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2013
Universidade de Coimbra - UNIV-FAC-AUTOR
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação
com o consumo de drogas e álcool numa amostra de
estudantes do ensino superior DISSERT
UC/FPCE
Ana Cláudia da Costa Ávila (e-mail: avila_ana18@hotmail.com) - UNIVFAC-AUTOR
Dissertação de Mestrado em Psicologia, área de especialização
Psicologia Clínica e da Saúde, subárea de especialização Psicologia
Forense, sob a orientação de Professora Doutora Isabel Maria Marques
Alberto U
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o
consumo de drogas e álcool numa amostra de estudantes do
ensino superior
Este estudo expõe uma investigação realizada entre estudantes de
várias universidades do país acerca da violência entre parceiros íntimos
associada ao consumo de substâncias (álcool e drogas). No que diz respeito à
violência, conclui-se que está bastante presente e aceite entre os
participantes da amostra, adquirindo um caráter psicológico e recíproco no
que concerne à perpetração e vitimização destes comportamentos violentos e
ao género dos envolvidos.
Quanto ao consumo de álcool e outras drogas, verificou-se a sua
relação com a violência na intimidade e identificou-se um conjunto sólido de
indivíduos adeptos destes consumos. Isto leva à necessidade de salientar o
risco de violência nas relações de intimidade entre esta população dada a sua
proximidade destas substâncias, pelo que será importante investir na
prevenção e intervenção, inicialmente no que diz respeito a estas
dependências e, posteriormente, à ocorrência de violência entre parceiros
íntimos.
Palavras chave: violência entre parceiros íntimos, consumo de
substâncias, estudantes universitários
Intimate Partner Violence: analysis of the relationship with drug
and alcohol abuse in an university students sample
This study exposes an investigation conducted between students of
Portuguese’s universities about intimate partner violence associated with
substances (alcohol and drug) abuse. Conclude that the violence is quite
present and accepted in the sample, acquiring a psychological and reciprocal
character when it concerns the perpetration and victimization of these violent
behaviors and gender involved.
Regarding the alcohol and other drugs use, verified its relationship
with the intimate violence and identified a solid set of individuals followers
of these abuses. This leads to the need to emphasize the risk of violence in
intimate relationships among this population because the proximity of these
substances. Thus, will be important invest in prevention and intervention, in
regard of these dependencies and after of occurrence of intimate partner
violence.
Key Words: intimate partner violence, substances abuse, university
students
AgradecimentosTITULO DISSERT
À família, pelo apoio incondicional.
Às amigas da faculdade, Dalila, Eva e Maria pela amizade e pela
presença, na alegria e no desânimo.
Ao Isaac que, pelo apoio e paciência, foi essencial para terminar este
projeto.
A todos aqueles que, de alguma forma, estiveram presentes durante a
minha vida académica.
E finalmente à Doutora Isabel Alberto, pela orientação e boa
disposição.
-FAC-AUTOR
-U
ÍndiceTI
TULO DISSERT
Introdução ……………………………………………………………………...1
I – Enquadramento Conceptual………………………………………………1
1.1. Violência entre parceiros íntimos…………………………………….....1
1.2. Consumo de substâncias (drogas e álcool) e violência entre
parceiros íntimos………………………………………………………....5
II – Objetivos………………………………………………………………….10
III – Metodologia……………………………………………………………...10
3.1. Descrição da amostra…………………………………………………..10
3.2. Instrumentos de Avaliação……………………………………………..11
3.2.1. Questionário de dados sociodemográficos……………………..12
3.2.2. The Revised Conflit Tactic Scales (CTS-2)……………………...12
3.2.3. The Drug Use Disorders Identification Test (DUDIT)…………..13
3.2.4. The Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT)………..13
3.3. Procedimentos de investigação……………………………………….14
IV – Resultados……………………………………………………………….14
4.1. Vivência prévia de violência e consumos (álcool e drogas)……….14
4.2. O abuso psicológico é o mais reportado na população
universitária…………………………………………………………………...15
4.3. O abuso nas relações íntimas ocorre mais em reciprocidade do que
em exclusividade……………………………………………………………..17
4.4. Há uma relação positiva significativa entre o consumo de álcool e
outras drogas e a violência entre parceiros íntimos……………………..18
4.5. O consumo de álcool/droga revela-se mais severo em indivíduos
que mantêm violência entre parceiros íntimos……………………………20
4.6. Há diferenças de género na associação da violência na intimidade
com o consumo de substâncias (álcool e drogas)……………………….21
V – Discussão………………………………………………………………...22
VI – Conclusão…………………………………………………………….....25
Bibliografia…………………………………………………………………….26
U
1
Introdução
A violência entre parceiros íntimos é um complexo problema social e
de saúde pública (Stalans & Ritchie, 2008) de consequências devastadoras
para a vítima, tanto a nível físico como psicológico.
Desde os anos 80, os estudos científicos com parceiros violentos
foram estendidos a vários contextos relacionais, como é o caso das relações
de namoro, que parece ser cada vez mais comum, pelo registo da sua
prevalência, reciprocidade (Paiva & Figueiredo, 2004) e aceitação de certas
formas, chegando mesmo a ser interpretada por muitos como uma
manifestação de amor (Glass et al., 2003; Henton et al., 1983). É a violência
existente neste tipo de relações que será foco de estudo neste trabalho e que,
ao longo do enquadramento conceptual será abordada de forma mais
pormenorizada, com base na literatura disponível.
Neste estudo abordam-se ainda, os fatores de risco da violência nas
relações de intimidade, bem como a tipologia que engloba um leque de
comportamentos agressivos, incluindo várias dimensões de acordo com o
tipo e severidade da agressão, frequência e impacto emocional e físico
(Klostermann, Mignone, & Chen, 2009).
Posteriormente, numa tentativa de perceber o que leva agressores e
vítimas a envolverem-se nestes padrões de violência, procura-se analisar a
relação entre o consumo de drogas e álcool e a violência na intimidade,
como já tem sido documentada por diversos autores (Testa, Livingston, &
Leonard, 2003).
Desta forma, pretende-se contribuir para a compreensão desta
temática em Portugal em estudantes do ensino superior, uma população
específica.
I – Enquadramento conceptual
1.1.Violência entre parceiros íntimos
A violência entre parceiros íntimos tem sido alvo de uma crescente
preocupação social e é considerada, cada vez mais, um grave problema
social e de saúde pública (Stalans & Ritchie, 2008), que constitui a maior
causa de ofensa e morte em países como os Estados Unidos da América
(Mignone, Klostermann, & Chen, 2009).
A Organização Mundial de Saúde (2012) define a violência entre
parceiros como qualquer comportamento no seio de uma relação de
intimidade que causa dano físico, psicológico ou sexual, abrangendo atos
físicos agressivos, abuso psicológico, relações sexuais forçadas e outras
formas de coação sexual, bem como comportamentos controladores
(associados ao stalking), tais como isolar a vítima da sua família e amigos ou
limitar o seu acesso a informação e assistência.
Os fatores de risco de violência entre parceiros íntimos apontados pela
Organização Mundial de Saúde (2012) incluem baixo rendimento
económico, idade jovem, diferenças de género, sucesso académico reduzido,
envolvimento em comportamentos agressivos e delinquentes na
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adolescência, historial de violência na família de origem, fatores culturais e
determinadas características de personalidade. A associação positiva entre
psicopatologia e o aumento do risco de violência na intimidade é igualmente
evidenciada por autores como Gortner et al. e Holtz-worth-Munroe et al.
(1997, como citados em Parrott, Drobes, Saladin, Coffey, & Dansky, 2003;
Mignone, Klostermann, & Chen, 2009). Além disto, o consumo excessivo de
álcool tem sido fortemente associado à perpetração da violência na
intimidade, embora seja debatido se este é uma razão para os homens serem
violentos ou se é usado como desculpa e minimização deste tipo de
comportamento (OMS, 2012).
A nível familiar há, igualmente, um conjunto de fatores de risco para a
violência. Como referem Gelles e Straus (1988), um perfil de violência na
intimidade deve incluir pelo menos três dimensões: (1) a organização da
família em geral; (2) as características particulares das famílias; e (3) os
padrões temporais e espaciais da violência na intimidade ou seja, quando e
onde é mais provável que a violência ocorra. A violência entre parceiros
íntimos pode ocorrer no seio do casamento, entre parceiros de relações
duradouras ou casuais, bem como entre ex-companheiros depois de a relação
ter terminado (Stevens, Korchmaros, & Miller, 2010). Apesar de estar mais
socialmente associada à perpetração por parte do homem contra a mulher, a
violência entre parceiros íntimos pode ser exercida também pela mulher
contra o homem, ser mútua, ou entre parceiros do mesmo sexo e ocorre em
todas as faixas etárias, sendo que o seu impacto na saúde mental e física de
ambos é destacado por muitos autores (Caridade & Machado, 2006; Chang
et al., 2010; Herrenkohl, Kosterman, Mason, & Hawkins, 2007; Krebs et al.,
2011; Lipsky, Caetano, & Roy-Byrne, 2011; Mignone et al., 2009; Paiva &
Figueiredo, 2003; Schneider, Burnette, Ilgen, & Timko, 2009).
A OMS (2002) referencia como consequências da violência entre
parceiros íntimos, as lesões físicas, desordens gastrointestinais, síndromas de
dor crónica, depressão e comportamentos suicidas, desordens ginecológicas
e incapacidades de aprendizagem e de trabalho. Ansiedade, abuso de
substâncias e perturbação de stress pós-traumático são, igualmente,
apontados como consequências da vitimação de violência doméstica (Swan,
Gambone, Caldwell, Sullivan, & Snow, 2008) e, adicionalmente, o insucesso
escolar e ideação suicida no caso de violência entre parceiros íntimos na
população juvenil (Caridade & Machado, 2006). O aumento da ideação
suicida tem sido, cada vez mais, associado à perpetração e à vitimação do
abuso físico no contexto da violência entre parceiros íntimos (Chan, Straus,
Brownridge, Tiwari, & Leung, 2008).
A tipologia da violência entre parceiros íntimos engloba um leque de
comportamentos agressivos com várias dimensões em função do tipo e
severidade da agressão, da frequência e do impacto emocional e físico
(Klostermann, Mignone, & Chen, 2009).
Michael Johnson (2005; 2006) distinguiu quatro tipos de violência
entre parceiros íntimos: “terrorismo íntimo”, “resistência violenta”,
“controlo violento mútuo” e “violência comum de casal”.
O “terrorismo íntimo” diz respeito à violência que é exercida de modo
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a controlar o outro sendo, segundo o autor, o tipo de violência íntima mais
violento e mais relacionado com atitudes relativamente ao género. Tem sido
descrito como um padrão de perpetração unilateralmente violento,
predominantemente cometido pelo homem contra a mulher, o qual está mais
associado à existência de ofensas (Hines & Douglas, 2012).
O termo “resistência violenta” era geralmente referido como
“autodefesa” pelo facto de, segundo a sua definição comum, ocorrer como
uma reação imediata a uma agressão, com a intenção da autoproteção da
vítima. Embora frequentemente a “resistência violenta” cumpra a definição
comum de autodefesa, Kelly e Johnson (2008) descrevem esta tipologia de
violência entre parceiros íntimos como a real possibilidade de, quer o
homem quer a mulher numa tentativa de cessar a violência ou torná-la a
favor de si próprios, reagirem violentamente para com o parceiro, que tem
um padrão de violência de controlo coercivo, também denominado de
“violência caracterológica” ou “terrorismo íntimo”.
Nestes dois tipos de violência entre parceiros íntimos verifica-se uma
assimetria de género, ao contrário dos restantes, pautados pela simetria
relacional.
O “controlo violento mútuo” caracteriza-se pela existência de
comportamentos controladores e violentos por ambos os elementos da
relação íntima. Friend, Bradley, Thatcher, e Gottman (2011) denominam
este conceito como “violência situacional do casal” que diz respeito à
agressão física entre parceiros que constitui violência de baixo nível,
naturalmente recíproca e menos frequente . A investigação focada neste tipo
de violência tem mostrado que padrões mutuamente violentos estão
associados a uma maior ofensa do parceiro do que padrões unilateralmente
violentos, como é o caso do “terrorismo íntimo” (Marcus, 2012).
Por último, a “violência comum de casal” resulta numa escalada de
um conflito no casal, sendo que não é exercida com o objetivo de controlar o
outro (Johnson, 2005; 2006).
Além destes tipos de violência, Kelly e Johnson (2008) sugeriram
outro, denominado “violência ativada pela separação”, que se refere à
violência que emerge no contexto de separação do casal, quando não existe
história anterior de violência por parte do parceiro na relação íntima ou
noutras situações. Este tipo de violência limita-se a um ou dois episódios no
início ou durante o período de separação, sendo que o parceiro que foi
deixado e que está em choque pela ação do divórcio/separação por parte do
outro apresenta uma maior probabilidade de ser o perpetrador.
Os estudos científicos com parceiros violentos, inicialmente
conduzidos com casais casados foram, desde os anos 80, estendidos a outros
contextos relacionais, nomeadamente casais heterossexuais em coabitação,
parceiros homossexuais e relações de namoro. A literatura tem vindo, de
igual modo, a reconhecer que a violência na intimidade não se limita às
mulheres e que os homens também podem ser vítimas.
Em Portugal este fenómeno tem recebido pouca atenção científica e
social (Machado & Matos, 2012) e é frequentemente associado a padrões
violentos unilaterais perpetrados pelo homem contra a mulher,
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negligenciando-se que o contrário também ocorre.
A violência nas relações de namoro (mais predominantemente
presente entre estudantes do ensino superior) parece ser cada vez mais
comum e tem sido considerada um problema social significante, tendendo
por isso a ser foco de um crescente número de estudos. Num estudo
português (Machado, Caridade, & Martins 2010) foi reportado por 25.4%
dos participantes pelo menos um ato de abuso perpetrado por um parceiro de
namoro (13.4% vítimas de abuso físico e 19.5% de abuso emocional) e
30.6% dos participantes indicaram terem sido, também, abusadores de um
parceiro, reportando 18.1% pelo menos um ato de abuso físico e 22.4%
abuso emocional. É de realçar que a violência psicológica, além de mais
frequente (Feiring, Deblinger, Hoch-Espada, & Haworth, 2002; Scott &
Straus, 2007), juntamente com os comportamentos controladores, é
considerada como mais difícil de identificar (Norris, Huss, & Palarea, 2011).
É mais provável que estes comportamentos ocorram entre pessoas que não
estão muito tempo juntas, podendo funcionar como um prolongamento da
violência entre parceiros íntimos depois da relação terminar (Melton, 2012).
Todavia, Bergman (1992) menciona que a violência sexual e física são as
mais reportadas nos estudantes universitários. Também Frazier e Seales
(1997), num estudo em contexto universitário, identificaram 21% das
mulheres como vítimas de violação, perpetrada maioritariamente (86%) por
conhecidos ou namorados das mesmas.
Paiva e Figueiredo (2004) encontraram, igualmente, valores elevados
de perpetração autoreportada de abuso psicológico (53.8%), coerção sexual
(18.9%) e abuso físico menor (16.7%) entre estudantes universitários
portugueses, surgindo como mais frequente a perpetração por parte de
ambos os elementos da relação e não apenas por um, fato consistente com
outras pesquisas (Henton, Cate, Koval, Lloyd, & Christopher, 1983; Straus
& Gozjolko, 2007). Isto, possivelmente, deve-se ao aumento da
probabilidade de um indivíduo ser reciprocamente violento a partir do
momento em que o parceiro o foi (Henton et al., 1983), sugerindo a
inexistência de diferenças entre sexos no que diz respeito à perpetração da
violência na intimidade, embora alguns estudos relatem que existem
diferenças deste tipo (Thompson, Sims, Kingree, & Windle, 2008). A
agressão mútua parece ser característica de casais recentemente casados, que
experienciam baixos níveis de agressão física (Cantos, Neidig, & O’Leary,
1993).
No geral, a prevalência de experiências de abuso no relacionamento
íntimo no início da idade adulta varia entre 25% e 45%, valores
significativamente superiores ao abuso no relacionamento entre um casal
casado, que varia entre 10% e 15% (Duarte & Lima, 2006). No entanto, temse sugerido que este abuso tende a iniciar-se durante o namoro e a perpetuarse no casamento (Duarte & Lima, 2006), o que revela uma necessidade
urgente de intervenção e prevenção. Apesar desta prevalência, alguns
estudos revelam que os jovens têm uma desaprovação geral do uso da
violência (Machado et al., 2010), quer sejam vítimas ou não vítimas,
agressores ou não agressores (Machado, Matos, & Moreira, 2003),
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considerando mesmo a violência no namoro um grande problema
(Knickrehm & Teske, 2000, como citado em Nabors, Dietz, & Jasinski,
2006). Contudo, esta desaprovação coexiste com a aceitação de certas
formas e em certas situações, chegando a ser interpretada, por uma
considerável percentagem de jovens (25%-35%), como uma manifestação de
amor (Glass et al., 2003; Henton et al., 1983). Numa pesquisa com uma
amostra da população universitária, os resultados mostraram que os
estudantes do sexo masculino e de anos de formação mais iniciais são mais
tolerantes à violência (Machado, Matos, & Moreira, 2003) contudo, a
aceitação de alguns comportamentos violentos ocorre, igualmente, entre
casais casados (Straus, Kantor, & Moore, 1997).
1.2.Consumo de substâncias (drogas e álcool) e violência entre
parceiros íntimos
Segundo a OMS (2009), o envolvimento no consumo de drogas pode
aumentar o risco de se ser vítima e/ou perpetrador de violência enquanto
que, por outro lado, experienciar violência pode aumentar os riscos de iniciar
o uso de drogas ilícitas. Os consumos de drogas e álcool são mencionados
como associados à vitimação e perpetração da violência entre parceiros
íntimos. O aumento da taxa de consumos (consumo excessivo de álcool, uso
de marijuana e de tabaco) é uma característica relevante do período
desenvolvimental imediatamente após o ensino secundário. É nesta fase que
as relações românticas constituem uma importante influência no uso de
drogas (Fleming, White, & Catalano, 2010) e no consumo de álcool.
Testa, Livingston e Leonard (2003) associaram o consumo de
marijuana e drogas pesadas ao aumento da probabilidade de experienciar
violência nas relações. O estudo de Wong, Weiss, Ayala, e Kipke (2010)
com jovens do sexo masculino que têm sexo com homens, referencia a
violência física entre parceiros íntimos como um preditor do uso de drogas.
El-Bassel, Gibert, Wu, Go, e Hill (2005) encontraram resultados que
sustentam que a experiência de violência entre parceiros íntimos aumenta a
probabilidade do subsequente consumo frequente de drogas, numa amostra
de mulheres que se encontrava a receber metadona.
Têm sido propostas três explicações teóricas para a relação entre
consumo de drogas e violência. Em primeiro lugar, o uso de drogas a nível
psicofarmacológico tem sido ligado à violência; como resultado da ingestão
a curto ou a longo prazo de substâncias específicas, os indivíduos podem
experienciar mudanças na função fisiológica que, num estado não
intoxicado, restringem o comportamento violento. Em segundo lugar, a
droga associada à violência pode estar relacionada com questões
económicas, em que os indivíduos adictos ou dependentes de substâncias
ilícitas cometem crimes, incluindo agressões, como um meio de conseguir
financiar o seu consumo. Finalmente, a violência pode ser uma parte
inerente do mercado de drogas ilícitas, no qual é utilizada de modo a forçar o
pagamento de dívidas, resolver a competição entre revendedores e como
forma de punir informantes (OMS, 2009). No entanto, é importante referir
que pessoas que vivem numa cultura que suporta o uso de droga ou a
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participação na venda de drogas ilegais, apesar de apresentarem mais
probabilidade para “entrar” na violência entre parceiros íntimos, não o fazem
necessariamente. A relação entre consumir drogas ilícitas e violência entre
parceiros íntimos aparece no estudo de Stalans e Ritchie (2008) como não
sendo determinada pelo fato de o ambiente ser facilitador do uso de droga.
O tipo de droga aparece, de igual modo, associado com a
probabilidade de ocorrência de violência entre parceiros íntimos. Segundo a
Organização Mundial de Saúde (2009) diferentes tipos de drogas ilícitas têm
diferentes efeitos, pelo que algumas drogas podem estar mais relacionadas
com a violência na intimidade do que outras. Esta associação é corroborada
por alguns estudos, como de Stalans e Ritchie (2008) no qual a cocaína e a
heroína se mostraram mais consistentemente associadas com a violência
entre parceiros íntimos do que os restantes tipos de drogas. Noutro estudo,
Parrott et al. (2003) verificaram que, entre indivíduos dependentes de
cocaína, a presença de Perturbação de Stress Pós-Traumático potencia a
perpetração de violência entre parceiros íntimos.
Considerando que os jovens adultos solteiros apresentam taxas mais
altas de uso de substâncias do que os casados (Fleming et al., 2010), Claros e
Sharma (2012), numa pesquisa com 199 estudantes universitários,
verificaram que 2% reportaram ter consumido marijuana pela primeira vez
aos 10 de idade ou mais novos, e 82% entre os 14 e os 16, substância que se
revelou significativamente correlacionada com a habilidade para regular e
manegar emoções.
O álcool é apontado, de igual modo, como um facilitador do
comportamento agressivo (Bushman & Cooper, 1990) e tem sido a droga
mais comummente associada à vitimação e perpetração da violência entre
parceiros íntimos (Field, Caetano, & Nelson, 2004; Herrenkohl et al., 2007;
Kantor & Straus, 1987; Weinsheimer et al., 2005, como citado em Mignone
et al., 2009) e mais especificamente à violência física entre os mesmos
(Hines & Straus, 2007; Kantor & Straus, 1987; Tumwesigye, Kyomuhendo,
Greenfield, & Wanyenze, 2012). O consumo de álcool tem sido mencionado
pela OMS (2006) como o maior contributo para este tipo de violência,
defendendo que o seu consumo aumenta a ocorrência e a severidade da
violência doméstica, tal como o consumo de outras drogas (OMS, 2009).
Um estudo levado a cabo por Agante (2009) sobre os hábitos e
comportamentos relacionados com o consumo de álcool em estudantes do
ensino superior de Aveiro, Coimbra e Leiria durante as festas académicas,
revelou que os jovens têm o primeiro contacto com as bebidas alcoólicas
entre os 12 e os 17 anos de idade, e a primeira embriaguez ocorre por volta
dos 16 anos. O consumo de álcool nas relações íntimas afeta diretamente as
funções físicas e cognitivas, reduzindo a capacidade de controlo e de
resolução de problemas sem utilização da violência, e pode agravar
dificuldades financeiras, infidelidade, entre outros, aumentando o risco de
violência entre os parceiros, dado o conflito e tensão relacionais.
As crenças (pessoais e socais) de que o álcool causa a agressão podem
encorajar o comportamento violento depois do consumo e levar ao seu uso
como uma desculpa para a violência (OMS, 2006). Um estudo de Dermen e
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George (1987) sugeriu mesmo que indivíduos que se tornam agressivos
quando bebem, fazem-no em parte porque acreditam ou esperam que o
álcool vai conduzir a que o sejam. Esta associação entre o consumo de álcool
e a violência na intimidade tem sido, assim, motivo de controvérsia, devido à
sua utilização como desculpa para o indivíduo ser violento (Hirschel,
Hutchison, & Shaw, 2010), com menor sentimento de culpa, punição e
vergonha, devido ao fato de ser apontado como uma potencial causa da
agressão conjugal, perspetiva que permaneceu até aos anos 70 do séc. XX
(Leonard, 2002) e mantém-se, ocasionalmente, nos dias atuais.
Hines e Straus (2007), numa pesquisa com estudantes universitários,
encontraram diferenças na associação entre o consumo de álcool e a
violência física considerando o local onde esta ocorre, sugerindo que esta
associação será fraca em sítios onde o consumo é considerado um
comportamento normativo. Pelo contrário, em culturas onde o consumo de
álcool é desviante e socialmente desaprovado, a associação com
comportamentos violentos será mais forte.
Leonard e Quigley (1999, como citado em Klostermann et al., 2009)
descreveram três modelos explicativos da coocorrência de episódios de
consumo de álcool e violência entre parceiros íntimos. No “spurious model”
a relação entre o uso de álcool e violência entre parceiros íntimos é vista
como uma consequência destas variáveis, ambas com origem em qualquer
outra influência. O “indirect effects model” considera o alcoolismo crónico
prejudicial para as relações íntimas mas é a discordância na relação que
conduz à violência entre os parceiros íntimos. Por último, o “proximal
effects model”, defende que a violência é potencialmente facilitada pela
intoxicação por consumos de álcool.
Muitas pesquisas têm, então, estabelecido que o uso/abuso de álcool e
a violência entre parceiros íntimos coexistem. De 20% a 50% dos incidentes
reportados à polícia envolvem um perpetrador que tinha consumido álcool.
O uso desta substância está frequentemente presente em homicídios por
violência entre parceiros íntimos (Stalans & Ritchie, 2008). Relativamente
ao tipo de álcool, alguns estudos revelaram que este está associado com o
aumento da exposição à violência, nomeadamente o elevado grau de álcool
(associado ao baixo custo económico) tem um efeito significante na
incidência e aumento da severidade da violência (Chavira, Bazargan-Hejazi,
Lin, Pino, & Bazargan, 2011).
Assim, o uso de substâncias (álcool/droga) é um fator comum na
violência entre parceiros íntimos, independentemente do sexo do perpetrador
(Stevens et al., 2010), tendo sido considerado como preditor significativo de
violência entre parceiros íntimos por vários estudos, embora o uso de drogas
ilícitas seja um preditor mais forte, em comparação com o álcool (Stalans &
Ritchie, 2008). Downs, Miller, e Panek (1993) verificaram que as mulheres
que consomem substâncias apresentam maior probabilidade de se tornarem
vítimas em comparação com aquelas que não consomem. Além disto, a
violência entre parceiros íntimos tende a ser experienciada e perpetrada nas
formas mais severas em relações entre casais casados afetados pelo consumo
excessivo de álcool (Wiersma, Cleveland, Herrera, & Fischer, 2010). O
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
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consumo de álcool prévio ao casamento é um dos preditores mais fortes para
a presença de agressão por parte do par no primeiro ano de casamento
(Quigley & Leonard, 1999).
Entre estudantes universitários do sexo masculino, Simons et al. (2008
como citado em Hines & Douglas, 2012) verificaram que a vitimação de
violência entre parceiros íntimos está associada a taxas elevadas de consumo
de álcool e drogas, e a uma maior probabilidade de se envolverem em
comportamentos sexuais de risco (Simons, Gwin, Browm, & Gross, 2008).
Contudo, Hines e Douglas (2012) não encontraram suporte para o abuso de
álcool como preditor de vitimação de violência entre parceiros íntimos.
As diferenças de género continuam a ser bastante mencionadas mas
pouco consensuais, quer a nível da prevalência da vitimação e perpetração
da violência entre parceiros íntimos, quer no que respeita à sua associação
com o consumo de substâncias (álcool e drogas). Apesar de as mulheres
serem reconhecidas como substancialmente mais propensas para serem
vítimas deste tipo de violência, estudos têm igualmente revelado o contrário.
Lindsay (2012) reporta que, apesar de alguns homens serem perpetradores, a
maioria é mesmo vítima. Curandi, Caetano, Clark e Schafer (1999 como
citado em Fals-Stewart & Kennedy, 2005) verificaram que os casais em que
a mulher tem problemas relacionados com o consumo de álcool tinham seis
vezes mais probabilidade de vivenciar episódios de violência entre parceiros
íntimos de mulher para homem, em comparação com os casais em que a
mulher não tinha consumos excessivos de álcool.
Apesar da ambivalência no que respeita aos contornos da ocorrência
da violência na intimidade e embora não seja uma condição necessária para a
sua existência, o consumo de substâncias neste contexto parece desenrolar-se
num círculo vicioso no qual o seu uso aumenta a probabilidade de ocorrer
violência que, por sua vez, também favorece o aumento posterior de
consumos (Herrenkohl et al., 2007).
Em relação à denúncia dos abusos às autoridades por parte das
vítimas, existem inúmeros estudos que mostram que menos de metade
reportam o incidente à polícia ou aos médicos, quer se trate de agressão
sexual ou outro tipo de violência na intimidade, o que dificulta a obtenção de
taxas de prevalência (Ahrens, Isas, Rios-Mandel, & Lopez, 2010). Este
silêncio é apontado pelos mesmos autores como resultado de crenças sobre
os papéis de género, sobre o casamento, a importância dada aos laços
familiares, os tabus relacionados com o sexo, o respeito pela autoridade, a
falta de recursos na comunidade e o medo de represálias violentas. Entre os
adolescentes é mais comum que falem acerca da violência com o grupo de
amigos (Henton et al., 1983). No estudo de Black e Weisy (2003) apenas
17% recorreram às mães, 10% aos pais e 2% aos professores. Posto isto, é
necessário investir na prevenção da violência entre parceiros íntimos,
nomeadamente junto dos adolescentes, uma vez que se têm mostrado como
um grupo de alto risco a nível da vitimação e da perpetração de abuso (seja
físico ou emocional), também devido ao fato de se encontrarem numa fase
desenvolvimental caraterizada por novas descobertas e experiências,
incluindo as relações de intimidade e os consumos de substâncias (álcool e
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
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9
drogas). Esta prevenção passa por uma ação coletiva (Leander, 2002), na
medida em que a violência entre parceiros íntimos se trata de um problema
de saúde e um crime público, no qual o tradicional provérbio “entre marido e
mulher não meta a colher” não deve ser referência. A prevenção da violência
nas relações de intimidade passa por uma consciencialização da sociedade e
por uma desmistificação das crenças enraizadas, de uma forma geral, na
sociedade. Em Portugal, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima tem
investido nestas iniciativas, nomeadamente junto dos estudantes
universitários, através do projeto UniSexo, criado pelo gabinete da cidade de
Coimbra, com o objetivo de sensibilizar a população universitária
relativamente à violência sexual neste contexto.
Ao nível da intervenção, alguns autores defendem que os tratamentos
para o abuso de substâncias em geral (Klostermann, Kelley, Mignone,
Pusateri, & Fals-Stewart, 2010; Murphy & Ting, 2010), e especificamente
para o consumo de álcool (Kantor & Straus, 1987; Pérez-Diaz & Huré, 2011;
Taft et al., 2010) podem ser considerados um importante elemento de
resposta, diminuição e prevenção da violência entre parceiros íntimos.
Wilson-Cohn, Strauss, e Falkin (2002) consideram que os programas
destinados a consumidores do sexo feminino devem enquadrar a história de
vitimação destas mulheres e tentar aumentar a sua consciência acerca do
ciclo de abuso que possa ter ocorrido nas suas famílias, uma vez que estas
tendem a aceitar o abuso como uma consequência de terem sido abusadas
em crianças ou por existir na família outra mulher que também foi vítima
deste tipo de violência. Além disto, fornecer educação formal e emprego
remunerado às mulheres pode auxiliar na redução da violência física entre
parceiros íntimos contra as mesmas, na medida em que se promove a sua
autodeterminação (Jewkes, 2002; Kaya & Cook, 2010). Um maior nível de
instrução pode conferir um maior poder social e uma maior habilidade para
utilizar os recursos que estão disponíveis na comunidade para lidar e cessar
com problemas como a violência na intimidade.
A respeito da alegada eficácia dos tratamentos do abuso de
substâncias na diminuição da violência entre parceiros íntimos, Klostermann
et al. (2010) realçam algumas das respostas típicas dadas a este tipo de
violência por estes programas de tratamento de abuso de substâncias.
Salientam, além do próprio tratamento, o encaminhamento para programas
de intervenção na violência doméstica, a terapia conjunta, e a terapia
comportamental de casal para alcoolismo e abuso de substâncias. Fowler
(2009) evidencia ainda a necessidade de uma multivariedade de serviços,
aquando do tratamento de mulheres vítimas de violência por parte do
parceiro íntimo. A literatura mostra-se ambivalente a respeito da eficácia e
utilidade destes tratamentos, o que limita a determinação das melhores
práticas de intervenção para indivíduos que mantêm consumos de
substâncias (álcool e drogas) e violência entre parceiros íntimos,
simultaneamente.
Práticas de intervenção de qualidade são urgentes, na medida em que
é conhecido o alto risco de repetição e manutenção da violência entre
parceiros íntimos (Kuijpers, Knaap, & Winkel, 2012). No entanto, é de
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
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10
salientar que é consensual a ideia da pertinência de intervenção não só junto
das vítimas mas também dos perpetradores (Barner & Carney, 2011).
II - Objetivos
O estudo da violência entre parceiros íntimos em indivíduos que não
se encontram casados ou em união de fato tem-se mostrado reduzido,
contribuindo para o conhecimento limitado e contraditório acerca da
problemática da violência nas relações de namoro e a sua associação ao
consumo de substâncias (álcool e drogas). Assim, os objetivos deste estudo
são perceber as causas que levam a estes comportamentos violentos e
analisar a prevalência da violência entre parceiros íntimos na referida
população, bem como caracterizá-la em função da severidade e tipo de
agressão. Pretende-se estudar o impacto e a relação entre os consumos e a
violência na intimidade nos participantes na amostra, analisando de igual
forma a influência da variável Sexo dos participantes nesta relação (como
agressores ou vítimas).
Deste modo, as hipóteses formuladas são:
H1 - O abuso psicológico é o mais reportado na população
universitária (Feiring, Deblinger, Hoch-Espada, & Haworth, 2002;
Machado, Caridade, & Martins, 2010; Paiva & Figueiredo, 2004;
Scott & Straus, 2007).
H2 - O abuso nas relações íntimas ocorre mais em reciprocidade
do que em exclusividade (Henton, Cate, Koval, Lloyd, &
Christopher, 1983; Straus & Gozjolko, 2007).
H3 - Há uma relação positiva significativa entre o consumo de
álcool e outras drogas e a violência entre parceiros íntimos (Field,
Caetano, & Nelson, 2004; Herrenkohl, Kosterman, Mason, &
Hawkins, 2007; Hines & Straus, 2007; Kantor & Straus, 1987;
Mignone, Klostermann, & Chen, 2009; Tumwesigye,
Kyomuhendo, Greenfield, & Wanyenze, 2012).
H4 - O consumo de álcool/droga revela-se mais severo em
indivíduos que mantêm violência entre parceiros íntimos (Testa,
Livingston, & Leonard, 2003; WHO, 2009).
H5 - Há diferenças de género na associação da violência na
intimidade com o consumo de substâncias (álcool e drogas)
(Curandi, Caetano, Clark, & Schafer, 1999 como citado em FalsStewart & Kennedy, 2005; Thompson, Sims, Kingree, & Windle,
2008).
III - Metodologia
3.1. Descrição da amostra
A recolha de dados para a concretização do presente estudo foi
realizada entre estudantes do ensino superior português atualmente numa
relação de intimidade, resultando numa amostra de 311 sujeitos de idades
compreendidas entre os 18 e os 47 anos (M=21.66; DP=3.15), sendo 239
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
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11
sujeitos do sexo feminino (76.8%) e 72 do sexo masculino (23.2%) e a
maioria de nacionalidade portuguesa (97.7%). A generalidade dos sujeitos
encontra-se solteira (97.4%), numa relação de namoro há dois anos (18.8%)
e a frequentar o 4º ano do curso superior (31.6%) (ver Tabela 1).
Tabela 1. Características sociodemográficas da amostra
N
Percentagem %
Feminino
239
76.8
Masculino
72
23.2
Portuguesa
303
97.7
Outras
7
2.2
Sexo (N=311)
Nacionalidade (N=310)
Estado Civil (N=311)
Solteiro
303
97.4
Casado
3
1.0
Divorciado
1
0.3
União de facto
4
1.3
1º
45
14.5
2º
81
26.1
3º
59
19.0
4º
98
31.6
5º
27
8.7
Ano escolar que frequenta
(N=310)
É de salientar que os sujeitos foram agrupados em 4 categorias
distintas consoante as áreas de estudos. Assim, a Tabela 2 mostra que a
maioria dos sujeitos da amostra frequenta o curso de Psicologia (40.0%) e
cursos de engenharias (31.9%). As restantes duas categorias correspondem a
ciências socias e humanas e outros cursos diversificados.
Tabela 2. Áreas de Estudos (N=310)
N
Percentagem %
Psicologia
124
40.0
Ciências Sociais e Humanas
50
16.1
Engenharias
99
31.9
Outros
37
11.9
3.2. Instrumentos de Avaliação
O protocolo aplicado1 de modo a testar as hipóteses do presente
1
O protocolo, aplicado em conjunto com mais duas colegas de tese de
mestrado, inclui, além dos referidos instrumentos, o Questionário de Violência
Conjugal – Causas, Manutenção e Resolução (Alarcão, Alberto, Correia, & Camelo,
2007) e o Questionário de Violência Conjugal – Histórias (Alberto, Alarcão,
Camelo, & Correia, 2007).
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
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12
estudo foi acompanhado por uma declaração de consentimento e é
constituído por um questionário de dados sociodemográficos, as CTS-2 The
Revised Conflit Tactic Scales (Straus et al., 1996; Alexandra & Figueiredo,
2006), o DUDIT The Drug Use Disorders Identification Test (Berman,
Bergman, Palmstierna, & Schlyter, 2002; Domingues & Palma, 2006) e
finalmente, o AUDIT The Alcohol Use Disorders Identification Test (WHO,
1989).
3.2.1. Questionário de Dados Sociodemográficos
Este questionário permite recolher um conjunto de informações
sociodemográficas do sujeito bem como acerca dos seus cuidadores.
Possibilita ainda obter o historial de violência e consumo de substâncias de
ambos, sendo que o consumo atual do participante é também recolhido. Por
último, este questionário permite compreender a aceitação da violência entre
o casal e a desculpabilização da mesma quando sob efeito de substâncias.
3.2.2. The Revised Conflit Tactic Scales (CTS-2) (Straus et al.,
1996; Alexandra & Figueiredo, 2006)
A CTS-2 é uma escala de autorresposta para avaliar o modo como os
casais resolvem os seus conflitos, através de estratégias de negociação ou de
abuso, analisando a presença de vários tipos de abuso: a) abuso físico sem
sequelas; b) agressão psicológica; c) abuso físico com sequelas; e d) coerção
sexual. É compostas por 39 itens agrupados em pares de questões relativas
ao participante e ao seu companheiro, constituindo um total de 78 perguntas.
Permite contabilizar as ocorrências por parte de ambos durante o último ano,
contendo oito categorias de resposta, sendo que as primeiras seis
determinam a prevalência e a cronicidade no último ano e as restantes a
prevalência global (Alexandra & Figueiredo, 2006).
A prevalência indica o número de casos em que se verifica um ou
mais atos que compõem cada uma das escalas para um período de tempo
circunscrito e a cronicidade indica a frequência de ocorrências durante o
último ano (Alexandra & Figueiredo, 2006).
Estas escalas permitem um total de 30 resultados possíveis: 5 escalas
com duas classificações para o tipo de agente (sujeito ou companheiro) e as
mesmas 5 escalas com 3 níveis de severidade (ligeiro, severo e total)
(Alexandra e Figueiredo, 2006).
No presente estudo e relativamente à perpetração da violência entre
parceiros íntimos, através da análise da consistência interna (alpha de
Cronbach), podemos verificar que a escala de abuso físico com sequelas é a
que apresenta valores de precisão mais elevados (α= .892), seguida das
escalas negociação (α= .848), abuso físico sem sequelas (α= .827), agressão
psicológica (α= .732) e coerção sexual (α= .716) (ver Anexo I, Tabela 3).
Desta forma, as escalas na presente amostra apresentam valores mais
elevados de consistência interna do que o estudo de Alexandra e Figueiredo
(2006) no qual a escala de abuso físico sem sequelas concentra valores mais
elevados (α=.78), seguida da negociação (α=.73), agressão psicológica
(α=.68), coerção sexual (α=.56) e abuso físico com sequelas (α=.50).
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
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13
Por outro lado, no que se refere à vitimização (ver Anexo I, Tabela 4),
a escala de abuso físico com sequelas apresenta novamente os valores de
prevalência mais elevados (α= .903), seguida da escala de negociação (α=
.845), abuso físico sem sequelas (α= .838), agressão psicológica (α= .714) e,
por último, coerção sexual (α= .649), ao contrário do estudo de Alexandra e
Figueiredo (2006) que, tal como na perpetração, é o abuso físico sem
sequelas (α=.74) que apresenta valores superiores de alpha de Cronbach,
seguido das escalas de negociação (α=.71), agressão psicológica (α=.64),
coerção sexual (α=.51) e abuso físico com sequelas (α=.47).
Desta forma, o CTS-2 apresenta valores de consistência interna entre
aceitáveis e elevados.
3.2.3. The Drug Use Disorders Identification Test (DUDIT)
(Berman, Bergman, Palmstierna, & Schlyter, 2002; Domingues &
Palma, 2006)
Este é um instrumento de autorresposta constituído por 11 itens que
pretendem analisar os padrões de consumo de drogas e problemas
relacionados com o mesmo, com o objetivo de identificar indivíduos que os
possuem. Este teste surgiu como um complemento ao AUDIT (Berman et
al., 2005), apresentado de seguida.
A pontuação máxima deste instrumento corresponde a 44 pontos,
sendo que as respostas aos itens 1-9 são cotados com 0 (“Nunca”), 1 (“Uma
vez por mês ou menos frequentemente”), 2 (“2 a 4 vezes por mês”), 3 (“2 a 3
vezes por semana”) ou 4 (“4 vezes por semana ou mais frequentemente”)
pontos e os itens 10 e 11 são cotados com 0 (“Não”), 2 (Sim, mas não
durante o último ano”) ou 4 (“Sim, durante o último ano”). Os participantes
do sexo masculino com 6 ou mais pontos têm, provavelmente, problemas
relacionados com drogas. Por outro lado, o ponto de corte para as mulheres é
de 2 pontos (Berma net al., 2005).
Na análise da consistência interna na amostra em estudo, o DUDIT
apresentou um bom valor de precisão (α= .840) (ver Anexo I, Tabela 5).
3.2.4. The Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT)
(WHO, 1989)
O AUDIT é um instrumento de autorresposta que pretende identificar,
de forma simples, indivíduos com consumo excessivo e/ou dependência de
álcool proporcionando, assim, um quadro de intervenção para estes sujeitos.
É constituído por 10 questões relativas a problemas relacionados com álcool,
consumo recente e sintomas de dependência e identifica quatro níveis de
risco, crescentes quanto à intensidade do consumo.
Tal como o DUDIT, este instrumento apresenta um total possível de
40 pontos, sendo que os itens 1 a 8 fornecem respostas cotadas numa escala
de 0 a 4, enquanto os itens 9 e 10 são cotados com 0, 2 ou 4 pontos.
No que respeita aos resultados, pontuações de 1 a 7 são consideradas
“consumos de baixo risco”, de 8 a 19 são definidas como “consumo
nocivo/abuso” e, por último, pontuações entre 20 e 40 correspondem a
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
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14
“consumo problemático” (WHO, 2006)
É ainda de referir que este instrumento é consistente com as definições
de dependência de álcool e consumo abusivo de álcool presentes na CID-10
(Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a saúde) (WHO, 2006).
O AUDIT mostrou um valor de precisão aceitável (α= .712) tal como
se havia verificado no estudo de Agante (2009) (ver Anexo I, Tabela 5).
3.3. Procedimentos de investigação
A amostra do presente estudo foi recolhida em parceria, para a
realização de mais duas teses, através da coordenação com alguns
departamentos da Universidade de Coimbra, nomeadamente do Pólo II, com
a Faculdade de Psicologia da mesma universidade, bem como por pesquisa
individual de cada aluna, junto de estudantes do ensino superior.
A quando do pedido de administração do protocolo, foram explicados
a todos os participantes os objetivos da investigação e salientado o caráter
voluntário e confidencial da mesma.
Para analisar os resultados obtidos foram utilizadas estatísticas
descritivas, no que se refere à caracterização da amostra, bem como testes de
estatística inferencial recorrendo ao programa informático Statistical
Package for Social Sciences (SPSS) versão 17.0.
Previamente foi feita a análise das qualidades psicométricas dos
instrumentos utilizados no presente estudo a nível da consistência interna,
que se mostraram medidas válidas e precisas, dados os seus valores de alpha
de Cronbach.
IV - Resultados
4.1. Vivência prévia de violência e consumos (álcool e drogas)
De acordo com as respostas ao Questionário Sociodemográfico, no
que concerne à experiência de violência dos participantes durante a infância
ou adolescência, 108 reportaram terem sido vítimas de castigos físicos por
mau comportamento em casa, sendo que a maioria refere ter sido raramente
(87%). De salientar que 13 (4.2%) participantes reportaram castigos físicos
por parte do pai/cuidador, 31 (10.0%) por parte da mãe/cuidadora, 58
(18.7%) por ambos e 5 (1.6%) por parte de outros familiares. Estes valores
são mais elevados do que os da violência verbal com insultos e humilhações
por parte dos cuidadores, referida por 49 sujeitos (15.8%), sendo a maioria
com uma frequência rara (12.6%). A vivência de atos sexuais contra a
vontade do participante foi reportada por 4 deles, apenas 1 com grande
frequência (0.3%) e os restantes ocasionalmente (1.0%) (ver Anexo II,
Tabela 6).
Relativamente à história familiar, os participantes testemunharam
durante a infância/adolescência mais violência verbal entre os cuidadores, 28
deles com grande frequência (9.1%) e 78 raramente (25.3%), ao contrário
dos abusos físicos com agressões, que foram reportados como existindo com
grande frequência apenas por 3 (1.0%) e por 25 participantes como
ocorrendo raramente (8.1%). A existência de agressão sexual e maus tratos
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
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15
de outro tipo entre os cuidadores foram mencionados por 1 e 7 (2.3%)
participantes, respetivamente (ver Anexo IV, Tabela 10).
Em relação à vitimação em contexto escolar, por parte de
professores ou outros educadores, a violência física é mais reportada do que
a verbal, sendo a primeira relatada por 38 (12,25%) participantes e a última
por 22 (7,1%) (ver Anexo II, Tabela 7).
Quanto às substâncias consumidas pelos participantes, o álcool é a
mais reportada (n=250, 80.4%), seguido de marijuana (11.9%) e haxixe
(10.3%). Os sedativos são menos usados (0.3%), sendo que a totalidade
indicou não consumir heroína, crack, metadona e anfetaminas (ver Anexo
III, Tabela 8). É ainda de referir que nenhum dos participantes realizou
qualquer tratamento relacionado com problemas com álcool e/ou drogas.
Atualmente, 67 dos 250 participantes reportaram terem terminado o
consumo de álcool, 19 já não consomem marijuana, valores aproximados ao
consumo de haxixe que deixou de ser usado por 14 dos 32 participantes.
Relativamente ao primeiro consumo destas substâncias, parece haver uma
tendência para o seu início aquando da entrada para a faculdade.
No que diz respeito aos consumos de álcool e drogas por parte dos
cuidadores, são mais referidos para o pai do que para a mãe sendo que, em
ambos, o álcool é mais frequentemente consumido. É ainda de referir que o
tabaco e a medicação são as drogas mencionadas como consumidas pelas
cuidadoras. Por outro lado, os cuidadores consomem, além das drogas
mencionadas nas cuidadoras, heroína e haxixe (ver Anexo IV, Tabelas 11 e
12).
De acordo com as respostas aos itens do Questionário
Sociodemográfico, a maioria dos participantes não desculpabiliza a violência
física ou verbal numa relação de casal quando o agressor está sob o efeito de
álcool ou drogas. Contudo, de acordo com as respostas dos participantes, o
consumo de anfetaminas torna a violência menos compreensível/aceitável
(82.8% de respostas “Nunca”), enquanto o consumo de álcool foi
considerado
como
tornando
este
tipo
de
violência
mais
compreensível/aceitável (18.4% de respostas afirmativas de compreensão)
(ver Anexo III, Tabela 9).
4.2. Da análise da H1 “O abuso psicológico é o mais reportado na
população universitária, no que diz respeito ao CTS-2, analisando a
perpetração dos diferentes tipos de abuso e da negociação (Tabela 13), 25%
dos respondentes reporta um ou mais atos das escalas abuso físico sem
sequelas e 3,8% refere abuso físico com sequelas; 21,9% referenciaram
coerção sexual e 87,5% assinalam agressão psicológica. A negociação
emocional (94.9%) e cognitiva (94.9%) são mais referidas pelos
participantes da amostra.
Quanto à vitimização, 28,3% dos participantes reportam terem sido
vítimas de abuso físico sem sequelas, e 4,1% referiram abuso físico com
sequelas; 16,2% referenciaram coerção sexual e 94,7% assinalam agressão
psicológica. Tal como na perpetração, a negociação emocional (94,9%) e
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cognitiva (94,8%) apresentam valores mais elevados de prevalência.
Tabela 13. Prevalência da violência no namoro, considerando a severidade, perpetração
e vitimização
Perpetração
Vitimização
n
M
n
M
(%)
(DP)
(%)
(DP)
58
0.35
69
0.42
(20.5)
(0.884)
(24.2)
(0.945)
14
0.09
12
0.09
(4.8)
(0.615)
(4.1)
(0.623)
Abusos físicos sem sequelas
Ligeiro
Severo
Abuso físico com sequelas
Ligeiro
Severo
9
0.04
9
0.04
(3.1)
(0.265)
(3.1)
(0.265)
2
0.03
3
0.03
(0.7)
(0.33)
(1)
(0.334)
180
1.66
194
1.94
(67,7)
(1.499)
(72,7)
(1.540)
57
0.24
63
0.29
(19.8)
(0.554)
(22.0)
(0.64)
Agressão psicológica
Ligeiro
Severo
Coerção sexual
Ligeiro
Severo
59
0.27
45
0.20
(20.5)
(0.591)
(15.5)
(0.536)
4
0.03
2
0.03
(1.4)
(0.341)
(0.7)
(0.329)
261
2.76
261
2.76
(94.9)
(0.715)
(94.9)
(0.709)
258
2.16
254
2.22
(94,9)
(0.826)
(94,8)
(0.824)
Negociação
Emocional
Cognitiva
Atendendo à hipótese formulada, é de referir que a seguir aos valores
percentuais da negociação, a agressão psicológica é a mais referenciada,
quer na perpetração quer na vitimização. Desta forma, nesta amostra de
estudantes universitários, o abuso psicológico é o mais reportado.
Quanto à cronicidade do abuso e negociação (ver AnexoV, Tabela
14), considerando a amostra total e no que respeita à perpetração, a escala de
negociação emocional (M=48.04; DP=23.958) é a tática mais persistente
entre os participantes da presente amostra, seguida da negociação cognitiva
(M=27.78; DP=16.5). Entre as diferentes formas de abuso, a mais reiterada é
a agressão psicológica ligeira (M=9.04; DP=14.109) e a coerção sexual
ligeira (M=2.33; DP=7.274), sendo a coerção sexual severa (M=0.03;
DP=0.329) e o abuso físico com sequelas ligeiro (M=0.07; DP=0.585) os
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17
menos referidos.
Em relação à vitimização, a negociação emocional (M=46.92;
DP=23.821) é igualmente a estratégia de resolução de conflitos mais
frequente entre os participantes, seguida de igual modo, pela negociação
cognitiva (M=26.61; DP=16.226). Quanto às formas de abuso, o físico com
sequelas severo (M=0.03; DP=0.330) e a coerção sexual severa (M=0.04;
DP=0.355) são as táticas menos repetidas pelos sujeitos da amostra, e a
agressão psicológica ligeira (M=7.38; DP=12.173) e a coerção sexual ligeira
(M=2.73; DP=7.866) são, tal como na perpetração, os tipos de abuso mais
frequentes.
No total, tanto para a perpetração como para a vitimização, a
negociação (Perpetração: M=4.97; DP=1.417 e Vitimização: M=4.92;
DP=1.414) é a estratégia mais reportada pelos participantes da amostra,
seguida dos seguintes tipos de abuso: agressão psicológica (Perpetração:
M=2.22; DP=1.871 e Vitimização: M=1.90; DP=1.763), coerção sexual
(Perpetração: M=0.23; DP=0.743 e Vitimização: M=0.30; DP=0.790), abuso
físico sem sequelas (Perpetração: M=0.52; DP=1.396 e Vitimização:
M=0.35; DP=0.848) e, por último, abuso físico com sequelas (Perpetração:
M=0.08; DP=0.538 e Vitimização: M=0.07; DP=0.537).
4.3.O abuso nas relações íntimas ocorre mais em reciprocidade do
que em exclusividade (Henton, Cate, Koval, Lloyd, & Christopher, 1983;
Straus & Gozjolko, 2007).
De acordo com os valores obtidos, pode-se observar que o abuso nas
relações entre parceiros íntimos, na presente amostra, ocorre mais em
reciprocidade do que em exclusividade, uma vez que os valores da
perpretação e vitimização são aproximados, indicando uma prevalência
idêntica de ambas (Tabela 13). Além disto, aquando da análise, a
vitimização de todos os tipos de abuso mostrou-se correlacionada com a
perpetração, mostrando uma equivalência entre ambas. O abuso físico sem
sequelas foi a forma que mais se mostrou em paridade (r=.876, p<.05),
comparando perpetração com vitimização, sendo aquele em que existe uma
maior reciprocidade. Contudo todos os tipos de abuso apresentam
correlações moderadas (r=.333) a elevadas (r=.97) (ver Anexo V, Tabela
15).
No que se refere ao tipo de abuso sofrido em função do sexo, é de
salientar que, os participantes do sexo feminino da amostra são
maioritariamente vítimas de agressão psicológica ligeira (M=2.01;
DP=1.543), seguida de abuso físico sem sequelas ligeiro (M=.50; DP=1.007)
(ver Anexo V, Tabela16). Por sua vez, os sujeitos do sexo masculino são
mais alvos de agressão psicológica (M=1.73; DP=1.525), seguida de
agressão psicológica severa (M=.33; DP=.631).
Por outro lado, no que concerne à perpetração (ver Anexo V, Tabela
17), a agressão psicológica ligeira (Feminino: M=1,68; DP=1.483 e
Masculino: M=1.62; DP= 1.558) e o abuso físico sem sequelas ligeiro
(Feminino: M=.37; DP=.882 e Masculino: M=.29; DP=.893) são os mais
reportados pelos sujeitos de ambos os sexos como estratégias utilizadas
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
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18
pelos próprios.
Da realização do teste t de student para amostras independentes
(Tabela 18), registaram-se diferenças significativas em função da variável
Sexo para a vitimização do abuso físico sem sequelas severo (t(222)=2.125,
p=.035, d=.29) e do abuso físico com sequelas ligeiro (t(221)=2.106, p=.036,
d=.29) e a perpetração do abuso físico com sequelas ligeiro (t(219)=2.106,
p=.036, d=.29) se mostraram estatisticamente significativas.
Nestas diferenças significativas, o feminino apresenta-se como o sexo
que mais sofre abuso físico sem sequelas severo (M=.12; DP=.713) e abuso
físico com sequelas ligeiro (M=.06; DP=.303), mas também é o mais
perpetrador de abuso físico com sequelas ligeiro M=.06; DP=.304).
Tabela 18. Teste t por variável sexo (CTS-2)
Vitimização
t (gl)
Perpetração
p
t (gl)
p
Abuso físico sem
sequelas
Ligeiro
-.352 (283)
0.725
-.727 (281)
0.468
Severo
2.125 (222)
0.035
1.761
0.080
(238.556)
Abuso físico com
sequelas
Ligeiro
2.106 (221)
0.036
2.106 (219)
0.036
Severo
0.727 (292)
0.468
0.793 (291)
0.428
-.427 (266)
0.670
-.399 (264)
0.690
-1.365
0.176
-1.354
0.179
Agressão
psicológica
Ligeiro
Severo
(88.03)
(83.089)
Coerção sexual
Ligeiro
-1.161
0.248
-.113 (286)
0.910
Severo
0.799 (292)
0.425
1.818 (220)
0.070
Emocional
-.086 (274)
0.932
1.072 (273)
0.285
Cognitiva
0.507 (266)
0.613
0.034 (270)
0.973
(97.199)
Negociação
4.4. Há uma relação positiva significativa entre o consumo de
álcool e outras drogas e a violência entre parceiros íntimos (Field,
Caetano, & Nelson, 2004; Herrenkohl, Kosterman, Mason, & Hawkins,
2007; Hines & Straus, 2007; Kantor & Straus, 1987; Mignone, Klostermann,
& Chen, 2009; Tumwesigye, Kyomuhendo, Greenfield, & Wanyenze, 2012)
A análise da correlação de Pearson (Tabela 19) permitiu verificar que
o consumo de álcool e outras drogas está associado à cronicidade da
violência entre parceiros íntimos em determinadas formas de abuso.
Especificamente, o consumo de álcool (AUDIT) está correlacionado com a
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álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
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19
vitimação de agressão psicológica (r=.317, p=.000), indo ao encontro da
hipótese formulada. O consumo desta substância está ainda associado à
perpetração de agressão psicológica e à vitimização de abuso físico sem
sequelas e abuso físico com sequelas, apesar de apresentarem correlações
fracas (r=.208, p=.005; r=.220, p=.002; r=.127, p=.037, respetivamente).
O consumo de outras substâncias, avaliado pelo DUDIT, mostra uma
associação fraca à vitimização da agressão psicológica (r=.144, p=.043) e
abuso físico sem sequelas (r=.144, p=.024), bem como à perpetração da
agressão psicológica (r=.194, p=.006).
Tabela 19. Correlação (Pearson) entre cronicidade da violência na intimidade e
consumos
AUDIT Total
DUDIT Total
r
0.317
0.144
Sig.
0.000
0.043
r
0.208
0.194
Sig.
0.005
0.006
r
0.220
0.114
Sig.
0.002
0.024
r
0.135
0.095
Sig.
0.057
0.168
r
0.127
0.040
Sig.
0.037
0.505
r
0.073
0.026
Sig.
0.231
0.661
r
0.117
0.037
Sig.
0.093
0.583
r
0.110
0.048
Sig.
0.118
0.487
Agressão psicológica Total
vitimização
Agressão psicológica Total
perpetração
Abuso físico sem sequelas
Total vitimização
Abuso físico sem sequelas
Total perpetração
Abuso físico com sequelas
Total vitimização
Abuso físico com sequelas
Total perpetração
Coerção sexual Total
vitimização
Coerção sexual Total
perpetração
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álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
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4.5. O consumo de álcool/droga revela-se mais severo em
indivíduos que mantêm violência entre parceiros íntimos (Testa,
Livingston, & Leonard, 2003; WHO, 2009).
A maioria dos participantes da amostra (90.7%), cerca de 264,
encontra-se na zona I estabelecida pelo AUDIT, que se trata da zona de
menor risco, referindo-se ao consumo de baixo risco ou abstinência. Os
restantes 27 sujeitos (9.3%) situam-se na zona II, categoria caraterizada pela
necessidade de advertência para o consumo de álcool em excesso. Desta
forma, as zonas de risco mais elevado de consumo de álcool (III-zona
caraterizada pela necessidade de advertência, de um breve aconselhamento e
monitorização; IV-necessidade de referência a um especialista para
diagnóstico e tratamento) não foram encontradas entre os participantes da
amostra (ver Anexo VI, Tabela 20).
No que diz respeito ao consumo de outras drogas (ver Anexo VI,
Tabela 21), são estabelecidas no DUDIT três categorias para caraterizar o
seu consumo. Na presente amostra a maioria dos sujeitos (87.3%) tem um
consumo de drogas sem perigo. Em contraste, cerca de 9 participantes
(2.9%) inserem-se na categoria de dependência e os restantes 30 (9.8%)
consomem drogas de forma abusiva.
De forma a analisar as categorias de consumos de álcool e outras
drogas no que diz respeito à perpetração e vitimização de violência entre
parceiros íntimos, foram realizados testes one-way Anova.
Quanto às categorias de consumo de álcool e perpetração dos
diferentes tipos de abuso (ver Anexo VI, Tabela 22), existiram diferenças
estatisticamente significativas na agressão psicológica ligeira (F(1,246)=4.245,
p=.040) e severa (F(1,268)=6.151, p=.014) e coerção sexual ligeira
(F(1,268)=10.351, p=.001). Relativamente à vitimização (ver Anexo VI, Tabela
23), existem diferenças significativas igualmente na agressão psicológica
ligeira (F(1,248)=8.602, p=.004) e severa (F(1,266)=17.651, p=.000) e coerção
sexual ligeira (F(1,270)=15.149, p=.000).
Por sua vez, as categorias do consumo de outras substâncias surgem
com diferenças estatisticamente significativas na perpetração (ver Anexo VI,
Tabela 24) de abuso físico sem sequelas ligeiro (F(2,277)=8.078, p=.000) e
agressão psicológica ligeira (F(2,261)=10.345, p=.000). Com a vitimização
também o abuso físico sem sequelas ligeiro (F(2,279)=6.887, p=.001) e a
agressão psicológica ligeira (F(2,263)=6.590, p=.002) apresentam diferenças
estatisticamente significativas (ver Anexo VI, Tabela 25).
Através da análise Post-Hoc (Tabela 26) percebe-se que na
perpetração do abuso físico sem sequelas ligeiro apenas não existem
diferenças significativas entre as categorias Sem Perigo (0) e Abuso (1), tal
como se verifica também na vitimização.
Em relação à agressão psicológica ligeira, somente não existem
diferenças significativas entre as categorias Abuso (1) e Dependência (2)
tanto para a perpetração como para a vitimização.
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Tabela 26. Análise Post-Hoc Bonferroni (Violência entre parceiros íntimos e DUDIT
categorias)
Cronicidade
Perpetração
Vitimização
p
p
1
1.000
0.398
2
0.000
0.002
0
1.000
0.398
2
0.005
0.044
0
0.000
0.002
1
0.005
0.044
1
0.001
0.005
2
0.013
0.178
0
0.001
0.005
2
0.996
1.000
0
0.013
0.178
1
0.996
1.000
DUDIT
DUDIT
Categorias
Categorias
Abuso físico sem sequelas
Ligeiro
0
1
2
Agressão Psicológica
Ligeira
0
1
2
4.6. Há diferenças de género na associação da violência na
intimidade com o consumo de substâncias (álcool e drogas) (Curandi,
Caetano, Clark, & Schafer, 1999 como citado em Fals-Stewart & Kennedy,
2005; Thompson, Sims, Kingree, & Windle, 2008)
Como ilustrado na tabela 27 existem algumas diferenças de género
no que respeita à associação entre a violência entre parceiros íntimos e o
consumo de substâncias (álcool e drogas).
O consumo de álcool aparece, no sexo feminino, associado com a
vitimização do abuso físico sem sequelas (r=.220, p=.002) e da agressão
psicológica (r=.317, p=.000) e com a perpetração de agressão psicológica
(r=.208, p=.005) apesar de apenas a vitimização da agressão psicológica
apresentar um valor de correlação mais forte. Já no sexo masculino, o
consumo desta substância está correlacionado com a vitimização do abuso
físico com sequelas (r=.252, p=.043), agressão psicológica (r=.256, p=.043)
e coerção sexual (r=.257, p=.037).
No sexo feminino, o uso de outras drogas surge associado à
vitimização de abuso físico sem sequelas (r=.154, p=.024) e agressão
psicológica (r=.144, p=.043), embora com valores fracos de correlação. Por
sua vez, estes consumos no sexo masculino associam-se apenas à
perpetração de agressão psicológica (r=.275, p=.026).
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álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
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Tabela 27. Correlação (Pearson) entre violência entre parceiros íntimos e consumos
(álcool e drogas) por sexo
Feminino
Cronicidade
Masculino
DUDIT Total
AUDIT Total
DUDIT Total
AUDIT Total
r
0.154
0.220
0.165
0.072
p
0.024
0.002
0.179
0.568
r
0.095
0.135
0.209
0.126
p
0.168
0.057
0.085
0.315
r
0.096
0.104
-0.091
0.252
p
0.160
0.137
0.458
0.043
r
0.072
0.123
-0.031
-0.113
p
0.296
0.080
0.803
0.364
r
0.144
0.317
0.219
0.256
p
0.043
0.000
0.077
0.043
r
0.195
0.208
0.275
0.213
p
0.006
0.005
0.026
0.097
r
0.037
0.117
0.032
0.257
p
0.583
0.093
0.792
0.037
r
0.048
0.110
-0.018
0.221
p
0.487
0.118
0.881
0.077
Abusos físicos sem sequelas
Total Vitimização
Abuso físico sem sequelas
Total Perpetração
Abuso físico com sequelas
Total Vitimização
Abuso físico com sequelas
Total Perpetração
Agressão psicológica Total
Vitimização
Agressão psicológica Total
Perpetração
Coerção sexual Total
Vitimização
Coerção Sexual Total
Perpetração
V - Discussão
O presente estudo procurou caraterizar a vivência prévia de violência
e de consumos (álcool e drogas) dos participantes, de modo a identificar
possíveis relações com o comportamento violento nas relações íntimas.
Os dados recolhidos mostram que a maioria dos participantes reporta
ter sido raramente vítima de castigos físicos em casa e a prevalência do
testemunho de violência entre os pais/cuidadores durante a
infância/adolescência é igualmente baixa. Desta forma, o historial de
violência na família de origem, que é apontado como fator de risco de
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013
23
violência na intimidade (OMS, 2012), não adquire posição de relevo na
presente amostra.
Posteriormente pretendia-se identificar a prevalência da violência
entre parceiros íntimos numa amostra da população universitária e
caraterizá-la em função da severidade e tipo de agressão. Os resultados
indicam que a violência na intimidade é uma problemática vulgar entre os
jovens universitários, uma vez que uma grande parte referenciou ter sido
vítima e/ou perpetradora, corroborando o estudo de Machado, Caridade e
Martins (2010). No que diz respeito ao tipo de abuso mais reportado na
população universitária, os resultados obtidos na amostra em estudo apontam
a agressão psicológica como a mais prevalente, tal como mencionado por
Machado, Caridade e Martins (2010) e Scott e Straus (2007).
Adicionalmente, os dados obtidos revelam que a agressão psicológica é, de
igual forma, a mais crónica. Assim os sujeitos da amostra reportam mais atos
de agressão psicológica e, igualmente, uma maior frequência da ocorrência
da mesma entre aqueles que a praticam. Deste modo, a agressão psicológica
é o tipo de abuso mais prevalente e repetido entre a população universitária.
É de salientar que alguns autores defendem o carácter evolutivo da
frequência e severidade da violência na intimidade, bem como a tendência
de se iniciar no namoro e perpetuar-se no casamento (Duarte & Lima, 2006),
mostrando a importância de não desvalorizar a existência da violência no
namoro por ocorrer maioritariamente em formas menos severas.
Os níveis altos de prevalência das escalas de negociação existentes na
presente amostra parecem corroborar a desaprovação da violência relatada
na literatura por Glass et al. (2003). Existe o consentimento de certas formas
de violência em determinadas situações (e.g. Henton, 1983), dado que
usualmente são vistas como táticas válidas para a resolução de certos
conflitos e há uma tendência para serem aceites e desculpabilizadas. Apesar
desta aceitação da violência, pode concluir-se que existe também uma
desaprovação da mesma, dada a grande utilização de estratégias de
negociação.
Na amostra, emerge ainda a tendência para a violência nas relações
íntimas ocorrer mais em reciprocidade do que em exclusividade (e.g. Straus
& Gozjolko, 2007), uma vez que a perpetração e a vitimização se encontram
positivamente associadas. Todavia, tal como encontrado em estudos
anteriores (e.g. Thompson et al., 2008), registaram-se diferenças
significativas em função da variável Sexo na vitimização do abuso físico
sem sequelas severo e do abuso físico com sequelas ligeiro e a perpetração
do abuso físico com sequelas ligeiro, sendo que estes fenómenos foram mais
associados às mulheres do que aos homens. Desta forma o presente estudo
evidencia que a violência entre parceiros íntimos, apesar de ocorrer mais em
reciprocidade, pode ser perpetrada pela mulher contra o homem (e.g.
Machado & Matos, 2012), ao invés de se tratar de um fenómeno unilateral
cometido pelo homem contra a mulher. É ainda de salientar que a
reciprocidade de padrões violentos na intimidade tem sido associada a casais
mais jovens que experienciam baixos níveis de agressão física (e.g. Cantos,
Neidig, & O’Leary, 1993), sendo importante ter em atenção o seu possível
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013
24
carácter efémero e evolutivo para um padrão unilateral.
O estudo objetivou ainda estudar a relação entre os consumos de
álcool e outras drogas e a violência entre parceiros íntimos. O uso destas
substâncias é frequentemente associado ao aumento do risco de vitimização
e/ou perpetração de violência (e.g. Bushman & Cooper, 1990; Hines &
Straus, 2007; Testa, Livingston, &Leonard, 2003), sendo que na presente
amostra o álcool e a marijuana são as substâncias que, maioritariamente,
continuam a ser mais consumidas. Os resultados indicam, igualmente, que
existe uma associação positiva entre a cronicidade de determinados tipos de
violência entre parceiros íntimos e o consumo de substâncias. Assim, o uso
de álcool constitui um maior fator de risco para vitimização de agressão
psicológica e perpetração da mesma, do abuso físico sem sequelas e com
sequelas. Por seu turno, o consumo de outras drogas constitui fator de risco
para a vitimização de agressão psicológica e abuso físico sem sequelas e
perpetração de agressão psicológica. De uma forma geral e confirmando a
hipótese formulada e resultados encontrados em outros estudos (e.g. OMS,
2009), os dados apontam para uma maior probabilidade de experienciar
violência entre parceiros íntimos quando existem consumos de substâncias.
Ao nível das categorias de consumo de álcool, foram encontradas diferenças
significativas na perpetração e vitimização da agressão psicológica ligeira e
severa e coerção sexual ligeira, mostrando que a violência varia em função
da severidade no consumo de álcool. Estes resultados corroboram a literatura
que defende que a exposição à violência é aumentada pelo consumo severo
de álcool (e.g. Chavira et al., 2011).
No que diz respeito ao consumo de outras substâncias, os resultados
mostram diferenças na perpetração e vitimização de abuso físico sem
sequelas ligeiro e agressão psicológica ligeira, indicando que a severidade do
consumo de drogas varia consoante a existência de violência entre parceiros
íntimos. Não foram encontradas diferenças apenas entre as categorias Sem
Perigo e Abuso tendo em conta o abuso físico sem sequelas ligeiro, pelo que
são mais suscetíveis à violência. Por outro lado, ao nível da agressão
psicológica ligeira não existem diferenças entre as categorias Abuso e
Dependência em função do consumo. Perante estes resultados podemos
inferir que a severidade do consumo está associada ao tipo de violência,
sendo que o abuso físico se associa mais ao consumo menos severo e a
agressão psicológica ao consumo mais severo. Importa referenciar que o
consumo de drogas pesadas (mais severo) se associa ao aumento da
probabilidade de ocorrer violência na intimidade (e.g. Testa, Livingston, &
Leonard, 2003), principalmente a agressão psicológica.
Em relação às diferenças de género na associação da violência na
intimidade com o consumo de substâncias (álcool e drogas), os dados
revelam que o consumo de álcool no sexo feminino está associado com a
vitimização do abuso físico sem sequelas e agressão psicológica e com a
perpetração de agressão psicológica. No sexo masculino está associado à
vitimização do abuso físico com sequelas, agressão psicológica e coerção
sexual. No consumo desta substância, o sexo masculino aparece mais
associado a formas mais severas de violência do que o sexo feminino.
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013
25
Relativamente ao consumo de outras drogas, este surge associado à
vitimização de abuso físico sem sequelas e agressão psicológica no sexo
feminino e à perpetração de agressão psicológica no sexo masculino. Os
dados mostram, deste modo, que o sexo masculino está associado à
perpetração de violência e o feminino à vitimização, tendo em conta o
consumo de outras drogas.
Desta forma, existem diferenças de género na associação da violência
quer com o álcool quer com outras drogas, corroborando a hipótese colocada
(e.g. Thompson et al., 2008). No que respeita à perpetração de violência em
relações de intimidade, o álcool aparece mais associado com o sexo
feminino e o consumo de outras drogas com o sexo masculino, corroborando
os resultados encontrados por Curandi et al. (1999) que mostraram que os
casais em que a mulher experiencia consumos de álcool apresentam uma
probabilidade mais elevada de vivenciar violência perpetrada pela mulher
contra o homem.
VI - Conclusões
Dos dados obtidos na amostra em causa, os estudantes universitários
portugueses mostram padrões elevados de violência na intimidade,
maioritariamente a nível da agressão psicológica, de caráter recíproco e com
tendência para aceitar determinadas formas de violência em algumas
situações.
Em relação à associação de violência entre parceiros íntimos e
consumo de substâncias (álcool e drogas), existe uma maior probabilidade
de experienciar violência entre parceiros íntimos quando existem consumos
de substâncias, sendo que a severidade destes consumos se mostrou
associada à perpetração e vitimização de tipos específicos de abuso.
Finalmente é ainda de salientar a existência de diferenças de género no que
concerne à associação da violência na intimidade com os consumos de
substâncias. O álcool aparece associado à vitimização de formas de violência
mais severas no sexo masculino, sendo que a perpetração apenas se associa
no sexo feminino no que respeita à agressão psicológica. No consumo de
outras drogas o sexo masculino surge associado à perpetração de violência e
o feminino à vitimização.
Posto isto, os dados obtidos realçam a importância do investimento na
prevenção da violência entre parceiros íntimos junto dos jovens, bem como
na intervenção quer na violência na intimidade quer no abuso de substâncias,
uma vez que estes consumos constituem um fator de risco para a violência,
quer na vitimização quer na perpetração.
Ao longo da realização do presente estudo foram surgindo algumas
limitações, que justificam a realização de futuras investigações. Uma das
limitações prende-se com o fato de não existir uma amostra clínica,
nomeadamente no que diz respeito aos consumos de álcool e drogas. Além
disto, a probabilidade de existirem respostas menos sinceras está aumentada,
devido ao protocolo remeter para questões íntimas dos participantes e à
tendência para desvalorizar a vitimização bem como, por outro lado, para
adotar mais facilmente o papel da vítima do que de agressor. A maior
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013
26
limitação do estudo diz respeito ao facto de ter sido realizado com uma
amostra de conveniência, pelo que os resultados não são representativos dos
estudantes universitários portugueses na sua generalidade.
Desta forma, seria interessante ponderar alguns ajustamentos a fazer
em estudos futuros, de modo a obter mais dados e mais precisos acerca da
relação entre violência entre parceiros íntimos e consumo de substâncias,
problemática ainda pouco estudada e conhecida. Assim, seria interessante
realizar estudos nos quais fosse possível incluir uma amostra clínica e uma
amostra de controlo, uma vez que esta comparação pode providenciar uma
melhor estimativa dos efeitos do consumo de substâncias na violência entre
parceiros íntimos. Além disto, recolher a amostra de controlo num leque
mais vasto de instituições do ensino superior e diferentes culturas com
crenças distintas acerca do consumo de drogas seria uma mais valia para o
estudo desta problemática.
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Anexo I – Análises de consistência interna
Tabela 3. CTS-2: Perpetração da violência entre parceiros íntimos
Escala/Subescala
M (DP)
α
Abuso físico sem sequelas
0.52 (1.396)
0.827
Abuso físico com sequelas
0.08 (0.538)
0.892
Agressão psicológica
2.22 (1.871)
0.732
Coerção sexual
0.23 (0.743)
0.716
Negociação
5.22 (1.478)
0.848
Tabela 4. CTS-2: Vitimação da violência entre parceiros íntimos
Escala/Subescala
M (DP)
α
Abuso físico sem sequelas
0.45 (1.337)
0.838
Abuso físico com sequelas
0.07 (0.537)
0.903
Agressão psicológica
1.90 (1.763)
0.714
Coerção sexual
0.30 (0.790)
0.649
Negociação
5.20 (1.480)
0.845
Tabela 5. DUDIT e AUDIT
M (DP)
α
DUDIT
0.58 (1.895)
0.840
AUDIT
3.55 (7.325)
0.712
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Anexo II – Violência na infância
Tabela 6. Vitimação durante a infância ou adolescência por parte dos cuidadores
n
%
Castigos físicos por mau
comportamento em casa
(N=310)
Não
203
65.5
Sim, pelo pai/cuidador
13
4.2
Sim, pela mãe/cuidadora
31
10.0
Sim, por ambos
58
18.7
Sim, por outros familiares
5
1.6
Raramente
94
87.0
Com grande frequência
14
13.0
Não
260
84.1
Sim, mas raramente
39
12.6
Sim, com grande frequência
10
3.2
Frequência dos castigos
físicos por mau
comportamento em casa
(N=108)
Violência verbal com insultos
e humilhações por parte do
pai e/ou mãe ou cuidadores
(N=309)
Realização de atos sexuais
forçados (N=311)
Não
307
98.7
Ocasionalmente
3
1.0
Com grande frequência
1
0.3
Familiares
3
75.0
Outros
1
25.0
Por quem foram realizados
estes atos (N=307)
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Tabela 7. Vitimação durante a infância ou adolescência por parte de professores ou
outros educadores (N=309)
n
%
Não
271
87.7
Sim, mas raramente
35
11.3
Sim, com grande frequência
3
1.0
Não
287
92.9
Sim, mas raramente
20
6.5
Sim, com grande frequência
2
0.6
Castigos físicos por mau
comportamento na escola
Violência verbal com insultos
e humilhações por parte de
professores ou outros
educadores
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Anexo III – Consumos e crenças dos participantes
Tabela 8. Consumos (atuais ou não) de substâncias
n
%
Não
61
19.6
Sim
250
80.4
Não
278
89.7
Sim
32
10.3
Não
274
88.1
Sim
37
11.9
Não
307
98.7
Sim
4
1.3
Não
311
100
Sim
0
0
Não
309
99.4
Sim
2
0.6
Não
311
100
Sim
0
0
Não
311
100
Sim
0
0
Não
311
100
Sim
0
0
Não
310
99.7
Sim
1
0.3
Não
304
97.7
Sim
7
2.3
Não
287
92.3
Sim
24
7.7
Não
309
99.4
Sim
2
0.6
Não
309
99.4
Sim
2
0.6
Álcool (N=311)
Haxixe (N=310)
Marijuana (N=311)
Ácidos (N=311)
Heroína (N=311)
Cocaína (N=2)
Crack (N=311)
Metadona (N=311)
Anfetaminas (N=311)
Sedativos (N=311)
Tranquilizantes (N=311)
Analgésicos (N=311)
Cogumelos (N=311)
Inalantes Sintéticos (N=2)
Ecstasy (N=311)
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36
Não
309
99.4
Sim
2
0.6
Não
306
98.4
Sim
5
1.6
Outras drogas (N=311)
Tabela 9. A violência física ou verbal nas relações de casal é mais compreensível se o
agressor estiver sob o efeito de determinadas substâncias - N = 308
n
%
Nunca
251
81.5
Álcool
Poucas Vezes
20
6.5
Algumas Vezes
21
6.8
Muitas Vezes
14
4.5
Sempre
2
0.6
Nunca
254
82.5
Cannabis/Haxixe
Poucas Vezes
20
6.5
Algumas Vezes
18
5.8
Muitas Vezes
13
4.2
Sempre
3
1.0
Nunca
255
82.8
Anfetaminas
Poucas Vezes
20
6.5
Algumas Vezes
18
5.8
Muitas Vezes
11
3.6
Sempre
4
1.4
Nunca
253
82.1
Cocaína
Poucas Vezes
21
6.8
Algumas Vezes
18
5.8
Muitas Vezes
12
3.9
Sempre
4
1.3
Nunca
254
82.5
Crack
Poucas Vezes
21
6.8
Algumas Vezes
17
5.5
Muitas Vezes
12
3.9
Sempre
4
1.3
Nunca
253
82.1
Outra droga
Poucas Vezes
21
6.8
Algumas Vezes
18
5.8
Muitas Vezes
12
3.9
Sempre
4
1.3
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Anexo IV – História familiar: violência e consumos
Tabela 10. Testemunho de violência entre pais/cuidadores
N
Percentagem %
Não
280
90.9
Sim, mas raramente
25
8.1
Sim, com grande frequência
3
1.0
Não
202
65.6
Sim, mas raramente
78
25.3
Sim, com grande frequência
28
9.1
Abusos físicos com
agressões (N=308)
Violência verbal (N=308)
Recusa em pagar despesas
(N=308)
Não
280
90.9
Sim, mas raramente
22
7.1
Sim, com grande frequência
6
1.9
Agressão sexual (N=309)
Não
308
99.7
Sim, mas raramente
1
0.3
Sim, com grande frequência
0
0
Não
302
97.7
Sim, mas raramente
4
1.3
Sim, com grande frequência
3
1.0
n
%
Não
177
57.5
Sim, mas raramente
94
30.5
Sim, com grande frequência
37
12.0
Não
299
97.1
Sim, mas raramente
4
1.3
Sim, com grande frequência
5
91.6
Maus tratos de outro tipo
(N=309)
Tabela 11. Consumos do pai/cuidador
Consumo de álcool (N=308)
Consumo de drogas (N=308)
Tipo de drogas consumidas
(N=6)
Tabaco
3
50.0
Heroína
1
16.7
Medicação
1
16.7
Haxixe
1
16.7
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013
38
Tabela 12. Consumos da mãe/cuidadora
n
%
Consumo de álcool (N=309)
Não
264
85.4
Sim, mas raramente
35
11.3
Sim, com grande frequência
10
3.2
Consumo de drogas (N=310)
Não
307
99.0
Sim, mas raramente
0
0
Sim, com grande frequência
3
1.0
Tabaco
2
66.7
Medicação
1
33.3
Tipo de drogas consumidas
(N=3)
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013
39
Anexo V – Vitimização e perpetração
Tabela 14. Cronicidade (Média e Desvio Padrão) da violência no namoro, considerando a
severidade na perpetração e vitimização
Perpetração
n
Vitimização
M
n
(DP)
M
(DP)
Abusos físicos sem sequelas
Ligeiro
285
1.75
283
(5.856)
Severo
294
0.20
293
(1.622)
Total
285
1.96
1.31
(5.383)
0.28
(2.169)
283
(6.258)
1.61
(5.948)
Abuso físico com sequelas
Ligeiro
292
Severo
294
Total
292
0.07
291
(0.585)
0.11
(1.493)
293
(1.493)
0.18
0.11
0.03
(0.33)
290
(1.637)
0.10
(0.749)
Agressão psicológica
Ligeiro
268
9.04
266
(14.109)
Severo
286
1.63
288
(5.176)
Total
266
10.56
7.38
(2.173)
1.43
(5.311)
263
(16.816)
8.75
(14.198)
Coerção sexual
Ligeiro
290
Severo
294
Total
290
2.33
288
(7.274)
0.03
(7.866)
291
(0.329)
2.36
2.73
0.04
(0.355)
287
(7.286)
2.78
(7.887)
Negociação
Emocional
275
48.04
275
(23.958)
Cognitiva
268
27.78
272
(16.5)
Total
264
75.72
(38.104)
46.92
(23.821)
26.61
(16.226)
267
73.53
(37.719)
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013
40
Tabela
15.
Correlação
entre
vitimização
e
perpetração
(Pearson
correlation),
considerando o total
Perpetração
Vitimização
Agressão
Abuso
psicológica
Físico sem
Coerção Sexual
físico com
Abuso
sequelas
sequelas
Agressão psicológica
r
0.883
0.522
0.333
0.367
p
0.000
0.000
0.000
0.000
r
0.457
0.876
0.585
0.772
p
0.000
0.000
0.000
0.000
r
0.363
0.631
0.834
0.723
p
0.000
0.000
0.000
0.000
r
0.336
0.773
0.716
0.970
p
0.000
0.000
0.000
0.000
Abuso físico sem sequelas
Coerção sexual
Abuso físico com sequelas
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013
41
Tabela 16. Análise da prevalência da vitimização da violência na intimidade por sexo
(CTS-2)
Feminino
N
Masculino
M
N
(DP)
M
(DP)
Abuso físico sem sequelas
Ligeiro
216
0.50
69
(1.007)
Severo
223
0.12
0.20
(0.677)
71
(0.713)
0.00
(0.000)
Abuso físico com sequelas
Ligeiro
222
Severo
223
0.06
70
(0.303)
0.04
0.00
(0.000)
71
(0.383)
0.00
(0.000)
Agressão psicológica
Ligeiro
201
2.01
66
(1.543)
Severo
216
0.28
1.73
(1.525)
70
(0.645)
0.33
(0.631)
Coerção sexual
Ligeiro
221
Severo
223
0.17
69
(0.508)
0.04
(0.378)
0.32
(0.606)
71
0.00
(0.000)
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013
42
Tabela 17. Análise da prevalência da perpetração da violência na intimidade por sexo
(CTS-2)
Feminino
N
Masculino
M
N
(DP)
M
(DP)
Abusos físicos sem sequelas
Ligeiro
214
Severo
222
0.37
69
(0.882)
0.11
0.20
(0.677)
71
(0.697)
0.00
(0.000)
Abuso físico com sequelas
Ligeiro
220
0.06
70
(0.303)
Severo
223
0.04
0.00
(0.000)
71
(0.378)
0.00
(0.000)
Agressão psicológica
Ligeiro
201
Severo
217
1.68
66
(1.483)
0.23
1.73
(1.525)
70
(0.577)
0.33
(0.631)
Coerção sexual
Ligeiro
219
0.28
69
(0.630)
Severo
221
0.05
(0.390)
0.22
(0.449)
71
0.00
(0.000)
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013
43
Anexo VI – Consumos e violência entre parceiros íntimos
Tabela 20. Análise descritiva do consumo de álcool (AUDIT)
N
%
Zona I
264
90.7
Zona II
27
9.3
Consumo
Tabela 21. Análise descritiva do consumo de outras substâncias (DUDIT)
N
%
Sem Perigo
268
87.3
Abuso
30
9.8
Dependência
9
2.9
Consumo
Tabela 22. One-way Anova por categorias de consumo de álcool (AUDIT) – Perpetração
de violência entre parceiros íntimos (CTS-2)
Cronicidade
gl
F
p
Intragrupos
1
2.891
0.090
Intergrupos
263
Intragrupos
1
0.270
0.604
Intergrupos
273
0.001
0.979
0.200
0.655
4.245
0.040
6.151
0.014
10.351
0.001
0.332
0.565
Abusos físicos sem sequelas
Ligeiro
Severo
Abuso físico com sequelas
Ligeiro
Severo
Intragrupos
1
Intergrupos
271
Intragrupos
1
Intergrupos
273
Intragrupos
1
Intergrupos
246
Intragrupos
1
Intergrupos
268
Agressão psicológica
Ligeiro
Severo
Coerção sexual
Ligeiro
Severo
Intragrupos
1
Intergrupos
268
Intragrupos
1
Intergrupos
271
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013
44
Tabela 23. One-way Anova por categorias de consumo de álcool (AUDIT) – Vitimização
de violência entre parceiros íntimos (CTS-2)
Cronicidade
gl
F
p
Intragrupos
1
7.463
0.007
Intergrupos
265
0.086
0.770
0.001
0.977
0.165
0.685
8.602
0.004
17.651
0.000
15.149
0.000
0.199
0.656
Abusos físicos sem sequelas
Ligeiro
Severo
Intragrupos
1
Intergrupos
274
Intragrupos
1
Intergrupos
272
Intragrupos
1
Intergrupos
274
Abuso físico com sequelas
Ligeiro
Severo
Agressão psicológica
Ligeiro
Severo
Intragrupos
1
Intergrupos
248
Intragrupos
1
Intergrupos
266
Intragrupos
1
Intergrupos
270
Intragrupos
1
Intergrupos
274
Coerção sexual
Ligeiro
Severo
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013
45
Tabela 24. One-way Anova por categoria de consumo de outras drogas (DUDIT) –
Perpetração de violência entre parceiros íntimos (CTS-2)
Cronicidade
gl
F
p
Intragrupos
2
8.078
0.000
Intergrupos
277
0.010
0.990
0.238
0.788
1.718
0.181
10.345
0.000
0.062
0.940
0.507
0.603
1.628
0.198
Abusos físicos sem sequelas
Ligeiro
Severo
Intragrupos
2
Intergrupos
287
Intragrupos
2
Intergrupos
285
Intragrupos
2
Intergrupos
287
Abuso físico com sequelas
Ligeiro
Severo
Agressão psicológica
Ligeiro
Severo
Intragrupos
2
Intergrupos
261
Intragrupos
2
Intergrupos
282
Intragrupos
2
Intergrupos
282
Intragrupos
2
Intergrupos
285
Coerção sexual
Ligeiro
Severo
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013
46
Tabela 25. One-way Anova por categoria de consumo de outras drogas (DUDIT) –
Vitimização de violência entre parceiros íntimos (CTS-2)
Cronicidade
gl
F
p
Intragrupos
2
6.887
0.001
Intergrupos
279
0.219
0.803
0.240
0.787
0.023
0.978
6.590
0.002
0.436
0.647
0.867
0.421
1.726
0.180
Abusos físicos sem sequelas
Ligeiro
Severo
Intragrupos
2
Intergrupos
288
Intragrupos
2
Intergrupos
286
Intragrupos
2
Intergrupos
288
Abuso físico com sequelas
Ligeiro
Severo
Agressão psicológica
Ligeiro
Severo
Intragrupos
2
Intergrupos
263
Intragrupos
2
Intergrupos
280
Intragrupos
2
Intergrupos
284
Intragrupos
2
Intergrupos
288
Coerção sexual
Ligeiro
Severo
Violência entre Parceiros Íntimos: análise da relação com o consumo de drogas e
álcool numa amostra de estudantes do ensino superior
Ana Ávila (e-mail:avila_ana18@hotmail.com) 2013