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Histórias do Mar

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Reportagem

Tentativa de resgate do 'Titanic dos Alpes' em lago da Suíça fracassa

Terminaram no último domingo (26) as esperanças de trazer de volta à superfície um dos barcos mais famosos da história da Suíça: o navio a vapor Säntis, que durante 40 anos, no início do século passado, fez regularmente a travessia do Lago Contança, entre a Suíça e a Alemanha.

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Imagem: Public Archive Picture 1933

No início da segunda tentativa de resgate, os cabos da plataforma que seria baixada até o local onde o barco repousa, a 210 metros de profundidade, se soltaram, após uma falha no mecanismo de freio que deveria baixar gradualmente o equipamento até o fundo do lago.

Com isso, a plataforma afundou descontroladamente e acabou atingindo o próprio barco, que até então estava em relativo bom estado, apesar de submerso há mais de 90 anos.

"Os freios do guindaste não aguentaram o peso da plataforma, soltaram os cabos e fizeram com ela caísse exatamente sobre o barco", explicou, decepcionado, o suíço Silvan Paganini, presidente da Associação de Resgate de Naufrágios do Lago Constança, criada no ano passado justamente para resgatar aquele barco.

"É triste que a causa do fracasso tenha sido justamente o guincho que fora construído para isso. Agora, a plataforma está inutilizável, e o barco, danificado", lamentou Paganini.

Afundou como o Titanic

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Imagem: Wikipedia Commons

O fracasso da operação deixou os envolvidos frustrados, e os suíços desapontados, já que o vapor Säntis, apelidado "Titanic dos Alpes" (porque afundou da mesma forma que o naufrágio mais famoso da História, com a popa erguida inteiramente fora d´água), fez parte da história da região, transportando pessoas de um lado a outro do lago, entre as cidades de Romanshorn, na Suíça, e Langenargen, na Alemanha, por quase meio século, desde 1892.

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Mas, em 1933, ele afundado propositalmente no meio do lago, quando sua reforma se mostrou financeiramente inviável.

No ano passado, porém, dez anos após o Säntis ter sido localizado no fundo do lago, uma operação de resgate foi implantada, após a associação comandada por Paganini arrecadar quase 250 mil euros em doações.

Mas a operação falhou, em duas ocasiões.

Dois fracassos seguidos

A primeira foi no mês passado, quando técnicos especializados em resgate de barcos naufragados não conseguiram passar cintas por debaixo do casco do velho vapor, a fim de trazê-lo para a superfície.

Na ocasião, mais de 1 000 pessoas haviam até comprados ingressos para assistir a "volta à superfície" do Säntis, em barcos que acompanhariam a operação no meio do lago.

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Na segunda tentativa, no último domingo, não houve plateia, mas a operação incluiria a descida de uma plataforma, cuja função seria a de ajudar barco a subir, o que seria feito por meio de grandes sacos inflados com ar comprimido, feito balões submarinos.

Mas, de novo, não deu certo.

E o velho barco ainda acabou danificado pelo naufrágio da própria plataforma que iria resgatá-lo - uma trapalhada quase inédita na sempre precisa Suíça.
Estava em perfeito estado

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Imagem: Silvan Paganini Divulgação

Até então, preservado pela pureza e baixa oxigenação das águas do lago, pela grande profundidade, e pela ausência de luz natural, o Säntis, que foi construído ainda no século 19, estava em surpreendente bom estado - até o seu nome ainda podia ser lido nas laterais do casco, como mostraram imagens de robôs submarinos feitas na época do seu achado, 11 anos atrás.

Isso deixou os entusiastas do resgate ainda mais animados, porque, depois de restaurado - o que seria feito no próprio estaleiro que o construiu, 130 anos atrás - o velho vapor iria para uma espécie de museu, a ser constrúido nas margens do próprio lago.

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Mas agora, com o fracasso da operação, os planos foram, literalmente, por água abaixo.

"Talvez, voltemos a tentar no futuro. Mas, por enquanto, a operação está suspensa", disse o responsável pela fracassada operação de resgate.

Um caso que fez história

Trazer de volta à superfície barcos que afundaram muito tempo atrás é uma operação sempre complexa, mesmo em lagos de água doce, onde a degradação das embarcações é menor do que no mar.

Entre outros cuidados, é preciso que, após ser resgatada, a embarcação passe por tratamentos químicos, a fim de poder voltar a ter contato com ar, sem deteriorar.
No passado, alguns resgates resultaram em perda total dos barcos tempos depois, por falta desse tipo de cuidado.

O caso mais famoso foi o da escuna americana Alvin Clark, que afundou durante uma tempestade nos Grandes Lagos Americanos, em 1864, mas, 105 anos depois, em 1969, foi encontrada por um ambicioso mergulhador, que viu naquele achado uma forma de ganhar dinheiro, cobrando ingresso das pessoas que quisessem visitá-lo.

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Mas o seu despreparo levou à perda total do barco, anos depois, embora o resgate tenha sido bem-sucedido, e a escuna que passara mais de um século no fundo do lago tenha voltado à vida - clique aqui para ler esta interessante história, cujo triste final fez com que fosse alterada a legislação americana sobre o resgate de naufrágios.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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