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ASPECTOS CIRÚRGICOS: CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO À LUZ DA LITERATURA Carla Araújo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori Valkíria de Sousa Silva Barbara Almeida Soares Dias Aldelí Rosana Araújo Costa Pedro Eduardo Lima Siqueira (Organizadores) ASPECTOS CIRÚRGICOS: CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO À LUZ DA LITERATURA 1.ª edição MATO GROSSO DO SUL EDITORA INOVAR 2022 Copyright © dos autores. Todos os direitos garantidos. Este é um livro publicado em acesso aberto, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que sem fins comerciais e que o trabalho original seja corretamente citado. Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons Internacional (CC BY- NC 4.0). Carla Araújo Bastos Teixeira; Giovanna Rosario Soanno Marchiori; Valkíria de Sousa Silva; Barbara Almeida Soares Dias; Aldelí Rosana Araújo Costa; Pedro Eduardo Lima Siqueira (Organizadores). Aspectos cirúrgicos: construção do conhecimento à luz da literatura. Campo Grande: Editora Inovar, 2022. 139p. Vários autores. ISBN: 978-65-5388-087-0 DOI: doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-087-0 1. Enfermagem. 2. Aspectos cirúrgicos. 3. Gravidez na pandemia. I. Autores. CDD – 610 Editora-Chefe: Liliane Pereira de Souza Diagramação: Vanessa Lara D Alessia Conegero Capa: Juliana Pinheiro de Souza Conselho Editorial Prof. Dr. Alexsande de Oliveira Franco Profa. Dra. Aldenora Maria Ximenes Rodrigues Profa. Dra. Care Cristiane Hammes Profa. Dra. Dayse Marinho Martins Profa. Dra. Débora Luana Ribeiro Pessoa Profa. Dra. Franchys Marizethe Nascimento Santana Profa. Dra. Geyanna Dolores Lopes Nunes Prof. Dr. Guilherme Antonio Lopes de Oliveira Prof. Dr. João Vitor Teodoro Profa. Dra. Juliani Borchardt da Silva Profa. Dra. Jucimara Silva Rojas Profa. Dra. Lina Raquel Santos Araujo Prof. Dr. Marcus Vinicius Peralva Santos Profa. Dra. Maria Cristina Neves de Azevedo Profa. Dra. Nayára Bezerra Carvalho Profa. Dra. Ordália Alves de Almeida Profa. Dra. Otília Maria Alves da Nóbrega Alberto Dantas Profa. Dra. Roberta Oliveira Lima Profa. Dra. Rúbia Kátia Azevedo Montenegro Editora Inovar Campo Grande – MS – Brasil Telefone: +55 (67) 98216-7300 www.editorainovar.com.br atendimento@editorainovar.com.br DECLARAÇÃO DOS AUTORES Os autores se responsabilizam publicamente pelo conteúdo desta obra, garantindo que o mesmo é de autoria própria, assumindo integral responsabilidade diante de terceiros, quer de natureza moral ou patrimonial, em razão de seu conteúdo, declarando que o trabalho é original, livre de plágio acadêmico e que não infringe quaisquer direitos de propriedade intelectual de terceiros. Os autores declaram não haver qualquer irregularidade que comprometa a integridade desta obra. PREFÁCIO ASPECTOS CIRÚRGICOS: construção de conhecimentos a luz da literatura científica compila produções acadêmicas no formato artigo cujas feituras deram-se durante o desenvolvimento do módulo “Saúde do adulto: aspectos cirúrgicos” do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Roraima. O que, inicialmente, surgiu como proposta didática de intersecção entre o universo da Enfermagem médico-cirúrgica e os repositórios científicos, desvelou-se como criação discente e produção de conhecimento. Esta coletânea comporta-se como um convite às vivências acadêmicas dos graduandos de enfermagem do quarto ano do Campus Paricarana da Universidade Federal de Roraima. Neste primeiro volume foram concatenadas revisões integrativas produzidas pelos discentes durante o período letivo. O que antes era somente uma atividade acadêmica que viabilizava a inserção dos alunos nas principais bases de dados como forma de atualização e aprofundamento, tornou-se um divisor de águas não só na comunidade discente como na expectativa do corpo docente do referido módulo. Os alunos não só desenvolveram as habilidades requeridas no planejamento e desenvolvimento da atividade como extrapolaram a proposta fazendo com que a primeira semente desta coletânea fosse plantada. Dessa forma, os docentes uniram-se para tornar mais robusta a primeira produção científica (formato livro) dos alunos. Assim, a Revisão de literatura tomou corpo e virou capítulo de livro para que mais pessoas possam se inspirar nessas vivências e perceber que a pesquisa começa das inquietações vividas pelos próprios autores em sua práxis. Dra. Carla Araujo Bastos Teixeira Docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Roraima SUMÁRIO CAPÍTULO 01 10 A BIOSSEGURANÇA NO CONTEXTO DAS INFECÇÕES DO SÍTIO CIRÚRGICO NO BRASIL: UMA REVISÃO DE LITERATURA Djennyfer do Nascimento Morais Julieta Graziela de Souza Muñoz Layanne Menezes Barbosa Luara Geovanna de Oliveira Cardoso Carla Araújo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori Barbara Almeida Soares Dias doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-087-0_001 CAPÍTULO 02 27 O TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA André Lucas Pereira Braz Leonardo Abreu dos Santos Luiz Gabriel Ramos de Sousa Carla Araujo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori Barbara Almeida Soares Dias doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-087-0_002 CAPÍTULO 03 44 O TRABALHO EM CENTRO CIRÚRGICO E SEUS IMPACTOS SOBRE A SAÚDE DA EQUIPE DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Flavia Lorranny de Souza Gadelha Kelly Naiane Oliveira Moura Lérien de Araújo Andrade Aldelí Rosana Araújo Costa Carla Araújo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-087-0_003 CAPÍTULO 04 58 IMPLICAÇÕES DO CUIDADO HUMANIZADO DA ENFERMAGEM AO PACIENTE CIRÚRGICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Cinthia Katarina Neponuceno Bastos Letícia Pereira da Silva Simony Rezende Soares Aldelí Rosana Araújo Costa Carla Araujo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-087-0_004 CAPÍTULO 05 68 IMPLICAÇÕES DOS EVENTOS ADVERSOS PARA A ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CIRÚRGICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Ana Paula França Costa Maria Vitória dos Santos Zedequias da Silva Miguel Valkíria de Sousa Silva Carla Araujo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-087-0_005 CAPÍTULO 06 79 O PAPEL DA ENFERMAGEM NO CUIDADO DO POSICIONAMENTO DO PACIENTE NO CENTRO CIRÚRGICO Atila Ribeiro Kunzler Machado Marques Mayara dos Santos Costa Rebeca Jordana Santos Freitas Félix Pedro Eduardo Lima Siqueira Carla Araújo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori Barbara Almeida Soares Dias doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-087-0_006 CAPÍTULO 07 94 DESAFIOS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA FRENTE À PANDEMIA DE COVID-19: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Áurea de Souza Coutinho Marinho Keyla de Melo Albuquerque Stephany Christine da Silva Teixeira Victoria Alexandra Ferreira Gonzalez Valkíria de Sousa Silva Carla Araujo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-087-0_007 CAPÍTULO 08 111 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO CONTROLE DAS INFECÇÕES DE SÍTIO CIRÚRGICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA Izabel Aline Rocha Constancio Karla Emanuelly da Silva Rocha Layane Rodrigues Nunes Thissiani Rúbia Santana do Nascimento Pedro Eduardo Lima Siqueira Carla Araujo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-087-0_008 SOBRE OS ORGANIZADORES 133 ÍNDICE REMISSIVO 139 ASPECTOS CIRÚRGICOS | 10 CAPÍTULO 01 A BIOSSEGURANÇA NO CONTEXTO DAS INFECÇÕES DO SÍTIO CIRÚRGICO NO BRASIL: UMA REVISÃO DE LITERATURA BIOSAFETY IN THE CONTEXT OF SURGICAL SITE INFECTIONS IN BRAZIL: A LITERATURE REVIEW Djennyfer do Nascimento Morais Julieta Graziela de Souza Muñoz Layanne Menezes Barbosa Luara Geovanna de Oliveira Cardoso Carla Araújo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori Barbara Almeida Soares Dias RESUMO Introdução: A infecção hospitalar é aquela que o paciente pode adquirir após sua admissão no hospital, durante sua internação ou até mesmo após a alta, decorrente da hospitalização ou de procedimentos que foram realizados no cliente. Objetivo: Compreender quais os principais causadores de infecções no sítio cirúrgico relacionados à biossegurança no território nacional. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura que por meio da questão norteadora “quais os achados da literatura acerca das infecções no sítio cirúrgico relacionados a falhas na biossegurança no Brasil?” efetuou-se um levantamento das publicações das bases de dados na Scientific Electronic Library Online (Scielo), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC). Os critérios de inclusão foram: artigos científicos, teses ou dissertações originais, na íntegra, em português, publicados nos últimos 10 anos (2012-2022). Foram excluídos artigos de revisão, estudos teóricos, reflexivos que não atendiam à temática ASPECTOS CIRÚRGICOS | 11 abordada. Resultados: As ações de biossegurança foram organizadas no pré-operatório em: capacitação dos profissionais, banho pré-operatório, limpeza e desinfecção de superfícies ambientais, preparo cirúrgico das mãos, tricotomia; intraoperatório: preparo do sítio cirúrgico com agente antisséptico, paramentação cirúrgica adequada, técnica estéril dos instrumentos, abertura da porta da sala de operação, limitação do número de indivíduos e no pós-operatório: curativo estéril. Conclusão: Evidencia-se, portanto, que é imprescindível que as ações de biossegurança nas fases pré-operatória, intraoperatória e pós-operatória sejam realizadas, visto que, ajudam a prevenir as infecções do sítio cirúrgico. Juntamente com as boas técnicas efetuadas, a capacitação recorrente se faz necessária para aumentar a taxa de adesão dos profissionais em benefício, sempre, da restauração da saúde dos pacientes. Palavras-chave: Prevenção. Infecção em ferida cirúrgica. Perioperatório. Controle. ABSTRACT Introduction: Hospital infection is one that the patient can acquire after admission to the hospital, during hospitalization or even after discharge, resulting from hospitalization or procedures that were performed on the client. Objective: To understand the main causes of infections in the surgical site related to biosafety in the national territory. Method: This is an integrative literature review that, through the guiding question “what are the findings in the literature about surgical site infections related to biosafety failures in Brazil?” a survey of publications was carried out in the databases of Scientific Electronic Library Online (Scielo), Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences (LILACS), Brazilian Society of Surgical Center Nurses, Anesthetic Recovery and Material and Sterilization Center (SOBECC). Results: The biosafety actions were organized in the preoperative period in: training of professionals, preoperative bath, cleaning and disinfection of environmental surfaces, surgical preparation of the hands, trichotomy; intraoperative: preparation of the surgical site with an antiseptic agent, adequate surgical attire, sterile technique of instruments, opening of the operating room door, limitation of the number of individuals and ASPECTOS CIRÚRGICOS | 12 postoperatively: sterile dressing. Conclusion: It is evident, therefore, that it is essential that biosafety actions in the preoperative, intraoperative and postoperative phases are carried out, as they help to prevent surgical site infections. Along with the good techniques performed, recurrent training is necessary to increase the rate of adherence of professionals for the benefit, always, of restoring the health of patients. Keywords: Prevention. Surgical wound infection. Perioperative. Control. INTRODUÇÃO De acordo com a Portaria nº 2616/98 do Ministério da Saúde, a infecção hospitalar é definida como “aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.” Desse modo, no contexto do Centro Cirúrgico, o paciente submetido a procedimento invasivo em ambiente hospitalar está suscetível ao risco de apresentar infecção hospitalar. Entretanto, conforme o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a correta nomenclatura a ser utilizada é Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRA), posto que não somente em ambiente hospitalar estas podem ser adquiridas (BRASIL, 1998; SILVA, 2012). Ademais, sítio cirúrgico é o local do corpo humano que foi submetido à cirurgia. A Infecção do Sítio Cirúrgico (ISC) é uma das principais IRAs no Brasil, com estimativa de 14 a 16% do valor total, haja vista que são tidas como as complicações cirúrgicas mais comuns ocorridas no pós-operatório, em cerca de 3 a 20% dos procedimentos realizados, possuindo relação os índices de mortalidade e morbidade dos clientes. (BRASIL, 2017; EBSH, 2019). Concomitantemente a isso, são diversos os fatores causadores de ISCs, dentre eles, há o risco de infecção oriunda da cirurgia propriamente dita, uma vez que determinados tecidos e estruturas anatômicas possuem alto potencial de contaminação proveniente da microbiota humana. Conforme o Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 2616/98, as cirurgias são classificadas conforme o potencial de contaminação da incisão cirúrgica, para fins de análises no que tange ASPECTOS CIRÚRGICOS | 13 as infecções pós-operatórias, sendo estas: cirurgias limpas, potencialmente contaminadas, contaminadas e infectadas (BRASIL, 1998; SOBECC, 2017). O centro cirúrgico é um dos setores mais importantes de uma unidade hospitalar. Um setor de alto custo justificado pela sua grande estrutura básica para funcionamento, sua demanda de materiais e manutenção e também pela necessidade de recursos humanos. Em relação a estrutura física, o centro cirúrgico é divido em três setores: 1) área não-crítica: onde estão localizados ambientes de apoio, estocagem de materiais e a zona de transposição da maca dos pacientes; 2) área semicrítica: salas de recuperação pós-anestésica, indução anestésica e o posto de enfermagem, onde os profissionais de equipe de enfermagem fazem os registros dos procedimentos feitos; 3) área crítica: propriamente dita as salas destinadas à realização dos procedimentos cirúrgicos e lavabos (SOBECC, 2017). Ademais, o controle de infecções persiste como um desafio no ambiente hospitalar, principalmente no que diz respeito ao Centro Cirúrgico, posto que este é considerado um ambiente crítico devido ao elevado risco de contaminação em virtude dos procedimentos invasivos e complexos que são realizados. Destarte, o risco de ocorrência de ISCs é elevado e a biossegurança é o meio mais efetivo de controle (BATISTA, 2019). Consoante a Anvisa, a biossegurança é definida como “condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente”. Assim sendo, as práticas realizadas pelos profissionais de saúde e o próprio paciente que visam esta diminuição de riscos e complicações são fundamentais para a manutenção do cuidar de forma segura e eficaz (BRASIL, 2010; BATISTA, 2019). Posto isso, o controle de infecções deve ser responsabilidade de toda a equipe multiprofissional, bem como do paciente em determinadas situações. Haja vista que um dos fatores que causa as ISCs é a falta desta e é considerado fator evitável. Desse modo, a adesão dos profissionais às práticas e medidas de prevenção é um fator imprescindível para a assistência de qualidade e com menos riscos. Portan- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 14 to, segundo este cenário, o presente estudo busca desvelar quais os achados da literatura acerca de infecções no sítio cirúrgico relacionados a falhas na biossegurança no Brasil. OBJETIVO Compreender, por meio da revisão de literatura, quais os principais causadores de infecções no sítio cirúrgico relacionados à biossegurança no território nacional. MÉTODOS Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, que consiste em uma análise metodológica de diversas fontes que possuem a mesma temática cujo objetivo é sintetizar os resultados obtidos de forma sistemática e organizada, esta, dividida em sete etapas: (1) constatação da problemática e construção da questão norteadora; (2) designação dos descritores para busca, bem como os critérios de inclusão e exclusão; (3) amostragem proveniente da busca e, por consequência, artigos selecionados a partir dos critérios estabelecidos; (4) leitura e classificação dos artigos selecionados para revisão; (5) análise das referências selecionadas e seleção das informações para as bases norteadoras; (6) avaliação e discussão dos achados e (7) resumo dos dados obtidos. (POMPEO; ROSSI; GALVÃO, 2009). A pesquisa foi norteada pela pergunta “quais os achados da literatura acerca das infecções no sítio cirúrgico relacionados a falhas na biossegurança no Brasil?”, a qual definida através da Estratégia PICO (P: população/pacientes; I: intervenção; C: comparação/ controle; O: desfecho/outcome). A utilização desta estratégia permeia a construção de uma pergunta mais fundamentada (SANTOS; GALVÃO, 2014; SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007). Os Descritores em Ciências da Saúde (DECS) pesquisados foram: prevenção, infecção de sítio cirúrgico e biossegurança. Em relação às estratégias de busca, foram utilizadas: (1) “prevenção + infecção de sítio cirúrgico” e (2) “biossegurança + infecção de sítio cirúrgico”. Efetuou-se um levantamento das publicações consultando os artigos nas bases de dados: ASPECTOS CIRÚRGICOS | 15 Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC). O período de busca dos artigos nas bases de dados selecionadas foi realizado durante o mês de julho de 2022. Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos científicos, teses ou dissertações originais, disponíveis na íntegra no idioma português, publicados nos últimos 10 anos (2012-2022), realizados no Brasil, que abordassem sobre medidas de prevenção e controle, relacionados à biossegurança, da infecção do sítio cirúrgico. Foram excluídos artigos de revisão, no idioma inglês, estudos teóricos e reflexivos, estudos que não atendiam à temática abordada e estudos que não estavam em concordância com os critérios de inclusão. Posteriormente, foi realizada a leitura dos títulos dos artigos achados, sendo excluídos os que não contemplavam com o objetivo do estudo e os duplicados. Em seguida, realizou-se a leitura crítica do resumo dos artigos, selecionando aqueles que tratavam sobre a biossegurança no que diz respeito à infecção no sítio cirúrgico. Finalmente, foi feita a leitura na íntegra de todos os artigos selecionados. A partir da combinação dos descritores, foram evidenciados 72 artigos, dos quais 6 foram selecionados para síntese do estudo, conforme apresentado na Tabela 1. Tabela 1: Resultados obtidos na seleção de artigos para revisão integrativa conforme as etapas metodológicas. Base de dados Artigos localizados Artigos selecionados pela leitura dos títulos Artigos selecionados pela literatura dos resumos Artigos duplicados Artigos selecionados pela leitura na íntegra Lilacs 54 11 6 2 4 SOBECC 7 5 1 2 1 Scielo 11 6 3 Total 72 22 10 Fonte: Autoria própria, 2022. 1 4 6 ASPECTOS CIRÚRGICOS | 16 Quadro 1: Artigos selecionados a partir da metodologia aplicada. TÍTULO/ANO OBJETIVO CÓDIGO Adesão às medidas para prevenção de infecção do sítio cirúrgico no perioperatório: estudo de coorte / 2021. Avaliar a adesão às medidas recomendadas para prevenção de infecção do sítio cirúrgico no período perioperatório em pacientes submetidos às cirurgias limpas. E1 Saberes dos enfermeiros sobre prevenção de infecção do sítio cirúrgico / 2020. Conhecer as experiências de enfermeiros sobre suas práticas para a prevenção de ISC. E2 Programa Cirurgias Seguras Salvam Vidas como Desafio Global da Organização Mundial de Saúde: panorama das medidas de prevenção de infecção do sítio cirúrgico adotadas em hospitais de grande porte de Minas Gerais / 2019. Avaliar as ações de prevenção e controle de infecção de sítio cirúrgico adotadas na prática clínica de hospitais de grande porte do estado de Minas Gerais. E3 Infecção do sítio cirúrgico: medidas de vigilância e prevenção de risco são institucionalmente aplicadas? / 2019. Avaliar as medidas de vigilância e prevenção de infecções de feridas cirúrgicas em um hospital filantrópico no interior de Minas Gerais E4 Fatores associados à infecção de sítio cirúrgico em um hospital na Amazônia Ocidental Brasileira / 2012. Identificar os fatores associados à Infecção de Sitio Cirúrgico (ISC) em um Hospital de Ensino de Rio Branco (AC). E5 Avaliação da adesão às medidas para a prevenção de infecções do sítio cirúrgico pela equipe cirúrgica / 2015. Avaliar a adesão às medidas para a prevenção de infecções do sítio cirúrgico por equipes cirúrgicas do centro cirúrgico de um hospital universitário público de Belo Horizonte, Minas Gerais. E6 Fonte: Autoria própria, 2022. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir da leitura crítica da literatura selecionada, os pontos em comum foram categorizados a fim de analisar as práticas adotadas em relação às recomendações de biossegurança no contexto das infecções do sítio cirúrgico. Desta forma, os resultados foram agrupados ASPECTOS CIRÚRGICOS | 17 nas seguintes categorias: pré-operatória, intraoperatória e pós-operatória, conforme mostra o quadro 2. Quadro 2: Categorização das ações de biossegurança realizadas no perioperatório constantes nos artigos selecionados. FASE Pré-operatório Intraoperatório Pós-operatório AÇÕES CÓDIGO TOTAL Banho pré-operatório E1, E4, E5, E6 4 Limpeza e desinfecção de superfícies ambientais E1 1 Preparo cirúrgico das mãos E1, E2 E3 3 Tricotomia E1, E3, E4, E5, E6 5 Preparo do sítio cirúrgico com agente antisséptico E1, E2, E4 3 Paramentação cirúrgica adequada E1, E2, E3, E4, E6. 5 Técnica estéril dos instrumentos E1, E3 2 Abertura da porta da sala de operação E3, E6 2 Limitação do número de indivíduos na sala de operação E3, E6 2 Curativo estéril E1 1 Fonte: Autoria própria, 2022. No que tange o banho pré-operatório, presente em 66,67% dos achados, os artigos concordam no que diz respeito à importância para a redução da carga microbiana transitória e redução do risco de ISC. Entretanto, no E6, na pesquisa realizada, 16,7% dos pacientes não realizaram o banho pré-operatório, enquanto que, nos artigos E1 e E5, 100% e 92,6% o realizaram, respectivamente. No E4, não foram obtidos dados numéricos relacionados a esta categoria, todavia foi constatado que a equipe cirúrgica não obtinha conhecimentos satisfatórios acerca desta prática. De acordo com a Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização, uma das recomendações para prevenção de ISC é realizar a antissepsia pré-operatória do paciente, esta, realizada por quem irá ser submetido a procedimento cirúrgico, no chuveiro com sabonete antisséptico na manhã da cirurgia ou na noite anterior ao procedimento. Não obstante, há divergências na literatura, posto que Manuais e Diretrizes afirmam que apesar da capacidade de redução significativa de microrga- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 18 nismos na pele intacta e de possuírem amplo aspectro, não há evidencias científicas consideráveis que amparem o uso de agentes antissépticos na redução dos índices de ISC após o uso no banho pré-operatório (APECIH, 2009; DURANDO et al., 2012; SOBECC, 2017). No que se refere ao tópico “Limpeza e desinfecção de superfícies ambientais”, o artigo E1 alega que houve 99% de adesão nas cirurgias acerca desse item. Conforme a ANVISA, a limpeza e desinfecção adequada das superfícies hospitalares são medidas de controle eficazes para interromper infecções por meio da cadeia epidemiológica. O ambiente hospitalar deve ser limpo, organizado e conter equipamentos conservados, diminuindo assim o número de microrganismos e consequentemente a redução da transmissão de infecções proveniente de superfícies contaminadas (BRASIL, 2010). Concomitantemente a isso, o preparo cirúrgico das mãos também se faz importante para o controle das ISC. Esta prática foi relatada na metade dos estudos selecionados. Na pesquisa, o artigo E1 cita que 95,1% dos profissionais da equipe cirúrgica realizaram a higienização das mãos. Os enfermeiros que participaram do estudo E2, abordam a importância da lavagem das mãos antes e após todos os procedimentos realizados, para que assim seja evitado que microrganismos entrem em contato com a incisão do paciente no momento da assistência de enfermagem. Na pesquisa realizada em E3, foi questionado aos coordenadores dos Centros Cirúrgicos dos hospitais participantes o tempo para a realização do preparo cirúrgico das mãos. A maioria (46,7%) colocou o tempo de 3 a 5 minutos, enquanto 30% respondeu outros intervalos de tempo e 23,3% não possuíam conhecimento sobre o tema. A preparação cirúrgica das mãos tem como objetivo a remoção da maior parte possível da microbiota residente na pele do profissional, é feita com escovas e soluções químicas como por exemplo com degermantes. A área a ser descontaminada compreende a toda superfície das mãos e antebraços. O tempo de duração desta técnica inicialmente deve ser de 3 a 5 minutos para a primeira cirurgia do dia e de 2 a 3 minutos para as seguintes cirurgias (PAIXÃO, 2016). Outrossim, a tricotomia, que consiste na retirada de pelos no local da incisão cirúrgica, é uma prática bastante elencada nos artigos observados, estando presente em 83,3% destes. Em E1, 4,5% tiveram ASPECTOS CIRÚRGICOS | 19 adesão a não remoção de pelos, ou, se necessário, remoção apenas com o aparador elétrico. Em contrapartida, em E3, 60% das instituições realizaram o procedimento com o tricotomizador elétrico enquanto 40% o realizaram com lâmina. E4, por sua vez, aborda que a tricotomia foi praticada com lâmina para remoção dos pelos por 66% dos profissionais do estudo. Porém, 93% dos técnicos de enfermagem e 89% dos cirurgiões utilizaram o tricotomizador elétrico. Concorrente a isso, em E5, 70,37% dos pacientes a realizaram antes da cirurgia. Além disso, 16,05% a realizaram em um período correspondente a 24h antes do procedimento cirúrgico, 6,17% a 3h, 20,99% entre 1 a 2h e 29,63% em um período de tempo inferior a 1h. Ademais, o procedimento foi realizado com lâmina em 69,14% dos clientes. Na pesquisa do artigo E6, a remoção de pelos foi feita em 5 (27,7%) pacientes dentro da sala de operação, sendo que 4 (80%) com lâmina e apenas um (20%) com aparelho de tricotomizador. Todas as retiradas dos pelos foram realizadas em até 60 minutos. Conforme a SOBECC, a remoção de pelos é um procedimento que deve ser realizado conforme necessidade, pelos ao redor da incisão e/ou que interfiram no ato cirúrgico, caso seja necessário esta deve ser feita imediatamente antes do procedimento cirúrgico com tricotomizador elétrico. É importante que esta técnica seja seguida conforme indicação para que assim sejam diminuídos os riscos de infecção que, no caso de cirurgias, já são intrínsecos ao procedimento (SOBECC, 2017; PERES, 2013). Em relação ao preparo do sítio cirúrgico com antisséptico, observado em 50% das pesquisas, em E1 essa prática foi aderida em 66,6% das cirurgias, preparo feito com agente antisséptico à base de álcool em pele íntegra. E2, evidencia a pertinente falta de materiais adequados para antissepsia, onde isso resulta no uso de materiais inadequados expondo assim a equipe cirúrgica e principalmente o paciente a potenciais infecções. Quanto ao estudo E4, sua abordagem no que diz respeito ao uso de antissépticos traz o uso de gluconato de clorexidina degermante, acompanhado de gluconato de clorexidina alcoólica no momento da preparação da pele dos clientes. A literatura aborda que, a assepsia cirúrgica age com a função de prevenir a contaminação das feridas cirúrgicas, é importante que ASPECTOS CIRÚRGICOS | 20 seja feita rigorosamente, sendo assim o princípio básico para um procedimento cirúrgico minimamente seguro. Essa segurança é dever de todos os profissionais presentes na fase intraoperatória (BRUNNER E SUDDARTH, 2016). No que diz respeito à paramentação, outra ação de biossegurança fundamental, presente em 5 dos 6 estudos analisados, foi constatado que no artigo E1, somente em 61,3% das cirurgias os profissionais estavam com a paramentação cirúrgica adequada, usando luvas, máscara, touca e avental cirúrgico. Além do mais, foi observado se era realizada a troca de roupas quando visivelmente sujas, contaminadas ou penetradas por sangue ou outros materiais potencialmente infecciosos, e em apenas 6,3% dos casos essa técnica foi aderida. No estudo E2, os profissionais de enfermagem alegam que isso é uma das medidas mais importantes para o controle de infecções, fazendo-se necessário o uso dos EPI’s adequados, como por exemplo a utilização da máscara, luva, gorro e capote, para assim evitar contato direto com a pele do paciente, minimizando riscos infecciosos. Como também, na pesquisa realizada em E3, o uso do propé, em 46,7% dos Centros Cirúrgicos foi verificado. Entretanto, em 20% das instituições o uso deste Equipamento de Proteção Individual (EPI) não era padronizado. Ademais, somente em 26,7% dos hospitais analisados foi verificado o uso de sapato privativo. Além disso, em 86,7% das cirurgias acompanhadas a equipe cirúrgica seguiu a técnica correta de paramentação. Todavia, foi observado em 86,7% dos acompanhamentos o uso de adornos. Sobre o estudo E4, foi observado que apesar de 100% dos profissionais da equipe cirúrgica, abordarem sobre a importância do uso da paramentação adequada relacionada ao uso de aventais e batas serem obrigatórias nas dependências da sala cirúrgica, 26% dos profissionais em algum momento entraram na sala, com presença do paciente, sem a paramentação necessária. No artigo E6 foram avaliados o uso da paramentação e acessórios de 70 participantes de uma equipe cirúrgica. Observou-se que 10 (14,3%) usaram óculos de proteção, 41 (58,6%) utilizaram propés e os outros estavam usando sapatos privativos de borracha ou comuns, 5 (7,2% estavam com o gorro cobrindo os cabelos e as orelhas corre- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 21 tamente, 70 (100%) usaram capote e as luvas cirúrgicas e 68 (97,1%) utilizaram a máscara de forma correta. No tocante ao uso do propé, estudos constatam que seu uso, bem como o de sapato exclusivo no centro cirúrgico, não possuem relação para com a contaminação do ar que pode afetar o sítio cirúrgico, mas sim com a veiculação de microrganismos para as mãos dos profissionais no momento de retirá-los, podendo, assim, favorecer a disseminação de agentes patógenos no ambiente do CC. Ressalta-se, ainda, que o seu uso possui relação com segurança do profissional, uma vez que impede a veiculação de secreções, sangue e demais fluídos. Soma-se a isso, a importância da paramentação cirúrgica, posto que está relacionada à segurança do profissional, bem como a do paciente e no processo de prevenção de riscos biológicos (BARRETO et al., 2011; BRASWELL; SPRUCE, 2012). As categorias: técnica estéril dos instrumentos, abertura da porta da sala de operação e limitação do número de indivíduos na sala de operação possuem o mesmo quantitativo de citações na amostra, estando presente em 33,3% desta. No estudo E1, foi observado que em 100% das cirurgias ocorreu a técnica estéril e cirúrgica, e houve indicadores de esterilização de materiais cirúrgicos. Entretanto, no artigo E3, em apenas 93,3% das cirurgias os materiais esterilizados foram verificados por meio de indicadores de processo na sala cirúrgica. A Centers for Disease Control and Prevention (CDC) recomenda as práticas de esterilização dos instrumentais cirúrgicos e a utilização de técnica cirúrgica estéreis. Instrumentos cirúrgicos que não passaram corretamente pelas fases de limpeza, desinfecção e esterilização possuem grandes chances de serem vetores de patógenos, o que posteriormente pode resultar em ISCs (FORRESTER et al., 2018; RIBEIRO et al., 2013). Em relação à abertura da porta da Sala de Operação, no estudo de E3, foi relatado que em 76,7% dos procedimentos cirúrgicos acompanhados, as portas da sala de operação foram abertas desnecessariamente. Enquanto, no E6, das 18 cirurgias analisadas, somente em uma cirurgia (5,6%) a porta da sala de operação permaneceu fechada. No entanto em 16 (88,9%) procedimentos cirúrgicos ela ficou aberta durante todo o período da cirurgia e em uma (5,6%) permaneceu aberta 90% do tempo que durou o procedimento. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 22 É importante não realizar aberturas desnecessárias da porta da sala de Operação, haja vista que este local precisa possuir o menor quantitativo de riscos possível, uma vez que os procedimentos invasivos que são realizados nesta necessitam de um ambiente estéril. Assim, sem estas aberturas propiciam a entrada de agentes patógenos pelo ar e colocam em risco a segurança do paciente (BARRETO, et al., 2011). Segundo o guideline do CDC, verificou-se que uma cirurgia mais complexa necessita de 9 profissionais, já as de menor complexidade somente 5. Entretanto, em E3, em somente 53,3% dos procedimentos cirúrgicos acompanhados o quantitativo de profissionais na sala operatória estava limitado ao necessário. Além disso, após a pesquisa, o artigo E6 mostrou que o número pessoas nas salas de cirurgias foi superior ao necessário, visto que, a sala de operação é um local restrito, que demanda uma circulação de indivíduos que são de extrema importância naquele momento. Ademais, a instituição onde foi realizado o estudo é um hospital-escola, isso pode explicar parcialmente o número elevado de profissionais e os autores recomendam que a distribuição de alunos seja feita de forma semelhante em diferentes cirurgias, a fim de prevenir as ISC (MANGRAM et al., 1999). Por fim, no estudo E1, o único dos selecionados que abordou curativo, foram analisados os cuidados com as incisões fechadas no que se refere ao uso do curativo estéril por 24-48 horas após a cirurgia, e foi constatado que a prática foi realizada em 95,5% dos casos. A utilização do curativo estéril no tempo determinado está inserida nos cuidados pós-operatório com as incisões fechadas. Um estudo randomizado controlado fez uma comparação entre a utilização do curativo convencional oclusivo com gaze, e o curativo semipermeável transparente, em cirurgias limpas e contaminadas. O estudo concluiu que houve uma taxa eficaz na redução de ISC com a utilização do curativo semipermeável transparente (RIBEIRO et al., 2013; EZZELARAB et al., 2019). Neste contexto, a capacitação continuada é de extrema importância, haja vista que o conhecimento é dinâmico e se faz necessário atualizações acerca das práticas adotadas na assistência à saúde do indivíduo. Uma vez que esta possibilita maior segurança ao paciente ASPECTOS CIRÚRGICOS | 23 e ao profissional, bem como aperfeiçoamento das técnicas de trabalho (DE JESUS, 2012). CONCLUSÃO Evidencia-se, portanto, que as práticas de biossegurança no período perioperatório como: banho pré-operatório, limpeza e desinfecção de superfícies ambientais, preparo cirúrgico das mãos, a tricotomia, preparo do sítio cirúrgico com agente antisséptico, paramentação cirúrgica, técnica estéril dos instrumentos, tempo de abertura da porta da sala de operação, limitação do número de indivíduos na sala de cirurgia e o curativo estéril, são necessárias a fim de prevenir os riscos que os pacientes possuem de adquirir infecções relacionadas à assistência à saúde. Concomitantemente a isso, observou-se que muitas ações não foram realizadas durante os procedimentos cirúrgicos, expondo à má sorte a saúde dos clientes que necessitam que os profissionais da área possuam embasamento acerca do que estão fazendo, seguindo as normas e diretrizes que são estabelecidas em cada hospital, conforme os autores da amostra. Portanto, a capacitação da equipe de forma recorrente se faz necessária no que tange à biossegurança do sítio cirúrgico. Elucida-se, ainda, que todos devem trabalhar em prol da saúde do paciente, além disso, realizar as práticas abordadas ajudam no processo de prevenção de infecções. REFERÊNCIAS AGUIAR, A. P. L et al. Fatores Associados à infecção de sítio cirúrgico em um hospital na Amazônia Ocidental Brasileira*. Revista SOBECC, [S. l.], v. 17, n. 3, p. 60–70, 2012. Disponível em: https://revista. sobecc.org.br/sobecc/article/view/168. Acesso em: 8 jul. 2022. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMEIROS DE CENTRO CIRÚRGICO, RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO (SOBECC). Diretrizes de práticas em enfermagem cirúrgica e processamento de produtos para a saúde. 7ª ed. São Paulo: SOBECC; 2017. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 24 ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE ESTUDOS E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR. Prevenção da infecção de sítio cirúrgico. São Paulo: APECIH; 2009. BARRETO, R. A. S. 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ASPECTOS CIRÚRGICOS | 27 CAPÍTULO 02 O TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA THE WORK OF THE NURSING TEAM IN THE POST-ANESTHETIC RECOVERY ROOM: AN INTEGRATIVE REVIEW André Lucas Pereira Braz Leonardo Abreu dos Santos Luiz Gabriel Ramos de Sousa Carla Araujo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori Barbara Almeida Soares Dias RESUMO: Objetivo: Identificar as principais atividades cumpridas pelos enfermeiros que atuam na Sala de Recuperação Pós-anestésica. Métodos: Revisão integrativa, mediante consulta às bases de dados Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Biblioteca PubMed e Portal de Periódicos da CAPES no período de 2017 a 2022 em português, utilizando descritores na língua inglesa e portuguesa. Resultados: Os artigos encontrados no início da pesquisa feita nas bases de dados foram 50 ao todo, sobrando para a amostra final apenas 9 estudos. Somando todos os resultados, foram 27 atividades da equipe de enfermagem identificadas em consonância com a literatura e distribuídas pelo autor em 3 categorias de atribuições: atividades assistenciais, de gerenciamento e educacionais. Conclusão: As atividades assistenciais acabam se evidenciando quando há a discussão cientifica sobre todas as atribuições que acompanham o cuidado de enfermagem desde a admissão do paciente, avaliação inicial e sistemática até a alta do cliente, todavia, todas as atividades assistenciais possuem o mesmo nível de importância em comparação com as atribui- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 28 ções de gerencia e educação em Sala de Recuperação Pós-anestésica, sendo cada uma essencial para o bom desenvolvimento da assistência, tendo em vista que as ciências de saúde são áreas de conhecimento em constante evolução. Palavras-chave: Enfermagem em Sala de Recuperação; Enfermagem em Pós-Anestésico; Enfermagem Pós-Cirúrgica ABSTRACT Objective: To identify the main activities performed by nurses working in the Post-Anesthetic Recovery Room. Methods: Integrative review, by consulting the databases Regional Portal of the Virtual Health Library (VHL), PubMed Library and CAPES Periodicals Portal from 2017 to 2022 in Portuguese, using descriptors in English and Portuguese. Results: There were 50 articles found at the beginning of the research carried out in the databases, leaving only 9 studies for the final sample. Adding up all the results, there were 27 activities of the nursing team identified in line with the literature and distributed by the author into 3 categories of attributions: care, management and educational activities. Conclusion: Care activities end up becoming evident when there is a scientific discussion about all the attributions that accompany nursing care from patient admission, initial and systematic evaluation until the client’s discharge, however, all care activities have the same level of care. importance in comparison with the attributions of management and education in the Post-anesthetic Recovery Room, each being essential for the good development of care, considering that the health sciences are areas of knowledge in constant evolution. Keywords: Nursing in Recovery Room; Post-Anesthetic Nursing; Post-Surgical Nursing INTRODUÇÃO O cuidado com a segurança do paciente submetido ao processo cirúrgico antecede a descoberta da anestesia, nessa época as unidades já contavam com mão de obras especializadas, como a do profissional enfermeiro no cuidado dos pacientes no pós-operatório. Esse profissional tinha conhecimento científico para identificar alterações ASPECTOS CIRÚRGICOS | 29 no pós-anestésico, bem como prevenir suas principais complicações (DAGOSTIN, et al, 2018). A sala de recuperação pós-anestésica (SRPA) é o espaço destinado a receber pacientes vindo de intervenção cirúrgicas, sob o efeito de anestesia. Tendo como objetivo a prevenção e detecção precoce das intercorrências advinda do processo anestésico-cirúrgico, onde o paciente deve permanecer sobre os cuidados constante da equipe de enfermagem até que ocorra a recuperação da consciência, estabilidades dos sinais vitais, retorno dos reflexos protetores, considerando o tipo de cirurgia e anestesia utilizado, bem como os riscos inerentes da sua história clinica pregressa (MARIN E LINS, 2012; MATTIA et al., 2014; ACUNA e SOUSA, 2022). A SRPA deve estar localizado o mais próximo possível do centro cirúrgico, essa localização tem como objetivo principal facilitar o transporte do paciente, diminuir as possíveis complicações circulatórias, contribuir com o acesso do cirurgião e ao anestesista a sala de SRPA, em caso de urgência e emergência, setor que conta com equipamentos básicos como: cama /ou maca com grades de segurança, suporte de solução fixo ou móvel, duas saídas de oxigênios, uma de a comprimido, aspirador ar vácuo, monitor cardíaco, ventilador mecânico, carrinho de medicamentos entre outros. O compartimento ainda conta com matérias diversos que possam ser utilizados em qualquer situação de emergência tais como; máscara e cateteres de oxigênio, equipos de PVC (pressão venosa central), material para sondagem vesical, pacote de curativos, material de coleta de exames dentre outros recursos se necessário. (TANAKA et al., 2021; EBSERH, 2022). A equipe de enfermagem dever ter conhecimentos técnicos e científicos para lida em qualquer nível de complexidade, devendo está presente em todas as etapas do processo de enfermagem, desde da entrada do paciente no centro cirúrgico até o momento de sua alta, devendo atuar na monitorização dos sinais vitais, controle das vias áreas, infusões de líquidos, cuidado com drenos, sondas, catetes, mudança de decúbito e curativos (ALMEIDA, 2017; FONTES et al., 2018). O enfermeiro e o profissional que está presente em todas as etapas do processo cirúrgico, na sala de SRPA e responsável por cuida dos pacientes sedado garantindo que o mesmo desperte do pós- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 30 -anestésico com segurança. E responsável pela implantação da sistematização da assistência de enfermagem (SAEP), que contribuir para a organização do processo de trabalho, auxilia na melhora das condições físicas e emocionais do paciente, permite analisa as condições individuais de cada paciente, além de proporcionar que todo o processo seja compreendido pelo paciente e seu familiar (GUIMARÃES et al., 2021). Os principais cuidados de enfermagem na SRPA são; com o alivio da dor e os desconfortos pós operatório (náuseas e vômitos), além disso a equipe de enfermagem deve presta um cuidado humanizado visando a promoção, a proteção, tratamento e a recuperação do paciente, devendo orienta-lo em todo as etapas do pós anestésico, em casos de clientes submetidos a cirurgia geral recomenda-se o decúbito dorsal horizontal sem travesseiro com a cabeça lateralizada para se evitar a broncoaspiração, entre outros protocolos que devem ser seguidos pela equipe de enfermagem para o cuidado do paciente na SRPA. É sabido que a SRPA e regido por uma abundância de normas e rotinas estabelecidas que muitas vezes prejudica o cuidado individual ao paciente no período pós anestésico-cirúrgico, dessa forma essa revisão bibliográfica visa contribuir para melhora da atuação do enfermeiro e de sua equipe no atendimento do paciente por meio da identificação das principais atividades cumpridas pela equipe de enfermagem na SRPA (WELFER et al., 2019; FRONZA et al., 2020). MÉTODOS Uma revisão integrativa é definida pela literatura como uma forma de sintetizar grande parte dos conhecimentos difundidos por meio de artigos científicos independentes sobre o mesmo assunto a fim de proporcionar a compreensão do real e atual conhecimento atribuído a uma temática específica. Para tal, precisa-se sistematizar a pesquisa em 6 etapas: (1) Elaborar uma pergunta norteadora; (2) Realizar uma busca ou amostragem em bases de dados, físicas ou virtuais; (3) Iniciar a coleta de dados; (4) Preparar uma análise crítica dos estudos identificados; (5) ASPECTOS CIRÚRGICOS | 31 Discutir os resultados obtidos; (6) Finalizar a revisão integrativa. Para o presente artigo, selecionamos a seguinte pergunta norteadora: “Quais as principais atividades cumpridas pelos enfermeiros que atuam na Sala de Recuperação Pós-Anestésica?”, a qual foi definida através da Estratégia PICO (P: população/pacientes; I: intervenção; C: comparação/controle; O: desfecho/outcome). Essa estratégia utiliza elementos essenciais para uma busca bibliográfica assegurada em evidências. O primeiro item (P) consiste nos “enfermeiros” e o segundo (I) “atividades”. Os outros itens da estratégia foram dispensados conforme adaptação de acordo com o tipo de pesquisa (SANTOS; GALVÃO, 2014; SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007). Para início da pesquisa, foram selecionadas três bibliotecas de periódicos com acesso gratuito para que fosse realizada a identificação dos artigos científicos. As bases de dados foram: Portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Biblioteca PubMed e Portal de Periódicos da CAPES. Foram aplicados os termos Enfermagem em Sala de Recuperação, Enfermagem em Pós-Anestésico e Enfermagem Pós-Cirúrgica, identificados previamente entre os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Especificamente para a pesquisa realizada na Biblioteca de PubMed, foram empregados descritores correspondentes na língua inglesa, registrados pela Medical Subject Headings (MeSH) como Recovery Room, Perioperative Nursing e Postanesthesia Nursing. Cruzou-se com o operador booleano (AND e/ou OR) a fim de reduzir nossa amostragem, delimitando-a por especificidade. Em seguida realizou-se as seguintes relações “Enfermagem em Sala de Recuperação” relacionando (AND) com os dois descritores “Enfermagem em Pós-Anestésico”, “Enfermagem Pós-Cirúrgica”, estes dois últimos alternavam entre si utilizado o conector OR, determinando as pesquisas na BVS e no Portal de Periódicos da CAPES da seguinte maneira: (Enfermagem em Sala de Recuperação) AND ((Enfermagem em Pós-Anestésico) OR (Enfermagem Pós-Cirúrgica)). Para a PubMed, os descritores cruzados foram “(Recovery Room) AND ((Perioperative Nursing) OR (Postanesthesia Nursing))”. Para delimitar a composição amostral, foram inseridos critérios de inclusão na pesquisa que corresponderam à publicações somente ASPECTOS CIRÚRGICOS | 32 na língua portuguesa e com período de publicação de pelo menos 5 anos a partir da data de busca (2017-2022). Para compor os critérios de exclusão, foram selecionados os seguintes pontos: Artigos de revisão integrativa, cartas ao editor, publicações em periódicos com o nível de evidência B4, B5 e C de acordo com a Qualis/CAPES (sistema brasileiro de avaliação de periódicos) além dos estudos que não estavam de acordo com os critérios de inclusão. Com a amostragem definida, iniciou a leitura de todos os títulos encontrados, e foram descartados aqueles que não condiziam com a temática proposta. Em seguida, foram lidos os resumos dos estudos e também descartados aqueles que não cumpriam com a pergunta norteadora ou que estavam indisponíveis, sobrando apenas os estudos destacados para serem lidos por completo. Por fim, de todos os artigos lidos na íntegra, nenhum foi descartado e todos compuseram a amostra final, conforme sistematizado na Figura 1. Figura 1: Fluxograma sobre a sistematização da busca de dados BVS: Biblioteca Virtual de Saúde; CAPES: Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior; Fonte: Propriedade do autor ASPECTOS CIRÚRGICOS | 33 RESULTADOS Os artigos encontrados no início da pesquisa nas bases de dados foram 50 no total, dos quais 30 foram excluídos após a leitura dos títulos, 9 foram excluídos após a leitura do resumo por não se relacionarem com a temática, estarem repetidos ou indisponíveis, e 2 foram excluídos após a leitura do estudo completo, sobrando para a amostra final apenas 9 estudos. A amostra final de artigos foi composta de estudos com publicações entre 2017 e 2020, tendo predominância as publicações de 2018 (n=4). Em grande maioria os estudos selecionados foram de métodos qualitativo descritivo (n=6), e também prevaleceu publicações da Revista Sobecc (São Paulo) (n=3), o que conferiu prevalência dos estudos publicados em periódicos com classificação Qualis/CAPES em nível de evidência B3 (n=4). Dentre os 9 estudos investigados na amostra final, todos apresentaram e explicaram pelo menos uma das atividades prestadas pelos enfermeiros na sala de recuperação pós-anastésica, totalizando 27 atividades diretas ou indiretas da equipe de enfermagem, distinguidas pelo autor em 3 núcleos de atribuições diferentes: Atividades assistenciais, atividades de gerenciamento e atividades educacionais. Nas atividades assistenciais foram identificadas as atribuições relacionadas ao monitoramento dos sinais vitais, avaliação do paciente, conforto do paciente, controle da dor, da temperatura e da eliminação do paciente, aplicação de escalas, administração de medicamentos, avaliação do sangramento do sítio cirúrgico, admissão do paciente no pós-operatorio, reposição de solução de infusão, cuidado humanizado, orientações sobre RPA, alta do paciente, avaliação do risco de queda e agitação e prevenção de riscos. Nas atividades de gerenciamento foram escaladas as atribuições relacionadas à Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), diagnóstico de enfermagem, evolução do paciente, registros e anotações de enfermagem, passagem do plantão, sistematização de escalas, padronização de Checklist, planejamento de enfermagem, revisão de materiais e equipamentos. A última atividade identificada é a capacitação profissional, e está relacionada a uma atri- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 34 buição educacional da equipe de enfermagem, a única mencionada neste núcleo. O Quadro 1 separa os estudos selecionado por título, Autor(es) e ano de publicação, objetivos do estudo, nome do periódico de publicação, tipo de estudo, base de dados de onde foi retirado e o nível de evidência científica de acordo com a Qualis/CAPES. Quadro 1: Características dos estudos incluídos na revisão integrativa. N Título Autor(es)/Ano de publicação Objetivos Periódico/Tipo de estudo/Base de dados/Nível de evidência 1 Análise do grau de dependência de cuidados de enfermagem em uma unidade de recuperação pós-anestésica Souza dos Santos Macedo et al., 2020 Analisar o grau de dependência dos pacientes em uma Unidade de Recuperação Pós-Anestésica comparando as necessidades de cuidados de enfermagem. Enfermería Actual de Costa Rica / Estudo descritivo quantitativa / BVS / B2 2 Análise da intensidade, aspectos sensoriais e afetivos da dor de pacientes em pós-operatório imediato Meier et al., 2017 Avaliar a dor de pacientes em pós-operatório imediato, na admissão, uma hora após e na alta de uma Unidade de Recuperação Pós-Anestésica quanto a intensidade, aspectos sensoriais e afetivos. Revista Gaúcha De Enfermagem / Estudo Analítico transversal/ PubMed / B1 3 Avaliação da dor pós-operatória sob a ótica do enfermeiro Xavier et al., 2018 Identificar a forma utilizada pelos enfermeiros para avaliar e controlar a dor aguda em pacientes submetidos à cirurgia geral. Revista de Enfermagem UFPE/ Estudo descritivo qualitativo / BVS / B2 4 Avaliação da qualidade dos registros de enfermagem nos cuidados pós-operatórios imediatos E Pereira et al., 2018 Avaliar a qualidade dos registros de enfermagem nos cuidados pós-operatórios imediatos em unidades de referência no estado de Pernambuco. Revista Sobecc (São Paulo) / Estudo descritivo quantitativo / BVS / B3 5 Complicações pós-anestésicas em sala de recuperação de hospital pediátrico Yaegashi et al., 2018 Avaliar retrospectivamente as complicações imediatas na sala de recuperação anestésicas em pacientes pediátricos submetidos à procedimento cirúrgico entre os meses de Setembro e Outubro de 2015 Revista Médica de Minas Gerais / Estudo descritivo quantitativo / BVS / B3 6 Conhecimento de acadêmicos de enfermagem sobre os cuidados do enfermeiro ao paciente em recuperação anestésica Nunes et al., 2019 Identificar o conhecimento de acadêmicos de enfermagem relacionado aos cuidados e às ações desenvolvidas pelo enfermeiro em sala de recuperação pós-anestésica com vistas à segurança do paciente. Revista Sobecc (São Paulo) / Estudo descritivo qualitativo / BVS / B3 7 Percepções acerca de um instrumento para avaliação e alta da sala recuperação pós-anestésica Dill et al., 2018 Descrever as percepções de profissionais de enfermagem acerca de um instrumento para avaliação e alta da Sala de Recuperação Pós-anestésica. Estudo descritivo qualitativo / Revista De Pesquisa: Cuidado e Fundamental / BVS / B2 ASPECTOS CIRÚRGICOS | 35 8 9 Segurança do paciente no contexto da recuperação pós-anestésica: um estudo convergente assistencial Sistematização da assistência de enfermagem na sala de recuperação pós-anestésica de um hospital maternidade filantrópico Klein et al., 2019 Verificar o conhecimento dos profissionais de enfermagem no que concerne à segurança do paciente na Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA), após a implantação de um protocolo assistencial no referido setor. Revista Sobecc (São Paulo) / Estudo descritivo qualitativo / BVS / B3 Fischer e Borges et al., 2020 Descrever as condições gerais da SRPA e as principais ações de enfermagem observadas, bem como as intervenções a partir da realidade, para compor um instrumento de SAE, destinado à puérperas para a Sala de Recuperação Pós Anestésica (SRPA) do Hospital Maternidade São Mateus (HMSM), no município de São Mateus, ES. Pesquisa convergente assistencial qualitativa / CAPES / B1 SOBECC: Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização; BVS: Biblioteca Virtual em Saúde. Fonte: Propriedade do autor O quadro 2 junta todas as atribuições encontradas nos artigos científicos analisados e determina em quais estudos foram identificadas. Quadro 2: Atribuições encontradas nos estudos incluídos na revisão integrativa. Nº Núcleo Atividade Monitoramento dos sinais vitais Avaliação do paciente Conforto do paciente Controle da dor Controle de temperatura Controle de eliminação Aplicação de escalas 1 Atividade Assistencial Administração de medicamentos Avaliação do sangramento Admissão no pós-operatório Reposição de solução de infusão Cuidado humanizado Orientações Artigos 1, 2,3, 4, 6, 8, 9 1, 2,6, 9, 8, 7 2, 3, 6 2, 3, 5,6, 9 9 6, 9 2, 3, 4, 9, 8, 7 2, 3, 4, 9, 8 8 2, 9, 7 9 1, 3, 5, 6 2, 7 Alta do paciente 4, 6, 9 Avaliação do risco de queda e agitação 5, 6, 8 Prevenção de riscos 6, 7, 8, 9 ASPECTOS CIRÚRGICOS | 36 Sistematização da assistência em enfermagem Diagnóstico de Enfermagem Evolução do paciente Registros de Enfermagem 2 Atividade Gerencial Passagem do plantão Sistematização escalas Padronização de Checklist Planejamento de enfermagem Utilização de protocolos Revisão de materiais e equipamentos 3 Atividade Educacional Capacitação profissional 4, 6, 8, 9 4, 9 3, 6, 7, 8, 9 1, 3, 4, 6, 9, 8 2, 7 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9 9, 8 1, 3, 4, 6, 7, 9 2, 6, 8 7 2, 3, 7 Checklist: lista de itens que determina as condições de serviço; Escalas: Instrumento de avaliação do paciente. Fonte: Propriedade do autor A figura 2 busca representar a frequência da menção de atividades para cada um dos núcleos de atribuições do Enfermeiro na Sala de Recuperação Pós-anestésica a partir dos estudos estudados para esta pesquisa. Figura 2: Quantidade de atividades mencionadas em cada núcleo de atribuição. Fonte: Propriedade do Autor ASPECTOS CIRÚRGICOS | 37 A figura 3 refere-se a uma análise quantitativa das menções realizadas para cada uma das atividades identificadas nos artigos investigados. Figura 3: Quantidade de menções para cada atividade identificada. Fonte: Propriedade do Autor DISCUSSÃO A presente pesquisa tinha como objetivo identificar quais as atividades exercidas pela equipe de enfermagem na Sala de recuperação pós-anestésica, a fim de compreender melhor cada uma delas e identificar atribuições que possivelmente estejam sendo ignoradas na prática de enfermagem. Nos resultados foram obtidas diversas atividades relacionadas com as atribuições de assistência e gerenciamento, o que evidenciou a falta de atividades mencionadas sobre as atribuições educacionais. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 38 As atividades educacionais foram mencionadas em três dos artigos selecionados, entretanto, identificou-se uma problemática: os autores não especificam as atividades de cunho educacional desenvolvidas na SRPA, dando preferência a classificar todas como atividades como ações de “Aperfeiçoamento” ou “Capacitação profissional’, o que torna difícil descrever essas práticas na presente revisão. Todavia, isso não foi empecilho para que quaisquer atividades de educação permanente em saúde fossem consideradas como atribuições da equipe de enfermagem na SRPA, como uma capacitação em SAE ou qualificação profissional para a utilização e sistematização de escalas como instrumentos de avaliação do paciente, a exemplo da Escala de Aldrete e Kroulik e Escala de Kendall. (Dill et al., 2018). Um dos aspectos mais citados no estudo foi a avaliação de sinais vitais, onde sete dos nove artigos mencionaram esse tópico, o que entra em consonâncias com a literatura e bases acadêmicas conhecidas. Fala a importância de monitorar os sinais vitais dos pacientes da SRPA, onde todos são considerados como pacientes de risco. Nesse âmbito, a enfermagem desempenha papel fundamental frente ao monitoramento de todos os sinais vitais do paciente, inclusive o monitoramento da dor como 5º sinal vital, pois seu desempenho é capaz de influenciar e comprometer todo o trabalho da equipe multidisciplinar. Devido a isso, é de suma importância que toda equipe de enfermagem se conscientize quanto a importância do seu comprometimento nesta atribuição, para que a equipe multidisciplinar alcance esta meta de assistência. Outro setor que se destacou, foi o núcleo de gerenciamento, onde possui o tópico mais mencionado Sistematização de escalas, e apresenta uma quantidade de menções consideráveis para o estudo (figura 3). Referente as escalas, é de fundamental importância que a enfermagem sistematize a aplicação delas, pois são instrumentos que traz maior confiabilidade para o atendimento, resultando em condições suficientes para um serviço seguro e eficiente. (Fischer, 2019). Todo paciente admitido após uma cirurgia está sujeito a ter seus valores de temperatura alterados, tanto para valores acima da normotermia quanto para baixo, mesmo que os paciente com hipotermia formem um quadro bem mais frequente. Portanto, é essencial ASPECTOS CIRÚRGICOS | 39 que a equipe de enfermagem mensure constantemente a temperatura corporal e da pele do paciente, que pode ser feita pondo o dorso das mãos na pele de cada segmento corporal do cliente, sempre comparando com o lado homólogo, observando ainda a presença de possível piloereção ou tremores que irão compor os fatores compensatórios (Carvalho e Bianchi, 2016). Todavia, dos estudos investigados apenas um relacionava o controle de temperatura do paciente como algo expressamente relevante e passível de uma atenção especializada e individual para além de enquadrado apenas dentro do controle de sinais vitais do paciente, partindo do monitoramento deste sinal, para a intervenção e o registro. Outro aspecto que foi desenvolvido nos artigos é a SAE, onde foram citadas atividades que compõem o primeiro passo dela , a Coleta de Dados de Enfermagem (Cuidado humanizado, Avaliação do paciente, Admissão no pós-operatório), os outros dois passos que são diagnósticos de enfermagem e planejamento de enfermagem, são mencionados nos artigos como mostra a figura 3, já a implementação é mostrada na tabela como um dos núcleos atividades assistenciais sendo a última etapa a avaliação de enfermagem que é descrita na figura como evolução do paciente. A atividade de Registro de enfermagem, foi um tópico criticado por alguns autores no que diz respeito à qualidade de dados registrados, pois muitas vezes os dados eram incompletos ou imprecisos, o que dificulta nas trocas de plantão entre os profissionais. O descaso com o registro de enfermagem se torna ainda mais grave quando evidenciamos a importância que a SAE tem para a credibilidade do trabalho do enfermeiro, uma vez que ela é responsável por sustentar a profissão de enfermagem como ciência, além de garantir a satisfação do profissional ao exercer seu trabalho de forma plena e segura, bem como a satisfação do cliente ao ser atendido com uma assistência integral e humanizada (Fischer e Borges, 2020). Para além de todas as atribuições citadas acima, temos ainda as ações de enfermagem menos mencionadas e igualmente importantes para o funcionamento da assistência integral e funcional da SRPA como a padronização dos cheklists e revisão dos materiais e equipamentos de trabalho, as quais tem grande importância para que a uni- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 40 dade esteja bem preparada para atendimentos de rotina e eventuais intercorrências (Dill et al., 2018). CONCLUSÃO De acordo com o acompanhado nos artigos investigados, a avaliação sistemática dos pacientes admitidos na SRPA é uma prática e um dever da equipe de enfermagem que deve ser cumprido e respeitado em todas as situações, bem como também foram as principais atividades identificadas. Para tanto, as atividades assistenciais como o monitoramento dos sinais vitais acabam se apresentando em número de evidência nos artigos de forma bastante acentuado uma vez que tratam de atividades que acompanham o cuidado de enfermagem desde a admissão do paciente, avaliação inicial e sistemática até a alta do cliente. Mesmo possuindo maior aparição dentre os trabalhos científicos publicados, as atividades assistenciais possuem o mesmo nível de importância das de gerenciamento e educação, sendo cada uma essencial para o bom desenvolvimento da assistência, tendo em vista que as ciências de saúde são áreas de conhecimento em constante evolução, o que leva ao desenvolvimento do núcleo 3 (Atividade Educacional), importantíssimo para o avanço dos outros 2 núcleos (Atividade Assistenciais e Atividade Gerencial), promovendo uma assistência de enfermagem íntegra e humanizada. Por último, conclui-se que os textos em sua totalidade mencionam pelo menos alguns dos processos de sistematização, tendo em vista que são artigos que trabalham com atribuição específicos dentro da SRPA. Assim fica evidente que a SAE é um dos instrumentos mais trabalhados na assistência de enfermagem nesse setor. Ainda é valido ressalta que sistematização prever a continuidade do tratamento, tendo como prerrogativa a melhora e bem-estar do paciente. REFERÊNCIAS BERG, E.; INÁCIO, K. L.; WELFER, M. Humanização na sala de recuperação pós-anestésica: o que pensam os profissionais da enfermagem? Revista Perspectiva: Ciência e Saúde, v. 4, n. 1, 6 dez. 2019. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 41 CAMPOS, M. P. DE A. et al. Complicações na sala de recuperação pós-anestésica: uma revisão integrativa. Revista SOBECC, v. 23, n. 3, p. 160–168, 30 ago. 2018. CARDOSO, A.; DE, M. C. Exclusividade do Enfermeiro na Sala de Recuperação Pós- Anestésica como reflexo na qualidade da assistência prestada. n. 1, p. 10, [s.d.]. CARVALHO, R.; BIANCHI, E. R. F. Enfermagem em Centro Cirúrgico e Recuperação. 2.ed. – Barueri, SP: Manole, 2016. CHEEVER, KERRY H. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médicocirúrgica, volumes 1 e 2. 13. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. DE, P. 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TANAKA, R, S, A.; BRUN, N, B.; GALVAN, C.; KAISER, E, D.; SANTO, E, N, M, D.; BUENO, S, M, E.; MATZENBACHER, S, P, L.; PACZEK, S, R. Cartilha de orientações sobre os cuidados em sala de recuperação pós anestésico. Porto Alegre: UFRGS, 2021. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 43 TELES, R. P. et al. PROTOCOLO DO MANEJO DA SEDE NA SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA EM UM HOSPITAL PRIVADO NO SUL DE SANTA CATARINA. Revista Interdisciplinar de Estudos em Saúde, p. 335–350, 29 nov. 2018. XAVIER, A. T. et al. Avaliação da dor pós-operatória sob a ótica do enfermeiro. Rev. enferm. UFPE on line, p. 2436–2441, 2018. YAEGASHI, C. et al. Complicações pós-anestésicas em sala de recuperação de hospital pediátrico. Rev. méd. Minas Gerais, p. [1-5], 2018. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 44 CAPÍTULO 03 O TRABALHO EM CENTRO CIRÚRGICO E SEUS IMPACTOS SOBRE A SAÚDE DA EQUIPE DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA WORK IN THE SURGICAL CENTER AND ITS IMPACTS ON THE HEALTH OF THE NURSING TEAM: AN INTEGRATIVE REVIEW Flavia Lorranny de Souza Gadelha Kelly Naiane Oliveira Moura Lérien de Araújo Andrade Aldelí Rosana Araújo Costa Carla Araújo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori RESUMO Objetivo: este artigo tem por objetivo analisar as condições de saúde da equipe de enfermagem que atua no centro cirúrgico, descrevendo os impactos do processo de trabalho sobre a saúde da equipe de enfermagem e quais as principais doenças e agravos que acometem a equipe enfermagem que desempenha suas atribuições no Centro cirúrgico. Método: trata-se de uma revisão integrativa que apresenta resultados sobre a saúde dos trabalhadores no centro cirúrgico. Utilizou-se para a coleta de dados as bases de dados eletrônicas Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Revista SOBECC no período de 2010 a 2019. Resultados e discussão: identificou-se que os principais impactos sobre a saúde dos profissionais associam-se aos níveis ambiental, social- estresse ocupacional, baixa remuneração salarial e a exaustiva jornada de trabalho; no nível fisiológico: elevado índice de dor osteomuscular e incidentes com material biológico pois a equipe de enfermagem está frequentemente submetida aos riscos devido ao contato direto com o paciente. Conclusão:Verificou-se os principais aspectos relacionados a saúde ASPECTOS CIRÚRGICOS | 45 do trabalhador Estressores ambientais e sociais, Distúrbios musculoesqueléticos, Incidentes com materiais biológicos. Palavras-chave: Saúde do trabalhador; centro cirúrgico; enfermagem. ABSTRACT Objective: to analyze the health conditions of the nursing team that work in a surgical center, revealing the impacts of the work process on the health of the nursing team and the main causes and aggravations that affect the nursing team that perform their attributions not Surgical Center. Method: It is an integrative review that presents results on the health of two workers in a surgical center. The electronic databases Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Revista SOBECC in the period from 2010 to 2019 were used for the collection of data. Results and discussion: it was identified that the main impacts on the health of professionals are associated with environmental and social levels - occupational stress, low salary and the exhausting working day; at the physiological level: high rate of musculoskeletal pain and incidents with biological material, as the nursing team is often exposed to risks due to direct contact with the patient. Conclusion: We verified the main aspects related to the health of workers Stressors environmental and social, musculoskeletal disorders, incidents with biological materials. Keywords: Health of the worker; surgical center; nursing. INTRODUÇÃO Inicialmente, cita-se que a Política Nacional de Saúde do Trabalhador define Saúde do Trabalhador como sendo o conjunto de atividades do campo da saúde coletiva que visa a promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, e àqueles submetidos a riscos e agravos, é garantido a sua recuperação e reabilitação. Por ser assim, a saúde do trabalhador pode ser alcançada por meio de intervenções nos fatores agravantes à saúde da população trabalhadora, avaliação dos impactos causados por medidas adotadas para a eliminação, atenuação e controle dos fatores determinantes e agravos à saúde e conhecer a ASPECTOS CIRÚRGICOS | 46 realidade da saúde física, psíquica e social dos trabalhadores (BRASIL, 2011). É necessário correlacionar o trabalho ao processo saúde-doença dos indivíduos, devido a sua capacidade de influenciar de forma direta ou indireta a saúde do trabalhador atingindo-o fisicamente, psiquicamente ou socialmente (HOFFMANN E GLANZNER, 2019). Isso é observado pela alta prevalência de adoecimentos por danos osteomusculares, problemas respiratórios, doenças infecciosas, doenças mentais e outros (ALO E VEA, 2016). De acordo com Hoffmann e Glanzner (2019), a saúde do trabalhador tornou-se uma ampla discussão no que diz respeito à saúde do profissional da área da saúde com vistas à exposição ocupacional em busca de garantia da qualidade de vida e preservação da saúde. Com foco na enfermagem, essa categoria atua em diversas áreas, cada uma com suas especificidades e riscos. Os trabalhadores de enfermagem da área cirúrgica são indispensáveis e seu trabalho é dotado de um alto grau de exigência desempenhado em unidade fechada e complexa, em que os mesmos na maioria das vezes, ficam expostos a condições inadequadas de trabalho. Ressalta-se aqui, que o Centro Cirúrgico (CC) é uma unidade complexa devido a sua especificidade, presença de estresse constante e o alto risco à saúde dos pacientes submetidos à intervenção cirúrgica. A equipe de enfermagem é crucial para o funcionamento do Centro Cirúrgico, sendo responsável pelo dimensionamento da equipe, recepção do bloco, limpeza da sala de operação, assistência de enfermagem, dentre outras atribuições (POSSARI, 2004). As equipes de enfermagem muitas vezes prosperam com mão de obra limitada, sobrecarga de trabalho, falta de treinamento especializado, exposição a contaminantes e exposição frequente a sofrimento e morte. Nesses cenários, os trabalhadores tendem a apresentar maior cansaço ou adoecimento físico e mental, o que favorece a ocorrência de eventos adversos que afetam a saúde e a segurança do paciente (VALERA et al., 2013). Diante do exposto, optou-se por analisar evidências científicas sobre o tema, pois, desse modo, será possível identificar as lacunas do conhecimento e assim, fornecer informações para contribuir com a saú- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 47 de do trabalhador da área do CC e minimizar os impactos à sua saúde. Portanto, o presente estudo tem como objetivo analisar as condições de saúde da equipe de enfermagem atuante em centro cirúrgico. MATERIAL E MÉTODOS O estudo tem como percurso metodológico o estudo bibliográfico do tipo revisão integrativa, por tratar-se de um método que apresenta os resultados de forma sistemática, ordenada e abrangente, além de permitir a inclusão de estudos de abordagens metodológicas qualitativas e quantitativas (ERCOLE, MELO E ALCOFORADO, 2014). A busca ocorreu nos meses de junho e julho de 2022 e seguiu os seguintes passos: definição do problema e pergunta norteadora, definição de critérios para inclusão e exclusão de estudos, busca de artigos em bases de dados e avaliação, interpretação e discussão dos resultados. Utilizou-se a Estratégia PICO (um acrônimo para P: população/ pacientes; I: intervenção; C: comparação/controle; O: desfecho/outcome) para a elaboração da seguinte questão norteadora “quais os impactos que o trabalho em centro cirúrgico causa na equipe de enfermagem?”. Esta estratégica orienta o profissional pesquisador a localizar de forma mais adequada a informação. Nesta pesquisa podemos observar a “equipe de enfermagem” como “população”, “trabalho no Centro Cirúrgico” como “intervenção” e “impactos” como “desfecho. Não houve necessidade de envolvimento do terceiro elemento da estratégia (comparação/controle) (SANTOS; GALVÃO, 2014; SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007). As buscas de artigos científicos ocorreram através das bases de dados eletrônicas Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Revista SOBECC. Foram utilizados os seguintes descritores em ciências da saúde: saúde do trabalhador, centro cirúrgico e enfermagem como mostra o quadro 1. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 48 Quadro 1: Plano de busca de acordo com as bases de dados. Estratégia de busca Bases consultadas Total BVS SOBECC Scielo Estratégia 1: saúde do trabalhador + centro cirúrgico 34 6 4 44 Estratégia 2: saúde do trabalhador + enfermagem + centro cirúrgico 29 6 4 39 Estratégia 3: enfermagem + centro cirúrgico 482 168 62 712 Total 545 180 70 795 Fonte: Os autores (2022). Aplicaram-se os seguintes critérios de inclusão para a seleção dos artigos: artigos originais que estão disponíveis na integra de forma gratuita e em português, no período compreendido entre 2010-2019, que retratassem as condições de saúde da equipe de enfermagem. Foram excluídos artigos de revisão, teses, artigos em forma de apostilas cartas, editoriais e ebooks, pois não contemplam os critérios necessários para uma pesquisa científica, foram excluídos também estudos inferiores ao período estabelecido e que não estavam disponíveis na integra. Procedeu-se à leitura dos títulos dos artigos encontrados sendo excluídos aqueles que continham duplicidade, em seguida foi verificado a disponibilidade do documento na integra. Posteriormente foram lidos os resumos e excluídos aqueles estudos que não contemplavam o objetivo desse estudo. Pela busca, foram encontrados o total de 795 artigos, dos quais 676 foram excluídos após a leitura dos títulos e 49 por apresentarem duplicidade, 7 por não estarem disponíveis na integra, 5 por não serem artigos, 1 por não ser artigo primário e 44 pelos resumos que não respondiam à pergunta norteadora, restando 13 artigos na amostra final. A Figura 1 descreve o processo de busca e seleção de artigos nas bases de dados. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 49 Figura 1. Fluxograma de identificação e seleção dos artigos. Boa Vista, RR, Brasil, 2022. Fonte: Os autores (2022). RESULTADOS Os 17 artigos selecionados para a leitura na íntegra foram publicados no período de 2010-2019, sendo os anos de 2011 e 2018 com maior prevalência de artigos publicados. A partir da análise dos conteúdos dos estudos, identificaram-se três categorias temáticas principais, sendo elas: nível ambiental e social, nível fisiológico e incidentes com material biológico. O Quadro 2 traz a descrição das publicações quanto aos autores, ao ano de publicação, ao título, ao tipo de estudo e objetivos. Quadro 2 - Caracterização dos artigos selecionados para composição da amostra. Boa Vista, RR, Brasil, 2022. AUTOR/ ANO TÍTULO TIPO DE ESTUDO OBJETIVOS SOUZA (2010). Doenças ocupacionais: absenteísmo por prevalência de dor no sistema músculo-esquelético em profissionais de enfermagem que atuam no centro cirúrgico. Pesquisa de abordagem quantitativa. Avaliar a prevalência de sintomas músculo-esqueléticos em trabalhadores de Enfermagem que atuam em centro cirúrgico. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 50 SCHMIDT; DANTAS; MARZIALE (2011). Ansiedade e depressão entre profissionais de enfermagem que atuam em blocos cirúrgicos. Estudo descritivo, correlacional, tipo corte transversal Avaliar a ansiedade e a depressão entre profissionais de enfermagem do Bloco Cirúrgico ALIMA; OLIVEIRA; RODRIGUES, (2011). Exposição ocupacional por material biológico no Hospital Santa Casa de Pelotas-2004 a 2008. transversal, descritivo, com abordagem quantitativa Analisar as exposições ocupacionais por material biológico a que foram submetidos os profissionais de saúde, no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, no período de janeiro de 2004 a junho de 2008. QUEIROZ; SOUZA (2012) Qualidade de vida e capacidade para o trabalho de profissionais de enfermagem. Quantitativo, descritivo e de corte transversal. Avaliar a QV e a capacidade para o trabalho (CT) dos profissionais de enfermagem de um hospital de grande porte. SCHMIDT; DANTAS (2012) Qualidade de vida no trabalho e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho entre profissionais de enfermagem. Quantitativa, descritivo, transversal e correlacional. Avaliar a associação de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) com os distúrbios osteomusculares (DORT) entre profissionais de enfermagem que trabalham em bloco cirúrgico. VIDOR et al,. (2014) Prevalência de dor osteomuscular em profissionais de enfermagem de equipes de cirurgia em um hospital universitário. Estudo transversal Investigar a prevalência de dor osteomuscular e a associação com a qualidade de vida em profissionais de enfermagem que atuam em equipes de cirurgia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. OTTOBELLI (2015) Acidentes de trabalho com perfurocortantes em unidade de centro cirúrgico na Região Sul do Brasil. Quantitativo, do tipo descritivo e documental Identificar os acidentes de trabalho em uma unidade de centro cirúrgico em um hospital geral do norte do Estado do Rio Grande do Sul MARTINS; AGNOL (2016) Centro cirúrgico: desafios e estratégias do enfermeiro nas atividades gerenciais. Exploratório, descritivo, de abordagem qualitativa Analisar os desafios e estratégias do enfermeiro nas atividades gerenciais em centro cirúrgico. DO PRADO TOSTES et al,. (2017). Dualidade entre satisfação e sofrimento no trabalho da equipe de enfermagem em centro cirúrgico. Pesquisa descritiva com abordagem qualitativa Apreender a percepção da equipe de Enfermagem sobre a relação entre trabalho em centro cirúrgico (CC) e saúde. Estudo descritivo, de corte transversal e com abordagem quantitativa. Avaliar a qualidade de vida no trabalho da equipe de enfermagem do centro cirúrgico. Estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa. Mensurar os níveis de estresse dos profissionais de enfermagem do centro cirúrgico de um hospital universitário do nordeste do Brasil. CARVALHO et al,. (2018). Qualidade de vida no trabalho da equipe de enfermagem do centro cirúrgico. CHIAVONE et al,. (2018). Níveis de estresse da equipe de enfermagem do centro cirúrgico: estudo transversal. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 51 FRAGA et al,. (2019). QUEVEDO et al,. (2019). A qualidade de vida dos profissionais da enfermagem que atuam no centro cirúrgico. Riscos ergonômicos e biomecânicos ocupacionais no transporte de pacientes no centro cirúrgico: pesquisa qualiquantitativa de estudo transversal. Transversal Identificar os domínios da qualidade de vida dos profissionais de enfermagem que atuam nos centros cirúrgicos de quatro hospitais do Rio Grande do Sul. Exploratório, observacional e descritivo. Investigar os riscos ergonômicos e biomecânicos ocupacionais em profissionais da enfermagem no transporte de pacientes, no centro cirúrgico de um hospital público. Fonte: Os autores (2022). DISCUSSÃO Os resultados encaminham as discussões para três momentos distintos: nível ambiental e social, nível fisiológico e incidentes com material biológico. Para isso, optou-se pela discussão em 3 categorias analíticas dispostas neste item. Nível Ambiental e Social Neste estudo, foi possível observar os fatores que podem influenciar na saúde dos trabalhadores do centro cirúrgico. Um dos achados foi o estresse ocupacional que pode afetar significativamente a saúde do trabalhador, trada, conforme proposto por (MONTIBELER et al., 2018). Chiavone (2018) e Montibeler (2018), descrevem pontos que podem causar estresse no ambiente de trabalho em setores fechados como o Centro Cirúrgico onde há um aumento do risco para o desenvolvimento do mesmo, pois proporcionarem fatores agravantes como a comunicação entre as equipes diante da situação crítica dos pacientes, dificuldade de convivência, automatismo dos procedimentos, riscos biológicos, falta de insumos aspectos organizacionais e administração. Salienta-se aqui, que no CC a equipe de enfermagem está diante do ato cirúrgico, no qual o monitoramento do paciente exige atenção redobrada devido ao risco de instabilidades no transoperatório, a enfermagem também prover os materiais gerais e dar suporte ASPECTOS CIRÚRGICOS | 52 às equipes. É necessário um processo contínuo de atualizações devido as inovações tecnológicas, além disso a enfermagem atua tanto no setor administrativo quanto no assistencial, o que exige maior capacidade adaptativa, criando assim, uma maior suscetibilidade ao estresse (CHIAVONE et al., 2018). Segundo Quevedo et al., (2019); Carvalho et al., (2018) e Do Prado tostes et al., (2017), por muitas vezes a equipe de enfermagem precisa ultrapassar o tempo de trabalho estabelecido, visto que existem cirurgias de emergência que alteram toda a rotina de trabalho. Outro fator é a baixa remuneração salarial e a exaustiva jornada de trabalho comprometem negativamente o bem-estar. Além disso, a falta de tempo para executar a assistência de enfermagem com eficiência e qualidade, assistindo o paciente em sua totalidade e individualidade, causa desgastes e frustações para o profissional. Desgaste físicos pois a demanda de paciente é significativamente maior em relação ao número de profissionais e degaste emocional por não ser possível a realização de um cuidado de forma humanizada e minuciosa. De acordo com Queiroz e Souza (2012) profissionais que possuem mais de um vínculo empregatício tendem a desenvolver riscos ocupacionais em virtude da submissão a uma maior carga de trabalho e diminuição do tempo destinado a atividades de lazer, interferindo tanto no aspecto físico do indivíduo quanto no psicossocial. Ainda no que se refere a fatores estressores, o turno noturno resulta em alterações no do ciclo circadiano, pois exige adaptação do organismo, se tornando assim um fator estressor (CHIAVONE et al., 2018). Nível Fisiológico Inicia-se a discussão afirmando que os profissionais de enfermagem possuem elevado índice de dor osteomuscular prejudicando assim a capacidade funcional, aspectos físicos, aspectos sociais e saúde mental. (SCHMIDT E DANTAS, 2012; VIDOR et al., 2014). Vale ressaltar que as mulheres são mais suscetíveis a desenvolver distúrbios no sistema musculoesquelético, devido às características biológicas e a sua realidade, onde é comum o fator chamado “dupla jornada ASPECTOS CIRÚRGICOS | 53 de trabalho”, tendo em vista que a maioria ainda realiza trabalhos domésticos (SOUZA et al., 2010). O profissional técnico de enfermagem comparado com enfermeiro possui o Estado Geral de Saúde mais comprometido, cuja profissão possui uma maior necessidade de atenção dos gestores referentes às atividades que remetem a sua autoestima e saúde no local de trabalho (FRAGA, CALVETTI E LAZZAROTTO, 2019). Quando é realizada as manobras tem-se que levar os pacientes ao sair do período de recuperação, durante essa locomoção é exigido esforços físicos. Com isso, surge diversos riscos biomecânicos e ocupacionais devido a geração de mais esforços (QUEVEDO et al., 2019). Já Vidor (2014) e Souza (2010), destacam que o afastamento do profissional de enfermagem que trabalham no centro cirúrgico em sua maioria ocorre em decorrências de dores na região lombar. Fraga e colaboradores (2019), em seu estudo, constataram que a qualidade de vida dos profissionais de enfermagem que atuavam no centro cirúrgico obteve resultado satisfatório, pois foi observado que os níveis de qualidade de vida são satisfatórios quando se trata de capacidade funcional, aspectos físicos, dor, vitalidade, aspectos sociais, emocionais e saúde mental, o que foi comprovado também por Carvalho et al., (2018), que demonstrou qualidade de vida entre os profissionais atuantes em CC. Já Queiroz e Souza (2012) afirmam em sua pesquisa que os profissionais de enfermagem do Centro Cirúrgico apresentam baixos índices de qualidade de vida, pois, na execução de suas atividades laborais estão restritos a um ambiente fechado e complexo que requer, além da capacitação técnico-científica, competência emocional. Incidentes com material biológico A princípio, destaca-se que a exposição a material biológico é um risco aos profissionais em seu local de trabalho, principalmente aos profissionais da saúde, podendo ser fonte de transmissão de patógenos como o vírus da imunodeficiência humana, hepatite B e C. A equipe de enfermagem está frequentemente submetida a esses riscos devido o seu contato direto com o paciente, sendo crucial seguir ASPECTOS CIRÚRGICOS | 54 as medidas de biossegurança que visem a redução dos riscos ocupacionais (LIMA E RODRIGUES, 2011). Conforme evidenciado por Lima e Rodrigues (2011), os acidentes de trabalho com material biológico são mais frequentes em técnicos de enfermagem e auxiliares respectivamente, sendo a causa predominante o ato de picada com lixo perfurocortante com descarte inadequado, seguido de recapagem de agulha. Esses dados refletem a necessidade da realização de educação em saúde para abordar os cuidados durante a manipulação desse tipo de materiais. Em um estudo onde foi analisado 64 notificações de acidentes de trabalho da equipe de enfermagem no centro cirúrgico entre os anos de 2001 e 2012 observa-se que o sexo feminino tem o maior número de acidentes, visto que é evidenciado na maioria dos hospitais, o predomínio na equipe de enfermagem do sexo feminino. Os acidentes de trabalho com materiais perfurocortantes (agulhas e lâminas de bisturi) compreenderam 42 casos. Outro ponto analisado, profissionais que mais sofreram acidentes de trabalho foi técnicos em enfermagem (OTTOBELLI et al., 2015). Em virtude disso, os profissionais devem preocupar-se com o autocuidado, adotando medidas de biossegurança apropriadas. A adoção destas medidas pode reduzir risco e criar um ambiente de trabalho mais seguro, o que interfere diretamente no bem-estar físico, psíquico e social dos trabalhadores (LIMA E RODRIGUES, 2011). CONSIDERAÇÕES FINAIS As análises provenientes dos manuscritos incluídos nesta revisão integrativa permitem o auxílio na compreensão e contextualização dos fatores que impactam a saúde do profissional de enfermagem atuante no centro cirúrgico. Entre os principais fatores que influenciam na saúde do trabalhador são, os ambientais e sociais. Assim, o trabalho no centro cirúrgico, por vezes exige esforços físicos e psicológicos nos quais acarretam problemas para a saúde do trabalhador. Foi constatado que o mau relacionamento interpessoal com a equipe multidisciplinar, a desvalorização profissional, a sobrecarga no ambiente de trabalho, a falta de recursos e a má manutenção ASPECTOS CIRÚRGICOS | 55 dos equipamentos e do ambiente podem gerar frustrações aos profissionais e consequentemente afetar sua saúde no âmbito biopsicossocial. Além disso, existem os acidentes de trabalho com materiais perfurocortantes, que acometem os trabalhadores da saúde. Sob esse viés, são necessários programas e medidas educacionais para toda a equipe de enfermagem. Para isso, é necessário que os estabelecimentos de saúde apliquem medidas preventivas e educacionais, utilizando referencias como a NR 32 que estabelece diretrizes para a prevenção de acidentes de trabalho. Cabe inferir que o trabalho em centro cirúrgico pode ser satisfatório para a equipe de enfermagem, desde que envolva aspectos como relações interpessoais positivas, companheirismo dos colegas de trabalho, reconhecimento da importância do serviço realizado, tanto dos usuários como também da equipe multiprofissional e gerenciamento de qualidade. Dessa maneira, espera-se que o presente estudo traga importantes contribuições para que sejam desenvolvidos estudos diante desta problemática e sejam tomadas medidas de melhoria nas condições de trabalho dos profissionais da equipe de enfermagem, sempre buscando assistir o profissional de maneira integral, respeitando seus aspectos individuais. REFERÊNCIAS CARVALHO, Arethuza de Melo Brito et al. Qualidade de vida no trabalho da equipe de enfermagem do centro cirúrgico. Enfermagem em foco, v. 9, n. 3, 2018. CHIAVONE, Flávia Barreto Tavares et al. Níveis de estresse da equipe de enfermagem do centro cirúrgico: estudo transversal. 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ASPECTOS CIRÚRGICOS | 58 CAPÍTULO 04 IMPLICAÇÕES DO CUIDADO HUMANIZADO DA ENFERMAGEM AO PACIENTE CIRÚRGICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA IMPLICATIONS OF HUMANIZED NURSING CARE TO SURGICAL PATIENTS: AN INTEGRATIVE REVIEW Cinthia Katarina Neponuceno Bastos Letícia Pereira da Silva Simony Rezende Soares Aldelí Rosana Araújo Costa Carla Araujo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori RESUMO Objetivo: analisar na literatura científica a importância e implicações que a assistência de enfermagem humanizada traz ao paciente no período perioperatório. Método: trata-se de revisão integrativa da literatura, limitada a língua portuguesa considerando artigos dos últimos 8 anos. Não houve necessidade de submissão desde artigo ao comitê de ética, visto que este projeto se trata de uma revisão bibliográfica. Os artigos foram verificados e a escolha determinada conforme interesse para a elaboração deste trabalho acadêmico. Resultados: os resultados apontaram a variedade de entendimentos sobre a humanização, com artigos que contribuem para a construção coletiva do entendimento acerca da humanização. Conclusão: os achados demonstraram a relevância de se aplicar as conjecturas da Política de Humanização para guiar as práticas assistências e estruturar o serviço buscando um atendimento ético, digno e de qualidade no período perioperatório. Palavras-chave: Humanização, Enfermagem de Centro Cirúrgico, Humanização da Assistência. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 59 ABSTRACT Objective: to analyze in the scientific literature the importance and implications that humanized nursing care brings to the patient in the perioperative period. Methody: it was an integrative literature review, limited to the Portuguese language, considering articles from the last 8 years. There was no need to submit this article to the ethics committee, since this project is a literature review. The articles were selected and the choice determined according to the interest for the elaboration of this scientific work. Results: the results showed the variety of understandings about humanization, with articles that contribute to the collective construction of understanding about humanization. Conclusion: the findings demonstrate the relevance of applying the conjectures of the Humanization Policy to guide care practices and structure the service seeking ethical, dignified and quality care in the perioperative period. Keywords: Humanization, Surgical Center Nursing, Humanization of Care. INTRODUÇÃO O centro cirúrgico (CC) é definido como um local destinado a atividades cirúrgicas, que dispõe de normas para oferecer qualidade e a individualização da assistência que será prestada ao paciente, isso determinará o resultado final do cuidado prestado nesse ambiente. Um dos objetivos do CC é prestar uma assistência completa, em todo o período perioperatório, ao paciente cirúrgico. Dito isso, a enfermagem em CC visa assistir os pacientes antes, durante e logo após o procedimento cirúrgico, suas intervenções compreendem procedimentos técnicos e científicos, como a prestação de serviços assistências e educacionais, além de ações preventivas (CARVALHO e BIANCHI, 2016). O enfermeiro é um prestador de cuidados, e ele se depara com as peculiaridades de cada paciente, sendo assim é de sua competência a elaboração de intervenções que contemple todas as fases desse processo cirúrgico, o pré, trans e o pós-operatório, afim de gerar um atendimento diferenciado e satisfatório ao cliente (CARVALHO, 2015). A assistência de enfermagem envolve, tanto o preparo físico como o ASPECTOS CIRÚRGICOS | 60 psicológico, do paciente, para realização da cirurgia, constantemente com o intuito de esclarecer suas dúvidas e diminuir seus anseios diante o processo cirúrgico (CHRISTÓFORO E CARVALHO, 2009). Os pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos podem apresentar níveis altos de estresse, ansiedade, medo, impactando de forma negativa o seu bem-estar. Por isso, prestar uma assistência integral e humanizada é tão necessário. Existe, então uma relação entre paciente e profissional que configura uma parte importante para uma assistência de saúde de qualidade (CHRISTÓFORO e CARVALHO, 2009). Humanizar, de acordo com Brasil, 2013, significa incluir nos processos de cuidado as individualidades de cada pessoa. No Brasil, existe a Política Nacional Humanização que vem como um estimulo voltado para mudar a forma de gerir e cuidar dos indivíduos. O estabelecimento de vínculos, o olhar de forma integral ao paciente diante de um ambiente desconhecido podem ser diferenciais no seu cuidado no período perioperatório (BREZOLIN et al., 2020). Cabe ressaltar, que no CC, os cuidados de enfermagem são caracterizados pela objetividade das ações, visto que muitas vezes a interação social é restrita, outro motivo também seria o quantitativo insuficiente de profissionais frente a demanda dos processos que necessitam ser realizados (SILVA E ALVIM, 2010). Assim, os benefícios que este estudo propõe parte do interesse de colocar em relevo a prestação de cuidados firmados nos princípios da humanização de qualidade durante o período perioperatório. Ainda, visa embasar futuros estudos sobre a temática, bem como subsidiar a atuação do profissional de enfermagem no Centro Cirúrgico, e por fim, gerar reflexões e conhecimento aos acadêmicos em formação. O trabalho tem por objetivo realizar levantamento bibliográfico a fim de analisar a importância e implicações que a assistência de enfermagem humanizada traz ao paciente no período perioperatório. MATERIAIS E MÉTODOS Com a finalidade de atingir o objetivo do estudo, foi definido como método de pesquisa uma revisão integrativa da literatura, pois ASPECTOS CIRÚRGICOS | 61 através dela é possível sintetizar os resultados que foram obtidos nas pesquisas sobre determinado tema ou questão, que neste caso refere-se as implicações do cuidado humanizado de enfermagem ao paciente cirúrgico. Esse modo de pesquisa possibilita o encontro de pesquisas semelhantes, além de promover o alinhamento de ideias, a avaliação crítica e uma conclusão sobre o assunto abordado (SOUSA et al., 2017). A revisão integrativa compreende algumas etapas, sendo elas 1) a identificação do tema e da pergunta norteadora; 2) designação dos critérios de inclusão e exclusão do estudo; 3) coleta de dados e definição das informações que devem ser extraídas dos estudos; 4) análise dos estudos selecionados; 5) exposição dos resultados obtidos; 6) apresentação da revisão (ERCOLE, MELO E ALCOFORADO, 2014; SOUSA et al., 2017). Com a identificação do tema de interesse, conduziu-se a pesquisa com o seguinte questionamento “De acordo com as literaturas existentes, que implicações a prestação de cuidados humanizados da enfermagem tem sobre o paciente no período perioperatório?”. A questão norteadora foi elaborada mediante utilização da Estratégia PICO (P: população/pacientes; I: intervenção; C: comparação/controle; O: desfecho/outcome). O paciente no período perioperatório indica o primeiro item (P0), a prestação de cuidados humanizados o segundo (I) e as implicações, o quarto (O). De acordo com a literatura, em revisões integrativas não há a necessidade de contemplar de todos os itens da estratégia (SANTOS; GALVÃO, 2014; SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007). A partir disso foram detectados os descritores referentes aos pontos chave da pergunta por meio dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), sendo eles: Humanização, Enfermagem de Centro Cirúrgico, Humanização da Assistência. As publicações que compuseram esse estudo foram encontradas através de uma busca online, no mês de julho de 2022, usando as bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e no Portal de Periódicos da Capes. Para pesquisa realizada na base BVS, utilizou-se os dois descritores em língua portuguesa (“Humanização da Assistência” AND “Enfermagem de Centro Cirúrgico”). No Portal da Ca- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 62 pes dois descritores também foram selecionados, no idioma português (“Humanização” AND “Enfermagem de Centro Cirúrgico”). Com o intuito de direcionar a pesquisa foram utilizados alguns critérios de inclusão como publicações no período de 8 anos (20142022), publicações em língua portuguesa. Para os critérios de exclusão determinou-se cartas ao editor, além daqueles estudos que não estavam em consonância com os critérios de inclusão e que possuíam acesso aberto. Após esse refinamento, realizou-se a leitura dos títulos dos artigos e aqueles que não seguiam a linha do estudo foram descartados. Em seguida, leu-se os resumos dos achados e foram selecionados para leitura na integra aqueles que atendiam a temática da humanização do cuidado de enfermagem ao paciente cirúrgico. RESULTADOS Realizada a pesquisa na base de dados da BVS e no portal Capes, foram encontradas 35 publicações no total, utilizando-se o objetivo do estudo como forma excluídos de acordo com título, 25 artigos que não atendiam ao estudo proposto. A amostra final ficou entre 9 publicações, entre os de 2014 a 2022, com a leitura na integra. Referente aos de publicação, dos estudos selecionados foi revelado um maior número no ano de 2020, com três estudos nesse período. Em seguida os artigos nos anos de 2022, 2017, 2016 apresentaram dois estudos cada ano, e o período de 2015 mostrou o menor número com apenas um artigo. Tabela 1: Ordenamento das publicações, obtidas nas bases de dados selecionadas, para seleção dos artigos utilizados para revisão integrativa. Base de dados BVS CAPES Total Artigos encontrados 25 10 35 Artigos escolhidos pelo título 7 3 10 Artigos escolhidos pela leitura do resumo 6 3 9 Artigos escolhidos pela leitura completa 6 3 9 Fonte: As autoras (2022) ASPECTOS CIRÚRGICOS | 63 DISCUSSÃO De acordo com Giron e Berardinelli (2015), conceitua-se humanização como um ato de afeto, ou efeito de humanizar que significa demostrar ser benevolente, amável, mostrar compaixão, dar afeição, torna-se humano. Basicamente, a humanização em Saúde tem como norteador os princípios fundamentais do SUS. Os princípios como, universalidade, integralidade, equidade e participação social, regem a humanização e promovem também, assistência de qualidade, em uma metodologia que favorece uma gestão participativa, pois estabelecem uma conduta humanística e ética (RIBEIRO, 2017). Foi conceituado por Mendonça e colaboradores (2016) que a humanização, é o cuidado humanitário ao cliente do centro cirúrgico pode ser entendida como um processo que tem o objetivo de melhorar o atendimento ao cliente, proporcionando bem-estar, acolhimento e que envolve interação entre equipe e paciente. O acolhimento é entendido como o ato de dar proteção e ajuda. E esse processo envolve ética, o atendimento tem que ser igualitário, individualizado para cada pessoa e suas especificidades, responsabilidade, cuidado e apoio ao paciente. Vale destacar que, o CC é um local que costuma deixar os clientes e seus familiares nervosos e ansiosos e cabe ao enfermeiro com um atendimento holístico diminuir ou acabar com essa angustia e para isso é necessário que o cliente seja ouvido, compreendido e acolhido principalmente no pós-operatório imediato, durante a alta. Este é o momento de maior dúvida, pois seu estado de consciência diminuiria, seus reflexos reduziram e ele está com dor, totalmente exposto e muito confuso. Tem dúvidas sobre sua situação de saúde e por isso, a equipe de enfermagem deve fornecer as informações necessários, de forma clara e objetiva (RIBEIRO et al., 2017). Ainda para Ribeiro e colaboradores (2017), outra maneira de suavizar o sofrimento do cliente de centro cirúrgico é tendo um atendimento exclusivo, além de prestar atenção realmente sobre os questionamentos e o que o cliente procura, invista na personalização do contato. O usuário precisa ter a percepção de que é único para se sentir mais seguro e que as suas expectativas sejam atingidas. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 64 Já conforme Batista et al., (2022) a necessidade de combinar o conhecimento técnico-científico com a humanização do cuidado se faz necessária, para que desta maneira a cirurgia ocorra de maneira harmoniosa, com menos aflição e, devido a isso, com a redução de riscos e complicações. Um atendimento de qualidade e com empatia se pondo no lugar da outra pessoa, tende aliviar a ansiedade do paciente, transmitindo informações que facilitariam seu confronto com a intervenção com mais segurança e menos medo. Isso nos mostra como a individualização do cuidado é essencial, é necessário estar atento ao que acontece com cada pessoa que chega à unidade. Em se tratando do perioperatório, é visto como um lapso de tempo que envolve todo o ato cirúrgico. Que está subdividido em três etapas: pré-operatório, operatório e pós-operatório. Elas devem cumprir ações específicas para alcançar seu objetivo final, que é melhorar a condição física do cliente (ADAMI et al., 2017) O processo de uma abordagem humanizada começa e tem maior participação então no período pré-operatório, onde o cliente deve sentir-se acolhido e assistido pela equipe de enfermagem, portanto existe a necessidade de orientar a equipe para a realização do processo de sistematização, que é feita com vistas e orientações que devem ser prestadas ao paciente, sanando todas as suas dúvidas, amenizando suas preocupações e acepções erróneas, tranquilizando tanto ele quanto seus familiares. As informações devem ser ditas de forma clara e objetiva fazendo com que ambos entendam todo o processo operatório, esse processo é necessário para prevenir complicações futuramente (LUZ E SOUZA, 2020). Ainda para Luz e Souza (2020), no período operatório, além de garantir os cuidados de enfermagem como transporte adequado, posicionamento e monitorizarão dos sinais vitais e realizar o checklist de cirurgia segura juntamente com a equipe de anestesia e cirurgia. A enfermagem faz o acolhimento que consiste em uma ferramenta, estratégia e arranjo tecnológico utilizado para iniciar mudanças no processo de trabalho em saúde, que busca garantir o acesso em serviços humanizados de qualidade com responsabilização coletiva dos trabalhadores às necessidades dos usuários. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 65 O acolhimento também pode ser compreendido, não como um espaço ou local, e sim como uma postura ética que não pressupõe hora ou profissional específico para realizar, mas sim no compartilhamento de saberes e angústias, buscando dar proteção e guarida aqueles que procuram um serviço (BARBOSA et al., 2020) Finalmente a abordagem humanizada no período pós-operatório é caracterizado por promover também a orientação, mas para a recuperação do paciente e a retomada de suas atividades rotineiras, diminuir a ansiedade gerada pela separação dos familiares, explicar como vai ser a alteração do ritmo de vida no tempo de recuperação e incidência de possíveis complicações posteriores a cirurgia. Nesse último momento é feita é avaliação da assistência de enfermagem nos períodos pré e transoperatório (SILVA et al., 2022). CONCLUSÃO Considerando a análise dos estudos selecionados, pode-se inferir que a equipe que compõe o centro cirúrgico é de alta relevância para um cuidado e acolhimento humanizado do paciente, visto que é um ambiente mais restrito a acompanhantes. Dessa forma, a humanização do atendimento se faz necessário para uma assistência de qualidade. Os resultados encontrados na literatura apontam a relevância da aplicação dos princípios que a Política Nacional de Humanização, em a proposta se apresenta como meio de estimular e reforçar o cuidando para com o indivíduo de forma integral e dando relevância a sua individualidade para uma atenção de qualidade, conferindo bem-estar ao paciente. A pesquisa coloca relevo benefícios que uma assistência humanizada infere como diminuição de anseios, maior seguridade, ou seja, os pacientes se sentem mais seguros quando o profissional sana as suas dúvidas, conferindo mais confiança a situação que está sendo vivenciada. Outro ponto é a promoção do bem-estar do paciente devido a um atendimento com olhar mais acolhedor e não apenas sistemático. Nota-se, de acordo com a pesquisa realizada, nota-se necessitam ser feitos para enriquecimento de conteúdo e conhecimento, tanto para os profissionais atuantes quanto para a área acadêmica de saú- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 66 de destacando a importância e os benefícios que a assistência humanizada de enfermagem oferece ao paciente cirúrgico. REFERÊNCIAS ADAMI, Jamille Lopes Gomes; BRASILEIRO, Marislei Espíndula. A Importância da Humanização na Assistência de Enfermagem no Centro Cirúrgico: Uma Revisão de Literatura. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 07. Ano 02, Vol. 01. pp 28-43, Outubro de 2017. BARBOSA, B.C. et al. Percepção da equipe multidisciplinar acerca da assistência humanizada no centro cirúrgico. Rev. SOBECC ; 25(4): 212-218, 21-12-2020. BATISTA, Sá Moraes. 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ASPECTOS CIRÚRGICOS | 68 CAPÍTULO 05 IMPLICAÇÕES DOS EVENTOS ADVERSOS PARA A ASSISTÊNCIA AO PACIENTE CIRÚRGICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA IMPLICATIONS OF ADVERSE EVENTS FOR SURGICAL PATIENT CARE: AN INTEGRATIVE REVIEW Ana Paula França Costa Maria Vitória dos Santos Zedequias da Silva Miguel Valkíria de Sousa Silva Carla Araujo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori RESUMO Objetivo: analisar elementos que estão relacionados a eventos adversos no âmbito hospitalar, que podem causar danos ao cliente. Metodologia: trata-se de um estudo bibliográfico do tipo revisão integrativa, realizado a partir da seguinte questão norteadora: Quais os eventos adversos mais comuns no centro cirúrgico? Foram utilizados os descritores iatrogenia, eventos adversos, centro cirúrgico e cirurgia nas bases de dados Scielo, Lilacs e Sobecc, onde foram aplicados os critérios de exclusão de tempo e idioma. Posteriormente, foram aplicados os demais critérios de inclusão e exclusão, restando 8 artigos para organização do artigo, com a temática direcionada a revisão. Resultados: Os artigos apontaram como possíveis causas de eventos adversos os seguintes tópicos: falta de comunicação entre a equipe multiprofissional, negligência em seguir protocolo de segurança ao paciente e verificação de materiais utilizados durante a cirurgia em si. Os acessos invasivos por falta de verificação, erro na marcação da cirurgia (local da cirurgia), a falta de conferência dos materiais e equipamentos no procedimento, represálias da equipe médica ao alertar pos- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 69 síveis problemas representaram os erros mais frequentes. Conclusão: A identificação dos eventos adversos relatados neste artigo, contribuem a comunidade acadêmica e profissionais da saúde em suas ações no gerenciamento e assistências preventivas. Palavras-chaves: Eventos sentinelas. Iatrogenia. Centro Cirúrgico. Cirurgia. ABSTRAT Introduction: This is a bibliographic study of the integrative review type, carried out from the following guiding question: What are the most common adverse events in the operating room? Objective: The article aimed to analyze elements that are related to adverse events in the hospital environment, which can cause damage to the client. Methodology: The descriptors iatrogeny, adverse events, operating room and surgery were used in the Scielo, Lilacs and Sobecc databases, where the time and language exclusion criteria were applied. Subsequently, the other inclusion and exclusion criteria were applied, leaving 8 articles for the organization of the article, with the theme directed to review. Results: The articles pointed out the following topics as possible causes of adverse events: lack of communication between the multidisciplinary team, negligence in following patient safety protocol and verification of materials used during the surgery itself. Invasive accesses due to lack of verification, error in scheduling the surgery (surgery site), lack of checking materials and equipment in the procedure, reprisals from the medical team when alerting possible problems represented the most frequent errors. Conclusion: It is concluded that the identification of adverse events reported in this article contributes to the academic community and health professionals in their actions in management and preventive care. Keyword: Sentinel events. Iatrogenic. Surgery Center. Surgery. INTRODUÇÃO O sistema de saúde tem o papel de promover ações curativas e preventivas com o intuito de trazer segurança ao paciente, no entanto, mesmo nas melhores instituições, os pacientes apresentam ris- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 70 co de seres vítimas de eventos adversos (SELL et al, 2016). Segundo Bohomol e Tartali (2013), os eventos sentinelas ou eventos adversos são incidentes que sucedem no decorrer da assistência causando danos ao cliente que podem ser físicos, sociais e psicológicos, lesão, sofrimento e até a morte. Tais eventos merecem um olhar minucioso em toda a unidade hospitalar, e principalmente no centro cirúrgico, pois é o setor que tem mais probabilidade de ocorrer eventos adversos que poderiam ser evitados em cerca de 43%. A equipe multiprofissional do centro cirúrgico (CC) é composta pelo enfermeiro, técnicos de enfermagem, anestesistas, cirurgiões e demais profissionais que atuam no CC que integra a equipe. Essa equipe deve estar preparada para promover o bom funcionamento da unidade e segurança ao paciente que se submeteria a algum procedimento cirúrgico. É de suma importância o conhecimento técnico, científico e ética profissional para a minimização de erros que podem ocorrer durante a assistência (OLIVEIRA et al 2019). A atenção do nível terciário vem atendendo uma grande demanda de pacientes críticos e com maior grau de complexidade, tornando o paciente mais vulnerável a riscos, como infecção, iatrogenias e eventos adversos. Diante disso, tal estudo se faz necessário para identificar os principais eventos adversos no centro cirúrgico para que seja possível a reorganização do setor por meio de ações preventivas. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que utiliza como método a revisão Integrativa. Crossetti (2012) traz em seus estudos que a revisão de literatura são sínteses sobre um tópico com o intuito de contextualizar o problema, apontando para novos dados para o objetivo da pesquisa. Para a realização do presente artigo, norteou-se a partir da seguinte questão: quais os eventos adversos mais comuns no centro cirúrgico? Tal pergunta foi apoiada na Estratégia PICO, a qual assegura ao autor umas informações mais refinadas durante a pesquisa. A letra P simboliza “população/pacientes”; a letra I: intervenção; C: compara- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 71 ção/controle; O: desfecho/outcome. Nesta pergunta foram utilizadas dois elementos deste método: centro cirúrgico (P) e eventos adversos (O) (SANTOS; GALVÃO, 2014; SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007). Os critérios de inclusão para a seleção dos artigos foram: artigos científicos que estivessem disponíveis na íntegra de forma gratuita e em português, publicados entre 2011 e 2021. Como critérios de exclusão foram eliminados qualquer outro arquivo que não fosse artigo, como e-books, monografias, assim como artigos duplicados e artigos de revisão de literatura, que não estivessem disponíveis na íntegra e de acesso livre, que não estivesse em português ou que estivesse fora do tempo estabelecido (2011 a 2021). A busca se deu no mês julho de 2022 nas bases de dados Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) versão Brasil, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e SOBECC. Ao acessar as bases foram utilizados os descritores: centro cirúrgico, cirurgia, iatrogenia e eventos adversos da forma como se segue o quadro abaixo (Quadro 1.). No momento da busca foram estabelecidos os filtros em relação ao tempo e idioma, chegando há um quantitativo total de 76 artigos. Quadro 1: Plano de busca de acordo com as bases de dados. Estratégia de busca Bases consultadas Scielo Lilacs SOBECC Total Estratégia 1: iatrogenia + eventos adversos 2 14 1 17 Estratégia 2: evento adverso + centro cirúrgico 1 38 10 49 Estratégia 3: iatrogenia + cirurgia 0 7 0 7 Estratégia 4: iatrogenia + centro cirúrgico 0 3 0 3 Total 3 62 11 76 Fonte: Autoria própria (2022). ASPECTOS CIRÚRGICOS | 72 Figura 1. Fluxograma de identificação e seleção dos artigos. Fonte: Autoria própria (2022). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os 8 artigos selecionados apresentaram alguns objetivos frequentes. Em relação ao local de estudo, todos foram realizados no Brasil. Quanto ao ano de publicação, observa-se uma organização temporal dos estudos, com início de 2013 initerruptamente até 2021, tendo a língua portuguesa como idioma central. Os estudos escolhidos para a pesquisa foram estudo documental retrospectivo; estudo descritivo de abordagem quantitativa; estudo transversal; estudo retrospectivo quantitativo e estudo quantitativo, exploratório-descritivo. Os principais objetivos estão descritos na Tabela 1. Os objetivos foram: O conhecimento da equipe de enfermagem sobre os eventos adversos em pacientes no centro cirúrgico e a necessidades de notificação; analisar os eventos adversos notificados no centro cirúrgico para a segurança do paciente; verificar a ocorrência de infecção do sítio cirúrgico; estimar a prevalência, os tipos e os danos decorrentes de eventos adversos; os fatores predisponentes e identificar os eventos adversos e as suas ocorrências de eventos adversos graves (EAG). ASPECTOS CIRÚRGICOS | 73 Tabela 1: Caracterização dos artigos selecionados para composição do estudo. Boa Vista, RR, Brasil, 2022. Autores/Ano Título do artigo Tipo de estudo Objetivos Estudo Exploratório e descritivo Orientar a necessidade dos enfermeiros em consumirem e produzirem conhecimentos específicos inerentes a natureza do seu trabalho em diferentes contextos profissionais. Eventos adversos em pacientes cirúrgicos: conhecimento dos profissionais de enfermagem Estudo transversal e descritivo Verificar o conhecimento da equipe de enfermagem sobre os eventos adversos em pacientes em centro cirúrgico, apontar possíveis causas, identificar de quem é a responsabilidade pelos mesmos e necessidades de notificação. SILVA et al. 2015. Análise de eventos adversos em um centro cirúrgico ambulatorial Estudo documental retrospectivo Analisar os eventos adversos notificados no centro cirúrgico para a segurança do paciente. SELL et al. 2016. Eventos adversos em uma unidade de internação cirúrgica: estudo descritivo Estudo descritivo de abordagem quantitativa Verificar a ocorrência de infecção do sítio cirúrgico, perda ou infecção do acesso venoso e quedas em pacientes internados em Unidade de Internação Cirúrgica de um Hospital de Ensino. TEIXEIRA et al. 2017 Prevalência de eventos adversos entre idosos internados em unidade de clínica cirúrgica Estudo transversal Estimar a prevalência, os tipos e os danos decorrentes de eventos adversos ocorridos entre idosos internados na clínica cirúrgica de um hospital de ensino da região Centro-Oeste. ARAÚJO, I. S.; CARVALHO, R. 2018. Eventos adversos graves em pacientes Cirúrgicos: ocorrência e desfecho Estudo retrospectivo, quantitativo Identificar a ocorrência de eventos adversos graves (EAG) em pacientes cirúrgicos e seus possíveis desfechos. NETA et al. 2019. Segurança do paciente e cirurgia segura: Taxa de adesão ao checklist de cirurgia segura em um hospital escola Estudo descritivo com abordagem quantitativa Avaliar a taxa de adesão a lista de verificação de cirurgia segura em um hospital escola. FOSCHI et al. 2021 Realidade da ocorrência de eventos adversos em internação cirúrgica :Estudo quantitativo e descritivo Estudo quantitativo, exploratório-descritivo Verificar a ocorrência de eventos adversos como infecção do sítio cirúrgico, perda ou infecção do acesso venoso e quedas em pacientes internados em uma unidade de internação cirúrgica de um hospital de ensino do sul do Brasil. CROSSETTI, M. 2012. Revisão integrativa de pesquisa na enfermagem o rigor científico lhe é exigido. BOHOMOL, E.; TARTALI, J. A. 2013. Fonte: autoria própria (2022) A busca por eventos adversos (EA) na literatura dos últimos anos teve como objetivo conhecer os eventos adversos que acontecem nos procedimentos cirúrgicos. Desde fevereiro de 2014 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) recebe as notificações pelo sistema notivisa, e segundo o relatório de 2014 a 2017, o centro cirúrgico foi considerado o quarto setor que mais notifica os eventos adversos no hospital com 4.873 notificações. Contudo o sistema sofre ASPECTOS CIRÚRGICOS | 74 um grande obstáculo pela subnotificação, tornando os dados obsoletos (OLIVEIRA et al, 2019). O procedimento cirúrgico é o único tratamento que visa amenizar as incapacidades e diminuir o risco de morte causada por enfermidades. Segundo Araújo e Carvalho (2018), a estimativa de procedimentos cirúrgicos de maior complexidade realizados por ano é de 234 milhões. Em 2004, a Organização Mundial da Saúde (OMS) promoveu a Aliança Mundial para Segurança do Paciente, cujo objetivo é adotar medidas de melhorias no atendimento ao paciente e aumentar a qualidade dos serviços de saúde (ARAÚJO; CARVALHO, 2018). Embora haja o desenvolvimento de ações preventivas, mesmo nas melhores instituições os pacientes estão sujeitos a serem vítimas de Eventos Adversos (EA) (SELL et al. 2016). No âmbito cirúrgico com idosos que foram admitidos para cirurgia de emergência na faixa etária entre 60 e 65 anos do sexo masculino, tendo comorbidades como diabetes mellitus ou hipertensão arterial, variando de 1 a 13 dias ou mais de internação, para fazer alguma intervenção cirúrgica, profilaxia antibiótica ou infusão de hemoderivados foram encontrados alguns eventos adverso como procedimento\ Processo cirúrgico clínico; administração clínica (suspensão de cirurgias); medicação fluídos intravenosos; infecção hospitalar; hemoderivados e; acidente com o paciente (TEIXEIRA et al, 2017). No estudo de Teixeira et al. (2017), de 260 internações, em 153 ocorreu pelo menos um evento adverso e em uma única internação houve registro de 28 eventos adversos. O estudo também coloca que os pacientes idosos são de alto risco para EA durante a hospitalização, provocando incapacitações temporárias ou permanentes, aumento o tempo de internação, custo hospitalares e até o óbito. Assim, ele conclui que é necessário saber se o paciente tem alguma comorbidade para que os profissionais estejam vigilantes prevenindo o paciente de qualquer agravamento do seu estado. Já na pesquisa de Foschil et al. (2021), os 128 participantes na maioria do sexo masculino, faixa etária entre 54 e 59 anos foram identificados 40 pacientes com algum EA. Houve um registro de 104 EA e 98 foi registrado de mais de um evento adverso no mesmo paciente. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 75 Quadro 2- Distribuições dos Eventos Adversos em 40 pacientes da unidade de internação cirúrgica (UIC) de um hospital Universitário no sul do Brasil. Ocorrência de eventos adversos Avaliações Quedas 1 1 Infecção do sítio cirúrgico (ISC) 33 28 Perda de acesso venoso (PAV) 69 63 Infecção de acesso venosos (IAV) 1 0 Infecção Sitio Cirúrgico + Pneumonia Associada a Ventilação mecânica 0 5 Pneumonia Associada a Ventilação mecânica + Infecções relacionadas ao acesso vascular 0 1 104 98 Eventos Adversos TOTAL Fonte: FOSCHIL et al (2021). As complicações em cateteres venosos periférico ocorrem devido a idade avançada e o tempo de permanência no mesmo sítio de punção, que implica em fragilidade venosa. A ocorrência da infecção no sítio cirúrgico se dá por fatores intrínsecos e extrínsecos relacionados a condutas dos profissionais. A queda pode acontecer com qualquer pessoa hospitalizada, porém, podem se agravar com pacientes idosos e com deficiência visual (FOSCHIL et al, 2021). No ambiente hospitalar, o CC é onde ocorre grande parte dos eventos adversos. Devido à alta complexidade dos procedimentos, vários fatores contribuem para a ocorrência de tais eventos (ARAÚJO; CARVALHO, 2018). Os EA podem acontecer por diversos fatores, entre eles, os relacionadas ao dimensionamento dos profissionais; à formação e qualificação profissional; aos materiais e equipamentos disponíveis; às condições estruturais; ao acesso a novas tecnologias e informações; ao processo de trabalho, entre outros. Entre os EA cirúrgicos, destaca-se a ISC, que está contida no cenário das infecções hospitalares (SELL et al, 2016). O estudo de Bohomol e Tartali (2013) mostrou que a falta de comunicação entre os membros da equipe de enfermagem e médica propiciam a ocorrência de EA, sendo que uma assistência de qualida- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 76 de requer boa comunicação com todos os profissionais envolvidos no cuidado cirúrgico. A unidade cirúrgica é um ambiente tenso e de muito estresse, e a falta de diálogo prejudica mais ainda o bom funcionamento do setor, sendo o cliente o mais prejudicado. E quando a equipe médica apresenta um comportamento hostil e arrogante, fazendo com que a equipe de enfermagem se sinta coagida a omitir alertas que proteja o paciente de algum dano. Por isso é imprescindível que a equipe de enfermagem utilize o checklist como instrumento de proteção para o cliente e participe de capacitações. É de suma importância que a gestão das instituições tenha uma atenção redobrada para a implementação de programas educacionais, no sentido de dar enfoque ao atendimento específico e minucioso ao paciente cirúrgico, para prevenção de riscos. Ainda segundo o artigo, uma das causas recorrentes para o acontecimento dos eventos adversos cirúrgicos se dá por conta da rotina na programação de procedimentos seletivos, ou seja, o membro da equipe de enfermagem está sobrecarregado ou é distraído por outro paciente. Somado a isso, há a passagem de plantão, que é realizada, frequentemente, de forma desatenta. Todas essas situações contribuem para eventos adversos no centro cirúrgico deixando assim o paciente vulnerável a erros dos profissionais. Neta et al. (2019) afirma que uma das medidas essenciais para a prevenção de erros e EA é a implantação de checklist de cirurgia segura ofertado pela OMS. Muitas vezes as instituições têm acesso ao checklist e até são preenchidos, porém de forma incompleta ou parcialmente. No entanto, só protocolos criados pelas instituições não preenchem essa lacuna, mas profissionais que estejam dispostos a ter a saúde do cliente como bem maior. É necessário utilizar essa ferramenta imprescindível no dia a dia hospitalar e compreender a sua importância. Além disso, é necessário que toda a equipe se envolva no processo de adesão, processo esse necessário para expandir os benefícios potenciais associados a esse instrumento. Quando o checklist é preenchido de forma correta e completa, há redução das complicações e da mortalidade, prevenindo infecções, erros relacionados a cirurgia e o aprimoramento da assistência dentro do centro cirúrgico. Notificar EA também é uma medida importante, pois permite a identificação de fatos inesperados e indesejados, o que possibilita a ASPECTOS CIRÚRGICOS | 77 execução de modificações e planejamentos visando uma melhor assistência e, dessa forma, prevenindo futuros eventos adversos. A subnotificação ainda é muito comum, já que muitos profissionais se sentem envergonhados de relatar a falha cometida, além do medo da punição, portanto, é imprescindível que as instituições de saúde incentivem a participação dos funcionários, através da notificação, promovendo uma cultura educativa e não punitiva (SILVA et al, 2015). CONCLUSÃO Os artigos pesquisados demonstram possíveis causas de eventos adversos, evidenciado por artigos analisados dentro do cenário do centro, apresentando eventos adversos nos seguintes tópicos: na falta de comunicação entre a equipe multiprofissional, na negligência sobre seguir protocolo de segurança ao paciente, na verificação de materiais utilizados durante a cirurgia em si. Há muitos tipos de eventos adversos, alguns exemplos são ISC, perda de acesso venoso¸ infecção de acesso venoso e quedas, que podem variar entre consequências mais brandas ou mais sérias. Contudo, os artigos mostram os erros mais frequentes: os acessos invasivos, ocasionado por falta de verificação, erro na marcação da cirurgia (local da cirurgia), a não conferência dos materiais como a contagem de compressas e equipamentos no procedimento, represálias da equipe médica ao alertar possíveis problemas. Os erros em geral acontecem com mais frequência em cirurgias não eletivas, agendamentos de última hora, uso de equipamentos não usuais a cirurgia, pressão em relação ao tempo de início e finalização, isso em geral na cirurgia de emergência, A enfermagem precisa colocar em prática os critérios para um processo cirúrgico seguro defendendo a integridade física e psíquica do paciente, sendo assim, um profissional que alerta sobre possíveis problemas que possam acontecer. Portanto a boa comunicação com todos os profissionais que participam no centro cirúrgico contribui para uma cirurgia segura desde a recepção até a saída do paciente para uma recuperação rápida e eficaz. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 78 REFERÊNCIAS ARAÚJO, I. S.; CARVALHO, R. D. Eventos adversos graves em pacientes cirúrgicos: ocorrência e desfecho. Revista SOBECC, v. 23, n. 2, p. 77–83, 10 jul. 2018. BOHOMOL, E; TARTALI, J. Eventos adversos em pacientes cirúrgicos: Conhecimento dos profissionais de enfermagem. Revista Acta Paulista de enfermagem, São Paulo, v 26, n. 4, p. 1- 6, 1013. CROSSETTI, Maria. Revisão integrativa de pesquisa na enfermagem o rigor científico que lhe é exigido. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 33, n. 2, p. 1-2, 2012. FOCHIL, E. et al. Realidade da ocorrência de eventos adversos em internação cirúrgica: Estudo quantitativo e descritivo. Revista oficial do conselho federal de enfermagem. São Paulo, v.12, n.3, p.1-6, 2021. OLIVEIRA, J.R. et al. Avaliação dos eventos adversos relacionados ao procedimento cirúrgico no ambiente hospitalar. Revista Nursing, São Paulo, v. 22, n 258, p 1-6, 2019. SELL, B. T. et al. Eventos adversos em uma unidade de internação cirúrgica: estudo descritivo. Revista SOBECC, v. 21, n. 3, p. 146–153, 2 dez. 2016. SILVA, F. G. DA et al. Análise de eventos adversos em um centro cirúrgico ambulatorial. Revista SOBECC, v. 20, n. 4, p. 202–209, 1 dez. 2015. TEIXEIRA, C.C. et al. Prevalência de eventos adversos entre idosos internados em unidade de clínica cirúrgica. Revista Baiana de enfermagem. v. 31, n. 3, p. 1-10, 2017. SANTOS, C. M. C; PIMENTA, C. A. M; NOBRE, M.R.C.A. Estratégia PICO para a construção da pergunta de pesquisa e busca de evidências. Rev Latino-am Enfermagem. São Paulo, v. 15, n. 3, maio-junho de 2007. SANTOS, M. A. R. C; GALVÃO, M. G. A. A elaboração da pergunta adequada de pesquisa. Resid Pediatr. vol. 4, n. 2, p. 53-56, 2014. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 79 CAPÍTULO 06 O PAPEL DA ENFERMAGEM NO CUIDADO DO POSICIONAMENTO DO PACIENTE NO CENTRO CIRÚRGICO THE ROLE OF NURSING IN THE CARE OF PATIENT POSITIONING IN THE SURGICAL CENTER Atila Ribeiro Kunzler Machado Marques Mayara dos Santos Costa Rebeca Jordana Santos Freitas Félix Pedro Eduardo Lima Siqueira Carla Araújo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori Barbara Almeida Soares Dias RESUMO Objetivo: identificar os cuidados de enfermagem no posicionamento do paciente no centro cirúrgico. Método: trata-se de uma revisão integrativa de literatura, com buscas nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), U.S. National Library of Medicine (PubMed), Rede Iberoamericana de Inovação e Conhecimento Científico (REDIB), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Portal de Periódicos CAPES. Encontraram-se 280 artigos, dos quais 11 foram selecionados para pesquisa. Foram selecionados artigos publicados de 2017 a 2022. Os descritores utilizados para pesquisa foram (‘’Posicionamento do Paciente’’) and (‘’Enfermagem de Centro Cirúrgico’’). A catalogação bibliográfica ocorreu entre junho e julho de 2022. Resultados: na síntese das evidências constatou-se que os artigos incluídos enfocaram três tópicos principais quanto as principais atividade de enfermagem no cuidado ao paciente cirúrgico, sendo essas, as atividade assistenciais, como a sistematização na prestação do cuidado no período perioperatório, as atividades gerenciais atuando no planejamento das intervenções e as atividades educacionais orientando e capa- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 80 citando os profissionais de enfermagem sobre os riscos de lesão por posicionamento cirúrgico. Conclusão: a partir desse contexto, foi possível compreender que as atividades gerenciais, educacionais e assistenciais do enfermeiro na prestação de cuidados ao posicionamento cirúrgico objetivam na melhora na qualidade do atendimento perioperatório e na prevenção de complicações. Palavras-chave: Enfermagem Perioperatória; Centro cirúrgico; Lesão por posicionamento. ABSTRACT Objective: to identify nursing staff in the positioning of the patient in the operating room. Method: this is an integrative literature review, with searches in the Virtual Health Library (VHL) databases, U.S. National Library of Medicine (PubMed), Ibero-American Network for Innovation and Scientific Knowledge (REDIB), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) and CAPES Journal Portal. A total of 280 articles were found, of which 11 were selected for research. Articles published from 2017 to 2022 were selected. The descriptors used for the research were (‘’Patient Positioning’’) and (‘’Surgical Center Nursing’’). The cataloging was documented between 20 activities and main information, such as the research activity of the 2 searches, and the main information, such as the study activity of the 2 searches, was reported throughout the study, such as the search activity, as three pieces of information such as the study activity of the 2 surveys, such as the main information, such as the care activity. in the provision of care in the period of management of operational planning activities and educational activities guiding surgical procedures and training nursing professionals on operational risks by positioning. From this context, it was possible to understand that the management, educational and assistance activities of the course in the provision of care to positioning and aim to improve the quality of perioperative care and the prevention of complications Keywords: Perioperative Nursing; Surgery Center; Positioning injury. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 81 INTRODUÇÃO O posicionamento cirúrgico é um processo realizado pela equipe de enfermagem, junto a equipe multidisciplinar cirúrgica durante o período perioperatório. Nesse aspecto, os profissionais devem atentar para o tipo de posição cirúrgica, duração da cirurgia, finalidade da cirurgia, tempos cirúrgicos, campo anestésico, superfície de suporte, localização dos membros e fatores intrínsecos do paciente. A finalidade da disposição ideal do paciente visa proporcionar a visualização do sítio cirúrgico, providenciar o acesso venoso, manter o alinhamento corporal, reduzir a pressão sobre os tecidos, preservar a dignidade do paciente durante a exposição do membro, monitorar a via aérea pérvia e regular as eliminações fisiológicas (ANGELO et al, 2017; SOUSA et al, 2018; LIMA et al, 2021,). O posicionamento correto é essencial para eficácia da cirurgia e segurança do paciente, seja em cirurgias simples ou complexas (BURLINGAME, 2017). Deve ser de conhecimento dos profissionais os tipos de posições cirúrgicas comuns na sala operatória, são elas: posição supina, prona, decúbito lateral, posição litotômica, posição de Fowler modificada, posição de Trendelenburg, proclive e posição de Kraske (ANGELO et al., 2017; (SANDES et al., 2019). Cada posição possui sua particularidade, dentre elas o local de pressão, que pode ocasionar complicações devido ao tempo prolongado em que o paciente permanece na mesma (LOIOLA et al, 2018). Em uma pesquisa realizada, 72 cirurgias possuíam riscos relacionados ao posicionamento cirúrgico, dentre elas 59,72% apresentavam-se na posição litotômica e 19,44% em decúbito dorsal (TREVILATO et al, 2018). A participação da equipe cirúrgica na análise dos pacientes susceptíveis a lesão, é um fator condicionante para o desenvolvimento de medidas de prevenção, ao garantir o planejamento do cuidado e segurança do paciente, resultando na eficácia da qualidade de assistência prestada. (BURLINGAME, 2017; TREVILATO et al, 2022). De forma a prever os riscos envolvendo o posicionamento do paciente, foram criadas escalas de avaliação de risco aplicadas no perioperatório pela equipe de enfermagem, de maneira que visa identificar a predisposição do cliente a lesão por posicionamento (SOUSA et al., 2018). ASPECTOS CIRÚRGICOS | 82 Entre elas, no Brasil, é utilizada a Escala de Avaliação de Risco para o Desenvolvimento de Lesões Decorrentes do Posicionamento Cirúrgico (ELPO) que engloba sete itens a serem avaliados, sendo o tipo de posição, anestesia utilizada, posição dos membros, superfície de suporte, comorbidades, tempo de cirurgia e idade do paciente (BASSO; MAZOCHI; SILVA, 2020). Em uma pesquisa de Trevilato (2022) são relacionadas as atividades de enfermagem na assistência prestada a pacientes com riscos de lesões cirúrgicas e barreiras encontradas nesse atendimento, como resultado foi verificada a banalização da presença do enfermeiro em cirurgias menos complexas, e dificuldades na implementação da escala de ELPO, devido tanto a rotina e tempo do enfermeiro quanto a disponibilidade e falta capacitação. Neste cenário, visando auxiliar na diminuição dos riscos relacionados ao posicionamento cirúrgico do paciente no período transoperatório, delineou-se a seguinte questão da revisão integrativa: Qual a importância da equipe de enfermagem na prevenção de riscos (lesões) decorrentes do posicionamento cirúrgico? Para responder a essa problemática, traçouse como proposito de a revisão: identificar cuidados de enfermagem no posicionamento do paciente no centro cirúrgico. MÉTODOS A pesquisa é caracterizada por um estudo bibliográfico do tipo revisão integrativa, realizado da seguinte questão norteadora: Qual a importância da equipe de enfermagem na prevenção de danos decorrentes do posicionamento cirúrgico? Para a elaboração da pergunta de pesquisa, utilizou-se a Estratégia PICO para sustentar o pesquisador em uma coleta de dados baseada em evidências (P: população/ pacientes; I: intervenção; C: comparação/controle; O: desfecho/outcome). Nota-se que o (P) está oculto, mas trata-se dos pacientes submetidos ao ato anestésico-cirúrgico. A intervenção (I) está representada pela “prevenção” e o resultado (O) pelos “danos” (SANTOS; GALVÃO, 2014; SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007). Para conclusão da problemática, foi utilizada a revisão integrativa, como forma de abranger a inclusão de análises teóricas, com ASPECTOS CIRÚRGICOS | 83 abordagens metodológicas quantitativas e qualitativas, por meio da coleta de dados, avaliação, análise e interpretação dos estudos. Os artigos científicos foram selecionados através de uma busca bibliográfica nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), U.S. National Library of Medicine (PubMed) ), Rede Ibero-americana de Inovação e Conhecimento Científico (REDIB), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) CAPES: Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Os descritores utilizados para pesquisa foram (‘’Posicionamento do Paciente’’) and (‘’Enfermagem de Centro Cirúrgico’’), unidos pelo operador booleano AND. A catalogação bibliográfica ocorreu entre junho e julho de 2022. Delineou-se na composição amostral, como critérios de inclusão, pesquisas em português e inglês publicadas no período de 2017 a 2022, que abordassem os riscos ocasionados pelo posicionamento cirúrgico e a atuação de Enfermagem no combate das complicações provenientes desse posicionamento. Foram classificadas como critérios de exclusão, estudos que não direcionavam para a temática proposta, artigos duplicados, indisponíveis de forma gratuita, teses, dissertações e editoriais. A análise seguiu uma ordem inicialmente pela a leitura do título, em seguida pelo resumo e por fim, a leitura completa do artigo. Foram encontrados 280 artigos, 84 foram excluídos por não serem artigos, 118 excluídos por não estarem de forma gratuito, 70 foram excluídos por não estarem no período de inclusão, resultando em 47 artigos com estudos completo, 4 foram excluídos por duplicidade, 43 artigos foram examinados pelo título, sendo 26 excluídos pelo título, 17 artigos examinados pelo resumo, sendo 4 excluídos resumo, 13 artigos selecionados para leitura completa, sendo apenas 2 excluídos nessa categoria. Ao final, foram selecionados 11 artigos (Figura 1). ASPECTOS CIRÚRGICOS | 84 Figura 1. Fluxograma de identificação e seleção dos artigos. Fonte: Autoria própria (2022). RESULTADOS Foram selecionados 11 artigos publicados entre o período de cinco anos, de 2017 a 2022, sendo 2020 e 2018 os anos de maior incidência, cada um com 2 artigos. Obteve-se como resultado da metodologia aplicada, artigos em sua maioria de origem brasileira, com nível B3 de evidência científica em maior incidência, destacando-se a prevalência de estudos qualitativos e descritivos. Após a análise dos estudos, verificou- se a predominância dos assuntos relacionados a compreender e implementar o cuidado preventivo ao paciente cirúrgico e/ ou aplicar a sistematização da assistência de enfermagem no período perioperatório. As informações quanto a análise dos artigos, foram separadas por título e suas respectivas informações, são elas, os autores, ano de publicação, os objetivos, periódicos de publicação, à base de dados, à descrição metodológica e o nível de evidencia cientifica, como pode ser observado no Quadro 1. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 85 Após a revisão crítica dos resultados obtidos na síntese descritiva dos artigos selecionados (Quadro 1), sucedeu-se com a retirada das informações dos estudos, para que os assuntos sejam abordados de uma maneira mais aprofundada (Quadro 2). No quadro 2 estão descritas as ocupações desempenhadas pelos enfermeiros na assistência ao paciente cirúrgico, dividas nas seguintes categorias: atividades gerenciais, educacionais e assistenciais; categorizadas após a análise do material selecionado. Quadro 1. Características dos estudos selecionados por título, Autor(es) e ano de publicação, objetivos do estudo, nome do periódico de publicação, tipo de estudo, base de dados de onde foi retirado e o nível de evidência científica de acordo com a Qualis/CAPES. N Título Autor Objetivos Periódico/ Tipo de estudo/ Base de dados/ Nível de evidência 1 Concepções das enfermeiras em relação a segurança do paciente durante o posicionamento cirúrgico. Trevilato et al. 2022 Conhecer as concepções em relação à segurança do paciente durante seu posicionamento cirúrgico sob a ótica das enfermeiras de um Centro Cirúrgico. Rev. Gaúcha Enf./ Estudo exploratório, Descritivo e qualitativo/ Periódicos 2 Prevenção de lesão por pressão em centro cirúrgico de pacientes traumato-ortopédicos no oeste do Pará: relato de experiência Uchoa et al. 2022 Descrever as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro residente nas práticas assistências do paciente traumatoortopédico no centro cirúrgico visando a prevenção de Lesão Por Pressão (LPP). CAPES/B1 Lima et al. 2021 Avaliar o risco para desenvolvimento de lesões por pressão relacionada ao posicionamento cirúrgico e sua incidência no centro cirúrgico de um Hospital Universitário do Rio de Janeiro, por meio da escala de avaliação de riscos para o desenvolvimento de lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico do paciente (ELPO). Rev. SOBECC/ Pesquisa, descritiva e quantitativa/ REDIB/ B3 Revista Científica de Enfermagem/Estudo descritivo, do tipo relato de experiência/ REDIB/ B4 Rev. Latino-Am. Enfermagem/analítica, longitudinal e quantitativa/ Periódicos CAPES/ A1 3 Incidência de lesão por pressão e avaliação do risco pela escala ELPO: estudo observacional 4 Proposta de implantação da escala de avaliação de risco para o desenvolvimento de lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico (ELPO) - relato de experiência Basso et al. 2020 Relatar a experiência de uma proposta de implantação da escala de avaliação de risco para o desenvolvimento de lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico (ELPO). 5 Risco para lesão no posicionamento cirúrgico: validação de escala em um hospital de reabilitação Nascimento e Rodrigues. 2020 Validar a Escala de Avaliação de Risco para o desenvolvimento de lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico na estratificação do risco de desenvolvimento de lesões em pacientes perioperatórios de um hospital de reabilitação. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 86 6 Insights biomecânicos e clínicos críticos sobre a proteção do tecido ao posicionar pacientes na sala de cirurgia: uma revisão de escopo Gafen et al. 2020 Identificar e mapear as evidências disponíveis sobre os riscos de danos teciduais relacionados ao posicionamento cirúrgico, as considerações biomecânicas e clínicas no enfrentamento desses riscos e os princípios-chave para a prevenção de potenciais tecidos adquiridos no intraoperatórios e danos com base na compreensão fisiopatológica. 7 Lesões provenientes de procedimento cirúrgico: fatores relacionados Sandes et al. 2019 Analisar as publicações científicas referentes a lesões de pele decorrentes de procedimento cirúrgico e identificar os fatores de risco associados à ocorrência das lesões. REV. SOBECC/ Revisão integrativa/ BVS/ B3 8 Criação de um manual para posicionamento cirúrgico: relato de experiência Sousa et al. 2018 Relatar a experiência da criação de um manual de posicionamento cirúrgico. Rev. SOBECC/ Relato de experiência/ BVS/ B3 9 Posicionamento cirúrgico: prevalência de risco de lesões em pacientes cirúrgicos Trevilato et al. 2018 Determinar a prevalência de pacientes em risco de desenvolvimento de lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico. Rev.SOBECC/ Estudo transversal/ Periodicos CAPES/ / B3 10 Escala de avaliação de risco no posicionamento cirúrgico: relato de experiência Loiola et al. 2018 Relatar a experiência de implantação da escala de posicionamento cirúrgico em um centro cirúrgico de um hospital particular, no protocolo de prevenção de lesão por pressão em decorrência do posicionamento cirúrgico Rev Enf. UFPI/ Estudo descritivo, quantitativo/ Periodicos CAPES/ B4 Angelo et al. 2017 Verificar a efetividade do Protocolo Prevenção de Lesão de Pele, por meio do levantamento de ocorrências causadas pelo posicionamento cirúrgico em pacientes oncológicos submetidos às cirurgias urológicas robóticas e demonstrar a importância da simulação como estratégia educativa no treinamento da equipe de enfermagem. REV. SOBECC/Pesquisa descritiva, quantitativa/ BVS / B3 11 Efetividade do protocolo prevenção de lesões de pele em cirurgias urológicas robóticas Fonte: Autor, 2022. International Wound Journal/ Análise de evidências/ PubMed/ B1 ASPECTOS CIRÚRGICOS | 87 Quadro 2. Atribuições encontradas nos artigos científicos analisados e determina em quais estudos foram identificadas. Nucleo Atividades Gerenciamento de toda equipe, incluindo enfermagem, anestesista, cirurgião e assistente, selecionar os dispositivos a serem utilizados e planejar as intervenções em conjunto Formulação para implantação de um protocolo de segurança Atividades gerenciais 3,4, 11 2, 3, 4, 9, 11 Manutenção das ações preventivas em todas as etapas da hospitalização visando cultura de segurança do paciente 3, 6, 7, 9 1, 2, 4, 6, 7 Supervisão das normas e padrões recomendados, além dos equipamentos disponíveis para realização do posicionamento seguro 2, 5, 6 Supervisão do preenchimento correto dos instrumentos de avalição do paciente 2 Aplicação de um checklist para verificação do conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre a Escala de Avaliação de Risco Decorrente do Posicionamento Cirúrgico (ELPO) 4 Realização de oficinas de capacitação dos profissionais de enfermagem sobre os riscos de lesão por posicionamento cirúrgico 1, 4 Orientações para realização adequada dos posicionamentos 1, 2, 4, 8 Desenvolver um manual de posicionamento cirúrgico , baseado na literatura vigente, para a instituição, visando direcionar os profissionais de enfermagem para prevenir a ocorrência de lesões 8 Aplicação da sistematização da assistência de enfermagem perioperatória 3, 9, 10 A avaliação de risco para lesões decorrentes de procedimento cirúrgico em pacientes adultos pela escala ELPO 1, 2, 3, 5, 9,10 Implementação de medidas preventivas conforme a cirurgia realizada Realização das manobras de descompressão no intraoperatório Diagnóstico e Prescrição de enfermagem no intraoperatório Atividades assistenciais 4, 6 Implementação de um instrumento para o auxílio e respaldo aos trabalhores, permitindo identificar os fatores para o desenvolvimento de lesões Estabelecer cuidados para preservar a integridade física dos pacientes Atividades educacionais Artigos 3, 5, 6, 7, 8, 9, 10 3, 8 4 Registro de observações relacionadas à interidade da pele de acordo com posicionamento cirúrgico 2, 4 Disponibilizar a placa eletrocirúrgica descartavél, maior quantidade de coxins, adequação e manutenção das mesas cirúrgicas e colchões; maior quantidade de lençóis e acessórios adequados para o posicionamento 2, 3, 4 Acompanhamento e monitorização do paciente no pós-operatório, em razão de a incidência de LP ser notável nesse período 2, 7 Identificação primária de fatores responsáveis pelo surgimento de agravos pelo posicionamento 2 Promoção do diálogo entre enfermeiros e pacientes quanto a condição clínica 2 Fonte: Autor, 2022. BVS: Biblioteca Virtual em Saúde; SciELO: Scientific Electronic Library Online; U.S. National Library of Medicine (PubMed) ), Rede Ibero-americana de Inovação e Conhecimento Científico (REDIB), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Portal de Periódicos CAPES. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 88 DISCUSSÃO Através do levantamento bibliográfico, puderam-se revelar as principais atividade de enfermagem no cuidado ao paciente cirúrgico relacionado ao seu posicionamento, sendo essas, as atividades assistenciais como a sistematização na prestação do cuidado no período perioperatório, as atividades gerenciais planejando as intervenções e as atividades educacionais orientando e capacitando os profissionais de enfermagem sobre os riscos de lesão por posicionamento cirúrgico. O enfermeiro é um profissional atuante em diversas áreas do cuidado, é relacionada a ele diretamente a prestação de cuidados, mas além disso a gestão de pessoas e de recursos materiais, o planejamento da assistência prestada, a liderança e o crescimento da equipe de enfermagem são atribuições do enfermeiro (Martins et, al 2021). A classe historicamente vem ocupando cargos gerenciais e buscando qualificação profissional para assumi-los, buscando uma melhoria na qualidade da assistência (Santos et. Al, 2016; Santos et. al, 2017). Na busca de dados realizada a atividade de gestão esteve presente em oito dos onze artigos selecionados, isso mostra a importância das atividades gerenciais no centro cirúrgico. A gestão do cuidado foi uma das mais presentes, pois objetiva propiciar uma assistência adequada e organização no período perioperatório (Martins et, al 2021). A formulação e adoção de protocolos de segurança e pratica segura apareceu frequentemente, pois direciona e ampara a equipe multidisciplinar na realização das atividades diárias do centro cirurgico, como auxiliar no posicionamento do cliente, e reforça a cultura da segurança do paciente, fator imprescindível para uma boa assistência (Gutierres, et al, 2018; Mesquita et. Al 2022). Dentre as intervenções relacionadas as atividades educacionais, notabiliza-se a importância do enfermeiro na supervisão da aplicação de um checklist para verificação do conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre a Escala de Avaliação de Risco Decorrente do Posicionamento Cirúrgico ELPO (Basso et al., 2020). Bem como, ressaltar o desenvolvimento de um manual de posicionamento cirúrgico, considerando a literatura vigente, para direcionar os profissionais ASPECTOS CIRÚRGICOS | 89 de enfermagem desejando prevenir e reduzir as ocorrências de lesões (Souza et al., 2018). Em seguida, observou-se a relevância da capacitações das equipes, não necessariamente devendo ocorrer em ambientes formais de aprendizado, mas também no dia a dia, com orientações até mesmo durante a execução do posicionamento cirúrgico (Trevilato et al., 2022). Nesse contexto, o enfermeiro deve considerar a educação continuada para o desenvolvimento da equipe apropriando as necessidades do serviço (Martins et al., 2020). Com relação as atividades assistências analisada, tem-se como evidência, a presença do enfermeiro no período transoperatório, como forma de obter uma segurança eficaz no ambiente cirúrgico, devido ao direcionamento na manutenção da assistência e prevenção de agravos do paciente. Dentre as funções desse profissional, está presente averiguar e garantir a integridade física da pele, por meio da inspeção contínua nas macas de transporte e nas mesas cirúrgicas, bem como conferir fatores que intensifiquem o aparecimento de lesões, como lençóis dobrados ou objetos que possam vir a desacomodar o paciente. Além disso, observou-se que a disposição dos enfermeiros em manterem um dialógo com os pacientes, é um fator primordial na obtenção da qualidade na assistência, resultando no feedback ao profissional, e assim, flexibilizando a execução dos planos de cuidados (UCHOA et al., 2022). Quanto à observação na pré-avaliação de fatores que ocasionam lesões, notou-se em uma pesquisa, quanto aos riscos apresentados na escala de ELPO, a presença de alto risco em 18% dos pacientes analisados, enquanto 34% encaixaram-se como baixo risco, sendo que 4 desses pacientes desenvolveram lesões em decorrência da posição cirúrgica estabelecida. Dessa maneira, a atuação da enfermagem na utilização de estratégias de prevenção na avalição inicial do atendimento, é indispensável na prestação de cuidados, reforçando o uso de colchões que aliviam a pressão; adicionar superfícies de suporte como braçadeiras e perneiras para redistribuir a pressão exercida; e uso de coxins/posicionadores, para o procedimento de manobras de descompressão (LIMA et al., 2021). As práticas recomendadas pela Associação de Enfermeiros Registrados Perioperatórios (AORN) preconizam a eficácia na assis- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 90 tência perioperatória segura do paciente, a partir desse fim, seguem-se seis padrões que delineiam atividades do enfermeiro: I. Avaliar as particularidades do paciente no período pré operatório quanto ao posicionamento cirúrgico, II. Assegurar que os dispositivos estejam limpos, disponíveis e mantenha a pressão normal de interface capilar, III. Monitorizar o alinhamento corporal e integridade da pele em princípios fisiológicos, IV. Avaliar o paciente após o procedimento cirúrgico, V. Averiguar se o posicionamento segue as ‘’Recomendações da AORN para documentação do cuidado de enfermagem perioperatório’’, VI. Supervisionar se as normas e os procedimentos realizados na instituição durante a decisão do posicionamento serão revisados e atualizados anualmente, sendo seguidos por todos profissionais presentes em cirurgias. A partir dessas medidas, a contribuição do enfermeiro seja na prevenção de complicações decorrentes desse procedimento, quanto na atenção aos cuidados holistícos do paciente, torna-o protagonista para garantir a seguridade e qualidade no atendimento de enfemagem, com foco em uma recuperação sucedida e na alta hospitalar (LOPES et al., 2016). CONCLUSÃO A presente revisão de literatura obteve como resultado a abordagem do trabalho do enfermeiro no ambiente cirúrgico voltado para o posicionamento do paciente. As principais atribuições foram abordadas em três categorias, as gerenciais, educacionais e assistenciais, ambas reafirmam a cultura da segurança do paciente ao planejar protocolos, enfatizar a supervisão das atividades, aplicar o checklist, aplicar escala de ELPO, a capacitação dos profissionais e a aplicação da sistematização da assistência de Enfermagem. Os três eixos objetivam a melhora na qualidade do cuidado ao paciente cirúrgico e no ambiente de trabalho. A assistência gerencial aplicada ao posicionamento cirurgico é voltada para adoçao de protocolos e instrumentos de base, permitindo identificar os fatores para o desenvolvimento de lesões e contribuir no auxílio e respaldo aos trabalhores. Além disso os procedimentos organizacionais padronizados possibilitam o cumprimento das normas ASPECTOS CIRÚRGICOS | 91 e padrões recomendados, a surpevisão da assistencia e a verificação dos matérias disponiveis. É papel do enfermeiro gerenciador é incentivar a capacitação dos profissionais do centro cirurgico e repassar as informações quanto à realização correta do posicionamento seguro. As atividades educacionais realizadas pela equipe de enfermagem proporcionam o nivelamento do conhecimento dos profissionais atuantes no centro cirúrgico, através da aplicação de um checklist para analisar o conhecimento acerca da escala de ELPO. Em seguida, planejar a realização de oficinas de capacitação sobre os riscos de lesão por posicionamento cirúrgico. Pode-se ainda desenvolver um manual de posicionamento cirúrgico, como guia no direcionamento da equipe multiprofissional. A atuação do enfermeiro no eixo assistencial da fase perioperatória é direcionada na prevenção de complicações, no qual é responsável por manter a integridade física da pele, com o auxílio de materias de suporte, e também na supervisão de fatores condicionantes para o agravo de lesões. Dessa forma, o enfermeiro possui como atribuição o diálogo com o paciente, afim de esclarecer quanto ao posicionamento e obter o feedback do plano de cuidados realizado. Em vista disso, é primordial que a troca de informações seja esclarecedora para obtenção da qualidade da assistência. REFERÊNCIAS ANGELO, C. DA S. et al. Efetividade do protocolo prevenção de lesões de pele em cirurgias urológicas robóticas. Revista SOBECC, v. 22, n. 3, p. 152–160, 15 set. 2017. BASSO, G. M. R. Proposta de implantação da escala de avaliação de risco para o desenvolvimento de lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico (ELPO) - relato de experiência. 2020. GEFEN, A.; CREEHAN, S.; BLACK, J. Critical biomechanical and clinical insights concerning tissue protection when positioning patients in the operating room: A scoping review. International Wound Journal, v. 17, n. 5, p. 1405–1423, out. 2020. GUTIERRES LS, SANTOS JLG, PEITER CC, MENEGON FHA, SEBOLD LF, ERDMANN AL. Good practices for patient safety in the ope- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 92 rating room: nurses’ recommendations. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018. LIMA, D. C. J. et al. Incidência de lesão por pressão e avaliação do risco pela escala ELPO: estudo observacional. Research, Society and Development, v. 10, n. 15, p. e403101522704–e403101522704, 28 nov. 2021. LOIOLA, H. A. DO B. et al. Scale of risk assessment in surgical positioning: experience report. Rev Enferm UFPI, v. 7, n. 2, 2018. LOPES, C. M. DE M. Posicionamento cirúrgico: evidências para o cuidado de enfermagem. Mestrado em Enfermagem Fundamental — Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo, 29 jun. 2009. MARTINS, K. N. et al. Processo gerencial em centro cirúrgico sob a ótica de enfermeiros. Acta Paulista de Enfermagem, v. 34, p. eAPE00753, 29 jun. 2021. MESQUITA RFS, ROCHA RG, MARTA CB, SILVA RVR, TAVARESJMAB, BROCA PV, PEREIRA ER, MACHADO VP, FRANCISCO MTR. Qualidade do cuidado em centro cirúrgico: ações e estratégias gerenciais para práticas seguras. Glob Clin Res. 2022 NASCIMENTO, F. C. L. DO; RODRIGUES, M. C. S. Risco para lesão no posicionamento cirúrgico: validação de escala em um hospital de reabilitação. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 28, 11 maio 2020. SANDES, S. M. DOS S. et al. Lesões provenientes de procedimento cirúrgico: fatores relacionados. Revista SOBECC, v. 24, n. 3, p. 161– 167, 23 set. 2019. SANTOS JL, ERDMANN AL, PEITER CC, ALVES MP, LIMA SB, BACKES VM. Comparison between the working environment of nurse managers and nursing assistants in the hospital context. Rev Esc Enferm USP. 2017; SANTOS AP, CAMELO SH, SANTOS FC, LEAL LA, SILVA BR. Nurses in post-operative heart surgery: professional competencies and organization strategies. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(3):474-81. SANTOS, C. M. C; PIMENTA, C. A. M; NOBRE, M.R.C.A. Estratégia PICO para a construção da pergunta de pesquisa e busca de evidên- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 93 cias. Rev Latino-am Enfermagem. São Paulo, v. 15, n. 3, maio-junho de 2007. SANTOS, M. A. R. C; GALVÃO, M. G. A. A elaboração da pergunta adequada de pesquisa. Resid Pediatr. vol. 4, n. 2, p. 53-56, 2014. SOUSA, C. S.; BISPO, D. M.; ACUNÃ, A. A. Criação de um manual para posicionamento cirúrgico: relato de experiência. Revista SOBECC, v. 23, n. 3, p. 169–175, 30 ago. 2018. TREVILATO, D. D. et al. Posicionamento cirúrgico: prevalência de risco de lesões em pacientes cirúrgicos. Revista SOBECC, v. 23, n. 3, p. 124–129, 30 ago. 2018. TREVILATO, D. D. et al. Concepções das enfermeiras em relação a segurança do paciente durante o posicionamento cirúrgico. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 43, 23 maio 2022. UCHOA, Y. L. A. et al. Prevenção de lesão por pressão em centro cirúrgico de pacientes traumato-ortopédicos no oeste do Pará: relato de experiência. Research, Society and Development, v. 11, n. 5, p. e17311528113–e17311528113, 2 abr. 2022. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 94 CAPÍTULO 07 DESAFIOS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM CIRÚRGICA FRENTE À PANDEMIA DE COVID-19: UMA REVISÃO INTEGRATIVA CHALLENGES FOR THE SURGICAL NURSING TEAM IN FRONT OF THE COVID-19 PANDEMIC: AN INTEGRATIVE REVIEW Áurea de Souza Coutinho Marinho Keyla de Melo Albuquerque Stephany Christine da Silva Teixeira Victoria Alexandra Ferreira Gonzalez Valkíria de Sousa Silva Carla Araujo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori RESUMO Introdução: Sabemos que a pandemia afetou os sistemas de saúde, devido ao conhecimento limitado sobre o manejo dos casos. Nesse contexto, o centro cirúrgico, considerado um ambiente com potencial elevado para contaminação, é um local de muitos desafios, principalmente para equipe de enfermagem que presta cuidados diretos no perioperatório. Objetivo: Identificar os desafios da enfermagem no centro cirúrgico frente à pandemia do coronavírus. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, de artigos em português nas bases de dados Periódicos CAPES (PC), Lilacs, SciELO, Medline e SOBECC. Resultados: Foram encontrados 156 artigos que, após aplicação dos filtros, critérios de exclusão, leitura dos títulos e resumo, restaram 5 para análise e discussão. Discussão: Os principais desafios encontrados foram: a falta de equipamentos de proteção individual (EPI), falta de capacitação sobre as novas normas instauradas durante a pandemia, ausência de adesão das novas recomendações, afastamento de profissionais causando sobrecarga e ventilação das salas de operação com risco de aerossolização do SARS-CoV-2. Conclu- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 95 são: As novas condições de trabalho foram evidenciadas na pandemia e geraram grande impacto nas questões pessoais e profissionais que se associam à qualidade da assistência à saúde que é prestada. Palavras-chave: saúde, cirurgia, coronavírus, impactos. ABSTRACT Objective: To identify the challenges of nursing in the operating room in the face of the coronavirus pandemic. We know that the pandemic affected health systems due to limited knowledge about case management. In this context, the operating room, considered an environment with high potential for contamination, is a place of many challenges, especially for the nursing team that provides direct care in the perioperative period. Methodology: This is an integrative review of the literature, of articles in Portuguese in the databases Capes (PC), Lilacs, SciELO, Medline and SOBECC. Results: We found 156 articles that, after applying the filters, exclusion criteria, reading of titles and abstract, remained 5 for analysis and discussion. Discussion: The main challenges encountered were: the lack of personal protective equipment (PPE), lack of training on the new standards established during the pandemic, absence of compliance with the new recommendations, removal of professionals causing overload and ventilation of operating rooms at risk of aerosolization of sars-cov-2. Conclusion: The new working conditions were evidenced in the pandemic and generated great impact on personal and professional issues associated with the quality of health care that is provided. Keyword: Health, Surgery, Coronavirus, Impacts. INTRODUÇÃO A COVID-19 é uma infecção respiratória aguda grave que possui elevada transmissibilidade e é causada pelo vírus SARS-CoV-2 (BRASIL, 2021). Surgiu primeiramente na cidade de Wuhan, China, em dezembro de 2019, mas não demorou muito para atingir a população mundial em larga escala. Chegou ao Brasil em fevereiro de 2020 e, em março, foi declarada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença pode se apresentar de forma assintomáti- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 96 ca, manifestando sintomas clínicos leves, como febre, tosse e cefaleia, ou sintomas mais severos, como dispneia, hipoxemia e taquipnéia, podendo evoluir para morte (TREVILATO et al., 2020). Sua transmissão ocorre rapidamente por gotículas respiratórias ou até mesmo por um contato simples, considerando-se os aerossóis (BRASIL, 2020). Em consequência do conhecimento limitado sobre o agente responsável e sobre o manejo dos casos, os serviços de saúde enfrentaram (e ainda enfrentam) grandes desafios (QUEIROZ et al., 2021). Segundo Favaro, et al (2021), a sobrecarga dos hospitais e profissionais aumentou significativamente, assim como a superlotação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), pois ninguém estava preparado para tamanha demanda de cuidados e recursos requeridos. O Centro Cirúrgico (CC), unidade hospitalar onde são executados procedimentos anestésico-cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, tanto em caráter eletivo quanto emergencial, requer profissionais habilitados para atender diferentes necessidades do usuário diante da elevada densidade tecnológica e à variedade de situações que lhe conferem uma dinâmica peculiar de assistência à saúde (MARTINS; DALL’AGNOL, 2016). As salas operatórias (SO) foram reconhecidas, desde o começo da pandemia, como locais com grande potencial de contaminação e disseminação do vírus (PELOSO et al.,2020). Os profissionais da enfermagem que atuam dentro dos centros cirúrgicos subsistiram às dificuldades administrativas e assistenciais devido a efetivação de novos protocolos resultando em uma modificação no fluxo de atendimento e na demanda de novas capacitações (SANTOS et al., 2022). Sabe-se que devido a pandemia o número de cirurgias foi reduzido, o que se considera um impacto dentro da unidade de centro cirúrgico e consequentemente aos profissionais de enfermagem, no qual além de resultar implicações psicossociais como estresse e disforia, também resultou na modificação do dimensionamento desses profissionais para outras áreas do hospital. (ORNELL et al, 2020; Lee SM. et al, 2018). É notório que na pandemia do novo coronavírus ressaltou-se a importância da equipe de enfermagem no amparo à vida da população e principalmente na consolidação dos sistemas de saúde. Destacam-se as práticas de cuidado de forma integral aos indivíduos contamina- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 97 dos, disseminação de informações sobre a doença, medidas de prevenção e práticas de educação em saúde, onde este último foca nas perspectivas técnico-científicas e também de humanização (IEN et al., 2021). Nesse contexto, em tempos de COVID-19, o centro cirúrgico foi considerado como cenário de alto risco, onde os processos de trabalho constituem-se em práticas complexas, interdisciplinares, com forte dependência da atuação individual e da equipe em condições ambientais dominadas por pressão e estresse exigem o máximo de cuidados (CARVALHO et al., 2015). Logo, de acordo com Tanaka, et al (2020), foram necessárias adaptações e medidas de biossegurança, como o desenvolvimento de normas técnicas, diretrizes e protocolos para implementar novos critérios no processo cirúrgico e reforçar o uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs), uma vez que critérios de precaução na assistência aos pacientes, sejam eles infectados ou suspeitos, devem seguir recomendações de regulamentações vigentes que objetivam certificar a segurança e bem-estar do profissional da saúde (ANVISA, 2020). Diante disso, o trabalho em questão objetiva esclarecer os desafios vivenciados pela equipe de enfermagem atuante no centro cirúrgico em tempos de pandemia de COVID-19, conhecer as mudanças impostas que geraram repercussões tanto na questão psicossocial como no cotidiano profissional e a descrever importância do conhecimento e prática das novas diretrizes e protocolos que foram implementados dentro do centro cirúrgico para minimizar os danos à saúde dos pacientes e dos próprios profissionais. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que busca identificar os desafios da enfermagem no centro cirúrgico frente à pandemia do coronavírus. A pesquisa abrange o período de fevereiro de 2020 a junho de 2022 e obedeceu às seguintes etapas metodológicas: estabelecimento da questão norteadora; seleção e obtenção dos artigos (critérios de inclusão e exclusão); avaliação dos estudos pré-selecionados; discussão dos resultados e apresentação da revisão sistemática (DEL-MASSO, 2012). ASPECTOS CIRÚRGICOS | 98 A revisão integrativa permite a inclusão de estudos teóricos e empíricos e de abordagens metodológicas distintas (qualitativas e quantitativas). Os estudos selecionados para compor a revisão são analisados de forma sistemática com o objetivo de responder à pergunta norteadora da revisão de literatura e identificar possíveis lacunas que direcionam o desenvolvimento de pesquisas futuras (MENDES et al., 2008; POMPEO et al., 2009). Para tanto, cumpriu-se criteriosamente o processo metodológico com as seguintes etapas (SOUZA et al., 2010): (1) Identificação do tema; (2) Elaboração da questão norteadora para a pesquisa; (3) Estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura; (4) Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; (5) Avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; (6) Interpretação dos resultados e revisão/síntese do conhecimento, o que proporcionou a análise crítica dos achados. Com esse propósito, de 6 a 13 de julho de 2022, efetuou-se um levantamento das publicações na área de saúde consultando os artigos nas bases de dados Periódicos CAPES (PC), Lilacs, SciELO, Medline e SOBECC por se tratarem das bases que concentram maior grau de indexação de periódicos da área de saúde, através dos descritores que buscassem responder à seguinte questão norteadora: quais os principais desafios enfrentados pela enfermagem do centro cirúrgico frente à pandemia de COVID-19? A Estratégia PICO (um acrônimo para P: população/pacientes; I: intervenção; C: comparação/controle; O: desfecho/outcome) foi utilizada para a fundamentar a pergunta norteadora. A “enfermagem do centro cirúrgico” representa o item (P) e os “desafios enfrentados” o item (O). Os demais elementos da estratégia não se aplicaram (SANTOS; GALVÃO, 2014; SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007). Foram utilizados como critérios de inclusão os artigos científicos publicados de fevereiro de 2020 a junho de 2022, disponíveis em português, na íntegra e gratuitamente, artigos não duplicados e que não sejam revisão integrativa. Os critérios de exclusão foram: aqueles que não estivessem em português, que não fossem artigos científicos (como editoriais, cartas editoriais e anais de evento), fora do li- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 99 mite temporal, duplicados e que não estivessem disponíveis na íntegra e que não associam aos desafios da enfermagem no CC na pandemia de COVID- 19. Os descritores pesquisados foram: Enfermagem; Coronavírus; Centros Cirúrgicos; Pandemia; Infecções por Coronavírus; Enfermagem Perioperatória; covid-19; cuidados de enfermagem; saúde do trabalhador; enfrentamento. Apesar da palavra “desafios” não ser um descritor, não houve prejuízo nos resultados da pesquisa. A estratégia de busca utilizada, em cada base de dados, é descrita na tabela 1. Tabela 1: Distribuição dos artigos obtidos nas bases de dados segundo as estratégias de busca. Estratégia de busca Bases consultadas Total P. C. Lilacs Scielo Medline Sobecc Estratégia 1: enfermagem + centros cirúrgicos + pandemia 15 9 1 0 3 28 Estratégia 2: enfermagem + centros cirúrgicos + covid-19 15 7 1 0 3 26 Estratégia 3: enfermagem + centros cirúrgicos + coronavírus 10 8 1 0 2 21 Estratégia 4: enfermagem perioperatória + pandemia 2 7 0 0 4 13 Estratégia 5: enfermagem perioperatória + coronavírus 2 7 1 0 2 12 Estratégia 6: enfermagem perioperatória + covid-19 2 6 1 0 4 13 Estratégia 7: enfermagem + Infecções por coronavírus + centros cirúrgicos 4 8 0 0 2 14 Estratégia 8: enfrentamento + centros cirúrgicos + pandemia 16 1 1 0 0 18 Estratégia 9: Saúde do trabalhador + enfermagem + centros cirúrgicos + pandemia 8 2 0 0 1 11 Total 74 55 6 0 21 156 *PC: Periódicos do CPES. Fonte: autor próprio (2022). ASPECTOS CIRÚRGICOS | 100 Figura 1: Fluxograma do processo de seleção dos artigos. Fonte: autor próprio (2022). RESULTADOS As buscas Periódicos do CAPES (PC), Lilacs, Scielo, Medline e Sobecc evidenciaram 156 publicações (Tabela 1), sobre as quais procedeu-se a sistematização da revisão integrativa, resultando em cinco artigos para síntese do conteúdo (Figura 1). O (Quadro 1) traz a síntese dos artigos que fizeram parte da amostra, segundo título, objetivos e conclusões. Vê-se no (Quadro 1) que as palavras centro cirúrgico, perioperatório e COVID-19 prevaleceram nos títulos das publicações desta revisão integrativa, e que entre os desafios destacam-se a falta de equipamentos de proteção individual (EPI), falta de capacitação sobre as novas normas instauradas durante a pandemia, ausência de adesão das novas recomendações, afastamento de profissionais causando sobrecarga e risco de aerossolização do SARS-CoV-2. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 101 Quadro 1: Síntese dos artigos conforme o autor, título, objetivos, desafios e categoria. Autor Objetivos Desafios Subcategoria Queiroz, A. R. et al. (2021) Biossegurança para a assistência transoperatória à pacientes suspeitos ou confirmados da covid-19: relato de experiência (QUEIROZ, et al., 2021) Relatar o planejamento e a implementação das medidas de biossegurança na assistência transoperatória a pacientes com suspeita ou confirmação de covid-19 Adesão e aplicação das novas normas e rotinas. Cappacitação: educação continuada. Rocha, C. S. et al. Enfermeiros da área perioperatória no período da pandemia: aspectos institucionais e atitudinais (ROCHA et al., 2021) Analisar as características institucionais e atitudinais que surgem da atuação dos enfermeiros que atuaram na área perioperatória no período da pandemia do coronavírus Capacitação para das recomendações e normas insuficientes; Falta de adesão das recomendações; Falta de profissionais; Falhas na biossegurança; Ausência de ventilação adequada nas salas operatórias. Tanaka, A. K. S. R. et al. O enfrentamento da equipe multidisciplinar do centro cirúrgico diante da pandemia da COVID-19 (TANAKA, et al., 2020). Relatar a implantação de protocolos assistenciais diante da pandemia da COVID-19 desenvolvidos no centro cirúrgico de um hospital universitário de grande porte no Rio Grande do Sul. Falta de capacitação da equipe assistencial; Quantidade insuficiente de material de EPIs (máscara N95, protetor facial, avental impermeável) Sé, A.C.S. et al. Manejo de aerossóis durante a pandemia da covid-19. SÉ et al., 2021) Descrever o processo de prototipação de um dispositivo de filtragem para manejo de aerossóis em procedimentos laparoscópicos durante a pandemia do coronavírus SARS-CoV-2 Risco de aerossolização do SARS-CoV-2 no ambiente; Risco de contaminação dos profissionais da saúde envolvidos na assistência. Gomes, E.T. et al. Preparação de um centro cirúrgico do nordeste do brasil para cirurgias durante a pandemia da covid-19 (GOMES et al, 2021) Relatar a experiência da preparação do centro cirúrgico de um hospital universitário brasileiro para o atendimento de cirurgias em pacientes suspeitos e confirmados de COVID-19. Mudança na paramentação, montagem, desmontagem e desparamentação; Crise de abastecimento de materiais e de EPIs; Aumento de profissionais afastados dos seus postos de trabalho. Capacitação: educação continuada; dimensionamento de enfermagem. EPI e EPC; Capacitação: educação continuada. EPI e EPC EPI e EPC; dimensionamento de enfermagem. Fonte: autor próprio (2022). DISCUSSÃO Os desafios encontrados foram enquadrados na categoria de falhas gerenciais e organizacionais, sendo subcategorizados em: EPI e EPC, Dimensionamento de enfermagem, Capacitação e Saúde emocional e física dos profissionais. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 102 Equipamento de Proteção Individual e Coletiva A priori, algumas questões referentes as novas recomendações e aos equipamentos de proteção individual no centro cirúrgico em meio a pandemia foram levantadas nos artigos selecionados (Quadro 1). Diante do exposto, a dificuldade em adesão às novas recomendações, por exemplo, de um equipamento que ainda não era utilizado nos CC do Brasil, a face shield (máscara facial), além da rotina de paramentação e desparamentação específica que foram alteradas com as novas recomendadas de paramentação e desparamentação (GOMES et al., 2021). Para os autores (TANAKA, et al., 2020), (SÉ et al., 2021) e (GOMES et al, 2021) é evidente as dificuldades no que se remete a biossegurança. Ambos relatam sobre os riscos de contaminação que os profissionais estão sujeitos em um centro cirúrgico em meio a uma pandemia deixando evidente que o uso de EPIs é importante para o controle das contaminações, assim também, como a capacitação da equipe sobre o processo de paramentação e desparamentação. Segundo a SOBECC, (2021) é necessário o treinamento adequado sobre as técnicas de precaução padrão, por contato, por gotículas e por aerossóis para as equipes que trabalham em centro cirúrgico, centro de material e esterilização e serviços de endoscopia. Ademais, a (ANVISA, 2020), cita a importância dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e que estes estejam disponíveis para todos os profissionais, entretanto, os artigos selecionados relatam que a falta de equipamento de proteção aumenta o risco de contaminação no atendimento ao paciente suspeito ou positivado de Covid-19 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021). Como é citado por (GOMES et al.,2021), verificou-se que no auge da pandemia houve suspensão temporária de cirurgias ambulatoriais e a priorização das cirurgias de maior porte e de urgência, tendo em vista a crise de abastecimento de materiais e de EPI causando prejuízos aos pacientes e profissionais. De acordo com a nota técnica do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) sobre o uso de EPI em área crítica, houve um número crescente de denúncias por falta ou inadequações referentes aos EPIs, assim como, as de limpeza da sala de operações e de todos os ASPECTOS CIRÚRGICOS | 103 equipamentos (COFEN, 2020). A falta de material hospitalar foi uma das dificuldades encontradas para cumprimento das recomendações de uso de EPI adequado (o que se mostrou comum em muitas unidades hospitalares já que o impacto da pandemia foi incalculável). Assim como as de limpeza da sala de operações e de todos os equipamentos (ROCHA et al., 2021). No contexto da COVID-2019, a contaminação por aerossóis foi um outro desafio. Para SÉ et al., (2021) as preocupações são pertinentes, uma vez que se relacionam ao risco de aerossolização do SARS-CoV-2 no ambiente e risco de contaminação dos profissionais da saúde envolvidos na assistência, sendo recomendado usar sistemas de ultrafiltragem durante o processo. Além disso, é enfatizando por Campos e Roll (2003) que as incisões para passagem dos instrumentais cirúrgicos devem ser realizadas no menor diâmetro possível, diminuindo a possibilidade de vazamento ao redor dos orifícios. Segundo a ANVISA, (2020), é considerada uma possibilidade maior de contaminação viral para a equipe em cirurgias abertas, laparoscópicas ou robóticas, e que medidas de proteção sejam empregadas para a segurança da equipe e manutenção da força de trabalho, a filtragem de partículas em aerossol pode ser mais difícil durante a cirurgia aberta. Em suma, o sistema de ultra filtragem é um equipamento de proteção coletiva indispensável no centro cirúrgico para a minimização da contaminação por aerossóis no âmbito cirúrgico durante a pandemia. Capacitação: educação continuada O treinamento dos profissionais também se tornou um desafio devido a indisponibilidade por falta de tempo e pelas normas de distanciamento que permitiam número de pessoas limitado. Dessa forma, a falta de treinamento, somada à falta dos profissionais acentua as dificuldades enfrentadas, assim como compromete a segurança do paciente (TANAKA et al., 2020). Conforme Azevedo et al, (2021), a capacitação dos profissionais através da educação permanente em situação pandêmica requer novas estratégias e maior esforço dos gestores de saúde quanto a qualidade do atendimento e saúde física e men- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 104 tal dos trabalhadores, tornando-se, dessa forma, ferramenta essencial para reduzir os riscos aos profissionais e pacientes. Como se vê em Tanaka, et al (2020), muitos profissionais de enfermagem do CC se afastaram de suas funções e acabaram solicitando licença ou férias por preocupação com o novo coronavírus. Segundo Teixeira, et al (2020), o risco de contaminação, doença e morte, o intenso sofrimento psíquico expresso no medo de adoecer colegas e familiares junto com transtornos de ansiedade e distúrbios do sono, são os principais geradores de afastamento do trabalho. Fatores como medo de contaminação na paramentação e desparamentação, falta de EPI, bem como a agonia provocada pelo uso desses equipamentos por muitas horas, também constituem justificativas para afastamento do trabalho. No entanto, de acordo com Santo, et al (2021) as capacitações no momento da pandemia garantem aos profissionais maior segurança e contribuem para eficácia nos procedimentos, sendo essenciais para maior qualidade dos cuidados. Dimensionamento de enfermagem (falta de profissionais e sobrecarga) De acordo com a Resolução Cofen nº 0564/2017, enfermeiro do CC tem funções indispensáveis no gerenciamento e tem a responsabilidade de garantir o aperfeiçoamento educativo da equipe de enfermagem, bem como supervisionar toda equipe multiprofissional para prevenção de riscos. A enfermagem também é a categoria profissional com maior número de trabalhadores e a que passa mais tempo com os pacientes e presta cuidados e assistência direta e, no contexto da pandemia, isso os torna mais vulneráveis à riscos e a contaminação. Diante disso, os impactos na saúde refletem não só nos pacientes, mas também nos profissionais que lidam com a situação diariamente e tem que se adaptar a um sistema novo e aprender a conviver com o medo e as incertezas, no ambiente cirúrgico que se constitui um dos mais complexos do hospital, lidando com a sobrecarga no atendimento e o estresse diário (NASCIMENTO; RÊGO; VIANA, 2021). Ainda, de acordo com Gomes, et al (2021), muitos profissionais tiveram que sair de seus empregos por se enquadrarem no grupo de ASPECTOS CIRÚRGICOS | 105 risco para covid ou mesmo por estarem contaminados. E, em consequência disso, houve comprometimento na qualidade do atendimento prestado. No entanto, cabe ressaltar que implicações socioeconômicas, gerenciais, bem como a falta de recursos humanos, impediu o afastamento de profissionais, o que se agravou pela persistência daqueles que preferiram permanecer para não perder a renda (ROCHA et al., 2021). Com o aumento de casos, retomada das cirurgias e diminuição do número de leitos, recursos humanos e materiais, foram contratados profissionais de forma emergencial, criados hospitais de campanha e feita relocação de enfermeiros para diversos setores, causando também uma sobrecarga nos serviços de educação permanente a serem prestados aos novos contratados (AZEVEDO et al., 2021). Em consonância, Pereira, et al (2021), também ressalta a sobrecarga por cargas horárias extensas e exaustivas e trabalhos com mais dois vínculos, considerado comum na enfermagem, em conjunto com baixos salários, o que contribui para maior desgaste físico e psicológico da categoria durante a pandemia. Saúde emocional e física dos profissionais Nos artigos do Quadro 1, os autores pouco explanaram sobre os desafios em relação ao psicológico dos profissionais e pacientes que, colocados frente a uma doença de caráter impactante, nova e com muitas complicações tiveram que se adequar, em pouco tempo, a recomendações e protocolos para manejo adequado e segurança, a fim de evitar a disseminação do vírus, tendo reflexo na saúde física (SILVA et al., 2022). De acordo com Souza, et al (2021), deve ser dada prioridade à saúde psicológica dos profissionais envolvidos no atendimento aos indivíduos com suspeita ou confirmação de covid, fazendo reconhecimento de riscos e planejando intervenções para reduzir os danos à saúde mental dos mesmos, visando que os profissionais que cuidam estejam cuidados. Verificou-se que ainda há escassez de estudos, na língua portuguesa, voltados aos desafios da enfermagem no cc durante a pandemia. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 106 CONCLUSÃO A pesquisa em questão identificou os principais desafios da equipe de enfermagem cirúrgica frente à pandemia de covid-19 que se deu em relação à falta de EPI’s e EPC’s, essenciais para minimizar os riscos de transmissão e contato dos trabalhadores da saúde com o vírus SARS-CoV-2, enfatizando cuidados naa paramentação e desparamentação. O comprometimento do Dimensionamento de enfermagem, que se justifica por vários fatores, como por exemplo o elevado índice de profissionais contaminados e pertencentes do grupo de risco, ocasionando afastamento e sobrecarga no atendimento prestado; a retomada das cirurgias e restringimento do número de leitos e consequentemente a realocação desses profissionais distribuídos em diversos setores hospitalares levando a problemática. A capacitação, retrata sobre o treinamento dos profissionais referente às novas normas elaboradas para atender as novas demandas exigidas no CC, projetando maior segurança para os profissionais e contribuindo para a efetividade nos procedimentos. E por fim, a saúde emocional e física dos trabalhadores na qual se exemplifica o estresse relacionado a alta demanda de trabalho, a adaptação às novas normas práticas, ao medo relacionado ao vírus altamente contagioso, a falta de materiais como os equipamentos de proteção individual, gerando preocupações e insegurança. Dessa forma, conclui-se que o estudo realizado atende a temática proposta, respondendo à questão norteadora, explicando quais são os problemas vivenciados pela equipe de enfermagem no interior do centro cirúrgico, as mudanças que foram reforçadas e como isso impactou na vida social e profissional do trabalhador. Contudo, faz-se necessário que mais estudos voltados aos desafios da enfermagem no centro cirúrgico durante a pandemia sejam realizados no Brasil. Considera-se, portanto, relevante a educação continuada dos profissionais do CC e, principalmente, dos de enfermagem já que são os que atuam no gerenciamento e supervisão e são responsáveis por disponibilizar e fazer cumprir os protocolos e recomendações vigentes. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 107 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMEIROS DE CENTRO CIRÚRGICO, RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO – SOBECC. Recomendações relacionadas ao fluxo de atendimento para pacientes com suspeita ou infecção confirmada pelo COVID-19 em procedimentos cirúrgicos ou endoscópicos [Internet]. São Paulo: SOBECC, 2020. AZEVEDO, S. de L. et al. Reflexão sobre a práxis segura do profissional enfermeiro na pandemia: Capacitação técnica-científica nos serviços de saúde. Curitiba: razilian Journal of Development: 2021. 17 p. BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde. 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ASPECTOS CIRÚRGICOS | 111 CAPÍTULO 08 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO CONTROLE DAS INFECÇÕES DE SÍTIO CIRÚRGICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA THE NURSE’S ROLE IN THE CONTROL OF SURGICAL SITE INFECTIONS: AN INTEGRATIVE REVIEW Izabel Aline Rocha Constancio Karla Emanuelly da Silva Rocha Layane Rodrigues Nunes Thissiani Rúbia Santana do Nascimento Pedro Eduardo Lima Siqueira Carla Araujo Bastos Teixeira Giovanna Rosario Soanno Marchiori RESUMO Objetivo: Identificar o papel da enfermagem no controle e prevenção das infecções do sitio cirúrgico (ISC). Método: Revisão integrativa de artigos publicados em português, espanhol e inglês, na base de dados LILACS, BVS, PUBMED e SCIELO e no GOOGLE ACADÊMICO no período de 2017 a 2022. Resultados: Foram encontrados 1.025 artigos, sendo selecionados 21 publicações para compor o presente estudo, agrupados em 3 categorias com enfoque nas ações que propiciam a prevenção das ISC. Discussão: possuir conhecimento técnico cientifico, conhecer e implementar a Sistematização da assistência de enfermagem no perioperatório (SAEP) e executar ações de vigilância epidemiológicas foram considerados fatores relevantes na prevenção das ISC nas produções encontradas. Conclusão: O enfermeiro dotado de conhecimentos técnicos-científicos com domínio acerca da sistematização da assistência de enfermagem e das práticas de vigilância epidemiológica, é capaz de diminuir significativamenteos riscos de ISCs. Palavras-chave: Enfermagem; Infecções do sitio cirúrgico; Prevenção; Controle ASPECTOS CIRÚRGICOS | 112 ABSTRACT Objective: To identify the role of nursing in the control and prevention of surgical site infections (SSI). Method: Integrative review of articles published in Portuguese, Spanish and English, in the LILACS, VHL, PUBMED and SCIELO databases and in GOOGLE ACADÉMICO from 2017 to 2022. Results: 1,025 articles were found, 21 publications were selected to compose the present study, grouped into 3 categories focusing on actions that promote SSI prevention. Discussion: Possessing technical-scientific, and implementing a system of perioperative nursing care (SAEP) and performing the knowledge of epidemiological surveillance actions were considered relevant factors in the prevention of SSI to know in the productions. Conclusion: Nurses endowed with technical-scientific knowledge and mastery of the systematization of nursing care and epidemiological surveillance practices are capable of significantly reducing the risks of SSIs. Keywords: Nursing; Surgical Wound Infection;Control; INTRODUÇÃO O centro cirúrgico é considerado uma área de extrema complexidade, destinado a pacientes que necessitam de intervenções anestésicas-cirúrgicas, com o objetivo de prevenir, diagnosticar e tratar doenças, o que pode contribuir para uma melhor qualidade de vida. É constituído por equipamentos altamente tecnológicos e por profissionais capacitados afim de promover um ambiente ideal para uma assistência integral e segura ao paciente (CARVALHO;BIANCHI 2016). Porém, apesar de todos os cuidados e medidas preventivas, os procedimentos cirúrgicos constituem uma prática de risco por ser um ato invasivo propiciando o desenvolvimento de infecções. As infecções podem ser desencadeadas por fontes endógenas, considerando que os principais microrganismos capazes de contaminar o sitio cirúrgico são provenientes do próprio individuo, ou também por fontes exógenas, estando relacionada aos profissionais, aos equipamentos ou instrumentais que entram em contato com o paciente (MANUAL ALBERT EINSTEIN, 2014). ASPECTOS CIRÚRGICOS | 113 A Lei n° 9.431, de 6 de janeiro de 1997 e a Portaria n° 2616, de 12 de maio de 1998, dispõem sobre a obrigatoriedade da existência do Programa de Controle de Infecções Hospitalares em todos os hospitais (BRASIL, 1997; BRASIL, 1998). Pois sabe-se que as Infecções Relacionadas à Assistência de Saúde (IRAS) surgem como um grande problema de saúde pública, estando associadas entre as principais causas de morbimortalidade entre pacientes que se submetem à procedimentos clínicos (ANVISA, 2017). As IRAS são uma das principais causas de Infecções no Sítio Cirúrgico (ISC) e apresentam grande risco para a segurança do paciente, pois quando são associadas ao procedimento clínico acometem cerca de 14% a 16% dos pacientes hospitalizados, além de se encontrarem na 3° posição das infecções relacionadas à assistência à saúde (ANVISA, 2017). O enfermeiro obtém um papel fundamental na prevenção, produção de educação continuada e elaboração de estratégias voltadas para a assistência à saúde no CC, garantindo um processo livre de intercorrências (SANTANA; OLIVEIRA, 2015; SILVA et al., 2017). Logo, entende-se que a enfermagem bem fundamentada cientificamente pode contribuir imensamente para minimizar os danos ao paciente, possuindo segurança e autonomia para avaliar e prestar uma assistência adequada, de modo a identificar fatores de risco e prevenir a ocorrência de ISCs. Permitindo assim, o direcionamento dos esforços da equipe multiprofissional do CC na adoção de práticas que reduzam as complicações decorrentes de uma infecção e minimizem as taxas de ISCs (ALMEIDA, 2015; SANTANA; OLIVEIRA, 2015; CARVALHO et al., 2017). Diante do contexto das ISCs e da prática profissional do enfermeiro no período perioperatório, verificou-se a necessidade de entender como o papel do enfermeiro no centro cirúrgico contribui para o controle das ISCs, a fim de colaborar para aprimorar o conhecimentoacerca da temática, baseando-se em estudos recentes. METODOLOGIA Para cumprir com o objetivo proposto, utilizou-se o método de revisão integrativa para apresentar os dados encontrados. A revisão ASPECTOS CIRÚRGICOS | 114 integrativa tem como base a pesquisa de informações bibliográficas para obter os resultados esperados em determinados estudos. Dessa forma, é um método de pesquisa que tem como objetivo fornecer o conhecimento científico acerca de um problema analisado na obtenção de seus dados. Além disso, é considerada um excelente método de estudo, pois fornece informações abrangentes sobre o assunto abordado e pode ser realizado de diversas formas, dependendo da aplicação do seu método científico (ERCOLE; MELO; ALCOFORADO, 2014). De acordo com Souza, Silva e Carvalho (2010), o processo de elaboração da revisão integrativa encontra-se em seis fases essenciais para o processo: (1) elaboração da pergunta norteadora; (2) busca ou amostragem na literatura; (3) coleta de dados; (4) análise crítica dos estudos incluídos; (5) discussão dos resultados; (6) apresentação da revisão integrativa. Dessa forma, todas as fases constituem a criação da revisão integrativa, com base na escolha da metodologia que será aplicada. A busca dos artigos foi feita com base na Estratégia PICO (P: população/pacientes; I: intervenção; C: comparação/controle; O: desfecho/outcome), o que findou na seguinte pergunta: “qual o papel do enfermeiro no controle de infecções de sítio cirúrgico? A utilização desta estratégia permite ao autor a elaboração de uma pergunta mais fundamentada. A população (P) está representada pelos “enfermeiros” e a intervenção (I) pelo “controle de infecções”. Os demais itens dessa metodologia não se aplicaram (SANTOS; GALVÃO, 2014; SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007). Foram realizadas pesquisas nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), US National Library of Medicine (PUBMED), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Google Acadêmico, utilizando os descritores encontrados a partir da pergunta norteadora, que se relacionam com as palavras-chave da questão. Inicialmente, aplicou-se os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “Infecção do Sítio Cirúrgico”, “Enfermagem”, “Cirurgia”, “Controle” e “Prevenção, e em seguida suas respectivas traduções na Língua Inglesa “Surgical Wound Infection”, “Nursing”, “Surgery”, “Control” e “Prevention”. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 115 Os estudos foram selecionados de acordo com os critérios de inclusão: idioma (Inglês, Português e Espanhol), ano de publicação (período de 2017-2022), tipo de documento (artigos originais). Foram excluídos artigos que fugiam da temática, revisões de literatura, duplicatas e estudos analisados que não entravam nos critérios de inclusão (mas que ainda surgiam após o refinamento no momento da pesquisa), além de teses, monografias e dissertações. A seleção inicial foi realizada pela leitura dos títulos e posteriormente leitura dos resumos de cada publicação em todas as bases de dados escolhidas. Por fim, foram selecionados aqueles que abordavam a temática do papel do enfermeiro no controle das infecções de sítio cirúrgico e lidos na íntegra por meio de uma interpretação analítica. A pesquisa bibliográfica teve início e fim no mês de julho de 2022. As informações dos artigos selecionados nesse período foram dispostas em uma base de dados eletrônica contendo sua referência completa, autores, amostras, resultados e conclusões. Esse formato expositivo dos dados facilitou a análise dos estudos, que possibilitou o reconhecimento das três categorias estabelecidas para discussão temática, sendo elas: I Domínio do conhecimento técnico- cientifico, II Implementação da SAEP e III Execução das ações de vigilância epidemiológica das ISCs. RESULTADOS As pesquisas nas bases de dados selecionadas proporcionaram um quantitativo de 1.025 publicações (Tabela 1), sobre as quais implementou-se as filtragens e leitura sistemática, resultando em 18 artigos. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 116 Tabela 1: Distribuição dos artigos obtidos nas bases de dados segundo as etapas utilizadas paraseleção dos artigos. Bases de dados Artigos localizados Artigos selecionados pela leitura dos títulos Artigos selecionados pela leitura dos resumos Artigos selecionados pela leitura na íntegra Artigos selecionados pela compor a revisão integrativa Lilacs 21 9 6 4 1 Biblioteca Virtual em Saúde 271 53 21 15 5 Scielo 6 3 3 3 3 Google acadêmico 513 123 12 7 3 Pubmed 214 93 19 11 6 Total 1.025 281 60 38 18 Fonte: Autoria própria (2022) As publicações variaram entre 2017 e 2022, sendo o ano de 2018 com o maior número de contribuições (oito artigos), seguido pelo ano de 2019 com quatro publicações. Dos artigos selecionados, 11 eram língua Portuguesa, 6 em língua Inglesa e 1 em língua Espanhola. Dentre as diversas metodologias aplicadas, os estudos que mais prevaleceram foram os descritivos, nove artigos, que relataram as atribuições do enfermeiro no CC relacionando-as as ISCs. Além disso, alguns dos artigos puderam se encaixar em mais de uma categoria, simultaneamente, o que contribuiu ricamente para discussão. O Quadro 1 apresenta os dados quantitativos e qualitativos referentes aos artigos que compuseram a amostra. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 117 Quadro 1: Dados qualitativos referentes aos artigos selecionados para a amostra da pesquisa. TÍTULO (PAÍS) AUTORES ANO/ BASE DE DADOS OBJETIVO TIPO DE ESTUDO CATEGORIAS Pré-operatório de cirurgias potencialmentecontaminadas: fatores de risco para infecção do sítio cirúrgico (Brasil) MARTINS, Tatiana et al. 2017 (BVS) Associar fatores de risco do período pré-operatório, de cirurgias potencialmente contaminadas. Estudo transversal descritivo quantitativo Categoria III - Execução das ações de vigilância epidemiológica das ISCs Infeção do sítio cirúrgico em pacientes submetidos a cirurgias cardíacas: uma análise do perfil epidemiológico. (Brasil) BRAZ, Nelma de Jesus et al. 2018 (BVS) Descrever a ocorrência da infecção do sítio cirúrgico em pacientes submetidos à revascularização do miocárdio e/ou Implante de valva cardíaca e seu perfil epidemiológico. Estudo retrospectivo Categoria I - Conhecimento Técnico-cientifico Competencia clínica del personal de enfermería para la prevención de infección del sitio quirúrgico (México) ROMERO, Lucía Hernández et al 2018 (BVS) Avaliar a competência clínica da equipe de enfermagem na prevenção de infecções de sítio cirúrgico. Estudo descritivo transversal Categoria I - Conhecimento Técnico-cientifico 2017 (BVS) Descrever o perfil das mulheres em relação às suas condições de vida, de saúde e perfil sociodemográfico, correlacionando com a presença de sinais e sintomas sugestivos de infecção do sítio cirúrgico pós- cesariana, identificar informações a serem consideradas na consulta de puerpério realizada pelo enfermeiro e propor um roteiro para a sistematização da assistência. Estudo quantitativo, exploratório, descritivo, transversal e retrospectivo Categoria II- Implementação da SAEP 2020 (BVS) Conhecer as experiências de enfermeiros sobre suas práticas na prevenção de infecção do sítio cirúrgico (ISC). Estudo exploratório e qualitativo Identificação da infecção de sítio cirúrgico pós-cesariana: consulta de enfermagem (Brasil) CUNHA, Marcia Regina et al. Saberes Dos Enfermeiros Sobre Prevenção De Infecção Do Sítio Cirúrgico (Brasil) SOUZA, Karolayne Vieira; SERRANO, Solange Queiroga. Categoria I- Conhecimento Técnico-cientifico Categoria II- Implementação da SAEP ASPECTOS CIRÚRGICOS | 118 Infecção de sítio cirúrgico pós alta: ocorrência e caracterização de egressos de cirurgia geral (Brasil) DOS REIS, Raíssa Gabriela; RODRIGUES, Maria Cristina Soares. 2017 (LILACS) Objetivou-se investigar a ocorrência de infecção de sítio cirúrgico e descrever as características dos casos de pacientes em seguimentopós- alta de Cirurgia Geral, em ambulatório de hospital do Distrito Federal, Brasil. Estudo descritivo, retrospectivo Categoria III - Execução das ações de vigilância epidemiológica das ISCs Nursing wound care practices in Haiti: facilitators and barriers to quality care (Haiti) TIMMINS, B. A. et al. 2018 (PUBMED) Descrever os facilitadores e barreiras para os enfermeiros realizarem o cuidado de feridas de qualidade em três enfermarias Cirúrgicas de um hospital de Porto Príncipe, Haiti. Estudo qualitativo descritivo Categoria I- Conhecimento Técnico-cientifico Operating room nurses experiences of skin preparationin connection with orthopaedic surgery: A focus groupstudy (Suécia) MARKSTRÖM, Ida et al. 2020 (PUBMED) Aprofundar a compreensão do preparo da pele no cenário cirúrgico ortopédico na Perspectiva do enfermeiro do centro cirúrgico e explorar suasexperiências Estudo exploratório qualitativo SUN, Yan 2021 (PUBMED) Estudar o efeito sobre os fatoresde infecção e cuidados de enfermagem da incisão pósoperatória em pacientes com câncer ginecológico. Estudo experimental Categoria II- Implementação da SAEP Estudo transversal Categoria I- Conhecimento Técnico-cientifico Reflective Lifeworld Research (RLR) Analysis of Effect on Infection Factors and Nursing Care of Postoperative Incision in Gynecological Cancer Patients (China) Adherence to evidence-based recommendations for surgical site infection prevention: Results among Italian surgical ward nurses (Itália) ZUCCO, Rossella et al. 2019 (PUBMED) Avaliar o nível de conhecimento, as atitudes e a adesão às recomendações baseadas em evidências para prevenção de infecção de sítio cirúrgico (ISC) e descrever quaisquer influências que possam motivar enfermeiros aadotar práticas baseadas em evidências para prevenção deISC. Intraoperative prevention of Surgical Site Infections as experienced by operating room nurses (Suécia) Qvistgaard, Maria et al. 2019 (PUBMED) Examinar como os enfermeiros da sala de cirurgia vivenciam a prevenção intraoperatória de ISC. Categoria I- Conhecimento Técnico-cientifico Categoria II- Implementação da SAEP Categoria I- Conhecimento Técnico-cientifico Categoria II- Implementação da SAEP ASPECTOS CIRÚRGICOS | 119 2018 (PUBMED) Explorar o conhecimento e a competência autorreferida de enfermeiros cardiotorácicos no cuidado de feridas no pós- operatório de cirurgia cardíaca e verificar se existem diferenças de conhecimento entre enfermeiros que trabalham em hospitais públicos e privados. Estudo descritivo Categoria I- Conhecimento Técnico-cientifico 2022 (GOOGLE ACADÊMICO) Diagnosticar o conhecimento da enfermagem perioperatória sobre os mitos e verdades do controle de infecção hospitalar dentro do ambiente do centro cirúrgico Estudo observacional analítico transversal Categoria I- Conhecimento Técnico-cientifico Percepção dos enfermeiros sobre a visita pré-operatóriade enfermagem (Brasil) FILHO, Marcelo Alexandre Albino; BATISTA, Regiane Franchini; CRUZ, Edvaldo Aparecido. (GOOGLE ACADÊMICO) Analisar a percepção dos enfermeiros sobre a operacionalização da visita préoperatória e identificar o entendimento e dificuldades para realizá-la. Estudo de caráter descritivo e de natureza qualitativa Conhecimento da equipe de enfermagem acerca da Prevenção de infecção em sítio cirúrgico (Brasil) CRONEMBERGER, João Victor Borges Veras et al. 2019 (GOOGLE ACADÊMICO) Analisar o conhecimento da equipe de enfermagem do centrocirúrgico sobre as medidas de prevenção de infecção em sítio cirúrgico. Estudo exploratório e descritivo Categoria I- Conhecimento Técnico-cientifico Vigilância por pistas ou retrospectiva? Qual o impactona Notificação das infecções do sítio cirúrgico em cirurgia Cardíaca BRAZ, Nelma de Jesus etal. 2018 (SCIELO) Avaliar o impacto das infecções do sítio cirúrgico notificadas pela vigilância por pistas comparadas àquelas detectadas pela avaliação retrospectiva doprontuário do paciente. Estudo epidemiológico e dereflexão Categoria III - Execução das açõesde vigilância epidemiológica das ISCs Assessing knowledge of wound care among cardiothoracic nurses (Irlanda) MORAN, Nicola; BYRNE, Gobnait Mitos e verdades do controle de infecção hospitalar: conhecimento da enfermagem perioperatória de um hospital terciário (Brasil) SANTOS, Aryanne Fernandes Farias et al. Categoria I- Conhecimento Técnico-cientifico Categoria II– Implementação da SAEP ASPECTOS CIRÚRGICOS | 120 Vigilancia post alta hospitalaria de las infecciones delsitio quirúrgico en hospitales universitarios de Brasil. PAGAMISSE, Amandha Fernandes; TANNER, Judith; POVEDA, VanessaDe Brito. Comparação das taxas de infecção cirúrgica após implantação do checklist de segurança PRATES, Cassiana Gil etal. Fonte: Autoria própria (2022) 2020 (SCIELO) Compreender a realidade da vigilância pós-alta hospitalar das infecções do sítio cirúrgico em hospitais universitários brasileiros. Estudo transversal Categoria III - Execução das açõesde vigilância epidemiológica das ISCs 2018 (SCIELO) Comparar taxas de infecção de sítio cirúrgico em cirurgia limpaantes e após implantação do checklist proposto pela OMS. Estudo observacional, descritivo, retrospectivo do tipo correlacional Categoria I- Conhecimento Técnico-cientifico ASPECTOS CIRÚRGICOS | 121 DISCUSSÃO CATEGORIA I- DOMÍNIO DO CONHECIMENTO TÉCNICO-CIENTIFICO Diante da leitura analítica dos doze artigos dessa categoria, foi observado que os estudos se propuseram a avaliar ou descrever o nível de conhecimento técnico científico dos profissionais de enfermagem no processo de controle das ISCs, relacionando-os aos fatores de risco existentes no ambiente em que atuavam. Utilizaram-se amostras de grupos de enfermeiros no Brasil, Haiti, Estado do México, Itália, Suécia e Irlanda. Embora os países fossem divergentes em aspectos geográficos, econômicos, sociais e políticos, os desfechos dos estudos apresentaram-se em similaridade. Para Timmins et al. (2018) e Moran e Byrne (2018) o conhecimento e o treinamento dos profissionais de enfermagem do CC são considerados repletos de lacunas, denominado como insatisfatório e inadequado, englobando as ações de enfermagem no planejamento do processo cirúrgico, no transcorrer da cirurgia e nos cuidados com a ferida operatória (FO). Além disso, Santos et al. (2022) afirmam que com base neste diagnóstico situacional, é possível detectar a prática de mitos e rituais dentro das instituições, em que as ações de enfermagem se baseiam na observação e reprodução de condutas errôneas de outros profissionais e acabam por renunciar as evidencias cientificas a respeito dessas práticas. No estudo de grupo focal realizado em hospitais na Suécia, Markström et al. (2020) destacam bem essa prática, evidenciando que mesmo tendo acesso e conhecimento acerca das diretrizes e protocolos disponíveis, grande parte dos enfermeiros envolvidos nas atividades do CC não consultavam com frequência esses documentos, a fim de desenvolver uma prática segura e pautada em evidências científicas. Os entrevistados afirmam que parte dos saberes obtidos, advém de trocas de conhecimentos com os colegas de trabalho, o que põe em risco a segurança do paciente. O que traz um processo totalmente prejudicial e possivelmente traumático ao paciente, que é o protagonista das ações e cuidados de ASPECTOS CIRÚRGICOS | 122 enfermagem, gerando consequências evitáveis como o aumento dos gastos no tratamento, prolongamento do tempo de internação, ocasionando desgaste emocional e exposição ao risco de morte aumentada (BRAZ et al, 2018; CRONEMBERGER, 2019). Considerando a redução das principais complicações no perioperatório, a Organização Mundial da Saúde elaborou o desafio global “Cirurgia Segura Salva Vidas”, que dispõe de uma lista de verificação de segurança cirúrgica que deverá ser aplicado por profissionais a fim de diminuir o número de eventos adversos (OMS, 2010). Analisando os resultados obtidos do estudo realizado por Prates et al. (2018), foi possível observar a diminuição nas taxas de infecção cirúrgica depois da implementação do checklist em cirurgias limpas, confirmando a eficácia de seguir as diretrizes baseadas em evidencias cientificas. Ante o exposto, Zucco et al. (2019) ressaltam que revelado essa fragmentação entre a assistência e conhecimento técnico-cientifico, demostra-se a necessidade de mudanças de comportamento, mesmo que complexas, apresentando como objetivo o abandono de práticas desatualizadas e a adoção e manutenção de práticas baseadas em evidências. O enfermeiro como líder da equipe, deve aderir a essa mudança de comportamento e incentivar os demais colaboradores a adotar práticas corretas e atualizadas. Os próprios profissionais reconhecem a importância dessa problemática dentro do atendimento, considerando que no estudo realizado por Souza e Serrano (2020) os enfermeiros elencaram conhecimento técnico-científico como base do atendimento no CC. Ademais, Romero et al. (2018) estabelece que o investimento financeiro em cuidados de saúde e educação em enfermagem no controle das ISCs, pode propiciar implementações nas práticas de educação continuada e promover a autonomia da enfermagem. Gerando assim, a cultura de segurança ao paciente no período perioperatório. As informações obtidas se assemelham à outras Revisões de Literatura de mesma temática, Amaral, Spiri e Bocchi, (2017) e Pires et al. (2021) atingiram um desfecho similar nas suas respectivas Revisões Integrativas, em que o conhecimento técnico cientifico foi considerado como um princípio relevante do planejamento assistencial de enfermagem no CC, prevendo inúmeras intercorrências, como as ASPECTOS CIRÚRGICOS | 123 ISCs, e sua ausência foi tida como um grande obstáculo em prestar uma assistência de qualidade. Diante desses achados, a presente categoria enfatiza a importância de o enfermeiro possuir domínio sobre o planejamento e as práticas de enfermagem baseadas em evidencias técnico cientificas, tendo em vista que a ausência deste conhecimento resulta em ações falhas e possíveis complicações ao paciente CATEGORIA II – SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE FERMAGEM PERIOPERATÓRIA EN- Em relação à essa categoria, as publicações ressaltaram a importância da sistematização de enfermagem no perioperatório, mas também evidenciam as dificuldadesencontradas para a implementação. É através da sistematização que o profissional será capaz de avaliar os riscos a qual aqueles indivíduos estão propícios e dessa forma atuar de modo preventivo afim de diminuir possíveis complicações. A sistematização da assistência de enfermagem perioperatória (SAEP) é um modelo que visa organizar o cuidado, promovendo uma assistência integral e contínua ao paciente. Além de objetivar um serviço de qualidade, a SAEP propicia maior interação entre o profissional e o paciente e promove intervenções seguras e fundamentadas cientificamente, proporcionando uma assistência individual e humanística. (BIANCHI e CARVALHO, 2016; POSSARI, 2011; SOBECC, 2017). Filho, Batista e Cruz (2020) citam a importância da visita pré-operatória (VP), uma das etapas importantes da SAEP, no cotidiano do centro cirúrgico. Através da VP, os enfermeiros identificam os aspectos fisiológicos e anatômicos do paciente para que sejam feitos planejamentos adequados, identificam possíveis riscos cirúrgicos ou falhas, promovem educação aos pacientes e familiares informando de forma clara e objetiva como será todo o processo anestésico-cirúrgico e esclarecem todas as possíveis dúvidas, diminuindo os sentimentos de ansiedade, medo e angústia apresentados pela maioria dos pacientes que necessitam de intervenções cirúrgicas. O mesmo estudo enfatiza que a aplicação da assistência sistematizada desde o período pré-operatório, resulta em um prognosti- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 124 co satisfatório e o seu pós-operatório será mais seguro. A partir das informações obtidas pela equipe em todas as etapas do perioperatório, é possível planejar uma assistência especifica possibilitando evitar ou diminuir as ISC (ALBINO FILHO; BATISTA; DA CRUZ, 2020). A sistematização de enfermagem quando bem aplicadas e direcionadas podem reduzir significantemente as taxas de ISCs, o que demostra o estudo realizado por Yan Sun (2021) na China, em que o grupo de controle recebeu uma assistência de rotina básica da equipe de enfermagem, enquanto o grupo de estudo recebeu uma assistência de enfermagem baseada num modelo de alta qualidade. O que, posteriormente refletiu no período pós-operatório, em que a taxa de infecção pós- operatória da incisão no grupo estudo foi de 2,78% e no grupo controle 19,44%. Logo, as medidas implementadas no grupo de estudo foram favoráveis à recuperação pós-operatória e a melhora da qualidade de vida. Porém, autores relatam que há obstáculos para a implantação da SAEP nos centros cirúrgicos. Filho, Batista e Da cruz (2020) citam a falta de recursos humanos, sobrecarregando o trabalho da equipe de enfermagem, impossibilitando a promoção da assistência direta ao paciente ou uma assistência de qualidade, dificultando ou excluindo práticas essências como a VP. O mesmo fator é evidenciado no estudo de De Souza e Serrano (2020), além do baixo número de profissionais, o autor também menciona a falta de matérias e ambientes precários, provocando estresse nos profissionais e prejudicando a rotina de trabalho, deixando a assistência direta ao paciente em segundo plano. Outro aspecto preocupante apontado por Cunha, et al. (2017) é em relação a precariedade das anotações nos prontuários, podendo esse ser um indício indireto de uma assistência de qualidade inferior ao esperado. Relatam também que além de fazer a coleta de dados através da anamnese e exame físico, o enfermeiro deve ter a capacidade de identificar eventos que propiciem as ISCs. Diante do exposto, fica claro a importância da implementação da SAEP. Através dela a equipe de enfermagem poderá assistir o paciente de forma a avaliar e monitorar continuamente, assegurando um pós-operatório com riscos mínimos de ISC e outras complicações. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 125 Também revela a necessidade de se ter profissionais dotados de conhecimentos técnicos-científicos capazes de aplicar o modelo de sistematização para que os pacientes uma assistência de qualidade e um local de trabalho adequado em prol da segurança e bem-estar desses profissionais. Gerenciamento da Equipe Nesta subcategoria, foram encontrados três artigos abordando a temática. Dividindo-se basicamente em artigos que descrevem a importância da relação interpessoal da equipe, a importância do diálogo entre os profissionais e o respeito mútuo de acordo com a hierarquia do centro cirúrgico. De acordo com estudo de Souza e Serrano (2020), os participantes descrevem o diálogo como ferramenta imprescindível para uma melhor vivência no Centro Cirúrgico (CC), sendo a troca de informações entre os profissionais o elo entre os cuidados prestados ao paciente. Além disso, relatam que a prevenção de Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC) é uma atividade em equipe, tendo o enfermeiro como principal orientador para atuar na capacitação dos profissionais acerca das medidas de prevenção. Dentre as dificuldades encontradas, destacam-se a falta de materiais necessários para prestar uma assistência adequada aos pacientes, dificultando o processo de trabalho dos enfermeiros e a qualidade da sua assistência. Como também, as condições precárias de trabalho e a redução do número de profissionais atuando na unidade hospitalar, são fatores que sobrecarregam os enfermeiros e acarretam em um estresse diário e consequentemente, resultam em problemas à sua saúde. Em outro estudo, avaliando os principais motivos do estresse associado ao trabalho, foram listados como principais pontos: o relacionamento interpessoal entre a equipe multiprofissional, a dupla jornada de trabalho e a falta de condições de recursos materiais (SORRATO et al, 2016). No estudo de Markström et al. (2020), outro fator evidenciado é a hierarquia nas unidades do CC, que deve ser respeitada e seguida de acordo com os princípios éticos e legais de cada profissão. No ASPECTOS CIRÚRGICOS | 126 CC existem vários profissionais atuando de forma conjunta, estes devem trabalhar para promover o cuidado integrado ao paciente. Dessa forma, ressalta-se a importância do conhecimento do enfermeiro a respeito das suas atribuições dentro do CC, ou seja, saber suas atividades previstas em lei e perante sua competência e conhecimento, para que não haja profissionais realizando procedimentos que não são regulamentados para a sua profissão ou deixando de desempenhar suas atividades. Nesse sentido, o estudo de Qvistgaard, Lovebo e Almerud-Österberg (2019) descreve que a hierarquia tradicional pode ser considerada uma estrutura segura organizacional, oferecendo à equipe uma estabilidade no ambiente de trabalho. Observa- se no estudo o sentimento dos enfermeiros em relação às suas contribuições no CC, que por muitas vezes são minimizados por outros membros da equipe, implicando no seu cumprimento. Por isso, é necessário que haja um equilíbrio, confiança e conhecimento porparte dos membros da equipe para que sejam capazes de trabalhar em conjunto. Além disso, uma equipe que não consegue estabelecer suas responsabilidades e competências, põe em risco a segurança do paciente. Pode-se afirmar então que o centro cirúrgico é uma unidade complexa, composta por vários profissionais que precisam estar preparados para as intercorrências advindas do dia a dia. Por isso, o relacionamento dessas partes é de grande importância, sendo imprescindível definir as atribuições de cada profissional para promover o funcionamento da equipe de forma adequada. Assim, tendo a definição de papéis bem clara e a limitação da atuação de cada profissão dentro do CC, principalmente para a equipe de enfermagem, é possível promover uma melhor relação interpessoal entre os membros da equipe e um cuidado adequado ao paciente (GOMES, 2009). CATEGORIA III - EXECUÇÃO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS ISCS Com relação à Vigilância Epidemiológica das Infecções de Sítio Cirúrgico (ISC), foram encontrados três artigos discutindo sobre a temática. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 127 A Vigilância Epidemiológica é descrita como uma grande ferramenta para as notificações de agravos e infecções relacionadas à assistência à saúde, e atua no controle e nas medidas de prevenção das ISCs nas unidades hospitalares. Além disso, a vigilância constitui-se de vários métodos de atuação, sendo o enfermeiro o responsável por executar ações voltadas para a promoção da saúde. No estudo realizado por Braz et al. (2019), foi realizado uma comparação entre dois tipos de vigilâncias epidemiológicas, sendo a Vigilância Retrospectiva (VR) e a Vigilância por Pistas (VP). A VR é um método de busca realizado por meio de prontuários dos pacientes, que quando utilizado na pesquisa, identificou um acréscimo das notificações no que diz respeito às ICSs. Porém, observa-se no estudo que o método de VR não é totalmente eficiente, visto que uma das suas principais características é a não permissão de intervenções voltadas diretamente ao paciente. Já a VP é caracterizada por buscas ativas a partir de exames laboratoriais, pela prescrição de antimicrobianos e por cultura positiva, mas mostrou-se menos efetiva na pesquisa em relação à VR. Segundo o estudo de Reis e Rodrigues (2017), foi possível avaliar que o principal grupo de risco com complicações pós-operatórias em cirurgias classificadas com maior risco de infecção são os idosos, sendo eles os mais acometidos pelas ISCs, com a faixa etária de maiores de 60 anos e maior predominância do sexo feminino. Em outra pesquisa, onde foi avaliada a ocorrência de ISC em diferentes tipos de cirurgias cardíacas, observou-se a predominância do sexo masculino e as principais comorbidades encontradas foram: Hipertensão Arterial (24%) e a dislipidemia (18,3%). Produzindo assim, informações que norteiam a enfermagem sobre a importância de avaliar as particularidades de cada paciente nesse processo e possibilitar uma vigilância padronizada, mas com cuidados individualizados, voltados a prevenção de possíveis intercorrências previstas na investigação pré- operatória (BRAZ, et al., 2018). De acordo com Pagamisse, Tanner e Poveda (2020), é certo dizer que o enfermeiro dispõe de um papel fundamental na implementação da vigilância epidemiológica nas unidades hospitalares entre todos os períodos do perioperatório. Contudo, os recursos voltados à vigilância são escassos nos hospitais que possuem recursos financei- ASPECTOS CIRÚRGICOS | 128 ros limitados, aumentando de forma significativa os casos de subnotificações e afetando as atribuições do enfermeiro no controle das ICSs. A vigilância quando empregada adequadamente, torna-se uma importante medida preventiva contra as ISCs. Na pesquisa de Martins et al. (2018), recomenda-se a elaboração de estratégias voltadas para o serviço de vigilância no pós-alta hospitalar, visto que as ISCs podem se apresentar após a alta do paciente. Como também, a participação do enfermeiro na aplicação da vigilância epidemiológica, sendo ele o principal responsável para supervisionar e monitorar ocorrências de notificações de casos. Por fim, visa melhorar os cuidados prestados ao paciente e diminuir os casos de subnotificações ocorridas por meio das ISC, buscando efetivar a vigilância epidemiológica de forma adequada. CONCLUSÃO Perante a análise dos artigos, foi possível categorizar os achados em 3. No I, foram encontrados artigos que falam da necessidade de o enfermeiro possuir domínio sobre o planejamento e as práticas de enfermagem, baseadas em evidencias técnico-cientificas, obtidas por meio da educação continuada e fundamentadas nos protocolos e diretrizes disponíveis nas Instituições. Já na categoria II, os autores enfatizaram a importância da implementação da SAEP, pois a partir dela é possível assistir o paciente no perioperatório de forma continua e segura. Porém outros autores evidenciaram dificuldades para a implementação desse modelo nas instituições, como por exemplo, a falta de recursos materiais e humanos e ambiente de trabalho precário, resultando na sobrecarga do profissional. Ainda nessa categoria, estudos mostraram a importância de um gerenciamento adequado entre os profissionais e a relação disso com o controle das ISCs. Por fim, na categoria III, os achados descreveram como a vigilância pode ser benéfica para o controle das ISCs, sendo possível usa-la para atuar de forma preventiva, e mostram também que o enfermeiro tem papel fundamental na implementação dessas vigilâncias, porém não detém de recursos suficientes. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 129 REFERÊNCIAS AMARAL, Juliana Aparecida Baldo; SPIRI, Wilza Carla; BOCCHI, Silvia Cristina Mangini. Indicadores de qualidade em enfermagem com ênfase no centro cirúrgico: revisão integrativa da literatura. Revista SOBECC, Bauru-SP, v. 22, n. 1, p. 42–51, jan/mar. 2017. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMEIROS DE CENTRO CIRÚRGICO, RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO (SOBECC). Diretrizes de práticas em enfermagem cirúrgica e processamento de produtos para a saúde. 7. ed. 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Mestrado em Saúde Materno-Infantil pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF). Doutorado pelo Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC), da Universidade Federal Fluminense (UFF). Atualmente é Pesquisadora e Professora Adjunto no Curso de bacharelado em Enfermagem da Universidade Federal de Roraima (UFRR). ASPECTOS CIRÚRGICOS | 135 Valkíria de Sousa Enfermeira. Especialista em Docência do Ensino superior e Patologia Clínica. Mestrando em Saúde e Biodiversidade pela UFRR. Professora substituta na UFRR e professora horista na UERR. Enfermeira na Cardiologia Oncologia (cuidados paliativos) no HGRR. Membro da Comissão de Instrução Ética do Coren RR. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 136 Barbara Almeida Soares Dias Enfermeira pela Universidade Federal do Espírito Santo. Doutora em Epidemiologia em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública - FIOCRUZ. Mestre em Saúde Coletiva pelo Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Espírito Santo (PPGSC-UFES). Atualmente é pesquisadora e Professora Adjunto no Curso de bacharelado em Enfermagem da Universidade Federal de Roraima (UFRR). ASPECTOS CIRÚRGICOS | 137 Rosana Araujo Enfermeira. Especialista em enfermagem em Obstetrícia e Neonatologia. Mestranda do PROCISA-UFRR. Ministrante de cursos livres de aperfeiçoamento no Instituto Saber, em Boa Vista-RR. Exerce função de Professor substituto na Universidade federal de Roraima. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 138 Pedro Siqueira Graduado em Enfermagem pela Universidade Federal de Roraima (2018). Especialista em Docência em Enfermagem pela FAVENI (2022). Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFRR - PROCISA (2019). Atualmente Professor Substituto do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Roraima, supervisor de estágio e professor do curso de Enfermagem do Claretiano de Boa Vista. ASPECTOS CIRÚRGICOS | 139 ÍNDICE REMISSIVO C Centro cirúrgico, 45, 80 Centro Cirúrgico, 69 Cirurgia, 69, 95 Controle, 11, 111 Coronavírus, 95 E Enfermagem, 45, 111 Enfermagem de Centro Cirúrgico, 58 Enfermagem em Pós-Anestésico, 28 Enfermagem em Sala de Recuperação, 28 Enfermagem Perioperatória, 80 Enfermagem Pós-Cirúrgica, 28 Eventos sentinelas, 69 H Humanização, 58 Humanização da Assistência, 58 I Iatrogenia, 69 Impactos, 95 Infecção em ferida cirúrgica, 11 Infecções do sitio cirúrgico, 111 L Lesão por posicionamento, 80 P Perioperatório, 11 Prevenção, 11, 111 S Saúde, 95 Saúde do trabalhador, 45