Escrito por
Construct
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projetos de construção civil e o melhor aplicativo para organizar e gerenciar seus registros
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2
Escrito por
Sienge
O Sienge é um software de gestão – também chamado de ERP, ou Enterprise Resource
Planning – especializado no setor da construção com mais de 2300 clientes em todo o Brasil.
O sistema é desenvolvido pela Softplan, uma empresa de tecnologia de Florianópolis que atua
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problemas e facilitar o cotidiano de empresas que trabalham com construção.
Entre as facilidades que o Sienge oferece estão: fazer orçamentos de obra e empresarial dentro
do sistema, estudos de viabilidade, acompanhamento de diário de obra, compras de materiais
e suprimentos dentro do sistema, gestão de ativos, gestão de qualidade, gerenciamento de
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ramo da construção, diminuindo o desperdício e aumentando a eficiência das empresas.
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3
Sumário
1
Entendendo o orçamento
O que compõe um orçamento?
Atributos de um orçamento
Etapas do orçamento de obras
2
4 tipos de orçamento de obras na construção civil
Estimativa de custos ou paramétrico
Orçamento preliminar
Estimativa de custos por etapa da obra
Orçamento analítico
3
5 dicas fundamentais para um bom orçamento de obras
Equalização de propostas
Domine os critérios de medição
Faça visitas técnicas
Leia e interprete informações
Seja detalhista
4
Como escolher o melhor tipo de orçamento
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4
Introdução
Imagine que você precisa comprar alimentos para fazer um jantar.
Antes mesmo de sair de casa, é necessário fazer uma lista de compras, com todos os itens que você precisa para cozinhar os pratos
escolhidos. Chegando no supermercado e com a lista em mãos, é
pouco provável que você coloque no carrinho a primeira opção de
cada item da lista que apareça na sua frente. É necessário analisar
preços, marcas, tamanhos, especificações e a quantidade necessária
– caso contrário, o gasto pode ser maior do que o previsto e a qualidade do jantar preparado pode ser duvidosa.
O exemplo acima parece distante, mas o orçamento de obras
funciona de maneira similar nos projetos de construção civil. Segundo uma pesquisa da consultoria Delloite, a diferença entre o que foi
orçado e o custo real de uma obra é de, em média, 21,7%. Este índice mostra que, em uma rotina cheia de imprevistos e detalhes que
definem a qualidade e os custos de um projeto, o orçamento é a
diferença entre negócios bem ou mal sucedidos.
De maneira geral, o orçamento funciona como um memorial quantitativo dos serviços, materiais e etapas de cada obra. O engenheiro
civil, professor e consultor Aldo Dórea Mattos define o orçamento
como um “exercício de previsão”, capaz de delimitar a lucratividade e
o sucesso da construtora em seus empreendimentos.
Por depender de uma série de elementos, cálculos e variáveis,
muitos profissionais e gestores competentes acabam não realizando um orçamento funcional e adequado ao projeto a ser executado. Exemplo disso são os projetos superfaturados ou paralisados no
Brasil por extrapolarem o orçamento inicial das construtoras.
O orçamento, que também podemos chamar de composição de
custos, deve ser capaz de retratar a realidade do projeto e estar intimamente atrelado ao planejamento da obra. Dessa maneira, o documento produzido pelo engenheiro responsável (sim, o orçamento é
um documento!) possui valor prático e pode efetivamente orientar a
empresa em relação aos seus gastos, lucros e deveres relacionados
à construção de um projeto.
Em parceria com o Sienge, preparamos este eBook com o objetivo
de ajudar você a entender melhor o orçamento de obras. Além de
todo um passo-a-passo, exemplos e referências, você ainda irá encontrar dicas valiosas para produzir o orçamento dos projetos da sua
empresa de maneira descomplicada e completa. Boa leitura!
Apesar de ser umas das etapas mais importantes para a realização
de um projeto construtivo, o orçamento de obras é extremamente
negligenciado dentro das empresas de construção civil.
| O GUIA DEFINITIVO DO ORÇAMENTO DE OBRAS
5
1.
Entendendo o orçamento
| O GUIA DEFINITIVO DO ORÇAMENTO DE OBRAS
6
1. Entendendo o orçamento
Responda rápido: você sabe o que compõe um orçamento? Se
você não soube responder ou ficou em dúvida, é sinal de que, antes
de começar a fazer, você precisa saber de fato o que é um orçamento.
“Em empresas menores, em geral o próprio construtor faz a
estimativa, muitas vezes sem grandes detalhes, baseando-se tão-somente na experiência adquirida pela execução repetida de serviços
similares. O que se nota claramente é que, quanto maior o conhecimento prático de quem orça, maior a probabilidade de o orçamento estar apurado e menor a chance de que frustrações futuras
ocorram na obra.”
1.1. O que compõe um orçamento?
De maneira geral, um orçamento de obras é constituído
pelos custos com a mão de obra aplicada, materiais utilizados,
equipamentos e subempreiteiros contratados (se houver). Por isso,
os menores dos itens devem ser indicados, juntamente com suas
respectivas quantidades: caminhões/sacos de cimento e areia,
quantos pedreiros, carpinteiros e ajudantes deverão ser contratados,
por quanto tempo e por qual salário, o valor do aluguel ou compra de
equipamentos e por aí vai.
Aldo Dórea Mattos
Como preparar orçamentos de obras, p.23
Um dos pontos fundamentais para começar a elaboração de
um orçamento consiste em inserir os itens e serviços que serão
necessários para a construção do projeto, e não apenas os mais
importantes, como muitos profissionais e empresas insistem em
fazer (de maneira falha e incompleta). No entanto, muitas vezes esse
orçamento acaba sendo simplificado, levando em conta os fatores
que iremos abordar nos próximos capítulos deste eBook.
O orçamento vai além de preços, custos e cálculos. Ele possui
uma abrangência maior, servindo como base para tarefas como:
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7
Planejamento de compras
Parcerias com fornecedores
Índices de acompanhamento
Metas de desempenho ao longo das obras
Definição do tamanho das equipes alocadas para cada fase
Cronograma físico-financeiro projeto.
A quantificação dos materiais necessários para cada serviço
deve ser feita com base nos desenhos fornecidos pelo projetista,
considerando-se as dimensões e suas especificações técnicas – por
exemplo, ao se medir a área de piso de um apartamento, deve-se
separá-la por tipo de revestimento a ser utilizado.
“O processo de levantamento das quantidades de cada material deve sempre deixar uma memória de cálculo fácil de ser manipulada, a fim de que as contas possam ser conferidas por outra
pessoa e que uma mudança de características ou dimensões do
projeto não acarrete um segundo levantamento completo. Em vista disso, são normalmente usados formulários padronizados por
cada empresa.”
Aldo Dórea Mattos
Como preparar orçamentos de obras, p.44
Principalmente no caso dos materiais – necessários para a
fundação, estruturação, acabamento, cobertura ou em outra fase da
obra – o orçamentista também precisa levar em conta as perdas e
desperdícios que naturalmente acontecem.
Composição de custos
A composição de custos, é, de maneira resumida, o processo de
estabelecimento dos custos necessários para a execução de um
determinado serviço ou atividade, individualizado por insumo e de
acordo com requisitos pré-estabelecidos. A composição lista todos
os insumos que fazem parte da execução do serviço, com suas
respectivas quantidades e com os custos unitárias e totais.
A Composição de Preço Unitário corresponde ao preço de uma
unidade de serviço – por exemplo, 1 kg de armação estrutural, 1m² de
pintura ou 1 m³ de escavação manual. Elaborada em forma de tabela,
a composição deve apresentar todos os insumos necessários para
a realização daquele serviço, o que geralmente envolve materiais,
equipamentos e mão de obra.
Durante a elaboração da planilha de composição de custos, é
importante que o profissional saiba, além de informar corretamente
os itens, cálculos e valores, interpretar os resultados obtidos. Isso
porque um orçamento pode definir o sucesso ou falha de um
projeto, e o orçamentista deve elaborá-lo pensando em melhorias
de alocação de materiais, recursos e mão de obra que resultarão
em aumento de produtividade e redução dos prejuízos durante a
execução do empreendimento.
Durante a elaboração da planilha de composição de custos, é
importante que o profissional saiba, além de informar corretamente
os itens, cálculos e valores, interpretar os resultados obtidos. Isso
porque um orçamento pode definir o sucesso ou falha de um
projeto, e o orçamentista deve elaborá-lo pensando em melhorias
de alocação de materiais, recursos e mão de obra que resultarão
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8
em aumento de produtividade e redução dos prejuízos durante a
execução do empreendimento.
“O gerenciamento da produção de uma obra tem relação intrínseca com os índices adota dos no orçamento. A meta de todo
gerente é melhorar os índices (ou seja, diminuí-Ios) a fim de maximizar o lucro de cada serviço.”
Aldo Dórea Mattos
Como preparar orçamentos de obras, p.71
1.2. Atributos de um orçamento
O orçamento não pode ser pensado como uma simples planilha
com números, listas e fórmulas. Todo o processo deve ser regido
por princípios de orçamentação – ou seja, métodos de obtenção do
orçamento final – já que, por se tratar de previsão, acaba englobando
uma margem de defasagem e diferenças entre o valor obtido
para cada item e o valor real na execução do projeto.
Aldo Dórea Mattos define três principais atributos do orçamento
de obras: aproximação, especificidade e temporalidade. Entenda a
seguir o que cada um desses atributos significa:
as obras. No entanto é preciso ter cautela: o orçamento não deve ser
exato, mas preciso. A prática da orçamentação, aliada aos cálculos e
métodos adequados, deve fornecer um valor próximo ao custo real
de um projeto. Quanto mais apurada e criteriosa for a orçamentação,
menor será a margem de erro e as chances de desastres financeiros
no decorrer das obras.
A aproximação de um orçamento está presente em praticamente
todos os itens, como mão de obra, materiais (incluindo perdas e
impostos) e na produtividade dos equipamentos utilizados.
“Quando, por exemplo, se admite que um pedreiro gasta 1
hora para fazer 1m² de alvenaria de bloco cerâmico, será por meio
dessa premissa que o total de mão-de-obra de alvenaria será calculado. A produtividade afeta diretamente a composição de custo.”
Aldo Dórea Mattos
Como preparar orçamentos de obras, p.24
Especificidade
Aproximação
O orçamento deve ser sempre visto como um documento
personalizado e único, sem validade aplicável para outro projeto.
Mesmo que o orçamentista se baseie em obras anteriores para
elaborar outro orçamento, sempre é necessário fazer adaptações.
Por se basear em previsões de custo, todo orçamento é aproximado,
onde há uma estimativa associada para cada item necessário durante
Fatores como a cidade onde o projeto será construído, as
condições de relevo do terreno, e as próprias políticas internas
| O GUIA DEFINITIVO DO ORÇAMENTO DE OBRAS
9
e o padrão de qualidade da construtora alteram efetivamente o
orçamento de uma obra para outra.
Temporalidade
Orçamentos acompanham tendências de mercado e perdem a
validade com uma certa rapidez. Por isso, um orçamento realizado
há um ano ou mais, por exemplo, já não é mais válido atualmente.
Isso acontece porque o custo dos insumos pode aumentar ou
diminuir ao longo do tempo, de acordo com a inflação e o próprio
nível de atividade do setor no país. Além disso, encargos trabalhistas
e impostos também sofrem modificações constantes – como o
aumento anual do salário mínimo ou a criação de tributações
específicas para determinados setores.
De maneira geral, todo o cenário financeiro e gerencial do país
e da própria empresa fazem com que os orçamentos elaborados
possuam um prazo de validade.
1.3. Etapas do orçamento de obras
De maneira geral, o processo de elaboração de um orçamento
de obras envolve três grandes etapas de trabalho: estudo das
condicionantes, composição de custos e determinação do preço.
Estudo das condicionantes (condições de contorno)
A fase de estudo das condicionantes envolve a análise e leitura
dos itens e especificações que norteiam o projeto – ou seja, quais
são as condições determinantes para a execução das obras até o
final. A partir destas condicionantes, será possível identificar o que
pode afetar ou determinar o orçamento, envolvendo os serviços
necessários para a obra com suas respectivas quantidades, o grau
de interferência ou relação entre eles e a dificuldade/tempo de
realização de cada tarefa.
“Primeiro
estudam-se os documentos disponíveis, realiza-se
visita de campo, e fazem-se consultas ao cliente. Em seguida, monta-se o custo, que é proveniente das definições técnicas, do plano de
ataque da obra, dos quantitativos dos serviços, das produtividades
e da cotação de preços de insumos. Por fim, soma-se o custo indireto, aplicam-se os impostos e aplica-se a margem de lucratividade
desejada, obtendo-se assim o preço de venda da obra.”
Aldo Dórea Mattos
Como preparar orçamentos de obras, p.26
É durante essa etapa que é possível conhecer as condições de
contorno da obra. Para isso, o orçamentista deve realizar com
atenção algumas ações como:
1. Leitura e interpretação do projeto: plantas, vistas, perspectivas,
tabelas, detalhes, etc.
2. Leitura e interpretação das especificações técnicas: descrição
qualitativa de materiais, tolerância dimensional de elementos
estruturais, grau de compactação para o aterro, etc.
| O GUIA DEFINITIVO DO ORÇAMENTO DE OBRAS
10
3. Leitura e interpretação do edital: prazo da obra, penalidades
em caso de atraso, critérios de medição, regime de preços, horários
de trabalho, documentação, seguros exigidos, etc.
4. Visita técnica: tirar dúvidas, colher dados importantes para
o orçamento, registro fotográfico do terreno, disponibilidade de
materiais, etc. Pode ser padronizada através de um formulário.
Identificação de custos e quantitativos
O levantamento de quantitativos é a produção de cálculos
baseados nas dimensões precisas fornecidas no projeto, podendo
ser indicado em metro quadrados, metros cúbicos, volume e quilos, a
depender da natureza do item sendo especificado. Alguns exemplos
de levantamento de quantitativos são o volume de concreto
armado necessário para a construção das estruturas principais, e
quantos metros quadrados de porcelanato são necessários para o
acabamento do piso no hall de entrada do edifício.
1. Custos diretos
Os custos diretos estão associados aos serviços no canteiro de
obras. A composição de custos diretos pode ser unitária ou indicada
como verba, no caso de serviços que não possam ser fisicamente
mensuráveis – por exemplo, R$200 mil destinados ao projeto de
paisagismo e R$3.500,00 à sinalização no canteiro de obras.
A composição unitária de custos abrange os insumos com as
respectivas quantidades necessárias para a realização de uma
unidade do serviço, além do valor proveniente dos cálculos, da
cotação de preços e da aplicação dos encargos da hora-base da mão
de obra envolvida.
O custo total de uma obra é o resultado do custo orçado para
cada um dos serviços integrantes da obra. Por isso, é fundamental
identificar e quantificar corretamente cada um dos serviços
necessários. Segundo Aldo Dórea Mattos, “um orçamento, por mais
cuidadoso que seja feito, estará longe de ser completo se excluir
algum serviço requerido pela obra. Um pequeno erro de conta pode
gerar um erro de enormes proporções e conseqüências nefastas.”
A construtora pode usar como base composições de custos
próprias ou utilzar publicações especializadas, como a TCPO (Tabelas
de Composições de Preços para Orçamentos), da Editora PINI.
2. Custos indiretos
Os custos indiretos não estão diretamente associados aos serviços
no canteiro de obras. No entanto, eles são indispensáveis para que
| O GUIA DEFINITIVO DO ORÇAMENTO DE OBRAS
11
estes serviços possam ser feitos.
Nessa etapa, o orçamentista deve dimensionar as equipes técnicas
(engenheiros, mestres de obras, encarregados), de apoio (almoxarife,
apontador) e de suporte (secretários, vigias), além de identificar as
despesas gerais da obra, como materiais de limpeza, de escritório e
taxas de monte e desmonte da estrutura de operações no canteiro.
Cálculo BDI
Item
AC
(Administração Central)
Determinação do preço
É nesta fase que o orçamentista deve definir, de acordo com os
dados e números obtidos nas fases anteriores, a lucratividade que
deseja ter na obra em questão, levando em conta fatores como
concorrência, dimensão e risco do empreendimento.
No caso de obras públicas, por exemplo, empresas com
orçamentos mais completos e competitivos possuem mais chances
de vencerem a disputa pelo contrato, sem que a margem de lucro
com o projeto seja depreciada.
Para fechar o orçamento, também é necessário aplicar um fator que
represente, de maneira unificada, o custo indireto e o lucro, além dos
impostos incidentes e do risco de construção do empreendimento.
Este item é chamado de cálculo do BDI (Benefícios e Despesas
Indiretas) – uma taxa que se adiciona ao custo da obra para cobrir
as despesas indiretas do construtor.
O BDI é um elemento que ajuda o profissional responsável pelo
orçamento a compor o preço de venda adequado, levando em
conta os custos indiretos. O cálculo do BDI, geralmente, leva em
consideração 5 itens. Confira na tabela ao lado:
O que inclui
Gastos gerais com
administração, salários dos
funcionários, aluguel da sede,
materiais de escritório, etc.
DF
(Despesas Financeiras)
Gastos relacionados à perda
monetária decorrente da
defasagem entre a data do
efetivo desembolso e a data
da receita correspondente.
R (Riscos)
Possíveis gastos com imprevistos, riscos, seguros, etc.
L (Lucro)
Percentual referente ao lucro
pretendido com o empreendimento.
T (Tributos)
Somatório de tributações
e impostos como ISS, PIS e
COFINS.
Fórmula padrão:
( ( ( (1 + AC) x (1 + DF) x (1 + R) x (1 + L) ) / ( 1 – T ) ) – 1 )
| O GUIA DEFINITIVO DO ORÇAMENTO DE OBRAS
12
Vale ressaltar que esse índice não é absoluto – ou seja, cada obra
ou serviço deve ter um BDI próprio, pois as condições de cálculo e o
preço de venda acabam sendo específicos para cada projeto.
Essa etapa envolve bastantes cálculos e pode ser um pouco
complicada. Se você precisa de ajuda, indicamos a Planilha de
Cálculo de BDI oferecida pelo gratuitamente pelo Sienge. Você pode
acessá-la clicando aqui.
O desbalanceamento de planilha é uma jogada de preços
onde o custo dos itens pode ser alterado, com o objetivo de melhorar
a situação do contrato e facilitar negócios. No entanto, o preço final
da venda não é alterado. Assim, o orçamentista pode, por exemplo,
atribuir um BDI maior para serviços mais caros ou arriscados, de
acordo com a conveniência ou necessidade da empresa.
Isso é especialmente interessante em casos onde o orçamentista
consegue identificar quantitativos mal dimensionados no edital do
projeto, ou quando há possibilidade de que eles aumentem no
decorrer da obra.
“Em tese, o BDI deve ser aplicado uniformemente sobre
todos os serviços. Entretanto, como forma de melhorar a situação econômica do contrato, o construtor pode realizar a distribuição não uniforme do preço total nos itens da planilha.”
Aldo Dórea Mattos
Como preparar orçamentos de obras, p.30
No próximo capítulo, você irá aprender na prática quais são os 4
tipos de orçamento, além das especificações e aplicações de cada
um deles em diferentes tipos de projetos.
| O GUIA DEFINITIVO DO ORÇAMENTO DE OBRAS
13
2.
4 tipos de orçamento de obras
| O GUIA DEFINITIVO DO ORÇAMENTO DE OBRAS
14
2. 4 tipos de orçamento de obras
Quando uma obra está em jogo, o custo total preciso é uma
das maiores preocupações do gestor. No entanto, dependendo do
tipo do empreendimento e das próprias diretrizes de atuação da
empresa, esse grau de precisão pode ser maior ou menor.
Quando se trata de uma construção convencional – como casas
ou edifícios residenciais –, com um projeto construtivo tradicional e
serviços conhecidos pela construtora, a estimativa pode produzir
números bem próximos da realidade. Quando o projeto é pouco
convencional – como uma indústria ou obra inovadora –, onde serão
utilizadas tecnologias construtivas não tão familiares,a estimativa de
custos tende a ser naturalmente menos precisa.
Por, isso, é importante dominar bem a composição geral de um
orçamento para escolher o tipo ou nível mais adequado para o
projeto ou para a empresa. De maneira geral, existem quatro tipos
de orçamento, que variam em relação ao nível de detalhamento.
Entenda a seguir quais são eles, além de como e em que situações
eles devem ser escolhidos:
2.1. Estimativa de custos ou paramétrico
A estimativa de custos ou orçamento paramétrico é uma
avaliação feita com base em históricos de custos e comparação com
projetos similares, a partir da indicação de valores padronizados que
servem para uma primeira avaliação do custo da obra.
No caso de edificações, um indicador bastante utilizado nas fases
de estudo de viabilidade e anteprojeto é o custo unitário por metro
quadrado construído. Uma das referências mais utilizadas para
isso é o CUB (Custo Unitário Básico), que existe desde 1964 e tem
como objetivo disciplinar o mercado de incorporação imobiliária e
atua como parâmetro para a determinação dos custos dos imóveis..
O CUB representa o custo da construção, por m², de cada um dos
padrões de imóvel estabelecidos.
“Os sindicatos estaduais da indústria da construção civil ficam obrigados a divulgar mensalmente, até o dia 5 de cada mês,
os custos unitários de construção a serem adotados nas respectivas regiões jurisdicionais, calculados com observância dos critérios
e normas a que se refere o inciso I, do artigo anterior.”
Lei Federal 4.591, Art. 54
É importante ressaltar que no cálculo do CUB não são considerados
itens como fundações, elevadores equipamentos e instalações,
impostos, ou a remuneração da própria construtora. Por isso, a
estimativa de custos não elimina a necessidade de se fazer os outros
tipos de orçamento.
| O GUIA DEFINITIVO DO ORÇAMENTO DE OBRAS
15
2.2. Orçamento preliminar
Com um grau de detalhamento um pouco maior do que a estimativa
de custos, o orçamento preliminar requer o levantamento expedito
de alguns quantitativos. Geralmente, é feito depois da elaboração do
anteprojeto e antes do desenvolvimento dos projetos básicos.
O orçamento preliminar trabalha com uma quantidade maior
de indicadores (como o custo por metro linear da rede de esgoto),
representando um aprimoramento da estimativa inicial. Eles servem
para gerar pacotes de trabalho menores, de maior facilidade
de orçamentação e análise de sensibilidade de preços. Alguns
indicadores úteis para levantamentos de construções prediais são:
Volume de concreto: área construída x espessura média da
camada de concreto.
Peso de armação: volume de concreto x consumo de aço.
Área de fôrma: volume de concreto x taxa de fôrma.
Com o tempo, a construtora pode ir gerando seus próprios
indicadores a partir do histórico de orçamentos e estimativas de
outros projetos similares.
2.3. Estimativa de custos por etapa da obra
A estimativa de custos por etapa de obra é uma decomposição
da estimativa inicial, levando em consideração o percentual que
cada etapa da obra representa sobre o custo total. A tabela de
percentuais é fruto de estudos sobre os custos de obras similares
e geralmente é apresentado em faixas de valores. Por exemplo: na
construção de uma praça orçada em R$ 247.858,43, o serviço “pisos”
representou 43,37% do custo total da obra. Portanto, para uma
praça com características semelhantes e valor total de R$100.000,00,
estima-se que R$ 43.370 serão gastos com a pavimentação.
Apesar de ser ainda mais detalhado do que o orçamento
preliminar, é preciso ter em mente que os percentuas obtidos são
apenas referências. No caso de obras não convencionais ou com
algum diferencial construtivo de grande destaque, os percentuais
provavelmente não vão ser tão exatos ou aplicáveis.
Uma vantagem do orçamento por etapa é que o orçamentista
pode avaliar de forma prática a viabilidade de execução de alguns
serviços – por exemplo, se a cotação de um subempreiteiro está
dentro ou fora da faixa de custo estipulada pela empresa.
2.4. Orçamento analítico
O orçamento analítico é a maneira mais precisa e detalhada
de estimar os custos efetivos de uma obra. Ele é feito a partir de
composições de custos e de uma pesquisa minuciosa de preços dos
insumos, procurando chegar sempre a um valor bem próximo do
custo “real” e com uma pequena margem de incerteza.
Além dos custos diretos, os custos indiretos também são
incorporados a esse tipo de orçamento. Assim, com cálculos que
envolvem materiais, encargos trabalhistas, equipamentos, taxas,
impostos e outros itens, é possível chegar em um valor extremamente
preciso e confiável para o custo total da obra.
| O GUIA DEFINITIVO DO ORÇAMENTO DE OBRAS
16
Para a elaboração do orçamento analítico, o orçamentista
deve ter em mãos o projeto executivo, projetos complementares,
especificações técnicas, composições de preços, preço dos insumos
de acordo com cada serviço e o planejamento da obra. Em síntese,
o projeto é detalhado em atividades, mensurado e baseado por
composições. Depois disso, com a montagem dos custos indiretos
acrescido do BDI, é possível chegar no preço de venda.
Assim, o orçamento analítico é o que exige mais empenho do
orçamentista, porque demanda leitura e interpretação de projeto,
cálculos de áreas e volumes e outros itens a fim de quantificar todos
os insumos e serviços necessários para a realização completa da
obra. Geralmente, é considerada como aceitável uma margem de
erro que varia de 1 a 5%. Veja abaixo um exemplo resumido de
orçamento analítico:
Orçamento Analítico
Item
Descrição
Unidade
Quantidade
Valor Unitário
1. Serviços
Preliminares
Valor Total
4.682,48
1.1
Instalação provisória de
energia elétrica
vb
1,00
1.870,13
1.870,13
1.2
Instalação de alarme no
canteiro de obras
vb
1,00
1.200,00
1.200,00
1.3
Placas da obra (município/
estado e construtora)
m²
4,80
200,49
962,35
1.4
Sinalização de segurança
vb
1,00
650,00
650,00
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17
Item
Descrição
Unidade
Quantidade
Valor Unitário
2. Movimentação
de terra
Valor Total
29.137,82
2.1
Aterro apiloado com
material de 1ª categoria
m³
252,93
90,08
22.783,93
2.2
Escavação mecânica em
material de 1ª categoria
m³
725,40
7,09
5.143,09
2.3
Escavação manual em
material de 1ª categoria
m³
33,60
29,33
985,49
2.4
Reaterro com material
de 1ª categoria
m³
9,60
23,47
225,31
128.288,41
3. Infraestrutura
3.1
Blocos de fundações
m³
24,00
1.839,10
44.138,40
3.2
Vigas baldrame
m³
38,00
1.839,10
69.885,80
| O GUIA DEFINITIVO DO ORÇAMENTO DE OBRAS
18
Item
Descrição
Unidade
Quantidade
Valor Unitário
Valor Total
3.3
Estacas a trado para muro
ø 20cm
m
51,00
77,75
3.965,25
3.4
Vigas baldrame para muro
e canteiros
m³
5,60
1.839,10
10.298,96
76.986,99
4. Revestimento
4.1
Chapisco em paredes
m²
2.716,00
6,54
17.762,64
4.2
Emboço em paredes
m²
2.716,00
15,45
41.962,20
4.3
Chapisco em lajes
m²
785,00
6,54
5.133,90
4.4
Emboço em lajes
m²
785,00
15,45
12.128,25
5. Pintura
143.501,80
| O GUIA DEFINITIVO DO ORÇAMENTO DE OBRAS
19
Item
Descrição
Unidade
Quantidade
Valor Unitário
Valor Total
5.1
Massa corrida
m²
2.403,00
6,54
29.100,33
5.2
Pintura interna acrílica
com selador
m²
2.403,00
30,14
72.426,42
5.3
Selador pintura externa
m²
1.046,00
9,63
10.072,98
5.4
Pintura acrílica externa
m²
1.046,00
20,51
21.453,46
5.5
Pintura PU em esquadrias
de madeira
m²
347,13
30,10
10.448,61
TOTAL
382.597,50
*Os valores contidos na tabela são apenas exemplos e não representam dados reais.
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3.
5 dicas fundamentais para um
bom orçamento de obras
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3. 5 dicas fundamentais para um bom orçamento de obras
1. Equalização de propostas
É muito comum se deparar com propostas onde as empresas
fornecedoras não incluem informações importantes nos orçamentos.
Para evitar problemas com o orçamento final da obra, a dica é fazer
uma equalização de propostas para cada serviço/produto – ou seja,
conferir quais propostas contém todos as informações necessárias
para o orçamento e quais propostas não estão completas. Prazo e
local de entrega, por exemplo, são informações que nem sempre
estão presentes na proposta, e podem gerar transtornos futuros
quando as obras começarem. O objetivo da equalização é completar
propostas incompletas para compará-las com as que envolvem
informações mais amplas ou detalhadas.
Crie um checklist que deve ser aplicado em cada proposta recebida,
com os itens necessários para a execução do serviço do ponto de
vista do orçamento. Alguns itens que devem ser levados em conta na
montagem da equalização são:
Adicionar frete: necessário quando um fornecedor cotou o material
entregue no canteiro, enquanto outro o cotou sem entrega.
Completar escopo: necessário quando uma proposta vai muito
além do que a outra em termos de abrangência.
Compatibilizar moedas: necessário em obras com insumos
importados, onde pode haver cotações em reais e em dólares.
Adequar quantitativos: necessário em obras onde o levantamento
de quantidades fica por conta do fornecedor.
Em seguida, confira cada uma das propostas recebidas, preencha
o checklist e faça a comparação. No caso de propostas incompletas,
mas com valores aparentemente vantajosos, você pode devolvê-las
para as empresas e solicitar a adição das informações faltantes.
O resultado da equalização de propostas ajuda a identificar com
facilidade quais fornecedores oferecem o preço mais vantajoso
para a compra do material ou execução do serviço, evitando que a
empresa tome prejuízo ao fechar negócio com custo duvidoso.
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2. Domine os critérios de medição
Todas as quantificações necessárias no projeto devem seguir aos
padrões de medição previamente definidos pela empresa. Por isso,
é fundamental que o orçamentista entenda os critérios de medição
para cada área, material, serviço e pagamento estipulados antes de
começar a produzir o orçamento da obra. É importante lembrar que
estes critérios não são universais – ou seja, podem mudar de acordo
com o contrato e tipo do empreendimento a ser construído.
3. Faça visitas técnicas
Seja por pressa, falta de tempo, falta de recursos ou por pensarem
que não há necessidade, muitos orçamentistas acabam deixando de
fazer a visita técnica de campo.
que não estão descritas no projeto técnico ou executivo. Durante a
visita técnica é importante mapear questões como o tipo de solo e
de vegetação, as características dos terrenos adjacentes e as rotas de
acesso ao local.
4. Leia e interprete informações
O papel do orçamentista não é apenas utilizar as informações
contidas no projeto técnico ou executivo para montar uma planilha
com os custos de cada item. É preciso ler e interpretar as informações
contidas além dos números, para garantir que a obra seja executada
de uma maneira viável e produtiva para a empresa.
“Imagine que a obra é uma adutora que atravessa vários
municípios e cruza regiões de vegetação de diferentes densidades.
De onde virá a brita? Onde serão alojados os trabalhadores? Há
surgência de água em algum ponto do terreno? O terreno está invadido? Existem edificações a demolir (além das que eventualmente
estejam mapeadas no projeto)? ”
Aldo Dórea Mattos
Os 10 Erros mais Comuns nos Orçamentos de Obra
O objetivo dessa visita é observar o local da obra sob o ponto de
vista técnico e logístico, analisando características e necessidades
Com um processo mais crítico de orçamentação, o profissional
pode pensar na própria viabilidade econômica do projeto e em
alternativas para que os trabalhos em campo sejam otimizados.
Assim, o orçamento deve fornecer informações suficientes para gerar
o dimensionamento de equipes para cada serviço, simulações de
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cenários alternativos com diferentes técnicas construtivas, geração
de cronogramas físicos e financeiros e para a obtenção de índices
para o acompanhamento produtivo da obra.
5. Seja detalhista
Por mais simples que o projeto e a natureza da obra possam
parecer, quantos mais detalhes forem especificados é melhor. Isso
garante que orçamento seja cada vez mais completo e compatível
com a realidade das futuras obras, evitando o surgimento de
gastos extras exorbitantes e possíveis prejuízos para a empresa.
Por isso, faça inúmeras revisões, e obtenha novas cotações de
materiais e serviços até que as todas as informações do orçamento
estejam compatíveis com as métricas propostas para o projeto.
Simulações de métodos construtivos diferentes, de custos de
equipamentos e alternativas para diminuir os custos na execução da
obra podem ser a chave entre ganhar ou perder uma licitação.
Nenhum empreendimento é igual ao outro: dê atenção exclusiva
a cada orçamento e documente todas as informações obtidas, para
que haja total sincronia entre os objetivos iniciais e o empreendimento
final construído.
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4.
Como escolher o melhor
tipo de orçamento
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4. Como escolher o melhor tipo de orçamento
Com tantas informações e particularidades sobre o orçamento
de obras, é comum que muitos profissionais fiquem confusos em
cada projeto ou obra da empresa. É melhor ser mais detalhado e
preciso ou optar pela padronização e agilidade? Quais métodos
adotar? Fizemos uma tabela que resume as principais características
e aplicações de cada tipo de orçamento:
Independente do ramo de atuação da construtora e dos projetos
por ela produzidos, é importante ter em mente que nenhum dos
tipos de orçamento é melhor ou pior do que o outro: a estimativa
de custos, o orçamento preliminar, analítico ou por etapas da obra
devem ser vistos como maneiras complementares de se calcular
os custos totais ou parciais de uma obra.
Características básicas
Tipo de
Orçamento
Informações
Necessárias
Metodologia
Finalidade
Nível de
detalhamento
Estimativa de custos
Área construída (m²)
Custo Unitário Básico
Ordem de grandeza
Baixo
Preliminar
Projeto básico
Índices de construção
Estimativa
Médio
Etapa da obra
Orçamentos de
obras similares
Decomposição
percentual
Estimativa por etapa
Médio
Analítico
Projetos executivos
Apuração completa
Preço real da obra
Médio
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Em obras muito complexas – como obras públicas de
infraestrutura ou um complexo residencial – ou que empreguem
técnicas construtivas inovadoras, é interessante investir na produção
de um orçamento mais detalhado. Isso irá garantir que possíveis
imprevistos e surpresas ao longo da execução do projeto gerem
despesas extras para a empresa, que pode até ter sua taxa de lucros
reduzida. Itens como mão de obra, encargos trabalhistas e materiais
estruturais devem ser listados com o maior detalhamento possível,
com indicações de variáveis como a quantidade, performance,
fornecedores, cálculo de perda, tempo e custo do frete e transporte
dentro do próprio canteiro de obras.
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Já em obras mais simples e que não fogem dos tipos de projeto
que a empresa está acostumada a fazer, pode não ser necessário
produzir orçamentos extremamente completos e detalhados.
Nesses casos, orçamentos de obras anteriores semelhantes podem
servir como base e o orçamentista pode voltar sua atenção com
mais tranquilidade para os possíveis diferenciais, como alterações no
terreno, dimensões do empreendimento e itens de acabamento.
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