Panorama da monitoração individual e calibração de
monitores de radiação no País
M. A. V. Alencar; K. C. S. Patrão; P. R. R. Ferreira; L. E. S. C. Matta; S. S. Peres;
F. C. A. da Silva
Instituto de Radioproteção e Dosimetria IRD/CNEN, 22.783-127, Rio de Janeiro-RJ, Brasil
vallim@ird.gov.br
RESUMO
O Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN) é o responsável, desde 1995, pela certificação de laboratórios
de calibração de instrumentos e de monitoração de indivíduos ocupacionalmente expostos (IOE), além de acompanhar e
auditar as atividades de onze serviços de monitoração individual externa (SMIE) e de seis laboratórios de calibração de
instrumentos (LCI), no país. Este trabalho apresenta um panorama do número de IOE monitorados e de monitores de
radiação calibrados, no período de 2008 a 2016. Os dados foram obtidos através de censo com os SMIE e LCI. Os
resultados mostram que, neste período, houve um aumento em torno de 47% no número total de IOE monitorados e de
aproximadamente 40% no número de calibrações de instrumentos. Também foi observado a redução do uso de filme
dosimétrico e o início da monitoração por OSLD.
Palavras-chave: palavra-chave 1, palavra-chave 2 palavra-chave 3.
1. INTRODUÇÃO
A exposição de trabalhadores à radiação pode ocorrer como resultado das atividades envolvendo o
manuseio de irradiadores, equipamentos de raios X e fontes não seladas, utilizadas nas diversas
áreas de aplicação da radiação ionizante, como a indústria, a medicina, a pesquisa e a agricultura.
Com isso, surge a necessidade de monitorar individualmente estes trabalhadores e seus locais de
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trabalho com o propósito de avaliar a dose em trabalhadores rotineira ou potencialmente expostos às
fontes externas de radiação bem como as condições dos locais de trabalho para garantir a segurança
do trabalhador nestes locais. De acordo com a legislação brasileira (CNEN-NN-3.01:2014,
ANVISA - PORTARIA FEDERAL N° 453:1998 e MTE NR 32 - SEGURANÇA E SAÚDE NO
TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE:2011) todos os trabalhadores ocupacionalmente
expostos à radiação ionizante (IOE) são obrigados a serem monitorados individualmente, com
periodicidade mensal, por Serviços de Monitoração Individual Externa (SMIE), autorizados pelo
Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) através do Comitê de Avaliação de Serviços de
Ensaio e Calibração (CASEC) que é o órgão operacional que autoriza, acompanha e audita as
atividades dos serviços de monitoração individual externa (SMIE) e dos laboratórios de calibração
de instrumentos (LCI). O uso constate dos instrumentos para detecção radiação pode provocar
alterações de suas repostas e consequentemente suas medições deixam de ser confiáveis. Por este
motivo, é necessário a realizações de calibrações periódicas destes instrumentos de forma a trazer
confiabilidade e rastreabilidade as suas medições. Além disso, a calibração de instrumentos para
detecção da radiação está prevista na legislação brasileira (CNEN-NN-3.01:2014, ANVISA PORTARIA FEDERAL N° 453:1998), e deve ser realizada em laboratórios autorizados pela
CNEN. Este trabalho apresenta um panorama do número de IOE monitorados e de monitores de
radiação calibrados, no período de 2008 a 2016.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Os dados do número de IOE monitorados e do número de calibrações efetuadas no país foram
obtidos através de censo realizado com os SMIE e LCI. Estes censos são realizados com
periodicidade entre 2 e 3 anos, sendo inicializado em 2008 e repetido nos anos de 2010, 2013 e
2016. O número de IOE monitorados e de instrumentos calibrados são referenciados ao mês de
dezembro. Com relação à monitoração individual, as informações obtidas são relativas ao número
de IOE por tipo de monitoração: corpo inteiro para fótons, corpo inteiro para nêutrons, extremidade
e cristalino. Também foi possível analisar por tipo de técnica em relação à monitoração de corpo
inteiro para fótons e por tipo de monitor para monitoração de extremidade. Em relação à calibração
de instrumentos, a análise foi realizada por tipo de monitor.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na Figura 1 é apresentado o número de IOE monitorados por tipo de monitoração. É possível
verificar que, com exceção da monitoração de corpo inteiro para nêutrons, todas as monitorações
sofreram um aumento ao longo dos anos, sendo o aumento de corpo inteiro para fótons de 45,6% e
de extremidade de 152,3%. Este grande aumento na monitoração de extremidade pode ser explicado
pelo aumento do número de Serviços de Medicina Nuclear (SMN) ao longo destes anos, que passou
de 253 em 2010 para 421 em 2016 [1]. A pouca variação do número de IOE monitorados para
nêutrons, cerca de 7,5%, pode ser explicada em parte pelo fato de que muitas das atividades que
envolvem exposição a nêutrons não serem atividades permanentes [2]. Nesta figura também é possível
verificar o inicio da monitoração de cristalino em 2016, sendo realizada por apenas um SMIE e ainda
com poucos IOE monitorados.
Figura 1: IOE monitorados por tipo de monitoração
Na Figura 2 é apresentado a distribuição da monitoração de corpó inteiro para fótons por técnica dosimétrica.
Pode ser verificado que ao longo do período analisado, todas as técnicas tiveram um aumento do número de
IOE. Contudo, apesar do numero de IOE para técnica de filme dosímetrico ter aumentado, sua contribuição
para o número total de IOE monitorados diminuiu ao longo dos anos, enquanto que a contribuição da técnica
de TLD teve sua contribuição crescendo de 2008 até 2013. Esta substituição da técnica de filme dosimétrico
pela de TLD pode ser explicado pela diminuição feita na oferta desta técnica em função da diminuição de
capacidade de dois SMIE pertencentes a CNEN, que obrigou aos usuários migrarem para outros SMIE que
utilizam a técnica TL. Em 2015 é autorizado o primeiro SMIE a utilizar a técnica OSL. Com isso, em 2016
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pode ser verificado que a contribuição da técnica TL também diminui. Na Figura 3 é apresentado a
monitoração de extremidade por tipo de monitor. Pode ser verificado que a monitoração por anel
permaneceu sem grande variaççoes ao longo do período enquanto a monitoração por pulseira teve um
aumento de 215%. Isto pode ser explicado pelo aumento do número de SMN e consequentemente o número
de técnicos que manipulam as fontes, onde a preferencia pelo uso das pulseiras seja maior em função da
maior facilidade de uso com as luvas e dificultar menos o movimento dedos que o anel.
Figura 2: IOE monitorados para corpo inteiro fótons por técnica dosimétrica
Figura 3: IOE monitorados para extremidade por tipo de monitor
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Na Figura 4 é apresentado o número de medidores de radiação calibrados. Embora o número de
IOE tenha aumentado nos últimos anos, o mesmo não se verifica em relação ao número de
monitores de área (nêutrons e/ou gama) calibrados, que permaneceu estável, não indicando uma
relação direta entre o número de IOE e o número de monitores de área. O mesmo não se verifica
para o número de dosímetros clínicos calibrados, que dobrou de 147 para 287 de 2013 para 2016.
Isso se deu porque um dos dois laboratórios que oferece essa calibração, dobrou a oferta de seu
serviço, indicando uma possível demanda reprimida. Também houve um aumento de cerca de 50%
no número de monitores de contaminação calibrados.
Figura 4: Medidores de radiação calibrados
.
4. CONCLUSÕES
Diante do panorama apresentado, verifica-se a importância da manutenção de um programa de
acompanhamento e controle da qualidade dos SMIE e LCI no país, para fótons. O número relevante
de IOE monitorados para nêutrons e extremidade demonstra a necessidade de uma regulamentação
dos SMIE que realizam esses tipos de monitoração.
REFERÊNCIAS
1.
KUBO, A. L. S. L. Avaliação Crítica da Exposição Ocupacional Externa nos Serviços
de Medicina Nuclear do Brasil, Tese de Doutorado, IRD, 2016.
Alencar, et. Al. ● IJC Radio 2017 ● 2017
2.
MAURICIO, C. L. P.; DA SILVA, H. L. R.; DA SILVA, C. R. Análise dos registros de
dose ocupacional externa no Brasil. Brazilian Journal of Radiation Science, v 3-1A, p. 1-18,
2015.
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