CRISTIANO APARECIDO QUINAIA
CURSO DE DIREITO
TRIBUTÁRIO E
EXECUÇÃO FISCAL
VOLUME ÚNICO
Londrina/PR
2022
Dados Internacionais de Catalogação na
Publicação (CIP)
Quinaia, Aparecido Cristiano.
Curso de Direito Tributário e
Execução Fiscal: Volume Único
/ Cristiano Aparecido Quinaia. –
Londrina, PR: Thoth, 2022.
© Direitos de Publicação Editora Thoth.
Londrina/PR.
www.editorathoth.com.br
contato@editorathoth.com.br
629 p.
Bibliografias 627-629
ISBN 978-65-5959-333-0
1. Direito Tributário. 2. Execução
Fiscal. I. Título.
CDD 341.39
Diagramação e Capa: Editora Thoth
Revisão: Rosangela Aparecida Teixeira
Editor chefe: Bruno Fuga
Coordenador de Produção Editorial: Thiago
Caversan Antunes
Diretor de Operações de Conteúdo: Arthur
Bezerra de Souza Junior
Índices para catálogo sistemático
1. Direito Tributário : 341.39
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AUTOR
CRISTIANO APARECIDO QUINAIA
Mestre em Direito Constitucional, MBA em Gestão Estratégica Tributária,
Tributarista Associado da Zapatero Advogados. Contato cquinaia@gmail.
com
SUMÁRIO
AUTOR ...........................................................................................................................7
PARTE I
DIREITO TRIBUTÁRIO BRASILEIRO ..............................................................23
1 Introdução ao Direito Tributário ...........................................................................23
1.1 Definição .............................................................................................................23
1.2 Natureza do Direito Tributário .......................................................................24
1.3 Receitas originárias e derivadas dos entes públicos ......................................27
2 Tributos e receitas públicas .....................................................................................29
2.1 Tributo ................................................................................................................29
2.2 Espécies de tributos ..........................................................................................31
2.3 Tributos com caráter fiscal ou extrafiscal ......................................................32
2.4 Tributos e receitas do Estado ..........................................................................35
3 Conceito de tributo...................................................................................................35
3.1 Definição do Código Tributário Nacional ....................................................35
3.2 Definição da natureza jurídica específica de um tributo .............................40
3.3 Classificação dos tributos..................................................................................42
4 Espécies tributárias ...................................................................................................44
4.1 Classificações ......................................................................................................44
4.2 Royalties e tributação ........................................................................................45
5 Princípios do Direito Tributário .............................................................................46
5.1 Conceito ..................................................................................................... ........46
5.2 Capacidade contributiva ....................................................................................47
5.3 Legalidade............................................................................................................50
5.4 Igualdade ............................................................................................................55
5.5 Irretroatividade ...................................................................................................57
5.6 Anterioridade ......................................................................................................57
5.7 Vedação ao confisco .........................................................................................61
5.8 Liberdade de tráfego .........................................................................................63
5.9 Imunidade recíproca .........................................................................................64
5.10 Uniformidade tributária ..................................................................................66
5.11 Não diferenciação tributária ..........................................................................68
5.12 Prestações estatais obrigatórias .....................................................................70
6 Fontes do Direito Tributário ...................................................................................71
6.1 Fontes .................................................................................................................71
6.2 Fontes primárias e fontes secundárias de normas tributárias ....................72
6.3 Fontes primárias de comandos jurídicos ........................................................73
6.4 Fontes secundárias de comandos jurídicos ....................................................79
6.5 Fontes formais do Direito Tributário ............................................................83
6.6 Função do Código Tributário Nacional .........................................................83
6.7 Legislação tributária ..........................................................................................84
6.8 Código Tributário Nacional e definição de legislação tributária ................85
6.9 Importância da lei para o Direito Tributário ................................................86
6.10 Legalidade e estrita legalidade ........................................................................86
6.11 Código Tribunal Nacional e estrita legalidade .............................................87
6.12 Espécies legislativas incluídas no contexto de lei ........................................89
6.12.1 Tratados ......................................................................................................89
6.12.2 Convenções internacionais .....................................................................90
6.13 Efeito dos tratados e convenções internacionais sobre a legislação
interna.........................................................................................................................91
6.14 Decretos ...........................................................................................................92
6.15 Decretos autônomos em matéria tributária ................................................93
6.16 Normas complementares das fontes primárias e secundárias ..................94
6.17 Convênios..........................................................................................................96
6.18 Observância das normas complementares de natureza tributária ...........97
7 Vigência das normas tributárias..............................................................................98
7.1 Vigência de uma norma ....................................................................................98
7.2 Vigência da legislação tributária ......................................................................98
7.3 Vigência da legislação tributária no tempo e no espaço .............................98
7.4 Vigência no espaço da legislação tributária ...................................................99
7.5 Entrada em vigor das normas jurídicas primárias ..................................... 101
7.6 Entrada em vigor das normas complementares ........................................ 102
7.7 Regra quanto à aplicação da legislação tributária no tempo .................... 105
7.8 Aplicação da legislação a fatos geradores futuros e pendentes ................ 106
7.9 Fatos geradores pendentes ........................................................................... 106
7.10 Aplicação da lei a ato ou fato pretérito ..................................................... 107
8 Interpretação do Direito Tributário .................................................................... 110
8.1 Hermenêutica do Direito Tributário ........................................................... 110
8.2 Fontes para a realização da interpretação da legislação tributária .......... 111
8.2.1 Interpretação literal das normas tributárias .........................................111
8.2.2 Interpretação mais favorável das leis que definam ou cominem
penalidades ..........................................................................................................113
9 Integração do Direito Tributário ......................................................................... 116
9.1 Integração ........................................................................................................ 116
9.2 Fontes previstas para suprir a omissão das normas tributárias ............... 117
9.3 Limitação à aplicação da analogia em matéria tributária .......................... 119
10 Relação jurídica tributária ................................................................................... 124
10.1 Relação jurídica ............................................................................................. 124
10.2 Formação da relação jurídica tributária ..................................................... 125
10.3 Sujeitos da relação jurídica tributária ......................................................... 127
10.4 Prestações a cargo do sujeito passivo ........................................................ 128
10.5 Contribuinte e responsável ......................................................................... 129
10.6 Obrigações tributárias e desmembramento de um ente público .......... 132
10.7 Legislação aplicável em caso de desmembra-mento territorial ............. 132
10.8 Objeto da relação jurídica tributária ........................................................... 133
11 Hipótese de incidência e fato gerador .............................................................. 135
11.1 Conceito ......................................................................................................... 135
11.2 Base de cálculo .............................................................................................. 136
11.2.1 Redução de base de cálculo ..................................................................137
11.2.2 Importância da base de cálculo .............................................................138
11.3 Alíquota .......................................................................................................... 138
11.4 Redução de alíquota ...................................................................................... 139
11.5 Alíquotas específicas e ad valorem ............................................................ 139
11.6 Classificação da alíquota ad valorem ......................................................... 140
11.7 Alíquotas proporcionais .............................................................................. 141
11.8 Alíquotas regressivas ................................................................................... 141
11.9 Alíquotas seletivas ........................................................................................ 142
11.10 Alíquota zero .............................................................................................. 143
12 Capacidade tributária........................................................................................... 144
12.1 Definição ....................................................................................................... 144
12.2 Capacidade tributária ativa .......................................................................... 144
12.3 Distinção entre competência e capacidade tributária .............................. 144
12.4 Delegação da capacidade tributária ativa ................................................... 145
12.5 Capacidade tributária passiva ..................................................................... 146
12.6 Previsão da legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados.....148
12.7 Capacidade tributária passiva das pessoas jurídicas de direito público...149
12.8 Arrecadação de impostos da União ........................................................... 150
12.9 Delegação da competência tributária pelos Estados .............................. 150
12.10 Acordos quanto ao pagamento de tributos ........................................... 150
12.11 Solidariedade tributária .............................................................................. 151
12.12 Solidariedade tributária .............................................................................. 152
12.13 Pessoas solidariamente obrigadas ao pagamento do tributo ............... 153
12.14 Efeitos da solidariedade tributária ........................................................... 154
13 Domicílio tributário............................................................................................. 156
13.1 Conceito de Domicílio ................................................................................. 156
13.2 Domicílio eletrônico ..................................................................................... 159
14 Reserva de lei complementar em matéria tributária ....................................... 160
14.1 Previsão constitucional................................................................................. 160
14.2 Instituição de tributos por lei complementar .......................................... 161
14.3 Disciplina por lei complementar de matéria submetida à lei ordinária. 162
15 Normas gerais de tributação .............................................................................. 163
15.1 Noções gerais................................................................................................. 163
15.2 Competência comum .................................................................................. 164
15.3 Superveniência de uma norma geral de caráter federal........................... 164
16 Limitações constitucionais ao poder de tributar ............................................. 165
16.1 Previsão constitucional................................................................................. 165
16.2 Limitação quanto à exigência e ao aumento de tributos ........................ 166
16.3 Utilização da lei para exigir ou aumentar um tributo .............................. 166
16.4 Reserva legal e medida provisória ............................................................. 167
16.5 Tributos e submissão ao princípio da legalidade ..................................... 168
16.6 Igualdade entre os contribuintes ............................................................... 169
16.7 Função do princípio da igualdade e consequência de sua transgressão 170
16.8 Princípio da irretroatividade da lei ............................................................. 171
16.9 Anterioridade em matéria tributária .......................................................... 171
16.10 Tributos excluídos da anterioridade de exercício e nonagesimal ........ 172
16.11 Medida provisória e anterioridade ........................................................... 175
16.12 Anterioridade e contribuições para a seguridade social ....................... 176
16.13 Anterioridade e cobrança de tributos ..................................................... 176
16.14 Tributo com efeito confiscatório.............................................................. 177
17 Imunidade tributária ............................................................................................ 179
17.1 Noções gerais................................................................................................. 179
17.2 Imunidades constitucionais à instituição de impostos ........................... 180
17.3 Espécies tributárias alcançadas pela imunidade ...................................... 191
17.4 Diferença entre imunidade genérica e específica .................................... 192
17.5 Imunidades ontológicas e políticas............................................................. 192
17.6 Imunidades incondicionadas e condicionadas.......................................... 192
17.7 Imunidades objetivas e subjetivas .............................................................. 193
17.8 Alcance subjetivo da imunidade recíproca ................................................ 194
17.9 Sociedade de economia mista e imunidade recíproca ............................. 195
17.10 Imunidade sobre imóvel alugado ............................................................. 196
17.11 Imunidade tributária fora do Sistema Tributário Nacional .................. 196
17.12 Imunidade de taxas ..................................................................................... 196
17.13 Imunidade de contribuições especiais ..................................................... 197
18 Vedações tributárias impostas à União pela Constituição ............................. 197
18.1 Previsão constitucional................................................................................. 197
18.2 Tratados, convenções e acordos internacionais ...................................... 199
19 Autonomia federativa e tratado internacional ................................................. 200
20 Informações sobre a tributação de mercadorias e serviços .......................... 200
21 Competência tributária........................................................................................ 201
21.1 Conceito ......................................................................................................... 201
21.2 Classificação da competência tributária ..................................................... 202
21.3 Princípios que regem a competência tributária ....................................... 205
21.4 Alcance da competência tributária ............................................................ 208
21.5 A Constituição Federal e a criação de tributos ........................................ 209
21.6 Alcance da competência tributária dos entes federativos ...................... 209
21.7 Competência legislativa e repartição de receitas tributárias.................... 210
21.8 Delegação da competência tributária ........................................................ 210
21.9 Delegação em matéria tributária ................................................................ 210
21.10 Parafiscalidade ............................................................................................. 211
21.11 Diferença entre competência e capacidade tributária .......................... 212
22 Conflitos de competência em matéria tributária ............................................. 214
22.1 Definição ....................................................................................................... 214
22.2 Outros conflitos tributários ........................................................................ 214
22.3 Possibilidade de bitributação ...................................................................... 215
22.4 Diferença entre bitributação e “bis in idem” ............................................. 215
23 Hipótese de incidência ........................................................................................ 216
23.1 Incidência ...................................................................................................... 216
23.2 Hipótese de incidência em matéria tributária ........................................... 216
23.3 Diferença entre incidência e fato gerador ................................................ 218
23.4 Ausência de distinção entre incidência e fato gerador ............................ 218
23.5 Previsão constitucional da hipótese de incidência ................................... 219
24 Fato gerador ........................................................................................................ 219
24.1 Definição ....................................................................................................... 219
24.2 Fato gerador da obrigação principal ......................................................... 221
24.3 Existência de fatos geradores específicos.................................................. 222
24.4 Fato gerador da obrigação acessória ..........................................................223
24.5 Classificação dos fatos geradores .............................................................. 223
24.6 Manifestação do fato gerador e produção de efeitos ............................. 225
24.7 Razão da indicação da ocorrência do fato gerador ................................. 227
24.8 Desconsideração de atos ou negócios jurídicos praticados ................... 227
24.9 Forma de interpretação da definição legal de fato gerador ................... 228
24.10 Fato gerador presumido ........................................................................... 230
25 Obrigação tributária ............................................................................................ 232
25.1 Obrigação ...................................................................................................... 232
25.2 Classificação da obrigação tributária ......................................................... 233
25.3 Objeto da obrigação tributária principal ................................................... 234
25.4 Origem da obrigação acessória .................................................................. 235
25.5 Diferença entre obrigação principal e acessória quanto ao objeto e à
origem...................................................................................................................... 237
24.6 Sujeito passivo da obrigação principal e da acessória .............................. 237
25.7 Elementos essenciais de uma obrigação tributária .................................. 238
26 Responsabilidade tributária ................................................................................ 239
26.1 Sujeitos da relação jurídica tributária ......................................................... 239
26.2 Responsabilidade tributária ........................................................................ 240
26.3 Modalidades de sujeição passiva indireta por transferência ou
substituição..............................................................................................................241
26.4 Surgimento da responsabilidade em matéria tributária .......................... 242
26.5 Responsabilidade por transferência ........................................................... 244
27 Responsabilidade por substituição .................................................................... 244
27.1 Substituição tributária................................................................................... 245
27.2 Função da substituição tributária .............................................................. 245
27.3 Substituído ..................................................................................................... 246
27.4 Substituto tributo em caso de fato gerador presumido .......................... 246
27.5 Classificação da substituição tributária ...................................................... 246
27.6 Exemplos de sujeitos passivos por substituição tributária ..................... 247
27.7 Substituição tributária para trás e para frente .......................................... 248
28 Responsabilidade dos sucessores ...................................................................... 248
28.1 Responsabilidade tributária dos sucessores ............................................. 248
28.2 Créditos tributários incluídos na responsabilidade .................................. 249
28.3 Créditos tributários relativos a imóveis .................................................... 250
28.4 Crédito tributário referente a imóvel arrematado em leilão .................. 251
28.5 Responsabilidade do adquirente ................................................................. 257
28.6 Inexistência de sucessão empresarial na falência e na recuperação
judicial......................................................................................................................259
29 Responsabilidade de terceiros ............................................................................ 261
29.1 Pressupostos para a responsabilização de um terceiro ........................... 261
29.2 Responsabilização do terceiro .................................................................... 263
29.3 Terceiros e responsabilidade por penalidades ......................................... 264
29.4 Responsabilidade por infrações .................................................................. 268
29.5 Responsabilidade pessoal do agente ......................................................... 269
29.6 Representação da responsabilidade pessoal por infrações ..................... 271
29.7 Enquadramento da responsabilidade como pessoal .............................. 271
29.8 Afastamento da denúncia espontânea ...................................................... 272
29.9 Depósito do valor devido e denúncia espontânea ................................... 273
29.10 Obrigações acessórias em caso de denúncia espontânea .................... 273
30 Ilícito tributário .................................................................................................... 273
31 Crédito tributário ................................................................................................. 276
31.1 Origem do crédito tributário ...................................................................... 276
31.2 Natureza do crédito tributário ................................................................... 277
31.3 Modificação, extinção, suspensão da exigibilidade e exclusão do crédito
tributário ................................................................................................................ 278
31.4 Crédito do sujeito passivo de uma relação jurídica tributária................. 278
31.5 Aproveitamento de créditos ....................................................................... 278
31.6 Créditos presumidos ..................................................................................... 279
31.7 Constituição do crédito tributário .............................................................. 280
32 Lançamento tributário ........................................................................................ 283
32.1 Conceito ......................................................................................................... 283
32.2 Funções do lançamento .............................................................................. 286
32.3 Natureza do lançamento ............................................................................. 287
32.4 Definição de lançamento no Código Tributário Nacional .................... 288
32.5 Lançamento como atividade administrativa ............................................ 289
32.6 Valor tributário expresso em moeda estrangeira ...................................... 290
32.7 Lançamento e data de ocorrência do fato gerador ................................. 290
32.8 Aperfeiçoamento do lançamento ............................................................... 292
32.9 Modificação nos critérios jurídicos de lançamento.................................. 296
32.10 Critério utilizado para prever modalidades de lançamento ................. 297
32.11 Lançamento por declaração ..................................................................... 297
32.12 Retificação de erros manifestos contidos na declaração ....................... 299
32.13 Arbitramento fiscal ..................................................................................... 299
32.14 Lançamento de ofício................................................................................. 302
32.15 Hipótese mais comum de utilização do lançamento de ofício ........... 304
32.16 Lançamento por homologação ................................................................ 305
32.17 Tributos sujeitos ao lançamento por homologação ............................. 305
32.18 Homologação dos atos praticados .......................................................... 305
32.19 O pagamento antecipado do tributo e homologação .......................... 306
32.20 Atos praticados visando à extinção total ou parcial do crédito ........... 306
32.21 Prazo para a homologação ....................................................................... 307
32.22 Decurso do prazo para a realização do lançamento ............................. 307
33 Suspensão da exigibilidade do crédito tributário ............................................ 308
33.1 Conceito ......................................................................................................... 308
33.2 Hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário ............. 308
33.3 A suspensão da exigibilidade e lançamento .............................................. 314
33.4 Certidão Positiva com Efeito de Negativa – CPEN ............................... 315
33.5 Suspensão da exigibilidade do crédito tributário em razão da concessão de
moratória ................................................................................................................. 315
34 Extinção do crédito tributário ........................................................................... 320
34.1 Conceito ......................................................................................................... 320
34.2 Hipóteses de extinção do crédito tributário.............................................. 321
34.3 Precatórios e compensação tributária ........................................................ 330
34.4 Mandado de segurança e compensação tributária .................................. 331
34.5 Interrupção, suspensão e impedimento ao curso da prescrição ............ 339
35 Exclusão do crédito tributário ........................................................................... 352
35.1 Conceito ......................................................................................................... 352
35.2 Isenção ............................................................................................................ 354
35.3 Isenções e alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza ................................................................................................................. 366
35.4 Anistia ............................................................................................................ 368
35.5 Imputação em pagamento .......................................................................... 371
36 Restituição de valores pagos indevidamente .................................................. 373
36.1 Pagamento indevido .................................................................................... 373
36.2 Da Desnecessidade de Pedido Administrativo: Súmula 625 do STJ..... 380
37 Impostos ............................................................................................................... 380
37.1 conceito .......................................................................................................... 380
37.2 Impostos diretos e indiretos ........................................................................ 383
37.3 Impostos reais e pessoais ............................................................................ 384
37.4 Classificação dos impostos ......................................................................... 386
37.5 Tributação pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios ............ 387
37.6 Impostos que podem ser instituídos pela União .................................... 389
37.7 Impostos dos Estados e do Distrito Federal ........................................... 390
37.8 Impostos municipais ................................................................................... 390
37.9 Impostos Federais ........................................................................................ 391
37.10 Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros (II) ............... 392
37.11 Imposto sobre a Exportação (IE) ........................................................... 395
37.12 Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR) ....... 397
37.13 Alíquotas ..................................................................................................... 399
37.14 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) .................................... 401
37.15 Imposto sobre a Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a
títulos ou valores mobiliários (IOF) ................................................................... 403
37.16 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) ........................... 404
37.17 Impostos Estaduais e Distritais ............................................................... 407
37.18 Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens
ou Direitos (ITCMD) ........................................................................................... 408
37.19 Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS)............................................................................................ 413
37.20 Exclusão do ICMS da Base de Cálculo do PIS-COFINS .................... 417
37.21 Pauta fiscal .................................................................................................. 418
37.22 Alíquotas ...................................................................................................... 418
37.23 Não cumulatividade .................................................................................... 420
37.24 Seletividade .................................................................................................. 420
37.25 Divisão do produto da arrecadação ........................................................ 421
37.26 Não recolhimento do ICMS e criminalização da conduta ................... 422
37.27 DIFAL – Diferencial de Alíquota ............................................................ 422
37.28 Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) ........ 425
37.29 Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) .... 429
37.30 Imposto sobre a Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis e de Direitos
a eles relativos (ITBI) ............................................................................................ 435
37.31 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISQN) ...................... 440
37.32 Local de prestação do serviço e a LC 175/2020.................................... 446
37.33 Contribuinte do imposto .......................................................................... 447
37.34 Alíquota máxima e mínima ...................................................................... 448
37.35 Imunidade na exportação de serviços ..................................................... 448
37.36 Impostos extraordinários ........................................................................... 448
37.37 Competência residual da União ................................................................ 449
37.38 Empréstimos compulsórios ...................................................................... 451
37.39 Empréstimos compulsórios de caráter extraordinário e ordinário ..... 451
37.40 Contribuições especiais .............................................................................. 452
37.41 Contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de
interesse das categorias profissionais ou econômicas ...................................... 457
37.42 Modalidades de contribuições especiais .................................................. 458
37.43 Competência comum em matéria tributária ........................................... 458
38 Taxas ...................................................................................................................... 459
38.1 Conceito ......................................................................................................... 459
38.2 Fatos geradores das taxas ........................................................................... 460
38.3 Restrição constitucional à base de cálculo das taxas................................ 462
38.4 Poder de polícia ............................................................................................ 463
38.5 Diferenças entre taxas e tarifas ................................................................... 467
38.6 Natureza do valor cobrado como pedágio .............................................. 468
39 Contribuição de melhoria ................................................................................... 470
39.1 Conceito ......................................................................................................... 470
39.2 Obras públicas que possibilitam a cobrança da contribuição de melhoria.473
39.3 Lançamento da contribuição de melhoria e atualização do valor gasto.475
39.4 Determinação da contribuição dos imóveis beneficiados ..................... 476
40 Simples Nacional ................................................................................................. 478
40.1 Definição ........................................................................................................ 478
40.2 Regime único de arrecadação de impostos e contribuições ................... 478
40.3 Pessoas jurídicas excluídas do tratamento diferenciado ......................... 480
40.4 Impostos e contribuições incluídos no Simples Nacional ..................... 482
41 Repartição de receitas tributárias....................................................................... 484
41.1 Noções gerais................................................................................................. 484
41.2 Receitas derivadas ........................................................................................ 485
41.3 Repartição de receitas tributárias ............................................................... 485
41.4 Forma de repartição de receitas ................................................................. 488
41.5 Repartição das receitas do Imposto sobre Produtos Industrializados 490
42 Garantias, preferências e privilégios do crédito tributário............................. 492
42.1 Noções Gerais ............................................................................................... 492
42.2 Alcance da responsabilidade patrimonial do sujeito passivo ................. 493
42.3 Créditos tributários em caso de inventário ou arrolamento .................. 497
42.4 Parcelamento de débitos de empresas em recuperação judicial............. 497
42.5 Administração e fiscalização tributária ...................................................... 499
42.6 Conservação da escrituração e dos comprovantes de lançamentos ...... 501
42.7 Informações sigilosas que podem ser divulgadas .................................... 503
42.8 Vedações impostas à atuação das autoridades fiscais ............................. 504
43 Parcelamento tributário ...................................................................................... 504
43.1 Conceito ......................................................................................................... 504
43.2 Comandos aplicáveis subsidiariamente ao parcelamento ...................... 505
44 Dívida ativa ........................................................................................................... 506
44.1 Conceito ......................................................................................................... 506
44.2 Certidão de dívida ativa ............................................................................... 508
44.3 Requerimento de expedição de certidão negativa .................................... 510
44.4 Dispensa da prova de quitação de tributos ............................................... 511
45 Planejamento tributário ...................................................................................... 511
46 Compliance Tributário ........................................................................................ 514
47 Comentários à Reforma Tributária ................................................................... 520
47.1 Panorama ........................................................................................................ 520
47.2 IVA: Imposto sobre o Valor Agregado ..................................................... 522
47.3 Imposto de Renda: Alterações .................................................................... 523
47.4 CBS – Contribuição Sobre Bens e Serviços ............................................. 524
PARTE II
COMENTÁRIOS A LEI DE EXECUÇÃO FISCAL ..................................... 525
1 Execução Fiscal: Espécie de Procedimento ...................................................... 525
1.1 Noções preliminares ....................................................................................... 525
1.2 Dívida Ativa: Definição .................................................................................. 531
1.3 Natureza Tributária ou Não da Dívida Ativa.............................................. 534
1.4 Dos Efeitos da Inscrição da Dívida Ativa ................................................... 535
1.5 Requisitos do Termo de Inscrição em Dívida Ativa .................................. 539
2 CDA – Certidão de Dívida Ativa ........................................................................ 542
2.1 Da Substituição ou Emenda da CDA .......................................................... 544
2.2 Da Dívida Ativa Previdenciária..................................................................... 546
2.3 Presunção de Certeza e Liquidez da CDA .................................................. 548
2.4 Do Ônus da Prova .......................................................................................... 548
3 Legitimidade Passiva na Execução Fiscal ........................................................... 549
3.1 Da Legitimidade dos Administradores da Falência, Recuperação Judicial,
Inventário e Arrolamento..................................................................................... 555
4 Da Nomeação de Bens ......................................................................................... 558
5 Da Preferência do Crédito Fiscal em Execução ............................................... 558
6 Da Competência Jurisdicional ............................................................................. 559
7 Requisitos da Petição Inicial da Execução Fiscal .............................................. 561
8 Dos Efeitos do Despacho que Recebe a Execução Fiscal .............................. 564
9 Dos Meios de Citação ........................................................................................... 565
10 Da Interrupção da Prescrição ............................................................................ 568
11 Da Oferta de Bens em Garantia........................................................................ 569
12 Da Oferta de Bens de Terceiro ......................................................................... 571
13 Dos Requisitos da Fiança Bancária ................................................................... 572
14 Do Pagamento Parcial......................................................................................... 573
15 Da Impenhorabilidade de Bens ......................................................................... 573
16 Da Ordem de Preferência da Penhora ............................................................. 575
17 Da penhora de estabelecimento empresarial, industrial ou agrícola ............ 576
18 Da Penhora de Imóvel e Intimação do Cônjuge ............................................ 580
19 Citação por Correio e Intimação por Oficial .................................................. 581
20 Da Impugnação da Avaliação Realizada pelo Oficial de Justiça ................... 582
21 Do Registro da Penhora e a Boa-fé de Terceiros............................................ 583
22 Da Substituição da Penhora ............................................................................... 584
23 Dos Embargos à Execução Fiscal..................................................................... 586
24 Da Garantia Parcial ............................................................................................. 590
25 Exceção ou Objeção de Pré-Executividade..................................................... 591
26 Da Matéria dos Embargos ................................................................................. 593
26.1 Das Matérias Prejudiciais ............................................................................. 594
26.2 Execução Não Embargada ou Rejeitados os Embargos ........................ 596
26.3 Dos Embargos na Execução por Carta Precatória .................................. 596
26.4 Da Distribuição dos Embargos .................................................................. 597
27 Alienação Antecipada de Bens .......................................................................... 598
28 Da Hasta Pública ................................................................................................. 599
29 Da Adjudicação pela Fazenda Pública.............................................................. 602
30 Do Cancelamento da CDA ................................................................................ 603
31 Do Apensamento de Processos ........................................................................ 606
32 Da Não Sujeição a Concurso de Credores ...................................................... 607
33 Da Alienação de Bens em Recuperação Judicial e Falência .......................... 613
34 Dos Embargos Infringentes .............................................................................. 614
35 Suspensão da Execução Frustrada .................................................................... 619
36 Da Prescrição Intercorrente............................................................................... 621
37 Do Procedimento Administrativo..................................................................... 623
38 Da Vigência da LEF e Projetos de Reforma ................................................... 624
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 627
PARTE
I
Direito tributário brasileiro
1 INTRODUÇÃO AO DIREITO TRIBUTÁRIO
1.1 DEFINIÇÃO
O Direito Tributário é o ramo do direito público que traz em seu
bojo os princípios e regras que disciplinam as relações jurídicas tributárias,
sendo que o tributo é o seu objeto principal de estudo.
Em especial, ao Direito Tributário incumbe disciplinar a instituição, a
arrecadação e a fiscalização dos tributos, que são essenciais para que o Estado
possa desempenhar as atividades que estão sob a sua responsabilidade.
No entanto, o Direito Tributário também se preocupa com quem
participa do polo passivo da relação jurídica tributária e, por isso, em seu seio
também estão inseridos mecanismos voltados para a tutela dos interesses
dos contribuintes, de que são exemplos as limitações constitucionais ao
poder de tributar, como é o caso da necessidade de que os tributos sejam
previstos em lei.
Ao conjugar os diferentes aspectos que foram descritos, podemos
definir o Direito Tributário como o ramo do direito que disciplina as relações
entre o fisco e os contribuintes, no que se refere, em especial, à instituição,
arrecadação e fiscalização dos tributos, impondo também limites à atuação
estatal.
Autonomia do Direito Tributário
O enquadramento do Direito Tributário como um ramo autônomo
do direito decorre do fato de que é disciplinado por comandos jurídicos
específicos (autonomia normativa), possui um método próprio de estudo
(autonomia didática), é ministrado nos cursos jurídicos como matéria
obrigatória e possui institutos próprios (autonomia científica). Aliás, a
própria Constituição Federal consagra a autonomia do Direito Tributário
24
CURSO DE DIREITO TRIBUTÁRIO E EXECUÇÃO FISCAL
ao inclui-lo no rol de ramos do Direito cuja competência para legislar é
comum entre os entes federativos (art. 24, I), trazer em seu texto inúmeras
normas que versam especificamente sobre a tributação (arts. 145 a 162) e
indicar vários princípios que regem a disciplina (art. 150), sem contar o fato
de que possui vários institutos específicos, como os que versam a respeito
da isenção.
Autonomia, porém, não significa isolamento, já que os diferentes
ramos mantém contato entre si. A divisão em ramos (esferas ou áreas)
ocorre unicamente para facilitar o estudo do Direito, que em sua essência é
único. Desse modo, é preciso levar em consideração o todo (visão unitária) e
os relacionamentos que existem entre as diferentes áreas (visão sistemática).
1.2 NATUREZA DO DIREITO TRIBUTÁRIO
O Direito Tributário integra o Direito Público, uma vez que nos
comandos existentes em suas normas prepondera o interesse público e as
receitas obtidas como os tributos são a principal fonte de renda do Estado e,
consequentemente, servem para garantir a prestação dos serviços públicos,
notadamente os essenciais, como os relacionados às áreas da saúde e da
educação. Além disso, o titular do interesse protegido é o Estado e as suas
normas jurídicas são compulsórias1.
O Direito Financeiro é o ramo do Direito responsável pela disciplina
das finanças públicas, que compreendem as receitas, despesas, aplicações,
investimentos etc., enquanto que os tributos correspondem a uma das
modalidades de receitas. Na verdade, os tributos ocupam um papel de
destaque no âmbito das receitas públicas, uma vez que correspondem à
principal fonte de recursos públicos.
Portanto, o Direito Financeiro versa sobre toda a atividade financeira
do Estado, o que inclui em seu bojo a receita, a despesa, o orçamento e o
crédito público, enquanto que o Direito Tributário cuida apenas de uma
parte da receita pública, a que surge em virtude da tributação2.
A ligação entre o Direito Tributário e a obtenção de recursos fica
bem nítida quando se observa que em um regime jurídico tributário buscase, fundamentalmente, suprir o Estado de recursos financeiros, que são
transferidos por particulares3.
Os recursos obtidos pelo Estado servem para satisfazer as
necessidades públicas, que podem se materializar na realização de obras,
1.
2.
3.
FANNUCCHI, Fábio. Curso de direito tributário brasileiro. Volume I. São Paulo: Resenha
Tributária, 1975, p. 10.
NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 1995, p. 33.
JUSTEN FILHO, Marçal. Sujeição tributária passiva. Belém: Cejup, 1986, p. 221.
Cristiano Quinaia
25
como a construção de pontes e estradas, e na prestação de serviços, como
os ligados às áreas da saúde e da educação4.
Em especial, as receitas tributárias terão grande relevância em relação
à proposta orçamentária e ao orçamento público, em razão dos seguintes
aspectos:
1º A proposta orçamentária deve trazer em seu bojo a previsão de
receita e despesa para um determinado exercício financeiro, que coincide
com o ano civil (vai de 1º de janeiro a 31 de dezembro), com os respectivos
quadros e justificativas.
2º O orçamento público, que se materializa em uma lei de iniciativa
do Poder Executivo – federal, estadual, distrital ou municipal –, e que para
vigorar deve ser aprovada pelo Poder Legislativo, traz a estimativa de receita
e despesa da administrativa pública num determinado exercício financeiro.
Portanto, embora o Direito Tributário e o Direito Financeiro integrem
formalmente ramos distintos do Direito, é indiscutível a relação entre as
duas áreas, o que impõe que façamos algumas considerações adicionais a
respeito das receitas públicas, a fim de reforçar ainda mais a importância do
estudo do Direito Tributário.
O Direito Tributário também mantém relação com outros ramos
do Direito, pois, como apontado anteriormente, nenhum ramo do Direito
se mantém isolado, já que o fracionamento em diferentes áreas existe,
sobretudo, para facilitar o estudo e a aplicação das normas jurídicas.
Dentre os ramos com os quais o Direito Tributário mantém vínculos
merecem destaque os seguintes:
a) Direito Constitucional
O Direito Constitucional serve como base para o estudo do Direito
Tributário, uma vez que em seu interior há uma grande quantidade de
normas tributárias, dentre as quais merecem destaque as que versam sobre a
competência tributária, os princípios que regem a tributação e as limitações
constitucionais ao poder de tributar.
b) Direito Internacional
O Direito Internacional também se relaciona intensamente com o
Direito Tributário, uma vez que versa sobre as relações entre os Estados5,
que geram inúmeros acordos internacionais, como os que dispõem sobre
bitributação e imunidade de jurisdição, além de cuidar do comércio
internacional (Direito Internacional Privado), que também interfere
4.
5.
DEODATO, Adalberto. Manual de ciência das finanças. São Paulo: Saraiva, 1974, p. 30.
Como exemplo temos o GATT - Acordo Geral de Tarifas e Comércio é um acordo legal
entre muitos países, cujo objetivo geral era promover o comércio internacional, reduzindo ou
eliminando barreiras comerciais, como tarifas ou cotas.
26
CURSO DE DIREITO TRIBUTÁRIO E EXECUÇÃO FISCAL
diretamente na tributação, sobretudo quando são firmados acordos de livre
comércio.
c) Direito Administrativo
Como o Direito Administrativo trata do funcionamento do Estado
e da atuação de seus servidores e a tributação é uma atividade estatal, são
muito fortes as relações entre os dois ramos. A administração tributária,
que compreende basicamente a fiscalização e a arrecadação dos tributos, é
uma atividade essencialmente administrativa. Em suma, como a tributação
é uma atividade de natureza administrativa, observa os comandos jurídicos
que emanam do Direito Administrativo.
d) Direito Penal
A extrema importância das normas tributárias fez com que o
legislador preveja sanções para aqueles que as descumprirem. No rol de
punições, existem medidas mais severas, por força da gravidade da conduta
do agente, que configuram crimes e, por isso, estão tipificadas no Código
Penal ou em leis esparsas, como é o caso da sonegação fiscal, da apropriação
indébita de contribuições previdenciárias e da prestação de declaração falsa
às autoridades fiscais.
e) Direito Civil
A relação jurídica tributária possui natureza obrigacional. O tributo,
inclusive, corresponde ao principal objeto dessa relação, consistindo em
uma prestação de dar, na modalidade pagar. Há, ainda, outras obrigações de
natureza tributária, como a escrituração de livros fiscais e a emissão de notas
fiscais, que são consideradas obrigações acessórias, e também se inserem no
rol de prestações de natureza obrigacional.
O Direito Civil, por sua vez, corresponde à principal fonte de
comandos jurídicos de natureza obrigacional, pois traz em seu bojo uma
teoria geral a respeito das obrigações, que se aplica também ao Direito
Tributário.
Outros institutos de Direito Civil são também utilizados em matéria
tributária, como é o caso do domicílio, da solidariedade, da propriedade, da
posse e da sociedade empresarial (art. 110 do CTN).
f) Direito Processual Civil
As relações do Direito Tributário com o Direito Processual Civil se
manifestam de duas formas. Em primeiro lugar, o processo administrativo
tributário, que serve, por exemplo, para que sejam analisadas eventuais
impugnações apresentadas pelos contribuintes, observa o devido processo
legal e, consequentemente, comandos de natureza processual, como os
princípios aplicáveis ao processo, principalmente os que se encontram
previstos no texto constitucional. Quando o conflito entre o fisco e o
Cristiano Quinaia
27
contribuinte é levado ao conhecimento do Poder Judiciário a relação com
o Direito Processual Civil fica ainda mais clara, já que a prestação da tutela
jurisdicional observará aos comandos de natureza processual.
Portanto, mais uma vez reiteramos que a autonomia do Direito
Tributário não significa que se mantém em uma redoma fechada, sendo
livre da influência de outros ramos do Direito. Ao contrário, o Direito
corresponde ao todo e, desta forma, somente é possível compreendê-lo
quando se têm uma visão sistemática.
1.3 RECEITAS ORIGINÁRIAS E DERIVADAS DOS ENTES
PÚBLICOS
Receita corresponde à soma ou quantia que tenha sido recebida por
uma pessoa física ou jurídica. É por isso que se costuma dizer que consiste
na entrada de numerário ou capital.
Em relação aos entes públicos, a receita está relacionada ao ingresso
de numerário nos cofres públicos, embora se possa também trabalhar de
maneira abstrata, quando, então, estaremos perante a previsão de receita.
Portanto, a receita pública corresponde ao total de dinheiro que é
recolhido aos cofres públicos para custear as despesas dos entes públicos e
os seus investimentos.
A principal fonte de receita para os entes públicos são os tributos,
em suas diferentes modalidades, como anteriormente mencionado. No
entanto, existem também outras fontes de receita, como as obtidas com as
empresas públicas, que são entidades dotadas de personalidade jurídica de
direito privado para a exploração de atividade econômica.
As receitas obtidas com o ingresso aos cofres públicos de tributos são
consideradas receitas derivadas e as demais receitas, como as decorrentes
da exploração do seu próprio patrimônio, são consideradas receitas
originárias. Portanto, a distinção entre receitas derivadas e originárias leva
em consideração a sua origem.
As receitas derivadas – também conhecidas como receitas mediatas,
não patrimoniais, de direito público ou de economia pública6 - decorrem
da soberania ou supremacia do Estado, que lhe permite exigir tributos da
sociedade, assim como impor diferentes penalidades, como o perdimento
de bens, como base no seu poder de império (ou autoridade).
A principal fonte de receitas derivadas são os tributos pagos pelos
particulares. É por isso, inclusive, que essas receitas são consideradas
6.
MORAES, Bernardo de. Compêndio de direito tributário, volume I. Rio de Janeiro: Forense,
2000, p. 303.
28
CURSO DE DIREITO TRIBUTÁRIO E EXECUÇÃO FISCAL
derivadas, pois não se originam do patrimônio do Estado ou do fato de
desempenhar uma atividade de natureza econômica, e sim derivam (ou
decorrem) de bens ou atividades privadas.
Diferentemente, as receitas originárias – também conhecidas como
receitas imediatas, patrimoniais, de domínio privado, de economia privada
ou de direito privado7 - estão relacionadas, em especial, à exploração do
patrimônio do próprio Estado e à prestação de serviços públicos por
empresas públicas e sociedades de economia mista, o que faz com que se
afirme que o Estado as aufere de seus próprios recursos, de seus bens, do
exercício de uma atividade econômica, como se fosse uma pessoa privada8.
Consistem em exemplos de situações em que está presente a receita
originária a obtenção de recursos com locação, arrendamento ou alienação
de bens públicos, desenvolvimento de empreendimentos industriais,
comerciais ou agrícolas9.
As receitas originárias também se diferenciam das derivadas
pelo fato de que as primeiras estão submetidas a um regime jurídico
predominantemente privado, uma vez que ao desempenhar atividades
econômicas o Estado se submete ao mesmo regime jurídico aplicável
aos particulares, por força de imperativo constitucional10, enquanto que
as receitas derivadas estão submetidas a um regime jurídico público por
estarem estreitamente vinculadas ao interesse público.
O principal critério para diferenciar essas diferentes modalidades de
receitas é o caráter vinculativo ou não do recolhimento, pois, enquanto as
receitas originárias são voluntárias e contratuais, uma vez que o particular
não está obrigado a se valer do serviço, produto ou atividade que gera o
seu pagamento, como locar um imóvel público, as receitas derivadas são
estabelecidas coercitivamente às pessoas físicas e jurídicas, por decorrerem
do poder de império (soberania ou supremacia) do Estado, como ocorre
com o pagamento de impostos11.
É essencial que as receitas públicas, independentemente de sua
origem, sejam suficientes para cobrir as despesas, a fim de que não se tenha
7. Ibidem.
8. DEODATO, Adalberto. Manual de ciência das finanças. São Paulo: Saraiva, 1974, p. 30.
9. DENARI, Zelmo. Curso de direito tributário. São Paulo: Atlas, 2008, p. 31.
10. Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. (...) § 1º A lei estabelecerá
o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias
que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação
de serviços, dispondo sobre: (...) II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.
11. ROSA JUNIOR, Luiz Emygdio da. Manual de direito financeiro e direito tributário. Rio de
Janeiro: Renovar, 2002, pp. 63 e 64.