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Jornal Terra Ruiva - Edição de Novembro 2020 N.227

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Novembro 2020 Terra Ruiva 1

www.terraruiva.pt Novembro de 2020 ANO XX - Nº 227 0.70 Euro

J O R N A L D O C O N C E L H O D E S I LV E S Compostagem Doméstica Em todas as freguesias

p7

Processo Município paga dívidas de "Viga d' Ouro"

Silves Obras nas pontes

p8

PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS

Diretora: Paula Bravo Publicação Mensal

AUTORIZADO A CIRCULAR EM INVÓLUCRO FECHADO DE PLÁSTICO OU PAPEL PODE ABRIR-SE PARA VERIFICAÇÃO POSTAL

Emprego Apoios disponíveis p2

p8

Freguesia de Silves abrangida pelo Projeto "Condomínio de Aldeias"

Espaço de Cidadão A ação a desenvolver, no próximo ano, será nos núcleos de Pinheiro e Garrado, em Armação de Pêra concentrada Roupa Branca, Cumeada e Canhestros, as zonas Já funciona na Junta de Freguesia

p3

Fumos da Corticeira Amorim "não são tóxicos", diz o Ministério

p9

mais afetadas pelo grande incêndio de 2018.

Pedro Garcia, vocalista dos Inhuman fala do regresso da mítica banda silvense

Incêndio em São Marcos da Serra foi dos maiores, em ano de menos área ardida

"Este é um álbum para mostrar a nós mesmos que ainda somos capazes" p15

p2

Helena Rodrigues é Campeã da Europa de Masters e João Rodrigues é Vice-Campeão Atletas de Tunes brilham em competição para veteranos p12

Pub.

p7


2 Terra Ruiva Novembro 2020

Geral

Concluída obra na Ponte Nova de Silves Restauração da Ponte Velha avança em breve

A

s obras na Ponte Velha de Silves irão começar muito em breve, agora que foram finalizadas as obras na Ponte Nova (rodoviária). Segundo a Câmara Municipal de Silves, já é possível avançar com a execução da empreitada de “Conservação e Restauro da Ponte Velha”, mais conhecida por “Ponte Romana”, após a desativação das condutas de água e saneamento que pela mesma passavam e que foram transferidas para a Ponte Nova. Esta foi “uma obra complexa, cujo investimento ascendeu a 440 mil euros”, no decorrer da qual foram instaladas novas condutas de abastecimento de água e saneamento sob a Ponte Nova. A intervenção estendeu-se aos troços entre a Ponte Velha e a Ponte Nova, nas vertentes sul (EN 124-1) e norte (Avenida Marginal), envolvendo a colocação de 1,4 km de tubagem de água e esgotos. “A execução da importante empreitada permitiu a remodelação e modernização das redes de água e saneamento, acabando-se com as roturas frequentes num ponto

autarquia entendeu que não poderia alhear-se do estado de crescente degradação da Ponte Velha, considerada um ex-libris da cidade histórica e que foi recentemente classificada como Monumento de Interesse Público. Uma classificação que veio reconhecer o valor cultural deste imóvel, ícone de Silves e marco histórico nas acessibilidades ao Barlavento algarvio, cuja origem remontará a meados do século XIV.

As tubagens de água e saneamento foram colocadas na ponte

estratégico do sistema, estabilizando o fornecimento de água à cidade e às zonas limítrofes. A empreitada enquadrou-se na linha de orientação estratégica de modernização e consolidação das redes de abastecimento de água e saneamento, de combate às perdas de água e melhoria dos níveis de prestação do serviço público em todo o concelho”, afirma a autarquia de Silves.

Intervenção na Ponte Velha de Silves No que se refere à intervenção na Ponte Velha de Silves, como já foi divulgado pela Câmara Municipal de Silves, irá ser realizada uma profunda intervenção visando a “Conservação e Restauro da Ponte Velha de Silves”, dando corpo a um projeto que foi analisado e mereceu os pareceres favoráveis de numerosas entidades regionais e nacionais.

Esta obra será realizada recorrendo a fundos da própria autarquia, num valor aproximado de 500 mil euros, uma decisão tomada depois de várias insistências junto dos organismos do património, que nada adiantaram, e em resultado de ter sido inviabilizada uma candidatura a fundos comunitários (CRESC 2020 – Património Cultural) por ausência de linha de financiamento disponível. Ainda assim, a

Ponte Velha Designada frequentemente por “ponte romana”, a sua construção não será tão remota. Em contraste com a robustez das obras romanas apresenta tabuleiro pouco espesso e em cavalete, o talhe dos blocos, mais pequenos e com marcas de canteiro, a tipologia das aduelas e o grande vão dos arcos evidenciam uma fábrica medieval. Por outro lado, as marcas de canteiro surgem logo na base da infraestrutura, o que juntamente com as características medievais dos silhares indicia a ausência de fundações anteriores. Na verdade, não foi detetada a reutilização de quaisquer elementos de

construções antigas, além de que as descrições da cidade no período islâmico, ou mesmo a do cruzado anónimo, em 1189, não fazem referência a qualquer ponte. A primeira referência conhecida remonta a 1439, quando nas cortes de Lisboa, os silvenses lastimavam que a ponte tivesse ruído na sequência de uma grande cheia, pedindo a intervenção do rei para a sua reconstrução. As obras decorreram nos anos seguintes, embora dilatadas pelo tempo, dado que em 1459 ainda não estavam concluídas. Em 1473 os trabalhos estavam terminados, tal como as obras da Sé, congratulando-se os representantes de Silves, nas cortes de Évora, com o apoio de D. Afonso V e com a ajuda divina. Refira-se que D. Álvaro de Pais, bispo de Silves (1334- 1352), havia lançado uma maldição sobre a cidade, segundo a qual as obras na ponte e na Sé jamais se concluiriam, praga que, desta forma, não se concretizaria, mas que permite concluir que as obras já decorriam em meados do século XIV.

Incêndios: Menos área ardida

Mas São Marcos da Serra teve um dos maiores incêndios do ano

E

ste ano o concelho de Silves foi relativamente poupado ao fogo, mas ainda assim surge na lista dos 10 maiores incêndios rurais, segundo se conclui da análise ao balanço divulgado pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), depois de sido encerrada a “época de fogos”. Uma época que este ano se prolongou, devido às altas temperaturas que se fizeram sentir. Assim, de 1 a 15

de outubro esteve em vigor o Nível III do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para 2020, com 9.804 operacionais, 2.277 equipas, 2.154 veículos e 60 meios aéreos. Até ao dia 31 de outubro mantiveram-se no Dispositivo 41 meios aéreos. No verão de 2020, o concelho registou um único incêndio de maiores proporções, na freguesia de São Marcos da Serra. O mesmo ocorreu

no dia 6 de julho e teve momentos de grande intensidade, chegando a ter três frentes ativas e levando à saída de algumas pessoas das suas casas por precaução, mas foi dominado ao fim de algumas horas, não havendo prejuízos pessoais ou em habitações. Nesse fogo, segundo o ICNF, arderam 536 hectares. Um número que coloca este incêndio como o 10º maior ocorrido em Portugal, no período de 1 de janeiro a 31 de julho de 2020.

Ainda assim, bem longe dos cerca de 10 mil hectares que arderam no concelho, em 2018. Segundo o Ministério da Administração Interna, a área ardida em Portugal, até ao dia 16 de outubro de 2020, situou-se 52% abaixo da média dos últimos 10 anos e houve menos 48% de incêndios rurais relativamente à média do mesmo período. O Relatório Provisório de Incêndios Rurais do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) revela que este ano apresenta o 2.º valor mais reduzido em número de incêndios e o 4.º valor mais reduzido de área ardida, desde 2010. No total, registaram-se 9.471 incêndios rurais, quando a média entre 2010 e 2019 foi de 18.277 incêndios. A área ardida, no mesmo período, foi de 66.171 hectares, quando a média da última década se situou nos 136.502 hectares. No que respeita às causas dos incêndios, as causas mais frequentes em 2020 são: Incen-

diarismo - Imputáveis (27%), Queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (19%), Queimas de amontoados de sobrantes florestais ou agrícolas (9%) e Queimadas para gestão de pasto para gado (8%). Conjuntamente, as várias tipologias de queimadas e queimas representam 36% das causas apuradas. Os reacendimentos representam 11% do total de causas apu-

radas, num valor inferior face à média dos 10 anos anteriores (15%). O distrito mais afetado, no que concerne à área ardida, é Castelo Branco, com 7248 hectares, cerca de 29% da área total ardida até à data, seguido de Vila Real com 3255 hectares (13% do total) e de Faro com 2906 hectares (12% do total).

Concelho de Silves com grandes incêndios nos últimos 44 anos

De 1984 a 2018 o concelho de Silves tem sido atingido por grandes incêndios (que afetam pelo menos 100 km2) e médios incêndios (pelo menos 10km2) Ano

Área (km2 ) Concelhos atingidos

1983 102.48

Silves/Monchique

2003

Monchique/Aljezur/Silves/Portimão/Lagos/Alentejo

2001 13.19

660.64

2016 18.10

2018 268.85

Silves

Silves

Monchique/ Silves/Portimão

Segundo dados do ICNF, de 1975 a 2019 já ardeu uma área de cerca de 2000 kms2, o que é equivalente a dois quintos da área total do Algarve, em resultado da ocorrência de seis grandes incêndios e 15 médios incêndios. Os concelhos mais afetados na região são o de Monchique (9 vezes); Aljezur e Portimão (6 vezes) e Silves (5 vezes).


Novembro 2020 Terra Ruiva 3

Junta de Freguesia de Armação de Pêra inaugurou o Espaço Cidadão

O Espaço Cidadão de Armação de Pêra

O

primeiro e único Espaço de Cidadão no concelho de Silves foi recentemente inaugurado na Junta de Freguesia de Armação de Pêra. Este novo serviço disponibiliza num único espaço

o acesso a um conjunto de serviços de várias entidades. Com o apoio das funcionárias da Junta de Freguesia, os cidadãos podem aqui aceder a serviços online que são disponibilizados pelas seguintes entidades: Autoridade para

as Condições de Trabalho, ADSE, ADENE- Agência para a Energia, Ministério da Saúde, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Instituto da Segurança Social, Caixa Geral de Aposentações, IMTInstituto da Mobilidade e

dos Transportes, Instituto de Emprego e Formação Profissional, Autoridade Tributária e Aduaneira, Direção-Geral de Administração da Justiça; Direção-Geral da Administração Escolar; e Agência para a Modernização Administrativa. Segundo a Junta de Freguesia de Armação de Pêra, a instalação deste espaço na Vila, fora um compromisso assumido pelo presidente Ricardo Pinto, aquando da inauguração da nova sede da Junta, a 1 de março, pelo que “o dia 27 de outubro de 2020 assinala a concretização de mais um objetivo estratégico do executivo da nossa Junta de Freguesia, contribuindo assim para uma maior proximidade entre a Junta e a população.” Devido aos constrangimentos provocados pela pandemia, a abertura do Espaço

Cidadão não teve nenhuma cerimónia inaugural, contando apenas com a presença de membros do executivo da Junta de Freguesia que “marc ar am presença neste ato simbólico, mas ainda assim da maior importância”. A Junta de o Executivo da Junta marcou a abertura Freguesia simbólica do novo espaço adianta ainda que a abertura do Espaço Cidadão de Ar- te a realização de um investimação de Pêra é resultado de mento de aproximadamente um protocolo de cooperação 3 mil euros (equipamentos celebrado entre a própria e informáticos, sinalética, cira Agência de Modernização cuito exclusivo de telecomuAdministrativa (AMA), “que nicações).” implicou ainda da nossa par-

Município de Silves concluiu a repavimentação da estrada Boião-Azilheira – 2.ª fase

O

Município de Silves terminou as obras de repavimentação da estrada Boião-Azilheira – 2.ª fase, na freguesia de S. Marcos da Serra cujo investimento ascendeu a cerca de 700 mil euros. A intervenção contemplou a beneficiação do troço de ligação entre o IC1 e o Barranco de Santa Maria, numa extensão de 5 quilómetros. A 1.ª fase foi concluída ainda no mandato autárquico anterior, numa extensão de 4km, tendo o investimento ascendido a 370 mil euros, segundo informou a autarquia. A atual empreitada envolveu

ainda a repavimentação dos arruamentos das Aldeias do Boião e da Azilheira, bem como a pavimentação de vários caminhos de ligação, perfazendo mais 2,1 km de extensão. Também a faixa de rodagem foi alargada em 0,30 m. A autarquia salienta que o traçado da obra beneficiou de repavimentação integral, tratamento das águas pluviais, construção de taludes e passagens hidráulicas, colocação de guardas metálicas e sinalização horizontal e vertical. De acordo com o município “o investimento é altamente

significativo, enquadrando-se na linha de orientação estratégica de reabilitação e beneficiação das acessibilidades do concelho”, adiantando que a repavimentação da estrada Boião-Azilheira (1.ª e 2.ª fases) “contribui para a revitalização e desenvolvimento das zonas do interior serrano, favorecendo a mobilidade das populações, a segurança rodoviária e o exercício das atividades económicas locais.”

A pavimentação no sítio da Azilheira

A estrada Azilheira-Boião

Estrada no Boião


4 Terra Ruiva Novembro 2020

Opinião

Editorial

Tomar Partido

Paula Bravo

Francisco Martins Economista

Jornalista

Os novos povoadores -E como é que é a internet aqui?- perguntou o homem/ empresário de Lisboa em busca de casa no Algarve/ preferindo uma zona mais tranquila/ interessado em São Bartolomeu de Messines pela sua centralidade e facilidade de acesso à capital. -Pois aqui não temos fibra a não ser para empresas e por vezes a ligação é bastante lenta e difícil- responde o vendedor que não está ali para enganar ninguém. E o empresário de Lisboa que procurava um lugar tranquilo, com bons acessos à capital e no centro do Algarve, de onde pudesse facilmente gerir os seus negócios foi comprar casa junto a Albufeira, local que preferia evitar… até porque mais junto ao litoral “paga-se mais por menos”… Este episódio verídico, que parece irrisório, é, na realidade, uma amostra de que como facilmente se pode ficar para trás na competição pelo desenvolvimento e fixação de pessoas nos territórios. Na última década, as freguesias do interior do concelho têm tido dificuldade em “agarrar” os jovens e têm perdido população de uma forma continuada. Recentemente, a vinda de imigrantes atenuou essa quebra, nalguns locais e de forma irregular, mas a falta de emprego e principalmente de emprego qualificado não permitem inverter a tendência… Ainda mais recentemente, a crise financeira e económica que o país atravessou trouxe de volta à casa paterna muitos jovens,

(Des)Investimento público na Educação

enquanto outros procuraram localmente as formas de subsistirem. E agora, desde o início da pandemia, há uma clara procura do interior, por parte de jovens e famílias aliciados pela vivência em locais mais tranquilos e seguros. O programa Novos Povoadores, por exemplo, que recebia em anos anteriores pouco mais do que 100 candidaturas anuais, nos primeiros seis meses deste ano já recebeu mais de 500 inscrições para este movimento “das cidades para o campo”. Quem procura este apoio são pessoas que pretendem desenvolver novos negócios em espaços rurais e/ou pessoas que colaboram em empresas sedeadas em grandes cidades e que têm condições para trabalhar a partir de casa. Como mostram também os indicadores imobiliários, há um número crescente de imóveis em zonas rurais, alguns dos quais muitos anos à espera de um comprador, que desapareceram. Já não há pechinchas, dizem os vendedores. Evidentemente estes “novos povoadores” não irão querer só uma qualidade de internet que lhes permita fazer o seu trabalho. Vão querer água, saneamento, eletricidade, estradas decentes, realidades que continuam a não existir em muitas zonas do Algarve e no nosso concelho. Mas talvez a sua presença seja o catalisador para essa realidade. Uma das interrogações mais interessantes que se colocam é a de tentar imaginar qual será o impacto económico, mas principalmente social, que esses “novos povoadores”

poderão trazer ao meio em que se irão inserir. Quantas e quantas vezes foi aquele/a que veio de fora e que trouxe a novidade/as novas ideias quem deu o impulso necessário ao desenvolvimento/ mudança? Ainda é cedo para avaliar o que aí vem e o seu impacto mas esta é uma realidade que não deve ser ignorada. A pandemia trouxe-nos também a confirmação daquilo que todos sabemos desde muito novos: que não se põem todos os ovos no mesmo cesto. Vivendo numa região extraordinariamente dependente de uma só atividade, vemos que os investimentos públicos a nível local e regional se repartem em duas direções: na melhoria imediata das condições de vida das populações e na criação/desenvolvimento de atividades ligadas ao sector turístico. Os primeiros dificilmente trarão retorno económico à sociedade- trata-se das autarquias a investirem os seus fundos nas infraestruturas e obras que têm de ser feitas; os segundos deveriam ser revistos face à nova conjuntura. Conjuntura que passará, temos essa esperança e sabemos que assim será. Mas que trouxe com ela a obrigatoriedade de revermos as nossas decisões e de “priorizarmos outras prioridades” – como se diria a dar ênfase total à ideia.

A

Educação é um dos pilares fundamentais do desenvolvimento do país, constituindo uma das componentes do Estado Social, a par da Saúde e da Segurança Social, cujas competências se encontram constitucionalmente atribuídas à Administração Central. A política educativa tem sido secundarizada pelos sucessivos governos, sendo corporizada por medidas erráticas, subfinanciamento e constantes alterações legislativas, recaindo na gestão e administração das escolas e na desvalorização do trabalho dos seus profissionais, designadamente, da classe docente, os efeitos mais perniciosos e desmotivadores, que se reflete na qualidade do ensino e no sucesso educativo. Num país em que 47,6% da população e 43,4% dos empregados possuem apenas o ensino básico ou menos, que representa quase o dobro da média da União Europeia, é inaceitável a política de desinvestimento na Educação. Em 2021 a despesa pública com a Educação quedar-se-á pelos 13,1%, quando se recomendam valores entre 15% e 20%. O desinvestimento público na Educação tem como consequência o atraso do país, uma economia frágil com emprego pouco qualificado, fraca produtividade e baixos salários. Os problemas nas escolas persistem. Faltam milhares de funcionários. Milhares de alunos encontram-se sem professor a uma ou mais disciplinas. A carreira docente deixou de ser atraente e o défice de professores tenderá a agudizar-se nos próximos tempos, a não inverter-se o rumo da atual política orçamental e educativa.

Os constrangimentos que se perspetivavam com a criação dos mega-agrupamentos, autênticos mastodontes, criados por razões economicistas, revelaram-se reais, na medida em que centralizaram e infernizaram o funcionamento dos estabelecimentos de ensino, afastados territorialmente uns dos outros, deixando escolas sem trabalho coletivo de direção e abandonando a relação próxima com a comunidade escolar. Ainda aguardamos pela sua prometida avaliação. O propósito da municipalização da Educação é outra medida errada que atenta contra o direito universal ao ensino em condições de igualdade, porque a capacidade organizativa, humana e financeira dos municípios é diferenciada, cumulativamente com a insuficiente transferência de recursos do Governo e as limitações à autonomia do Poder Local. Inevitavelmente, aumentar-se-ão as assimetrias interconcelhias e interregionais. A situação pandémica tudo veio agravar, fazendo do exercício da atividade docente um ato de sacrifício e coragem. Nos antípodas desta realidade constatamos a ação do Município de Silves (Maioria CDU), que extravasando as suas competências próprias e erigindo a Educação como setor estratégico da sua política autárquica, desenvolve uma intervenção permanente em todas as escolas do concelho, promovendo por exemplo a remoção de amianto nas coberturas dos edifícios, melhorando e requalificando os espaços físicos, apetrechando-os de material, mobiliário e equipamento diverso, colocando funcionários acima dos rácios estabelecidos pelo Governo, assegurando refei-

ções e transportes escolares, subsidiando despesas, distribuindo milhares de máscaras e desinfetante para combate à pandemia de Covid-19 ou doando centenas de tablets aos alunos para que possam fazer uso das novas tecnologias. De toda a ação municipal sobressaem os avultados investimentos na Requalificação das EB1 de Silves (obra prestes a iniciar) e Alcantarilha (obra em fase de concurso público), na ordem dos 2,8 milhões de euros, cujos difíceis obstáculos a autarquia silvense ultrapassou, ao conquistar o direito de aceder aos fundos comunitários, no corolário de persistente pressão junto dos organismos tutelados pelo Governo na região. Aos eleitos locais da oposição, especialmente, os do partido do governo, exige-se clareza e objetividade quer quanto ao pacote da chamada descentralização de competências da Administração Central para o Poder Local, onde se inclui a Municipalização da Educação (defendendo o Poder Local), quer verdade, rigor e coerência no apontar de competências e responsabilidades, e a obrigação de dar primazia aos interesses da população do concelho, não confundindo a opinião pública para efeito de ganhos eleitorais sobre quem é quem (Poder Local/Poder Central) na assunção de determinada despesa pública ou na resolução de determinados problemas sociais e territoriais, sendo de todo recomendável não escamotear que “o exercício das competências alheias, reduz a capacidade de exercício das competências próprias”, a não ser que se acredite em milagres!

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Novembro 2020 Terra Ruiva 5

Concelho Polos de Silves continuam a costurar para doentes de cancro

Os Polos de Educação ao Longo da Vida da Câmara Municipal de Silves continuam a associar-se ao projeto costura e à Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo de Faro, e já produziram e entregaram 124 peças, nomeadamente próteses mamárias provisórias, sacos de drenos, sacos de proteção de ostomia e máscaras para ofertas aos doentes (xailes e sacos de

pano coloridos), contribuindo desta forma para ajudar aqueles que padecem desta doença, tentando minimizar o seu sofrimento, ao mesmo tempo que cumprem o seu cariz de desenvolvimento social e solidário em comunidade. O Município de Silves já fez “um reconhecimento e agradecimento público a todos(as) os/as utentes dos Polos de Educação ao Longo Vida da CMS que têm contribuído em ações de solidariedade através das suas atividades.”

Concluída obra de eficiência energética no Parque e Zona Ribeirinha de Silves

O Município de Silves promoveu a obra de substituição de lâmpadas para LED e ópticas das luminárias, em 110 módulos, no parque de estacionamento e na passadeira vermelha contígua, na Zona Ribeirinha de Silves.

O que representa um investimento municipal de cerca de 25 mil euros, segundo informa a autarquia. O Município salienta que a obra contribui para o reforço da eficiência energética, gerando menor consumo e trabalho de manutenção, melhorando ao mesmo tempo os fluxos luminosos que terão a possibilidade de ser regulados. Estima-se uma poupança em cerca de 3738,00 euros/ano e 15899 KWh/ano. Esta obra “integra-se na estratégia mais geral do Município de aumento da eficiência energética nos espaços públicos interiores e exteriores que tem vindo a ser desenvolvida, esclareceu fonte da autarquia”. Como exemplos recentes aponta-se a substituição de colunas e luminárias na baixa da cidade de Silves com a incorporação de tecnologia LED e também a obra de Otimização da Eficiência Energética das Piscinas Municipais. Neste equipamento municipal foram colocados painéis solares, painéis fotovoltaicos, iluminação LED e procedeu-se à substituição do sistema de bombagem.

máscaras, em kits de duas unidades, como medida de combate à propagação da COVID19, pretendendo contribuir para a proteção individual dos munícipes, numa altura em que o país entrou novamente em estado de calamidade. Cada kit inclui um flyer de sensibilização e informação relativa à importância do uso de máscara e do cumprimento das orientações da DGS no que se refere ao distanciamento social, higienização de mãos e às respetivas máscaras reutilizáveis, tendo o envio sido efetuado através de endereçamento postal a todos os consumidores de água do concelho. A quantidade de Kits atribuídos varia em função do volume médio de consumo de água.” A distribuição de máscaras pela população será reforçada através dos Serviços Municipais Florestais e da Unidade Móvel de Saúde. Todos aqueles que, eventualmente, não tenham recebido o seu kit de máscaras pelo correio, deverão entrar em contacto com a através do número 282 440 868, específico para este efeito, para obter o seu kit.” A Câmara Municipal relembra, que, no âmbito do regresso às aulas e como medida adicional, foram oportunamente distribuídas pela comunidade escolar do concelho, milhares de máscaras comunitárias para utilização por parte dos alunos com mais de 10 anos, professores e demais profissionais afetos à atividade escolar.

Oferta de 200 beateiras a empresas do concelho

A Câmara de Silves procedeu à aquisição de 200 Beateiras para entregar a empresas de restauração e bebidas do Concelho de Silves. Segundo a Câmara Municipal de Silves, “estas beateiras resultam da reutilização de plásticos reciclados que criam de forma inovadora um produto bastante resistente para utilização em ambientes exteriores. Não é combustível e alia a utilização de resíduos plásticos, que não têm reciclagem possível, com a criação de equipamentos urbanos”. Esta iniciativa da Câmara Municipal de Silves insere-se na campanha de sensibilização “Lixo Zero Ambiente 100”, direcionada para os problemas ambientais, que esta autarquia vem promovendo. E pretende também sensibilizar a população para as questões ambientais e alertar para a importância da colocação de resíduos no seu devido local, a fim de manter o espaço público limpo. A autarquia recorda que entrou já em vigor a lei que prevê coimas para quem for apanhado a lançar beatas para o chão, sendo que a multa mínima é de 250 euros.

Novo protesto pela Saúde em Messines

Cerca de duas dezenas de pessoas concentraram-se mais uma vez, frente à Extensão de Saúde de São Bartolomeu de Messines, para exigir melhores condições de funcionamento e de atendimento.

Saúde (SNS) de Messines, os presentes exigiram mais médicos, de forma a que a população da freguesia possa usufruir de “consultas atempadas” e de “um tratamento digno”. Reivindicaram ainda o alargamento do horário de funcionamento da Extensão de Saúde de Messines e mais pessoal para o atendimento. Usou da palavra o representante da Comissão de Utentes, Bruno Luz, que lembrou os anteriores protestos e sublinhou que, ano após ano, as reivindicações continuam a ser as mesmas, um sinal, disse, de que as presentes dificuldades em nada têm a ver com a pandemia, mas que são crónicas. No entanto, acrescentou, a pandemia veio intensificar a necessidade do SNS ter condições para receber e tratar a população, pelo que deixou “uma palavra de esperança” e a certeza de que “as lutas irão continuar”.

Também interveio a presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines, Carla Benedito, que afirmou ser “inadmissível” que as pessoas tenham de esperar “ dois ou três meses para uma consulta” e chamou a atenção para o facto de muitas pessoas desta vasta freguesia percorrerem longas distâncias para se deslocarem ao Centro de Saúde, sendo que, muitas vezes, não conseguem marcar ou ter acesso à consulta que precisam. Abordou ainda a questão da falta de médicos e a sua constante transferência, o que deixa muitos messinenses sem atendimento, e a falta de funcionários, que faz com que “os telefones não sejam atendidos”, o que aumenta ainda mais as dificuldades em marcar consultas. Carla Benedito terminou a sua intervenção, lembrando que a Junta de Freguesia de Messines tem estado sempre presente na luta para melhores condições no Serviço Nacional de Saúde, do qual todos dependemos, e que assim irá continuar. Entre os presentes, encontrava-se o deputado do PCP, João Dias, enfermeiro de profissão, que, acompanhado por uma delegação do PCP, se dirigia para Portimão, onde iria reunir com a diretora do ACES Barlavento (Agrupamento de Centros de Saúde do Barlavento), para discutir assuntos relacionados com a saúde na região. O deputado do PCP enfatizou a necessidade de todos terem acesso ao médico de família: “quando nos tiram o médico de família, retiram-nos o acesso à saúde, pois é quem nos dá o acesso a tratamentos e exames e à prevenção na saúde”, sublinhou. João Dias falou ainda da necessidade de “proteger a população”, numa conjuntura particularmente difícil para os serviços de saúde: “onde havia um buraco há agora um alçapão”, disse. Abordou ainda a questão da existência de inúmeros hospitais e clínicas privadas no Algarve, contestando que a saúde seja um negócio privado, e defendeu a melhoria e a valorização do SNS. Seguiu-se uma troca de testemunhos, vindos de algumas pessoas que se encontravam presentes e que relataram as dificuldades que têm sentido para conseguir ter médico de família e para fazer os exames que necessitam. Ouviram-se ainda algumas referências ao facto deste protesto, que decorreu no dia 12 de outubro, ter reunido um número de participantes muito inferior aos anteriores. “Poucos ou muitos não podemos ficar calados, porque o SNS é o que nos vale a todos”, rematou o deputado João Dias.

Município de Silves distribui máscaras à população

O Município de Silves procedeu recentemente à distribuição de kits de máscaras reutilizáveis e certificadas junto da população. Como informa a autarquia, a mesma adquiriu “cerca de 70 mil

Propriedade e Editor: Associação de Desenvolvimento do Concelho de Silves, “Pé de Vento”, Morada: Rua da Fábrica, nº3, 8375147 S. Bartolomeu de Messines, NPC: 510985807 | Registo ERC Nº 123511. Depósito Legal nº 153123/00.

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Na continuidade de protestos semelhantes, que têm sido organizados pela Comissão de Utentes do Serviço Nacional de

Colaboradores: António Eugénio, António Guerreiro, Aurélio Nuno Cabrita, Eugénio Guerreiro, Fabrice Martins, Frederico Mestre, Helena Pinto, João Rocha de Sousa, José Alberto Quaresma, José Manuel Vargas, Miguel Braz, Mónica Gonçalves, Patrícia Ricardo, Ricardo Camacho, Teodomiro Neto, Vera Gonçalves. Redação: Rua da Fábrica, nº3; 8375-147 S. Bartolomeu de Messines - Tlm – 96 285 6922

Administração/ Publicidade/ Assinaturas: 918 700 152 Email: terraruiva@gmail.com

Design gráfico e pré-impressão: Bruno Cortes

Impressão: FIG- Indústrias Gráficas, S. A. Urbanização Portas De São Miguel 122, 3020-430 Coimbra

Periodicidade: Mensal

Tiragem: 1500 exemplares Diretora: Paula Bravo Tlm. 96 285 6922

Diretor Financeiro: Francisco Martins Tlm. 91 870 0152 Os artigos de opinião são da responsabilidade dos seus autores.


6 Terra Ruiva Novembro 2020

Opinião Utilidade Marginal

Consultório Jurídico

Eugénio Guerreiro

António Eugénio

Economista

De volta ao “Covidamento”

C

om a galopante vaga de novos casos de Covid-19, o governo decidiu implementar um novo pacote de medidas de restrição, começando com a declaração do estado de calamidade em todo o território, inicialmente revelada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º88-A, de 14 de Outubro. Não obstante a delicada situação epidemiológica, é igualmente importante compreender a dimensão assimétrica da maleita, com alguns territórios a serem mais afetados que outros, e como tal, com menor necessidade de medidas restritivas. É necessário, então, introduzir um elemento de granularidade na aplicação das políticas de restrição, de forma, a permitir um semblante de normalidade onde o mesmo se justifica, e de manter a economia a funcionar, para mitigar os efeitos perniciosos de um confinamento generalizado. A dimensão territorial base para esta análise é a do concelho, o que é perfeitamente lógico, dado que constitui um elemento geográfico bem definido, e com informação de suporte bem definida. O critério encontrado, a existência de 240 casos por 100 000 habitantes, é mesmo encontrado no Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, é em si arbitrário, como qualquer métrica deste género, mas beneficia de ter dimensão europeia na aplicação. Para além deste, foi imposto um critério de contiguidade territorial, sendo que é preciso inferir se um determinado concelho se encontra rodeado por outros com níveis substanciais de infeções. Por fim, introduz-se na análise a exclusão, ou não, dos focos de infeção bem definidos, tais como os encontrados em lares ou hospitais, consoante sejam concelhos que constem do Mapa de Baixa Densidade ou não. Em causa está, entre outras, a imposição de medidas restritivas, tais como a obrigatoriedade de teletrabalho (quando possível), restrições mais elevadas nas permanências em restaurantes e encerramento de estabelecimentos comerciais às 22h00. No total, as novas medidas restritivas são aplicadas a 121 concelhos do nosso país, sendo que esta lista está sujeita a reanálise e modificação a cada 15 dias. Ora no Algarve, o único concelho abrangido por esta modalidade é a de São Brás de Alportel, o qual, não obstante ter “apenas” 40 casos ativos de Covid-19, dos

quais 24 tiveram origem num lar, e como tal, de foco bem definido, foi incluído nesta lista pela simples razão de não ser considerado de baixa densidade. Como São Brás de Alportel não entra nesta distinta lista, os casos do lar entram para as contas e, como tal, entram em confinamento. Ora a situação de São Brás de Alportel introduz um tom de cautela para os restantes concelhos do Algarve e, no caso concreto, para o concelho de Silves. No momento em que escrevo estas linhas, o concelho de Silves tinha 36 casos ativos e um acumulado de 146 casos confirmados, o que, no cômputo geral das coisas, e para a população do concelho, não é preocupante. Não obstante, temos que ter em consideração que, para os cerca de 37000 habitantes do concelho, bastariam cerca de 89 casos ativos para que fôssemos remetidos ao mesmo confinamento restritivo de São Brás de Alportel, com todos os custos económicos, sanitários e sociais que daí se retiram. E como, à semelhança de São Brás de Alportel, o concelho de Silves não é considerado de “baixa densidade”, basta uma situação mais descontrolada num foco de contágio bem definido. Impõem-se duas conclusões desta situação: a primeira, de que devemos pôr as nossas proverbiais “barbas de molho” no que toca à Covid-19, com redobrada atenção às medidas simples de higiene de distanciamento social; a segunda, de que o Mapa da Baixa Densidade, tanta vez discutido nesta coluna, contínua a fazer um péssimo serviço ao nosso concelho: não só nos retira acesso a fundos comunitários, como nos coloca na linha da frente do confinamento. PS: Já depois de escrito este artigo, o Presidente da República propôs ao Parlamento a imposição do Estado de Emergência para contenção da Covid-19 entre 9 e 23 de novembro de 2020. Como tal, o acima descrito pode já não ter aderência à realidade, mas devemos, ainda assim, manter sempre o espírito de respeito, distanciamento social e cautela, no que toca a medidas de prevenção.

Advogado

1. O fisco, se não entrar pela porta, entrará pela janela 2. Cuidador Informal: simplificação do processo

1.

Previamente convirá ter presente que “penhora” significa a apreensão judicial de um bem (ou de um rendimento) pertencente a um devedor, no âmbito de um processo de execução (seja ele uma execução comum ou uma execução fiscal), tendo em vista, subsequentemente, a sua venda, e do respetivo produto o credor poder ressarcir-se do seu crédito sobre aquele. Em maio de 2016 foi publicada e entrou em vigor a Lei nº13/2016 visando a proteção da casa de morada de família no âmbito de processos de execução fiscal, proteção essa traduzida na proibição do fisco lograr obter a venda de imóvel penhorado para se pagar de dívida, nos casos em que esse imóvel constitua efetivamente a habitação própria e permanente do devedor. Percebe-se a coerência do espírito desta lei, de certa forma visa amenizar alguma contradição existente entre a função social do Estado de proteção e promoção do direito fundamental à habitação dos seus cidadãos, mas, por outro lado, retirar-lhes essa mesma habitação em resultado de meras dívidas de natureza fiscal. Contudo, esta visada proteção da casa de morada de família é flagrantemente ilusória, de efeitos práticos absolutamente residuais. Com efeito, desde logo a dívida fiscal não se extingue pelo facto de em processo de execução fiscal o único bem penhorável e penhorado do devedor ser a sua casa, onde tem a sua habitação própria e permanente, pois, a dívida só se extingue pelo pagamento, naturalmente. Ou ainda se, entretanto, tiver decorrido o prazo de prescrição, simplesmente, uma vez que o processo de execução fiscal fica suspenso até que porventura sejam encontrados outros bens do devedor, suspenso igualmente, e automaticamente, fica o prazo de prescrição, isto é, não fica a correr, e daí esta hipótese da prescrição ser meramente teórica. Por outro lado, basta o fisco aguardar algum tempo que essa casa de morada de família acabará mesmo por ser vendida. Passemos a explicar. Tendencialmente quem deve ao fisco também terá outras dívidas (dívidas civis), uma vez que, em princípio se procura dar prioridade aos paga-

mentos ao fisco porquanto as dívidas fiscais têm mais gravosas consequências, designadamente, sob o ponto de vista criminal, que as dívidas civis não têm. Neste pressuposto, muito provavelmente um credor civil acabará também por instaurar contra o mesmo devedor um processo de execução, e no qual procederá à penhora da mesma casa de morada de família e subsequente sua venda, pois, aquela lei de proteção não se lhe aplica. Ora, aqui neste processo, o fisco, como credor do mesmo devedor, irá necessariamente intervir reclamando o pagamento do seu crédito por via da receita obtida com a venda que foi promovida por outro credor! E, ainda por cima, será pago em primeiro lugar, porquanto o crédito fiscal tem esse privilégio, e sendo que, o credor civil (caso o seu crédito não esteja garantido, por exemplo, por hipoteca) apenas será ressarcido se sobejar algum valor, e no valor que sobejar. E daqui que se conclua que o fisco entrará sempre, se não pela porta, será pela janela.

2.

Em setembro de 2019 foi publicado o importantíssimo Estatuto do Cuidador Informal que regula os direitos e os deveres do cuidador e da pessoa cuidada. Sendo cuidador informal definido, basicamente, como a pessoa que, de forma permanente ou de forma regular, acompanha e cuida da pessoa cuidada, e esta definida como a pessoa que necessita de cuidados permanentes, por se encontrar em situação de dependência. Subsequentemente, em janeiro deste ano, foi publicada a Portaria a regulamentar o processo de reconhecimento a quem pretenda constituir-se como Cuidador Informal, e recentemente, no dia 28 de outubro foi publicada nova Portaria a simplificar esse processo, designadamente, dispensando o requerente de apresentar atestado médico a certificar que possui condições físicas e psicológicas adequadas aos cuidados a prestar à pessoa cuidada, e, bem assim, a reduzir o prazo de 60 para apenas 30 dias para a segurança social dar resposta.

Ministério Público acusa EDP e um seu trabalhador pelo incêndio Monchique/ Silves em 2018

O

Ministério Público da secção de Portimão do DIAP de Faro deduziu acusação contra a EDP, Distribuição, S.A. e um seu trabalhador pela prática de um crime de incêndio florestal por negligência. De acordo com a acusação, “existem fortes indícios de que o incêndio em causa, iniciado em 3 de agosto de 2018, na zona de Monchique, no Algarve, foi causado pelo contacto repetido de um cabo elétrico de média tensão com ramos de eucaliptos na zona de Perna Seca, em Taipas, Monchique”. Ainda segundo a acusação, a EDP e o seu trabalhador não mantiveram limpa, como de-

viam, uma faixa de segurança adequada junto ao referido cabo. Este grande incêndio, recorde-se, foi combatido por dezenas de corporações de bombeiros de todo o país, lavrou durante sete dias, consumiu uma área florestal de 26.885 hectares dos concelhos de Silves (cerca de 10 mil hectares), Odemira, Portimão e Monchique, bem como 62 casas de primeira habitação, 49 de segunda habitação, matou cerca de 5.600 animais e feriu cerca de 40 pessoas. A investigação foi dirigida pelo MP do DIAP de Faro, com a coadjuvação da Polícia Judiciária.

DECO tem novo Gabinete de Aconselhamento de Energia – GAE

O

GAE é uma atividade do projeto STEP (Soluções para Combater a Pobreza Energética – financiado pelo programa H2020 da UE) que tem como objetivo desenvolver um conjunto de soluções para ajudar os consumidores a combater a pobreza energética. Com a chegada do tempo frio, e com a atual crise pandémica, os consumidores procuram resguardar-se e ficar mais tempo em casa. Mas estar em casa não é sinónimo de estar quente e confortável, aliás a realidade de muitos portugueses é passar frio. Portugal é o quinto país europeu onde os cidadãos têm mais dificuldades em aquecer as suas casas: 19% da população tem dificuldades financeiras em manter a habitação a temperaturas adequadas ao inverno. Falamos de pobreza energética. A pobreza energética, que não tem uma definição legal em Portugal ou na UE, pode ser definida como o conjunto de situações em que um agregado familiar não tem capacidade de assegurar os níveis mais básicos de energia para conseguir iluminar, cozinhar e aquecer a habitação! Atuando especificamente

nesta área, o GAE tem uma equipa preparada para informar e ajudar os portugueses a melhorar a eficiência energética da sua casa, a gerir os seus consumos, a compreender o funcionamento do mercado de energia, bem como a recorrer a mecanismos de apoio em situação de pobreza energética. São objetivos principais do GAE: • Apoiar os consumidores em situação de pobreza energética a gerir o seu consumo de energia e a melhorar o seu padrão de vida, ajudando-os a encontrar as soluções mais adequadas, nomeadamente no que respeita a mecanismos de apoio existentes. • Aconselhar os consumidores para um consumo mais eficiente de energia, esclarecendo como essa preocupação os pode ajudar a economizar, a melhorar a sua saúde e bem-estar e a contribuir para a transição energética. A pobreza energética é um problema comum, embora pouco conhecido dos consumidores, que vivem num risco crescente de a enfrentar. Esclareça as suas dúvidas e preocupações com o GAE. Pode agendar o seu atendimento: 213710200 ou energia@deco.pt


Novembro 2020 Terra Ruiva 7

Sociedade

Projeto Condomínio de Aldeias – arranca na freguesia de Silves V

ai começar, na freguesia de Silves, a iniciativa do Ministério do Ambiente e Ação Climática “Condomínio de Aldeias Programa de apoio às aldeias localizadas em territórios de floresta” A inclusão do concelho acontece por iniciativa da Câmara Municipal de Silves, um dos 11 municípios, a nível nacional, que viram as suas candidaturas aprovadas. A assinatura do contrato aconteceu no dia 23 de outubro, nas instalações da Secretaria de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, em Castelo Branco, com a presença do ministro João Pedro Matos Fernandes e de representantes dos municípios. O projeto piloto do Condomínio de Aldeias tem como objetivo assegurar a gestão de combustíveis à volta de aglomerados populacionais, em

áreas de grande densidade florestal e de elevado número e dispersão de pequenos lugares, com maiores níveis de exposição às consequências de incêndios rurais. Inclui, entre outras intervenções, a reconversão florestal à volta dos aglomerados populacionais para outros usos, desde que naturais ou seminaturais, incluindo pomares, zonas de pastagem extensiva, prados, parques ou jardins bio diversos, clareiras. Este projeto enquadra-se no Programa de Recuperação e Resiliência para a Política da Paisagem da Floresta em Portugal que disponibiliza 270 milhões de euros, num período de 20 anos, para um investimento que incide em quatro eixos: “planeamento, concretização das áreas integradas de gestão de paisagem, condomínios de aldeia e o emparcelar para ordenar”. O objetivo anunciado pelo Governo é o de construir 800

“condomínios de aldeia” nos próximos cinco anos. Os 11 municípios incluídos nesta primeira fase do projeto (Monchique, Silves, Góis, Ansião, Oleiros, Penela, Lousã, Alvaiázere, Vila Nova de Poiares e Sertã) irão receber, cada um, uma verba de 50 mil euros, financiados pelo Fundo Ambiental. No caso do concelho de Silves, o programa governamental considerava como elegíveis as freguesias de Silves, São Bartolomeu de Messines e São Marcos da Serra, que possuem aldeias e manchas rurais e florestais que são periodicamente expostas a incêndios. Uma das metas desta ação implica diminuir a área ardida média anual, através de melhorias na gestão e no ordenamento do território e de práticas agrícolas e silvícolas mais eficientes no uso dos recursos e na gestão de riscos, em particular a sua capacida-

de de resposta a eventos climáticos cada vez mais adversos e intensos, garantindo a segurança de pessoas e bens, a valorização dos recursos locais e a promoção ativa da biodiversidade. O “Condomínio de Aldeia” apresenta-se, assim, “como um projeto piloto, num programa de proteção aos aglomerados localizadas na interface urbano-florestal, através de ações de gestão, ordenamento e reconversão florestal”. Investimento inicial na freguesia de Silves Como explicou, ao Terra Ruiva, fonte do Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal de Silves, a ação a desenvolver pela autarquia, no próximo ano, será concentrada nos núcleos de Pinheiro e Garrado, Roupa Branca, Cumeada e Canhestros, na freguesia de

Campanha de compostagem doméstica alargada a todas as freguesias

A presidente da Câmara na entrega dos kits

N

o mês de novembro, o Município de Silves alargou a campanha de implementação de compostagem doméstica a todas as freguesias do concelho. A iniciativa é uma das atividades previstas no âmbito de uma candidatura comunitária mais abrangente, co financiada a 85% pelo fundo de Coesão. Nesta segunda etapa está prevista a distribuição de cerca de 120 compostores domésticos, aos cidadãos que se inscreveram para os receber. Os munícipes irão receber um kit de compostagem

Cerca de 70 cidadãos aderiram à compostagem

constituído por um compostor, um balde de apoio e um

guia com instruções. Numa primeira etapa, esta

iniciativa foi lançada nas freguesias de São Bartolomeu de Messines e São Marcos da Serra. Os primeiros kits de compostagem foram entregues pela presidente da Câmara Municipal de Silves, Rosa Palma, no dia 10 de outubro, a cerca de 70 cidadãos que manifestaram a sua vontade em aderir a esta campanha. Um ato que serviu também para assinalar o Dia Mundial do Habitat que este ano se focou no problema dos resíduos e no potencial das tecnologias em transformá-los em riqueza. Segundo informa a autarquia, “o Município de Silves é pioneiro no Algarve, no que diz respeito a Compostagem Doméstica e Comunitária, numa aposta na preservação e proteção do ambiente e da eficiência energética”. “De salientar que a correta gestão de resíduos é um dos desafios mais complexos das sociedades contemporâneas que exige níveis elevados de educação, consciência cívica e ambiental, pelo que, através deste projeto inovador a autarquia pretende dar cumprimento ao Plano Estratégico de Apoio ao Cumprimento das Metas Estabelecidas no PERSU 2020 do Município de Silves”.

Silves, as zonas mais afetadas pelo grande incêndio de 2018. Está também prevista a intervenção nas ribeiras do Falacho e do Enxerim e respetivos afluentes. Como a verba, escassa, de 50 mil euros, a autarquia irá promover principalmente, a limpeza de árvores e vegetação das áreas em redor dos núcleos habitacionais, de forma a que os proprietários dos terrenos cumpram a lei estabelecida; promover também a limpeza e restauro ecológico das linhas de água; e a chamada “gestão dos combustíveis”, criando áreas de defesa contra os incêndios. Um objetivo importante deste programa pretende ser a recuperação de espécies agrícolas de sequeiro junto a estes aglomerados. “Sabendo que estes trabalhos de limpeza representam por vezes grandes encargos para as pessoas, com este programa a Câmara vai dar aquilo a

que se pode chamar uma ajuda na fase inicial para que se torne mais fácil aos proprietários cumprirem e que o façam posteriormente”, explica a mesma fonte. No que respeita às ações de recuperação de zonas abandonadas e da paisagem está também em causa o futuro económico das populações das zonas serranas, que se pretende promover de forma a fixar as populações.”O objetivo é que todos estes trabalhos possam ter sentido para o futuro das pessoas”, conclui a fonte do Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal de Silves.


8 Terra Ruiva Novembro 2020

Geral

Apoio aos agricultores para escoar a produção local

A

Associação In Loco informa que se encontram abertos concursos, até ao dia 22 de dezembro, para apresentação de candidaturas no âmbito da medida 10 “LEADER”, do PDR2020, ao seguinte anúncio: - 10.2.1.4 – Cadeias Curtas e Mercados Locais – com-

ponente Cadeias Curtas As candidaturas apresentadas devem ter como objetivos principais promover o contacto direto entre o produtor e o consumidor, contribuindo para o escoamento da produção local e a preservação dos produtos e especialidades locais. Pretende ainda incentivar

práticas culturais menos intensivas e ambientalmente sustentáveis. As ações elegíveis são várias, entre as quais as seguintes: Armazenamento, transporte e aquisição de pequenas estruturas de venda; Desenvolvimento de plataformas eletrónicas e materiais promocionais; Deslocações dos

produtores aos mercados locais, entregas em pontos específicos e aquisições de serviços associadas; Adaptação e apetrechamento de infraestruturas existentes, para pontos específicos, no âmbito de cadeias curtas. Os apoios previstos variam entre 50% a 80% do investimento elegível, sob a forma

de subvenção não reembolsável. Os investimentos devem estar localizados no território do Interior Algarve Central, que abrange as freguesias de São Bartolomeu de Messines e São Marcos da Serra Os Anúncios e demais informação relevante, nomeadamente legislação, formu-

Apoio à criação de emprego em Silves

A

Associação Vicentina anuncia que ainda stão abertas, até ao dia 16 de novembro, as candidaturas à segunda fase do programa + CO3SO, para a criação de emprego, “existindo dotação financeira para prosseguir com o apoio ao emprego e ao empreendedorismo”. O apoio do +CO3SO – Emprego, é atribuído até 36 meses sob a forma de subvenção não reembolsável (a fundo perdido), comparticipa a 100% os custos diretos com os postos de trabalho criados (salários, excluindo os subsídios de férias e de natal, e contribuições para a Segu-

rança Social a cargo do empregador), bem como uma taxa fixa adicional de 40% sobre esses mesmos custos.

O financiamento está disponível para micro, pequenas e médias empresas (PME) – através do +CO3SO Em-

prego Urbano - e para Entidades da Economia Social – através do +CO3SO Empreendedorismo Social

– como Instituições Particulares de Solidariedade Social, Associações e Fundações, Cooperativas, Associações Mutualistas, Misericórdias, entre outros. As candidaturas ao +CO3SO – Emprego, deverão estar enquadradas nas estratégias de desenvolvimento local, nomeadamente: “Silves Cidade 2020, que apresenta como intuito da sua estratégia de desenvolvimento local potenciar a criação de emprego para desempregados ou inativos, combater o abandono escolar e promover a inclusão económica e social dos grupos mais desfavorecidos, através do elo identifica-

lários, orientações técnicas que incluem as listas de documentos a apresentar, estão disponíveis no portal do PORTUGAL 2020, ou na Associação In Loco através do telefone 289 840 860 ou correio eletrónico dlbc@ in-loco.pt

dor comum do património histórico e cultural.” A informação detalhada acerca da submissão de candidaturas encontra-se em: https://www.dlbc-silves.org/ concursos-abertos .A Associação está disponível para esclarecimentos de dúvidas através dos seguintes contactos: (+351) 282 680 120 | vicentina@vicentina.org e promove atendimentos via web às 4as feiras à tarde, que deverão ser marcadas através do e-mail ou telefone da Associação.

Município de Silves solveu dívidas do Processo “Viga D´Ouro” no valor de 5,5 milhões de euros

E

m outubro de 2020, “o Município de Silves pagou a última mensalidade à Caixa Geral de Depósitos no montante de € 29 705,16, liquidando, assim, a última prestação financeira de vários acordos de regularização de dívidas bancárias geradas pelos contratos de factoring do processo “Viga D´Ouro”, e que implicaram, entre 2014 e 2020, o pagamento à Banca da quantia total de 5,5 milhões de

euros”, informa a autarquia.

Em comunicado, lembra-se o início e o desenrolar deste processo que levou à condenação dos ex-presidentes da Câmara, Isabel Soares e Rogério Pinto: «O processo “Viga D´Ouro”, que remonta a finais de 2004, gerando uma dívida de 4,9 milhões de euros, acrescida de juros de mora na ordem dos 2,2 milhões de euros, perfazendo, assim, o mon-

tante total de 7,1 milhões de euros, provocou danos financeiros e reputacionais avultados ao Município de Silves e condicionou negativamente a gestão municipal nos últimos 8 anos. Na sequência da negociação estabelecida pelo executivo municipal permanente com os bancos credores, entre finais de 2013 e meados de 2014, o Município de Silves obteve um perdão de 70% nos juros de mora, o que fez

com que a dívida total (capital + juros de mora) se fixasse nos 5,5 milhões de euros. Alvo de vários inquéritos-crime e processos judiciais, o caso “Viga D´Ouro” culminou numa decisão do Tribunal de Contas proferida em Maio de 2018, que condenou os anteriores Presidentes da Câmara Municipal de Silves, durante os mandatos autárquicos de 2004 a 2013, pela prática de infração financeira que pro-

vocou graves prejuízos para o Município de Silves e a consequente obrigação daqueles ressarcirem parte do valor dos danos causados em juros de mora, repondo nos cofres municipais a quantia total de € 267.752,58. De salientar que a respeito do processo “Viga D´Ouro”, o Tribunal de Contas não apenas corroborou as conclusões da auditoria externa promovida pelo Município de Silves no início do an-

terior mandato autárquico 2013-2017, como ainda elogiou a conduta do atual executivo municipal liderado por Rosa Palma, Presidente da Câmara Municipal de Silves, na resolução deste intrincado processo e na atenuação dos prejuízos causados por anteriores responsáveis autárquicos ao erário público municipal.»

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Novembro 2020 Terra Ruiva 9

Geral

COVID-19 – Município concede apoio às famílias A

Câmara Municipal de Silves já apoiou este ano 122 agregados familiares com necessidades. Os números foram revelados pela vereadora do pelouro da Ação Social, Luísa Luís, no decorrer da última Assembleia Municipal. Entre os vários apoios concedidos, destaca-se o apoio à habitação, no âmbito do qual o Município suporta 50% da renda, por um período de seis meses; e o apoio à saúde, através da aquisição de medicamentos. Duas ajudas nas quais o Município de Silves já investiu (até ao final de outubro) mais de 35 mil euros. No âmbito familiar destaca-se igualmente “o apoio à inclusão” que se refere ao pagamento de transporte para estabelecimentos de Educação Especial, no qual o Município já despendeu mais de 6.500 euros. Recentemente, a autarquia de Silves assinou um Protocolo de Cooperação de Apoio Alimentar com a Cruz Vermelha Portuguesa. O mesmo teve como intervenientes, a presidente Rosa Palma e o diretor António Pontes do Centro Humani-

Câmara e Cruz Vermelha juntas no apoio a famílias

tário de Silves – Albufeira. Este Protocolo consiste na atribuição de um subsídio por parte do Município de Silves, no valor de 15 mil euros, à Delegação da Cruz Vermelha Portuguesa, com o objetivo de serem elaborados cabazes alimentares destinados aos requerentes do Concelho de Silves, no âmbito de mais uma resposta social por parte do Município de Silves à COVID-19. Estes cabazes são direcionados a famílias identificadas pelo Serviço de Apoio da Câmara Municipal e são distribuídos pela Cruz Vermelha. “É de salientar que a situação pandémica causada pelo vírus SARS-COVID 19,

decretada pela Organização Mundial de Saúde, que originou o Estado de Emergência, tendo levado ao confinamento da população residente em território nacional, trouxe como consequência a paragem da economia nacional e mundial. Na sequência desta paragem, sentiu-se a necessidade de ser intensificada a rede de apoio que garantisse uma resposta alimentar a famílias em crise socioeconómica derivado ao vírus SARS-COVID 19, e cuja problemática tem sido constatada gradualmente no Concelho de Silves”, afirma a autarquia.

SOS 19 SOS19 é o nome do programa de apoio social criado pelo Município de Silves ao abrigo da ativação do Fundo de Emergência Social e que tem por objetivo permitir respostas sociais elegíveis pela aplicação do artigo 20.º do regulamento municipal de apoio social a pessoas e famílias carenciadas ou em situação de vulnerabilidade em tempo de COVID-19. A sua ativação permiti que, quando estejam em causa situações de carência e de vulnerabilidade ocasionadas ou agravadas pela situação de calamidade pública existente, o Município de Silves possa: 1) Atribuir apoios nas situa-

ções em que o rendimento mensal (per capita) ilíquido do requerente seja superior a 65% do valor do indexante dos apoios sociais fixado à data de apresentação de candidatura aos apoios sociais previstos no regulamento municipal de apoio social a pessoas e famílias carenciadas ou em situação de vulnerabilidade; 2) Atribuir apoios em regime de complementaridade nas situações em que os requerentes do apoio já se encontrem a beneficiar de apoio concedido para o mesmo fim por outro regime de proteção social, e este for considerado manifestamente insuficiente para colmatar a carência social diagnosticada; e, 3) Atribuir apoios não previstos no regulamento municipal de apoio social a pessoas e famílias carenciadas ou em situação de vulnerabilidade, sempre que for considerado necessário e indispensável para colmatar a carência social diagnosticada. Neste caso, o programa SOS19 permite que seja possível atribuir apoios sociais, ainda que não estejam previstos

no citado regulamento municipal, a pessoas e famílias carenciadas ou em situação de vulnerabilidade, independentemente de reunirem as condições de elegibilidade para tal ou de já beneficiarem de outros apoios sociais, desde que estes sejam considerados manifestamente insuficientes para suprir a situação de carência ou de vulnerabilidade diagnosticada. As respostas sociais suportadas pelo Fundo de Emergência Social destinam-se, única e exclusivamente, a atenuar, suprir ou colmatar as situações de carência e de vulnerabilidade ocasionadas ou agravadas pela situação de calamidade pública provocada pelo surto epidémico do novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da doença COVID-19. Os pedidos de apoio social ao abrigo do programa SOS19 devem ser formalizados junto do Serviço de Ação Social, através do e-mail sasocial@ cm-silves.pt .

Fumos da Corticeira Amorim

Ministério diz que “não são tóxicos ou poluentes”

E

m resposta à questão levantada pelo Bloco de Esquerda relativamente às emissões de fumo da Unidade Fabril Corticeira Amorim, em Vale Lama, na freguesia de Silves, o Ministério da Economia, diz que os mesmos “não são tóxicos ou poluentes”. “De acordo com o que foi possível apurar, nomeadamente junto do IAPMEI e por contacto desta Agência com as entidades públicas competentes em razão da matéria (Câmara Municipal de Silves e CCDR Algarve), corresponde à verdade a existência de emissão de fumos pela Unidade Fabril Corticeira Amorim, em Silves, porém estes fumos não são tóxicos ou poluentes”, afirma o referido Ministério. E continua: “Com efeito, esta unidade fabril encontra-se no local há mais de 50 anos e em produção do mesmo produto, e mantém uma constante preocupação com o cumprimento da legislação ambiental, em particular quanto à monitorização de emissões e limiares legalmente previstos. A unidade industrial em apreço emite dois tipos de fumos: um cuja fonte de

emissão são os Autoclaves (“fumo visível branco”, resultado do vapor emitido no processo de aglomeração de cortiça em autoclave) e outro cuja fonte de emissão é uma Caldeira (“fumo invisível”), resultado da combustão de biomassa. Ambos são objeto de medições de monitorização sobre efluentes gasosos, são tratados e expelidos por chaminés distintas, com sistemas de filtragem diferentes, adequados ao tipo de fumo.” Ainda segundo o Ministério da Economia, o fumo que tem provocado as queixas da população é o chamado “fumo visível branco”, resultante “de vapor de água que resulta do processo de aglomeração de cortiça (processo totalmente natural, ou seja, sem qualquer químico ou aditivo) e que resulta do

aquecimento da cortiça com vapor de água.” No seu documento, a entidade governamental admite a existência de algum “alarme social” devido ao impacto visual do fumo “semelhante a nevoeiro” que ocorre em dias em que há mais condensação do vapor de água, agravado pela localização da fábrica num vale” mas salienta que o fumo “tanto quanto nos foi reportado, não representa um risco para a saúde pública”. Recorde-se que esta resposta surgiu na sequência da interpelação do Bloco de Esquerda, há cerca de um mês, sobre esta emissão de fumos. Na altura, segundo o BE, a corticeira Amorim explicava que em 2012/2013 fora instalada “na fábrica uma máquina filtrante, importada da Áustria, para melhorar a qualidade ambiental. Este

equipamento, denominado “RTO” terá trabalhado em boas condições nos primeiros anos, mas devido a um grande desgaste terá avariado em 2019, sem que fosse possível obter ajuda junto da empresa austríaca por ter encerrado portas.” Seria essa avaria a responsável pela situação e o elevado custo da reparação, cerca de 250 mil euros, segundo a Corticeira, estaria a comprometer a sua resolução “Devido à pandemia da Covid-19 – diz a Corticeira – a empresa encontra-se em

sérias dificuldades devido à redução de vendas e que pretende garantir todos os postos de trabalho, não tendo assim condições para proceder à reparação do equipamento avariado no presente momento”, esclarecia o BE. A mesma explicação terá disso dada ao Ministério da Economia que diz na sua resposta: “O impacto visual e o decorrente alarme social, parecem estar temporalmente associados à reportada avaria do equipamento RTO, o qual ainda não foi

substituído. No entanto, foi possível apurar que têm sido feitas diligências de articulação entre a CCDR Algarve e a empresa, no sentido de resolver a situação. Apesar dos testes e medições efetuados, a empresa estima ter uma nova medição das emissões, ainda durante o corrente mês de novembro, de modo a comprovar a causa-efeito do referido “fumo branco” , bem como para determinar o curso de qualquer ação que deva ser tomada”.

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10 Terra Ruiva Novembro 2020

Geral

Campanha promove espaços de acolhimento ao autocaravanismo Vários são no Concelho de Silves

A

Região de Turismo do Algarve (RTA) tem a decorrer uma campanha de sensibilização dirigida aos autocaravanistas que procuram o destino para férias, orientando a “extraordinária procura internacional” para a Rede de Acolhimento ao Autocaravanismo na Região do Algarve (RAARA) e promovendo a fruição dessas infraestruturas para a prática legal desta modalidade turística. Com o mote «Faz a melhor escolha», a campanha de-

safia os autocaravanistas a pernoitarem numa das unidades aderentes da rede que cumprem a legislação em vigor para o autocaravanismo e oferecem condições de conforto e de segurança, providenciando água, eletricidade, despojos, wi-fi e outros serviços. O objetivo é desincentivar a permanência de autocaravanas em espaços informais, que não dispõem de infraestruturas e serviços fundamentais. A RAARA integra os Parques de Campismo e de Ca-

ravanismo (PCC), Parques de Campismo Rural (PCR) e Áreas de Serviço para Autocaravanas (ASA),e compreende atualmente perto de 30 unidades em todo o Algarve. Entre estas encontram-se várias sedeadas no concelho, nomeadamente: Parque de Campismo de Armação de Pêra; Parque de Campismo de Canelas (Armação de Pêra); Parque de Campismo Rural de Quinta de Odelouca (São Marcos da Serra); Algarve Motor Home Park (Silves); Parque

Km 64 (Pêra); Parque do Castelo (Silves); Parque do Rio (Silves); Rancho Belchior (Algoz); ASA de São Marcos da Serra; Algarve Camping Car Park (Armação de Pêra). “No Algarve há uma rede de espaços de acolhimento oferecidos ao autocaravanista que permitem usufruir das principais atrações do destino em conformidade com a legislação em vigor. Esta é, nos últimos anos, uma modalidade com procura crescente em toda a Euro-

pa, que a pandemia tornou ainda mais evidente», afirma o presidente da RTA, João Fernandes. “A pernoita em locais como estacionamentos de serviço às praias, falésias, dunas e pinhais coloca sérios problemas em matéria de higiene e de saúde pública, altera o delicado equilíbrio ambiental de locais classificados e constitui um risco de segurança desnecessário para os autocaravanistas. Esta campanha desafia-os precisamente a fazer a melhor escolha”, conclui o responsável pelo turismo algarvio. A permanência e pernoita fora de locais autorizados constitui uma infração e está sujeita à atuação das autoridades fiscalizadoras. As unidades que integram a RAARA são espaços licenciados que cumprem a legislação aplicável em vigor e estão devidamente identificadas no sítio da Internet https:// autocaravanalgarve.com. A campanha para incentivar a escolha da RAARA decorre no âmbito da candidatura «SustenTUR Algarve – preservação do património

natural e cultural da região do Algarve» ao «Programa VALORIZAR – Linha de Apoio à Sustentabilidade», do Turismo de Portugal. O plano de meios da campanha inclui a divulgação de cartazes em suportes de exterior, redes sociais e outros meios. A campanha contempla ainda a divulgação de um spot de vídeo nas redes sociais que também pode ser visualizado no canal VisitAlgarve no YouTube. O «SustenTUR Algarve» é um projeto para a promoção da sustentabilidade na região do Algarvel dirigido a profissionais do turismo, visitantes, turistas e população residente e comtempla ações em áreas específicas da atividade turística regional, prevendo um investimento total de 255 mil euros, cofinanciados a 80% pelo Turismo de Portugal ao longo dos últimos dois anos.

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12 Terra Ruiva Novembro 2020

Desporto

Os 10 futebolistas com mais jogos pelo Messinense na II Divisão B no, representou o Belenenses entre 1997 e 2003. Depois passou por Marco e União Micaelense antes de reforçar o Messinense no verão de 2006. Titularíssimo, disputou 24 jogos no campeonato em 2006-07, ajudando os algarvios a assegurar a permanência. Na temporada seguinte atuou em 28 partidas (24 a titular), mas não evitou a descida à III Divisão. Após a despromoção não voltou a jogar futebol.

Messinense 2007 2008

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undada a 6 de outubro de 1975, a União Desportiva Messinense viveu o período de maior fulgor da sua história já no século XXI, quando se sagrou por duas vezes campeã distrital da AF Algarve (200102 e 2009-10) e participou nos campeonatos nacionais durante nove temporadas. Depois de uma longa travessia no futebol regional, a formação da vila e freguesia de São Bartolomeu de Messines, concelho de Silves, competiu na II Divisão B entre 2006 e 2008, após quatro anos a ganhar balanço na III Divisão. No terceiro escalão, os algarvios alcançaram um 8.º lugar em 2006-07 e um 12.º na época seguinte, em que acabaram despromovidos. Apesar do bom arranque no século XXI, a popular UDM caiu nos distritais em 2009 e uma segunda vez em 2012, sendo que até chegou a desativar o futebol sénior. Atualmente milita na II Divisão da AF Algarve, para onde foi relegada em 2019. Vale por isso a pena recordar os dez futebolistas com mais jogos pelo Messinense na II Divisão B. 10. Fernando Guimarães (27 jogos) Defesa centr al/médio defensivo de elevada estatura (1,87 m), formado no Imortal e com experiência de II Divisão B adquirida ao serviço da formação de Albufeira e dos açorianos do Operário, reforçou o Messinense no verão de 2007. Na formação de São Bartolomeu de Messines atuou em 27 partidas (20 a titular) e marcou um golo ao Madalena, não evitando a despromoção. Como consolação participou no encontro da Taça de Portugal em que os algarvios forçaram o Gil Vicente, então na II Liga, a ir a prolongamento. Após um ano no Messinen-

se chegou a estar com um pé no Farense, mas acabou por rumar ao Beira-Mar Monte Gordo.

9. Miguel Boto (30 jogos) Médio ofensivo/avançado natural da localidade de Ferragudo, concelho de Lagoa, foi formado e estreou-se no futebol sénior com a camisola do Lagoa. Depois passou por Silves e Imortal e jogou na II Liga ao serviço do Portimonense, antes de reforçar o Messinense no verão de 2007. Recrutado pelo treinador Luís Coelho, que já o tinha orientado no Silves, Miguel Boto disputou 30 partidas (21 a titular) e marcou um golo ao Lusitânia pela formação de São Bartolomeu de Messines na II Divisão B. Após a despromoção regressou ao Lagoa, na altura também a militar na II B.

8. Cris Baiano (32 jogos) Atacante brasileiro radicado em Portugal desde 2001, veio jogar para o Seixal, passou por Barreirense, União Micaelense, Juventude de Évora e Beira-Mar Monte Gordo nos campeonatos nacionais, até reforçar o Messinense no verão de 2007. Com impacto imediato na formação algarvia, foi o melhor marcador da equipa no campeonato com 12 golos em 32 jogos (29 a titular), ainda assim insuficientes para evitar a despromoção. Após a descida de divisão, rumou ao Louletano, então a militar na III Divisão. Depois continuou a jogar no Algarve até 2015, quase sempre no Lusitano VRSA. 7. Rui Graça (42 jogos) Defesa central natural de Almancil, começou a carreira no Almancilense, tendo depois passado por Quarteirense e Lusitano VRSA,

até reforçar o Messinense no verão de 2004. Na primeira época ajudou o clube a consolidar-se na III Divisão, na segunda foi promovido à II Divisão B, patamar em que competiu nos dois anos seguintes. Em 2006-07 participou em 24 jogos (todos como titular) e marcou um golo ao Estrela de Vendas Novas, na jornada inaugural, ajudando a assegurar a permanência. Na temporada seguinte atuou em 18 partidas (17 a titular), mas não conseguiu evitar a despromoção. Após a descida rumou ao Farense, então a militar na III Divisão.

6. Edgar Raposo (50 jogos) Não podia faltar um guarda-redes nesta lista. Começou a jogar futebol nas escolinhas do Sporting, mas foi no Algarve que fez praticamente toda a carreira, tendo passado pelas camadas jovens do Farense e pelos seniores de Guia, Quarteirense, Culatrense e Beira-Mar Monte Gordo antes de reforçar o Messinense a meio da época 2004-05. Importante para o crescimento da equipa, contribuiu em 2006 para a promoção à II Divisão B, patamar em que competiu pela formação de São Bartolomeu de Messines durante dois anos. Em 2006-07 atuou em 23 jogos e sofreu 29 golos, ajudando os algarvios a assegurar a permanência. Na temporada seguinte participou em 27 partidas e sofreu 37 golos, não evitando a descida à III Divisão. Após a despromoção rumou ao Campinense, a militar na III Divisão. 5. Franklim (52 jogos) Defesa central/médio defensivo internacional angola-

4. Pituca (56 jogos) Médio de baixa estatura (1,69 m) com praticamente toda a carreira feita no Algarve, começou a jogar futebol no Silves, passou pelo Imortal e chegou a jogar na II Liga ao serviço do Portimonense, antes de assinar pelo Messinense em 2006-07. Com impacto imediato na formação de São Bartolomeu de Messines, atuou em 26 jogos (todos a titular) e apontou uma mão cheia de golos em 2006-07, ajudando a assegurar a permanência. Na época seguinte participou em 30 encontros (28 a titular) e marcou quatro golos, não evitando a descida à III Divisão. Depois continuou a jogar nos campeonatos nacionais ao serviço de clubes algarvios como Lagoa, Louletano, Farense e Quarteirense. 3. Bruno Cordeiro (57 jogos) Defesa central natural de Loulé e formado no Louletano, passou ainda pelo Sil-

ves antes de chegar a São Bartolomeu de Messines no verão de 2006. Na primeira época ao serviço do Messinense disputou 25 jogos (todos a titular, em 26 possíveis) e ajudou o emblema algarvio a assegurar a permanência na II Divisão B. Na temporada seguinte foi titular em todas as 32 jornadas, mas não evitou a descida à III Divisão. Após a despromoção continuou a jogar na II B ao serviço de Lagoa e Louletano. 2. Zé Nascimento (58 jogos) Médio com todo um trajeto feito em clubes algarvios, esteve associado a várias subidas de divisão, como as do Almancilense à I Distrital em 1997 e à III Divisão em 1998, do Padernense à III Divisão em 2000 e à II B em 2001 e do Silves à II B em 2005. Em São Bartolomeu de Messines não foi diferente. Depois de uma primeira passagem em 2003-04, voltou ao clube em 2005-06 para contribuir para a subida à II Divisão B, patamar em que competiu nos dois anos seguintes. Na primeira época foi titular em todas as 26 jornadas do campeonato, ajudando a assegurar a permanência. Na temporada que se seguiu foi utilizado nos 32 encontros da prova, mas só foi titular em 28, tendo apontado dois

golos, diante de Real SC e Madalena. Após a descida à III Divisão mudou-se para o Farense.

1. Mauro (58 jogos) Disputou 58 jogos tal como Zé Nascimento, mas amealhou mais 91 minutos em campo – 4677 contra 4586. Avançado angolano de baixa estatura (1,69 m), passou pela formação de Anderlecht e Farense antes de se estrear no futebol sénior ao serviço do Almancilense em 200102. No verão de 2004 mudou-se para o Messinense, tendo alcançado a subida à II Divisão B dois anos depois. Em 2006-07 participou nas 26 jornadas (23 a titular) do campeonato da II B e apontou seis golos. Na temporada seguinte voltou a ser utilizado na totalidade das jornadas (32, 30 das quais como titular) e marcou dois golos, diante de Lusitânia e Mafra, não evitando a descida à III Divisão. Depois mudou-se para o Lagoa, continuando assim a jogar na II B. Texto e Fotos de David Pereira, publicado em “O Blog do David”. https://davidjosepereira.blogspot.com/ e reproduzido com autorização do autor.

David Pereira: Licenciado em Comunicação Social (Ramo de Jornalismo). Jornalista do Diário de Notícias com passagens por A Bola e pelo jornal O Setubalense, e antigo colaborador do Jornal do Barreiro e da Revista Futebolista.

Helena Rodrigues é Campeã da Europa de Masters e João Rodrigues é Vice-Campeão

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elena Rodrigues sagrou-se Campeã da Europa de Masters na distância de 20 Km/Marcha, obtendo a respetiva medalha de ouro. Já o atleta João Rodrigues foi medalha de prata, na difícil distância de 30 Km/Marcha ao sagrar-se Vice-Campeão da Europa de Masters. Estes dois atletas do Atletis- Clube de Atletismo de Tunes. estiveram a participar no Campeonato Europeu de Masters em Estrada Non Stadia, que decorreu no Funchal. E nas provas anteriores em que participaram também se destacaram: Helena Rodrigues classificou-se no 2⁰ Lugar na categoria F/60, sagrando-se Vice-Campeã da

Europa em Marcha Atlética na distância de 10k, obtendo a correspondente medalha de Prata. Na mesma distância, o atleta tunense João Rodrigues conquistou a medalha de bronze ao classificar-se no 3⁰ Lugar, na categoria M/60, distância de 10K em Marcha Atlética. Estes “Atletas dignificaram a nossa modalidade em representação do País, de Tunes, e do clube que representam, Atletis – Clube de Atletismo de Tunes. Uma enorme gratidão de todos os Atletas que compõem o nosso Clube, família e um grande exemplo de trabalho, dedicação e espírito de sacrifício a seguir por todos nós”, escreve o Cube na sua página de Facebook.


Novembro 2020 Terra Ruiva 13

Geral

Apresentação do livro “O Ser Invisível”

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eatriz Rosário lançou recentemente o seu livro de poesia, “O Ser Invisível”, com ilustrações do artista plástico João Sena. «Vivemos numa sociedade onde o enfoque das nossas vidas está, sobretudo, no visível, no material, na obtenção imediatista de tudo... Desejo falar-vos de um tempo antes do tempo, que nos envolve e aprisiona; de um universo paralelo ao universo da indiferença, do vazio, da solidão, do silêncio e da dor... Desejo levar-vos a lugares onde, mais que ler cada palavra com os olhos racionais, é possível ler com os olhos da Alma, é ser capaz de despertar os sentidos adormecidos, entorpecidos do nosso ser. É capacitar a nossa estrutura, acumuladora de padrões mentais e comportamentais, para ver o invisível, o que esquecemos, o que teimosamente determinámos eliminar da nossa essência, mas que nos torna perfeitamente imperfeitos, mas.... Humanos... Hoje desejo abraçar-vos e, apenas posso fazê-lo, com

as minhas palavras... Anseio ver, com cada um de vós, o invisível... e despertar deste torpor e indiferença, que nos mantém aquém de quem realmente podemos ser, se a nossa cegueira for curada… A cura está na nossa essência, no invisível do nosso ser… Guiada pelas formas e cores de pinturas realizadas pelo Artista Plástico João Sena, fui aos poucos removendo camadas que escondiam o profundo do Invisível do Ser. Numa fuga ao racional, mergulhei, serenamente, neste mistério onde respostas a inúmeras questões pululavam constantes em mim… A cada camada removida abri portas a extraordinários universos, todos eles ansiosos por serem percorridos pelas palavras que fui encontrando para descrevê-los… Dei-lhes formas e preenchi-os com aquelas cores e traços, para os poder tornar visíveis…. Entrelacei-os com as minhas próprias emoções, aguardando, expectante, que ganhassem mais sentido com as vossas próprias emoções… Convido-os a iniciarem esta

João Sena

pequena, mas intensa viagem, onde o Ser Invisível apenas o é, se o desejarmos que seja…», escreve a autora na apresentação desta obra, publicada pela Arandis Editora. A pandemia levou ao cancelamento de apresentações públicas do livro mas quem desejar adquiri-lo pode fazê-lo contactando a editora ou através do e-mail da autora: solphegyo@gmail.com. O custo do mesmo é de 20 €.

A autora, Beatriz Rosário nasceu em 1969, em Angola. Filha de um algarvio e de uma angolana veio aos quatro anos para Lagoa. Por razões familiares, fez o ensino secundário em Silves, até prosseguir os estudos na Universidade de Faro. Professora de Português e de Inglês, lecionou na EB2,3 João de Deus, em São Bartolomeu de Messines. A Arte, diz, é a sua paixão, em todas as suas vertentes.

1ª edição do Masterchef Sénior em livro

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Câmara Municipal de Silves lançou o Livro “Master Chef Sénior, made in Concelho de Silves” que reúne as receitas apresentadas pelas participantes do Concurso Masterchef Sénior que esta autarquia promoveu no ano passado. No referido concurso participaram os utentes dos Polos de Educação ao Longo da Vida do concelho, e foi nesses locais ( Silves, São Bartolomeu de Messines, São Marcos da Serra, Armação de Pêra, Pêra e Tunes) que, recentemente, foram realiza-

das as sessões de apresentação do livro. “Masterchef Sénior foi um desafio gastronómico que a Câmara Municipal de Silves lançou ao público sénior do concelho, onde cada participante pôde concorrer com uma ou mais receitas, dentro das seguintes categorias: entradas, sopas, prato de peixe, prato de carne e sobremesa. Durante a avaliação dos pratos foram tidos em conta os critérios de tradicionalidade da receita, criatividade, empratamento e gustação”, adianta a autarquia.

Exposição sobre João de Deus em São Marcos da Serra

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exposição “João de Deus - O Poeta das Letras”, inserida na programação cultural das Comemorações dos 190 Anos do Nascimento de João de Deus, vai estar patente entre 10 e 30 de novembro, no Largo da Igreja, em São Marcos da Serra. Esta mostra biobibliográfica de rua conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República. Através desta, os visitantes podem conhecer a vida e obra de uma das mais

ilustres personalidades da literatura e pedagogia portuguesas, nascida em São Bartolomeu de Messines. A exposição já esteve presente nas freguesias de São Bartolomeu de Messines (março), Armação de Pêra (julho e agosto), Alcantarilha (setembro), Algoz (outubro) estando ainda prevista a sua itinerância pela freguesia de Silves (dezembro).

O autor João Sena nasceu em Portimão, em 1972. Estudou e investigou diversas técnicas e estilos de pintura com materiais como óleo, acrílico, pastel, carvão, entre outros. Em 1997, através da exposição Conclusão...nenhuma, exibe ao público os seus primeiros trabalhos. A sua obra denota um grande fascínio pelo surrealismo de Salvador Dalí e uma obsessão em aperfeiçoar um estilo de técnicas de

Beatriz Rosário

pinturas próprias, acabando por descobrir a vasta fantasia e intensidade presente na arte. Segundo palavras suas, “nos meus trabalhos tento fazer uma auto-observação da vida e tudo o que ela envolve, pintando sonhos, mistérios e histórias”.

Câmara de Silves lançou “Guia de Oferta Educativa 2019-2020”

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Câmara Municipal de Silves lançou, mais uma vez, o “Guia de Oferta Educativa 2019-2020”, que contém toda a oferta da autarquia para este ano letivo, “nomeadamente as iniciativas e projetos dos diferentes sectores camarários e nos quais as escolas podem ser agentes ativos ao nível da dinamização das referidas ações.” “Neste documento, que reforça e complementa as propostas relativas ao “projeto das «Cidades Educadoras», a CMS (através das suas Divisões de Educação, Desporto, Juventude e Ação Social; Cultura, Turismo e Património; e Serviços Urbanos e

Ambiente) propõe um conjunto de ações, que visam a promoção de valores e temas estruturantes, procurando-se contribuir para a construção de uma cidadania plena, bem como o envolvimento de cada estabelecimento de ensino na prossecução e implementação dos eixos estratégicos do Projeto Educativo Local (PEL), nomeadamente a educação (formal e não formal), a promoção cultural; a defesa das condições existenciais que garantam a dignidade humana e o bem comum e as políticas municipais de educação”, afirma a autarquia. O documento pode ser acedido no site da autarquia.

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14 Terra Ruiva Novembro 2020

Opinião Holisticamente falando… Partilhas

O medo

Geografias do Olhar

António Guerreiro

Helena Pinto

A vida coloca-nos frente a frente com mais um período de incertezas e desafios. Enfrentamos um tempo em que o medo é o pior inimigo. Há dias partilharam comigo um conto bem pertinente para o momento atual, um conto da tradição sufi, que se intitula “Nasrudin e a Peste” e que, no espirito de partilha de contos para refletir, gostaria de vos contar. “A Peste ia a caminho de Bagdá quando encontrou Nasrudin. Este perguntou-lhe: - Aonde vais? A Peste respondeu-lhe: - A Bagdá, matar dez mil pessoas. Depois de um tempo, a Peste voltou a encontrar-se com Nasrudin. Muito zangado, o Mullah disse-lhe: - Mentiste-me. Disseste que matarias dez mil pessoas e mataste cem mil. E a Peste respondeu-lhe: - Eu não menti, matei dez mil. O resto morreu de medo.” O medo é uma reação involuntária e natural, é, numa perspetiva evolutiva e desenvolvimentista, uma adaptação. Como qualquer adaptação varia, podendo apresentar desajustamentos nos extremos da distribuição, tanto na alta como na baixa ansiedade. O cérebro é ativado involuntariamente quando é exposto a estímulos stressantes, libertando substâncias que contraem os músculos, disparam o batimento cardíaco, tornam a respiração mais ofegante, numa reação de luta ou fuga, pois está associado ao instinto de sobrevivência. Sem sentir medo não conseguiríamos sobreviver. O medo ajuda-nos a proteger e defender face a situações de perigo. Contudo, quando deixamos que a nossa mente se alimente de conteúdos demasiado alarmantes, não devidamente enquadrados, e sem uma atitude racional e bem fundamentada de análise dos mesmos, colocamo-nos num estado de maior fragilidade e sensibilidade, aumentando a probabilidade de nos deixarmos afetar física e

Patrícia Ricardo

Prof. Universitário

Psicóloga Clínica

“Consciencialização”

Linguados emocionalmente. Neste momento de pandemia global, precisamos ficar bem atentos quanto aos conteúdos com os quais alimentamos a nossa mente. Precisamos ser mais seletivos e reduzir a exposição a conteúdos demasiado negativistas e alarmistas, que não acrescentam valor ao que já se sabe. Devemos procurar alimentar a mente como alimentamos o corpo, com conteúdos nutritivos que permitam ativar o nosso lado otimista, e acreditar na capacidade individual de superação, solidariedade e fé, mantendo sempre viva a esperança. Manter a rede de amigos e familiares bem presente, mesmo que distante fisicamente. Descobrir novas formas de abraçar e expressar o afeto. Mudar a perspetiva e focar na construção de soluções, alimentando o espírito das vitórias e não das derrotas e usar isso como combustível para as ações em prol do bem-estar individual e coletivo. O momento pede introspeção, pede solidariedade. E é por isso que o momento nunca foi tão favorável para o crescimento pessoal e comunitário. A capacidade de sobrevivência do ser humano sempre aconteceu a partir da união e da partilha. As lições da história estão aí para quem quer verdadeiramente tornar-se uma melhor pessoa e fazer da sua casa, da sua terra, do seu país, do mundo, um melhor lugar e uma boa herança para as gerações futuras. “Façamos da interrupção um caminho novo. Da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro!” Fernando Sabino

Um dos serviços de refeições da ação social da Universidade do Algarve é uma cantina de grelhados, isto é, um serviço de cantina em que todas as refeições são grelhadas, peixe ou carne. As alternativas, normalmente, são duas a três de peixe ou de carne, em cada dia da semana, bem como os acompanhamentos que apresentam: arroz, branco, de cenoura ou de ervilhas, batatas, fritas ou assadas, legumes, esparregado, feijão verde ou couve flor, e salada, tradicional (todos os dias) ou algarvia (só à quinta-feira). De entre os peixes, bacalhau, chocos, lulas, carapaus e outros. Num dos dias da semana têm linguados, razoavelmente grandes, certamente de viveiro, a preços baixos, uma realidade distinta do antigamente, em que os linguados eram, naturalmente, do mar. Num destes últimos dias do mês de outubro, optei por um linguado grelhado, acompanhado de feijão verde e salada algarvia. Esta dieta é para contrabalançar com as barbaridades alimentares de outras refeições semanais. Infelizmente, não estou, intencionalmente, a fazer regime. Como diria o gordo, abaixo o regime. Enquanto comia o referido peixe, revivi um jantar em que comi pela primeira vez, em adulto, linguados, uma refeição de linguados (do mar) fritos com arroz de coentros. Há uns dezassete anos, fui com uma colega de trabalho, a minha ex-diretora Carolina, jantar num dos melhores restaurantes, da época, da praia de Faro. A dona do restaurante sugeriu-nos uns linguadinhos (do mar) fritos com arroz de coentros. Eu, em silêncio, sem mostrar qualquer espanto, fiquei basPub.

tante interrogativo, porque sempre tinha pensado que os linguados eram só para crianças, por isso nunca tinha imaginado sequer chegar a um restaurante e pedir, para uma refeição, linguados. Apesar do espanto interior, não hesitei e concordei com a recomendação da dona do estabelecimento, uma dose de linguados.

Lembro-me da minha mãe comprar linguados para cozer, acho que eram cozidos, para dar às crianças, provavelmente ao meu irmão mais novo. O elevado preço, na minha conceção teórica, e o aparente pouco sustento de um linguado eram, para mim, duas razões capitais para limitar os referidos peixes ao alimento de crianças, objeto de todas as atenções alimentares, provavelmente por ser um peixe com pouca gordura e altos níveis de ômega três. Para mim, os linguados eram, naturalmente, alimento de crianças. Vivi quarenta anos a pensar que os linguados eram alimento exclusivo para crianças e que seria inadequado um adulto deliciar-se com uma refeição de linguadinhos (do mar) fritos com arroz de coentros ou um linguado (de viveiro) grelhado, acompanhado de legumes. Acreditamos em verdades irrefutáveis desde crianças, mesmo que não seja essa a intencionalidade de quem nos apregoa estas e outras normas sociais. Aquilo que ensinamos hoje às crianças é mais forte e duradoiro do que, porventura, imaginamos. Por isso, é irrealista excluir os jovens e as crianças da discussão dos temas fraturantes da sociedade portuguesa. Essa exclusão alimenta dogmas e produz, provavelmente, falsas verdades.

Toda a tomada de consciência é identificada como uma transformação do próprio ser. A consciencialização não é nada mais, nada menos, do que tomar consciência da sua própria consciência. Onde é a mesma o leva, a que atitudes, quer verbais, quer físicas. É todo um processo de avaliação própria do ser, que faz com que tenhamos conhecimento mais preciso de um facto interno. Podendo o mesmo vir a ser alterado e adaptado às condições do momento. A consciencialização leva-nos a olharmo-nos por detrás dos olhos que vemos, ou seja, a observar a nossa visão sobre nós próprios. Deixamos a observação do exterior, e as comparações aos semelhantes, e passamos a observar na realidade quem somos, como somos. Uma vez que a interpretação da observação é mutante, nem sempre regular, podemos e devemos aplicar às nossas ações/reações aquilo que verdadeiramente nos é genuíno, sem que nos maltrate, a nós próprios e a quem nos rodeia. Assim como a aceitação das ações/reações exteriores, que é um belo exercício para a paciência e resiliência. A aceitação não quer dizer que concorde, quer dizer que consegue observar interiormente o que está a sentir no momento presente. Cada ser humano, desde o momento do seu nascimento, é interpretado por quem o rodeia, sendo atribuído um significado ao que é e ao que faz, desde o momento que começa a viver, inevitavelmente. As interpretações que são atribuídas nunca são acertadas, pois as mesmas provêm de uma observação externa de outro ser.

Partindo do princípio que a sua visão sobre si é essa interpretação que lhe fizeram, o processo a fazer para uma consciencialização profunda de si próprio e sobre si mesmo, é livrar-se dessas observações. E iniciar um processo de desenvolvimento interno para que se conheça e se reconheça a sim mesmo. Para que possa entender se se conhece verdadeiramente a si próprio, basta verificar se tem necessidade de procurar respostas, razões ou motivos externos a si. Pois ao efetuá-lo está a desacreditar a sabedoria que tem dentro de si, acabando por menosprezar as suas qualidades e capacidades internas, atribuindo o que é válido ao exterior. Todas as respostas estão dentro de si, é preciso escutar melhor o que o seu interior diz, pois tudo o que tenha a ver com as suas emoções, sentimentos e o seu caminho a prosseguir na vida, estão dentro de si. Outro dos fatores a verificar para uma melhor consciencialização, é tentar identificar se nas suas interpretações se compara com os demais. As comparações levam-nos, na maior parte das vezes, abaixo e não nos deixam evoluir. Dedique-se a si mesmo, esta é uma tarefa que se chama vida, o verdadeiro processo de cá estar a vivenciar, e todo o esforço empregue em si vale sempre a pena. Pois permite-lhe alcançar um maior grau de consciência, de independência, de liberdade e de segurança. Não negue a si próprio a oportunidade de velejar pelos desafios e o milagre mais importante - que é você mesmo. Permita-se!

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Novembro 2020 Terra Ruiva 15

Cultura

Inhuman

O

s Inhuamn formaram-se em dezembro de 1992, em Silves. Quase a celebrarem 30 anos de carreira, esta banda lançou, no dia 6 de novembro, o seu “mais ambicioso trabalho”. O novo disco chama-se “Contra”: um título forte e sugestivo para um grupo que nunca deixou de acreditar e lutar pelo seu lugar na cena heavy metal. O disco, que tem Daniel Cardoso como produtor, foi lançado pela editora Alma Mater Records (liderada por Fernando Ribeiro dos Moonspell, que se deixou enfeitiçar pela brilhante proposta da banda) nos formatos CD, LP, Cassete e Digital. “Recebidos com entusiasmo

pelos fãs e pela crítica desde “Strange Desire” (1996), ao qual se seguiu o seminal “Foreshadow” de 1998, os Inhuman sempre se destacaram da maioria pela capacidade de combinar as suas influências (Paradise Lost, Anathema) com as suas características musicais únicas, que os distinguem. CONTRA” será um dos melhores discos do ano do Metal Por-

A famosa banda de Silves regressa em força com “Contra” tuguês e marca o regresso em força da banda aos trabalhos discográficos.” “Contra” está agora disponível em todas as plataformas digitais. Para adquiri-lo em CD, LP ou Cassete pode fazê-lo através da editora Alma Mater Records. Os Inhuman formaram-se em dezembro de 1992, em Silves. A banda era constituída por Pedro Garcia (voz), João Pedro Correia (guitarra), Diogo Simões (teclas) e José Vairinhos (bateria). A primeira atuação em público foi em Silves, em outubro de 1993, e em 1995 gravaram a primeira demo-tape, num estúdio profissional, com o nome “Pure Redemption”.

As críticas a este primeiro trabalho são muito favoráveis e várias editoras, inclusive uma francesa, mostram interesse. Em 1995 surge o primeiro álbum, intitulado “Strange Desire”. Em 1997, a banda assina um novo contrato discográfico, com a União Lisboa e edita o segundo álbum: “Foreshadow”, gravado nos Square Center Studios em Nottingham,

com produção a cargo de Simon Efemey, conhecido por ter trabalhado com bandas como os Paradise Lost, Pantera, Therapy, Napalm Death ou Amorphis. No início da promoção do álbum dá-se a saída de Pedro Garcia,

substituído por Hugo Lopes (ex-Bell Witch). Com este segundo álbum, a banda de Silves alcança a fama internacional, sendo conhecida e muito apreciada pelos fãs do género (death metal). Mas o terceiro álbum, ini-

ciado em 1999, confronta-se com uma série de problemas com a editora, depois com a saída do vocalista. São gravados alguns temas mas não foram editados. Em 2002 a banda anuncia o fim. Entre 2007 e 2010 foi feita uma

tentativa de reunir de novo a banda mas não resultou. Em 2020, está de volta a banda mais famosa de Silves, com: Pedro Garcia, Rogério Sequeira, João Pedro Correia, José Vairinhos e Diogo Simões.

Este é um álbum para “mostrar a nós mesmos que ainda somos capazes” Pedro Garcia, vocalista do Inhuman

E

ste é um álbum para “mostrar a nós mesmos que ainda somos capazes de fazer algo relevante”, disse ao Terra Ruiva o vocalista da banda, Pedro Garcia, numa breve conversa sobre este momento que os Inhuman vivem. Como se formou a banda? PG: A banda formou-se em Dezembro de 1992 com um grupo de amigos que me conheciam e acabaram por me convidar para vocalista. Na altura hesitei, porque o som que eles estavam ainda a tentar fazer era um pouco extremo e o que teria que fazer era ainda desconhecido para mim. Já tinha participado noutros projetos mas com um registo vocal mais tradicional ou como teclista. Ainda assim, fomos desenvolvendo as nossas capacidades juntos e as nossas primeira atuações acabaram por ter uma excelente aceitação por parte do público. A partir daí fomos traçando objetivos e as coisas acabaram por acontecer depressa. A nossa primeira demo tape foi considerada a melhor do ano em Portugal nesse ano, por vários órgãos de comunicação especializada e a partir daí começamos a tocar por todo o

país. À medida que os nossos lançamentos se foram sucedendo a nossa notoriedade também e em poucos anos tocamos nas salas mais emblemáticas do país e tendo um reconhecimento cada vez maior. Infelizmente, houve alguma pressão das pessoas que nos rodeavam e a banda acabou por cessar atividades após algumas trocas de elementos. Qual o momento que a nível pessoal mais o marcou? Inequivocamente quando fomos gravar o nosso segundo álbum a Inglaterra. Tivemos a colaboração de um produtor bastante reconhecido a nível internacional, o que motivou até a deslocação de uma equipa da SIC à nossa sala de ensaios, na altura nos arredores de São Bartolomeu de Messines. Poucos dias depois quando nos prepará-

vamos para voar para Inglaterra, a reportagem passou no telejornal da SIC e toda a gente passou a olhar para nós de outra forma. Todo esse processo que antecedeu a gravação do álbum e própria experiência em Inglaterra constituiu o momento mais marcante para a banda. No lançamento deste novo álbum, quais as expetativas? Neste altura da nossas vidas, e uma vez que ficámos com um pouco frustrados com o fim da banda, resolvemos cumprir o sonho de gravar um terceiro álbum e mostrar a nós mesmos que ainda somos capazes de fazer algo relevante. Basicamente, e acima de tudo, este álbum é uma recompensa para nós próprios. Decidimos que a fazer, faríamos algo com qualidade e trabalhámos com o que consideramos um dos melhores produtores portugueses, o Daniel Cardoso, um músico fantástico que até há pouco tempo foi baterista e teclista de uma banda bastante conceituada internacionalmente, os ingleses Anathema. Gravado o álbum, o Fernando Ribeiro dos Moonspell, ficou bastante entusiasmado com o que ouviu e decidiu contratar-nos para a sua editora, a Alma Mater Records,

o que para nós é um reconhecimento tremendo. Ainda não sabemos como o disco irá ser acolhido por parte do público, mas estamos bastante orgulhosos do que fizemos. É um disco muito forte, tanto em termos sonoros, como líricos, uma vez que aborda temas complicados, como a religião, política e os problemas psicológicos que afetam cada vez mais a população. Está prevista a realização de alguma apresentação/ concerto em Silves? Até à data não. Temos previstas apresentações/ showcases em Lisboa e no Algarve, mas ainda nada confirmado por causa da pandemia que vivemos. Já há também convites para outras cidades do Algarve, vamos aguardar para ver como se desenvolvem as coisas. E só por curiosidade, qual a naturalidade dos restantes elementos da banda? Todos os elementos têm as suas raízes no concelho, alguns nasceram noutros pontos do país e até no estrangeiro, mas até esses vieram ainda em crianças para cá. Somos todos do concelho.

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16 Terra Ruiva Novembro 2020

Opinião Palavra puxa Palavra

Teodomiro Neto

Prof. universitário/Historiador

Memórias Breves (29) António Ramos Rosa, Numa Memória 1958, “O GRITO CLARO” encheu a pequena família cultural de Faro em curiosidade. O Poeta tinha a idade de 34 anos. Já passara uma temporada em Lisboa, em circunstâncias de viver e de trabalho: escritório. “Prisão” para um Homem de contrário à sua vida livre e aberta que a juventude permite. Já passara pelo tempo de perseguição, no encontro de juventude, em Bela-Mandil, Faro, na comemoração da Primavera da vitória na 2ª grande guerra mundial: prisão, etc. Depois, da primeira experiência de Lisboa, regressa a Faro para viver a juventude, em 1958. Vivíamos num “clima” cultural, tendo o Ciclo Cultural do Algarve, e, sobretudo, o Café Aliança, como centro plural de vivências. A PIDE era uma “circunstância”, para uma cidadezinha de poucos advogados, médicos e um número razoável de professores. O “Grito Claro” foi uma “pedrada no charco”: “Não se entende, é perigoso”, afirmavam os PIDES. Faro era considerada a terra dos “livros perigosos”. Ramos Rosa aguenta por Faro mais quatro anos. Na sua cidade vai dando aulas de explicação. Eu fui seu aluno “nocturno” na minha puberdade. O poeta-educador era muito calmo, gentil: um Senhor, numa “allure” natural. A imprensa da cidade: Semanários “O Algarve”, “Correio do Sul”, “Folha do Domingo”, num silêncio. Só o ”Correio do Sul” abre as portas à poesia do António. O diretor desse semanário era, em dúvida, um homem culto. O seu jornal estava “aberto” às publicações da melhor poesia ou prosa. Como o tempo político era contrário a toda a novidade poética ou de prosa, o silêncio era cúmplice de tudo: palavras, conferências, publicações. O Ramos Rosa era um tipo muito silencioso. A Pide chamava-lhe o “gajo”. E assim o poeta ia sobrevivendo entre explicações e poesia. Até que deixa Faro e parte para uma segunda estadia, definitiva. “Grito Claro” chega a Lisboa. Os amigos “empurraram-no” para a capital. Eu, emigrante, por decisão, mais tarde, fui lendo a sua poesia no diário francês, “Le Monde”. Um certo dia, por apoio de um colega, que me levou um poema do António a publicar no grande jornal parisiense. O Poeta havia entrado pela Europa. Dei o contributo que pude.

Dava voz à sua Poesia. Fui publicando, pela admiração, imensos títulos, que guardo e releio. Já com o país em voz de Liberdade, em Faro, entrevisto a mãe de Ramos Rosa, ( Jornal do Algarve- 13/11/1981). Fiquei conhecendo o Poeta na pura intimidade, contada pela senhora Vicência, a génese dessa vivacidade original, esse princípio básico da metamorfose do “O Grito Claro” ao “Incêndio dos Aspetos”: “Não posso adiar o amor para outro século/ não posso/ ainda que o grito sufo-

ça: Prémio Hautvillllieurs (1986); Itália: Prémio Nicola (1991); Liége: Bienal de Poesia (1992); Portugal: Prémio Nacional de Poesia Fernando Pessoa (1992). E vai recebendo Prémio PEN, Grã- oficial da Ordem de Santiago, Ordem militar de Sant´Iago de Espada. Na Primavera de 2010, estou em Faro, na reabertura do Café Aliança. Publico na “Folha do Domingo”: O Aliança reabriu em Memórias: “ Que nunca ninguém é só o seu tempo”. António encontra-se na sua cidade,

Aurélio Nuno

Engenheiro do ambiente

«Farmácia Algarve» ao serviço da comunidade messinense há 93 anos! «Farmácia Algarve» ao serviço da comunidade messinense há 93 anos! Foi por estes mesmos dias, mas de 1927, que São Bartolomeu de Messines viu inserir na imprensa regional diversos anúncios a difundir a abertura da «Farmácia Al-Gharb», uma «instalação moderna satisfazendo aos melhores requisitos da higiene». Não sabemos precisar o dia em que tão modelar estabelecimento abriu as portas,

nos nossos dias, era também ali que se adquiriam águas minerais, como Vidago, Cúria ou Pedras Salgadas. Outros tempos de outras gerações, onde o farmacêutico preparava todos os remédios na sua farmácia oficina. Graça Mira, autor de um conjunto de 10 postais ilustrados sobre S. B. de Messines, dados à estampa em 1930, mantêm-se como diretor técnico até Outubro de 1940, altura em que se fixa em Faro, para acompanhar

a qual veio a ser preenchida pela Dr.ª Maria do Rosário Silva (1933-2019), natural de Vila de Rei. Pouco tempo depois, em 1959, ocorre o matrimónio entre ambos. Francisco Vargas Mogo (1930-2002) teve um papel profícuo, multifacetado e preponderante na terra que o viu nascer, como autarca, fundando instituições, entre outras ações, mas é curioso que também o Dr. Jaime Graça Mira ocupara o cargo de presidente da Junta

certo é que aconteceu entre 20 de Novembro e 15 de Dezembro de 1927, cronologias em que o periódico «Folha de Alte» anuncia o início de atividade para breve e a posterior concretização da mesma. O director técnico da nóvel farmácia era altense, Dr. Jaime Graça Mira (18911965), com ligações familiares a Messines, à Quinta das Cortes, por parte da esposa. Licenciado em ciências físico-químicas (1920) e posteriormente em farmácia (1924) pela Universidade de Coimbra, vem a abandonar a carreira de professor liceal (Coimbra, Lisboa, Faro), para se fixar em Messines, como farmacêutico. Aqui leciona individualmente ou em classe as disciplinas do curso liceal, como professor do ensino secundário particular. Fotógrafo exímio, é também no seu estabelecimento que comercializa películas fotográficas e outros produtos AGFA. Mas se estes produtos podem parecer estranhos

os filhos no liceu, onde funda a Farmácia Graça Mira (hoje Caniné). Em S. B. de Messines assume a direção técnica do estabelecimento, até meados da década de 1950, a Dr.ª Georgina Henriques dos Santos, sendo que em 1957 o cargo era ocupado por Maria dos Santos Gamboa dos Santos. A Dr.ª Georgina, quando se retira para Portimão, trespassa o estabelecimento ao seu funcionário Francisco Vargas Mogo. Nascido em S. B. de Messines, em 1930, ingressou muito jovem na farmácia, logo após a conclusão da instrução primária. Posteriormente trabalhou como auxiliar de farmácia em Coruche, bem como na Sociedade Industrial Farmacêutica e dois anos em Faro, com Jaime Graça Mira, com o objetivo de aqui obter o estatuto de ajudante técnico de farmácia. Ainda assim, e como esta carecia de um diretor técnico, faz anunciar na imprensa nacional a vaga,

de Freguesia, entre 1935 e 1940. Por sua vez, a Dr.ª Maria do Rosário empreendeu uma carreira de professora, no Externato João de Deus, na Escola em Silves e na então C+S de S. B. de Messines, até à sua aposentação.

Ilustração : António Ramos Rosa e o Amigo Duarte Infante, no Café Aliança, 2001,

que na garganta/ ainda que o ódio estale e crepite e arda/ sob as montanhas cinzentas/ e montanhas cinzentas/ Não posso adiar/ ainda que a noite pese séculos à minha vida / nem o meu amor/nem o grito de libertação/ não posso adiar o coração. Era a “construção” da nova poesia portuguesa. A sua forte intensidade… A cidade de Faro, na sua originalidade, desconhecia a poesia do Poeta. Não o liam. Em 1997, a imprensa publica que o Poeta foi agraciado com a Grã-Cruz do Infante. A 17/10/1998, o Clube Farense, de tradições burguesas, convidava o Poeta. Mas o poeta faltou… Virá, à sua cidade, mais tarde, numa intensa atividade poética e ensaística. Foi-se disseminando em projetos editoriais como as revistas de poesia Árvore, Cassipeia e Cadernos do Meio-Dia. Foi recebendo reconhecimento internacional. Em 2003 recebe “Doutor “Honoris Causa”, pela Universidade do Algarve. Por condição de respeito à Escola, o Poeta desce a Faro. Eu publico no semanário de Faro “Algarve”23/10/2003: É preciso decifrar, na obra, a natureza específica de um desejo, de um poder, de um Génio, que procurou atingir-se a si próprio, dando nascença à obra. Esse desejo inicial, é, sem dúvida, um dos mais seguros dados que permite dar conta da junção que se verifica num acto literário. E resolve assim dialecticamente a eterna e tenaz contradição entre a coisa dita e a forma pela qual é dita. Depois vem o reconhecimento dos países que admiram o Poeta Português: Fran-

vai sentindo que o fim de aproxima. Vem matar saudades. O seu amigo, o livreiro Duarte Infante, espera-o. Têm um encontro marcado: os dois em Memórias! Que os cafés são as grandes casas das memórias… Eu que o diga! Neste Café há tantas que guardo: Desde a publicação das minhas primeiras e entrevistas: Marguerite Yourcenar, 1960; Amélia Rey Colaço,1961, e a Pide a circundar… Lembro a sua mãe afirmar: “O meu António é o génio que os grandes homens de bem têm…” Quando a visitei, a seu pedido, vivendo na sua casinha de duas peças, afirmou-me: Aqui se fez o meu Poeta, na nobreza do ser: “O sol do poema é o sol/ para lá do sol”. Recitava-me em continuidade. E eu nesse prazer em ouvir. O Diário de Notícias, 24 de Setembro 2013, publicava: “ Morreu António Ramos Rosa, poeta da palavra livre. Não era homem de poemas fáceis mas foi um dos que mais avançaram pelos abismos da língua portuguesa. Foi candidato ao Nobel, mas quase esquecido morreu ontem, aos 88 anos, nas suas palavra : O sol do poema é o sol/ para lá do sol! / O tema da minha poesia passa por uma busca de identidade. Também ando numa deriva à procura daquela outra coisa que quero encontrar e que talvez encontre, uma outra coisa que quero encontrar e que talvez encontre, uma outra coisa que está em tudo, em cada coisa, mas que ninguém vê porque existirá misturada na poeira da existência. Mas eu quero ver, tenho a preocupação de ver.”

A farmácia Algarve mantém-se na mesma família há mais de 60 anos, transitando a direção técnica para a filha, Dr.ª Margarida Vargas Mogo e depois para a neta, ou seja, a terceira geração de diretores técnicos. Recentemente a Dr.ª Margarida empreendeu uma vasta campanha de obras no prédio secular, uma intervenção feliz que manteve a graciosidade do edifício e a sua admirável cobertura de quatro águas. A caminho do centenário, a Farmácia Algarve continua a cumprir a sua função e, tal como há 93 anos, prima pela inovação e modernidade do espaço.


Novembro 2020 Terra Ruiva 17

Opinião Ciência & Ambiente

Opinião

Frederico Mestre

Ricardo Camacho

Biólogo

Arquiteto

Uma ‘Ecovia da linaria algarviana’ entre vales e planos suspensos

As certezas e incertezas da ciência

M

uitas vezes no discurso comum de todos os dias, e a respeito dos mais diversos assuntos, ouvimos dizer que “a ciência é ainda incerta!”. Pretende-se, assim, enfraquecer a posição científica.

L

ugares como a ‘Praia dos Medos’ e os sapais de Pêra, apesar da proximidade de Armação de Pêra e dos Salgados palace, dunas suites, beach villas ou palm village, mantêm até hoje uma relação privilegiada entre a paisagem estuarina das ribeiras de Alcantarilha e dos Salgados, a baía de mar e o lugar urbano. Em parte, porque se preservaram as formas de lá chegar, porque o Plano Pormenor da Praia Grande (PPPG) não avançou, porque Armação não se virou a nascente, e eventualmente porque o império de Carlos Saraiva colapsou. No século XXI, em Portugal, o delírio por passadiços e pontes suspensas, entre rios, vales e fragas, na procura de uma “segunda vida” entre propriedades de vanguarda e as novas noções de biodiversidade, poderá fazer agora chegar tudo aquilo que ficou suspenso entre a falência de uns e a rejeição ambiental do projecto por outros. O percurso de natureza da Praia Grande de Pêra e Lagoa dos Salgados foi inaugurado em 2001, com balizamento de dunas, cancelas e torres de observação. Segundo diferentes relatórios produzidos no âmbito da avaliação de impacto ambiental do PPPG, a afluência de visitas ao longo dos últimos anos tem sido elevada por parte das escolas e dos muitos agentes turísticos locais vocacionados para o turismo de natureza. No âmbito da discussão pública da Revisão do PDM de Silves em Armação de Pera, no passado dia 9 de Setembro, foi apresentada a intenção de complementar este percurso natureza com um longo passadiço de 1660m no limite interior do cordão dunar da Praia Grande de Pêra, um outro de 1620m ao longo da praia de Armação de Pêra e

Praia da Rocha

uma nova ponte sobre a ribeira de Alcantarilha com 225m. Projectos de execução de infraestrutura pública com o apoio do CRESC Algarve 2020 e no Turismo de Portugal (TP). No parecer desfavorável emitido pela CCDR em 2018, referente ao impacto ambiental do projecto de execução das infraestruturas públicas do PPPG, submetido em 2017, entre as diferentes entidades consultadas, a TP foi a que menos preocupação revelou em relação ao proposto. Compreenda-se por infra-estrutura pública, a rede de acessibilidades na superfície (estradas, passeios e passadiços) e os serviços no subsolo, como a rede de águas, esgotos e electricidade. A Aguas do Algarve no mesmo âmbito manifestou as suas preocupações com a procura de água potável no futuro e a capacidade de tratamento das águas sujas resultantes da capacidade urbanística do novo Plano (PPPG). Finalmente, ao ICNF e às entidades protectoras do ambiente restou a detalhada narrativa da conservação e propagação da linaria algarviana. Mas, e a paisagem? Quem reclama a conservação e protecção de uma paisagem sem passadiços nem pontes suspensas? Em 2019, o percurso dos Sete Vales Suspensos de Lagoa, que liga a Praia de Vale Centeanes à Praia da Marinha, ao longo de 5,7 quilómetros, recebeu o título oneroso de melhor destino para caminhadas da Europa, num ranking promovido pela European Best Destinations. Motivados por tamanha agenda estratégia para uma “segunda vida” na ‘costa Algarvia’, o departamento de projectos estratégicos do município de Lagoa, que em 2014 inaugurou 570m de passadiços, entre o Algar

Seco e as ruínas do Forte de Nossa Senhora da Encarnação, em Carvoeiro, não perdeu tempo e já se encontra a construir novas estruturas no Vale Centeanes e na Praia da Marinha. As motivações iniciais dos trilhos em proporcionar o reconhecimento da geomorfologia, da vegetação terrestre, da fauna (répteis, aves, mamíferos), da arqueologia e património sociocultural e do valor paisagístico, são hoje suplantadas por novos pavilhões para restauração e asfalto para estacionamento de praia em espaço natural. Será este o modelo que procuramos para transformar a ‘Praia dos Medos’ e parar o PPPG? Uma paisagem de ‘via-rápidas’ em madeira para bicicleta e jogging meridional? Uma vez convertido o cordão dunar da Praia Grande de Pêra em ‘via marginal’ e ‘parque urbano’ o que vai ser do Morgado das Relvas (local do PPPG)? E a praia de Armação de Pêra? Uma infra-estrutura de loteamento parcelar como aquela que trouxe à ‘Olímpica Praia’ da Rocha pavilhões ATM, skatepark, parque infantil e mais e mais ‘barracas’ da restauração? Bom, esperemos pelo projecto dos passadiços e da ponte suspensa? Esperemos que o mesmo possa ser alvo de discussão pública em sede de Estudo de Impacto Ambiental tal como outros o foram (ou não) sujeitos no passado. O futuro da ‘Praia dos Medos’ e dos sapais de Pêra está hoje suspenso pela expectativa dos passadiços e pontes que poderão ‘andar’ e trazer os milhares de turistas para os quais se preparam no passado recente projectos como os PP’s da Praia Grande e Pêra Sul, assim como outros que já em ‘marcha’, com visões de ‘vanguarda’, para a margem poente da Ribeira de Alcantarilha.

Diz-se que a ciência não está certa a respeito da eficácia das máscaras para conter transmissão de COVID-19, das causas das alterações climáticas e da própria existência de alterações, da teoria da evolução, etc. O processo científico, visto de fora, é percebido como frágil

pergunta a pergunta, não uma explicação instantânea, com todas a respostas. É um processo gradual e construtivo. Cada nova resposta levanta mil perguntas. Ao fazer-se este caminho vamos tendo algumas certezas que servirão de base para os que vêm depois. Foi esta característica que levou Isaac Newton, físico fundamental dos séculos XVII-XVIII, a dizer: “Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.”. Queria ele dizer que a sua contribuição para o conhecimento do nosso mundo poderia ser

Diz-se que ainda não se sabe ao certo se estão a ocorrer alterações climáticas e que, caso estejam, não é evidente que a responsabilidade seja nossa. É falso. Uma vasta maioria dos cientistas (mais de 98%) suporta a evidência de alterações climáticas causadas pelo Homem. Diz-se que não há certezas acerca da eficácia das máscaras para diminuir a transmissão da COVID-19. É falso. Diversos estudos têm vindo a confirmar isso mesmo. Diz-se ainda que a teoria da evolução e o criacionismo são igualmente

Isaac Newton

por quem pensa que a dúvida e a honestidade de admitir ignorância são negativas. É certamente mais simples procurar informação na internet, onde todos os tipos de certezas são despejados. Por detrás destas afirmações está geralmente uma de duas coisas: a necessidade de desacreditar uma posição científica que é relativamente unânime ou então de facto a ciência está ainda “indecisa”. Começando por este último caso, pode ser mesmo real a aparente “indecisão” da ciência, há ainda assuntos que são alvo de debate aceso. Mas, o facto de haver alguma discórdia no meio científico não revela a sua fraqueza, revela, pelo contrário, a sua força. O pensamento científico baseia-se numa série de técnicas para conseguir compreender os fenómenos do mundo natural. A ciência não floresce nos consensos, mas nos debates. Não vive da resposta, mas da pergunta. É uma busca pela verdade, passo a passo,

inovadora, que o era, mas assentava sobre o trabalho dos que vieram antes. Nada há de mais fantástico do que partir de uma situação de ignorância, caminhando para a solução e depois encontrar mais um sem-número de perguntas. Mas, dito isto, é muito frequente usar esta diversidade de visões como uma arma de descrédito. Pretende-se procurar uma falsa igualdade entre duas posições, dizendo que, na ausência de consenso, ambas as posições são válidas. Por outro lado, há também “teorias” que passam por científicas, mas nunca o foram. “Eu defendo que as máscaras não são eficazes, tu defendes que são… a ciência é incerta ainda!” Mas muitas vezes, como neste caso, as duas coisas não têm igual peso. Esta falsa igualdade aparenta sensatez, mas esconde desonestidade. Há coisas que sabemos, de certeza, que são factos ou teorias comprovadas cientificamente.

possíveis para explicar a diversidade da vida no nosso planeta. É falso. Nenhum cientista respeitável o defende. Imensas coisas no nosso dia a dia acontecem porque a evolução é um facto (como por exemplo as bactérias resistentes a antibióticos). Claro, há sempre um ou outro cientista que vai contra a corrente, por diversos motivos: está a dar opiniões sobre algo que não é a sua especialidade, quer ganhar alguma notoriedade ou tem motivações políticas ou religiosas, por exemplo. É importante dizer que, na minha opinião, não se “acredita” na ciência, não se trata de uma fé. Mas pode-se confiar na sua eficácia, na sua abordagem honesta face às dúvidas e ignorância. A sua força está no debate constante e na construção gradual de conhecimento.


18 Terra Ruiva Novembro 2020

Geral

Escritura

Convocatória

Maria Lúcia Cabrita Guerreiro Fernandes, Notária titular do Cartório Notarial de Silves, sito na Urbanização da Panasqueira, lote dois, Edifício Canoa, loja A, em Armação de Pêra, CERTIFICA, para efeitos de publicação que, por escritura de JUSTIFICAÇÃO de vinte e três de Outubro de dois mil e vinte, exarada de folhas noventa a noventa e um verso do Livro de Notas para Escrituras diversas número Cento e dois – A: DOMINGOS INÁCIO SEQUEIRA DAS DORES, NIF 100 742 866, e cônjuge MIRALDINA VITORINO GUERREIRO DAS DORES, NIF 129 111 112, casados atualmente, sob o regime imperativo da separação de bens, ambos naturais da freguesia de São Marcos da Serra, concelho de Silves, residentes em Corte Mourão, Caixa Postal 508 C, São Marcos da Serra, Silves, titulares dos respetivos cartões de cidadão números 01017386 2ZY9, válido até 21/11/2027, e 04820762 4ZY3, válido até 15/03/2022, ambos emitidos pela República Portuguesa. Que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do PRÉDIO RÚSTICO sito em Águas Velhinhas, São Marcos da Serra, na freguesia de São Marcos da Serra, concelho de Silves, composto por cultura arvense de sequeiro, horta e leitos de curso de água, com a área total de mil seiscentos e quarenta metros quadrados, a confrontar a norte e poente, com Maria José Louçã e outro, a sul com Ribeiro e a nascente com Joaquina Maria da Graça, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Silves, inscrito na respetiva matriz, sob o artigo rústico 12, da secção DJ, da referida freguesia, com o valor patrimonial, para efeitos de IMT, de €203, 46. Que este prédio, com a indicada composição, veio à posse deles, primeiros outorgantes, por volta do ano de mil novecentos e oitenta e dois, em dia e mês que não podem precisar, ao tempo casados entre si sob o regime da comunhão geral de bens, por doação verbal feita pelos pais do justificante marido, João Sequeira das Dores e Perpétua Maria, já falecidos, residentes que foram em Corte Mourão, São Marcos da Serra, Silves, não tendo, porém, sido reduzida a escritura pública este contrato. Que desde aquela data, em que se operou a tradição material do supra identificado prédio, até hoje, passaram a desfrutar o dito prédio como coisa própria, autónoma e exclusiva, dele retirando as vantagens de que é suscetível, nele efetuando as tradicionais culturas da região, colhendo e apropriando-se dos respetivos frutos, e nele praticando os atos materiais correspondentes ao direito de propriedade plena, na convicção de não lesarem o direito de outrem, pelo que possuem o dito prédio em nome próprio há mais de trinta e sete anos, sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu início, posse que sempre ambos exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento e acatamento de toda a gente. Que, assim, esta posse pública, pacífica e contínua, conduziu à aquisição do direito de propriedade do mencionado prédio por usucapião, que os primeiros invocam para justificar o seu direito de propriedade para fins de registo.

Direito de Preferência

Convoco todos os Srs. Associados do Centro Cultural e Social João de Deus de S. Bartolomeu de Messines, em pleno gozo dos seus direitos a reunirem em Assembleia Geral Ordinária, na sala de reuniões do Centro de Dia pelas 20,30 Horas do dia 26 de Novembro de 2020 com a seguinte ordem de trabalhos: Ponto um: Apreciação, discussão e votação do plano de atividades e orçamento provisional para o ano 2021 e parecer do conselho Fiscal. Ponto dois: Outros assuntos de interesse. Com base no Artº 30º dos Estatutos da Instituição, se à hora marcada na convocatória não estiver presente mais de metade dos associados com direito a voto, esta funcionará meia hora depois com qualquer número de presentes. Os documentos respeitantes a esta Assembleia Geral estão disponíveis para consulta na sede da Instituição e nos locais legalmente previstos. S. Bartolomeu de Messines, 20 outubro de 2020 O Presidente da Assembleia Geral

Comunicação para exercício do Direito de Preferência na Venda de prédio misto - Localização: Canais – freguesia de Tunes e concelho de Silves; -Descrito na Conservatória do registo predial de Silves sob os números 880/20100104, da freguesia de Tunes , concelho de Silves, inscritos na matriz predial rústico, da referida freguesia sob o artigo 78 , seção AN e na matriz urbana sob o artigo 429; Pedro Manuel Montes da Silva Lima,casado no regime de Comunhão de Adquiridos residente em Ribeiro Meirinho-Sitio da Bica Baixa cx postal 122 A 8375-075 S.B.Messines, vêm pelo presente, na qualidade de cabeça de casal dos aludidos prédios, e na impossibilidade de comunicar por via postal registada com aviso de receção por desconhecer as moradas, informar os CONFINANTES dos aludidos prédios, a saber os titulares dos prédios rústicos 75AN,76AN,77AN,110AN,109AN,111AN,112AN, 113AN,114AN,115AN,168AN,187AN,107AN,79AN,8 0AN,81AN, que pretende proceder à venda do referido prédio misto nos seguintes termos e condições:

COMPRADORES: Ralph Eugen Lenhart Jarl e Angela Catarina Orsucci PREÇO GLOBAL DA COMPRA E VENDA: 295.000€ (Duzentos e Noventa e cinco mil euros); DATA PARA OUTORGA DO NEGÓCIO: A escritura de compra e venda será outorgada no dia 23/11/2020 pelas 11 h , no Escritório da Solicitadora Dra Vanessa Vieira, sito em, Rua D. João II, n.º 10, fração C – loja 8 8365-130 Armação de Pêra

(José Vítor das Neves Lourenço)

Construções c/ Própria/Empreitadas Escritório: Rua José Falcão, 9 - r/c 8300-166 Silves - E-mail: finobral.lda@sapo.pt Pub.

Em face do exposto, e ao abrigo do disposto no artigo 1380º nº1 do Código Civil, confere-se a Vossa Excelência, a faculdade de exercer o direito de preferência no negócio acima referido, devendo, no prazo de 8 dias, conforme estipulado no nº 2 do artigo 416º do mesmo diploma legal, informar se pretende exercer o seu direito de preferência pelo preço e condições apresentadas, devendo fazê-lo por meio de carta registada com aviso de receção para a morada dos proprietários. A ausência de resposta no prazo legal será assumida como falta de interesse no exercício de tal faculdade.

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Armação de Pêra (Silves), 23 de Outubro de 2020.

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A Notária Marta Lucia Cabrita Guerreiro Fernandes Conta Registada sob o nº 2/1962/2020 (Publicado no jornal Terra Ruiva, edição nº 227, 10 de Novembro de 2020)

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Novembro 2020 Terra Ruiva 19

Geral Exposição «A toponímia na cidade de Silves”

História

Em Silves, no edifício da Câmara, encontra-se patente a Exposição do Arquivo Municipal com o tema «A toponímia na cidade de Silves”. O Terra Ruiva colabora com esta iniciativa do Arquivo Municipal publicando um resumo da exposição. A versão integral, com o texto e as imagens, estará disponível no nosso site.

Vera Gonçalves

Téc. Superior do Arquivo Municipal

A toponímia na cidade de Silves 3. A toponímia no Estado Novo

A

28 de maio de 1926 deu-se o golpe sob o comando do general Gomes da Costa, que instituiu a Ditadura Militar, um regime autoritário que substituiu a I República e a partir do qual se estruturou o Estado Novo. Em Silves, no que respeita à denominação das artérias da cidade, o Estado Novo não fez grandes mudanças toponímicas a nível ideológico, como na I República, mas avançou, essencialmente, com a reposição de alguns topónimos tradicionais e a valorização de um cunho historicista, registado na celebração de diversas figuras históricas e de grande relevo para a história da cidade. Neste sentido as duas primeiras mudanças consistiram na atribuição do topónimo Al-Motamid à rua das Muralhas, em homenagem a um dos maiores poetas que viveu em Silves, todavia a rua nunca foi conhecida por esta nomenclatura. E deu ao Largo João de Deus o seu antigo nome, de Praça do Pelourinho, por melhor significar a sua tradição histórica. A 13 de junho de 1932 o presidente da Comissão Administrativa, Afonso Gomes Barroso propôs a alteração de nomes de três artérias: “que seja dado o nome de Rua Douctor Oliveira Salazar, eminente estadista e financeiro à Rua do Soldado Desconhecido Portuguez”, consagrando uma das figuras cimeiras do Regime, enquanto as outras duas denominações prendem-se à larga tradição histórica da cidade de Silves: “que a actual Rua Joaquim António d’ Aguiar passe a ter a antiga denominação da Rua da Sé” , “nome histórico que trás ao pensamento a criação da Sé

nação, na reunião camarária de 14 de outubro de 1955, o presidente da edilidade silvense, Carlos Alberto Lucas de Lança Falcão voltou a propor esta mesma denominação “que ao largo fronteiro aos Paços do Concelho, denominado “Largo João de Deus” seja dado o nome de “Praça do Município” designação pela qual é vulgarmente conhecido” .

Rua da Sé, Rua Portas de Loulé e Rua da Cadeia

episcopal por D. Sancho I que para ela nomeou Primeiro Bispo D. Nicolau e que em Silves se conservou até à transferência definitiva para a cidade de Faro no tempo, em que foi bispo D. Jerónimo Osório” e por sua vez “que à actual Rua Douctor Manuel d’ Arriaga seja dado o nome de Rua D. Afonso III” , “considerando que a conquista definitiva de Silves no reinado de D. Afonso III é facto importantíssimo não só para a história local mas nomeadamente para a historia nacional (…) foi precedida dum sangrento combate junto à porta d’ Azóia que segundo informação dos homens antigos ficava no alto da actual Rua Dr. Manuel de Arriga, antiga Rua de Pão de Ló”. Dois anos depois, sob a presidência de João Azevedo Zuzarte Mascarenhas prosseguiram as alterações toponímicas respeitando a tradição e a história da cidade: mudando a denominação do atual Largo Marquês de Pombal, que até há duas décadas era conhecido como

Largo da Sé, para Largo D. Jerónimo Osório, o mais notável Bispo de Silves. Considerando que na rua Victor Hugo há cerca de meio século se realizou o primeiro comício republicano de Silves, na varanda da casa que pertenceu a Gregório Mascarenhas (atual Associação de Regantes), seja atribuído o nome do primeiro Presidente da República Portuguesa: Rua Dr. Manuel de Arriaga . Foi ainda deliberado que a artéria designada por Travessa do Arco “passe a nomear-se por Travessa da Porta da Cidade, que é mais consentâneo com a verdade histórica da cidade” . Na sessão seguinte, nova mudança “que a artéria desta cidade actualmente designada “Rua das Muralha” passasse a denominar-se “Rua Sidónio Pais”, nome pelo qual já foi designada, todavia nesta artéria estas alterações revelaram-se inúteis, pois o topónimo antigo, Rua das Muralhas, continuou a ser usado em detrimento do

Rua das Portas da Cidade

novo, demonstrando o seu enraizamento na comunidade. Dez anos depois, sob a presidência de Salvador Gomes Vilarinho, foi proposto a mudança de mais três nomes de rua: “considerando que não existe na cidade qualquer rua com o nome daquele que tanto contribuiu para a sua conquista aos Mouros, proponho que à rua que desce para a Senhora dos Mártires, paralela à Rua Dom. Afonso III, actualmente Rua Heliodoro Salgado, seja dado o nome “Rua Dom Paio Peres Correia””; “considerando que todo o Algarve e nomeadamente o concelho de Silves muito ficou devendo ao ilustre algarvio, quando Governador Civil, Capitão João de Sousa Soares, proponho que a actual Travessa João de Deus passe a denominar-se “Rua Capitão João Soares”” e por último “que ao Largo João de Deus seja dado o nome tradicional de “Praça do Município””. Relativamente a esta última desig-

Em 1945 foi determinado que o jardim se designasse Jardim de 28 de Maio, porém, três anos depois, ficou decidido passar a ser denominado por Jardim Engenheiro Cancela de Abreu, ficando o largo com a mesma denominação. Na mesma data foi igualmente deliberado “que a nova avenida em frente das escolas incluídas no plano dos centenários, em construção em frente do jardim Engenheiro Cancela de Abreu, seja denominada “Avenida Marechal Carmona”” . Na primeira reunião presidida por Carlos Alberto Lança Falcão, realizada a 22 de julho de 1955, assinalando-se “o primeiro aniversário do brutal e vil atentado contra o território de Dadrá no Estado Português da Índia, esta Câmara Municipal, curva-se respeitosamente perante os mártires que ali tombaram heroicamente em defesa da soberania nacional, da honra da Pátria e da civilização ocidental e cristã” e como homenagem foi deliberado atribuir o nome de Rua dos Heróis de Dadrá ao arruamento que se encontrava a abrir, junto ao edifício dos Correios e que liga as ruas Coronel Galhardo e João de Deus.

Sob a presidência de Salvador Gomes Vilarinho prosseguiram as alterações toponímicas que afetaram meia dezena de artérias da cidade: em 1966, atribuiu-se à ponte nova de Silves, sobre o rio Arade, o nome de Ponte Engenheiro Arantes d’Oliveira, em homenagem ao Ministro das Obras Públicas; em 1969, a atual Rua Joaquim António de Aguiar retomou a sua primitiva denominação de Travessa da Cató e à praceta situada a nascente do Bairro de casas de renda económica foi dado o nome de Praceta Gil Eanes. Em 1970, foi concedido ao arruamento situado entre a Rua Serpa Pinto e o Largo da Feira o nome de Rua Julião Quintinha, homenageando o ilustre silvense, e dois anos depois foi ratificado o último topónimo deste período, passando a Rua Dr. João de Meneses a denominar-se Rua Eng.º Sebastião Ramires, em homenagem a este estadista que legou à Nação uma relevante obra, tanto no campo da indústria como no da agricultura. Em 1973 o executivo silvense deliberou “substituir todas as placas de identificação de ruas desta cidade por novas placas de mármore”, bem como foram propostos os nomes do Pintor Samora Barros e do Dr. Nobre de Oliveira para futuros arruamentos, o que acabou por se concretizar já depois da revolução de abril. Uma das formas de manutenção é coexistir na mesma placa o nome antigo a par do atual, sendo uma opção com consciente sentido histórico do papel fundamental da toponímia na vida das povoações.

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Campanha “Lixo Zero- Ambiente 100”

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Câmara Municipal de Silves está a desenvolver, desde maio de 2019, a campanha “Lixo Zero – Ambiente 100” e, nesse âmbito, relembra que tem ao seu dispor o serviço de recolha de Monos e Resíduos Verdes de forma gratuita até à quantidade limitada em Regulamento Municipal. Este serviço é prestado pela Autarquia em conjunto com as Juntas e Uniões de Freguesia do concelho. Esta é mais uma iniciativa associada à campanha “Lixo Zero 0 – Ambiente 100”, e pretende sensibilizar todos os participantes para a necessidade de redução do lixo e diminuição da pegada ambiental. Os resíduos vulgarmente abandonados no espaço pú-

blico, como colchões, eletrodomésticos e mobílias velhas, constituem contraordenação grave punível por lei, de acordo com o Regulamento Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos e Higiene Urbana. A recolha de monos e resíduos verdes, pela Câmara Municipal ou juntas de freguesia, pode ser requerida através dos seguintes números: Alcantarilha_282 322 506 / Algoz/Tunes_282 574 385 / Armação de Pêra_ 282 310 800 Pêra_282 313 894 / São Bartolomeu de Messines_282 339 136 / São Marcos da Serra_ 282 361 118 /Silves_ 282 440 861.

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