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OBJETIVO. Identificar situações eticamente conflituosas vivenciadas pelos estudantes de medicina da UERJ e dar subsídios a novos conteúdos de bioética a serem introduzidos no currículo. MÉTODOS. Realizamos um estudo observacional tipo... more
OBJETIVO. Identificar situações eticamente conflituosas vivenciadas pelos estudantes de medicina da UERJ e dar subsídios a novos conteúdos de bioética a serem introduzidos no currículo. MÉTODOS. Realizamos um estudo observacional tipo cortetransversal com estudantes de medicina dos dois últimos anos do curso, período em que se encontram no estágio prático do internato. Os alunos responderam a um questionário com dados pessoais e perguntas abertas a respeito de situações conflituosas do ponto de vista da ética e como estas foram solucionadas e uma questão sobre os temas de ética que gostariam de ver contemplados no currículo médico. RESULTADOS. Cerca de 70% dos alunos (n=128) responderam ao questionário e reportaram situações e sugestões INTRODUÇÃO O desenvolvimento e a crescente incorporação de tecnologias aplicadas à saúde trazem para os profissionais que atuam na área situações e questionamentos sobre os quais não existe uma reflexão sedimentada em suas corporações. Particularmente para os médicos, que muitas vezes são instados a tomarem decisões em um momento determinado, a falta de uma diretriz a ser seguida leva a tomarem decisões baseadas apenas em seu bomsenso. A falta desta diretriz consolidada é a expressão da crise do paradigma da ética médica tradicional, essencialmente deontológica, sustentada nos deveres, considerados absolutos, da não maleficência e da beneficência, que é incapaz de oferecer soluções a muitas das novas situações que se apresentam1. Como afirmam Almeida e Schramm2, vivemos um período de transição paradigmática no campo da ética médica, com dois paradigmas competindo, o deontológico e o da bioética. envolvendo uma grande variedade de temas éticos, que, em sua maioria, não está incluída no currículo desta escola. Os conflitos identificados e sugeridos foram catego rizados em três grandes grupos: situações do aprendizado da medicina; situações relacionadas à prática médica com o pa ciente; e situações que envolvem questões legais e políticas de atendimento à saúde. CONCLUSÕES. É fundamental que esses conteúdos sejam contemplados no currículo médico para que os profissionais do futuro estejam aptos a dar soluções aos novos desafios que se apresentam na atenção à saúde da população.
Death is an implicit subject in both health practice and health professionals’ training. There is a tendency by health professionals to reduce this analysis merely to technical aspects. This paper analyzes the importance of adopting... more
Death is an implicit subject in both health practice
and health professionals’ training. There is
a tendency by health professionals to reduce this
analysis merely to technical aspects. This paper
analyzes the importance of adopting quality
care at the end of life as a guide for public health
care.We highlight relevant aspects for training
health professionals to respect moral differences
and to be prepared to discuss their own points
of view.
The purpose of this article is to discuss some ethical aspects arising in the conducting and communication of medical research in the Brazilian context, and to propose actions that can control or mitigate some reprehensible behaviors. We... more
The purpose of this article is to discuss some ethical aspects arising in the conducting and communication of medical research in the Brazilian context, and to propose actions that can control or mitigate some reprehensible behaviors. We present some typical cases that have populated the pages of scientific journals and the press, showing academic fraud and setting society in conflict with scientists, who now need to demonstrate their trustworthiness. How can we consider the development of science if what is disclosed on the topic can be manufactured or made up; that is to say, if this content is not reliable? Several responses can be found today. For example, some publishers are imposing new guidelines for research funding agencies or research institutions to engage in mechanisms to prevent fraud and promote good research practices. The goal of these measures is to ensure that research results being funded or produced under their auspices are reliable. In this article, we make an incursion into the process of production of technological knowledge—through the stages of financing, production itself, and dissemination—in an effort to identify the factors that can lead to misconduct. In the investment stage, the socioeconomic and political context is important in evaluating what should be researched, and with what goals. We discuss aspects such as coloniality and investment in ST&I, among others. Our conclusion is that the discussion on research integrity must go beyond aspects related to the researcher’s personal and professional ethics.
Resumo: O presente artigo se propõe a discutir as muitas complexidades envolvidas na incorporação de novas tecnologias em saúde para doenças raras, tomando como foco central da discussão o caso da fibrose cística. Tal escolha acontece por... more
Resumo: O presente artigo se propõe a discutir as muitas complexidades envolvidas na incorporação de novas tecnologias em saúde para doenças raras, tomando como foco central da discussão o caso da fibrose cística. Tal escolha acontece por ser essa uma doença rara, genética, autossômica recessiva, considerada a mais comum entre as doenças raras. Também por ser uma doença que tem se beneficiado imensamente dos investimentos em pesquisa no campo da biologia molecular, feitos principalmente nos Estados Unidos, mas também em grupos de pesquisa europeus que resultaram no registro e comercialização de quatro novos medicamentos. Esses novos fármacos atuam, pela primeira vez, no defeito básico da fibrose cística. Numa perspectiva que entende as doenças raras como um campo de pesquisa tecido entre muitos outros, o presente texto tenta problematizar, com base em uma perspectiva mais centrada nas pessoas com fibrose cística, a dualidade de testemunhar de longe a molecularizaçao da vida, o surgi...
Introdução: É fato que os avanços pedagógicos na formação profissional em saúde não resultaram em melhor qualidade do cuidado, entretanto o trabalho em saúde como fonte para a formação e para a conscientização do preceptor como... more
Introdução:
É fato que os avanços pedagógicos na formação profissional em saúde não resultaram em melhor qualidade do cuidado, entretanto o trabalho em saúde como fonte para a formação e para a conscientização do preceptor como profissional de saúde-educador aparece como um caminho.

Desenvolvimento:
Tendo como base o envolvimento nas atividades cotidianas do trabalho, o preceptor oferece oportunidades de ensinagem; planeja, controla e guia o processo; estimula o raciocínio e a postura ativa do aluno; realiza procedimentos técnicos; modera a discussão de casos; observa, avalia o aluno executando suas atividades e analisa o seu desempenho; aconselha e cuida do crescimento profissional e pessoal do acadêmico; colabora na identificação de problemas éticos e em suas possíveis soluções; e estabelece os limites e cria possibilidades do uso da inteligência artificial.

Conclusão:
O preceptor - docente-clínico - transforma o ambiente de trabalho em momentos educacionais propícios, objetivando oferecer melhor cuidado à saúde da população.
Introduction: It is a fact that the pedagogical advancements in professional healthcare education have not resulted in better quality of care. However, healthcare work as a source for a preceptor's education and awareness as an... more
Introduction: It is a fact that the pedagogical advancements in professional healthcare education have not resulted in better quality of care. However, healthcare work as a source for a preceptor's education and awareness as an educator-healthcare provider rises as a path to follow. Design: Based on the involvement in daily work activities, a preceptor offers teaching opportunities; plans, controls and guides the process; stimulates the student's reasoning and active attitude; performs technical procedures; moderates case discussions; observes, assesses a student performing their activities and analyzes their performance; advises and supervises a student's professional and personal growth; collaborates in the identification of ethical problems and their possible solutions; and sets limits and creates possibilities for the use of artificial intelligence. Conclusion: A preceptor-a clinical teacher-turns the work environment into appropriate educational moments to provide better healthcare to the population.
"Abstract: Introduction: The Covid-19 pandemic surprised even the most economically developed nations. The surprise was not the emergence of a new pandemic, which was already on the horizon of the most attentive health professionals, but... more
"Abstract:
Introduction: The Covid-19 pandemic surprised even the most economically developed nations. The surprise was not the emergence of a new pandemic, which was already on the horizon of the most attentive health professionals, but its intensity and effects in all countries, even the richest ones. In terms of response, although initiatives such as the COVAX Mechanism (WHO) were encouraged by everyone, they were not sufficient to guarantee minimally fair conditions for responses to the pandemic around the world. Objective: to critically analyze the experience of the COVAX Facility project as an international solidarity project. Discussion: The effects of colonial and neocolonial exploitation and coloniality preserve injustices in political relations and prevent a fairer distribution of resources to combat the pandemic. Pandemics such as Covid-19 have exposed the exploitative nature of globalization: the circulation of goods, people and services around the world generates a vector of capital accumulation directed at central countries, and its effects, for example, the spread of infectious diseases with high infectivity, they penalize the poorest countries even more. Inequalities in access to vaccines and health services between countries are unfair and constitute fertile ground for new viral strains that can be even more transmissible and of greater severity. Final considerations: The social determinants of the health and disease process must be considered when planning responses to health emergencies, both locally and internationally, recognizing that the protection of citizens and communities must be recognized as an ethical imperative. The Anthropocene is a reality, and it is necessary to take care of the planet as a whole, with effectively solidary actions, in terms of reflective solidarity as Dean
suggests, if we want to avoid collapse."
Introduction: The Covid-19 pandemic surprised even the most economically developed nations. The surprise was not the emergence of a new pandemic, which was already on the... more
Introduction: The Covid-19 pandemic surprised even the most economically developed nations. The surprise was not the emergence of a new pandemic, which was already on the horizonofthemostattentivehealthprofessionals,butitsintensityandeffectsinallcountries, even the richest ones. In terms of response, although initiatives such as the COVAX Mechanism (WHO) were encouraged by everyone, they were not sufficient to guarantee minimally fair conditions for responses to the pandemic around the world. Objective: to critically analyze the experience of the COVAX Facility project as an international solidarity project.Discussion: The effects of colonial and neocolonial exploitation and coloniality preserve injustices in political relations and prevent a fairer distribution of resources to combat the pandemic. Pandemics such as Covid-19 have exposed the exploitative nature of globalization: the circulation of goods, people and services around the world generates a vector of capital accumulation directed at central countries, and its effects, for example, the spread of infectious diseases with high infectivity, they penalize the poorest countries even more.Inequalitiesinaccesstovaccinesandhealthservicesbetweencountriesareunfairand constitute fertile ground for new viral strains that can be even more transmissible and of greater severity. Final considerations: The social determinants of the health and disease process must be considered when planning responses to health emergencies, both locally and internationally, recognizing that the protection of citizens and communities must be recognizedasanethicalimperative.TheAnthropoceneisareality,anditisnecessarytotake care of the planet as a whole, with effectively solidary actions, in terms of reflective solidarity as Dean suggests, if we want to avoid collapse

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Este texto é uma versão editada da intervenção que fiz no evento promovido pelo projeto Ghente sobre o uso de células tronco em pesquisas. Embora tenha procurado minorar esta condição mediante a adaptação de algumas das expressões usadas... more
Este texto é uma versão editada da intervenção que fiz no evento promovido pelo projeto Ghente sobre o uso de células tronco em pesquisas. Embora tenha procurado minorar esta condição mediante a adaptação de algumas das expressões usadas então à linguagem escrita, preservei a característica geral de uma palestra, sem citações ou referências bibliográficas. As que apresento aqui são as que referi na oportunidade. Assim, iniciando com uma discussão um pouco conceitual sobre moral e ética, situo a ética em pesquisa no âmbito da Bioética e apresento de forma breve um pouco de sua história. Em seguida ao identificar a questão central na discussão moral sobre o uso de células-tronco embrionárias, defendo a importância do diálogo permanente entre todos os afetados.
Baliza teoricamente as principais tendências da sociologia das profissões e parte para o exame de situações concretas de ramos determinados de atuação tais como: medicina, enfermagem, farmácia e odontologia, contextualizados histórica e... more
Baliza teoricamente as principais tendências da sociologia das profissões e parte para o exame de situações concretas de ramos determinados de atuação tais como: medicina, enfermagem, farmácia e odontologia, contextualizados histórica e socialmente. O conjunto de textos apresenta uma rica diversidade de aspectos trabalhados, permitindo uma melhor compreensão do processo de profissionalização em saúde, formação profissional, organização corporativa, além do papel do Estado no cenário das profissões, entre outros. Contribui para a análise da multiprofissionalidade presente na implantação do SUS, pois permite perceber as singularidades das profissões de saúde.
Quem são os médicos, hoje, em nosso país? De onde vêm, o que pensam, como trabalham e em que condições? Recebem devidamente? A recente pesquisa "Perfil dos Médicos no Brasil", sediada na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca... more
Quem são os médicos, hoje, em nosso país? De onde vêm, o que pensam, como trabalham e em que condições? Recebem devidamente? A recente pesquisa "Perfil dos Médicos no Brasil", sediada na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), buscou responder a todas estas indagações. Este livro analisa os dados oriundos daquela pesquisa. Para melhor tratá-los, os autores apoiaram-se na teoria sociológica e em sólida base empírica, diagnosticando de maneira clara e consistente a situação atual desses profissionais. Torna-se, assim, referência básica e obrigatória para planejadores, gestores e pesquisadores da saúde, especialmente os que necessitam compreender aspectos sociodemográficos, formação profissional, mercado de trabalho, ética e organização social e política da corporação médica.
- Relato pessoal de experiência de aborto clandestino
Competência bioética do profissional na assistência materno-infantil. In: SCHRAM, FR., and BRAZ, M., orgs. Bioética e saúde: novos tempos para mulheres e crianças? [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005. Criança, mulher e saúde... more
Competência bioética do profissional na assistência materno-infantil. In: SCHRAM, FR., and BRAZ, M., orgs. Bioética e saúde: novos tempos para mulheres e crianças? [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005. Criança, mulher e saúde collection, pp. 81-104. ISBN: 978-85-7541-540-5. Available from: doi: 10.747/9788575415405. Also available in ePUB from: http://books.scielo.org/id/wnz6g/epub/schramm-9788575415405.epub
Trata-se da apresentação de alguns dados da pesquisa "A formação ética dos médicos: o estágio extracurricular em questão", realizada pelo autor em 1994. O texto discute o comportamento de estudantes e questiona o que as escolas médicas... more
Trata-se da apresentação de alguns dados da pesquisa "A formação ética dos médicos: o estágio extracurricular em questão", realizada pelo autor em 1994. O texto discute o comportamento de estudantes e questiona o que as escolas médicas oferecem, bem como o que oferecem os hospitais, públicos e privados que recebem estudantes para estágio.
Do livro: Ética, saúde e sociedade: desafios da bioética. Publicado pela Ed Vozes. Org por Marisa Palácios, André Martins e Olinto Pegoraro. pp108-133
O artigo discute as ideias conceituais de competência ética e competência moral e sua aplicação na Educação. SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros REGO, S., PALÁCIOS., and SCHRAMM, FR. Competência bioética do profissional na... more
O artigo discute as ideias conceituais de competência ética e competência moral e sua aplicação na Educação.
SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros REGO, S., PALÁCIOS., and SCHRAMM, FR. Competência bioética do profissional na assistência materno-infantil. In: SCHRAM, FR., and BRAZ, M., orgs. Bioética e saúde: novos tempos para mulheres e crianças? [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005. Criança, mulher e saúde collection, pp. 81-104. ISBN: 978-85-7541-540-5. Available from: doi: 10.747/9788575415405. Also available in ePUB from: http://books.scielo.org/id/wnz6g/epub/schramm-9788575415405.epub All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0.
Trata-se de um capítulo do livro "Educação Médica, gestão, cuidado, avaliação", organizado por João José Neves Marins e Sergio Rego e publicado pela Hucitec em 2011. Neste capítulo exploramos a relação entre ambiente de... more
Trata-se de um capítulo do livro "Educação Médica, gestão, cuidado, avaliação", organizado por João José Neves Marins e Sergio Rego e publicado pela Hucitec em 2011. Neste capítulo exploramos a relação entre ambiente de ensino-aprendizagem e as possibilidades de desenvolvimento moral, amparados pela teoria de Georg Lind, alicerçada na teoria de Jean Piaget e Lawrence Kohlberg.
Research Interests:
O objetivo deste capítulo é trazer para a discussão das zonas de atrito entre diferentes convicções nas práticas de saúde, uma perspectiva que seja mais do que tolerante com as diferenças, mas respeitosas com essas diferenças, sejam quais... more
O objetivo deste capítulo é trazer para a discussão das zonas de atrito entre diferentes convicções nas práticas de saúde, uma perspectiva que seja mais do que tolerante com as diferenças, mas respeitosas com essas diferenças, sejam quais forem, na discussão sobre problemas morais, especialmente naqueles relacionados com a saúde, individual, coletiva ou ambiental. Como Raymundo e Martinez afirmaram “a busca pelo respeito da pluralidade em termos de diversidade cultural, étnica, religiosa, filosófica, de crença, de não crença, de convicções, de opções sexuais, enfim, de diferentes formas de liberdade de consciência, torna-se cada vez mais necessária”. Entendemos que, para tal, a adoção de uma perspectiva laica é necessária para que a aceitação e o respeito às diferenças possam ocorrer, sem que intimamente se tente constranger o outro a adotar seus valores ou princípios.
Entrevista ao jornalista Aydano André Motta. 03/05/2021
Interview with journalist Aydano André Motta.
Neste ensaio os autores discutem possíveis entendimentos relacionados às reações ao fato do Brasil ter atingido a marca dos 100 mil óbitos pela Covid-19
Ensaio sobre a responsabilidade ética da prescrição da cloroquina para o tratamento da Covid-19 à luz do Parecer do CFM sobre o assunto.
A atual pandemia de COVID-19-enfermidade infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2 (novo coronavírus)-tem contribuído para a emergência de uma realidade distópica, digna de uma obra de ficção científica.
As Comissões de Bioética Hospitalar, em suas origens, visavam auxiliar os profissionais naquelas situações limite do setting clínico, em especial nas situações de fim de vida, facilitando as decisões, algumas delas também conhecidas no... more
As Comissões de Bioética Hospitalar, em suas origens, visavam auxiliar os profissionais naquelas situações limite do setting clínico, em especial nas situações de fim de vida, facilitando as decisões, algumas delas também conhecidas no campo da Bioética como "Escolhas de Sofia".
A Pandemia de COVID-19 tem produzido diversas narrativas sobre sua trajetória, desenvolvimento, controvérsias, entre outras. Neste sentido, já está em disputa entre historiadores, analistas políticos, epidemiologistas e teóricos de várias... more
A Pandemia de COVID-19 tem produzido diversas narrativas sobre sua trajetória, desenvolvimento, controvérsias, entre outras. Neste sentido, já está em disputa entre historiadores, analistas políticos, epidemiologistas e teóricos de várias origens e correntes epistemológicas, uma versão dominante e estável dessa pandemia que trouxe ao mundo modificações inimagináveis e que contrariam o status quo do mundo moderno impondo a todos uma "nova ordem mundial". Acontece que a produção discursiva sobre a COVID-19 e suas consequências, como qualquer outro fenômeno social, encontra-se imersa em enredamentos políticos, científicos, econômicos, morais e culturais. Trata-se de um fenômeno complexo, híbrido e de consequências práticas e morais concretas na vida das pessoas, na implementação de políticas e iniciativas de contenção da transmissão do Sars-Cov-2 e tratamento de suas manifestações, bem como nas decisões de ordem ética no cotidiano dos serviços de saúde.
Entender o racismo como determinante de saúde é fundamental. E neste momento em que atravessamos a pandemia da Covid-19 tal compreensão torna-se uma necessidade urgente, sob pena de enfrentarmos impactos ainda mais austeros sobre a saúde... more
Entender o racismo como determinante de saúde é fundamental. E neste momento em que atravessamos a pandemia da Covid-19 tal compreensão torna-se uma necessidade urgente, sob pena de enfrentarmos impactos ainda mais austeros sobre a saúde e as condições de vida de populações historicamente afetadas pelas desigualdades, inclusive em saúde. Fernanda Lopes (2005) afirma que as pessoas negras têm seu "direito natural de pertencimento" negado e excluído, e isto vai determinar "condições especiais de vulnerabilidade", produzindo, consequentemente, uma "inserção social desqualificada, desvalorizada (vulnerabilidade social)" e a "invisibilidade de suas necessidades reais nas ações e programas de assistência, promoção de saúde e prevenção de doenças (vulnerabilidade programática)"; desta forma, "mulheres e homens negros vivem em um constante estado defensivo" (p.9). Assim, para a autora, "essa necessidade infindável de integrar-se e, ao mesmo tempo, proteger-se dos efeitos adversos da integração, pode provocar comportamentos inadequados, doenças psíquicas, psicossociais e físicas (vulnerabilidade individual)" (p. 9). Ao refletir sobre a relevância em considerar a relação "entre racismo e vulnerabilidades em saúde", enfatizada por Werneck (2016, p. 537), compreendemos que é preciso retomar duas ações importantes levadas a cabo pelos movimentos negros, dentre estes notadamente mulheres e profissionais de saúde: a consolidação da discussão sobre o racismo institucional e seus efeitos sobre o pensar e a prática em saúde, e a proposição da coleta e o preenchimento obrigatório do quesito raça/cor nos sistemas de informação do SUS. Tais ações são fundamentais sob a perspectiva dos esforços para a implementação integral da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), por meio da Portaria GM/MS nº 992, de 13 de maio de 2009. Racismo Institucional No Brasil têm sido fundamentais os empreendimentos para a compreensão do racismo institucional, entendido como "dificuldades enfrentadas para a efetivação do direito à saúde da população negra nas três esferas governamentais-acesso, acolhimento no SUS, financiamento/orçamento" (BRASIL, 2012, p. 11). O termo foi primeiramente conceituado por Carmichael e Hamilton (1967, p. 4) como, "a falha coletiva de uma organização em prover um serviço apropriado e profissional às pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem étnica". Werneck (2016, p. 541-542) define racismo institucional como "a dimensão mais negligenciada do racismo", (...) "correspondendo a formas organizativas, políticas, práticas e normas que resultam em tratamentos e resultados desiguais"; adicionalmente, este é também compreendido como "racismo sistêmico e [que] garante a exclusão seletiva dos grupos racialmente subordinados, atuando como alavanca importante da exclusão diferenciada de diferentes sujeitos nesses grupos". Num sentindo mais amplo, em tempos de Covid-19 admitir o racismo institucional que impacta o acesso e o atendimento nos serviços de saúde, implica em estarmos todos atentos para as corriqueiras discriminações que são barreiras ao atendimento adequado das populações negras e indígenas. A diferença entre brancos, negros e indígenas no atendimento em saúde é revelada também nos números da pandemia. Para se ter uma ideia da importância da coleta dos dados por raça/cor no Brasil e que dimensões da realidade em saúde estamos deixando de apreender e evidenciar na ausência e/ou precarização da coleta destes dados, destacamos algumas informações acerca da situação no Brasil.
Entender o racismo como determinante de saúde é fundamental. E neste momento em que atravessamos a pandemia da Covid-19 tal compreensão torna-se uma necessidade urgente, sob pena de enfrentarmos impactos ainda mais austeros sobre a saúde... more
Entender o racismo como determinante de saúde é fundamental. E neste momento em que atravessamos a pandemia da Covid-19 tal compreensão torna-se uma necessidade urgente, sob pena de enfrentarmos impactos ainda mais austeros sobre a saúde e as condições de vida de populações historicamente afetadas pelas desigualdades, inclusive em saúde. Fernanda Lopes (2005) afirma que as pessoas negras têm seu "direito natural de pertencimento" negado e excluído, e isto vai determinar "condições especiais de vulnerabilidade", produzindo, consequentemente, uma "inserção social desqualificada, desvalorizada (vulnerabilidade social)" e a "invisibilidade de suas necessidades reais nas ações e programas de assistência, promoção de saúde e prevenção de doenças (vulnerabilidade programática)"; desta forma, "mulheres e homens negros vivem em um constante estado defensivo" (p.9). Assim, para a autora, "essa necessidade infindável de integrar-se e, ao mesmo tempo, proteger-se dos efeitos adversos da integração, pode provocar comportamentos inadequados, doenças psíquicas, psicossociais e físicas (vulnerabilidade individual)" (p. 9). Ao refletir sobre a relevância em considerar a relação "entre racismo e vulnerabilidades em saúde" enfatizada por WERNECK (2016, p. 537), compreendemos que é preciso retomar duas ações importantes levadas a cabo pelos movimentos negros, dentre estes notadamente mulheres e profissionais de saúde: a consolidação da discussão sobre o racismo institucional e seus efeitos sobre o pensar e a prática em saúde, e a proposição da coleta e preenchimento obrigatório do quesito raça/cor nos sistemas de informação do SUS. Tais ações são fundamentais sob a perspectiva dos esforços para a implementação integral da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), por meio da Portaria GM/MS nº 992, de 13 de maio de 2009. Racismo Institucional No Brasil têm sido fundamentais os empreendimentos para a compreensão do racismo institucional entendido como "dificuldades enfrentadas para a efetivação do direito à saúde da população negra nas três esferas governamentais-acesso, acolhimento no SUS, financiamento/orçamento" (BRASIL, 2012, p. 11). O termo foi primeiramente conceituado por Carmichael e Hamilton (1967, p. 4) como, "a falha coletiva de uma organização em prover um serviço apropriado e profissional às pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem étnica". WERNECK (2016, p. 541-542) define racismo institucional como "a dimensão mais negligenciada do racismo", (...) "correspondendo a formas organizativas, políticas, práticas e normas que resultam em tratamentos e resultados desiguais"; adicionalmente, este é também compreendido como "racismo sistêmico e [que] garante a exclusão seletiva dos grupos racialmente subordinados, atuando como alavanca importante da exclusão diferenciada de diferentes sujeitos nesses grupos". Num sentindo mais amplo, em tempos de Covid-19 admitir o racismo institucional que impacta o acesso e o atendimento nos serviços de saúde, implica em estarmos todos atentos para as corriqueiras discriminações que são barreiras ao atendimento adequado das populações negras e indígenas. A diferença entre brancos, negros e indígenas no atendimento em saúde é revelada também nos números da pandemia. Para se ter uma ideia da importância da coleta dos dados por raça/cor no Brasil e que dimensões da realidade em saúde estamos deixando de apreender e evidenciar na ausência e/ou precarização da coleta destes dados, destacamos algumas informações acerca da situação no Brasil.
A pandemia de COVID-19 tem produzido resultados diferentes nas diferentes classes sociais. Neste artigo discute-se a mistanásia correlacionando-a com as desigualdades sociais.
A COVID-19-doença causada pelo vírus SARS-CoV-2-se tornou um grande desafio para as sociedades contemporâneas, em termos clínicos e de saúde pública, desde seu reconhecimento na China, em dezembro de 2019 1. O fato de se tratar de (1) um... more
A COVID-19-doença causada pelo vírus SARS-CoV-2-se tornou um grande desafio para as sociedades contemporâneas, em termos clínicos e de saúde pública, desde seu reconhecimento na China, em dezembro de 2019 1. O fato de se tratar de (1) um vírus novo, para o qual os seres humanos não têm imunidade-, (2) altamente transmissível (cada infectado, mesmo assintomático, pode transmitir o patógeno, em média, para três pessoas) e (3) capaz de desencadear quadros graves-com necessidade de internação hospitalar e, por vezes, de ventilação mecânica-tem produzido uma significativa pressão, sem precedentes, nos sistemas de saúde de diferentes regiões do planeta, muitas vezes com consequências devastadoras para as populações atingidas. Dado o exponencial crescimento do número de doentes por COVID-19, os já escassos recursos e infraestruturas destinados à atenção à saúde têm se tornado ainda mais insuficientes.
A vida das pessoas com doenças raras já apresenta alguns dilemas bioéticos contundentes. Desde sempre, essa parcela da população precisou se mobilizar para ser reconhecida como sujeitos de direitos. As políticas públicas destinadas às... more
A vida das pessoas com doenças raras já apresenta alguns dilemas bioéticos contundentes. Desde sempre, essa parcela da população precisou se mobilizar para ser reconhecida como sujeitos de direitos. As políticas públicas destinadas às pessoas com doenças raras são resultado de intensivos movimentos em grande parte realizados por essa comunidade, e mesmo assim, precisam ser constantemente reivindicadas e garantidas.

Com comentários de bioeticistas ao final do texto.
Neste artigo discute-se aspectos éticos relacionados com a prática da medicina durante a Covid-19 no Brasil.
A COVID-19, tem nos apresentado desafios em todas as áreas. Aos desafios, a comunidade acadêmica tem respondido com grande exuberância. Muitas pesquisas têm sido propostas, vários grupos e redes de pesquisadores têm sido... more
A COVID-19, tem nos apresentado desafios em todas as áreas. Aos desafios, a comunidade acadêmica tem respondido com grande exuberância. Muitas pesquisas têm sido propostas, vários grupos e redes de pesquisadores têm sido constituídos-engenheiro/as, médico/as, enfermeiro/as, cientistas sociais, operadores do direito entre outras profissionais têm respondido aos desafios propostos. Tais desafios referem-se à busca por respostas a questões, entre outras: qual é o impacto social e econômico da pandemia sobre as populações? Como projetar e desenvolver um respirador simples e de baixo custo? Ou como produzir rapidamente grandes quantidades de máscaras e outros Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) necessários para o enfrentamento da epidemia em meio a escassez total desses recursos e a uma luta comercial por eles em nível mundial? Como testar de forma rápida e eficaz para saber se o novo produto está contaminando? Ou que opções terapêuticas são eficazes? São todas pesquisas que em algum momento vão envolver humanos. É exatamente nesse momento que pesquisadores perguntam como agilizar o processo de avaliação ética, especialmente quando há pesquisadores de áreas que tradicionalmente não submetem seus projetos de pesquisa à avaliação de comitês independentes. Para responder à pergunta do título nossa resposta é não! É fundamental compreendermos que não há lugar para a pesquisa ética sem a garantia do respeito aos direitos humanos. Ou seja, os requisitos éticos devem ser considerados e mantidos-mesmo durante emergências sanitárias.
Crianças, adolescentes, pessoas com deficiências e idosos compartilham pelo menos uma característica: uma maior vulnerabilidade em nossas sociedades. Diante do adoecimento com necessidade de internação em unidades de saúde, camadas... more
Crianças, adolescentes, pessoas com deficiências e idosos compartilham pelo menos uma característica: uma maior vulnerabilidade em nossas sociedades. Diante do adoecimento com necessidade de internação em unidades de saúde, camadas adicionais de vulnerabilidade relacionadas tanto à própria doença, quanto ao processo de internação, podem ser mitigadas com a presença do acompanhante, um importante promotor da dignidade e de qualidade de vida desses indivíduos.
Este artigo discute a persistência do direito de dizer não no âmbito da Covid-19 em relação ao isolamento e quarentena.
Emergências em saúde pública exigem ações rápidas, e constituem situações em que devemos adaptar nossa capacidade de resposta diante de cenários não previstos. Por isso, governos, instituições e especialistas devem conhecer e aprender com... more
Emergências em saúde pública exigem ações rápidas, e constituem situações em que devemos adaptar nossa capacidade de resposta diante de cenários não previstos. Por isso, governos, instituições e especialistas devem conhecer e aprender com os impactos de epidemias anteriores para o enfrentamento de seus efeitos. Estudos sobre os impactos sociais da recente epidemia do vírus zika no Brasil mostram como meninas e mulheres foram desproporcionalmente afetadas quando comparadas aos homens-e milhares delas seguem vivendo as consequências do legado do zika. Já é esperado que o mesmo se repita, possivelmente de maneira ainda mais grave, diante da atual emergência em saúde pública.
A pesquisa na área da saúde, em particular os estudos que envolvem seres humanos, tem um foco primordialmente biomédico, compreendendo os eventos relacionados à saúde humana como exclusivamente biológicos, sem levar em conta... more
A pesquisa na área da saúde, em particular os estudos que envolvem seres humanos, tem um foco primordialmente biomédico, compreendendo os eventos relacionados à saúde humana como exclusivamente biológicos, sem levar em conta necessariamente o seu entorno social, econômico e cultural.
A pesquisa na área da saúde, em particular os estudos que envolvem seres humanos, tem um foco primordialmente biomédico, compreendendo os eventos relacionados à saúde humana como exclusivamente biológicos, sem levar em conta... more
A pesquisa na área da saúde, em particular os estudos que envolvem seres humanos, tem um foco primordialmente biomédico, compreendendo os eventos relacionados à saúde humana como exclusivamente biológicos, sem levar em conta necessariamente o seu entorno social, econômico e cultural.
A pandemia do novo coronavírus pode ser vista como uma situação trágica se considerarmos que "tendemos a recusar fatos negativos e repugnantes, cujo impacto sobre nós é tão perturbador que nos leva a negar a realidade" Pode ser vista... more
A pandemia do novo coronavírus pode ser vista como uma situação trágica se considerarmos que "tendemos a recusar fatos negativos e repugnantes, cujo impacto sobre nós é tão perturbador que nos leva a negar a realidade" Pode ser vista também como um dilema no qual a humanidade teria que enfrentar a alternativa entre escolher a vida e suas qualidades ou a economia e a produção, o que constitui, aparentemente, uma escolha impossível pois a qualidade de vida implica sua sustentabilidade pela produção de bens e serviços e a produção precisa de consumidores de tais bens. Por isso, a solução atualmente vigente consiste em salvar vidas e sustentar os serviços sanitários graças ao confinamento geral da população ou, pelo menos, das populações consideradas mais vulneráveis.
Dentre as muitas questões éticas surgidas com a pandemia Covid-19, uma, em particular, guarda direta relação com o tema da justiça social enquanto foco investigativo do próprio nexo entre moral e política. Trata-se de sabermos em que... more
Dentre as muitas questões éticas surgidas com a pandemia Covid-19, uma, em particular, guarda direta relação com o tema da justiça social enquanto foco investigativo do próprio nexo entre moral e política. Trata-se de sabermos em que medida cabe à sociedade o dever de assegurar aos seus membros uma renda básica, capaz de lhes garantir assim um item elementar de sobrevivência em contraponto aos abusos do poder econômico.
Em contextos de emergência em saúde pública, o dever de falar a verdade torna-se imperativo. A verdade aqui compreendida como as respostas, mesmo que transitórias, a perguntas que se utilizam de métodos científico confiáveis. Assim,... more
Em contextos de emergência em saúde pública, o dever de falar a verdade torna-se imperativo. A verdade aqui compreendida como as respostas, mesmo que transitórias, a perguntas que se utilizam de métodos científico confiáveis. Assim, entendemos que o confronto ao pensamento crítico e o respeito à ciência devem ser considerados como centrais nas decisões de um Estado para a proteção das populações contra os impactos nocivos de uma epidemia.
Em contextos de emergência em saúde pública, o dever de falar a verdade torna-se imperativo. A verdade aqui compreendida como as respostas, mesmo que transitórias, a perguntas que se utilizam de métodos científico confiáveis. Assim,... more
Em contextos de emergência em saúde pública, o dever de falar a verdade torna-se imperativo. A verdade aqui compreendida como as respostas, mesmo que transitórias, a perguntas que se utilizam de métodos científico confiáveis. Assim, entendemos que o confronto ao pensamento crítico e o respeito à ciência devem ser considerados como centrais nas decisões de um Estado para a proteção das populações contra os impactos nocivos de uma epidemia.
Reflexões sobre carga do trabalho de trabalhadores da saúde na pandemia do Corvid-19
Reflexões sobre solidariedade na pandemia
Entrevista para a Agência de Notícias da Fiocruz
Equipada com sensor, pílula ‘eletrônica’ permite que médicos monitorem se o remédio está sendo tomado corretamente. Entrevista com Juliana Domingos de Lima Link para matéria:... more
Equipada com sensor, pílula ‘eletrônica’ permite que médicos monitorem se o remédio está sendo tomado corretamente.

Entrevista com Juliana Domingos de Lima  Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/11/17/Qual-o-debate-sobre-privacidade-levantado-pela-primeira-medica%C3%A7%C3%A3o-digital  © 2017
Research Interests:
Trata-se de um artigo escrito em 1989 sobre a implementação do SUS e os desafios relacionados com a isonomia salarial defendida pelos movimentos sociais, apresentando resultados de pesquisa realizada então.
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