iss o é qu e me deu ess a! Óti m o, iss o me ajud a a r eunir as pis tas!

Fic amos um tem pã o dis c ut i ndo so � e o Sen hor M ist ér i o.

Ca da u m a t em uma te oria di fe ren te:

29

P ara fa zer u ma boa investi ga ção, é prec iso co letar o s fat os ( c o mo Sher l ock Holm es)

– O Sen ho r Mi stéri o só vai à flo r esta n os f ins de s eman a.

– Ch e g a da às 1 0 h , pa rtid a às 1 9 h

– Enc ontra mos um muro que di vid e a flor esta em dua s. será que isso te m a ver com o Sen hor Mis t é rio?

E m s egui da, é pr ecis o co leta r depo im ent o s. O qu e d ize m n o vila rejo :

– A pa deir a , a ssim co mo os o utr os com ercian tes interro gad os, n ão sabe de qu e m estou fa land o.

– O pol ici al a pose nta do ach ou a fot o desfo cada de ma is p ara p oder distin g ui r de q uem se tr ata.

– A sen hor a Gal in i er nã o sa� qu em é e n ão está nem aí d esde q ue ele n ão pi se nos c ogum elos de la.

– G uy, o pl an t ado r de le g umes, n unca viu esse marujo a bord o.

– N ão per g untei pra minh a mãe, se não ela fic aria sa �nd o da mi nha investi g ação e com certe za me impedi ria de con tinuar a espi ona r o S en hor M istéri o!

C on selh os da se nho ra Desj ar d ins:

U m b om det etiv e pro cu ra indí cios. D eve encontrar a l g o fora do com um ou ines pera do. U m de ta lhe es quisit o, a lgo for a do lu gar Um a pi sta, em sum a.

O pa pag a io! Na cer ta ele o comprou nu ma l oja d e a nima is. T em uma no c entro c o merci al. P ortan to, a inv estiga ção vai começ ar por lá.

Pri meir a m eta : c onve ncer m inha mãe a ir l á se m r ev ela r o por quê.

30

é umA excelente pistA, de fAto. esses são os únicos conselhos que posso lhe dAr por enquAnto!

e não se esqueçA de me contAr Assim que tiver A “chAve“ desse grAnde mistério!

Até mAis, AmorA.

Até mAis, senhorA desJArdins. e, mAis umA vez, obrigAdA!

é clAro! com todo prAzer!

vou ter que ser bem espertA com A minhA mãe...

31

Acho que um hAmster é umA ótimA ideiA pArA o Aniversário dA ericA.

...

ok, não tem problemA obrigAdA mesmo Assim.

mãe, obrigAdA por me trAzer Ao centro comerciAl!

por AcAso vendeu um pApAgAio A um senhor de idAde recentemente?

é um prAzer, queridA. você sAbe!

As

é cl A ro!

quAl

este!!!

não, sinto muito. não vendemos pApAgAios.

no diA seguinte...
oh, AmorA, eles são muito fofos! own! vAmos levAr?
bom diA, senhor...
tint A s!!! 32
esperA Aí!!!

um senhor de idAde? hum...

michelAngelo??? sim, é como o ApelidAmos!!

Acho que deve ser o michelAngelo...

procurei você por todA pArte! o que estAvA fAzendo Aqui?

nAdA, mãe. podemos ir?

Mich e l La n g er , v ul g o “ M ic h elan g el o ”. C om a q u a nti da de d e ti nta que co m pro u ne ss es quinze an os, po de ria ter r e pintado a ci d ade intei ra ! E de to das as cor e s !

perdeu-o por pouco. esteve Aqui ontem no fim dA tArde.

devolveu AlgumAs lAtAs porque A tintA não resistiA à águA.

com A chuvA de ontem, não é de surpreender.

muito obrigAdA! vocês me AJudArAm muito! disponhA, pequenA!

o quê!?! e o hAmster???

A line vAi comprAr!!!

AmorA!
33

Alguns diAs depois...

pfff, fAz horAs que Ando em círculos!

o que foi isso!?!

o nde pode est A r esse muro?!

o quê?! e ss A não!!!

cAnsAdo! oscAr está cAnsAdo e subiu pArA se deitAr!

drogA! não Aguento mAis. vou desistir! estou cAnsAdA!

minhA cAmisetA novinhA!!!

não Acredito!

e sper A !

cAnsAdo!

f ic A A qui, esper A !!!

cAnsAAAdo!

cAnsAdo!

34

cAnsAdo! cAnsAdo!

o h!

pArA! Aonde está me levAndo?!

quem é oscAr? você?

o muro!!!

oscAr está cAnsAdo e subiu pArA se deitAr!

bom, vAmos ver o que tem do outro...

35
...lAdo. u uu AAA uuu! 36
37

que lugAr é esse?!

como são bonitAs!

38
uAu!

tenho que fAzer AnotAções...

vocês são engrAçAdos!

Atrás d o mu r o, des c o b ri : um zool ó g ico aba ndona d o, p i ntur as lin das de ani m a is !

Av isar a L ine p ar a el a tirar fo tos.

Ah! Aí está você! veio AdmirAr seu retrAto?

ele é menos tAgArelA que você!

o cApitão flint é tAgArelA!

oh!
tAgArelA!
39
tAgArelA!

nossA! você é bonitA, mAs me dá um pouco de medo!

lontrAs! vocês são muito fofAs!!!

bom diA, mAcAcos!

e por Aqui, o que há, cApitão flint?

muuuito bonitinho!

hi, hi!
40
!? oh... 41
uAAAu! ei!

então você é o oscAr.

42

Fazer pesquisas so�e o zoológico Oscar existiu mesmo? O que houve com ele?

oscAr!

oscAr está cAnsAdo!

oh, por fAvor, cApitão flint, pAre de repetir essA frAse!

você “subiu pArA se deitAr“ e nuncA mAis Acordou, não é?

cApitão, você é mesmo muito tAgArelA.

cApitão flint é tAgArelA!

rápido! um esconderiJo! rááápido!

cApitão flint nA cArAvelA!

!!!
43

vAmos, cApitão flint. eu trouxe comidA pArA os ursos brAncos.

um minuto, cApitão. essAs lAtAs são pesAdAs!

cApitão flint nA cArAvelA! corAgem, mAruJos!

olhe só, cApitão flint. estão fAmintos!

!?! o que ele está fAzendo???

não vAmos fAzê-los esperAr...

44
45

pronto, todos de bArrigA cheiA.

estAvAm com fome! olhe, cApitão flint, como estão contentes.

Se g re do desco�r to:

el é um
i s!
Mich
gr ande pint or de a nima
AgorA eles podem brincAr...
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e eu, descAnsAr.

A AmorA?

Assim fico mAis trAnquilA!

A propósito, feliz Aniversário, ericA!

meu Aniversário é dAqui A quAtro meses e sou AlérgicA A hAmsters!

ou A mãe delA ficou loucA...

oh, bom diA, gArotAs!

pensei que estivesse com vocês!

Ah, é verdAde! A gente combinou de se encontrAr nA cAsA dA árvore!

hi, hi

A gente tinhA esquecido! vAmos prA lá!

elA vAi ver só!

... ou nossA cArA investigAdorA está escondendo AlgumA coisA!

espero que tenhA gostAdo do hAmster!

?!

o hAmster? eh... sim, sim! ele é muito fofo!

só pode ser coisA dA AmorA!

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o que foi que...

essA não!!! que estrAgo!

horA de voltAr Ao trAbAlho...

isso tudo não

levA A nAdA!

melhor AcAbAr com tudo!

oh... meu deus!!!

AfinAl, prA que serve isso?
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e é tudo culpA suA, mAldito leão!

ele ficou louco!

deviA tê-lo deixAdo sozinho e nuncA ter voltAdo!!!

nããão

o oscAr não, senhor. por fAvor.

está nA horA de você desApArecer dA minhA vidA.

o quê!?! de onde você sAiu?

Argh!
AAA h!
!!! !?!
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foi o pApAgAio que me trouxe Aqui.

fAz tempo que você está Aqui?

esse bom e velho cApitão flint!

e o que Achou dAs pinturAs?

bom, um pouco, sim.

suAs pinturAs são reAlmente mAgníficAs! Adorei! o senhor tem muito tAlento, sAbiA!?!

é gentil de suA pArte, mAs só o que fAço é me ApegAr A velhAs lembrAnçAs...

que lugAr é este, AfinAl?

oh, é umA longA históriA.

ótimo! Adoro históriAs. um diA quero ser escritorA!

escritorA, é? então vou ser obrigAdo A contá-lA tintim por tintim!

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trintA Anos Atrás, este zoológico erA um dos mAis conhecidos do pAís. As pessoAs vinhAm de muito longe pArA visitá-lo. hAviA diversAs espécies exóticAs e os AnimAis erAm trAtAdos com Amor e respeito. As criAnçAs ficAvAm mArAvilhAdAs diAnte dAquelA fAunA incrível.

depois de muitos Anos de glóriA e de Alguns de declínio, o zoológico teve que fechAr suAs portAs por fAltA de visitAntes. os AnimAis forAm enviAdos pArA outros zoológicos mAiores e menos humAnos...

nAquelA épocA, fui contrAtAdo como pintor pArA decorAr As JAulAs e os espAços públicos. tinhA à vistA mAis modelos do que quAlquer um poderiA sonhAr. mAs o tempo pAssou e os visitAntes diminuírAm. com os pArques de diversões, o público ficou viciAdo em AdrenAlinA, coisA que não encontrAvA Aqui.
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...e o lugAr AcAbou sendo AbAndonAdo.

voltei Aqui Anos depois, quAndo este lugAr Já tinhA sido totAlmente esquecido.

mAs não me contentei em representá-los numA pArede cinzA.

quis que cAdA um deles vivesse como nAquelA épocA. então, pintei os Adultos e seus filhotes. dei-lhes nomes e os fiz crescer, se AlimentAr...

você tinhA que ver oscAr, o leão.

morrer...

erA o preferido dAs criAnçAs.

A mAis mAJestosA de todAs As ferAs.

mAs foi ficAndo velho, e o público o AbAndonou.

Antes de ir emborA, pintei-o umA últimA vez.

ele erA A AlmA deste zoológico...

diAnte de todAs essAs JAulAs vAziAs, tive A ideiA de fAzer renAscer, à minhA mAneirA, cAdA um dos AnimAis que viviA Aqui.

...e deixei o tempo fAzer o resto.

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essA é A históriA. mAs hoJe percebi que tudo isso não levA A nAdA

e sou eu que vou AbAndonAr este zoológico.

voltArei AmAnhã!!! o quê?!? o que é que você...?

pelA segundA vez.

nAdA disso! o senhor não

vAi AbAndonAr nAdA. vAmos dAr A ele umA segundA vidA!

Juro que vAmos! e sei quem vAi nos AJudAr!

Amooor A ! m eu nome é Amor A !!!

espere! eu...

nem sei como você se chAmA!!!

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AmorA...

fAz umA horA que estAmos esperAndo Aqui, preocupAdAs com A senhoritA!

Já não er A sem tempo!

escutem, gArotAs. não tenho tempo de explicAr, mAs vou precisAr de vocês!

é muito importAnte!

lá vem elA de novo...

o que encontrou dessA vez? umA cAsA mAl-AssombrAdA? A cAvernA de um ogro? melhor do que isso!

fui Até o outro lAdo do muro que encontrAmos dA últimA vez!

Ah, que belA notíciA!

erA de imAginAr...

eis o que vAmos fAzer...

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Alex! espere!!! Aonde você v...

...mAs hoJe vou tirAr isso A limpo!

que estrAnho!

todo fim de semAnA é A mesmA coisA! ele sAi como um furAcão, ficA forA o diA inteiro e voltA coberto de pó e de lAmA!

Até depois, mãe! não volto tArde!

eu tAmbém, pode ter certezA!

o meu é A mesmA coisA! e minhA vizinhA disse que A filhA delA tAmbém!

hum... o que será que estão escondendo dA gente?

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tudo certo, michel?

oh, sim! nuncA estive tão feliz!

michel, Aonde você vAi?

os risos dAs criAnçAs voltArAm A ressoAr no zoológico! é fAntástico!

oi, AmorA! consegui tudo que você pediu!

belezA! vAmos poder lAvAr o viveiro de pássAros.

ouviu isso, Alex? vAmos chAmAr os outros!

pode deix A r comigo !!

pArece que vAi nAscer um tigre, e não quero perder isso por nAdA desse mundo!

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Aí está! um novo morAdor pArA o zoológico! uAu!

psiu... AmorA...

o quê!?! quem está Apl...

kiki!

então, criAnçAs. como vAmos chAmAr esse filhote?

tigrão!

tiger!

roger!

cl A p cl A p !

cl A p !

léo!

oscAr!

está bem, perdoo suAs mentirAs. isso é mesmo muito lindo!

obrigAdA, mAs queriA que minhA mãe me dissesse isso! olhem, gArotAs! ele terminou!

oscAr não! oscAr é o leão!

brAvo! muito fofo!!!

clAp clAp clAp!!!

pArAbéns, senhor! é um grAnde ArtistA!

oscAr! oscAr está cAnsAdo e subiu pArA se deitAr!

cl A p

cl A p !

senhorA desJArdins!!!

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o que A senhorA está fAzendo Aqui?

e, sem sAber, o Alex me trouxe Até Aqui.

todos os pAis do vilAreJo estão preocupAdos com seus filhos que somem nos fins de semAnA.

e o que descobri é simplesmente extrAordinário!

nem me lembrAvA de que hAviA um zoológico Aqui AntigAmente! e AindA há! estAmos trAbAlhAndo pArA recuperálo!

Amor A !!!

então é Aqui que estAvA se escondendo, hein?!

eu sAbiA que deviA seguir A senhorA desJArdins pArA encontrAr você!

mAmãe! elA não tem nAdA A ver com isso!

então resolvi fAzer umA pequenA investigAção.

m ãe???

quer dizer que me seguiu tAmbém? decididAmente, hoJe é o diA do pegA-pegA.

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o que está hAvendo Aqui?

oh!

eu... não tinhA olhAdo à minhA voltA... estAvA tão furiosA

está hAvendo que essAs criAnçAs não deviAm estAr Aqui nesse lugAr cAindo Aos pedAços com um desconhecido!

vou levá-lAs Já pArA cAsA! é isso que está hAvendo!

o zoológico... erA estA A rAzão de todo esse mistério?

desculpA, mãe.

eu não queriA que os AnimAis desApArecessem... As lontrAs, os pássAros... e oscAr, o leão...

oscAr? ele AindA está Aqui?

mAs ele não é um desconhecido, mãe! é o michel, o pintor do Antigo zoológico.

o quê? que históriA é...

mAs AgorA estou lembrAndo... reconheço esse lugAr...

vem comigo.

vou te mostrAr...

P el a pr imei ra vez, est ava divi dind o um se gre do c om a mi nh a mãe. Será que el a sentia que min ha m ã o e stav a t reme nd o?

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mAs eu não sAbiA que ele AindA existiA!

estou confusA. desculpeme por ter reAgido mAl, AmorA!

queridA, este é o zoológico dA minhA infânciA! eu tAmbém não quero que desApAreçA!

oscAr...

ele erA o mAis mAJestoso dos leões. quAndo erA pequenA, ele me fAscinAvA e chorei por ele quAndo o zoológico fechou.

não tem problemA, mãe. mAs promete prA mim que não vAi contAr prA ninguém.

Aqui é como nossA cAsA.

mAs não vão conseguir ArrumAr tudo sozinhos!

você... vAi nos AJudAr?

com certezA! mAs vAmos precisAr de reforços!

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e nos diAs seguintes...

oi, guy! trouxe cAfé!

ulysse, um cAfé?

vem bem A cAlhAr! eu e os mAruJos fizemos todo o serviço de AlvenAriA, e o reboco Já está secAndo! ficou como novo!

tudo certo, mãe?

quero sim, AmorA! olhA, estou terminAndo de podAr os Arbustos e replAntei todos os cAnteiros de flores! vAi ficAr lindo!

oi, pombinhos! AceitAm Algo prA beber?

AgorA não, obrigAdo. primeiro vou ArrumAr As telhAs.

eu Aceito um suco. está tão quente!

sim!!! terminei de limpAr o tAnque dos flAmingos, depois vou pegAr o dos leões-mArinhos.

o que está fAzendo?

deixAndo A cAnetA correr. este lugAr é umA fonte de inspirAção!

um novo livro?

U au! Vou s er a he roína de uma história! E a senho ra Desjardins di sse que vou pod er ajudar a escrever!

quem sAbe? tAlvez!

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hA, hA, hA!

A suA bochechA está verde!

tudo certo, gArotAs?

e você vAi AJudAr tAmbém!

ei, no rosto não!

sim, estou fAzendo como o michel: mudAndo o tipo de telA pArA pintAr.

pinturA sobre line!

ei! esperA Aí, vAi ver só!

hi, hi! só não esqueçAm de pintAr o portão! AmAnhã tudo tem que estAr pronto!

hA, hA, hA! voilà umA AmorA verde!

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Até o diA em que... está pronto, michel?

como nuncA estive Antes!

então, lá vAi!

bem-vindo à suA cAsA!

AmorA! é inAcreditável!

que tAl umA visitA guiAdA?

oh, meu deus!!!

...é mAgnífico!

é...
hi, hi!
com prAzer! 65

os viveiros de pássAros...

lá, os répteis e os Aquários...

Aqui, os mAmíferos...

o importAnte é que estAmos oferecendo A ele umA segundA vidA! erA o que queriA com suAs pinturAs, não?

e se tudo recomeçAr, AmorA?!

ei, por que essA cArA?

e se As pessoAs se cAnsArem dAs minhAs pinturAs e AbAndonArem o zoológico pelA segundA vez?

hum... você tem rAzão.

mAs é que o meu JArdim secreto está deixAndo de ser um segredo. e sinto um frio nA bArrigA!

nAdA não, só estAvA me perguntAndo...

Acho que não vou suportAr!

corAgem, michel. AgorA não vAmos voltAr Atrás!

66
O

zooló g

ico

rea�iu su as p or tas há algum tem po, e eu j u n te i um m o nte d e arti g os d e jo r nal!

Há duas semanas, o zoológico de uma cidadezinha reabriu as portas vinte e cinco anos depois de ter sido fechado. Mas é um novo tipo de exibição de animais que ele nos convida a descobrir: aqui, nada de animais em jaulas ou confinados. Nada de rugidos ou piados, apenas o barulho dos passos dos visitantes e das risadas das crianças.

Como num museu, imensas pinturas esperam os curiosos, mais numerosos a cada semana. Afrescos de animais de um realismo impressionante, todos obra de um só homem, Michel Langer, o antigo pintor oficial do zoológico, um apaixonado por animais. O que deslumbra o público não é apenas seu talento, mas principalmente a técnica que inventou. Michel não se contenta em pintar uma cena com animais. Ele a retoca e faz com que evolua ao longo do tempo.

Todos já compreenderam; o que espera os visitantes é uma fabulosa viagem entre essas pinturas de uma riqueza surpreendente, verdadeiro hino à beleza da natureza e ao respeito pela vida de seus habitantes, seja qual for sua espécie.

Uma exposição para ver e rever, em todas as idades.

A. N.

Há algumas semanas, graças ao pincel de Michel Langer, nasceu Berlingot, um elefantezinho da África. Nascimento consecutivo ao falecimento de uma velha ursa, idosa demais para atravessar o próximo inverno. Outro grande acontecimento: aqueles que, quando crianças, percorriam os caminhos do zoológico, na certa se lembram de Oscar, o majestoso leão. Ele desapareceu por trinta anos, mas hoje está de volta, mais magnífico do que nunca. E o artista promete que ainda terá muitos anos pela frente!

C.V.

67

Faz alguns meses que o zoológico reabriu suas portas com um novo tipo de exibição. E também se tornou um ponto de encontro para artistas. Durante trinta anos, Michel Langer, o criador dessas duzentas e trinta pinturas, tinha se dado ao tempo de retocá-las uma a uma para “fazê-las viver”. Hoje, afirma não ter mais a força para executar um trabalho tão colossal. Mas a reabertura do zoológico permitiu que encontrasse muitos artistas de talento, e nove pintores já se uniram a ele para garantir a evolução dos afrescos.

Michel Langer, um pintor fora do comum, e suas telas fora de série.

Retrato.

Michel Langer pinta desde a mais tenra idade. Apaixonado pela natureza, desenha a fauna e a colore com a precisão de um naturalista. Peles e plumagens não têm segredo para ele. Com suas telas debaixo do braço, encontra o diretor de um zoológico do interior que lhe propõe um trabalho: decorar as alamedas do zoológico com afrescos de animais. Dez anos depois, o zoológico fecha suas portas, e Michel fica sem emprego. Mas a paixão pela pintura não desapareceu, e seus passos o levam de volta ao coração desse zoológico abandonado, onde ele decide continuar a fazer seus habitantes viverem com uma técnica extraordinária: fazendo suas telas evoluírem no tempo. Perguntamos para ele como essa ideia nasceu. Resposta:

“Quando comecei a pintar, nunca estava satisfeito com meu trabalho. Sou muito perfeccionista. Por isso, retocava incessantemente minhas pinturas. Com o tempo, fui dando um nome para cada animal e me apegando a eles. Pouco a pouco, retoque após retoque, comecei a me divertir mudando suas poses, pintando a comida deles, representando-os em cada etapa de suas vidas. Foi acontecendo de modo natural e quase involuntário.” Uma exposição fora do comum para os amantes de animais e da arte.

J.C.

E o seu trabalho não inspirou apenas artistas plásticos. Annabelle Desjardins, conhecida escritora, está publicando por ocasião do aniversário do zoológico seu décimo nono romance, intitulado O zoológico petrificado. O leitor descobrirá aí o destino de uma menina e de um pintor através da história incrível e verdadeira de seu encontro. Na certa esse livro terá todo o sucesso que merece.

B.C. Des de a a� rtura, Mi c hel não tem m ais um m i nu to de s o ss eg o. N em sei se ele está fe liz.

Espero qu
esteja!
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e
Est a sou eu!!!

Algum tempo depois... o trAbAlho reAlizAdo Aqui é reAlmente notável!

sem fAlAr dos seus Afrescos! você deviA vender suAs telAs, ou mesmo o conceito!

poderiA ficAr rico, o que AchA?

michel?

ei?

michel ???

você vem, cApitão flint? temos umA últimA missão.

onde ele foi pArAr?

úúúltimA missão!

todos A bordo!

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De Michel para Amor a

Mi nha que ri da Amo ra,

Fa z al gun s me ses que n ão n os vem os , o que me entr is tece Vo cê e eu anda mos muit o ocup ados, e m g ran de pa rte pe los a con tecim entos rec ente s q ue n os reu nir am. Em bor a eu est eja fel iz co m o s ucess o d o zoo lógi co, não es tou m ais t ão li vre qua nto an tes! M as n ã o m e arrepe nd o de na da. E sei q u e noss os cora ções esta rão uni dos par a se mpr e.

C om o tem po, perc eb i que tin ha es quecido u ma coi sa fundame ntal em rel açã o a você. Al go q ue gost aria d e lhe di zer pessoa lm e nte (e o f ar ei qu an do volt arm os a n os v er), m as que ap rove ito e sta ca rt a para d ize r imed iatam ent e:

Obr igado. Obriga do por ter me espi ona do do a lto de ssa ca sa na àrvore, o brig ado por tent ar me se gui r pela flo rest a, p o r ter descob ert o meu ja rdim sec r eto e, sob ret ud o, por tê-lo a mado e vo lta do a lhe d ar vi da

Mu itas pessoas vê m me fal ar dos tesou ros q ue m inh as pin turas repre sent am. Po de ria a té m e tor nar u m hom em ric o. M as o que e las não com pree ndem é que eu já s ou rico. R ico de tod os os be los encontros q ue t ive nesse s últi mos m ese s, ric o d o ris o da s crianç as q ue vier am nos aj uda r a rec onst ruir o z ool ógico, ric o do em pen ho de tod o o vil ar ejo em ofe recer um a no va vida a o nos so jardim. E to da essa r iquez a eu d evo a v oc ê.

A ssi m como fi zem os co m o zooló gi co, voc ê vo ltou a me d a r vi da. Ess a é min ha rique za , esse foi o pres ente que v ocê me de u. Obr igado, Am ora. Po r tu do.

U m últim o pedi do: s e puder, passe par a me v er no zo oló gico; há um novo afresco qu e eu g ostari a de lh e mos trar . U m afr esc o q u e, contr ar i am ente a to dos os ou tro s, nunca mud a r á.

At é brev e, Am ora . E que você poss a aju dar ou tras pe ss oas co mo fez co mig o, man dand o a t riste za de las emb ora...

Afe tuos ame nt e, M ic h el

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L im pa ndo o zo oló g i co, e ncon tra mos v á r i as lem � a n ças.

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Pes quis a ndo na int er net, enc ont rei o si te Ami go s do O sca r I m primi o arti g o e co l ei no diá rio porque s ua his tór ia é re a l me nte com ovente.

Quando era apenas um leãozinho, Oscar foi vítima indireta de caça ilegal. Destinado a uma morte certa, felizmente foi salvo por uma veterinária, que o ofereceu ao zoológico.

Apesar de longe de sua pátria, teve uma boa vida. Quando o zoológico fechou as portas, um grande número de admiradores se mobilizou para oferecer a Oscar uma última viagem rumo a suas raízes. Foi assim que nasceu a associação Os Amigos do Oscar, que, vinte anos depois, continua trabalhando pelo bem-estar dos animais.

Oscar morreu sob o sol africano, numa reserva natural, depois de uma longa vida.

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Oscar em sua jaula no zoológico

“Se n hor Misté rio ”. Foi ass im q u e as gar otas e eu o apeli dam os da pri mei r a v ez que o vim os. A g o r a e le é M i chel, o fabu lo s o pin tor! E est ou fe li z p or t er con ta do s u a his tó ria ne ste di ár io.

Foi com ele qu e d es ven d ei meu pri meiro mis tério de ve rda de ( embo ra ten ha ha v ido al g uns misteri ozin hos an tes de le – u m d ia ten ho qu e contá– los ). A histó ria de um ve lho pin tor a p ai x o nado por su a a rte que “ pint ava f an tas mas em c ores ” S ão p a lavras de le. M as f ez m ui to mais do que iss o. Deu ao zoo ló g i co o que lh e fa lta va hav ia mu ito tempo: um a al m a.

Mi che l, que ro m uito re ver voc ê!

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E as sim che g o a o fim d o m e u di ário. C onse gui pr e encher tu di nho! Est ou or g u lho sa, mas um p ouco tris te tam bém. Es tá na hora de fa zer o ba lan ç o d e to da ess a ave ntura !

As g a rotas e eu fi c a mo s super cont e ntes por termos ajud a do o Mic h el. A L ine tirou f o tos li ndas e a

E r i c a te ve mi l e um p re textos par a recla mar d ura nte os tr a ba lhos! S ei q ue elas não g os tam mu it o d o j ei t o c om o as meto e m m in has hist ó rias, mas es tou fe liz po r e st a ter te rmina do bem. S eria mui to tris te p erdê– l as p or causa diss o.

Mi nh a m ã e desc o� iu um pou co das mi nhas invest i g ações. A ch o que não g os tou mu ito d as mi nhas mentirinh as, e m bo ra n ão tenh a d i to nada por enquan to. F ic o nu ma si tuaçã o des conf ortável. T en ho a imp res são de qu e e la n ão sa be se de v e me pa ra beni zar p o r t er aju da do o Mic he l ou m e dar um a �on ca p or ter m e n tid o. G o star ia de fal ar c om e la.. . ma s é tã o di f íc il!

A senh ora Des ja rdi ns pro pôs qu e eu part icip asse d a esc rita do se u n o vo romance. Fiq u e i muito e mpolgad a!

At é me d eu u m po uco d e din he iro p ra is so ! D ep ois f alou de uma histó ria de “ direit os aut o r a is”, m as n ão ente ndi mui to be m.

A í est á: fina lmente vol tei a o zooló g ico como o M ic h e l ti nh a pe dido. Fi que i c om lá gri ma s n o s ol h os po r re vê – lo. E caí no cho r o d e ver da de qu a ndo v i o f am oso n ovo afr esco . Ti rei u ma f o to e v ou gu ardá–l a com i g o a vid a in te ira. T e nho ai nda u ma p á g ina p ara co lá– la. El e me diss e:

“ E ss e a fres co é a his tória de u m enc ontr o. S e tiv esse um tí tulo , se ria este: ”

75
“Era uma vez...”
fim!
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informAções pArAtextuAis

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A obrA

O livro Os diários de Amora é um misto de diário pessoal e quadrinhos. Traz uma narrativa simples, mas com grande potencial imaginativo, de diversão e aventura, escrita especialmente para você que está no 4º e no 5º ano do Ensino Fundamental. Amora é uma menina encantadora, cativante, generosa, curiosa, corajosa e muito determinada. Ela sonha em ser escritora! Para contar suas histórias, a garotinha observa as pessoas, em especial os adultos, e fica imaginando suas vidas, seus segredos. As observações de Amora estimulam sua curiosidade e a transformam em uma pequena detetive para desvendar o mistério por trás da história do Senhor Mistério. Isso não é incrível?

A autoria desta obra pode ser atribuída a três pessoas. Isso significa que muitas ideias e muitas mãos se entrelaçaram para que você conhecesse Amora. Isso não é muito legal?

os gêneros literários

Em Os diários de Amora, temos uma alternância entre diário pessoal e história em quadrinhos, o que aproxima ainda mais a obra de crianças como você, que certamente adoram contar uma história e desenhar. O diário é um gênero de texto no qual quem escreve conta os acontecimentos do seu dia a dia, expressando seus sentimentos, suas emoções e descobertas. A história em quadrinhos, por sua vez, combina imagens, cores, diversos recursos gráficos e texto escrito, estimulando muitos de nossos sentidos e gerando diversas sensações ao embarcarmos nesta aventura com Amora pela floresta.

o roteiristA

O roteiro da obra foi escrito Joris Chamblain, um quadrinista francês e autor de livros infantis. Ele decidiu entrar para este mundo da 9ª arte em 2008, depois de trabalhar com crianças durante quase uma década. É uma mente brilhante, com ideias exclusivas para cada um de seus projetos.

A ilustrAdorA

As ilustrações são de Aurélie Neyret, que também é quadrinista e vive na França. Ela conta que, desde pequena, esteve envolvida com a leitura, a criação de histórias e desenhos e muitas aventuras. Segundo ela, desde então, quase nada mudou. Em 2012, Joris e Aurélie se juntaram em uma bela parceria, que resultou neste livro que você tem agora em mãos, mas escrito em Francês, sob o título Les carnets de Cerise

o trAdudor

A tradução do francês para o português do Brasil foi feita por Fernando Scheibe, brasileiro, de Florianópolis, Santa Catarina. Ele é professor, doutor em Teoria Literária pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tradutor, revisor e editor. Já traduziu muitos livros para diversos públicos. É ele que nos brinda com a tradução de Os diários de Amora, que agora você tem em mãos.

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Esta obra foi composta com a fonte Cerise handmde.
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