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Brasil de Fato PR - Edição 260

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PARANÁ

Ano 5

Edição 260

10 a 16 de junho de 2022

distribuição gratuita

www.brasildefatopr.com.br

Giorgia Prates

Divulgação

Esportes | p. 8

Estão deixando pro Palmeiras Fora verdão, favoritos escorregam. Paranaenses vão bem Cultura | p. 7

Paixão de Cristo Tradicional encenação volta a Araucária no feriado

Brasil | p. 6

Quem quer tirar Renato? Juristas debatem racismo na acusação contra vereador curitibano

Brasil | p. 4

A vergonha da volta da fome Preço de alimentos e insegurança alimentar disparam em Curitiba Cidades | p. 5

Governo prepara tarifaço Aumento da conta de luz é previsto para depois das eleições

Brasil | p. Editorial | p.6 2

A Petrobras é dos brasileiros É preciso priorizar o petróleo para o mercado interno

Brasil | p. Opinião | p.62

Brigadas digitais Eleições exigirão ação coordenada nas redes contra mentiras


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Brasil de Fato PR

Paraná, 10 a 16 de junho 2022

Governo federal anuncia “cloroquina” para reduzir preço dos combustíveis editorial

N

o dia 6, o governo federal anunciou medidas para reduzir os preços dos combustíveis e conter a inflação. Estes são dois temas caros ao povo e vistos como limites à tentativa de reeleição do atual presidente. Ocorre que as medidas anunciadas são uma espécie de “cloroquina” porque não resolvem os problemas e podem, pelo contrário, agravá-los no médio prazo. O governo quer limitar o ICMS (imposto estadual) em

até 17% sobre combustíveis, energia elétrica e comunicação. Mas estas são importantes fontes de receita, tornando as contas dos estados comprometidas e causando um problema fiscal grave. Além disso, o governo federal propôs zerar impostos federais e também o ICMS sobre diesel. Tudo isso por seis meses, ou seja, até o fim deste desgoverno, que nem mesmo sabe o total de recursos necessários à compen-

sação para os estados. Fala-se em R$ 25 a R$ 50 bilhões. Por óbvio o governo federal está preocupado com sua reeleição e não com a vida do povo brasileiro. No caso dos combustíveis, a causa dos preços elevados é a adoção pela Petrobras, por decisão do governo, da política de Preços de Paridade de Importação (PPI). Essa política condiciona os derivados do petróleo, nas refinarias, à oscilação do preço

do produto no mercado internacional, em dólar. A vacina para resolver o problema do aumento do preço dos combustíveis é a mudança imediata da PPI, trazendo para moeda nacional os custos de produção e recolocando a Petrobras na sua missão: prospectar, transportar, refinar e distribuir petróleo com prioridade ao mercado interno. O petróleo é do povo brasileiro! Agora é sua vez! FALA Entre em contato OVO P por e-mail ou pelas redes sociais, comente uma de nossas matérias e apareça aqui no BdF impresso

SEMANA

EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 260 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Projeto de brigadas digitais da CUT combate as fake news e amplia diálogo com a população opinião

Belmiro Moreira,

Bancário desde 1990, teve atuação nos Bancos Bamerindus e HSBC. Atualmente é trabalhador do Bradesco, em São Bernardo do Campo.

O

projeto Brigadas Digitais nasce do protagonismo da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em dialogar com a população diante de um Brasil desigual, com comida cara, contas altas e fome alastrada nos mais distintos rincões e periferias. Nasce também com o objetivo de combater uma série de mentiras ditas por Jair

Bolsonaro (PL), desde o dia de sua posse como presidente. Para se ter uma ideia, até 27 de maio, segundo levantamento do site ‘Aos Fatos’, o presidente da República já soma 5.457 declarações falsas ou distorcidas, em 1.242 dias à frente do país. Esse conjunto de situações levou à formatação do projeto das Brigadas Digitais, para enfrentar toda e qualquer ameaça à democracia e à liberdade, com informações precisas, verdadeiras, de qualidade e apuração séria.

O projeto foi pensado em três etapas: 1) a formação de formadores em comunicação popular digital; 2) a formação de organizadores de brigadas; 3) a organização das Brigadas Digitais das CUT. Como detalha o site do projeto (https://brigadas. cut.org.br/), cada uma dessas etapas consiste em ter um público e uma jornada de formação para “ocupar o mundo digital e as redes sociais de maneira articulada e organizada para lutar pelos

direitos da classe trabalhadora e derrotar a extrema direita e o bolsonarismo”. No site é possível encontrar como participar, assim como materiais formativos já disponíveis. O balanço desse final de maio de 2022 é que o projeto nacionalmente já construiu uma rede de 11 mil brigadistas interessados em se aperfeiçoar cada vez mais, em serem formadores, em organizarem mais brigadas pelo Brasil afora, acreditando que é mais do que urgente transformar o Brasil.

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Belmiro Moreira ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira, Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr


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FRASE DA SEMANA

Moro pode ser candidato ao Senado pelo Paraná O ex-juiz Sérgio Moro ainda não viu totalmente frustradas as suas chances de se candidatar nessas eleições. Com a recusa do TRE-SP de reconhecer domicílio eleitoral naquele estado, ele pode retornar à terra natal para ser candidato. A hipótese é de que o ex-ministro bolsonarista concorra ao Senado em terras paranaenses. Neste caso, ele concorre pelo União Brasil, partido ao qual se filiou no prazo final de trocas para disputar a Presidência. Moro saiu do Podemos, cujo senador no Paraná é Álvaro Dias. Um dia antes de ter negado o domicílio eleitoral, sua esposa, Rosangela Moro, criticava Dias nas redes sociais: “Não largaria o osso”, disse. Contudo, a candidatura de Moro no Paraná pode naufragar na largada, uma vez que Felipe Francischini é o presidente estadual da sigla e o candidato oficial da corrente é Paulo Martins. Internamente, o União Brasil fala que Moro pode pleitear a uma vaga a deputado federal, disputando votos com Deltan Dellagnol. Já o ex-juiz ainda busca um cargo e um estado para ser candidato. “Anunciarei em breve meus próximos passos. Mas é certo que não desistirei do Brasil”. Agência Senado

“A notícia que a gente não queria ouvir: o rol taxativo da ANS foi aprovado no STJ. Um absurdo sem tamanho que coloca em risco a vida de milhões de pessoas que dependem de um plano de saúde” Marcos Mion apresentador Reprodução

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

Grita e não sai do lugar

Tempestade perfeita

Nova pesquisa divulgada esta semana, da Quaest Consultoria, mostra Lula (PT) mais uma vez com possibilidade de vitória no primeiro turno. Ele aparece com 46% na pesquisa estimulada. Bolsonaro (PL) vem com 30% e Ciro Gomes (PDT)Reprodução não sai dos 7%. Nos votos válidos, Lula teria 52,87% das intenções de voto. A única movimentação mais forte da semana, é o provável apoio do PSDB à candidata do PMDB, Simone Tebet.

Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também apontam tendência de aumento nos casos de Covid-19 no Brasil. Segundo o Boletim Infogripe, quase 70% dos registros de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) das últimas quatro semanas estão relacionados ao coronavírus. E quase todos (mais de 92%) os óbitos por vírus respiratórios relatados entre 29 de maio e 4 de junho ocorreram por causa da doença.

É a economia...

Desaparecidos na Amazônia

Mas não são só as pesquisas. O mês de junho traz uma série de más notícias para o Às vésperas de Bolsonaro ir aos Estados Unigoverno Bolsonaro. A inflação teve pequedos se encontrar com o presidente Biden, na queda, mas continua próxima também não vai ajudar nem um pouco nas dos 12% ao ano. E, pior, com conversas o sumiço do jornalista inglês preços absurdos de alimenDom Philips e do indigenista brasitos e combustíveis, que leiro Bruno Araújo Pereira. Além vão direto para o bolde não fazer nada para conter o so de todos os brasileidesmatamento e os ataques de ros. Além do que estudo garimpeiros, grileiros e traficanmostra a volta da fome tes aos indígenas, o governo depara mais de 30 milhões morou dias para começar as de brasileiros. Inflação, buscas e esclarecer o que ocorqueda na renda do trabareu. O caso foi relatado no dominlhador e fome não são bons go e só na quarta, 8, montou-se um ingredientes eleitorais. gabinete de crise na região. Reprodução

Despejo zero Está agendado novo ato da campanha Despejo Zero em Curitiba para o dia 23 de junho, com concentração às 13 horas na frente da Câmara Municipal e caminhada até o Centro Cívico. As atividades da campanha já uniram, em março e abril, de maneira inédita, milhares de populares do campo, movimento indígena, áreas de ocupação e movimentos urbanos da capital em jornada por Terra, Teto e Trabalho.

Educação Infantil Professores da educação infantil de Curitiba fazem, no sábado, 11, a manifestação “Toda criança merece o melhor”, por serviço público de qualidade e contra a precarização dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). A organização é do Sindicato dos Servidores Públicos de Curitiba (Sismuc), e acontece das 14h às 16h, no bairro Cajuru, entre a escola Omar Sabbag e a Unidade de Saúde Cajuru.

Problemas nas CMEIs A ideia do sindicato é fortalecer o diálogo com a comunidade, pautando problemas enfrentados nos 26 CMEIs do bairro Cajuru, mas também em todo o serviço público, como saúde, segurança pública, ação social até esporte, lazer e meio ambiente. Na atividade, serão ofertados brinquedos infláveis e atividades lúdicas para as crianças.


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Privatização da Eletrobras: governo segura tarifaço da conta de luz para depois das eleições Bolsonaro faz várias manobras erradas: elimina impostos estaduais e usa recursos de privatização para cobri-los, sem enfrentar os verdadeiros problemas da alta dos combustíveis Pedro Carrano

N

uma mesma semana, o governo federal anunciou manobra que, ao mesmo tempo, entrega a Eletrobras, principal empresa brasileira do setor elétrico, para acionistas internacionais. E, sem resolver o problema do preço dos combustíveis, aponta segurar o preço dos combustíveis a partir da arrecadação com a privatização da estatal. Sem enfrentar os verdadeiros problemas em relação ao alto preço da gasolina e do dieesel (veja editorial 260 nesta edição), Bolsonaro e o ministro da economia, Paulo Guedes, apontam ainda a retirada de impostos estaduais, caso do ICMS, que passaria a ser coberto com os valores da privatização. A privatização da Eletrobras está agendada, mas não concluída, e deve entregar o patrimônio público numa

operação de capitalização coordenada por grupos internacionais, caso do Bank of America, Goldman Sachs, Citi, Credit Suisse, J.P. Morgan, Morgan Stanley e Safra, além de grupos nacionais, caso do BTG Pactual, Itaú BBA, XP Investimentos, Bradesco BBI e Caixa Econômica Federal. A privatização da principal empresa nacional terá consequências e abrirá as portas para a venda de empresas estaduais de energia, cada vez mais submetidas ao mercado internacional, o que implica também no preço das tarifas. Correm risco neste sentido a Copel (PR) e Cemig (MG). Infraestrutura nacional Caso ocorra a privatização da Eletrobras, o estado perde o controle acionário da empresa, que estava na casa de 62%, reduzindo a participação na em-

presa para cerca de 45%. Bolsonaro irá se desfazer do controle de uma empresa dona de 125 usinas com capacidade de 50 mil megawatts, 71 mil quilômetros de linhas de transmissão, 335 subestações de eletricidade, operadas por 12.500 trabalhadores de alta qualificação. Trata-se de uma empresa fundamental para o país, cujo investimento alcançou de R$ 200 bi entre 2000 e 2021, de acordo com o Dieese. No fundo, repete-se o que já foi feito pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que entregou para acionistas internacionais empresas públicas com a promessa, nunca cumprida, de “pagamento da dívida externa” do país. Um verdadeiro desvio de finalidade, agora repetido mais uma vez, em nome de turbinar a campanha eleitoral de Bolsonaro. Divulgação

Divulgação

TARIFAÇO PREVISTO Na avaliação de Gilberto Cervinski, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), especialista no tema, o que está em jogo no setor elétrico é a aposta pela desestabilização em 2023. Sem controle sobre a empresa, o futuro governo deve enfrentar o que Cervinski classifica de “tarifaço”. “A situação atual é de ingovernabilidade que criaram no setor elétrico. Anteciparam o que deveria ser feito no futuro e já está planejado um grande tarifaço na conta de luz posterior à eleição”, afirma. O dirigente explica que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) previa aumento médio de 21% na conta de luz, o que está suspenso e postergado para o ano seguinte. O uso de dinheiro da privatização da Eletrobras seria uma forma de ajudar nesse controle. Cervinski elenca componentes para o aumento de preço da tarifa de energia elétrica, entre os quais a

desnecessária contratação de termoelétricas, projetos regionais, os juros dos bancos nesse momento ao setor (15,% ao ano sobre 15 bilhões), apontando então uma possibilidade de aumento médio de mais de 20% na tarifa. Ao lado disso, está a reposição da inflação no setor. Esse quadro impactaria tanto os trabalhadores em suas casas, como também pequenos e médios empresários, em vista do capital constante do gasto com o custo da energia. “Imagine aumentar a conta de luz, numa economia em recessão, o custo de produção, o que significa para pequenas e médias empresas é a falência na economia e demissão de mais pessoas”, aponta. Cervinski complementa também o raciocínio abordando o problema de ociosidade da capacidade instalada no setor e a atual produção. “A questão de fundo é a crise profunda instalada, uma bolha elétrica prestes a explodir”, aponta.


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O avanço da fome em Curitiba, capital com maiores custos de alimentos

INSEGURANÇA ALIMENTAR

Dados apontam para aumento de pessoas em estado de insegurança alimentar Gabriel Carriconde

“G

anho praticamente a mesma coisa há tempos, mas tá cada vez mais difícil alimentar todo mundo em casa.” Essa frase é de uma professora do ensino público municipal da capital, entrevistada pela reportagem do Brasil de Fato Paraná, mas poderia ser de qualquer curitibano que vive o drama da inflação dos alimentos e da falta de perspectiva econômica. Júlia (nome fictício, pois a fonte não quis se identificar), é professora do magistério municipal há mais de 10 anos e mora sozinha com seus três filhos. Atualmente o salário de uma professora como ela, em Curitiba, é de 3.225 reais por mês, a metade do que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) estabelece como o mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas, que são 6.535 reais. O valor calculado pelo Dieese também é mais de cinco vezes superior ao salário mínimo, hoje em 1.212 reais. Nesse cenário de aumento da inflação e perda do poder de compra do trabalhador, outro dado desperta a atenção. De acordo com a Secretaria da Justiça, Família e Trabalho do Estado do Paraná (Sejuf-PR) e pelo Cadastro Único (CadUnico), em 2021, 250 mil pessoas estão em insegurança alimentar no Estado, sendo 89 mil em Curitiba, ou seja, não consomem alimentos de forma suficiente em quantidade e qualidade. “Tá cada vez mais difícil” Júlia é uma mãe dedicada e mora com os filhos, de 10, 12 e 15 anos. Relata que, apesar de o salário de mais de 3 mil reais, pra dar aula no ensino fundamental do munícipio, aparentemen-

Fotos: Divulgação

te ser uma boa remuneração, em meio à pandemia e à crise, está cada vez mais difícil comprar itens básicos, alimentar seus filhos e vencer todas as contas. “Três mil reais hoje não dão pra nada, você consegue pagar as contas e viver no básico do básico, ainda mais para quem tem filhos e vive de aluguel como eu. Tá ficando cada vez mais difícil, mesmo com ajuda da pensão das crianças”, relata. Divorciada, Júlia não esconde o temor de as coisas acabarem piorando em relação à inflação no valor dos alimentos. “Hoje uma lata de óleo tá 9 reais no supermercado, antes eram 3 reais, tá ficando insustentável, e se as coisas piorarem ainda mais, não sei como vamos nos virar’’, lamenta.

De acordo com os dados do Dieese para o mês de maio, apesar de pequena queda do valor dos alimentos básicos em 14 capitais das 17 em que o departamento realiza a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, para comprar uma cesta básica o trabalhador curitibano gasta cerca de 63% do salário mínimo só com alimento, o equivalente a 129 horas e meia de trabalho. Na Câmara de Vereadores de Curitiba, na terça, 7, data em que se celebrou o Dia Mundial de Segurança Alimentar, um grupo de parlamentares liderados pela vereadora Professora Josete (PT) debateu o tema e saídas para responder aos problemas cada vez mais crescentes relacionados à fome. A petista, presidente da Frente Parlamentar de Segurança Alimentar e Nutricional, promoveu protesto no plenário da Câmara com diversos pratos próximos à mesa diretora, onde constavam dados sobre a situação alimentar da cidade e do país. “São milhares de pessoas que não tomam café diariamente, não almoçam e milhares de crianças que as únicas refeições que fazem são na escola. E quem são elas: na maioria, pessoas pobres e negras, especialmente as mulheres negras, que estão sentindo essa dor da fome em seus corpos”, protestou. A parlamentar ainda destacou o desmonte de políticas de segurança alimentar e nutricionais durante o governo de Jair Bolsonaro como, por exemplo, o esvaziamento do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) e a diminuição do orçamento para esse setor, com reflexos nas administrações estaduais e municipais. “A política genocida do governo federal tem deixado o povo a sua própria sorte. Com Bolsonaro, passamos de uma nação livre da fome para uma com mais de 20 milhões de pessoas sem ter o que comer e mais da metade da população em situação de insegurança alimentar”, destacou a vereadora.


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“Se Curitiba quer se livrar de Renato, que o faça pelo voto e não no tapetão”, defende jurista

Reprodução

Júri simulado, no Rio de Janeiro, debateu pedido de cassação do vereador Renato Freitas (PT) Ana Carolina Caldas

N

a quinta (9), no Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF), no Rio de Janeiro, ocorreu júri simulado sobre o pedido de cassação do vereador de Curitiba Renato Freitas (PT) por participar de manifestação na Igreja Nossa Senhora do Rosário. O julgamento foi uma iniciativa da desembargadora do Tribunal Regional Federal (TRF-2) e diretora do CCJF Simone Schreiber. O objetivo, segundo ela, “é provocar um debate nacional e reunir jurados de ideologias diferentes para discutirem o caso.” E, desde o início, a coordenação do júri informou que o debate não levaria a uma sentença, o objetivo era subsidiar os vereaPUBLICIDADE

dores de Curitiba e outros casos semelhantes. O júri foi coordenado pelo desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região William Douglas. Participaram também da organização Frei David, diretor executivo da Educafro, e João Daniel, presidente da Associação Brasileira de Juristas Conservadores (Abrajuc). Na defesa, estiveram os advogados Renato Ferreira, Saul Tourinho e Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Integraram a acusação o advogado Paulo Cremoneze, o deputado Federal Helio Bolsonaro

(PL), a professora de Direito Penal Ludmila Lins Grilo e o diretor do jornal “Brasil Sem Medo” Bernardo Kuster. A presidência dos trabalhos foi de Ivone Ferreira Caetano, a primeira juíza e desembargadora negra do Estado do Rio. Ao iniciar o evento, Frei David, disse que o caso não é exceção. “Infelizmente, mais de 150 parlamentares afros estão, neste momento, no Brasil, sendo perseguidos por sua cor. O momento aqui é histórico e exemplar para o país. Direita e esquerda estão juntas para debater o assunto,” disse.

Racismo ou não Renato Freitas, presente no júri, afirmou que esta é mais um das perseguições movidas por racismo que vem sofrendo em Curitiba. “Junto comigo aqui no banco dos réus, estão todos aqueles que têm, no retrato falado, o medo. Essa não é a primeira vez, já sofri violência das forças de segurança, já me disseram que minha carteira da OAB era falsa e vereadores da bancada evangélica já pediram a perda do meu mandato quando eu chamei de charlatanismo a defesa que faziam do uso de ivermectina para a Covid”, relembrou. Nas falas dos juristas, o debate sobre racismo também esteve presente. Para a acusação, o que estava sendo julgado era a invasão da igreja, não a questão racial. A professora Ludmila Lins disse que a fala tanto do réu como da defesa foi focada na questão racial, mas em nenhum momento há responsabilização do ato. “Aqui se está julgando o ato praticado, e não a pessoa do vereador Renato Freitas... A cor do vereador não está em discussão aqui. E, sim, a invasão na igreja”, iniciou. Já para Paulo Cremoneze, o que aconteceu foi perturbação de Reprodução

culto. “O próprio sacerdote diz ao microfone que teria que encerrar a missa já que havia uma manifestação ali na frente. Isso é cristalino no interrogatório do réu quando passa sua mensagem de inconformismo com a igreja,” argumentou. Já para a defesa, o racismo está presente no processo. “Vivemos um momento em que um presidente da República diz que os negros precisam ser pesados por arroba. Discordo totalmente quando a acusação diz que estariam aqui julgando qualquer pessoa de qualquer cor. Isso não aconteceria porque só um vereador negro estaria em julgamento”, disse Kakay. Que lembrou que o próprio padre e o bispo da Arquidiocese de Curitiba procuraram o vereador para dizer que estavam ao seu lado. Conhecido por ser um jurista conservador e de direita, o coordenador do evento, William Douglas, doutor em Direito Constitucional e professor, defendeu o mandato de Renato Freitas. “Essa cassação é incluir perda de direitos políticos por 10 anos. Ou seja, querem tirar Renato do jogo político, é banimento dele da vida pública. Eu, baseado na Constituição e em Jesus Cristo, sou contra banimento, sou pelo direito de errar e começar de novo. O sistema mais evoluído que temos para julgar é o acusatório. Antes disso, tínhamos o sistema de inquisição. Se Curitiba quer se livrar de Renato, que o faça pelo voto e não no tapetão,” disse.


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“Paixão de Cristo” será encenada em Araucária Espetáculo do Grupo Lanteri acontece na quinta (16), às 19h, no Parque Cachoeira tradicional encenação da “Paixão de Cristo” do Grupo Lanteri, de Curitiba, volta a ser realizada neste ano, no feriado de Corpus Christi. Após dois anos suspensa, por conta da Covid-19, a peça acontece no dia 16 de junho, às 19h, no Parque Cachoeira, em Araucária. A entrada é gratuita, mas quem quiser poderá contribuir doando 1kg de alimento não perecível ou um agasalho, que será doado via Provopar (Programa do Voluntariado Paranaense). De acordo com a produção do Grupo Lanteri, mesmo em caso de chuva haverá apresentação. “A beleza do Parque Cachoeira enriquece ainda mais o espetáculo, assisti-lo em meio a natureza é uma experiência única”, diz Edson Luiz Martins, diretor de produção do Grupo Lanteri.

manidade e até hoje continua nos influenciando, através de suas ideias, posturas, atitudes, comportamento e ensinamentos”, conta o diretor. O acesso ao parque é livre. Para facilitar o acesso, no dia da apresentação, além de reforço nas linhas de

ônibus que já circulam na região, haverá também linha especial com saída do Terminal Central de Araucária até o local do evento. Para quem for de carro, o tempo estimado do centro de Curitiba até o Parque Cachoeira é de 40 minutos. Carlos Poly | Divulgação

Curso de Artes Urbanas

DICAS MASTIGADAS | Canjica A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Reprodução

Ingredientes 1 e meia xícara (chá) de milho para canjica demolhado 1 lata ou caixinha de leite Condensado 1 medida (lata) de leite Terra Viva canela em pó para polvilhar Modo de Preparo Coloque a canjica na panela de pressão, com 2 e meio litros de água fria e deixe cozinhar por cerca de 1 hora. Depois de cozida, retire do fogo, deixe sair toda a pressão e abra a panela. Junte o leite condensado e o leite e deixe ferver por mais 5 minutos, mexendo de vez em quando até ficar cremosa. Despeje em uma tigela funda e sirva polvilhada com canela.

O projeto Arte Urbana e suas vias marginais, desenvolvido pela artista Nadini Ribas, de Londrina, é fornecido gratuitamente em formato on-line, com aulas sobre as principais áreas das artes urbanas. O curso tem conteúdo teórico e técnicas práticas de Lambe-Lambe, Stêncil, Grafitti e Muralismo. O aluno tem acesso às aulas no canal de YouTube pro.soygfuego. Ao fi nal do curso será disponibilizado um certificado. Divulgação

A

A encenação narra a vida de Jesus, desde o seu nascimento até a sua morte, ascensão e ressurreição. A duração do espetáculo é de 2 horas. “Nossa intenção é contar mais detalhes sobre a vida desse homem que foi um marco na história da hu-

Cursos de práticas ambientais urbanas Os cursos e atividades da Oficina Verde, evento paralelo à Oficina de Música de Curitiba, voltado às práticas ambientais e de sustentabilidade, estão com inscrições abertas. Os cursos são para crianças e adultos e as vagas são limitadas. Toda a programação é gratuita. De jardinagem, compostagem doméstica e gestão de resíduos em eventos culturais até a instalação de jardim de mel com abelhas sem ferrão. Os cursos da Oficina Verde são variados e a maioria acontece no jardim interno da Cinemateca de Curitiba. Divulgação

Redação


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Caminho livre para o Palmeiras?

ELAS POR ELA Fernanda Haag

Fim de semana promete em duelos do Coxa contra provável líder e CAP contra lanterna

Rodada de clássicos Divulgação

Frédi Vasconcelos

O

Brasileirão da série A deste ano é marcado pela regularidade. Antes do resultado do jogo entre Palmeiras e Botafogo, que aconteceria após o fechamento deste texto, a distância entre o até então líder Corinthians e o penúltimo colocado era de apenas 8 pontos. Uma vitória poderia fazer um time subir três, quatro, cinco posições. Uma derrota, deixaria perto da zona de rebaixamento. Só para o lanterna, Fortaleza, havia distância maior, já que o time cearense estava com apenas 5 pontos antes de entrar em campo contra o Goiás no complemento da décima rodada. O Coritiba também iria jogar nesse complemento, contra o São Paulo, no Couto Pereira. O Caso do Coxa é emblemático. Com uma vitória, pode ficar no “top” 3. A derrota ou empate, deixaria onde está, entre os 10 primeiros. Numa rodada que viu o Athletico escalar seis posições após a vitória contra o Juventude fora de casa.

O que vem por aí Com pouco mais da metade do primeiro turno, o vai-e-vem daqui para a frente promete ser ainda mais frenético porque boa parte dos times ainda se dividirá nas disputas da Copa do Bra-

Flamengo é derrotado pelo Bragantino e é a maior decepção do Brasileirão

sil, Libertadores e Sul-Americana. E o único que vem apresentando bom futebol, com regularidade, é o time verde de São Paulo. Para os paranaenses, com boas posições até aqui, os desafios ainda vão aumentar. No final de semana terão adversários nos extremos da tabela. O Coxa pega o provável líder Palmeiras (nesta rodada ou nas próximas), enquanto o Furacão sai para pegar o lanterna, o Fortaleza. Para quem acha que existe qualquer facilidade, é bom botar as barbas de molho. Apesar da posição inesperada, os nordestinos vêm apresentando um futebol pra lá de razoável, mas falhando na conquista dos pontos.

E o Flamengo Uma das maiores decepções, senão a maior até agora, o Flamengo, em 14º lugar, e que foi derrotado pelo Bragantino, mesmo com um jogador a mais em metade do segundo tempo, vivia situação insólita na quinta-feira, 9. O português Paulo Sousa treinava o time para a partida contra o Internacional, enquanto vazava na imprensa o acerto com o técnico Dorival Júnior, que estava no Ceará. Dessas coisas do futebol brasileiro, um técnico que não havia sido demitido trabalhando enquanto o outro já tinha acertado sua contratação. E a notícia na imprensa antes de Dorival ter acertado sua rescisão.

A décima primeira rodada do Brasileirão foi quente e dois clássicos regionais se destacaram. Começamos pelo GreNal, disputado em Gravataí, no Vieirão, e vencido pelas Gurias Coloradas por 2x1. A vitória garantiu a manutenção da invencibilidade em cima das gremistas, que já dura cinco anos, e a vice-liderança do campeonato. Os gols do Internacional saíram dos pés de Duda e Lelê ainda no primeiro tempo. Cássia descontou para o Grêmio no segundo e no último minuto de jogo, Gabi Barbieri evitou o empate do tricolor. Já em São Paulo, no Allianz Parque, com recorde de público para o futebol feminino – 5.947 torcedores presentes – o Palmeiras venceu seu rival por 2x0. O Verde teve maior domínio da partida, mas o time de Arthur Elias também teve seus momentos. Contudo, o dia era de Duda Santos, que guardou os dois gols do Dérbi. O primeiro saiu aos 27 minutos de jogo após cruzamento de Bia Zaneratto e aos 39 do segundo tempo ela acertou um chutaço no gol e contou com a ajuda da goleira Lelê. Triunfo alviverde e liderança garantida.

Foco no escopo único

Furacão na luta pelo G4

Por Cesar Caldas

Por Roger Pereira

A torcida coxa-branca tem em vista um horizonte neste Brasileiro: concluí-lo no restrito G-6 – grupo dos clubes que asseguram vaga na Libertadores-2023. Para integrar o sexteto, suas esperanças repousam na crença de que o “head” esportivo, Renê Simões, a comissão técnica capitaneada pelo treinador Gustavo Morínigo e o elenco de atletas estão cientes da vantagem de calendário do Coritiba (disputa de um só certame) frente a 15 clubes rivais. 10 deles acumularão, até novembro, “tripla jornada”: jogos em fases avançadas e decisivas em mais dois torneios paralelos simultâneos (Copa do Brasil e competições internacionais). Os demais cinco o farão em pelo menos uma – quatro na mesma CB e o Internacional na Copa Sul-Americana. Há que se tirar proveito da fadiga dos concorrentes para descanso, experiências, observações e treinamentos balanceados.

Para quem estava acompanhando o Athletico do primeiro semestre, é difícil acreditar que estamos agora em boas condições de disputa nas três principais competições do ano. No Brasileirão, entramos de vez na luta pelo G4. O jogo de sábado contra o Santos já havia dado boas mostras do poder de reação da equipe. Infelizmente, após a virada, o Rubro-Negro acabou sofrendo o empate, em um dos melhores jogos do campeonato até aqui. Contra o Juventude, a reação foi implacável. Após sofrer o primeiro gol, a equipe athleticana não se abalou. Buscou o empate no fim do primeiro tempo com Pablo. Na segunda etapa, Terans fez um belo gol e virou a partida. No fim, em uma boa trama do ataque, Pablo serviu Vitor Bueno, que fechou o placar e colocou momentaneamente o Furacão no 2° lugar do Brasileirão.


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